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0 avror: © Prof, Charles Bettetheim, natural de Patis (0. 20111559, fev aqui os seus extudos secundirios © superiores, Licenclado fm Letas, titular do diploma de Estados Superiores de Fio- ‘SStia‘e doutor em Ditelta pela Universidade de Pars, ¢ director Se estudos na Escola Prica de Altos Estudos (6> Secsie), ‘ieecor do Cento de Eitudos do Panificagio Socata ¢ professor no lnstitwto de Estudos para 0 Desenvolvimento Econdmico e Social. Direcor da publicapio Problemes de Pla rifiction, dirige ainda, para es Bditlons Maspero, a coleceio ‘Beonomlc et Socialize. Fez viras wagons de estado 4 U.R.S.S, E.UA, Checos tovéquia,Potnis, Repablica Democritica Alms, Chins, Cab Guiana, Jugosliio, Hungtia e Epipto. Paticipo, além diss, fom trsbalioe de planifleagso econbmica na. Unito Indian, SGtiag, Maly, Cuba’ e Camboje. ‘Charles Bettelheim € suitor, entre outras obras, de Plant. cation ct Croissance Acedlérée (Maspero, col. Economie et Socialime, 196 também inciutao na Petite Collection Mas pero), Problimes Theorigues et Pretiques de la Planifiction [taspero, Economie et Socialieme, 196), La Transition vers Fecoomie Socalste (dem, 1968, Calcul Economique et For mes de Proprists (dem, 1970—a versto portuguesa constitul (presente volume da nossa colecgdo Universidade Moderna) £ Zeoncmie lemande sou le Nevinme, 2 vols. (Maspero, Petite Collection Maspero, 197), e, com Jacques Charriere e Hine Marchiso, coautor de La Constrition du Soctlisme en Chine (Maspero, Beonomle et Socalisme, 196). “Texios seus foram incildos em dois volumes da. nosss soleegio Cadernor Dom Qulsote: n° 1S, China, Hoje (Caras teres proprios da China e da Revolugéo Chines), , no n° 42 ‘Quem tem medo da China? (eUma carta sobre 0. marxismo de Mao. CHARLES BETTELHEIM. CALCULO ECONOMICO E FORMAS DE PROPRIEDADE PUBLICACOES DOM QUIXOTE FICHA: © Librairie Frangois Maspero, 1970 ‘two orignal; Caleat Economique et Formes de Propritté [Editor orignal: Frangois Masper, Peri ‘Teadutor: Anténio Alves Martins capa © onlentagso.grfica: Fernando Felgucras. ‘Todos os direitos para a lingua portguesa reservados por Pebliesgies Dom Gulsote, Rua Luciano Cordelr, 119-Lisboa INDICE Introdusio 1—cALCULO ECONOMICO E CALCULO MONETARIO 1. Poslggo do. problema Um texto de Engels 0 tepto de Engst © 8 pritce da planitcacéo 4) Os edlealoe monetérion 9) A sobreposigao de dois spot’ de ccdicsio A sobreponeso io ‘A signifieagio de slgumss formulaptes de Baeels 2) Os efeitos tet» doe diversos objector de Oneragies bie 8 medidas eis Alaups sobstculose ao desenvolvimento do ‘Sica econdenico 7 T— Razios objectives I Rszdes “eubjectiva 1) A simplicidades dos caleulos Sintese geral dow obsticulos a0 céleulo eooné- nico sotial ee eee) 1, A epresenga» das categorias mercantis remap t bea nant lee See in op o Asie Etats ie ie o a sds moc 1 Bulent enon ea referee Wee a 9 Ds storica das dadas a Ss omin e a ©) Sto da existeneia das eaceporias mercantis Leeann ? AS Gor'de Exiado eo stem’ das forgas VD ELS aes B35 a A propriviade privada como relagio de pro- ‘disto I—PROPRIEDADE DE. ESTADO, EMPRESA EPLANIFICACKO 1. A propriedade de Estado nas formagdes socials em Eathigso ent o captalismo ¢ 0 socilismo 1. A-cemprosay e a figura da dupla separagio 2. Os dole aspectos da separacéo © sunt relagSes 53. Alguns efeitos do funcionamento, dag relagies pera gilts eatin dhs embre ‘A exsdnla de um sistema capitals iu ° at 1) A-existincia do" Estado © do apareino de ‘estado 4. Propriedade de Estado © plano 1, Unidade de produsio e sempresa> 1. A nogto de unidade de produgao st 2 Ba 4 % m7 1% m 16 2 Unldades econémicas, empresas ¢ existncla da forma salon 1 0 fancionamento das sempresate as condigSer da transicao e os earacteres dos panos Planifiagio e predominio da propriedade de Estado 1. As telagios da politica do nivel econdmico ‘Bs forinogdcsscelais em transigdo entre 0 cap {alismo e0 sosilismo 2 ellis de tacuacnenion_pelaconadn ‘im exempo“dosses sefeltor= = 3 As les econémicas fundamentas das formarbes fects ‘Gor tranagio'entre'6'cplialiomo = 0 Salama 4 Obsragiescompementares sobre deems, 5. A pops dat leis onsmins do perio de 4 Ie do valor, cll econo e culo mone IV. As estruturas dos processos de producio, a moeda ‘co plano Bibliogratia sera, ibuografin complementar 1 157 1 1% 16 12 194 19 am INTRODUCKO “ste livre surge na sequencia de investigagées ante. ainda ndo encerradss. Consequentemente, lo encontrard aqui uma exposigio sistemdtica de conhe- fos prog, pants de srem apse. oo nado da demonstagi, mas sim a des Investigagdes em curso, Este aspecto camporta itivelmente srctormoss ¢ 0 sretomars de questocs Sparentemente ja foram stratadas», As, andlises tes devem ser, portanto, consideradas como ene provisonas. taves deta publicasio vsimos ating um duplo Nor apresentar ¢ preciar um certo mimero de ten, fim de abr uma dicusaip que permite Vinvestigacao um mais rapido desenvolvimento; Ind algunas das conclandes que se podem rar da esses conceitos, “Este segundo percurso, a aplicagio. numa andlise ibe conti ahresentados, apenas ‘b- ‘as piginas seguintes, o que no impediu que, “oncluida & sua redacyio, prosseguissemor na andlise ‘conereta da formagio social sovietica. De facto, ba que ‘a uatncia de tal fare dados os problemas itados pela fealidade sovidtica contemporanca. Mas esses problemas s6 poderéo ser tratador uma ‘Wer esclarecido 0 sentido do termo «propriedade cole: ‘va dos meios de proscion a CALCULO ECONOMICO E FORMAS DE PROPRIEDADE Com efeito, os conceites que, aqui deseavolvemos, quando investidos na andlise da Formacio social sovi. fice, permite dar tm sentide preciso ¢ deseavoWer tama Fesposta & pergunta: «A Unito Soviéica é sock Tista2s ‘Num proximo livro, que integraré ma anélise con rota elaborada a partit dagucles concelos, tentarel Fesponder a esta pergunta, Deste modo, embora as Paginas que sepuem disponkam da sia propria eauto- omlas, devem ser Interpretadas, como’ introdusto © complemento em relagio.a essa futura publiacio () AAs investigagdes que, seguidamente_apresentamos propoem'se_ ating um objectivo fundamental: prod. Hr ou precisar or conceltos necestérios 8 analise das formagbes socials em transicao entre o capitalismo ¢ © socialismo, principalmente com o intuito de determt hat a5 significagdes. do céleulo monetario e do céleulo Scondmie, astm como ax condigosIndapensdve para que extetltime possa ser desenvoivido, Como vere: ‘nos, a Tealizagdo deste objectivo, no estado actual da problemtica, obrigounos a percorrer um campo rel Evamente vasto. Era nocessirio poder expicar um con. junto de priticas de sciloulo» e de eplanificagion, em Telacio is quals os conceltos dispontvels, no seu estado {etual de desenvolvimento, néo permitiam compreender totalmente a signifcagao, ‘A propria ordem de tratamento das diferentes gues toes Yevela que-0 objective que incialmente nos nha: tos prozosto era muito mals imitado do que aquele ae, Finalmente, fomos obrigados a visar. A'partida, © furba linha ‘de’ investigagao andloga & que seguimos (0, Apts & redagio deste texto aperecdemonos da necee sigate 48 picider tm ato ntmete ds sesiicans Bo SPE Weis Mab Sie Tae te Fassel fal ony i come cote ressumenf com © inate de‘ sabmeter¥ cts) N30 ar sede car ete R nrRoDUGAO ‘mum livro precedente("), tratavase, apenas, de nos Interrogarmas sobre osleance, © conformidade aos objectives pretendidos, de alaumas pratieas econémi {ses socialstass, partcularmente as pratioas los economicos» clectuados pelos organismos ds planficacio e pelas empresas. Como se sabe, esses culos uilzam sto's6 eprandezas monctaiae» como Sgrandezas fisicass;implicando por consepuints 8 vu Iizagdos da moeda e das categorias mercantis. A util 