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REPúBLICA FEDERATIVA · DO BRASIL •

Câmara dos Deputados ,


(CPI .- CAPEMI)
I
ASSUNTO: PROTOCOLO N. o

Aprova o Relatório e as Conclusões da Comissão Parlamentar


de Inquérito d~st inada a ~nvestigar ~m to~~ a sua plen~tude e
conseqüências as atividades do Grupo · CAPEMI .

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DISTRIBU ICÃO
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DCM 2.03
CÂMARA DOS DEPUTADOS
PROJETO DE RESOLUÇÃO NQ 224 , de4l984
(CPI - CAPEMI )

Aprova o Re l atório e as Conc l usões da Comissão Par-


l amentar de I nquérito destinada a investigar em to -
da a sua p l eni t ude e conseqü ências as atividades do
Grupo CAPEMI .


( I MPRI MA- SE )

GER 1.1 0
/1 · /r · (f tf. ..
( ,
\

CAMARA DOS DEPUTADOS

PRO J ETO DE RESOLU ÇÃO Nº , I , DE 19 84

( CPI CAPEMI )

Aprova o Re latorio e as Co n c lu soes


• ,
da Conl i ssao Parlam e ntar de Inqu e rito

d est i nada a i nv est i gar e n: toda a sua

plenitude e cGnseq~encias BS at ivi da-

des do Grupc: CAPEMI.

A CAMARA DOS DEPUTADOS r eso lv e :

Art. 1º Fi ca m aprovado s o Re lator io e as Co n c lu-


,
soes da Comissao Parlam e ntar de Inqu e rito destinada a
~

inv es tigar e m toda a s ua pl e nitud e e co n seq ~ enc ;a s as


a t i v i da d e s do Gr u p o C AP EMI, i n s t i t u i do p e I o Re q u e r i me r' t o

nº 09 /8 3.

~ ,
Art. 2º A Mes a da Camara dGS Deputados ed it a r a o

• Re I ator i o e as Cor,e I u soes da presente Corri i ssao


me ni:ar d e Inqu e rito.
Parla-

Art. 3º Copias do Relatorio e das Co n e lu soes desta


Co mi ssao Parl a me nta r de Inqu e rito ser ao enca minhad as
aos Poc e r es Executivo e Judi c iario e ao Tribunal d e Co n-
tas d a Unia o :

,
Ar t . 4º A Mesa da Camdra do s Deputados dara o tra -
me nto r E;g im e nta l p e rtin e nt e aos Proj e tos d e LEi re co me n-
dados n as Conclusoes.

GER 20 .01 .0050.5


.. -

CÂMARA DOS DEPUTADOS



,
Art. 5º A pr ese nt e Reso lu çao e ntrara em vigor a data de
s ua publ i caçao .

Sala das Reunioes, 20 de junho de 19 84. resident Leo

---
)
Simoes, Relator Matheus Schmidt ~
/

-<:!..~ "
-
(

GE R 20.01.0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

COMISSAO PARLAMENTAR DE INQUERITO DESTINADA A INVESTIGAR EM TO


DA A SUA PLENITUDE E CONSEQUENCIAS AS ATIVIDADES DO GRUPO CAPE
MI .

PARECER DA COMISSAO

A Comissao Parlam e ntar de Inquerito destinada a Inv es -


tigar em toda a sua pl e nitude e -
co nseq~en c ia s as atividades do
Grupo CAPEMI, e m sua r e uniao d e hoje, pr ese ntes os Senhores De
~ -
putados Leo Simoes, Pr es id e nt e ; Matheus Schmidt, Relator; Is
ra e l Pinh e iro, Farabulini Junior, Tidei de Lima, Cid Carva lho,
Ademir Andrade, Sebasti~o Curi;, Joao Herrmann e Airton Soares,
membros efetivos; Edison Lobao, Maçao Tadano e Bento Porto, mem
~

bros suplentes, resolv e u opinar pela aprovaçao do Relatorio e


das Conclusoes apresentadas pelo Senhor Relator, adotando Pro
jeto de Reso lu çao .

Sala das Reunioes, 20 de junho Leo Si oes,


Presidente; Matheus Schmidt, Re lator.
'-----~/

GER 20.01 .0050.5


. .

CÂMARA DOS DEPUTADOS


COMISsAO PARLAMENTAR DE INQuERITD DESTINA DA A INVESTIGAR EM
TODA A SUA PLENITUDE E CONSEQUENCIAS AS ATIVIDADES DO GRUPO
CAPEMI

REQUERIMENTO N9 9/83
Prazo: 18-05-83 - 20-06~84
Pre s i de n te : Deputado Lêo Simões - PDS-RJ
Vice-Presid ente : Deputa do Siqueira Campos - PDS-GO
Relator : Deputado Mathe us Schmidt - PDT-RS

TITUL ARES
PDS
Israel Pinheiro - i~G Sebasti ão Curió - PA
Sarney Filho

Ademir Andrade - PA Farabulini Junior - SP


Airton Soares - SP Orestes 1'lun i z - RO
Cid Carvalho - ~lA

SUPLENTES
PDS
Antônio Amaral - PA r~açac Tadano - r·, T
Bento Porto - ~I T Joaci 1 Perei ra - PS
Eaison Lob ãu - ~j~

P~,1 DB

Isr ae l Dias-iJovaes - SP Pi menta da Veiga - ~G

Jo ão Herrmann - SP Tidei de Lima - SP


Luiz Dul t i
POT
Sergio Lo mba - RJ

Reuniõ es : Quintas-feiras, às lO:Oú horas


Loc al : Plen~r io das CPIs - Anexo 11
Se cr etár ia: ~~ãrcia de Andrade Pereira
Ramal : 6407

G ER 2C. 01.0QjG. :J
CÂMARA DOS DEPUTADOS

COMISSAO PARLAMENTAR DE INQUtRITO DESTINADA A INVESTIGAR EM


TODA A SUA PLENITUDE E CONSEQUtNCIAS AS ATIVIDADES DO GRUPO
CAPEMI

RELATtiRIO

A Comissão Parlamentar de Inquerito destinada


a investigar em toda a sua plenitude e conseq~ências as ati
vidades do Grupo Capemi foi criada atraves do Requerimento
n9 9/83, tendo como Presidente o Deputado Leo Simões; como
Vice-Presidente o Deputado Siqueira Campos; e como Relator
o Deputado Matheus Schmidt.

RAZOES QUE DETERMINARAM A CONSTITUIÇAO DA CPI

• Em 27 de fevereiro de 1983, o jornalista Jose


Carlos de Assis fez publicar materia, na IIFolha de S.Paulo ll
,

denunciando o que ele chamava de IIconluio de pessoas para o


desvio de 10 milhões de dólares da Capemi ll
• Essa . report~

gem, que foi publicada em manchete de primeira pâgina daque


le jornal, levou a todos os recantos do Pals a notlcia de
que a explotação da madeira das âreas inundâveis da Hidrele
trica de Tucurul se constitulra em um enorme escândalo nacio
na 1 . Em res umo, es s a reportagem, que e longa, expôs os se
guintes fatos:

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CAMARA DOS DEPUTADOS

"Pessoas agindo em nome do SNI ou com sua


bertura, entre as qua1s quatro com ligações de parentesco coo
o General Newton Cruz, chefe da Agência Central, montaram em
menos de dois anos uma gigantesca operação de desvio de re
cursos da Agropecuãria Capemi, contratada para exploração da
..,.
madeira da ãrea inundãvel de Tucurul, apropriando-se, no m1
nimo,de US$ la milhões, pelo que se deduz apenas dos contra
tos por elas assinados.
"Cúmplice provavelmente involuntãrio da oper~
-
çao, o presidente do sistema Capemi, general Adernar Messias
Aragão, foi quem tambem deu o passo decisivo para desmontã-
la, ao demitir, em maio do ano passado, o antigo diretor-g~

rente (depois superintendente) da Agropecuãria, Fernando Pe~

soa. Atualmente desaparecido de seu apartamento, no Rio,Pe~

soa, apresentado ao general como homem do SNI, atraiu empr~

sas de reputação suspeita para o Projeto Tucurul e assinou ~

lo lado da Capemi os principais contratos dos quais resulta


ria o desvio.

• "00 lado do governo, o coordenador do

Tucurul, pelo Ministerio da Agricultura, Roberto Amaral -


Projeto
~n

da no cargo, e atualmente conduzindo as negociações para des


locar a Capemi do empreendimento - deu total cobertura a Fer
na n d o Pe s s o a, a r t i c u 1 a n d o c o mel e t rês c o n t r a tos pe los q u a1S
um am1go comum, Antônio Mourão Abissâmara - egresso, como
Amaral, do IBOF -, consegu1r1a o equivalente a US $ 3 milhões
da Agropecuãria. Com esse dinheiro, ele se apropriou da ma r
ca "0 Cruzeiro", ate então de Alexandre von Baumgarten, man
tendo a revista em circulação apesar de um passivo de ma1s

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

de Cr$ 110 milhões.


"N o r a s t r o d a o pe r a ç ã o Ca pe mi, e me r g e a go r a um a
sequela de profundas repercussões econômicas e SOClalS: o
sistema Capemi, que tem no seu coração o maior e ate hã po~

co o mais bem organizado peculio do Pals, com cerca de 1 ml


lhão de sócios, estã seriamente abalado e oscila entre ser
socorrido pelo governo ou sucumbir. Em Tucurul, as empresas
que se mantiveram no projeto, como subcontratadas da Capemi,
-
devido exclusivamente a garantias formais do governo que nao
foram cumpridas, estão em situação pre-falimentar, afetando
diretamente o emprego de mais de 8 mil pessoas".

Como não poderia deixar de ser, essa report~

gem teve a malS ampla repercussão. Focava um assunto que jã


hã alguns meses o mesmo jornalista abordara em materia tam
bem divulgada pela "Folha de S. Paulo". Do mesmo modo, o as
sunto jã tivera andamento aqui na Câmara dos Deputados, qua~

do a Comissão de Agricultura convocara pa ra depor o então


Presidente do Banco Nacional de Credito Cooperativo, sr . To

• .-
shio Shibuya, que, naquela ocaSlao, era questionado a
to da garantia de fiança que aquele estabelecimento de credi
respe~

to dera ã Agropecuãria Capemi, no financiamento que a empr~

sa contratara junto ao Banco Nacional de Paris.

A repercuss ã o dos fatos ecoou profundamente na


Câmara dos Deputados, que recem instalara sua 47a. Legisl~

tura. O Plenãrio da Câmara agitou-se. Em conseqOência, o


Deputado Airton Soares, Llder do Partido dos Trabalhadores
teve a iniciativa de apresentar requerimento para a consti

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

tuição de uma Comissao Parlamentar de Inquerito que inves 1

gasse a denuncia que fora feita ã Nação. O requerimento es


tá vazado nos seguintes termos:
IIExm9 Sr. Presidente da Câmara dos Deputados:
Os deputados que subscrevem o presente, REQUf
REM, nos termos do art. 37 da Constituição Federal e do art.
36 e Parágrafos do Regimento Interno da Câmara dos Deputados,
a constituição de uma COMISSAO PARLAMENTAR DE INQUtRITO para
investigar em toda a sua plenitude e conseqUências as ativi
dades do Grupo CAPEMI:
19 - As concorrências realizadas pelos órgãos
do Ministerio da Agricultura e que resultaram na contrataçao
da Agropecuária Capemi para a execução do desmatamento de
Tucurul;
29 - A impontualidade e inadimplência da Em
- dos serviços contratados
presa na execuçao com .
1 rrecuper~
-
veis prejulzos para a Nação;
- e posterior cancelamento
39 - A concessao pa~

• cial de financiamento ã Agropecuária Capemi,


100 (cem) milhões de dólares pelo Banco Nacional
no valor
de Paris,
de

com aval do Banco Nacional de Credito Cooperativo (BNCC), da


do sem a contrapartida de garantia;
49 - A situação resultante de ter o Banco Na
cional de Credito Cooperativo (BNCC) de honrar o aval da pa~

te liberada do financiamento, 25 (vinte e cinco) milhões de


dólares do Banco Nacional de Paris, mais serviços da dlvida
e lucros cessantes, em face ã inadimplência da Agropecuária
Capemi, referida pelo Sr. Presidente do BNCC, Byron Coelho;

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

59 - A transferência de parte dos servlços co~

tratados a empresas nacionais e estrangeiras e, em especial,


a Serv i x Engenharia S. A. sob regime de administração;
69 - As circunstâncias em que foram firmados
os contratos de publicidade da Agropecuãria Capemi com as em-
presas AMA - Comunicações e Participações Ltda. e A. A. Edit~

res, bem como a participação de Ministerios, Institutos, Em


presas Publicas ou Privadas;
79 - A intervenção da superintendência de Seg~

r o s Pr i v a dos n a Ca i x a de Pe cu 1 i o, Pe n s õ e seM o n te p i o da CAPEM I.


A CPI serã constitulda de onze membros titula
res e igual numero de suplentes, terá o prazo de cento e vin
te (120) sessões e suas despesas ficam limitadas a Cr$
3.000.000,00 (três milhões de cruzeiros), alem das verbas des
tinadas ã contratação de tecnicos, hospedagens e passagens
das pessoas convidadas para depor e deslocamento da Comissão
para fora do Distrito Federal.


JUSTIFICATIVA

são publicas as evidências da má administ r ação


no Sistema CAPEMI, cujas conseq~ências refogem ao âmbito mer~

mente comercial e privado para alcançarem o interesse geral,


entre outros fatos, pelas inusitadas condições em que foi es
tabelecido o contrato com o Ministerio da Agricultura e pela
má aplicação dos dinheiros publicos dele decorrente.
E, mais do que isso, são conhecidos os indl
cios de que o Sistema CAPEMI pode ter ligações illcitas com
alguns órgãos governamentais, de forma a deturpar seus objeti

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

vos atraves de equivocada motivação polltica.


Se e posslvel argumentar-se que são meros ln
dlcios, os destes envolvimentos, a ninguem e dado negar a
e x istência de alguns fatos concretos como o da inadimplência
da CAPEMI, relativamente , ao contrato de extração da madeira
da área a ser inundada por Tucurul, ou o da obtenção de um
aval - sem os cuidados e garantias habituais - de um banco
oficial que deveria atuar, privativamente, no apoio às coop~

rativas.
Ou, ainda, o da prodigalidade com que foram
consumidos 25 (vinte e cinco) milhões de dólares emprestados
pelo Banco Nacional de Paris, e cUJO pagamento e hoje de res
ponsabilidade do governo federal.
Estes fatos e muitos outros estão a merecer a
mals pronta ação do legislativo, no sentido de melhor infor
-
mar-se e de apontar as lncorreçoes e os erros cometidos ven
ficando sua ongem, de boa ou ma- fe .
Nos tempos atuais os parlamentares têm perdi

• do espaço na atuação legislativa para recuperá-lo no


polltico e de fiscalização. t, p01S, importante e
campo
fundamen
tal que o parlamento brasileiro não dei xe de investigar ep~

sódio tão significativo e controvertido, sob pena de frus


trar a e x pectativa da Nação quanto ao desempenho do novo Con
gresso.
O Legislativo ficará apequenado se se demitir
de suas responsabilidades, na da contribuindo para o surglme~

to da democracia tão almejada, que só existirá com um Cong~

so atuante e responsável.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

A lmprensa arrostou dificuldades, e com toda


certeza ameaças, para informar a opinião publica sobre a
ocorrência destes abusos, desmandos e ilegalidades. Cabe-nos
agora, exercer nossa atribuição especifica, instalando esta
Comissão Parlamentar de Inquerito, que irã investigar os fa
tos denunciados.
r o minimo que podemos fazer, mantendo nossa
dignidade ll

Assinaram o requerimento o Deputado Airton Soa


res e malS 167 Deputados.

INSTALAÇAO DOS TRABALHOS DA CPI


Recebido o requerimento e constituida a Comis
são Parlamentar de Inquerito, os Srs. Lideres dos partidos
fizeram as indicações dos membros componentes efetivos e su
plentes. Pela Liderança do Partido do Movimento Democrãtico
Brasileiro foram indicados os Deputados Ademir Andrade (PMDB),
Celso Peçanha (PTB), Cid Carvalho (PMDB), Luil Dulci (PT) e
Orestes Muniz (PMDB). Pela Liderança do Partido Democrãtico

• Trabalhista, foi indicado o Deputado Matheus Schmidt e o


plente Sergio Lomba. Pela Liderança do Partido Democrãtico
su

Social, foram indicados para membros efetivos os Deputados


Siqueira Campos, Sarney Filho, Leo Simões, Israel Pinheiro e
Sebastião Curiõ, e como suplentes os Deputados Antônio Ama
ral, Joacil Pereira, Nilson Gibson, Maçao Tadano e Bento Por
to. Posteriormente, a Liderança do Partido do Movimento De
mocrãtico Brasileiro indicou o Sr. Farabulini Junior para
substituir o Sr. Celso Peçanha. Ainda a mesma Liderança do
PMDB indicou o Sr. João Herrmann para, na qualidade de suple..!!

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CAMARA DOS DEPUTADOS

te, compor a Comissão, indicando, ainda, para suplentes da


CPI os Srs. Airton Soares (PT), Israel Dias-Novaes, Pimenta
da Veiga e Tidei de Lima.
Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inque
- realizada no dia 18 de
rito foram instalados em sessao malO
de 1983. Na ocasião foi eleito Presidente o Deputado Leo Si
mões; Vice-Presidente, o Deputado Siqueira Campos, tendo o
Sr. Presidente indicado para exercer as funções de Relator o
Deputado Matheus Schmidt. Ja em 26 do mesmo mês de maio de
1983, reunia-se a CPI para examinar o projeto de roteiro que
deveria, naquela oportunidade, ser apresentado pelo Relator.
O roteiro sugerido pelo Sr. Relator e aprovado pela Comissão
-
e o segui nte:

"ROTEIRO DA CPI

I - Introdução
Atento aos termos do requerimento n9 9/83, do
Sr. Deputado Airton Soares e outros parlamentares, que criou
a presente CPI, cumpre, liminarmente, destacar os aspectos e
questões julgadas relevantes para uma avaliação crTtica da
condução do problema do aproveitamento dos recursos flores
tais da area do reservat6rio da Usina Hidreletrica de fucur~,

a fim de estabelecer o roteiro que deva balizar os trabalhos


da Comissão.

11 - Avaliação crltica do problema

1. Entende-se que uma avaliação crTtica do


problema deva ser conduzida em dois nTveis, o da conceitua
ção da exploração florestal nas areas inundaveis das usinas

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

hidreletricas da Amazônia e o da execução da exploração flo


restal de Tucurul, particularmente.

2. Quan t o à conceituação da exploração flores


tal nas áreas inundáveis das usinas hidreletricas da Amazô
nia, recorda-se que a formulação original das equipes tecni
cas que estudaram o assunto foi pautada por dois aspectos es

- garantia de desenvolvimento de um programa


nacional Atraves da mobilização de setores empresariais n~

cionais, como o da construção pesada e da industria madeirei


ra e, principalmente, atraves do máximo aproveitamento das
especies florestais existentes com a divulgação e a comerci~

lização de produtos madeireiros diversificados quanto às es


pecies florestais utilizadas de maneira a atender os intere 3
ses nacionais, abrindo o mercado internacional para todas as
especies similares àquelas jã conhecidas e não se limitando
somente a elas.
- da floresta amazonica e
- preservaçao atenua
ção dos efeitos das explorações inadequadas e predatórias na
Amazônia - Um programa efetivo de exploração dos recursos
florestais das áreas inundáveis das usinas hidreletricas a
serem implantadas na Amazunia, poderia canalisar as pressões
sobre o aproveitamento do potencial madeireiro da Amazônia pa
ra aquelas áreas, sem os efeitos predatórios das explorações
florestais de outras áreas que requerem a renovação do esto
que florestal, por enquanto problemática na Amazônia.

Cinco usinas hidreletricas estão programadas


para implantação na Amazônia e deverão inundar uma área aprQ

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CAMARA DOS DEPUTADOS

ximada de 1,5 milhões de ha (15.000 km 2 ), a saber:


- Tucurul (Rio Tocantins) 216.000 ha
- Balbina (Rio Uatumã) 380.000 ha
- Complexo Altamira-Monte Belo
(Rio Xingu) 600.000 ha
- Samuel (Rio Jamari) 110.000 ha
- Tapajós (Rio Tapajós) 200.000 ha
Estas ãreas inundãveis de reservatórios conte
riam um potencial madeireiro estimado em 90 milhões de m2 de
toras (considerando-se uma capacidade produtiva media de 60
m3 /ha), volume suficiente para alimentar os mercados naClO-
nalS e internacionais, por um longo perlodo.
Hã notlcia de que, na sua montagem, a condu
ção do problema da exploração florestal da ãrea inundãvel
pela Usina Hidreletrica de Tucurul teria evidenciado o anta
gonismo a estes dois propósitos originais, transformando-se
num programa antinacional e predatório da Amazônia. Assim,
realmente terlamos

• - um carãter antinacional
A CAPEMI, ao se col igar com grupos franceses
da Maison LAZARD & Cie., permitiu a criação da Compagnie Fo
restiere d'Amazonie. Esse contrato feito com os franceses
concedeu a eles não só a orientação tecnica do programa co
mo, principalmente, a exploração comercial da madeira no ex
terior, sem garantias de comercialização de toda a gama de es
pecies que seria de interesse do Brasil. Alem do mais, todo
o conhecimento acumulado em Tucurul e que seria apresentado

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

em futuras explorações, seria compartilhado por uma


estrangeira.
- um carãter predatório
A inclusão, como objeto da exploração flores
t al contratada com a CAPEMI, das ãreas das reservas indig~

nas de Pucurui e Parakanã, que só parcialmente serão i nunda


das, evidenciaria o propósito de empreender uma exploração
florestal predatória em ãreas de concentração florestal fora
da ãrea do reservatório de Tucurui.
-
Apenas 4 meses apos a assinatura do contrato
entre o IBDF e a Agropecuãria Capemi, foi celebrado um aditi
vo contratual incluindo as ãreas dessas reservas indigenas
que haviam sido excluidas inicialmente da licitação do IBDF,
como objeto da exploração florestal.
3. A execução do programa deve ser avaliada
segundo três niveis:
- a seleção da empresa
- o poder fiscalizador do Estado

• ceira privada.
- o Estado como garantidor de operação finan

3.1. A seleção da empresa - Deve-se e xaminar


se a Agropecuãria Capemi reunia os requisitos minimos p~

ra conduzir tal empreendimento, e se, como proponente,


a empresa atendeu -as . - .
eXlgenclas do edital, particula.!:
mente, no tocante ã apresentação de Proposta Tecni ca e
Financeira, tal como requeridas pelo Edital de Con
- .
correnCla.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

3.2. O poder fiscalizador do Estado -


ta-se se a contratada poderia ser considerada inadimplente,
decorrido um periodo inicial de aproximadamente seis meses,
pelo não cumprimento de obrigações contratuais, tais como:
apresentação da programação de execução e mobilização de re
cursos humanos e materiais; construção de acampamentos e ou
tras estruturas de apoio aos serviços; inventãrio pre-explQ
ratõrio; plano de exploração da madeira e plano de aprove~

tamento dos residuos da exploração.