1agdo das sgrandezas monetivias» obrigounos a Levan {ata questio da signifieagho dos vedllos» efectuadas ‘com base nessas grandezas; o que’ tanto mals para ‘onsiderar quanto‘os seus fesllados cstao antecipadat mente inscrtos no sistema de pregos existentes, sistema esse que ¢, por sua vez, um produto historico altamente Btergén de reingics mercnts ede decisbs po ticas © administrativas. ‘Coniudo, logo nos apereedemos de que o que era uum ponto. de partda lugico em fungio" das questocs oth eign wi longo denvio em vite das respostas Bidar a esas mesmas quests. oy portant com inten de tentar responder de mancira satisfaéria ts questoeelnicials que nos pare eu necessirio formalar ainda outras, ingdindo, sobre © conjunto. de relagdespoliticas, econémicas c idole icas das formagbed soclaisanalisadas, Fl nestas ei Ganstdncias que se nos impos um Urabaiho de investiga ‘Ho multe mais amplo do que Infealmente Unhanos previsto ‘Ao longo do trabalho realizado nestes moldes, os conecitos de que adispinhamoss, iniciaimentc, © que Seriram de iaiiprran, evra ae sr come ¢ bvio, parcialmente transformados. A maior parte des Sen coneaton de partda sofeeu um iratament diferen- ‘al, pois inka sido produzida no processo. de andlise © lg Transition vers PBeonomie Socaiste, Pasi, Ma eno, 1968 B CALCULD ECONOMICO E FORMAS DE PROPRIEDADE das formagies sociais capitalistas; ora, neste caso tr favase de‘on investir na analise das formagées socials tm transigio entre 0 capitalismo © 0 socialsmo. Taiciado este procesto. estamos muito longe de 0 poder considerar encerrad. Alte, fomos obrigados Bolen cove nure de stems catretansni igados entre si, especialmente os que correspondem a0s concetos de propriedade, posse, detengéo, unidade de produsio, empresa, egulngao, forma valor, caleulo ‘monetarioe ciletlo economic, planifeasio, gestao © sige aligns outs segundo nes parece, este processo permitia desen- volver alguns. dessos conosigs ¢ simultaneamente distingutfos das nogdesideolopics © descritivas corres: pondentes; portim, uma ver que sinda nlo. esd Eoncluido, os resultados obtides ‘io podem permit ‘nalisar as formagdes. socials em transigho.enquanto stratus complexas nan gus oda os races Soexistem simultineamente que nos ‘brigou m coloear estes problemas, © « propes mp fude's formular uma séfie de questocs. Essas quest6es e a6 respostas. por clas suctadas revelaram que 2 sdiferenga> de qué tinhamos partido parece geralmente ligada_ um duplo lapse’ eonfun- donee at proposigbes teoricas que visam te formagoes Soclals soCalliae’ desenvolvidas com. as proposigoes ‘ue vsariam as formagdensotas em transighr reciro. Ghmente, idontifiense” qualquer” formagao’ social em ftansgao, mesmo que tenis abandonado a va sociat lists, com uma formagdo social socalisa Pars qualia etsas forages sociais nto s podem aplicar diectamente a8 proposigbes tedrcas_ produ is na analise da socledade socialista desenvalviday & preciso elaborarminiamente os elementos de ims feorta de transigdo do capitalismo. a0 socialism (). Slabs dsia coe laboragidierncial dos conceitos que permitam analsar-a acgho e-a combina Go, das rolagdes socials caracirioeas da’ tansiio Socalista de uma formardo social conoreta, transisao est condionada por un proce defn de eases ‘uma tal transigao implica a presenga, real ow pos: sivel de vrion modos de produgio ou de varios ay {ema de elagice de prodgso, dos qonis wm domina os outros, segundo. modaildades que variam 20 Tonge (©) Aigunt dot problemas agora evocados foram abordados no ie! ia a trbnation vers Focononie sosulive bp 1618 1 CALCULO ECONOMICO E FORMAS DE PROPRIEDADE do tempo (determinando as fases especiicas de cada {ransigdo concreta). ‘fue scabamos de dizer esclarece que, para além dos pbs devnados de etnias cernsm a nee {igagio em relagdo a0 nosso. objecto encontra GES em mainly, como soa's fla de ua