3.3. O Estado como garantidor de -
operaçao
financeira privada - Para a concessão do aval, o BNCC não se
limitou a analisar o potencial econômico-financeiro da AgrQ
pecuãria Capemi, mas sim o de todo o grupo. Entretanto, p~
-
ra a concessao do aval foram fornecidas garantias tidas
como insuficientes.

III - ROTEIRO

Como base nas breves considerações precede~

• tes, apresenta-se um roteiro de temas e questões


riam ser consideradas numa anãlise sistemática do
que pod~

problema.

I. CONCEITUAÇAO DA EXPLORAÇAO FLORESTAL

1. A formulação original da exploração flores


tal de Tucurui divulgada pelo prõprio IBDF.
2. As empresas francesas Maison LAZARD & Cie.
e Compagnie Forestiere d'Amazonie; acordo e relações com
a Capemi; seus propósitos na Amazônia.
3. A inclusão das -areas das reservas indi
genas Pucurui e Parakanã como objeto da exploração fiQ
restal.

GER 20 0 1.0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

I r. EXECUÇ~O

1. A seleção da Empresa
1.1. As exigências do Edital de Concor
-
renCla.
1.2. As propostas tecnicas e financei
ras apresentadas pela Agropecuâria
Capemi.
1.3. O parecer da Comissão de Julgame~

to da Concorrência.
2. O poder fiscalizador do Estado
2.1. O afastamento do IBDF do acomp~

nhamento dos trabalhos


2.2. A programação de execução dos tra
balhos e o plano de aproveitame~

to dos recursos florestais apre-


sentados pela contratada e aprov~

dos
-
2.3. O acompanhamento da execuçao dos

• trabalhos.

3. O Estado como garantidor de -


operaçao
financeira privada
3.1. Os motivos que levaram -a aprov~

- do pedido de fiança ao
çao BNCC .
Por que o pedido foi encaminhado
ao BNCC?
3.2. Quais as garantias aceitas para a
concessão da fiança bancâria por
parte do BNCC?

GE R 20.01 .0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

3.3. Situação do BNCC face ã falên


cia da Agropecuária Capemi?

4. A Capemi como gestora do empreendimento


4.1. A subcontratação da Servix Engenharia,
empresa em condiç~s de pre-concordatária, adjudicando-lhe to
tal execução do projeto;
4.2. O descalabro administrativo, caracte
rizado no levantamento feito pela Moreira Auditores Associa
dos~

. .
4.3. Os contratos assinados pelo prlmel ro
superintendente da Agropecuãria, Fernando Pessoa, caracteri
zados como prejudiciais aos interesses da empresa e rescindi
dos pelo seu sucessor, Cel. Ivany Henrique da Silva;
4.4. O contrato de publicidade e de rela
ções p~blicas assinados com as três empresas de Ant6nio Mou
rão Abissâmara (FAN, AMA e AA Editores);
4.5. O contrato e as relações da Capemi-P~

c~lio com a revista 110 Cruzeiro ll


quando ainda propriedade


,

de Alexandre von Baumgarten;


4.6. Os contratos assinados pelo novo Su
perintendente da Agropecuária, Cel. Ivany Henrique da Silva,
com as madeireiras Desmatec e Dinba, e sua ho mologação pela
Coordenadoria do Projeto Tucurul;
4.7. Os entendimentos entre todos os envol
vidos no Projeto Tucurul, nas reuniões periódicas de acomp~

nhamento, registradas em atas;

GER 20 .01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS
~• 15.

4.8. Relatõrio da SUSEP sobre eventual des


V10 de recursos do Pecúlio para o empreendimento de Tucurul.

ISTO POSTO
Submetemos ã aprovação da CPI o seguinte:
1. Que sejam requisitados, nos termos do dis
posto na Lei 1579, de 18 de março de 1952, aos õrgãos pUbll
cos concernentes, bem como a Capemi, todos os documentos a
que se faz referência nas considerações apresentadas, cUJa
relação será oferecida,em tempo oportuno, ã Secretaria da Co
. -
mlssao;
2. Que s e J a m i n t i ma das, d e a c o r d o c o m " a s pre ~
crições estabelecidas na legislação penal", para deporem p~

rante a Comissão, na ordem que vem mencionadas, as seguintes


pessoas:
- General Ademar Messias Aragão
- Mauro Silva Reis
- Evaristo Terezo

• - Presidentes das Associações das Industrias


madeireiras dos Estados do Pará, Amazonas
e Paraná
- Carlos Neves Galluf
- Diretor Presidente da FUNAI
- Fernando Jose Pessoa dos Santos
- Fernando de Oliveira e Cruz
- Joseph Mendonça
- Antônio Abissâmara
- Antonio Balbino

GER 20 .01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

- Diretor Presidente da ELETRONORTE


- Toshio Shibuya
- Atual Presidente do Banco Nacional de Credi
to Cooperativo
- Cel. Llcio Maciel - Coordenador do Programa
da Capemi
- Cel. Ivany Henrique da Silva
- Diretor da CACEX
- Roberto Ferreira do Amaral

(todas essas pessoas acima mencionadas se


rão devidamente qualificadas perante a Se
cretaria da Comissão).

3. Que seja convocado S. Exa. o Ministro da


Agricultura Amaury Stabile.
4. Que a Comissão se desloque urgentemente p~

ra Tucurul~ no Estado do Para~ para que os Srs. Deputados jã


tenham uma visualização correta dos aspectos flsicos de toda
problemãtica a ser levantada~ quando aqui comparecerem as ~~

soas que hão de depor.


Oportunamente~ na medida em que se fizer ne
cessãrio~ outras medidas serão apontadas pelo Relator para
a busca da verdade.
Sala das Sessões das Comissões~ 26 de malO
de 1983. as.) Deputado MATHEUS SCHMIDT~

Complementando o roteiro apresentado pelo Re


lator e que foi aprovado pela CPI~ o Sr. Deputado João Herr
mann ofereceu o seguinte adendo:

GE R 20 .01.0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

IIS r . Relator, quero inicialmente elogiar


balho que V. Exa. propôs a esta Casa. De sua anãlise perc~

be-se a criteriosa observância que V. Exa. analisou diante


da gravidade do problema Capemi. t notãvel o realce que V.
Exa. dã ao desconhecimento tecnico que existe quanto à expl~

ração amazônica e no entanto justificou-se a entrega polltl


ca da ãrea a interesses antinacionais. Atento ao roteiro de
V. Exa. venho, no entanto, sugerir inclusões e,no hierarqul
zar do tempo,as devidas convocações. Quanto às inclusões, a
lem das sugeridas pelos eminentes colegas Deputados Airton
Soares e Israel Dias-Novaes, pergunto do interesse em OUVlr:
1. As entidades INPA, USP e INCRA; 2. Deputado Carlos Alber
to de'Carli; e 3. MM. Juiz de Direito, Dr. Luiz Gouvea. Quan
to a oportunidade em se OUVlr os depoimentos sugiro que seja
obedecida a seguinte ordem: 1- Visita à ãrea- pois assim sen
....
tirlamos in loco a situação e a qualquer menção sobre o S1

tio geogrãfico, sua posição social e outros detalhes nós te


rlamos conhecido de perto; 2- Que os trabalhadores locais, o
slndico da massa falida e o MM. Juiz, Dr. Luiz Gouvea, sejam
os primeiros a serem ouvidos, pois serão os que no cotejo de
informações poderão nos dar o roteiro para a oitiva dos de
mais depoentes. Cumprimentando mais uma vez o nobre Relator
e elogiando o seu trabalho, com o qual concordamos e endossa
mos. Atenciosamente - João Herrmann - Deputado Federal ':

VIAGEM A TUCURUÍ

Dando inlcio ao cumprimento do roteiro, a Co


missão Parlamentar de Inquerito deslocou-se para Tucurul a

GER 20.01.0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

fim de fazer uma vistoria da -area da represa e das


em que se achava a execução do projeto naquela data. Assim
sendo, em data de 23 de junho, dirrigdu-se a Comissão para a
cidade de Tucurul, tendo la permanecido ate o dia 24 de JU
nho. Os Deputados da Comissão, Tecnicos e Jornalistas, efe
tuaram visita às obras da hidreletrica, ao escritório da
ELETRONORTE, ao acampamento da CAPEMI, ao depósito e ao por
to da empresa. Sobrevoaram tambem a area a ser inundada. No
depósito situado junto ao acampamento à margem direita do To
cantins, foram dispostas toras de madeiras adquiridas pelo
IBDF, em operação montada para a CAPEMI obter fundos destina
dos ao pagamento de trabalhadores que viviam um drama lnsu
portavel ~ varios meses, dado o atraso dos salarios. Nessa
ocasião Vlram os membros da CPI e demais integrantes da comi
tiva as caras maquinas importadas para o desflorestamento e
então em completo abandono, sujeitas a deteriorações provoc~

das pelo tempo. Tambem testemunharam um outro descalabro:


1/5 dos 250 caminhões Mercedes-Benz 2219 adquiridos pela
CAPEMI que não são nem eram baratos, foram - como se costuma
dizer na glria policial em expressão de diflcil
"depenados", a fim de suas peças serem usadas na substitui
ção de partes gastas ou danificadas da frota remanescente.Os
exemplos de desmandos e erros chegados a conhecimento da CPI
são inumeros, caracterizando situação caótica, de total des
calabro e desorganização sendo tumulto completo. A CPI fez
muitos registros, quer por observação direta, quer por info~

mações obtidas no local. Assim, em conseqU~ncia do fracasso


da CAPEMI, o serviço de desmatamento ficou comprometido, ten

GER 20 .01.0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

do em vista que o prazo jã não era suficiente. Então,


ELETRONORTE para desflorestar 10 mil hectares em -area prox2-. -
ma ã barragem, contratou três empresas - po-r · -s-i-na-l de outros
Estados - pelo valor global de cruzeiros 9 bilhões reajusta
veis. Sob a alegação de exigüidade do prazo restante, vêm e~

sas três firmas enterrando madeira derrubada, privando a eCQ


nomia local da circulação de toda essa riqueza, com o benefi
ciamento, a comercialização e o transporte e prejudicando as
sim, também, a economia do Pals. Puderam ver os membros 1n
tegrantes desta Comissão que os dirigentes da ELETRONORTE
não cuidam de outra coisa que não das turbinas da Usina Hi
.- .
drelétrica de Tucurul, não lhes importunando a conSC1enC1a
o mal causado ã fauna e ã flora da região, nem o preJU1ZO
. ...

potencial da economia nacional, com a perda de milhões


de metros cubicos da melhor madeira de lei. oportuno
dizer que a ELETRONORTE - subsidiaria da ELETROBR~S - poderia
ter planejado de modo adequado o desmatamento, p01S para
- • -r •
1SSO teve tempo demais. Somente seis anos apos o 1n1C10

• das obras vieram os seus diretores manifestar-se


problema. Alias, o projeto da ELETRONORTE em Tucurul,
sobre
co
o

mo um todo, é, no mlnimo e para dizer pouco, criticavel.Sob


o ponto de vista da ecologia, para citar um aspecto, nao se
obteve notlcia de que o projeto preveja medidas de defesa e
preservação. Obra de grande porte - mais uma - o seu orçame~

to devera atingir o qUlntuplo do valor inicialmente previsto .


Os tratores tipo IIskidders ll
, importados dos Estados Unidos
a preço unitario de 250 milhões de cruzeiros, estão sendo co
bertos pelo matagal ,estragando-se pela ação do tempo.Ao lado,

G ER 20 01 .0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

a madeira apodrece. Os salarios prometidos pela CAPEMI


irreais, muito acima dos do mercado de Tucurul. Quando da
propagação de um boato sobre epidemia de malaria, os funcio
narios da empresa so usavam agua mineral trazida de Belem,
ate para os banhos diarios. No comercio local, estima-se, a
CAPEMI dei xou dlvi das de cerca de 400 mi 1 hões de cruzeiros p~

ra com os pequenos e medios fornecedores. A população da cida


de lIinchou ll
e hoje são 70 mil habitantes,sem infra-estrutura
mlnima. Na outra Tucurul, construlda pela ELETRONORTE,as con
dições basicas são diferentes. La ao que se apurou não era
permitido o ingresso do pessoal da primeira. O Governo conce
deu isenção do ISS ãs empresas diretamente envolvidas na obra,
com que prlvou o Munic;pio dessa receita, que não e contrab~

lançada com outra fonte de arrecadação, ja que a ELETRONORTE


faz su~s compras no Sul. No campo da energia eletrica, o ln
vestimento não se justificou pois ha excesso de oferta de
energia hldrica. Possivelmente, Tucurul so sera chamada a
cumprir o fornecimento de energla daqui a vinte anos.
-a
• Um calculo preC1SO dos prejulzos causados
Nação pela malfadada aventura da CAPEM I não sera, talvez, Ja
mais posslvel. No entanto, a grosso modo, pode ser estimado,
conjunturalmente, em malS de 30 milhões de dolares . Con~ta

tou-se no local que a CAPEMI não tinha condições tecnicas


nem estrutura nem força financeira para uma empreitada desta
ordem . O recurso sob a forma de emprestimos ou adiantamentos
so daria um bom resultado final, se um rigoroso cronograma r,
sico financeiro pudesse ser estipulado e devidamente acomp~

nhado. Atualmente, 16 empresas estão tentando extrair a madei

GE R 20 .01 .00505
CÂMARA DOS DEPUTADOS

ra da ãrea a ser inundada, mas o tempo disponlve1 -


nao perm~

tirã que se aproveitem 10 % do total.


Os comentãrios feitos a respeito da vlagem da
Comissão a Tucurul constam do relatório apresentado na OPo!
tunidade pela assessoria da CPI e assinado pelo Dr. Roberto
Campos Marinho.
A TOMADA DOS DEPOIMENTOS E ALGUNS INCIDENTES
OCORRIDOS NA INSTRUÇAO DO INQUtRITO
Antes da viagem a Tucurul, a CPI jã realizava
sua 4a. reunião,em 16 de junho de 1983,para ouvir o primeiro
depoente,General Adernar Messias Aragão,Presidente da Capemi
Caixa de Peculios.O general depôs longamente, tendo sido ln
quirido sobre os diversos aspectos da questão pelos Deputados
Matheus Schmidt, Israel Dias-Novaes, Sebastião Curiô, Ores~s

Muniz, Maçao Tadano, Luiz Dulci e Airton Soares. O Depoente,


na ocasião, foi assessorado pelo Sr. Valdênio C. de A. Melo.
Dando prosseguimento aos trabalhos, a Comissão
reuniu-se em 4 de agosto de 1983, jã então depois do recesso

• do mês de julho,em sua 5a.reunião,para ouvir o Presidente da


ELETRONORTE, Sr. Douglas Souza Luz. S.Sa. fez sua explanação
com a assessorla dos Srs. Armando Ribeiro de Araujo, trico
B. de Freitas, Maurlcio Coelho, Kerman J. Machado e Altair ~

S. Maia, todos devidamente compromissado na ocasião.Foi i~ui

rido pelos Deputados Matheus Schmidt,Airton Soares,Israel Pi


nheiro,Pimenta da Veiga,Bento Porto,João Herrmann,Ademir An
drade e Farabulini Junior.Os Deputados J oão Herrmann e Ademir
Andrade solicitaram ao depoente o envio de dorumen~s e dados

GE R 2001.00505
CÂMARA DOS DEPUTADOS

complementares ã Comissão e o mesmo se comprometeu a fazê - lo


com a malor brevidade posslvel .

A 6a. reunião ocorreu em 11 de agosto, quando


foi ouvido o Presidente do Instituto Brasileiro de Desenvol
vimento Florestal - IBDF, Sr. Mauro Silva Reis, que foi ln

quirido pelos Deputados Matheus Schmidt, Israel Pinheiro,


Airton Soares, Sebastião Curiõ, Siqueira Campos, João Herr
mann, Cid Carvalho, Maçao Tadano e Edison Lobão.

A la . reunião realizou - se em 18 de agosto. _o


depoente foi o Sr . Evaristo Francisco de Moura Terezo, Chefe
do Departamento de Industrialização e Comercialização do
IBDF, que depôs na qualidade de tecnico em reflorestamento,
sendo inquirido pelo Relator , pelos Deputados João Herrmann,
Farabulini Junior e Ademir Andrade. Foi na ocasião aprov~

da pelo plenãrio da Comissão a convocação da Ora. Clara Pan


dolfo, da SUDAM e do Dr. Adeodato A. Gomes Dantas, ex-admi
nistrador do Departamento Jurldico da CAPEMI e advogado da
massa falida da Agropecuãria Capem;, por sugestão dos Dep~

• tados Farabulini Junior e Ademir Andrade, respectivamente.


Por solicitação do Deputado João He rrmann,a Presidência enca
minharã pedido de informações, bem como cõpia de documentos
sobre o processo,ao IBDF.

Em 25 de agosto, ocorreu a 8a. reunião da CPI,


quando foi tomado o depoimento do Dr. Adeodato A. G. Dantas,
que foi inquirido pelos Deputados Sebastião Curiõ, Airton So
ares, João Herrmann, Luiz Dulci, Carlos Alberto de'Carli, p~

lo Relator e pelo Deputado Ademir Andrade. Como o depoente

GER 20 .01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

fizesse alusão a uma punição de que fora vltima por parte do


Sr. Ministro do Exercito, o Deputado Sebastião Curiõ fez ver
a necessidade de se solicitar o Boletim Reservado do 19 Exer
cito, onde consta a pun i ção do Coronel Luiz Helvecio da Sil
velra Leite. Ainda pelo Deputado Sarney Filho foi requerido
que se juntassemao processo todas as auditagens efetuadas
pela Moreira Auditores do Brasil Associados sobre a CAPEMI.
- do
O Deputado Ademir Andrade requereu a convocaçao Coronel
Luiz Helvecio da Silveira Leite, ex-funcionário da CAPEMI, o
que foi aprovado. A Comissão aprovou ainda requisição junto
ao Ministro-Chefe do Serviço Nacional de Informações de rel~

tõrio feito por aquele õrgão sobre a Agropecuária Capemi e


dos pareceres subscritos pelo advogado Adeodato Dantas, qua~

do assessor jurldico da Agropecuária Capemi.

A 9a. reunião da CPI realizou-se no dia 19 de


setembro de 1983 e depôs nesse dia o Coronel Luiz Helvecio
da Silveira Leite, ex-diretor administrativo da Agropecuária
Capemi. Na oportunidade, o depoente referiu que havia sido

• conduzido ã Pollcia Federal, no Rio de Janeiro, para prestar


depoimento pelo que foi aprovado pela Comissão a
. . -
requlslçao
desse depoimento. Ainda nessa reunião, o Relator solicitou
ã Presidência que determinasse a tradução de materia public~

da no jornal IIFinancial Times of London ll


, em 27 de outubro
de 19 81, o que deveria ser feito por um tradutor jurament~

do, tendo sido acolhido o pedido.

Na lOa. reunião, realizada em 15 de setembro,


r egistra-se o depoimento do Coronel Ivany Henrique da Silva,

GER 20 .01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

ex-diretor da Agropecuãria Capemi. Na oportunidade, foi li


do um oflcio da Liderança do PMDB, comunicando que o Dep~

tado Airton Soares passaria a integrar a CPI na qualidade de


titular e o Deputado Luiz Dulci passaria ã condição de su
plente. Achando-se ausente o Relator, Deputado r~ atheus

Schmidt, foi pelo Sr. Presidente nomeado Relator ad hoc o


Sr. Deputado Airton Soares. O Relator designado requisitou
na oportunidade o contrato da Servix Engenharia com a Capemi,
o Deputado Orestes Muniz, a ata de 7 de dezembro de 1981 da
Agropecuãria Capemi . e o Deputado Sebastião Curiõ, as notas
de credito utilizadas pela Capemi para pôgamento aos credo
res.

Em 22 de setembro foi realizada a lla. reu


nião, quando se OUV1U o depoimento do Sr. Joseph Mendonça,r~

presentante da Lazard Freres & Cie. no Brasil. Depois de f~

zer sua explanação, o depoente foi inquirido pelos Deputados


Airton Soares, Relator ad hoc, Farabulini Junior, Sebastião
Curiõ. Na oportunidade, o Deputado Farabulini Junior inda

• gou da Presidência ate que ponto o depoente responderia,


galmente, pelo fato de dizer inverdades, cometer omissões no
le

seu depoimento. O Presidente respondeu que o juramento foi


feito com base nos artigos 203, do Cõdigo de Processo Penal
e 415 do Cõdigo de Processo Civil, sujeitando-se o Sr.Joseph
Mendonça às penalidades contidas naqueles instrumentos le
gals.

A l2a. realizou-se em 29 de setembro de 1983


com a finalidade de ouvir o depoimento do Sr. Toshio Shibuya,

GE R 20.01.0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

ex-Presidente do Banco Nacional de Credito Cooperativo, BNC


ocasião em que foi lido oficio da Liderança do PMDB, comunl
cando a indicação do Deputado Tidei de Lima para integrar a
CPI em substituição ao Deputado Airton Soares. O Sr. Toshio
Shibuya foi inquirido pelos Deputados Farabulini Junior, Is
rael Dias-Novaes, Pimenta da Veiga, Ademir Andrade, Jose Ge
noino, Orestes Muniz e Tidei de Lima, que foi nomeado, na
ocasião, Relator ad hoc. Foram apresentados três requerime~

tos: 19 - do Deputado Farabulini Junior, solicitando a requ~

sição de laudos tecnicos "sigilosos" que deram suporte ã op~


- efetuada com a fiança do BNCC pela CAPEMI com o
raçao Banco
Nacional de Paris; 29 - do Deputado Joacil Pereira, pedindo
vista do requerimento do Deputado Farabulini Junior; 39 - do
Deputado Tidei de Lima solicitando a convocação dos Srs. Ny.l
s o n de O1 i v e i r a e Cr u z e Mau r i c i o A1e n c a r, Di r e t o r . e Pre si d e n -
te da Servix Engenharia respectivamente, dos Srs. Paulo Rena
to de Oliveira Figueiredo e Ricardo Koury, sócios da firma
Metalquimica, e do Sr. Antônio Mourão Abissâmara. O Deputado

• Joacil Pereira tambem pediu vista, verbalmente, desse


rimento.
requ~

Em 6 de outubro o Presidente da CPI convocou


seus integrantes para uma reunião reservada na Secretaria das
CPIs, para apreciação de expediente recebido da Presidência
da Câmara, que encaminhou cópia do requerimento do Deputado
Jorge Arbage, Vice-Lider do Partido Social Democrático, soli
citando a sustação das convocações das pessoas indiciadas em
processo judicial, bem como a suspensão dos trabalhos da Co
missão. Em discussão a materia, foi dada a vista coletiva

G E R 20 .01 .00 50 .5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

aos Deputados, ficando suspensos os trabalhos da CPI por 15


(quinze) dias. O Deputado Joacil Pereira, que pedira vista
do requerimento do Deputado Tidei de Lima, solicitando a con
vocação das pessoas indiciadas no processo da Agropecuãria
Capemi, apresentou parecer pela não convocação.
O expediente encaminhado ã CPI pelo Presiden
te da Câmara dos Deputados e o seguinte:
"Brasll i a, 5 de outubro de 1983. GP-0/2353/ 83
- Senhor Presidente, tenho a honra de encaminhar a Vossa Ex
celencia copia do Requerimento do Senhor Deputado Jorge Arb~

ge, referente aos trabalhos desta Comissão Parlamentar de In


querito, com o despacho proferido por esta Presidência.
Anexo, tambem, o Parecer n9 7/81 da Comissão
de Constituição e Justiça, que trata da competência e das
atribuições das Comissões Parlamentares de Inquerito, solici
tando dessa Presidência que seja dada total atenção a essa
decisão.
Aproveito o enseJo para apresentar a Vossa E~

• celência os meus protestos de consideração e apreço. as. FLA


VIO MARCILIO - Presidente da Câmara dos Deputados".
O requerimento do Deputado Jorge Arbage:
"Senhor Presidente:
Atraves de Requerimento, que tomou o n9 9, de
1983, subscrito por mais de um terço dos representantes poli
ticos na Câmara dos Deputados, foi criada a Comissão Parla
mentar de Inquerito destinada a investigar em toda a sua pl~

nitude e conseqUências as atividades do Grupo CAPEMI.