tora Slaborade das formacses socias em. tranaigho entre O'caplialismo co socalismo, De facto, exlstem name: {oeos clementos destas teoras, sea sob uma forma {eorcs,seja em estado pratico. Essex elementos foram Sepeclionse odd no cargo dau ans fdas pela acgdo plitea no sco das formagics socais Shines portanio face aos problemas concretos {Geonomicos,polidcos e ideologicos) que a transislo Sbrigava a colocar ea resoler. Beste modo, foram dosenvolvidos antiges conceites © produsidos’ outro, fem que contudo tenia sido ponsvel, ae hoje, artical ‘los stm sistema torico rgdroso 0 ue néo delxa de ‘rlar inimeras difculdades, no 36 ao. nivel terico omo 20 nivel pritico. Actuaimente, tornosse indie: pensive desenvolver sim esforgo no sentido de deter Tinar © campo de validade das conceltos disponivels ¢ articalslos mals Tigorosamente Esse esforgo torouse tanto. mais indispensavel quanto um carto numero de praticas, que se pretender ratieas de «cdlculo econonico» e priticas de «Plant fcagios, ocltam, pelo menos em parte, priest bas. tame diferentes. Como ainda por cima evens prticas siizedobrm de coments Neola, due in Feeds passar por sale que nao ato, encontramomnos no impasse de\ nto odes conbecer & reaidade nem tansforméla, som @ cesenvolvmento de tim grande tstorgo tedric, ‘Como veremos, as anslises que seguem, ajudando ‘a tragar uma Tinka de separagao entre caleulo mone. {arlo'e clleulo ccondmicd e social, sugerem a neces. Silade, © a possibiidade, de’ uma’ «descentralizagao> do cdleulo econdmico radicalmente distinta da peeudo- descentalizagao efectaada actonimente nos poses 16 iwrropucao Leste da Europa. De facto, essa pseudodescentralizagao rio é mais do que a restauragao dos stmecanismnos de Iercados, a0 mesmo tempo que um abandono da pis. ifcaglo socialisia, Vereios,tambem, que 0 contebdo desta ‘ultima se tornou parcialmente’ cbscuro cm, vit tude’ de'um centralismo estatal extremo, Estoy de Yando de uma hipertofia do aparciho de Estado, cons. Uta iatente stil wr dominao sola da Brodug ¢conribu para reforgr o papel das relates Monetiris mereantis No texto que segue, nfo sera aprofundada a andlise dios problemas globaisespeificos das formagoessocias fm transigao entre o capitalismo e 0 socialismo, desenvolvida, exclusivamentc, 2 anise Ge algots pro- biemas 0s" gue dizem rexpcito fundamentalmente 80 nivel econdmico dessas formagées socials; por conse Bllate, as relagées no cconomnicas serio abjecio de Inaigas, mas nt’ de wn exaine sistema, ‘Sina, as questoes susctadas pela exaténcia de dduas formas ‘de ecdleulo econémicos revelaram se, pre samente, como a8 que permitiam esclarecer acorn Dplexidade particular das formagbes socials em transigao Entre capitalism 0 soelalismo; 0 que explica a mul. fiplcidade de sdireegdess que as invesigagbes toma ram, Por isso mesmo, estas investigages dover set onsideradas como simples «preliminars ao cxame espe tllico dos problemas do célzulo econémico, Esses pro- blemas serto objecto de uum texto ulterior. Paris, Julho de 1969. v CALCULO ECONOMICO E CALCULO MONETARIO 1 POSICKO DO PROBLEMA Propomo:nos analisar 0 problema do «calculo econé- 1mlco» nas formacoes socials em transigao entre 0 caf talismo eo socialismo. Este problema aparece relac nado, simulténeamente, com o da «planificagdo» e com © das condigoes de circulaco dos produtos. 0 ponto de partida da nossa andlise ¢ constituldo por um certo hnumero. de. proposigées tedrieas relativas 20. edleulo econémico e.a0 plano numa sociedade socialist; rela. Gionaremos estas proposigoes com as praticas efectivas nas formagées sociais em transigho. 