Os signatãrios do pedido, fixaram os objeti

GER 2001 .0050.5


CAMARA DOS DEPUTADOS

vos das investigações nos sete itens que ilustram a justifi


caçã o exaustivamente explicitada, todos eles visando obter
esclarecimentos a respeito das atividades do Grupo Capemi, e
dos motivos que levaram a mencionada Empresa ao campo do 1 n

sucesso nas operações ligadas ã extração de madeira na -area


futuramente atingida pelas eclusas da Hidroeletrica de Tu
curul, no Estado do Parã.
Ressalve-se, por oportuno, que o Grupo Capemi
teve decretada sua Falência, disto resultando a perda do con
trole da gerência dos negócios, que passou a administração 00
Slndico nomeado, no caso o Deputado Federal Carlos Alberto
deCarli.
Com a decretação da medida falimentar, forçQ
-
so e reconhecer que os objetivos da CPI ficaram plenamente
prejudicados, eis que o patrimônio material da Empresa, as
sim como a responsabilidade dos que o haviam gerenciado no
perlodo anterior, passaram ã tutela do JUlzo da Falência, e
portanto sujeitos a legislação especlfica.

• Vale acrescentar, que em recente decisão


lavra do MM. Dr. Juiz que preside o feito falimentar, vários
da

indiciamentos foram caracterizados, todos eles com fulcro


nos pressupostos de envolvimento que cabem ser apurados no
curso da ação processual penal. O fato, equivale dizer que o
IICaso Capemi 11 ingressou em fase "sub-judice", e como tal se
encontra acima das investigações procedidas a nlveis das
CPIs.
Invoca-se, como argumento bãsico de fundo JU
rldico pertinente, o douto Parecer Normativo de n9 7, de

GE R 20 .0 1 00505
CÂMARA DOS DEPUTADOS

1981, do saudoso Deputado Djalma Marinho, acolhido pela Co


missão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.
Nesse Parecer, estã expllcito que as Comis
sões Parlamentares de Inqueritosnão podem invadir atribui
ções privativas do Poder Judiciãrio, nem tampouco investigar
fatos IIsub judice ll
, ou pendentes de decisões na esfera disci
plinar .
Observa-se, ainda, que as CPIs não possuem PQ
deres judicantes, mas apenas ' se limitam às investigações de
fatos determinados, as quais, no entender do insigne Mestre
Carlos Maximiliano, IInão fazem parar nem alterar em seu de
senlace os processos, administrativos ou judiciãrios ll

Convenhamos, que no IICaso Capemi 11, a 1 em da me


dida falimentar, que jã seria razão bastante para to r nã-lo
e xcludente de investigação por parte da CPI, vem de ocorrer
o processo de indiciamento dos posslveis envolvidos no episõ
dio, o que reforça sobremaneira a tese de que deve cessar,
incontinenti, toda e qualquer investigação a respeito do as
-
• sunto, assim como não mais procedem diligenciar
de testemunhas para deporem, visto não haver sentido que
convocaçoes
JUS

tifique tais providencias.


Por fim, entendemos que o representante poll
tico, na respectiva Câmara, seja parte legltima para, atra-
ves dos meios legais, postular o cumprimento da Constituição,
do Regimento Interno, da Lei e do Parecer Normat i vo n9 07
de 19 81.
Estribado nesse pressuposto, data venia, rogo
providências de V. Exa., no sentido de ordenar à Presidência

GER 20 .0 1.0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS 29.

da Comissão Parlamentar de Inquerito que investiga as ativi


dades do Caso Capemi, que suspenda os trabalhos de investig~

ções justificados no Requerimento n9 9 - de 1983, bem como


faça cessar incontinenti, as convocações de testemunhas arro
ladas ou por arrolar, sobretudo aquelas jã indiciadas no pr~

cesso falimentar, tudo de acordo com o Parecer Normativo n9


07 - de 1981, da Douta Comissão de Constituição e Justiça da
Câmara dos Deputados, em vigor. Brasilia, em 4 de outubro
de 1983. As. Jorge Arbage - Deputado Federa 1 11

IIProcedem as alegações do Deputado Jorge Arb~

ge referentes aos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inque


rito IIdestinada a investigar em toda a sua plenitude e conse
qtlências as atividades do Grupo Capemi 11. Efetivamente na co.!!.
dução das investigações deve ser observado o Parecer Normati
vo n9 Z/81 da douta Comissão de Justiça da Câmara dos Dep~

tados em que realça lias Comissões de Inquerito que cogita o


art. 39 não podem invadir as atribuições judiciãrias ou dis
ciplinares ll
• Oficie-se ao Presidente da referida C.P.I., dan

• do-lhe ciência desse despacho, remetendo-lhe, tambem, o Pare


cer n9 7/81, da Comissão de Constituição e Justiça, bem co
mo, cópia do requerimento do nobre Deputado Jorge Arbage. Em
05/10/83. As. Flãvio Marcllio, Presidente da Câmara dos Dep~

tados 11.

Em 20 de outubro, o Sr. Presidente convidou


os Srs. Deputados para malS uma reunião privada na Secreta
rla das CPls, a fim de apreclar a seguinte pauta: 19 par~

cer do Deputado Farabulini Junior ao expediente enviado pelo


Presidente da Câmara dos Deputados, que encaminhou requer~

GE R 20 .01 .0050.5
CAMARA DOS DEPUTADOS

mento do Deputado Jorge Arbage, Vice-Llder do PDS,


do ã Presidência da Casa a cessação das convocações de pe~

soas indiciadas em processo, bem como a suspensão dos traba


lhos da CPI. No parecer, o ilustre Deputado manifestou-se
contrãrio ao pretendido, uma vez que não hã limitação de PQ
der da Comissão para ouvir pessoas, indiciadas ou não na Jus
tiça, e pelo restabelecimento dos seus trabalhos na plenit~

de dos seus direitos. Todos os Deputados presentes usaram


da palavra para discutir a materia, sendo unânime o acolhi
mento da proposta do Deputado Farabulini Junior; 29 - quanto
ao requerimento apresentado pelo Deputado Tidei de Lima de
convocação de alguns indiciados no processo falimentar da
CAPEMI, a Comissão opinou, tambem por unanimidade, pela ln
- ao roteiro do Relator, Deputado Matheus
corporaçao Schmidt,
que reassumlU suas funções e que julgarã da oportunidade ou
não daquelas convocações no decorrer dos trabalhos.
A l3a. reunião realizou-se em 27 de outubro
para colher o depoimento do Sr. Antônio Balbino de Carvalho
Filho, ex-advogado da Maison Lazard Freres no Brasil. O De
poente, na oportunidade, invocou sua qualidade de ex-advog~

do da empresa francesa Maison Lazard Freres, para eximir-se


do dever de prestar seu depoimento por questões eticas. O
Sr. Presidente deliberou que o depoente fosse ouvido, em ses
são secreta, sobre fatos a respeito dos quals pudesse pronu~

ciar-se, o que foi feito.


A 14a. reunião realizou-se nos dias 17 e 23
de novembro, quando se colheu o depoimento do Sr. Fernando
Jose Pessoa dos Santos, ex-superintendente da Agropecuãria

GER 20 .0 1.0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

Capemi. No dia 17 de novembro, os trabalhos foram


dos pelo Sr. Deputado Farabulini Junior; no dia 23, pelo
Sr. Presidente Leo Simões. O Depoente foi exaustivamente ln
quirido pelos Deputados Matheus Schmidt, Orestes Muniz, Is
rael Pinheiro, Tidei de Lima, Sebastião Curió, Maçao Tadano,
Bento Porto e Luiz Dulci. Foram apresentados e aprovados na
reunião requerimentos: do Deputado Orestes Muniz, requl
sitando documentos ao BNCC; do Deputado Maçao Tadano, os es
tatutos da Agropecuãria Capemi e suas modificações, cópia do
processo de falência da mesma empresa em tramitação na 7a.
Vara de Falências e Concordatas, da Comarca do Rio de Janei
rOi do Deputado Bento Porto, volume total de despesa e re cei
ta operacionais com o Projeto Tucurui, na gestão do Sr. Fer
nando Jose Pessoa dos Santos; do Deputado Luiz Dulci, decla
ração de bens dos ~ltimos 5 anos do Sr. Fernando Jose Pessoa
dos Santos.
Em 30 de novembro foi realizada a 15a. reu
nião da CPI. Nessa reunião foram ouvidos dois depoimentos:

• um do Sr. Octãvio Ferreira Lima, Presidente da FUNAI e outro


do Sr. Byron Ruben Marinho Coelho, Presidente do BNCC. O pri
meiro a depor foi o Sr. Octãvio Ferreira Lima. Na oportunl
- do
dade o Deput a do Tidei de Lima requereu a convocaçao Sr.
João Carlos Nõbrega da Veiga, ex-Presidente da FUNAI. O Dep~

tado Siqueira Campos pediu vista do requerimento. O Dep~

tado Cid Carvalho solicitou informações sobre a verba pa ra


publicação do livro liA verdade sobre o indio brasileiro ll
• O
Sr. Byron Coelho, o segundo a depor, foi inquirido pelos De
putados Relator, Airton Soares, Tidei de Lima e Emldio Pe-ondi.

GE R 20 .01 .0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS 32 . .

A 16a. reunião foi realizada em 19 de dezem


bro de 1983 e teve por objeto a acareação entre os depoentes
Adernar Messias Aragão, ex-Presidente do Sistema Capemi, e
Fernando Jose Pessoa dos Santos, ex-Superintendente da AgrQ
pecuãria Capemi, em virtude de contradições existentes nos
depoimentos de um e de outro jã prestados na CPI. O Deputado
Luiz Dulci requereu que fosse solicitada ao Sr. Fernando Jo
se Pessoa dos Santos a relação das empresas ~s quais prestou
serviços profissionais no periodo em que era Superintendente
da Agropecuãria Capemi e os comprovantes dos pagamentos por
tais serviços. O Deputado Airton Soares requereu que fosse
reiterado ao SNI o pedido para que aquele órgão enVlasse -a
Comissão cópia do relatório sobre a atuação da Agropecuãria
Capemi em Tucurui e que fossem remetidos ao Juiz da 7a. Vara
de Falências e Concordatas do Rio de Janeiro, trechos do de
poimento do Sr. Adernar Messias Aragão em que fala que a deci
são judicial foi tomada em decorrência da campanha publicitã
rla e não das provas constantes no processo de falência. O

• Deputado Farabulini Junior presidiu os trabalhos a


das llh40m.
partir

A 17a. reunião foi realizada em 15 de março


de 1984. Teve por finalidade ouvir o depoimento do Sr . Li
cio Augusto Ribeiro Maciel, ex-Coordenador do Projeto Tu
curui. A Comissão decidiu encaminhar ~ Presidência da Casa
pedido de prorrogação do prazo, conforme dispõe o art. 36 §

49 do Regimento Interno e convocar os próximos depoentes: An


tônio Mourão Abissâmara,para o dia 22 de março; Roberto Fer
reira do Amaral, para o dia 29 de março; e Angelo Amaury

GER 20 .01 .0050.5


CAMARA DOS DEPUTADOS

Stãbile, para o dia 5 de abril.


A reunião que deveria realizar-se no dia 29
de março deixou de ocorrer pelo não comparecimento do Sr.
Roberto Ferreira do Amaral, ex-Coordenador do Projeto Tucurul.
convocado do dia.
A 18a. reunião realizou-se em 22 de março de
1984. Foi ouvido na oportunidade o Sr. Antônio Mourão Abis
sâmara, ex-proprietãrio das firmas FAN, AMA e A.A. Editores.
Apõs sua explanação, o Depoente foi inquirido pelos Dep~

tados Relator, Airton Soares, Maçao Tadano, Tidei de Lima,


Sebastião Curiõ, Bento Porto e Osvaldo Lima Filho. O Dep~

tado Airton Soares aventou a possibilidade de haver nova con


vocação para o Sr. Antônio Abissâmara prestar depoimento,bem
como os demais indiciados no caso CAPEMI e da inclusão de um
novo depoente, o Diretor responsãvel pela revista "0 Cruzei
ro", Sr. tdson Brenner. A materia deixou de ser votada por
falta de guorum para deliberar.
A 19a. reunião da CPI foi realizada em 5 de

• abril de 1984 com a finalidade de ouvir o depoimento do


~ngelo Amaury Stãbile, ex-Ministro de Estado da Agricultura.
Sr.

No expediente foram lidos telex e carta do Sr.Rà berto Ferrei


ra do Amaral, encaminhando atestado medico e justificando ~a

ausência no dia 29 de março de 1984 nesta Comissão. Foram


apresentados requerimentos: do Deputado Orestes Muniz, soli
citando dos responsáveis pela revista "0 Cruzeiro" todos os
recibos ou notas fiscais das edições da revista desde que
voltou a circular em 1979; do Deputado Tidei de Lima, pedi~

do a remessa do balancete, lista de clientes, despesas efe

GER 20 .01 .0050.5


34.
CÂMARA DOS DEPUTADOS

tuadas pela mesma revista nos anos de 1979 a 1982; do Dep


ta do Farabulini Junior, no sentido de a Comissão fazer uma
sindicância, junto ã 7a. Vara de Falências e Concordatas do
Rio de Janeiro, no processo de falência da Agropecuaria
-
CAPEMI; do Deputado Tidei de Lima, solicitando a convocaçao
do General Newton de Oliveira e Cruz, ex-Chefe do SNI, Agê~

cia do Rio de Janeiro, para prestar depoimento nesta Comis


-
sao. Posto em votação o ultimo requerimento, o Deputado Ai~

ton Soares encaminhou a votação, sendo pedido vista pelo


Deputado Sebastião Curiõ -
por uma sessao. Os demais requ~

rimentos, bem como o do Deputado Airton Soares, da convoca


ção do Sr. tdson Brenner, diretor responsavel da revista
"0 Cruzeiro", apresentado na reunião anterior, foram aprov~

dos. O Deputado Airton Soares comentou os exames especial~

zados, mencionados pelo medico do Sr. Roberto Amaral que não


compareceu ã reunião para a qual fora convocado. O Sr.Amaury
Stabile foi inquirido por diversos parlamentares, estando
ainda inscritos, por ocasião do termino da reunião, o Dep~

• tado Orestes Muniz e o utros Srs. Deputados,não membros da Co


missão, Santos Filho, Ricardo Fiuza, Ruy Côdo e Pedro Cor
rêa. O Deputado Pimenta da Veiga, em conseqüência, sugeriu,
e foi aceita, nova reunião para que os Deputados que não in
quiriram o depoente o fizessem.
A 20a. reunião foi realizada em 12 de abril
de 1984, para tomada do depoimento do Sr. Roberto Ferreira
do Amaral, ex-Coordenador do Projeto Tucurui. No inicio dos
trabalhos o Sr . Presidente em exercicio, Vice-Presidente Si
queira Campos, consultou o depoente sobre se queria prestar

GER 200 1.0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

o depoimento, como um gesto de boa vontade para com a Comis


- uma vez que havia um ato normativo - o Parecer n9
sao, 7/ 81
- da Comissão de Justiça, respaldado pelo Presidente da Casa,
que isenta do depoimento, perante a CPI, as pessoas indicia
das em processo judicial. Os Deputados Farabulini Junior e
Ti de i d e Li mas o 1 i c i t a r a m a p a 1a v r a pe 1 a o r d em, a n t e s de qua.l
quer consulta ao depoente, considerando a atitude do Presi
dente um insulto -as normas estabelecidas sobre o assunto p~

la Comissão. Diante de tal impasse a sessão foi suspensa.


Restabelecidos os trabalhos, o Deputado Matheus Schmidt usou
da palavra para uma Questão de Ordem, invocando a decisão
unânime da Comissão, em reunião interna do dia 20 de outubro
de 1983, ã qual não estava presente o Deputado Siqueira Cam
pos, de acatamento ao parecer do Deputado Farabulini Junior,
que opinou favorãve1 ã convocação de indiciados em processo
judicial, uma vez que não e ingerência da CPI no processo fa
1imentar. Os objetivos são completamente distintos, p01S a
CPI se propõe a apurar a responsabilidade po11tica. O Presi

• dente feriu o Regimento Interno ao negar a palavra, pela


dem, aos membros da Comissão que não aceitaram o depoimento
or

do Sr. Roberto Amaral sem as formalidades legais. A Questão


de Ordem, o Presidente respondeu dizendo que a CPI não se PQ
de sobrepor ã decisão da Comissão de Justiça, cabendo ao P1e
nãrio a palavra final . Não concordou com a decisão dos mem
bros da Comissão e disse que estes não podiam dialogar com o
Presidente. Discutiram tambem o assunto os Deputados Farab~

lini Junior, Tidei de Lima, que chamou o Presidente de auto


ritãrio e disse que não continuaria na reunião sob a Presi

GER 20 .01.0050.5
CAMARA DOS DEPUTADOS

dência do mesmo, Cid Carvalho, Sebastião Curiõ, Israel Pi


nheiro e Maçao Tadano, apelando para o senso do Presidente
em acatar as normas estabelecidas pela CPI. O Presidente
manteve a sua decisão e os Deputados Cid Carvalho e Israel
Pinheiro recorreram, nos termos do art. 55 do Regimento In
terno, ã Presidência da Casa. Em seguida, o Relator pediu
licença para se retirar, em sinal de protesto, sendo seguido
pelos Deputados Farabulini Junior, Cid Carvalho, Tidei de Li
ma, Airton Soares, Orestes Muniz e Ademir Andrade. O Dep~

ta do Maçao Tadano sugeriu a sustação dos trabalhos, uma vez


que não havia numero, ao que o Deputado Farabulini Junior di~

se que deveriam ser encerrados e o Presidente encerrou ases


são sem colher o depoimento do Sr. Roberto Ferreira do Ama
ra 1 .
A reunião, que deveria realizar-se no dia 3
de malO de 1984, não se efetivou em virtude do não compar~

cimento do Sr. Carlos Neves Galluf, ex-Presidente do Institu


to Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, que estava convo

• cado para prestar o seu depoimento naquela data.


A. 21a. reunião ocorreu em 9 de maio de 1984 e
teve como fimalidade a tomada do depoimento do Sr. Carlos Ne
ves Galluf, ex-Presidente do Instituto Brasileiro de Desen
volvimento Florestal. O Depoente foi inquirido pelos Deput~

dos Relator, Orestes Muniz e Cid Carvalho. O Deputado Sebas


tião Curiõ solicitou prorrogação, por uma sessão, do pedido
de vista ao requerimento do Deputado Tidei de Lima, que pr~

punha a convocação do General Newton Araujo de Oliveira e


Cruz. O Deputado Cid Carvalho tambem solicitou vista, sendo

G ER 20 .0 1.00 50 .5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

concedida. O Deputado Matheus Schmidt retirou o pedido


- do Ministro Delfim Netto.
convocaçao
Em 10 de maio de 1984 realizou-se a 22a. reu
nião da CPI, com a tomada do depoimento do Sr. Roberto Fer
reira do Amaral, ex-Coordenador do Projeto Tucuru;, que foi
inquirido pelo Deputado Relator e pelos Deputados Tidei de
Lima e Airton Soares, que apresentou requerimento de convoca
ção do Sr. Helio Gama, Curador da Massa Falida Agropecuãria
CAPEMI.
A 23a. reuni ão foi rea 1 i zada em 17 de malo
de 1984. Foi ouvido, na oportunidade, o Sr. Fernando Mãrio
de Oliveira e Cruz, ex-advogado da Agropecuãria CAPEMI. Pela
ordem, usaram da palavra para discutir o assunto pertinente
às alegações de sigilo profissional, feitas pelo depoente,
os Deputados Farabulini Junior, dizendo que a lei não isenta
ninguem de depor na CPI; Siqueira Campos, citando o caso do
Dr. Nabuco que foi impedido pela OAB de depor na CPI Time-Li
fe; Tidei de Lima, dizendo que o depoente estava a 1 i na con
-
• - como advogado; Airton Soares,
dição de reu e nao sugerindo
que as perguntas fossem dirigidas ao depoente e ele res po ndes
se, resguardando o sigilo profissional; Maçao Tadano, propo~

do que a reunião fosse secreta a exemplo do ocorrido com o


Dr. Antônio Ba1bino. Foi acolhida a proposta do Deputado Air
ton Soares. Inquiriram o depoente os Deputados Relator, Ti
dei de Lima, Farabulini Junior e Airton Soares. O Deputado
Farabulini Junior, pela ordem, indagou sobre a devolução do
pedido de vista ao requerimento do Deputado Tidei de Lima,so
licitado · pelos Deputados Sebastião Curio e Cid Carvalho.

GE R 20 .01.00505
CAMARA DOS DEPUTADOS

o primeiro não apresentou consideraçoes e o segundo


tou a dilação do prazo, por uma sessao, em virtude de se tra
tar de materia de alta importância. Os presentes concorda
ram com o pedido. Ainda o Deputado Farabulini Junior reite
rou o pedido de diligência junto ao Banco Central do Brasil,
para que a Comissão tome conhecimento do processo que cu1mi
nou com a autorização do aval do Banco Nacional de Credito
-
Cooperativo a CAPEMI no emprestimo concedido pelo Banco Na
ciona1 de Paris ou o comparecimento do Sr. Carlos Geraldo
Langoni à CPI para as explicações necessãrias; e a copia dos
livros Diãrio e Caixa da firma Consultores, Auditores e Con
tadores, no Rio de Janeiro, no que diz respeito à entrada
dos recursos contidos no recibo apresentado à Comissão pelo
Dr . Fernando Mãrio Cruz. O Deputado Tidei de Lima pediu a
requisição dos pareceres dados p.eJ .o..d.e.p.o.ente nos processos
de contr~~a .ção ~e firmas pela Agropecuãria CAPEMI.
A 24a. reunião realizou-se em 24 de maio de
19 84. A finalidade da reunião era a tomada do depoimento do

• Sr. Luiz de Souza Gouvêa, Juiz da 7a. Vara de Falências


Concordatas da Comarca da Capital do Rio de Janeiro . No
e

en
tanto, a Comissão decidiu adiar o depoimento, transformando
a pauta em assuntos internos. O Deputado Farabulini Junior,
pela ordem, solicitou medidas da Comissão junto ao Banco
Central no sentido de enviar à CPI a documentação pedida .
Por sugestão dos Deputados, o Presidente indicou o Deputado
Fa r a b u 1 i n i J uni o r e e s t e a c e i t o u a i nc um bê n c i a d e p r o mo ver as
diligências junto ao Banco Central para consegulr os documen
tos solicitados àquela instituição bancãria. A Comiss ã o re

GE R 2001 .0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

solveu dispensar o depoimento do Dr. Luiz Gouv~a.

requerimento com vistas ao Deputado Cid Carvalho, que diz


respeito ã convocação do General Newton Cruz, o Presidente
avocou para analisar as justificativas apresentadas pelo De
puta do Tidei de Lima, que as apresentou por escrito durante
.-
a reunlao. Depois dos debates, ficou o Deputado Siqueira
Campos com vistas do requerimento ate a reunião do dia 31 de
maio corrente. O Relator falou sobre a pauta dos depoime~

tos e o tempo disponlvel antes do relatório final. Todos os


presentes discutiram o assunto, deixando a criterio do Rela
tor decidir quais os malS importantes para os trabalhos da
Comissão. Ficou decidido que para o dia 31 do corrente -
mes
s e r i a ma n t i d a a c o n v o c a ç ã o doS r. He 1 i o Ga ma, Cu r a d o r d a 7 a.
Vara de Fal~ncias e Concordatas do Rio de Janeiro.
A 25a. reunião foi realizada em 31 de malO de
1984, para OUVlr o Sr. Helio Zaghetto da Gama. Em virtude
do não comparecimento do Deputado Matheus Schmidt, o Presi
dente nomeou o Deputado Tidei de Lima Relator ad hoc. Pela

• ordem, o Deputado Farabulini Junior solicitou medidas energi


cas da Comissão no sentido de pressionar o Banco Central p~

ra que envie a documentação referida atraves do oflcio n961/


62/84. A Presid~ncia determinou ã Secretaria a e x pedição de
telex estabelecendo o prazo de 24 (vinte e quatro) horas p~

ra a remessa de tais documentos. Após a leitura do seu cur


. . .
rlculo, o depoente prestou o compromisso legal e lnlClOU seu
de p o i me n to, se n d o i n qui r i do p e 1 os Oe p u ta dos Ti de i de Li ma e Fa
rabulini Junior. O Deputado Tidei de Lima pediu a votação
do seu requerimento de convocação do General Newton Cruz,

GE R 20 .010050 .5
.,
"

CÂMARA DOS DEPUTADOS _ a

alegando estar de viagem marcada para o inlcio da tarde. O


assunto foi debatido pelos presentes e o Deputado Edison Lo
bão pediu vista. O Presidente concedeu e o Deputado Airton
Soares, com base no art. 55, do Regimento Interno, recorreu
da decisão ao Presidente da Casa. A Presidência recebeu o
recurso. Reiniciados os trabalhos que haviam sido suspensos
para o almoço, ãs l5h40m, já presente o Relator titular, mo~

trou-se surpreso com a apreciação do requerimento do Dep~

tado Tidei de Lima, uma vez que havia combinado estar prese~

te ãs 15 horas para participar do exame da materia. Inquiri


ram o Sr. Helio Gama, ainda, ·os Deputados Bento Porto, Air
ton Soares, Cid Carvalho e o Relator, que solicitou ã Presi
dência envio de oflcios aos bancos SUDAMERIS - na rua Graça
Aranha - e BAMERINDUS - na rua da Passagem - ambos no Rio de
Janeiro, para que remetessemã Comissão extrato de conta cor
rente de Elizabeth Louise, correspondente aos seus meses an
tes e selS meses depois do lngresso de seu amigo, Fernando
Pessoa, na Agropecuária CAPEMI.
A 26a. reunião foi realizada igualmente em 31
de malO de 1984, com o objetivo de se tomar o depoimento do
Deputado Carlos Alberto delCarli, slndico da ma s sa falida
Agropecuária CAPEMI. Estando presente o depoente, na quali
dade de convidado pela Comissão, não prestou compromisso le
gal. Durante a sua e xplanação o Deputado Carlos Alberto dei
Carli apresentou ã CPI o francês Xavier Poretzky, testemunha
da remessa ilegal de dólares para o e xterior para a Maison
Lazard Freres. Após prestar o compromisso de pra xe e decla
rar entender bem o português e estar em condições de se ex

GER 20 .01 .0050 .5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

pressar nessa llngua, a testemunha transmitiu aos Deputado


o que era do seu conhecimento. Não foram feitas perguntas
ao depoente, uma vez que ele estava presente como convidado
da Comissão. O Deputado Airton Soares sugeriu que fossem ou
vidos, ao mesmo tempo, os três maiores implicados no escânda
lo CAPEMI: Fernando Jose Pessoa dos Santos, Roberto Ferrei
ra do Amaral e Antônio Mourão Abissâmara. Os trabalhos foram
presididos pelos Deputados Farabulini Junior, Israel Pinhei
ro e Cid Carvalho sucessivamente.
A 27a . reunião foi realizada no dia 6 de JU
nho de 1984. A ela deveria comparecer o Sr. Carlos Geraldo
Langoni, ex-Presidente do Banco Central do Brasil. Como o
- compareceu, usou da palavra para discutir o
depoente nao as
sunto o Relator, Matheus Schmidt, dizendo que acreditava ha
- comparecer -a CPI,
ver manobras do Sr. Carlos Langoni para nao
e que, por isto, insistia na convocação do mesmo, agora atr~

- da Justiça, para depor lIabai xo de vara


ves ll
• Os Deputados Ti
dei de Lima e Orestes Muniz concordaram com o Relator; o
Deputado Israel Pinheiro sugeriu que primeiro fosse tentada
uma medida amigavel e por ultimo judicial, delegando ao Pre
sidente a solução da materia, uma vez que sua conduta ã fren
te dos trabalhos da Comissão tem sido louvavel. Os presentes
concordaram unanimemente. O Presidente solicitou que a dili
gência fosse efetuada com a presença do Relator. O Deputado
Tidei de Lima pediu que fosse posto em votação seu requer~

mento, convocando o General Newton Cruz. O Deputado Cid Car


valho sugerlu que o depoimento fosse em reunião secreta. Pos
to em votação o requerimento e o adendo do Deputado Cid Car

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

valho, o primeiro foi aprovado por unanimidade e


por cinco votos favorãveis e um contra, do Deputado Ademir
Andrade, que acha que o depoimento deveria ser publico. O R~

lator justificou o envio de oflcio ao Banco Central, reite


rando o pedido de documentos que, finalmente, foram enviados
no inlcio da reunião.
"0flCio n9 69/84-Pr. - Brasllia, 6 de junho
de 1984.
Senhor Presidente,
Esta Comissão Parlamentar de Inquerito, na
forma da legislação vigente, requisitou a esse Banco Central
os documentos relativos ã aprovação do aval prestado pelo
Banco Nacional de Credito Cooperativo - BNCC, na operação de
financiamento entre o Banco Nacional de Paris e a CAPEMI,con
soante os Oflcios n9s 61/84, de 16 de maio e 66/84, de 24
de maio, todos deste ano corrente, e a reiteração, por tele x
dirigido diretamente ã essa Presidência, com prazo de 24
(vinte e quatro) horas, para atendimento da requisição,telex

• esse expedido no mesmo dia 31 de maio ultimo, por decisão


desta mesma Comissão Parlamentar de Inquerito, ainda não res
pondido.
Este Relator, no uso de suas atribuições e de
sua competência, chama a atenção de V. Sa. para os dispositi
vos processuais que estão sendo postergados em prejulzo do
trabalho desta Comissão no que diz respeito ã elaboração do
Relatório da CPI e para o qual e de relevância jã afirmada
o documento em referência.
Evidencio, por lSSO, ao funcionãrio publico

GER 20 .01 .00505


CÂMARA DOS DEPUTADOS

que e o Presidente do Banco Central do Brasil (Cõdigo


art. 327), que não lhe cabe por em exame a legalidade de um
ato praticado por autoridade competente, e sob cuja jurisdi
ção estã posto por força das disposições constitucionais e
legais que informam a instalação e funcionamento das Comis
sões Parlamentares de Inquerito a nivel federal.
Ao reves, a demora injustificada no atendimen
to de requisição judicial (Lei n9 1579, de 18 de março de
1952, arts. 29 e 69), configura, em tese, ato de -
sonegaçao
de documento oficial, alem do retardamento a ser eventualmen
te apurado.
Tendo em vista, por isso, o e x ig~o prazo des
ta Comissão para conclusão de seu trabalho, requisitarei, na
primeira sessão desta CPI, a determinação das diligências ne
cessãrias ã busca e apreensão dos documentos regularmente re
quisitados, alem da responsabilização penal daquele ou daqu~

les que os retiverem, diligências essas jã aprovadas pela Co


. -
mlssao.

• de consideração.
Na oportunidade, apresento a V. Sa. protestos
As. Deputado MATHEUS SCHMIDT , Relator".
O Presidente determinou -a Secretaria que ma~

dasse tirar cópias dos documentos enviados pelo Sr. Affonso


Celso Pastore para todos os Deputados da Comissão e para a
imprensa. O Deputado Siqueira Campos compareceu a - .-
reunlao
ao final e protestou contra a decisão do Presidente de -
por
em votação o requerimento do Deputado Tidei de Lima durante
a sua ausência e apresentou a sua renuncia c omo membro da
Comissão. Os Deputados Israel Pinheiro, Tidei de Lima, Ma
t heus Schmidt e Cid Carvalho protestaram em solidariedade ao

GER 20 .0 1.0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

Presidente e este alegou que estã disposto a cumprlr a deci


são da Comissão.
A 28a. reunião foi realizada em 7 de junho de
1984 e teve por finalidade a tomada de depoimento do Sr. Ân
gelo Amaury Stãbile, na qualidade de ex-Ministro da Agricul
tura. Seu depoimento foi em continuação àquel e jã ocorrido
anteriormente, pelo que não prestou o compromisso legal. Du
rante a discussão da Ata, o Deputado Siqueira Campos, na qu~

lidade de Vice-Llder do Partido Democrãtico Social, comunl


cou à Comissão que havia solicitado a audiência da Comissão
de Constituição e Justiça sobre a convocação do General New
ton de Oliveira e Cruz, ex-Chefe da Agência Central do SNI e
pediu que fosse considerada nula a decisão a respeito, ale
gando que o Deputado Edison Lobão não havia devolvido a V1S

ta do requerimento do Deputado Tidei de Lima, que propõe a


convocação. O Deputado Israel Pinheiro considerou a propo~

ta do Deputado Siqueira Campos anti-regimental e impertine~

te, uma vez que a convocação jã havia sido decidida pela CQ

• missão. Sobre o assunto falaram ainda os Deputados


Schmidt, Airton Soares, Cid Carvalho e Orestes Muniz. O Pre
Matheus

sidente leu o Oflcio n9 1.201/84, do Presidente da Câmara


dos Deputados, que deferiu o pedido de audiência da Comissão
de Constituição e Justiça, do Deputado Siqueira Campos.
nOf. 1201/ 84 - Brasllia, 7 de junho de 19 84.
Senhor Presidente,
Comunico a Vossa Excelência que, nesta data,
deferi requerimento do Deputado Siqueira Campos no qual soll
cita audiência da Comissão de Constituição e Justiça sobre a

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CAMARA DOS DEPUTADOS

convocação do General Newton de Oliveira Cruz, para depor na


Comissão Parlamentar de Inquerito que apura as atividades do
Grupo CAPEMI.
Junto ao presente, cópia dos documentos perti
nentes ã solicitação em exame.
Aproveito a oportunidade para renovar a V.E xa.
a expressão de minha estima. As. Flãvio Marcllio, Presiden-
te 11 •

O Deputado Matheus Schmidt considerou o desp~

cho ilegal e solicitou a decisão da CPI sobre o assunto. Em


continuação, falaram os Deputados Airton Soares, Cid Carva
lho e Israel Pinheiro. O Presidente disse não se opor ao p~

dido de audiencia e manteve a decisão de convocação do Gene


ral Newton Cruz. O Deputado Israel Pinheiro sugeriu a convo
cação do Sr. Antônio Chagas Meirelles, Diretor do Banco Cen
tral, a epoca da concessão do aval, o que foi aceito pela
Comissão.
A 29a. reunião foi realizada em 13 de junho

• de 1984 para tomada de depoimento do Sr. Antônio Chagas


relles, ex-Diretor do Banco Central do Brasil. No
Mei
expedie~

te, foi lido oflcio do Sr. Carlos Langoni justificando sua


ausência ã Comissão. O Relator, usando da palavra, disse
que a CPI tem o dever moral de tomar medidas legais contra o
Sr. Carlos Langoni, uma vez que não hã mais prazo para ou
vi-lo nesta Comissão. Discutiram o assunto, tambem, os Srs.
Deputados Tidei de Lima, Farabulini Junior, Israel Pinheiro,
Nilson Gibson e Israel Dias-Novaes, que levantou uma Questão
de Ordem no sentido de o Presidente da Comissão, atraves do

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

Presidente da Câmara, oficiar ã CEPAl, em Santiago, para 1

berar o Sr. Carlos langoni para vir depor na CPI, em face da


informação de que viajara na véspera para Santiago do Chile.
A proposta foi retirada, posteriormente, pelo autor. Toman
do o depoimento do Sr. Antônio Chagas Meirelles, o Deputado
Matheus Schmidt lnvocou sua condição de Relator, para tomar
medidas judiciais junto ã Procuradoria da Republica, perante
a Justiça Federal, do Distrito Federal, contra o Sr. Carlos
langoni. Informou que enviaria ao Procurador da Republica o
seguinte oficio:
"oficio 83j84-Pr. - Brasllia,
Senhor Procurador Chefe:
Encaminho a Vossa Excelência, na forma do ar
tigo 40 do Código de Processo Penal, documentos e diligê~

Clas desta Comissão Parlamentar de Inquérito referentes a ln


timações desatendidas por CARLOS GERALDO lANGONI e onde se
configura, em tese, conduta penalmente sancionada.
Coloco, ainda, ã disposição dessa Dout a Pro

• curadoria da Republica outros documentos relativos ã espécie


que eventualmente possam servir ou interessar ã formalização
de denuncia.
Apresento a Vossa Excelência meus protestos
de consideração e apreço. As. Deputado MATHEUS SCHMIDT, Rela
tor ll

O Deputado Tidei de lima indagou sobre a au


diência da Comissão de Constituição e Justiça, que ainda não
decidiu sobre pedido do Deputado Siqueira Campos.
Em 14 de junho de 1984, a CPI reuniu-se em ca

GE R 20 .01 .00505
CAMARA DOS DEPUTADOS

rãter secreto para ouvir o General Newton Araujo de Oliveira


e Cruz, que fora convocado para prestar o seu depoimento nes
sa oportunidade. Ao iniciar os trabalhos da reunião o Sr.
Presidente, Deputado Leo Simões, leu correspondência que ha
via recebido do General, vazada nos seguintes termos:
"Brasllia-DF, 12 de junho de 1984. Do General
Newton Araujo de Oliveira e Cruz, Comandante da CMP/IIA-RM.
Ao Sr. Deputado Leo Simões, Presidente desta CPI/CAPEMI. As
sunto: Convocaç ão para depoimento. Referência: Of. n9 74/ 84-
Pr, de 7 de junho de 1984. oficio n9 40-E2.
1. Acuso recebido, -as 15:00 hs do dia 12 de
junho, o oficio em que V. Exa. me convoca para prestar depol
mento na denominada CPI/CAPEMI, em sessão secreta do dia 14
de junho.
2. Permito-me recordar, p01S, aparentemente,
foram ignorados, dois dispositivos legais pertinentes ã mate
r 1a :

Art. 207 do Código de Processo Penal - "são

• proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, minis


terio, oficio ou profissão, devam guardar segredo, salvo se,
desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu tes
temunho".
Art. 49, § 29 da Lei n9 4341, de 13 de junho
de 1964 - "0 Serviço Nacional de Informações estã isento de
qualsquer prescrições que determinem a publicação ou divulg~

ção de sua organização, funcionamento e efetivos".


3. Parecem-me, ainda, esclarecedores dois ou
tros aspectos:

GER 20 .01 .0050.5


CAMARA DOS DEPUTADOS

19) A função que exerci no Serviço Nacional


de Informações, a de Chefe da Agência Central, e privativa de
Oficial-General da Ativa; os militares ã disposição do SNI
são considerados como em efetivo exerclcio em suas proprias
Forças, e os serviços, por eles prestados, de natureza rele
vante para todos os efeitos de sua vida profissional. Assim,
p01S, enquanto fui Chefe da Agência Central do SNI, estive
sujeito a duas subordinações: a do homem de informação, pr~

so a normas e princlpios reguladores da atividade, inclusive


e sobretudo os de ordem moral; a do soldado, vinculado a nor
mas e princlpios do Estatuto dos Militares e do Regulamento
Disciplinar do Exercito, inclusive e sobretudo, tambem, os
de ordem Fnora 1
29) Todos os documentos elaborados pelo SNI
têm o grau de sigilo mlnimo CONFIDENCIAL. Essa classifica
ção se destina a preservar do conhecimento de pessoas não au
torizadas os assuntos neles tratados (eventualmente) ou os
procedimentos do orgão, denunciadores de seu funcionamento,

• organização ou efetivo (sistematicamente). Assim, todos


documentos elaborados, pelo SNI, sobre a CAPEMI-TUCURUI (In-
os

formes, Informações, Apreciações, etc.) foram sigilosamente


classificados. Eu os rubriquei a todos, enquanto exerCla a
chefia da Agência Central do SNI, conheço-os, sou por eles
responsãvel, inclusive pela proteção que lhes assegura o
grau de sigilo.
4. Isto posto, informo a V. Exa. que:
a) O meu comparecimento ã CPI da CAPEMI depe~

de de autorização do Sr. Ministro do Exercito, autoridade ml

GE R 200100505
C ÂMA RA DOS DEPUTADOS

litar a que estou diretamente subordinado por me encontrar


no exerclcio do Comando do CMP/lla.RM, e da autorização do
Sr. Ministro Chefe do SNI, que configura a lI oarte
, interessa
dali de que trata o Art. 207 do CPP.
b) O depoimento estã sujeito ao meu - .o
propn
arbltrio, p01S:
19) jamais adotei qualquer procedimento em r~

lação a CAPEMI-TUCURUl que não se apoiasse no estrito cumpr~

mento de minhas responsabilidades como Chefe da AC/SNI;


29) considero-me isento de depor, na forma do
Art. 49, § 29, da Lei n9 4341, de 13 Jun 1964, jã que o meu
depoimento necessariamente vincular-se-ia ao funcionamento,
organização e efetivo do SNI;
39) mesmo desobrigado pelo Sr. Ministro Chefe
do SNI, na forma do Art. 207 do CPP, apenas testemunharei se
eu qUlser e eu não quero, pois a tanto me impelem o amparo
legal e a consciência profissional do homem de informações
que eu fui e do soldado que fui e continuo sendo;

• 49) tambem o Código de Processo Civil


ça-me a disposição anteriormente expressa, pois, no Art.406,
refor

item 11, faculta a testemunha deixar de depor sobre fatos a


cUJo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo;
59) resumindo, ninguem poderã obrigar- me a d~

por se a lei não me obriga, e mais ainda se ela me desobriga


de fazê-lo.
5 . Solicito a V. Exa. que tome conhecimento ~s

razões e propósitos invocados, para o prosseguimento que en


tenda por bem definir sobre a materia.

GER 20 .01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

Na oportunidade, apresento a V. Exa. meus prQ


testos de distinta consideração. As. Gen Div NEWTON ARAOJO
DE OLIVEIRA E CRUZ, Comandante do Crndo do CMP e lla. RM".
O oflcio do General Newton Cruz foi convenlen
temente examinado pelos Deputados. Ao final, ficou decidido
o seguinte:
19) Que a Comissão reconvocarla o General New
ton Araujo de Oliveira e Cruz, fazendo-o atraves de oflcio
dirigido diretamente ao Sr. Ministro do Exercito, o que foi
feito;
29) Que a CPI enviaria ã Comissão de Consti
tuição e Justiça, como õrgão permanente da Câmara dos Dep~

tados, o oflcio do General, com o parecer da Comissão contrã


rlo ao fato invocado que, ao seu ver, o exime do dever de de
por perante a CPI, o que, igualmente, foi feito. O Deputado
Farabulini Junior foi incumbido pelos seus pares de redigir
o ponto de vista da CPI e levã-lo ã Comissão de Justiça e lã
ser o interprete da vontade do õrgão.

• O prazo de vigência da Comissão Parlamentar


de I n que r i t o e x a u r e - s e h o j e, d i a 2O de j u n h o de 1 9 84, sem que
o General Newton Cruz ou alguem por ele, do SNI, viesse de
por.
o RELATCiRIO.

- / ~--;/ /
c--- __
L,
eputado
~ç;h-z.-/
~c-L-v-.
M HEUS SCHMIDT
Relator

GER 2001 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

P ARE CE R

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

1. O IISi stema ll
CAPEMI em Tucurul

Em que consiste este ser misterioso que, du


rante tanto tempo, vem figurando com o maior destaque na 1m
prensa nacional?
Segundo seu Presidente o que vem sendo menC10
nado como IISistema ll
CAPEMI não e xiste como IIG rupo ll, na ace..e.
ção legal do termo. Ele e constituldo de 22 entidades e
empresas - Sociedade de Pessoas, Sociedades Anônimas e Socie
dades por Cotas Limitadas - que funcionam autonomamente, po~

suindo,cada uma, sua diretoria, seu estatuto ou seu contra


to social e suas normas de funcionamento. O Sistema Capemi

• não chegou a se organizar como IIG rupo


6.404/76. Todas são empresas privadas.
ll, nos termos da Lei n9
O conjunto dispõe
de unidade de comando, representado pelo seu Presidente.
O Presidente do Sistema e tambem o de cada entidade ou em
presa.
A APICOM - Agropecuãria Industria e Comercio
Fabiano de Cristo foi criada em 04-11-77 e registrada em
27-12-77. Foi alterada a sua denominação, em 20-09-78, para
Agropecuãria Capemi Industria e Comercio Ltda.