1. Um texto de Engels nee ae = pv eos wn pc meh ait ea en ra Imediatamente socaliidas, Engels decars’ «A producto imediatamente, social, assim como a. reparticao directa, excluem qualquer troca de ‘mercadorias e, portanto, a transfor- 2 CALCULO ECONOMICO E FORMAS DE PROPRIEDADE ‘magio dos produtos em mercadorias [...] ¢ na sequéncia do processo a sua transformagio em valor.» @) A partir desta proposic#o, Engels explicita a sua con cepsio do céleulo econdmico numa tal sociedade std ¢.quattade de yal soil contd Feada indirectamente; a experiéncia quolidiana indica, directamente, a quantidade nevesséria em termos de média. A sociedade pode calcular Simplesmente quantas horas, de trabalho ha ‘numa maquina a vapor, num hectolitro de trigo Ga tltima colheita, ern 100 mm de tecido. Ge etcominada qualidade, .-] Bortano, pas con. ages supostasC.] a osidade nto atcbul valor aos produtos. Nio exprimiré 0, simples Facto de'a producto dos 100 m= de tecido terem sxigido, digamos, mil horas de. trabalho, da forma,’ ambigua 'e absurda, que valeriam’ mil horas de trabalho, £ sbvio que, mesmo ento, a\sociedade precisaré de saber a, quantidade de trabalho. necessaria para produzit_ qualquer objecto de uso. Ela terd de elaborar 0 plano de produgio segundo os melos de produgdo dispo hivels e em particular as forgas de trabalho. Sto, em fim de contas, os efeitos iels dos diversos objectos de uso, pesados entre si'¢ em relagio Asquayldades ae tabatho necensras para sua produsio, que determinardo o plano. As pes: soas'regularao tudo, muito simplesmente, fem intervengao do famoso 'valor'> (9 Ct, Autoaprin, taducko de Botgel, Paris, editions Soci si ak a ‘OR. Engels Op. cit, . 38. 2 POSICAO DO PROBLEMA OBSERVAGAO Note-se que, neste texto, Engels fala do tempo de trabalho efectivamente gasto, endo do tempo de tra ball sacialmente necessdrio (um ponto ao qual teremos ‘que voltar). Note-se, também, que Marx sublinhow que @ lugar concedido ao edlculo’em tempo (ow em quant. dade) de trabalho corresponde a um determinado nivel de desenvolvimento das foreas produtivas (ver, a pro- sito, as andlises que Mars consagra aos efeitos do desenvolvimento do maguinismo, especialmente nos Grundrisse; cf. Karl Mars" Oeuvres, Bibliotheque de la Pléiade,t.2, pp. 304 a 311). Este texto pode ser considerado ponto de partida para um conjunto de reflexdes que, em todo 0 caso, Blo deseavolere neste momento, De facto, x6 analiso 0s pontos que devem, desde ja, pronder a nossa atenglo e que correspondem a dois tipos de problemas: 1. Aqueles que resultam da comparagio do prece dente texto de Engels (como surgiriam da comparagao de muitos outros textos de Mare ede Engels) com pratica da planificagao socialists: 2. Aqueles que resultam da andlise de algumas das formulagbes precedantes. 2, 0 texto de Engels © a pritica da planiticaggo socialista Segundo as proposiges de Engels a que acima fize- mos eferécia, nao hd recto para que a8 categories de valor e prego interventam nos céleulos necessarios & planificaao socialista. Tais céleulos devem assentar na Comparagdo dos «efeitos utels» dos objectos de uso entre sic em relagao as quantidades de trabalho neces sarias a sua producéo. 2 CALCULO ECONOMICO FORMAS DE PROPRIEDADE Sabemos em todo 0 cas0 que, aparentemente, esta previsio de Engels nao ¢ realizada’em nenhuma das fteconomias socialistas actuaiss. Em nenhuma destas Formagdes sociais os cilculos econsmicos» se fazem, directamente, em stempo de trabalhos. Segunda pa: rece, continuam a efectuar-se (pelo menos em larga medida) através das catogorias mereantis, se bem que (0s planos econdmicos, por exemplo, quando da forint lagdo de «prioridades’sociais» ou de eprioridades poll tease, tenham em conta outros clementos para. alem dos que entram nos «edleulos monetarios», na avaliagdo dos scustos» expressos em moeda, ©) 0» eteuos monetiros Tal seastoy nfo resltam, de modo, nenkum, de «medidas» (no sentido em que se pode falar de opera ‘Goes de medida nas scicncias da naturera»). Séo meras grandezas de contabilidade, eujas «dimensoos» ese apre- ‘Sentam espontineamente>, através de um «sistema de presose; este