GER 20010050.5
C ÂMARA DOS DEPUTADOS

Teve os seguintes aumentos de capital :lnicial


de Cr$ 300.000,00, passando para Cr$ 40.000.000,00 em 31 de
dezembro de 1978; para Cr$ 100.000.000,00 em 26 de junho de
19 80; e para Cr $ 550.000.000,00 em 30 de junho de 19 80. são
suas sócias cotistas a Capemi Caixa de Peculios, Pensões e
Montepios - Beneficente, a Capemi Seguradora S. A., o Lar
Fabiano de Cristo e a CAVADl - Casa do Velho Assistencial e
Divulgadora. Em 15 de julho de 1980, com a constituiç ã o da
IIHolding ll
Capemi - Administração e Participações Ltda., esta
passou a ser majoritãria (549.999 cotas e 1 cota com o Lar
Fabiano de Cristo).
Em 1980, a Agropecuãria Capemi adquiriu a
Agroindustrial Fazendas Unidas (Destilaria de Alcool), a Com
panhia Madeireira são Miguel, a Norpalma e a Companhia de Na
vegação Aramã (entre outras).
Hoje, a Capemi Previdência detem o controle
da IIholding ll
e esta detem 99,99 % do capital da Agropecuária.

• 2. O Engajamento da CAPEMl no Projeto

Em carta endereçada ao Sr. Presidente da Repu


blica, datada de 19 de agosto de 1982, Ademar Messias Arag ã o
afirmou que o engajamento da Capemi no Projeto Tucurui se
deu, fundamentalmente, em razão do compromisso do Governo em
avalizar o emprestimo de US $ 100 milhões, contraidos com o
Banco Nacional de Paris, atraves do Banco Nacional de Credi
to Cooperativo - BNCC, o que foi formal e e xpressamente
estabelecido nas Atas das Reuniões Extraordinãrias do BNCC,

GER 20 .01 .0050 .5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

de 25 de março e 9 de julho de 1981 e devidamente autorizado


pelo Banco Central atraves do OEORB/DIAUB/SEGAB-81/958, de
9 de julho de 1981-0T-0303054/81, e com a presença de repr~

sentantes dos Ministérios da Agricultura, Fazenda, e Secre


taria de Planejamento da Presidência da Republica, tudo com
base no Protocolo de Intenções assinado em Paris, em 30 de
janei ro de 1981.
Nesta mesma carta, o General Messias Aragão
salientava que a Capemi só havia recebido US$ 25 milhões do
Banco Nacional de Paris e que, por 1SS0, pedia aval supleme~

tar de um banco oficial, no valor de US$ 100 milhões, com o


que liquidaria o debito com aquele banco.

3. A posição da ELETRONORTE

A posição adotada pela ELETRONORTE na conceE


- do projeto foi delineada pelo seu Presidente, Sr.
çao Dou
glas Souza Luz, em depoimento prestado ã CPI, em que realça
os seguintes pontos:

• a) - Que desde 1977, em reunião dos


ELETRONORTE, FUNAI, SUOAM, IBDF e INCRA - a ELETRONORTE deti
-orgaos
- -

nha a posição de que a possibilidade de aproveitamento come~

cial da mata em Tucurul era praticamente nula, por falta de


vislumbre de lucro pela iniciativa privada;
b) - Que um dos problemas era a falta de tem
po util em relação ao cronograma das obras da Usina;
c) - Que preferia fazer o "desmatamento zonea
do" do reservatório de Tucurul, que seria composto de -areas

GER 20 .01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

correspondentes às diversas finalidades: proteção da usina,


piscicultura, desenvolvimento agropecuãrio, rotas de naveg~

ção, criação de nucleos populacionais, preservação da fau


na, etc ...
d) - Que, de acordo com o relatõrio da IIComis
são Interministerial ll
, a ãrea a ser inundada com a constru
ç ã o da b a r r a ge m de Tu c u r ui o c u p a r i a uma s u p e r f i c i e de 216.00 O
hectares, indicado em inventãrio procedido por iniciativa da
SUDAM, contendo nesta ãrea a existência de um volume medio
de madeira em pe, sem casca, da ordem de 198,87 m3 jha.
Computadas apenas as especies de valor comer
cial para exportação e de diâmetro adequado a emprego indus
trial, a estimativa do potencial madeireiro disponivel e de,
aproximadamente, 13,4 milhões de metros cubicos, representa~

do, aos preços atuais (da epoca) um valor em torno de Cr$


4.000.000.000,00.
As madeiras sem condições para emprego indus
trial e os residuos de troncos e galhos representam um volu

• me de material lenhoso avaliado em cerca de 28.000.000 m3 ,pQ


dendo fornecer mais de 11 milhões de metros cubicos de car
- vegetal, com valor estimado no mercado internacional
vao de
US$ 178 milhões FOB.
Total da receita prevista: Cr$ 4.000.000.00~OO

mais US$ 178 milhões. Consta ainda desse relatõrio que o


aproveitamento desse potencial madeireiro e medida que se re
comenda não sõ pelo seu alto significado econõmico, mas aln
da por conveniência ecolõgica e para assegurar a prõpria prQ
teção da barragem, evitando-se assim os inconvenientes que

GER 20 .01 .0050.5


CAMARA DOS DEPUTADOS

poderão advir, se essa enorme massa vegetal for


ELETRONORTE não pretendeu chamar a si a responsabilidade do
encargo da exploração da madeira por entender que o mesmo fo
ge ãs suas atribuições especificas, opinando pela convocação
da iniciativa privada, atraves de licitação publica. Afir
mou, ainda, que o desenvolvimento das atividades de explot~

ção pelas empresas vencedoras no processo de licitação, e Xl


ge a supervisão, orientação e acompanhamento permanente des
sa atividade por parte do poder publico, a fim de evitar que
o objetivo lucrativo dos empresãrios se superponha ao sup~

rior objetivo do Governo, no que concerne aos aspectos ecolõ


gicos e sõcio-econômicos, de interesse nacional, envolvidos
no processo. Opinou, tambem, que a solução viãvel encontra
da era a constiturção, atraves de decreto presidencial, de
uma comissão e xecutiva, dotada de autonomia administrativa e
financeira, vinculada ao Ministerio do Interior. E que desde
que se alcance um desmatamento da ordem de 25 % da ãrea total
a ser inundada, ter-se-ia um adequado fator de controle de

• efeitos ecolõgicos nocivos, sob o ponto de vista de


sição da massa vegetal a ser submersa, no reservatõrio.
decomp~

E
que, caso não fosse posslvel o desmatamento dos 25 % pela lnl
ciativa privada, a ELETRONORTE poderia desmatar cerca de
2,5 % da ãrea total a ser inundada, sendo tal desmatamento es
sencial ã proteção da Usiha e da barragem. Se o lago for for
mado com o verde da floresta submersa, a ãgua dei xarã de con
sumir ox igênio, produzirã gãs sulfidrico e metano, devido -a
sua decomposição e causarã mau cheiro. Conseqüentemente na~

cerão aguapes e lirios d'ãgua no lago, que por sua vez fica

GER 20 .01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

-
ra sem peixes. Segundo levantamentos feitos pelo INPA, exi~

tem de 20 a 50 mil toneladas de verde por hectare. No tocan


te às ãrvores que permanecerão no lago, medindo cerca de 30
metros, elas impedirão a circulação da ãgua polulda.
Alem de Tucurul, existem as obras de Balbina,
no rlO Atumã, na margem esquerda do rio Amazonas, e a obra
de Samuel, no rio Jamari, em Rondônia - ambas implicando ala
gamento da floresta amazônica.
O Complexo de Altamira, no Xingu, estã em es
tudos, em fase de projeto bãsico.
Tapajós estã na fase de inventãrio dos recur
sos hldricos.
Em Balbina, pretende-se utilizar a madeira da
ãrea do reservatório para a produção de energia eletrica a
partir de uma usina termica movida a madeira .
O custo total da Usina de Tucurul e de US$
4,600,000,000.00.
As principais empresas que utilizarão a ener
gla de Tucurul são ALUMAR (Associação da ALCOA-60 % com a
BILLITON-40 %) para produção do alumlnio a partir da bauxita.
Esse projeto irã absorver quase uma mãquina de Tucurul (irã
consumir 200 megawatts inicialmente - as mãquinas são de 330
megawatts).A ALCOA irã pagar a energia consumida a um preço
inferior ao do mercado(lO % de desconto).t constitulda pela
Alcoa Company,americana, e a Hanna Minering Corporation; A
ALUNORTE-ALBRAs (associação da Vale do Rio Doce com um grupo
japonês)irã consumir tambem 300 megawatts inicialmente. Obser
vação:o Projeto ALCOA e o Projeto ALBRAs -
preveem triplic~

GER 20 .01 .0050.5


C AMARA DOS DEPUTADOS

ção, ou seja, irão consumir 1,5 mil megawatts.


Total da produção da UHE Tucurul = 4 mil meg~

watts.
Total do consumo das 2 empresas = 1,5 mil
megawatts.

PROJETO TUCURUI

I - ASPECTO CONCEITUAL DA EXPLOTAÇAO DA FLO-


RESTA NA ~REA DO RESERVATORIO DA REPRESA DE TUCURUI

a) O Projeto Tucurul está inserido no progr~

ma de Desenvolvimento dos Recursos Energéticos da Amazônia e


tem dois objetivos fundamentais:
- o abastecimento energético do NortejNordes
te do Pals;
- a dotação da provlncia mineral de Carajás
do suporte energético necessário ao aproveitamento racional
de sua s r e s e r v a s na tu r a i s (f e r r o, ma n g a nê s, n1 que 1 , c o b r e,
cassiterita e, notadamente, bau xita cujo processo de indus

• trialização para obtenção do alumlnio metálico e alumina


sorve volume considerável de energia elétrica).
ab

b) Subsidiariamente, o Projeto Tucurul inclui


um programa de Desenvolvimento dos Recursos Florestais da
Amazônia, o que, no caso, não é o objeto principal do proJ~

to, mas a ele está necessariamente vinculado, em face da abri


gatoriedade do desmatamento, ao menos em parte, da área do
reservatório da represa, a fim de evitar a corros ã o das tur
binas da usina geradora .

GER 20 ,01 ,00505


CÂMARA DOS DEPUTADOS

c) Como o Projeto incorpora o primeiro


programa de penetração da Amazônia, tem relevância indiscutl
velo exame de suas conseq~ências sobre o equillbrio ecolõ
gico da região.
Sob este aspecto, desenvolve-se em dois
vels: 19) no campo da exploração predatõria da floresta ama
zônica; 29) sobre as conseq~ências para o meio ambiente do
afogamento da floresta numa ârea de extensão considerãvel.
d) As reservas indlgenas de Pucurul e Pa ra
kanã serão, parcialmente, cobertas pelas ãguas do reservatõ
rlo. Qual o tratamento adequado a dar ao problema?
e) Finalmente, no e xame conceitual do Projeto
sobreleva resguardar o interesse nacional.
Todos neste PaIs estão de acordo a respeito
da necessidade de se fixarem normas conceituais, de carãter
definitivo, que informem a implantação, na Amazônia, das
grandes hidreletricas que estão em construção ou projetadas
para a região, tendo presente os itens antes mencionados.

• Alem de TucuruI, acham-se em obras a


trica de Balbina, no rio Atumã, na margem esquerda do
Hidrele
rlO
Amazonas, e Samuel, no no Jama ri , em Rondônia. Ambas alag~

rao -
- a floresta amazonlca. Jã o Complexo de Altamira, no rlO
Xingu, estã em estudos, em fase de projeto bãsico, e Tap~

-
jos, no rlO do mesmo nome, estã na fase de inventãrio dos re
cursos hldricos. segundo informa o Presidente da ELETRONORTE.
Ocorre que não e xiste, ate este momento, uma
posição definida do Governo sobre o tratamento a dar ãs ãre~

inundãveis destas hidreletricas.

GE R 20 .01 .0050 .5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

Observa-se que ao longo da implantação dos


projetos em andamento, os õrgãos governamentais por eles es
pecificamente responsãveis têm tido um comportamento claudi
cante, por demais moroso nas decisões, sempre atropelados
por prazos fatais, estabelecidos irrealisticamente. As con
seq~ências disso são as piores posslveis.
Em Tucurul, tudo ocorreu às avessas do que ha
Vla sido inicialmente planejado.

Carãter antipredatõrio do Projeto

1. O carãter antipredatõrio do Projeto foi


abandonado jã no momento em que a sua execução foi confiada
a uma unica empresa. A divisão da ãrea do reservatõrio em
blocos a serem entregues a grupos de três empresas (uma em
preiteira, uma madeireira e um agente financiador), como fo
ra proposto pela Hidrobrasileira, visava interessar os madei
relros da região para ãreas determinadas da Amazônia, ali
viando a pressão que exercem sobre outras ãreas, e, assim,

• fazendo diminuir um violento processo de exploração


rla ora em curso.
predatõ

Os graves erros cometidos nesse sentido em


Tucurul devem ser observados.
Temos informação de que a ELETRONORTE acaba
de dividir a ãrea do reservatõrio de Balbina em diversos blo
cos e que estaria procurando interessar os madeireiros na e~

plotação da madeira existente, sem pagamento ao Governo. Des


conhecemos o planejamento elaborado, em seus detalhes, mas,
de qualquer forma, a orientação parece a mais acertada.

GER 20 .01.0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

Quando a Capemi salU de Tucurul, o IBDF


tratou 14 madeireiras da Amazônia e 2 do Sul do Pals, entre
gando-lhes para explotação da madeira blocos de ãreas que va
riam de 300 a 6.200 ha. num total de cerca de 20.000 ha. A
informação que obtivemos e de que os resultados são satisfa
tõrios. O Presidente do IBDF informa que uma das empresas
contratadas, a CONSTEC deverã exportar para a China 400.000
metros cubicos de madeira ao preço de US$ 150 milhões, em um
ano e melO.
2. Outro fato que evidenciou o abandono do
carãter antipredatõrio do Projeto e o que se refere ao ocor
rido com as reservas indlgenas.
Ao que tudo indica, por exigência do Grupo La
zard - que Vla no Projeto a porta aberta para a entrada no
cobiçado Eldorado amazônico - logo depois de assinado o con
trato da Agropecuãria Capemi com o IBDF, foi elaborado um
Adendo para incluir na ãrea explotãvel as ãreas das reservas
indlgenas de Pucurul, no Municlpio de Itupiranga,e parte da

• reserva de Parakanã, no Municlpio de Jacundã, ambos no Esta


do do Parã, com a extensão, respectivamente, de 30.000 ha e
63.000 ha.
Ocorre que, conforme se verifica pelo § 29 da
clãusula 5a. e pela clãusula 8a. do Convênio que foi firma
do, na oportunidade, pelo Ministerio da Agricultura e pelo
Ministerio do Interior, bem como pelo que consta do § 19 da
clãusula 2a. do Adendo antes mencionado, foram entregues -a
explotação da Capemi e, por via de conseq~ência, aos se us
- - seriam submersas.
parceiros franceses, areas que nao A ex

GE R 20 .0100505
CÂMARA DOS DEPUTADOS

plotação dessas ãreas deveria ser feita num prazo de 10 anos,


a contar da data do enchimento do reservatório.
Desse modo, o projeto oficializava a devasta
ção das reservas indlgenas, dando seguimento, agora com o e x
presso apolo governamental, ã exploração predatória que a
conceituação inicial pretendera evitar.
De outra parte, mesmo tendo-se excluido, po~

teriormente, essas ãreas da explotação da madeira, elas fo


ram usadas para reassentamento de colonos, cujas terras se
rão alagadas. O fato constitui uma violência contra o ' patri
mônio das comunidades indigenas que não pode repetir-se.
3. As conseq~ências que resultarão do enchi
- desconhecidas ou, . . ....
mento da represa sao lmprevls~

veis. r natural que o ineditismo do Projeto, sem paralelo ro


mundo, traga preocupações a todos os que têm compromisso com
a preservação da Natureza, que somos todos nós.
Comenta-se que, se o lago for formado com o
verde da floresta submerso, a ãgua deixarã de consumir oxigê
n 1 o, produzirã gas sulfidrico e metano, devido -a sua decompQ
• - e causara- mau cheiro.
slçao Conseq~entemente,
-
nascerao agu~

-
pe s e l,rios d'ãgua no 1 a g o, que, por sua vez, ficarã sem
peixes. Segundo levantamento feito pelo INPA, existem de 20
a 50 mil toneladas de verde por hectare. - -arvo
No tocante as
res que permanecerão no lago, medindo cerca de 30 metros,
elas impedirão a circulação da ãgua poluida, dificultando a
vasão e, conseq~entemente, a renovação do lago.
O Presidente da ELETRONORTE estima que, desde
que se alcance um desmatamento da ordem de 25 % da ãrea total

GER 20 .01 .00505


CÂMARA DOS DEPUTADOS

a ser inundada, ter-se-ã um adequado fator de controle


efeitos ecológicos nocivos, sob o ponto de vista de decompQ
siçao da massa vegetal a ser submersa, no reservatório. E
que, caso não fosse posslvel desmatar os 25 % pela iniciativa
privada, a ELETRONORTE poderia desflorestar cerca de 2,5 % da
ãrea total a ser inundada, sendo tal desmatamento essencial
ã proteção da Usina e da barragem.
Sabendo-se que a ELETRONORTE promoveu o desma
tamento e enterramento da massa verde numa extensão de
10.000 ha. da ãrea do reservatório, nas imediações da barra
gem, permanecendo o restante da floresta para ser afogado, e
de se imaginar que a solução encontrada buscou proteger ex
clusivamente as turbinas da Usina e a barragem, conforme
-
aventara o Dr. Douglas Souza Luz, nao sendo tomada nenhuma
medida, que tenha chegado ao nosso conhecimento, para evitar
as conseq~ências ecológicas da decomposição da massa verde
submersa.
Acresce notar que o processo de enterramento

• da massa verde, contratado pela ELETRONORTE com 3 empresas,


a um preço, ã epoca (fevereiro de 1983), de 9 bilhões de cru
zeiros reajustãveis, e de resultados duvidosos. A massa ver
de e removida e amontoada pelas lâminas das mãquinas de modo
a formar longos cordões ou leiras, que se espalham pelo ter
reno, sobre os quals resulta ficar depositada uma camada de
terra de cerca de 30 centimetros, em media.
Teme-se que, com o enchimento do reservatõ
rlO, a pressão das ãguas e sua natureza solvente terminem
por remover essa camada de terra, possibilitando a -
emersao

GER 20 .01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

posterior e flutuação de toda a madeira cUJO peso especlfico


seja inferior a um. Se tal vier a ocorrer, o lago serã tom~

do pela madeira que vier a flutuar, acarretando danos lmpr~

vislveis ã prôpria barragem . Os 500 km do rio Tocantins a


jusante, ate Belem, receberão essa enorme carga sôlida com
grande dificuldade de vasão.
O Presidente da ELETRONORTE, sendo indagado
sobre essa eventualidade, mencionou um documento elaborado
a seu pedido, pelo INPA, em que aquele ôrgão tecnico e xamina
o assunto, porem sem concluir, em termos definitivos, pela
negativa. Ao contrãrio, o INPA esclarece que com o uso de
outro metodo (enterramento em valas) o processo preconizado
pela ELETRONORTE poderia obter bons resultados. Mas que, p~

lo processo usado, era necessãrio aguardar a estação das chu


vas para estudar o comportamento da camada de terra que enc~

bre a massa verde, para sô entã o ser posslvel uma


conclusiva a respeito .

• Interesse nacional

O Projeto Tucurul, como foi dito, tem por ob


jeto principal o Desenvolvimento dos Recursos Energeticos da
Amazônia. Seu custo estã orçado em US$ 4.600.000.000,00.
Estã prevista, para sua fase inicial, a gera-
ção de 3.960 mw. Alem de fornecer energia para a regi ã o de
Belem e para o Maranhão, vai possibilitar a criação de um pô
lo industrial de stinado ã produção da alumina e do alumlnio
metãlico, pelo processamento da bauxita da Serra de Carajãs,

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bem como deverã contribuir para a exploração do minerio de


ferro existente na região, tanto no que diz respeito ã 1a
vra, terminais e siderurgia, como no que se refere ã eletri
ficação da mina ate Itaqui.
Dois grupos de empresas, que irão produzir
alumlnio a partir da bauxita, irão consumir grande parte da
energia eletrica a ser gerada. A ALUMAR absorverã 200 mw
. -
que deverão ser triplicados - e a ALUNORTE-ALBRAs, lra consu
- igualmente triplicados.
mlr 300 mw, que serao Assim, 1 ,5

mil mw da produção da Usina serão destinados a esses dois


grupos transnacionais.
Resultam da; aspectos discutlveis do carãter
do Projeto, no que concerne ã salvaguarda do interesse na-
-
cional, que deve presidir, indiscutivelmente, a ocupaçao da
Amazônia e a e xploração de seus recursos.
Argumenta-se que todo o esforço nacional para
um investimento da ordem de quase cinco bilhões de dólares -
grande parte tomada no exterior - com pesadas conseq~ências

• ecológicas para a região, afora outras que não vêm ao


e xaminar neste trabalho, argumenta-se que face a esse
caso
custo
assim tão elevado, a entrega de 1,5 mil mw da energia a ser
gerada a 2 grupos transnacionais do alumlnio não corresponde
ã e xpectativa da Nação de investir a favor de uma estrategia
de desenvolvimento concebida com base no interesse nacional
e que preserve para o povo brasileiro as condições ambien
tais da Amazônia.
r incompatlvel com o desenvolvimento da re
gião, em termos de Projeto Nacional, o acesso fãcil e ate

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estimulado de grupos internacionais ã tecnologia que


sendo elaborada para explotação dos recursos florestais dos
reservatórios das grandes represas projetadas para a Amazô
nla, como ocorreu na execução do Projeto Tucurul.
A Agropecuária Capemi propôs, na licitação
que lhe foi deferida, socorrer-se de empresas nacionais e ln
ternacionais para, em processo de gerenciamento, executar a
explotação objeto da concorrência.
Efetivamente, a Capemi aSSlnou dois contratos
com o grupo francês da Maison Lazard Freres, um banco de ser
viço com sede em Paris. Ambos datam de 10 de novembro de
1980, sendo um de assistência tecnica e outro de comerciali
-
zaçao. Pelo primeiro a Maison Lazard & Cie. receberia 5%
dos resultados do projeto e, pelo segundo, tambem receberia
5%, alem de, aproximadamente, 33 dólares por metro cubico
vendido e de participação (40 %) sobre o excedente, quando o
preço da venda ultrapassasse o fixado. Com base nesse ulti
mo contrato, a Maison Lazard Freres criou uma empresa, com

• sede no Panamá, a Timber Corporation of Amazon, que


a exclusividade na comercialização da madeira.
detinha

A assistência tecnica prestada pelos france


ses lhes permitia participar da elaboração da diflcil tecno
logia de explotação de floresta tropical de condições esp~

ciallssimas, sem similar no mundo, como a da Amazônia, tecno


logia que, sabe-se, eles, na realidade não detinham, ao pa~

so que lhes abria as portas da Amazônia para os projetos que,


desde alguns tempos, desejavam realizar na região .
r verdade que a Maison Lazard Freres reti

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

rou-se do Projeto, certamente quando se convenceu de sua ab


soluta inviabilidade, face ao descalabro da gestão da Capemi.
Sustou, deste modo, todo um programa de aces
so ã cobiçada riqueza madeireira da Amazônia.
Observa-se que o General Messias Aragão, ta x~

tivamente, afirmou que tomara "conhecimento, por intermedio


do representante da Maison Lazard Fr~res, o Sr. Joseph Men
donça, que esses estudos vinham sendo feitos mesmo antes da
concorrência do IBDF, que a Maison Lazard Fr~res tinha o
- brasileiro".
malor interesse no carvao
Não quer dizer, portanto, que os franceses-
ou grupos de outras origens - tenham desistido de seus proJ~

tos, apenas porque a Capemi não foi bem sucedida.


De qualquer modo, nos demais empreendimentos
previstos na ãrea deve ser preservado o seu carãter naclo
nal, evitando qualquer tipo de concessão a grupos internaciQ
nalS que possa levar a uma futura internacionalização da Ama
zônia, por demais atentatõria aos interesses nacionais.

• 11 - SELEÇAO DA EMPRESA EXECUTORA DO PROJETO

1. PRIMEIRA CONCORRENCIA

Atraves da Portaria n9 039/80-P, datada de


14.01.80, o Presidente do IBDF, Carlos Neves Galluf, resol
veu autorizar a realização de Concorrência Pública para ex
plotação madeireira de lotes florestais na ãrea do reservatõ
rio da Usina Hidreletrica de Tucurul. Tambem seria contem
plado o aproveitamento de madeiras não comercializãveis para
a produção de carvão vegetal. O Edital 0001/80 fixou o obje

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to da Concorrência: corte, extração, transporte, estocagem,


beneficiamento e comercialização de madeiras existentes nos
lotes florestais, selecionadas mediante estudos promovidos
sob a coordenação da Diretoria de Industrialização e Comer
cialização do IBDF. Na referida Portaria o Presidente do
IBDF designa o Economista Roberto Ferreira do Amaral, Dire
tor de Industrialização e Comercialização, para presidir a
Comissão de Julgamento. O Edital ainda estipulava que todos
os servlços de suporte às operações florestais caberiam ao
futuro contratado. Tais serviços, entre outros, compree.!:!,
dem: demarcação de glebas (abertura de "picadas"), constru
ção de estradas, pontes, vias de acesso, facilidades portuã
rias, oficinas e demais instalações necessãrias.
.
Os interessados deveriam apresentar três ln -
vo
lucros lacrados e indevassãveis: O 19 conteria a Habilita
ção; o 29, Proposta Tecnica; e o 39, Proposta Financeira. O
prazo para entrega era ate 20 de março de 1980.
No referido Edital foi permitida a particip~

ção de Consórcios, compostos somente por duas pessoas juridi


caso
-
Cabia ao IBDF uma remuneraçao pela venda da
madeira contida nas ãreas selecionadas de explotação, pela
fiscalização e supervisão das atividades. Estabelecia,mais,
as seguintes exigências:
a) Caução: Cr$ 5.000.000,00
b) Ca p i tal So c i a 1 r e g i s t r a do: Cr $ 5 OO. 000. OOOJI)
c) Prova de capacidade tecnica, contendo re-
lação dos equipamentos, relação do quadro de pessoal tecnico

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do concorrente de nlvel gerencial e diretamente ligado ã exe


cução dos serviços objetivados, acompanhado dos respectivos
currlculos profissionais.
d) Proposta para a extração e o aproveitame~

to de madeiras comercializãveis.
e) Proposta para a produção de carvão vegetal.
Na Proposta Tecnica eram exigidos:
a) Dados tecnicos, tais como: relação das es
pecies, limites de diâmetro das ãrvores a serem retiradas, a
volumetria da madeira a ser obtida em cada hectare, o apr~

veitamento a ser dado ãs madeiras de acordo com especies e


diâmetro, volume anual total a ser alcançado, etc.
b) Descrição das tecnicas a serem utilizadas
na exploração florestal, nos transportes de curta e longa
distância e na armazenagem.
c) Plano de eliminação dos reslduos da expl~

tação da madeira.
d) Cronogramas.
e) Propostas para a produção de carvão veg~

tal contendo suas caracterlsticas, diâmetro das madeiras, vo


lume provãvel a ser obtido desta materia prima em cada hecta
- a ser produzido anualmente.
re e volume de carvao
f) Descrição dos procedimentos relativos -a
derrubada das ãrvores e de todo o metodo para a produção de
-
carvao.
Preços mlnimos:Lote A - 16.371 ha Cr$ 280.000.000,00
Lote B - 14.681 ha Cr$ 255.000.000,00
Lote C - 15.023 ha Cr$ 348.000.000,00

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Lote D - 12.469 ha Cr$ 267.000.000,00


Preço minimo (ORTNs) p/ 58.544 ha Cr$ 1.150.000.000,00
Constam tambem todos os dados referentes -as
condições da floresta, topografia, volume em toras por m3 e

demais dados tecnicos.


No tocante às clãusulas contratuais prescr~

vla: 1. o objeto era a explotação da madeira contida nos lo


tes florestais discriminados e que seriam inundados quando
da formação do reservatório; 2. a contratada deveria desi~

nar um Coordenador para os serviços, aprovado pelo I BDF; 3.


prazo final: data prevista para o enchimento do reservatorio;
4. o IBDF promoveria a divulgação das especies da madeira
amazônica nos mercados internacionais; 5. caberia ao IBDF
coordenar e gerenciar todos os procedimentos relativos -a co
mercialização dos produtos resultados da explotação, inclusi
ve a classificação da madeira; 6. a contratada deveria man
ter o IBDF informado; 7. utilizar serviços subcontratados
somente com a previa autorização do IBDF; 8. era inteiramen


te vedado à contratada transferir os direitos da explotação,
sem o consentimento previo do IBDF.
No prazo estipulado pelo Edital de Concorrên
Cla, foram recebidas pela Comissão de Licitação correspondê~

clas das seguintes empresas: SERVIX Engenharia S. A., Cons


trutora Norberto Odebrecht S. A., Construção e Comercio Ca
margo Corrêa S. A., Korea Development CO. LTD.
A Comissão achou que tais firmas ofereceram
correspondências que, basicamente, justificavam a não parti-
cipação na licitação, constatou a reafirmação do interesse
do setor empresarial privado no que tange à implementação do

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objeto da Concorrência e propôs a realização de nova Concor


- .
rencla.
A Portaria de n9 299/80-P, de 07-05-80, conSl
dera deserta a Licitação n9 001/80 e determina a realização
de nova Concorrência.

2. SEGUNDA CONCORRtNCIA

Pelo Edital n9 002/80, foi instaurada nova


Concorrência.
Caução, -
capital e preço das pastas e o mesmo
do Edital 001/80.
No tocante ao Consórcio, o 29 Edital não 1imi
tou em dois o numero de empresas.
Na Proposta Tecnica deste Edital "pede-se a
de s c r i ç ã o s um ã r i a das Te c n i c a s II •

Inclui parãgrafo prevendo sub-contratação de


empresas nacionais ou estrangeiras com "know-how", devendo
ser previamente aprovada pelo IBDF.

• Na Proposta Financeira foi inc1uldo ltem


prevla a confirmação, pelo IBDF e pela Contratada, das
que
esti
mativas constantes do inventãrio florestal que poderia modi
ficar os valores de remuneração do IBDF, caso ficasse comprQ
vado que a madeira efetivamente existente era inferior, em
volume e qualidade.
Faculta apresentar a Proposta Financeira alte
rada.
No Plano Para Explotação dos Recursos Flores

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

tais da ~rea do Reservatório da UHE de Tucurul. Ítem 7, no


quadro referente aos lotes florestais, foi acrescentada a co
luna "~reas das Delimitações Perifericas (ha)", contendo
103.410 ha. a mais que no edital anterior.
O quadro que mostra o Volume Total em toras
(m 3 ) por Gleba, apresenta um quantitativo menor do que no da
la.Concorrência, no total de 396.150 m3 .
No ltem 8 - clãusulas Contratuais - a 2a. Con
corrência acrescenta um ltem no qual permite que a c ontrata
da promova a comercialização e industrialização da madeira
extralda, sem quaisquer encargos ou restrições, inclusive
de contingenciamento, não podendo outrossim oferecer a madei
ra extralda em garantia de operações destinadas a cobrir os
custos dos seus servlços.
A esta Concorrência compareceu somente a
Agropecuãria Capemi Industria e Comercio Ltda. que aprese~

tou os invólucros . A Comissão recebeu tambem correspondê~

Cla de "Camargo Corrêa S. A."

• Na correspondência da Agropecuãria Capemi, da


tada de 20-06-80, endereçada ao Presidente da Comissão de
Julgamento, ela se baseia no fato de que o "Sistema Capemi 11

tem um patrimônio de 12 bilhões de cruzeiros e um Capital de


590 milhões de cruzeiros e que, atraves de sua coligada,AgrQ
pecuãria Capemi, se propõe a "gerenciar" o projeto. Encami
nha tambem demonstrativo do patrimônio do Sistema Capemi.
A Comissão de Licitação conclui pela aprov~

ção da documentação e decl ara 110 Si stema Capemi 11 com habi 1 i


taçãa para a Concorrência definida pelo Edital n9 002/80.

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Na Proposta T~cnica, composta unicamente de


três parãgrafos, o Sistema Capemi, atrav~s de sua coligada,
Agropecuãria Capemi, se propõe a seguir os parãmetros
mos fixados no Documento de Pr~-Viabilidade fornecido pelo
IBDF e frisa que no concernente ao Planejamento de Explot~

- em cada unidade territorial, ficaria a depender de


çao uma
ratificação dos objetivos a serem explorados, jã que segundo
"declarações publicas" do novo Presidente do IBDF, haveria
uma revisão de objetivos e prioridades no Plano de Explot~

ção da Area de Tucurul. Na verdade, não apresentou Propo~

ta T~cnica.
- o
Na Proposta Financeira, propoe pagamento,
em esp~cies de madeiras extraldas, segundo avaliação de pr~

ço do mercado, mantendo a correlação dos valores por gleba,


segundo o valor potencial por metro cubico.
~ abertura e anãlise da documentação contida
nos involucros T~cnico e Financeiro, compareceu o Gerente G~

ral da Agropecuãria Capemi, filiada ao Sistema Capemi, o Sr.

• Fernando Jose Pessoa dos Santos.


lisaram inicialmente a proposta
Os membros da Comissão ana
t~cnica, ficando caracteriza
do que o "Si stema Capemi 11 se propos a segul r os parãmetros
mlnimos fixados pelo Edital. A Comissão aprovou a Proposta
T~cnica, como consta da Ata.
Analisando a Proposta Financeira, ficou eVl
denciada a concordãncia da Licitante quanto ã eXigência con
tida no ltem 5, no que tange aos valores mlnimos fi xados,
"propondo entretanto que o pagamento fosse feito em madeira.
A Comissão consultou sobre a aceitação pela Licitante de al

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

teração da forma de pagamento, a ser feito em moeda corren


te, a criterio do IBDF, na forma do Edital, com o que concor
dou". Assim estã na Ata.
A Comissão deliberou pela aprovação das pr~

postas, recomendando ao Sr. Presidente a"adjudicação ao Sis


tema Capemi", atraves de sua filiada Agropecuãria Capemi, em
bora ela não tivesse apresentado as Propostas Tecnicas, bem
como outros itens, tal como pedia o Edital.
Pela Portaria n9 498/80-P, de 22-06-80, o Pre
sidente do IBDF, Mauro da Silva Reis, adjudica ao Sistema
Capemi, por intermedio de sua filiada, Agropecuãria Capemi,
as funções objeto da Concorrência de que trata o Edital n9
002/80.
No Contrato do IBDF e Agropecuãria Capemi,
- figura o Sistema Capemi e nem a empresa "holding". O Si2.
nao
tema Capemi não existia como "Grupo". Por isto, não figurou
no contrato.

• 3. FAVORECIMENTO ILEGAL DA CAPEMI

Como se observa, o Ministerio da Agricultura,


atraves do IBDF, terminou por adjudicar o serviço de explot~

ção de uma enorme ãrea florestal, a uma empresa inexperiente


no ramo e que, por isso mesmo, não apresentara proposta tec-
nlca, como exigia o edital de concorrência. Rompendo, deste
modo, todas as normas que informam esse tipo de concessão, a
Comissão de Licitação aceitou como boa uma mera referência ã
proposta tecnica, contendo 3 parãgrafos, em que se -
propoe,
tão somente, seguir os parâmetros mlnimos fixados em documen

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to do IBDF, sem nada especificar a respeito das


serem empregadas, as quais o Edital exigia que fossem descri
tas, sumariamente, e que deveriam vir acompanhadas de prova
de capacidade tecnica, contendo relação dos equipamentos, r~

lação do quadro de pessoal tecnico da concorrente, de nlvel


gerencial e diretamente ligado à execução dos serviços obje
tivados, com os respectivos curr;culos profissionais.
A decisão da Comissão de Licitação tambem não
deu nenhuma importância ao fato relevante de a prova da ca-
pacidade financeira da proponente ser claudicante, na medida
em que genericamente aludia e comprovava a boa situação das
finanças do chamado "Sistema Capemi ", quando, ao lado de
inexistir o "sistema", organizado, legalmente, como "Grupo"
para responsabilizar-se financeiramente pelo empreendimento,
existia o fato de que quem comparecia à concorrencia era a
Ag r o pe c ua r i a Ca pe mi e não o 11 Si s t ema II •

A Portaria do IBDF, talvez com o objetivo de


dar suporte financeiro à concorrente, de modo a justificar a
outorga dos serviços, adjudicou-os ao "Sistema". O contrato
porem foi firmado, como não podia deixar de ser, com a AgrQ
pecuaria, cujo capital foi, às pressas, aumentado, mediante
o uso de uma promessa de compra do controle acionario da em
presa Fazendas Reunidas, de propriedade do Deputado Carlos
Alberto delCarli.
Tudo lSSO nos leva a crer que havia uma vonta
de deliberada, embora oculta, de favorecer a empresa que, fi
nalmente, veio a ser a vencedora.
Inumeros fatos ocorridos robustecem essa sUPQ

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

. -
Slçao.
Hã serios vestlgios de ter havido quebra do
sigilo da Concorrência. Como explicar o fato tão estranho
de 14 empresas se mostrarem interessadas na licitação, ao
ponto de comprarem as pastas respectivas (Cr$ 50.000,00),não
tendo, todavia, nenhuma delas apresentado proposta formal?
E a promessa de Carlos Neves Galluf aos madeireiros do Parã,
na vespera de sua demissão da Presidência do IBDF, de que d~

ria preferência a um consórcio de empresas madeireiras para


explotação da floresta? E a demissão de Galluf, depois de
. -
haver anulado a primeira concorrencia e de adotar a pOSlçao
de não outorgar o Projeto ã Servix Engenharia, por achã-la
sem condições de executã-lo e, depois, ainda, de alterar o
Edital para que a segunda licitação permitisse a organização
de consórcio de mais de duas empresas?
Os fatos que sucitam estas duvidas estão to
dos eles devidamente comprovados pelos depoimentos prestados
ã CPI, os quais fazem parte integrante deste Relatório .

• 111 - O ESTADO COMO CRGAO FISCALIZADOR

r da essência da execução de qualquer projeto


governamental o seu acompanhamento por órgão competente, em
todas as suas fases, para anãlise das etapas cumpridas e e~n

tuais correções que se vão fazendo necessãrias. Quando a


execução do projeto e entregue a terceiros estranhos ã mãqul
na do Estado, cresce a responsabilidade governamental do
acompanhamento, a fim de resguardar o interesse publico, nem
sempre nas prioridades dos executores.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

o Presidente da ELETRONORTE, Sr. Douglas


za Luz, ressaltou muito bem esse aspecto da questão, quanto
ã explotação da madeira do reservatório da Hidrelétrica de
Tucurul. Salientou que o desenvolvimento das atividades de
explotação pelas empresas vencedoras no processo de licita
ção, exige supervisão, orientação e acompanhamento permane~

te desta atividade por parte do poder publico, a fim de eVl


tar que o objetivo lucrativo dos empresãrios se superponha ~

superior objetivo do Governo, no que concerne aos aspectos


ecológicos e sócio-econômicos, de interesse nacional, envol
vidos no processo.
Teria o Governo, através do órgão competente,
que, no caso, era o Ministério da Agricultura e, malS espec~

ficamente a Coordenadoria do Projeto Tucurul, criada esp~

cialmente, exercido adequado acompanhamento fiscalizatório,


como lhe competia? Esta é a questão.
Ora, são inumeras as evidências da omissão da
Coordenadoria no exerclcio de suas funções fiscalizadoras e

• - do projeto.
de acompanhamento da execuçao O descumprimento,
por parte da Capemi, de suas obrigações contratuais, como
ocorreu, impunha ã Coordenadoria, desde os primeiros meses
de vigência do contrato, adotar uma posição de firmeza, eXl
gindo observância das clãusulas do contrato, rigorosamente.
Entretanto, a Coordenadoria omitiu-se, culposa ou dolosamen
te .
Roberto Amaral acumulava as funções de Coorde
nador com as de Diretor de Comercialização do IBDF, o que só
por si jã lhe dificultava o bom acompanhamento do projeto.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

Fez muita vista grossa quando, em 29-08-80, três dias depois


da assinatura do contrato da Agropecuãria Capemi com o IBDF
(26-08-80) o Sr. Antônio Abissâmara, atraves da AMA, Comuni
cação, Participação Ltda., empresa que organizara, asslnou
com Fernando Pessoa, pela Capemi, um contrato duvidoso de
prestação de serviços de assessoria àquela empresa, que pa~

sou a render-lhe, desde logo, duzentos salãrios mlnimos men


salS. Do mesmo modo, Roberto Amaral não tomou nenhuma provi
dência quando Antônio Abissâmara e Fernando Pessoa montaram
dois outros contratos, de relações publicas, divulgação e p~

blicidade, altamente lesivos à Capemi e que a envolviam com


duas outras empresas de Abissâmara, organizadas especialme~

te, a FAN-Consultoria e Empreendimentos Internacionais e a


A.A. Editores Associados Ltda.
O Sr. Roberto Amaral adotou posição injustifi
cãvel, igualmente, no que toca ao contrato celebrado com a
Servix Engenharia S. A. Não somente homologou aquele contr~

to, apesar das clãusulas prejudiciais que contem, como, tam

• bem tudo fez para favorecer aquela empresa, tornando-se


virtual mantenedor em Tucurul. Acresce notar que todos
seu
os
demais contratos lesivos à Agropecuãria Capemi e que a leva
ram à impossibilidade prãtica de viabilizar o Projeto de Ex
plotação da Madeira de Tucurul, foram homologados pelo Sr.
Roberto Amaral, como o da Metalqulmica e tantos outros.
Embora se tornasse evidente que o barco afun
dava, o Coordenador do projeto, ã testa da Coordenadoria que
se instalara no Gabinete do Ministro da Agricultura, nada f~

para impedir que a situação se agravasse. Limitava-se a for

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

mular timidas reclamações ã Capem; e a consumir, com sua


equipe, a verba que fora transferida do IBDF para o Gabinete
do Sr. Ministro da Agricultura, cujo saldo do exercicio de
1980, era, no mês de setembro daquele ano, de Cr$
51 .98 8 .400,00 (cinq~enta e um milhões, novecentos e oitenta
e oito mil e quatrocentos cruzeiros).
Hã duvida se, quando o Ministério da Agricul
tura rescindiu o contrato Capemi X IBDF, a rescisão, naquele
momento, fora acertada.
A Capemi, através de seu Presidente, General
Ademar Messias Aragão, aponta fatos que, no minimo, mostram
irresponsabilidade no trato das coisas daquele Ministério.
Diz o General Aragão:
lia) - Em 9 de fevereiro de 1983, por solicit~

- do Sr. Ministro da Agricultura, compareceu ao seu


çao gabin~

te o Presidente da CAPEMI, ao qual foi proposta uma compos2-


ção, que foi aceita, objetivando a organização de um -
consor
C10 com apOlO governamental, do qual participaria a Agrop~

• cuãria, com a finalidade de continuar a execução do


Tucurui e ressarci-la do que investiu.
Projeto

- .
b) - Para tanto, na ocasião, foi necessarlO
que o Presidente da CAPEMI assinasse um documento em que no
vas garantias eram dadas ao BNCC, como a caução das ações da
"Holding" na Capemi Seguradora e a fiança da Capemi Distri
buidora.
c) - A Agropecuãria ficou, então, encarregada
de contactar os interessados no consórcio, o que fez sob a
orientação e de acordo com as diretrizes do próprio Sr. Mi

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

nistro da Agricultura, que deslocou para o Rio de Janeiro um


seu assessor, com a finalidade de acompanhar as negociações.
d) - Uma firma grega, Brasagua Internacional
Ltda., havia-se comprometido, segundo carta de 25 de feverei
ro de 1983, a adquirir toda a madeira de Tucurui, o que g~

rantia os recursos necessãrios ã execução do projeto. Consi


derando a importância do assunto, a Agropecuãria encaminhou
imediatamente ao Ministerio da Agricultura os seus dirige~

tes, que tinham vindo ao Brasil por solicitação da mesma Agro


- .
pecuana.
e) - Marcada para as 11 horas do dia 2 de mar
ço de 1983, com o Coordenador do Projeto Tucurui no Ministe
rio da Agricultura, reunião em Brasilia, a fim de serem apr~

sentados os resultados dos trabalhos efetuados e as soluções


encontradas para a organização do consórcio, ocorreu a sur
presa da rescisão unilateral do contrato, na noite do dia an
terior (19 de março de 1983), deixando atônitos todos os que
tinham conhecimento da reunião aprazada e dos entendimentos

• realizados ll

Adianta, ainda, o General Aragão, que naquela


data estava em condições de cumprir o contrato, face a prov~

dências tomadas, que enumera:


lia) - A Agropecuãria, com algumas -
operaçoes
de credito interno, montou um esquema segundo o qual consti
tuiria um estoque e realizaria a venda da madeira, pois, com
provadas sua existência real e a possibilidade de pronta en
trega, passaria a empresa, em conseqüência, a ter melOS fi
nanceiros para continuar a execução do contrato relativo ao

GER 20 .01 .0050.5


CAMARA DOS DEPUTADOS

Projeto Tucurul, visto que a paralisação dos trabalhos con


figuraria o seu inadimplemento.
b) - Assim sendo, a Agropecuária em março de
1983 tinha:
(1) Conseguido cortar, transportar e/ou esto
car cerca de 232.000 m3 de madeira (221.000 m3 em toras e
11.000 m3 em madeira serrada) como tem sido noticiado. A ma
deira disponlvel, mencionada no pedido de Vistoria ad Perpe-
tuam de 18 de março de 1983, estava estimada no valor de
Cr$ 4.787.290.000,00, o que consta da referida petição.
(2) Organizado os pátios de estocagem e con
tratado a CIBRAZEM para armazenar grande parte da madeira,
sobre a qual a mesma emitiu "warrants".
(3) Vendido, segundo contratos existentes, no
mercado interno, mais de 7,7 bilhões de cruzeiros de madei
ra.
(4) Vendido, no mercado externo, conforme com
provantes, quase 2 milhões de dólares, de madeira, aos lra

• nianos e aos chineses, sendo que estes já haviam, tambem,ins


pecionado e aprovado a madeira para o embarque.
c) - A mesma empresa, ainda:
(1) Estava contratando com os chineses de
Taiwan e da China Continental, que vieram ao Brasil malS de
uma vez, a venda de cerca de US$ 48,900,000.00 de madeira,
dos quais US$ 11,400,000.00 com os chineses de Taiwan ( Kuo
Feng Corporation) correspondentes a 120.000 m3 e US$
37,500,000.00 com os da China Continental (China National Na
tive Produce & Animal 84-Products Export Corporation), rela

GER 20.01.0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

tivos a 500.000 m3 de madeira.