sistema tanto aparece como sproduzido pelo mercado» como parace resiliar de edecisbes admi- histrativas» ou sregulamentares», © que nio modifica gm nada o carcter dado dos prego: este cardtar io & sequer modificado pela uliliagao de ou 0 eefeito social il» dos dif Fontes trablhos 26 se manifesta araves Ga capaciade Ge produrir maisvalia ou de ayudar 9 sun produgio Ot ‘aumento (dat a eracionalidade» do crteno de" Iocro para 0 MPC). (© Rewulla igusimente dagui_o facto, deo conceto. de nro oy abel oclnise. secestion ot, Spen. pox Sesctdo'n fro Hi 6 gue vemos, com eet, que ume Ge petdeae tae Sa icy tae was Ges) Ce Aicde pars que os Pastor de tabaiho efectandor em aferentee Eagutnds a" reprodacko Margads' dat elaplcs 42° prota ‘Soialisas'se connie a eteciuar através 9 concorséncin Soe aplinie entre as diferentes ssfras ds Inveaanentol 33 (CALCULO ECONOMICO E FORMAS DE PROPRIEDADE ‘Quando o M. .C. cede o lugar ao modo de producto socialista (M.P-S), ou, ainda, quando as relacoes de Drodugao socialistas dominam as relagbes de producto Ezpitalistas numa formacdo social em transigao, a fina- lidade da produgio detxa de ser a apropriaglo da tasvalia para sera da satisfagso. das necessidades socias; a parti desse momento, 0 espaco tedrico para ‘0 gual sonios remetidos deixa de sero do valor e pregos para ser 0 dos sclsilos Uteis» dos trabalhos e por con Sequinte da utlidade social. 0 conceito de «trabalho Socialmente necessario adgquire entao uum sentido rade Galinente diferente dagucle que tem no M.P-C neste ‘aso, a sua medida nio ¢ a Maisvalia produzida (ow a relagio do sexcedente de’ trabalho» como trabalho ‘ecessirio), mas a eutlidade social» produzida pelos diferentes srabslhor, utiidade. que varia, segundo as Droporeoes em que esses. trabalhos sto fornecidos, & Segundo as condigbes socials © materiais em que 0 si. Dito isto, fata explicitar-o sistema de conceitos eos procedimentos que deverso permitir medir a utilidade Sect dos difereates taba © prodstos (ornccidos fim conciges concretas determinadas) aim de seglar, fm functo dessa media, @ reparticao dos trabaihos Gta C"Go “rabatho social) entre as diferentes. pro- dugtes 0. Actualmente, vemos esbogaremse, dire, tentae sivas que ae orientam no sentido que acabdimos de indl- Carn de mantra mals ou menos Iaconscient, Alias, S lentidao com que se procura uma solugio para @ Pro: bhema do calcula econdmico social» explicase pelo facto de sua propria natureza sO agora poder comecar ser claramente perspectivada, (© Dies que a repartigfo dos trabslhos se deve ald uta Socal dessceteabeuhon respectvos preey ‘Bo implies que ce dign que apenas essa wilidade socal regula repartio! a” POSICAO DO PROBLEMA Alguns sobstaculoss ao desenvolvimento do edleulo clnndaa coe qua au avang para » sop problema do.0.8°8, aplca ss pat ola ite de aoe Elgumas objectvase outs sbjectias: — Razées objectivas Sio de dois tipos as razses objectivas: Umas, resultam do nivel de desenvolvimento rela- tivamente fraco das forgas produtivas no seio das for- ring6es socials actualmente em transigio entre o capi: {alismo e 9 socialismo, Nivel de desenvolvimento. que tem como consequéncia (abordaremos mais tarde esta questao) a subsisténcia das formas mereantis da cco. ‘Outras, resultam da propria natureza das relagoes de produgao que subsistem nas formagBes socials em ‘ransiglo, uma vez que algumas dessas Telagdes se redo. bam, necessarlamente, de relacoes mereantis (outro onto 20 qual teremos de volta. "Assim, a existencla de relagées mercantis € dupla- ‘mente determinada; ora, como sabemos, o mercado fem iprppiedade. de etatelecer, caponanenmene, ae undo leis, que lhe si0 especificas, a relacionagso dos Drodutos das diferentes actividades. O mereado deter. mina, portanto, o aparecimento. de egranderas mone térlass que aparentemente se prestam a um xcdleulo econémico», que, na Tealidade, aio passa de um edleulo ‘monetdrio M pesca dass warandenay, © 4 posilidade de as sajustars mais ou menos (sob a forma de «precos Planifeados» que tomam relativamente em conta cer. {as avaliacdes Sociais e politicas), constituem um obstd Gulo a0 desenvolvimento de uma teoria da medida dos Seles iiteis» comparados, assim como a0_desenvol vimento ‘de um verdadeiro edlculo econémico. social E'S}. 