(2) Estava contratando naVlO para a entrega
da madeira aos chineses de Taiwan.
(3) Jã havia iniciado a entrega da madeira
vendida no mercado interno.
(4) Dispunha dos seguintes tltulos, que se
tornaram, em decorrência do ato ministerial, inegociãveis:
(a) "Warrants" - Cr$ 422.420.028,00 (emitidos
pela CIBRAZEM)
(b) Duplicatas - Cr$ 414.133.773,66
(c) Carta de credito - US$ 950,000.00 (da Kuo
Feng Corporation)
(d) Faturas pro-forma - US$ 1,018,500.00 (de
3 empresas do Governo iraniano)
(5) Tinha negociações, objetivando emprestl
mos de 30 milhões de dólares com o BANESPA, de 10 milhões de
dólares com o Banco do Nordeste (aprovado) e de US$ 5 ml
lhões com o Banco de Credito Real de Minas Gerais, dando co

• mo garantia, normalmente, madeira


to retirou.
que a rescisão do contra

d) - A Agropecuãria havia encontrado, porta~

to, com o seu próprio esforço, o caminho para o cumprimento


do contrato e ate mesmo tinha conseguido quase duplicar a
produção de madeira, alem de ter constituldo o estoque plan~

jado (232.000 m3 ).
e) - O Ministerio da Agricultura, comprovad~

mente, era conhecedor de todas as principais providências aCl


ma enumeradas e da situação que a Agropecuãria obtivera".

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

A Comissão Parlamentar de Inquerito não teve


condições de submeter ã prova as alegações do General Mes
sias Aragão, aqul e xpressas. - sao
De qualquer modo, nao - rele
vantes para o objeto a que nos propomos . O que importa -e
que fique suficientemente provada ou não a omissão dos res
ponsãveis diretos, do lado do Governo, pelo acompanhamento e
fiscalização do Projeto, que não são outros senão o Coordena
dor ROBERTO FERREIRA DO AMARAL e o Ministro da Agricultura
de então, ÂNGELO AMAURY ST~BILE. Este ultimo, na condiç ã o
de responsãvel por todos os negócios do Ministerio, tomo u
conhecimento, como ele próprio afirm o u, do "mau gerenciamen-
to" da Capemi em Tucurui, atraves de um documento do SNI, em
que se sugerla que o Governo Federal procedesse uma interve~

ção na e xecução do empreendimento. Isto em 25-01-82. Po r


omissão ou incompetência, nada de proveitoso foi realizado a
respeito, nem pelo Ministro nem pelo Coordenador e assim, de
fracasso em fracasso, chegou-se ao mês de outubro de 1982,
quando, no dia 13, o próprio SNI "opinou pela necessidade da

• completa pa r alisação do projeto, como unica solução racional


do ponto de vista econômico". Mesmo aSSlm, embora conhe cen
do o mau gerenciamento da Capemi, no minimo, em 25-01- 8 2 e
tendo tomado conhecimento dos conselhos do SNI para paralis ~

ção completa do projeto em 13-10- 8 2, pois somente a 19 de


março de 19 8 3 ê que o Sr. Amaury Stãbile decidiu rescindir o
contrato que o IBDF mantinha com a Capemi .

RESPONSABILIDADE DO GOVERNO EM SEU CONJUNTO

Não só houve desidia do órg ã o governamen t al

GE R 20.01 .0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

encarregado da supervisão e acompanhamento do Projeto, como


-
existe a responsabilidade conjunta do Governo, por nao ter
tomado nenhuma providência de redirecionamento do Projeto,
apesar das evidências do fracasso da Capemi. Ninguem conte~

ta que a rescisão ocorreu tardiamente, apõs denuncia dos es


cândalos na imprensa.
O desempenho operacional dos õrgãos publicos
diretamente responsãveis pelo Projeto, notadamente o Ministe
rio da Agricultura, Ministerio das Minas e Energia, SNI,IBDF,
BNCC, Ministerio do Interior e FUNAI não foi satisfatõrio.Es
tes õrgãos não souberam como, não puderam ou não qUlseram,
evitar o seu fracasso.
Conceberam um projeto ciclõpico, ponto de pa!
tida para outros de iguais dimensões ou malores, capaz de
socorrer o Governo com ingressos da ordem de US$
1,150,000,000.00 e não tiveram competencia para executã-lo.
A CPI não foi constitulda para examinar o pl~

nejamento governamental do Projeto Tucurul, mas para invest~

• gar em toda a sua plenitude e


Grupo Capemi, na sua execução.
conseq~encias

Al, ressalta a
as atividades do
responsabil~

dade do Governo em seu todo, pela inexecução do Projeto na


medida em que fica muito clara a incompetência gerencial do
conjunto governamental para promover um programa desse Po!
te, do qual participam diversos õrgãos publicos, sem coorde-
nação entre eles.
Particularmente, os õrgãos publicos que part~

ciparam, operacionalmente, do projeto tiveram o seguinte de


sempenho:

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CAMARA DOS DEPUTADOS

a)Minist~rio da Agricultura - Avocou a Sl a


execução. Atrav~s do IBDF promoveu duas licitações. Foi o
responsavel, com o IBDF, pela decisão que adjudicou a exe
cução ã Capemi. Criou a Coordenadoria do Projeto Tucurui
junto ao Gabinete do Sr. Ministro. Atrav~s da Coordenadoria,
não deu acompanhamento adequado ã execução do Projeto. Dei
xou de redireciona-lo, quando ainda era possivel, para somen
te rescindi-lo tardiamente, depois do grande fracasso e dos
prejuizos ã Nação e a terceiros. Atrav~s do BNCC, que lhe
esta subordinado, concedeu fiança ã Capemi junto ao Banque
Nationale de Paris, pagando-a, em fins de 1983, num total
aproximado de US$ 30,000,000.00.

b) Minist~rio das Minas e Energia - Entra ap~

nas como prestatario dos serviços, uma vez que tem um crono
grama de enchimento do reservatório, dependente da explor~

ção florestal. r responsavel pelos efeitos danosos ao melO


ambiente que, eventualmente, deverão ocorrer. Atrav~s da
ELETRONORTE, não esclareceu convenientemente as conseqt.lê!!.
cias do enchimento do reservatório.

c) Minist~rio do Interior e a FUNAI - Apar~

cem no estranho acordo pelo qual passam as areas das reser


vas indigenas de Pucurui e Parakanã, sob sua responsabilid~

de, ao Minist~rio da Agricultura, para posterior adjudicação


ã Capemi. As areas indigenas foram cedidas mediante compe!!.
sação em dinheiro, sem concorrência.

d) O BNCC e o Banco Central - são os responsa


veis diretos pela fiança concedida ã Capemi.

GER 20.01.0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

e) Serviço Nacional de Informações (SNI) - E~

te órgão, diretamente ligado ã Presidência da Republica, ap~

rece como o grande gestor do Projeto. são inumeras as eVl


dências de sua participação ao longo de todo o processo de
execução, ora colhendo informações, sugerindo medidas, op~

nando ou presidindo e coordenando reuniões de órgãos pUbll


cos, fazendo prevalecer, muitas vezes, sua opinião, como a
que foi expressa, em 13-10-82, II pe l a necessidade da completa
paralisação do Projeto, como unica solução racional do ponto
de vista econômico ll

As evidências de que se fala são as seguintes:


Do depoimento do Sr. ex-Ministro Amaury Stã-
b i 1e

1. Em 23-10-81, a Coordenadoria de Tucurui re


mete o oficio 2285/81 endereçado ã Divisão de Segurança In
terna do Ministerio da Agricultura (OSI), órgão ligado dire
tamente ao SNI, respondendo indagação que lhe fora feita so
bre o andamento dos trabalhos de Tucurul.
.-
2. Em 07-12-81, e realizada uma reunlao, em
Tucurui, promovida pelo SNI e sob a Presidência do Coronel
Licio Pereira, daquele Serviço, para fazer uma avaliação do
projeto, ã qual compareceram representantes do próprio SNI,
da ELETRONORTE, da CAPEMI, da Coordenadoria do Projeto, da
Servix Engenharia e da Maison Lazard Freres.
3. Em 20-01-81, o Ministerio da Agricultura
endereçou ao SNI um relatório global do Projeto, fazendo um
relato completo sobre o andamento dos trabalhos de extração
da madeira e indicando algumas alternativas para a dificil

GER 20.01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

- dos atrasos.
recuperaçao
4. Em 25-01-82, foi elaborada pelo SNI a apr~

ciação 005/82 em que se afirma:


"Face ã constatação ln loco do mau gerenci~

mento da explotação, confirmando as informações da Coordena


doria, o SNI nesta apreciação sugere a intervenção do Gover
no Federal, dando como forma de intervenção no processo a
subcontratação total ou parcial do projeto".
5. Em 17-08-82, houve um Informe do SNI. Nes
ta data, o õrgão informa o levantamento das dlvidas Vlncen
das em 31-08-82 e comunica as gestões do Ministerio da Agri
cultura no sentido de que a Agropecuãria Capemi fosse desmem
brada do Grupo Capemi e incorporada·, com todo o seu patrimô
nio, a outra empresa em melhor situação financeira.
6. Em 19-08-82, o General Aragão endereçou a
carta 669/82 ao Sr. Presidente da Republica, expondo as suas
dificuldades e solicitando recursos adiconais para o Projeto
Tucurul. O Presidente encaminhou o assunto ao Ministerio da
Agricultura e ao SNI, que responderam apontando a impossibl
lidade de atendimento do pleito. face aos problemas que o
projeto apresentara ã epoca.
7. Em 13-10-82, e feita uma ultima apreciação
do SNI, em que diz que, em decorrência da anãlise do relatõ
rio apresentado pela Construtora Andrade Gutierrez, da fisc~

lização executada pela SUSEP no Grupo Capemi e do nlvel to


tal de endividamento desse Grupo, opinou pela necessidade da
completa paralisação do projeto, como unica solução racional
do ponto de vista econômico .

GER 20 .01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

8. Em 20-10-82, o SNI compareceu a uma reu


nião dita Ministerial informal, juntamente com o Ministerio
da Agricultura, Ministerio da Fazenda, Secretaria de Planeja
mento e representantes do Conselho de Segurança Nacional, p~

ra avaliar as conseq~ências de uma possivel paralisação do


projeto.
Do depoimento do Coronel Luiz Helvecio da Sil-
velra Leite consta:
9. IIS e i, contudo, que a empresa muito se va
leu do Serviço Nacional de Informações para agilizar, junto
às repartições federais aqui sediadas, a liberação dessas li
cenças de importação de material ... II .
10. As folhas 51, 52 a 57 narra que foi
do pelo Exercito e diz, às folhas 54:
IIHouve um expediente do Sr. General Newton A
raujo de Oliveira e Cruz ao Chefe do Serviço Nacional de In
formações relatando a essa autoridade que eu havia feito co
mentarios desairosos à sua pessoa. O Chefe do Serviço Naci~

• nal de Informações, por sua vez, enviou aviso a S . Exa.


Sr. Ministro do Exercito pedindo a minha punição, por ter
o

transgredido a disciplina militar ll


Mais adiante o depoente acentua (folhas 55):


11 • • • fui surpreendido com interrogatórios duas
vezes na Policia Federal. E, depois, fui intimado pelo E
xercito. Ai me colocaram a par de tudo. Mostraram-me toda
a documentação que tinha dado origem àquele meu chamamento
ao Quartel General da la. Região Militar, no Rio. Eu,então,
prestei um depoimento explicativo e, com surpresa, recebi um

GER 20 .01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

chamado para comparecer lã, ao Quartel General, e me foi en


tregue uma nota, um boletim, atribuindo-se um corretivo dis
ciplinar por ter feito comentãrios desairosos a altos chefes
militares etc. e que deram origem - al e que não concordo e
não concordarei e um dia hei de conseguir a retificação des
sa injustiça, sem duvida, desse despauterio que fizeram comi
go. Porque diz a nota que os meus comentãrios desairoros de
ram origem a uma serie de reportagens no jornal "0 Estado de
S. Paulo ll
, sob o tltulo lias escândalos da CAPEMI", quando na
realidade 110 Estado de S. Paulo ll
publicou isto bem antes de
eu ter feito 1I0S tais comentãrios desairosos".
Do depoimento do General Adernar Messias Ara-
-
gao
Estão presentes diversas referências aos ln
formes, às comunicações que fazia ao SNI sobre problemas li
gados ao Projeto Tucurul.
Todas essas evidências, exaustivamente enume
radas, reveladoras da participação do SNI como órgão publico

• nao só de informação e de anãlise mas, tambem, coordenador e


supervisor do projeto, devem ser examinadas, com a necessa-
ria audiência previa daquele serviço, à luz da lei que o ln~

tituiu e,por igual, definiu suas atribuições e circunscre


veu a esfera de sua competência.
Todavia, fora do campo de apreciação dos fa
tos sob tal enfoque, hã, na especie, indlcios e circunstân
clas que levam a presumir possa ter a Agência Central do
SNI, sob a chefia do General Newton Araujo de Oliveira e
Cruz se envolvido, direta ou indiretamente, em negócios es
cusos, irregulares ou fraudulentos, ligados -a execuçao
- do

GER 20 .01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

Projeto.
Quatro pessoas com laços de parentesco com o
General Newton Cruz estiveram presentes em Tucurul:
a. Antônio Mourão Abissâmara - é casado com
uma prima, em segundo grau, do General. Era funcionário do
IBDF ao tempo da administração do Sr. Carlos Neves Galluf,
prestando serviço no Gabinete do Presidente, na qualidade de
assessor de comunicações. Tomou conhecimento do Projeto lo
.... .
go no seu inlcio e se confessa seu divulgador, no exerC1ClO
de suas funções no IBDF. Nessa qualidade, viajou a - Europa,
por conta do Instituto e compareceu à Feira de Hanover, Jun
t a me n t e c omoS rs. Ga 1 1 uf, Ro be r t o Ama r a 1 e, d e p a r te da
Capemi, Fernando Pessoa e General Messias Aragão. De volta
ao Brasil, aguarda seja adjudicada a concorrência à Capemi,
deixa o IBDF (13-07-80), organiza às pressas, uma empresa e,
três dias depois da assinatura do contrato da Capemi com o
IBDF, em que aquela empresa assume a responsabilidade de con
duzir o Projeto, ele proprio, através da nova empresa, AMA -

• Comunicação e Participações Ltda., faz o seu contrato com


Agropecuária, por meio do qual passa, desde logo, a perceber
a

200 salários mlnimos mensais, livres das despesas com pe~

soal que vier a contratar.


Em seguida, organiza nova empresa a FAN - Con
sultoria e Empreendimentos Florestais e faz outro contrato
com a Agropecuária Capemi (janeiro/81), este no valor de
Cr$ 600.000.000,00, para divulgar no pals e no exterior as
espécies florestais comercializáveis.
O IBDF, por cláusula expressa do contrato que

GE R 20.01.0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

estabelecera com a Capemi, havia assumido a obrigação de fa


zer essa divulgação. Ficara acertado, ainda, que na eventu~

lidade de o IBDF não a fazer, a Capemi deveria realiza-la às


suas expensas, ressarcindo-se, posteriormente, das despesas
efetuadas.
- teve a
Observa-se que a Capemi nao tranq~il~

dade de aguardar a ação do IBDF para o cumprimento da obrig~

ção de divulgar as espécies madeireiras. Preferiu contratar


aquele serviço, desde logo, com a empresa recentemente org~

nizada por Abissâmara, sem cadastro e sem experiência, medi


ante o pagamento de soma tão avultada, isso apesar das difi
culdades financeiras notõrias que lhe embaraçavam os passos.
Mas não param ai os beneficios concedidos pelo diretor sup~

rintendente da Agropecuaria, Fernando Pessoa, ao seu comp~

nheiro dos périplos europeus, Antônio Abissâmara. Ja em fe


vereiro de 1981, mais uma empresa que organiza, a A. A. Edi
tores Associados Ltda., e que adquirira de Alexandre Von
Baumgarten a revista "0 Cruzeiro", faz o terceiro contrato

• com a Agropecuaria, agora para publicidade na revista, em um


montante de Cr$ 49 . 000.000,00. Os três contratos assinados
por Abissâmara atingem, finalmente, o teto de cerca de três
milhões de dõlares, ao câmbio da época. O antigo funciona
rio do IBDF - um homem pobre, como disse - tornara-se, as
Slm, por um golpe de magica, o empresario bem sucedido, o rl
co e poderoso par e nte do General Chefe da Agência Central do
SN L
-
b. Isaac Benzussan - e outro parente do Gene
ral Newton de Oliveira e Cruz. Foi contratado pelo mesmo

GER 20 .01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

Sr. Fernando Pessoa para ser o seu substituto na


dência da Agropecuãria Capemi. Tambêm e casado com uma pr~

ma em segundo grau do general, irmã da esposa de Abissâmara.


Foi surpreendido pelo Presidente Messias Aragão e, conseqUe~

temente, demitido, quando embolsava cerca de Cr$


70.000.000,00, proveniente de superfaturamento na compra de
setenta caminhões Dodge que adquirira em Olinda, Pernambuco,
e não em Belem (muito mais próximo de Tucurul) a um preço de
Cr$ 1.000.000,00 por unidade acima do preço de tabela, ofere
cido ao publico pelo concessionãrio da marca, no Estado do
Pa rã .
c. Fernando Mãrio de Oliveira e Cruz - Este,
primo-irmão do General. Foi contratado por Fernando Pessoa
por indicação de Abissâmara, de quem e sogro. Era advogado
da Agropecuãria Capemi e, ao mesmo tempo, advogado das empr~

sas que com ela contrataram, de propriedade do seu genro


Abissâmara, sendo advogado, ainda e ao mesmo temp04 do Sr.
Fernando Pessoa, a quem cedeu as dependências do seu escritõ

• rio de advocacia para figurar como sede de uma empresa


tasma, organizada por Pessoa para acobertar a compra de
fan
um
valioso imõvel situado na Ilha de Itamaracã, no Estado de
Pernambuco.
d. Nylson Araujo de Oliveira e Cruz - r irmão
do General e homem da direção da Servix Engenharia. Esta em
presa mantinha um contrato com a Agropecuãria Capemi, com
caracteristicas leoninas. Quando iniciou os trabalhos em
Tucurui, teve ã sua disposição no Banco Econômico a quantia
equivalente a três milhões de dólares, graças ã garantia

GER 20 .01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

prestada pela Capemi.


Pelo contrato (02-07-81) a Servix, na
ca, substitulra a Capemi no Projeto, eis que esta lhe trans
feria lia execução, pelo regime de administração, das obras
e serviços necessãrios ã retirada e explotação de madeira da
ãrea de inundação da Usina Hidreletrica de Tucurul, incluin
do a gestão, especificação e a administração de suprimentos
e compras".
o contrato foi rescindido em 22 de julho de
1982. A Capemi, na oportunidade, assumiu o compromlSSO de
pagar -a Servix a quantia de Cr$ 1.100.000.000,00, objetivan
do, com isto, ironicamente, como estã dito na parte preamb~

lar do Contrato, "importante passo para o progresso de nossa


pãtria, frente a qual deve cessar qualquer interesse parti
cular". Uma pitada de "salvação da pãtria" sempre esteve pr~

sente nos negócios da epoca.


Constou das parcelas recebidas pela Servix a
quantia de Cr$ 799.622 . 890.00, configurada por oito no ta s
promissórias assinadas pela Agropecuãria, com o aval da
"Holding", todas e cada uma no valor de Cr$ 99.952. 86l,25,as
quais foram descontadas no Banco do Brasil, por estranha in
fluência, quando a Servix jã se encontrava em regime de con
cordata e a Agropecuãria jã tinha titulos protestados e pedi
dos de falência tramitando nas Varas competentes.
Atento ã investigação dos fatos apontados -
entre os quais sobrelevam os que envolvem os parentes do Ge
neral Cruz - para a busca de sua completa elucidação e do
maior interesse desta Comissão Parlamentar de Inquerito ou

GER 20 .01.0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

vlr O Serviço Nacional de Informação (SNI). Com este


vo, foi aprovada a convocação do General Newton Araujo de
Oliveira e Cruz. Sua Excelência respondeu a convocatõria ~e

lhe fora dirigida em termos desrespeitosos -a CPI, -a Câmara


dos Deputados e ao prõprio Congresso Nacional.
Não tendo porem esta Comissão Parlamentar de
Inquerito aceitado os termos pelos quais o General conside
ra-se isento do dever de depor, decidiu reconvoca-lo, agora
atraves de oficio dirigido ao Sr. Ministro do Exercito, seu
superlor hierarquico.
Todavia, encontra-se a CPI frente a um fato
insuperavel, mas que não se pode deixar de enfrenta-lo, no
cumprimento de dever indeclinavel. Termina hoje o seu prazo
de vigência, sem possibilidade de nova prorrogação. Enquanto
isso, o oficio dirigido pelo nobre Deputado Presidente, Leo
Simões, ao General Valter Pires, Ministro do Exercito não me
receu resposta, ate este momento. r de se concluir, porta~

to, que a CPI encerra os seus trabalhos sem ter a oportunl


dade de esclarecer fatos relevantes de interesse da Nação e
que dizem muito de perto sobre o funcionamento de suas lns-
tituições.
Estamos firmemente convencidos de que as duvi
das que acreditamos devam persistir no espirito dos ilustres
membros desta Comissão poderiam ser facilmente dirimidas se
tivessemos tido a oportunidade de tomar o depoimento que nos
foi sonegado. Eis as duvidas que ficam pairando no ar, sem
que possamos dar ã Nação Brasileira as respostas adequadas e
convenientes:

GER 20 .01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

1) - face às evidências ja enumeradas, o Ser


V1ÇO Nacional de Informações (SNI) esteve envolvido na exe
cução do Projeto Tucurul, de modo a caracterizar um perlgoso
desvio de suas funções legalmente definidas?
2) - Tambem face às evidências igualmente men
cionadas, o Serviço Nacional de Informações (SNI) apenas cum
priu o seu dever legal de coletar informações e analisa-las
em proveito das decisões da Presidência da Republica, não se
envolvendo diretamente na coordenação e supervisão do Proje
to Tucurul, e, nesta hipótese, um grupo de pessoas inescrup~

losas do qual faziam parte quatro parentes do General Newton


Araujo de Oliveira e Cruz, usaram e abusaram do nome do Ser
viço e, de modo particular, do nome desse General, na -e poca
chefe da Agência Central, para obterem para si vantagem inde
vida?
Somente o SNI e, muito particularmente, o Ge
neral Newton Cruz, podera dar a resposta cabal a estas inda
gações. Mais a eles, imaginamos, do que a nós, membros des

• ta CPI ou a qualquer outra pessoa ou órgão publico,


sa neste instante esclarecer estes fatos.
interes

Somos de opinião que, no interesse da Nação


e do próprio SNI, a Câmara dos Deputados não deve crlar ne
nhuma dificuldade ao Sr. General Newton Araujo de Oliveira e
Cruz ou a qualquer outra pessoa credenciada pelo Serviço,
se desejar, durante o prazo de tramitação das conclusões da
CPI, vir a esta Casa prestar depoimento capaz de dirimir as
duvidas apontadas que, acreditamos, são as da própria Nação.

GER 20 .01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

Banco do Brasil - este Banco oficial so - apar~

ce ao fim de todo o processo de descaminhos da execução do


Projeto Tucurul. Sua participação, embora tardia, reveste-
se de todas as caracterlsticas proprias de um escândalo sur
preendente, que por Sl so estabelece uma nova cadeia de fa
tos, que somente agora chegam ao conhecimento desta Comissão
Parlamentar de Inquerito.
Os fatos ocorreram, resumidamente, do segui~

te modo:
O contrato que havia entre a AQropecuãria
Capemi e a Servix Engenharia foi rescindido em 22 de julho
de 1982. Em conseqtlência, a Capemi assumlU o compromisso de
pagar ã Servix a importância de Cr$ 1.100.000.000,00 a
lo de indenizações. Como parte do pagamento desta importâ~

Cla a Capemi entregou ã Servix oito notas promissórias no va


lor, cada uma, de Cr$ 99.952.861,25 e todas somando a eleva
da quantia de Cr$ 799.622.890,00. Estes tltulos teriam ven
cimentos sucessivos, de três em três meses, vencendo o pri

• meiro deles em 8 de janeiro de 1983 e o ultimo em 8 de


bro de 1984. Vencia correção monetãria a partir de
outu
setem
bro de 1982.
Pois, por mais estranho que pareça, esses tl
tulos, todos eles, foram descontados pelo Banco do Brasil ,em
São Paulo, um deles, o de numero "2", em 26-10-82, e os de
mais, em 05-01-83, quando a Servix jã se encontrava em regi
me de Concordata Preventiva, que fora decretada em 20-09-82,
no processo n9 1542/82, da 3a. Vara Clvel da Comarca de são
Paulo. O Comissãrio da Concordata, nomeado na oportunidade,

GER 20 .01 .0050.5


CÂMARA DOS DEPUTADOS

para pasmo de todos os que nos ouvem, foi o prõprio Banco


do Brasil.
Na data do desconto, a empresa devedora, Agr~

pecuãria Capemi jã tinha titulos protestados e jã corria nos


Cartõrios judiciais requerimento em que se pedia sua falên
cla.
- estava, deste modo,
O Banco do Brasil nao au
torizado a fazer a operação de desconto de titulos cUJa em
presa favorecida vivia o regime de Concordata Preventiva e
a empresa devedora jã estava inadimplente.
- foi aquele que
O resultado da operaçao todos
podiam esperar: ninguem pagou as notas promissõrias e o Ban
co do Brasil, detentor de papeis que sabia, por dever de ofi
cio, nada valerem, cumpriu apenas as formalidades de estilo,
solicitando o seu credito de oitocentos milhões de cruzeiros
na falência da Agropecuãria Capemi, que se processa perante
a 7a. Vara de Falências e Concordatas da Comarca do Rio de
Janeiro. O credito foi impugnado e as chances são pouco anl

• madoras.
Com malS esse "escândalo", o Banco do Brasil
vem somar aos prejuizos da Nação com o Projeto Tucurui uma
i mpo r t â nc i a c o n s i dEr ã ve 1 .

IV - O ESTADO COMO GARANTIDOR DE OPERAÇAO FI


NANCEIRA
Um grande prejuizo causado ã Nação, nessa su
cessão de escândalos gerados em Tucurui, reside na f i ança
concedida ã Capemi pelo Banco Nacional de Credito Cooperati

GE R 20 .01 .0050.5
CÂMARA DOS DEPUTADOS

vo (BNCC), no contrato de financiamento feito com o Banque


-
Nationale de Paris e que o BNCC teve de honrar face a inadim
plência da devedora, pagando, em fins de 1983, a quantia
aproximada de US$ 30,000,000.00.
Essa garantia foi dada ao arreplo da lei.
o Decreto-Lei n9 60/66 e os Estatutos da lns
tituição vedam ao Banco Nacional de Credito Cooperativo
BNCC, entreter contrato que envolva risco fora de sua clien
tela especifica ou seja, as cooperativas de produção ou con
sumo, excluidas as de credito e as de habitação.
o contrato de prestação de fiança (ou ava1 ,

como foi pedido) envolve risco e compromete o patrimônio da


entidade, independentemente das garantias reais ou pessoais.
ILEGAL, por isso, a teor do art. 39 § Onico,
do Decreto-Lei n9 60/66,0 contrato de fiança firmado pelo
Banco com a Capemi, para garantia de financiamento externo
desta.
De nada vale, por inócua, a "autorização" da

• da pela Diretoria de Organização Bancãria do Banco


do Brasil, porque oferecida contra a expressa vontade da lei
Central

e para preencher um requisito exigido pelo credor no sentido


de comprometer o Governo brasileiro, atraves de instituição
bancãria oficial, na operação, conseguindo, aSSlm, o "aval
da fiança", dada a inexpressividade do BNCC no campo inter
nacional. Induvidosamente, foram das reservas cambiais bra
sileiras, controladas pelo Banco Central, que sairam os valo
res que "honraram" a fiança do BNCC.
O processo que tramitou no Banco Central so

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

bre O pedido de autorização da fiança e que só chegou a esta


CPI depois de quase um mês de repetidas determinações, con
tem e m si irregularidades que não podem prevalecer no servi
ço publico.
o parecer do Coordenador substituto do Depa~

tamento de Organização e Autorizações daquele banco, Sr. Ma


noel Inãcio Silveira Filho, concluiu que o pedido formulado
pelo presidente substituto do BNCC não reunia "condições de
deferimento. Entretanto, considerando o interesse govern~

mental manifestado atraves do Ministerio da Agricultura",suE..


meteu o assunto ã consideração superior.
A autoridade superior, Diretor Antônio Chagas
Meirelles, atenta ao interesse do Ministerio da Agricultura
e não do Banco ou da Nação, esqueceu o Manual de Normas In
ternas do estabelecimento e autorizou a fiança. Mas o fez
sem referir o seu carãter extralimite. Toshio Shibuya, pr~

sidente do BNCC, reclamou. O Banco Central manteve sua de


cisão.

• O BNCC reclamou novamente, agora invocando um


fato que por demais desmerece aquele banco. No documento
oficial que elaborou referiu o "entendimento pessoal havido
entre a Presidência da Capemi e a desse Banco Central ". Es
se entendimento com uma pessoa estranha ao serviço publico
e que terminou prevalecendo, pois o Sr. Manoel Inãcio Silvei
ra Filho, chamado a pronunciar-se novamente, reiterou se us
pontos de vista contrãrios ã autorização extralimite, mas,
face ao "entendimento" havido encaminhou o processo a seu
superlor.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

Novamente foi o Diretor Ant6nio Chagas Meirel


les que, sem fundamentação selou o acordo do Presidente da
Capemi, General Adernar Messias Aragão com o Presidente do
Banco Central, Carlos Geraldo Langoni. Deste modo, um ter
celro estranho ao serviço publico resolveu as postulações do
BNCC junto ao Banco Central, numa prãtica administrativa por
todos os motivos condenável.
Para ter uma ideia malS precisa sobre a ileg~

lidade dos atos do BNCC e do Banco Central, ora em exame, so


licitamos, por intermedio do Deputado Farabulini Junior, o
parecer do ilustre jurista paulistano Ant6nio de M. Trita.
O parecer está nos autos. Ao lado de concluir pela ilegali
dade da garantia, o eminente patrlcio aponta a Ação Popular
como remedio para declarar judicialmente a nulidade do ato,
com a responsabilização dos Srs. Toshio Shibuya, então presi
dente do BNCC, de Ant6nio Chagas Meirelles, na epoca diretor
do Banco Central, bem como dos diretores da Capemi, pela ca
bal reparação dos prejulzos causados ao Banco e, em conse

• q~ência, ã Nação.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

v - CONCLUSOES E RECOMENDAÇOES

Depois do exame de todos os aspectos que po~

sam interessar ã elucidação dos fatos ocorridos em torno des


se penoso drama a que se chamou IIEscândalo da Capemi ll
, e de
pois de percorrermos os caminhos que nos traçamos no roteiro
aprovado pela CPI no limiar de nossos trabalhos, queremos
concluir por uma serie de recomendações aos poderes da Repu
blica. Estamos convencidos de que esta Comissão Parlamentar
de Inquerito, pelo trabalho dedicado de seus ilustres mem
bros, pela serenidade, fidalguia e firmeza de seu eminente
Presidente, reveladas na condução de nossas reuniões, pela
autenticidade e pela altivez com que todos se portaram, nos
momentos mais dificeis com que nos deparamos, por tudo o que
aqui ocorreu, poderá ela contribuir para a reconquista das
prerrogativas do Congresso Nacional, dando um passo concreto
no caminho do restabelecimento da confiança popular em suas

• instituições democráticas, na medida em que suas


ções estejam ã altura das expectativas da Nação, no
recomenda
momento
histórico.
Face ao exposto, impõe~se as seguintes conclu
-
soes:
1. A CPI conclui que o Governo se mostrou ln
capaz de planejar e gerir iniciativas da envergadura do cha
mado Projeto Tucurui.
2. Que, a atuação do SNI na execução do Pro

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

jeto Tucurul caracterizou-se por atos e ações tipicamente de


coordenação e gerenciamento que não se compatibilizam com
suas funções, legalmente constituldas, adotando, com esse mo
do de proceder, uma prãtica que deve ser co?bida pelos pod~

res da Nação.
3. Que recomenda aos Poderes Executivo, Judi
ciãrio e Legislativo o que segue:

a) - Recomendações ao Poder Judiciãrio


Evidenciam-se nos Autos de Inquerito Parlamen
tar algumas infrações penais que não poderão deixar de cons
tituir-se em noticia criminis, a ser levadas ao conhecimento
das autoridades competentes ou em eventual representação do
-
Sr. Procurador Geral da República, e que sao, com relação
aos Srs. ANGELO AMAURY STABILE e ROBERTO FERREIRA DO AMARAL,
do delito de prevaricação, aquele por omissão, previsto pelo
artigo 319 do Código Penal, em face do injusto e indevido re
tardo com que S. Sas., tendo conhecimento da incapacidade e
da incompetência da Agropecuãria Capemi, Indústria e Comer
cio Ltda., no gerir e concluir o chamado IIProjeto Tucurul lI
,

para satisfazer interesses e/ou sentimentos pessoalS, deixa


ram, em evidente omissão, durante meses, ou quase ano, de
proceder, ou de determinar que se procedesse a rescisão do
contrato com aquela empresa.
Ressalta-se, ainda, de todo o contexto e pela
apreciação do quadro probatório que se produziu no Inquerito
Parlamentar, a fraude a que recorreu ANTÔNIO MOURAO ABISsAMA
RA, que, funcionãrio público no sentido legal do termo, tra

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

mou verdadeira e complexa iteração criminosa para, dos car


gos que ocupava no IBDF, e valendo-se da sua condição de ali
estar ligado ã divulgação do Projeto Tucurul, concomitante
mente solicitar a prestação de serviços de "comunicação so
cial", para os quais, evidentemente, não estava qualificado
profissionalmente, com o sorrateiro estratagema de constituir
hipoteticas empresas de raso ou inexistente capital, que na
da mais foram senão que os instrumentos para receber vulto
sas quantias da Agropecuãria Capemi, pagas pelo seu Diretor-
Superintendente, Fernando Jose Pessoa dos Santos.
Teria sido entretanto, esta forma a adotada,
em verdade, para pagar os serviços que Antônio Mourão Abissâ
mara prestara em conjunto com outros funcionãrios, entre os
quais tambem despontaria Roberto Ferreira do Amaral, com o
objetivo de permitir que a Agropecuãria Capemi tivesse sido
beneficiada com o afastamento de todos os concorrentes, sem
exceção, e aSSlm receber o contrato de explotação da madeira.
E tal circunstância fica ainda acrescida de

• um fato surpreendente, a tornar ineficiente os referidos ins


trumentos: a divulgação para que foi contratado Antônio Mou
rão Abissâmara, atraves de suas firmas fantasmas, deveria
ser de responsabilidade, exclusiva, do IBDF.
Assim, impõe-se recomendação de cuidadosa e
rlgorosa apuração do crime de corrupção passiva previsto p~

lo artigo 317 combinado com o artigo 25, ambos do Código Pe


nal, ou ate o de fraude de concorrência, previsto pelo arti
go 335 do mesmo diploma legal, ficando no outro pólo da tra
ma delituosa, o Sr. FERNANDO JOSr PESSOA DOS SANTOS, como

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

responsãvel pelo crime de corrupção , ativa, previsto pelo


artigo 333, da lei repressiva penal.

b) - Recomendações ao Poder Executivo


1. De carãter geral - Colocar em discussão, a
começar por um SIMPOSIO a ser promovido pela Comissão de Mi
nas e Energia da Câmara dos Deputados ou por outro meio, uma
ampla estrategia a ser observada para as demais usinas da Re
gião Norte, antes de novas iniciativas.
2. De carãter especifico - Advertir o Ministe
rlO das Minas e Energia e, particularmente, a ELETRONORTE, -
a fim de prevenir responsabilidades - para as possiveis con
seq~ências advindas do enchimento do reservatório da barra
gem de Tucurui, com o afogamento da floresta, na hipótese de
não se adotarem todas as medidas previas capazes de evitar
um desastre ecológico.

c) - Recomendações do Poder Legislativo

• 1. Que o Congresso Nacional estude a

lação da legislação que -


criou o SNI, adaptando-a a nova
reformu
fa
se institucional do Pais, decorrente do processo de abertura
democrãtica em que vivemos, regulamentando desde logo, a fis
calização desse órgão, atraves das Mesas das duas Casas do
Congresso Nacional e de suas respectivas Comissões de Seg~

rança Nacional.
2. Que, devido ã caracteristica de afogamento
das causas, evidências e meio-ambiente original, em que se
transforma o enchimento de uma empresa, tal como o que ocor

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rera com Tucurui, a Comissão de Minas e Energia da Câmara


dos Deputados, examine a conveniência da realização de uma
pericia ad perpetuam rei memorlam para eventuais providê~

cias futuras, cabiveis em caso de dano social constatado p~

lo inicio das operações do complexo Carajas.


3. Encaminhar ao Egregio Tribunal de Contas
da União copia do documento IIGarantia de pagamento em primei
ra demanda do Banco Nacional de Credito Cooperativo S/Ali, p~

lo qual este estabelecimento oficial deu garantia de pagame~

to, em primeira demanda, da divida contraida pela Agropecua


rla Capemi, Industria e Comercio Ltda. junto ao Banque Nati~

nale de Paris e ao Banco Di Roma, para que o TCU examine a


legalidade do ato e, eventualmente, determine aos seus res
ponsaveis, notadamente os senhores Toshio Shibuya e Antônio
Chagas Meirelles, a reparação de seus efeitos.
4. Do mesmo modo, comunicar ao Egregio Tribu
nal de Contas da União a ocorrência de ato irregular e ile
gal de parte do Banco do Brasil S/A, pelo qual a instituição
-

.
procedeu, indevidamente, o desconto de oito notas promlss~

rias emitidas pela Agropecuaria Capemi a favor da Servix En


genharia, para que o TCU tome as providências cabiveis.
5. Propor revisão legislativa sobre os segui~

tes pontos:
5.1-00 Sigilo - Afronta o principio da União
que, entre Poderes, imponha-se um sistema de sigilo, contro
1 a d o pe 1 o Po de r Ex e c u t i voe i n a c e s s i v e 1 a o Po de r Le gi s 1a t i v o .
Esta ai a legislação do SNI, fazendo-o uma
dependência exclusiva do Poder Executivo na aparência de uma

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

renuncia, pelo Poder Legislativo, de suas prerrogativas cons


titucionais, suprimindo-se do direito ã informação que lhe e
assegurado pela competência da União (três poderes, não o
Executivo, apenas).
Entendemos, p01S, que uma recomendação desta
Comissão devera ser a de propor modificação substancial na
legislação do Serviço Nacional de Informações que, ao mesmo
tempo, discipline, por inteiro, e para todos os efeitos, os
assuntos sigilosos e reservados, atualmente apenas regulame~

tados por Decreto do Poder Executivo.


5.2. - Da Maioria Absoluta - Na mesma estei
ra, impõe-se, desde ja, a impugnação sobre a constitucionali
dade do dispositivo legal que disciplina o sigilo bancario e
restringe o poder das Comissões Parlamentares de Inquerito
no acesso àquelas informações.
Ocorre que no preceito em foco, depois de ou
torgar os poderes de acesso, condiciona as CPIs a uma deci
são de sua"maioria absoluta", em frontal descaso com a norma

• constitucional que defere poderes irrestritos de investig~

ção, bastando, para 1SS0, o terço de qualquer das Camaras.


"Maioria absoluta", por isso, e mais um dos
casuismos incrustrados na legislação, atraves do qual o Le
gislativo renunClOU a mais uma de suas prerrogativas, e que
deve ser eliminado.
Requisitada a informação pela CPI - numa ati
vidade eminentemente jurisdicional - não cabe ao funciona
rlO, como não o faria com uma requisição judicial, "interpr~

tar" a legalidade da requisição, ou condicionar a entrega

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

do documento ã prova de que a decisão de pedir foi tomada p~

la "maioria absoluta" de votos.


6. Propor os provimentos legislativos consubs
tanciados nos projetos de lei anexos.

Brasllia, 20 de junho de 1984 .


---
/. /--';L/~~
~putado MAT HEUS SCHMIDT .
Relator

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...

CÂMARA DOS DEPUTADOS

CPI - CAPEMI

I NDI C E

1 - Relatõrio Final e Conclusões e Recomendações


2 - Depoimento do Sr. Adernar Messias Aragão
3 - Depoimento do Sr. Douglas Souza Luz
4 - Depoimento do Sr. Mauro Silva Reis
5 - Depoimento do Sr. Evaristo F. de Moura Terezo
6 - Depoimento do Sr. Adeodato A. Gomes Dantas
7 - Depoimento do Sr. Luiz Helvecio da S. Leite
8 - Depoimento do Sr. Ivany Henrique da Silva
9 - Depoimento do Sr. Joseph d'~vila Mendonça
10 - Depoimento do Sr. Toshio Shibuya
11 - Depoimento do Sr. Fernando Jose P. dos Santos
12 - Depoimentosdo Sr. Octãvio Ferreira Lima e do Sr.
Byron Rubem Marinho Coelho
13 - Depoimentos do Sr. Adernar Messias Aragão e do Sr .

• Fernando Jose Pessoa dos Santos


14 - Depoimento do Sr. Llcio Augusto Ribeiro Maciel
15 ~ Depoimento do Sr. Antõnio Mourão Abissâmara
16 - Depoimento do Sr. Ângelo Amaury Stãbile
17 ~ Depoimento do Sr. Carlos Neves .Galluf
18 - Depoimento do Sr. Roberto Ferreira do Amaral
19 - Depoimento do Sr. Fernando Mãrio de O. e Cruz
20 - Depoimento do Sr. Helio Zaghetto da Gama

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...

CÂMARA DOS DEPUTADOS

21 - Depoimento do Sr. Carlos Alberto de'Carli


22 - Depoimento do Sr . Angelo Amaury Stãbile
23 - Depoimento do Sr. Antônio Chagas Meirelles

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.

CÂMARA DOS DEPUTADOS

CPI - CAPEMI

Publicação dos documentos da CPI na seguinte ordem:

19) - Projeto de Resolução

29) - Parecer da Comissão

39) - Espelho da Comissão

49) - Relataria Final e Conclusões

59) - Depoimentos

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RESOLUÇAO N9 03 , DE 1985

Aprova o Relatório e as Conclusões da Co-


missão Parlamentar de Inquérito destinada a inves
tigar em toda a sua plenitude e conseqUências as
atividades do Grupo CAPEMI.

Faço saber que a Câmara dos Deputados aprovou e eu promulgo a


seguinte Resolução:

Art. 19 Ficam aprovados o Relatório e as Conclusões da Comi~


são Parlamentar de Inquérito destinada a investigar em toda a sua plenitude e
conseqUências ,as atividades do Grupo CAPEMI, instituldo pelo Requerimento n9
09/83.
Art. 29 A Mesa da Câmara dos Deputados editara o Relatório e
as Conclusões da presente Comissão Parlamentar de Inquérito.

Art. 39 Cópias do Relatório e das Conclusões desta Comissão


Parlamentar de Inquérito serão encaminhadas aos Poderes Executivo e Judiciario
e ao Tribunal de Contas da União.
Art. 49 A Mesa da Câmara dos Deputados dara o tratamento re-
gimental pertinente aos Projetos de Lei recomendados nas Conclu sões.
Art. 59 A presente Resolução entrara em vigor na data de sua
publicação.

Câmara dos Deputados, em 13 de malO de 1985

(\ ~~
UlYSSES
Pres i dente da Câm ra dos De[)utados

GER 2 0 .01.0057 .2 - ( FEV / 85 )

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