35 CALCULO ECONOMICO E FORMAS DE PROPRIEDADE A vossbilidade objectiva de recorrer a deixa de funcionar para ua parte Seance Come = Se Galtmara, a dades, Opt Spat Wetter sures seelem mre aida} ms Se afcentas ede face tom! ipnsiel consierar gue, por exenpiow or eon De fn gone sect en induces fs cote ‘selividade desse mestio"stcior sobre ss outros 2 POSICAO DO PROBLEMA dia producso capitalist, © que implica 0 desenvolv mento das sprodugbes no rendiely, das poltieas de Ribvengio, cfc, eo recurso a sélouor monetrios que facom iter outros prezos diferente dos preys do ‘Convio, no scio do M.P.C. 0 sistema de presos 4 investdo Ae tal poder ideolgico e, sobretado, preen- fhe iis fungoes na reparigio da matevalia an ata classes Ge ennalensoes de alsin Be gain se ‘Spoor a0 eepincia da rendbilidndes), que os spre: he do mercalgr aparecem como sendo os preqos «for Innis, © que ¢ necesirig procurar 0 que sdeveriamn Shr Guando nfo sio sdadotr copontinesmente Nas formagbes sociais em transgao, = pords de sig nuficagio. dos; pregos de mercado que. acompanha 0 focinlzacio dav forges, produtivas &, evidentemante, fo considerivel como sas formagies socials. capita Hiss assim, a parte de um certo gra de vosialingo desta forgas,.n solicisgao ds caleslos monctarios apa ecu ligads nao x0. Tarbes idsoldpens mas tamoem or cfitos das relages ce claus. Essa. soictagio € Scompantada pela aeudiracao das contradigdes Ine fnter a0 cfletlo monetéri, ‘Enqunnto eseas contradigdes slo relativamente fr cas ¢ posse! ulrapassaias por meioe empiricos. 0 gue ja nto ¢ ponivel quando cas se agudizam. EniSo, FPhotesnirio percorret teorica‘e pratcaments, novsd capes, ou remincar a alguns objecrvos policose as Felagsesplanfcaas que sun eeizago exes © Sb {gue tal sencncin nfo se impe mosimicamente, mas que Setyeiterminada pelos teton da lata de clases, nto pelos ecforgos das clases socials que tém iteresse no dkSenvolvimento das relagdes mercants, no sentido de Stmporem tats rela M—Razes subjectivas AAs razies objectivas (c, por agora, dominantes) da lentidao dos progressos’ electuador no’ dominio do “8 CALCULO FCONOMICO F FORMAS DE PROPRIEDADE €.8,S. vimse grescentar, segundo parece, razdes sub Jectivas (ou melhor, ideoldgleas), que por sua vez apre entam dois expects essen e 1 0 primelro aspecto € que a teoria do valor de Marx claborouse a partic da critica radical de qual ‘quer expicagto do valor de toca pelo svalor de son Sra, muitos economistas marsstas elgaram Poder con: eluir dessa crtien que o eleulo economico podla, Ou devia, fazcr abstragglo® do valor de uso, o que, prec Samente, é insustentavel porque @ cdleuia esonemica dlesenvolvese num esparo gue nto ¢ 0 do valor © prepos. 20 segundo aspesto.dessas edifeuldades Ideol6- gicas» & do dentica natureca: partir dos fins do ssculo IX, os marsstas viramse foreadios a operar wma er. ea sited denials a ro posito das teorias da uilidade marginal ladas as pre: Falssas decane teoriag), Essa critica Wisava oso que era Feito do cealeulo & mangem» pelos paridarios dag te: "as sub ctivas do valor: Ora, tambon agul se verifcou tum duplo desvio: por um lado, pretendcramse aplicar a certas formas de ello econdmico socal as citicas fue 26 sto fundadas ao nivel de veoria do valor; por Sutro: lado, epeneralizarameses as" criicas fetes 0 smarginalismos a todos os cdlculos cfectuados «amar. ems. Este ime desvio s6 pode conden aun impass Pols’ edleulo «k margems nao é mals do que'o eafouls Uiferencial (le que € impossivel presen, Alls, 9 Préprio Marx mostrou, na teoria da reada da tera kat das condighes que exigem o emprego deste cdielo b) A satmpltéedon doe cAleos No texto jé citado, Engels insiste no facto de os problemas suseitados pela elaboragao do plano se reso. teem "emuito.simplesmente» sem’ a intervensio do Esta formulagio pode indusinnos em erro, Ever dade que a eliminagao da forma valor — que faz spare POSICAO DO PROBLEMA cer as relagdes de producio como relagdes entre coi Ses permite resolver os problemas mals dirclamante 4 gas o poslia ser feito com o ronan as categorias ‘ere na ea menor complied, ou oy esa maior wsimplicdades, nio significa que’ as opersebee noceasdrias& elaboregao de um plano sejam afaccay de Sem antecipar sobre os préximas deseavolvieatoa ecenos tif lembrar que a propria scilagao das Koreas produtivas, que caractenia ja a economia capt talsta, tem como consegeneta qas quase todos os pro {tos sto resulado do trabalho de toda a socledade, Sinso apeaas daguck: (traballador cu ealective da fey fathadoreg ‘que os sfabricous materiaiment; isto € das cmiosr de que esses prodatos ssairams, Be facto ovtrabalho do. sulino trabelhadors efeeriase_ sobre Ghjesios que wobrersea tenaforgiaies por pects de snuitos outros: Deste modo, um trabalho implica 0 com turso de um nimero elevado de outros trabalhos (Para 'peducto. dos objection trabalho, dos melon de irabalho'e dos meio sunillres) que se combinam no rio de uma organizagao social altamente complexa (’). ‘ids, nas grandes empresas moderns, come por xem Plo na grande indstria quite, no @ eeraimente pox Evel iofar © tempo de trabalho necessario para ona GEterminada produrios A maior paste das pepduyoee d feaullado de’ colecives' de. trabalho que’ predacem, Simultincamente uma enorme variogads de" prodaton demado que esilcalo do tempo consagrado progusi A Gin dos prodatos nie pode ser sietanete Todds, mas refuse uma andibe © unm sede de come Dplesas operagoes . ‘Actualmente, a mior parte dos produtos so Fruto de actividades exeremamentediverea’Indstias extra ivan: energetcas, indastras quimicas, transporte, paren ase ean 9 gr a ’ CALCULO ECONOMICO FORMAS DE PROPRIEDADE indGstria sidersrgica, mecinica, ete, Por essa razio, a aribulgao» a determinado produto (ow categoria deer iminada de produto) dn qnantidade se trabalho neces. ‘oie ara 0 produ ramenie com sin grande i mero ‘de ousfos produtos, esta Tonge de set um pro- blema fit do resolver 0 = ‘lis, uma seconomnla de mercado» nio hd neces dade de oles este poblna, No sso, tds oF Drodutos tem um precr , se bem ie este se}a deters Fina (om iting iain ares dona se do tuagées e transformagées) pelo tempo de trabalho soclalmente nesessaro para a’ sun producto, ninguém tem de ealadar esse tempo, A eregulaglo» do prege pelo tempo de trabatho é-0 resultado te um processo socal complero. Ela s6 se inpbe depois de ardua lta, atraves ‘das Hutungoes do mercado, A unica colsa que prescupa ‘captains € a relseao entre 0 progo de usta Come fe despesas monctirias) () e o proyo de venda. 86 0 Sndlsetedriea permite compreendcr que, em limo Stan 6 temp de, taba soon see {que regula os provos, Mas 9 analise permite formulat S'conceito de'ctempo de trabalho socialmente neces ony ese concaio levi nl permite, em si mesmo, ‘medir empiricamente esse tempo: ‘Sea quantidade de trabalho socialmente nevessério para a cbtencto de uma categoria de produtos,tomados Idividualmente, nao' pode ser ditectamente'sverficn das, ¢ porque, em promo lnea,o conhecimento dessa ‘Quantidade exige algo mals do que stecnieas de ealeulos Specifics; esse algo mais; fundamental exigido or fuel conhecimente-és elaboragao precisa do concatto a2 "cquantidade- de. trabalho. socialmente. necessérios ha soviedade socialist e nas formagdes socials em fran. edo para o socialism, ‘De facto, enquanto no M. P.E. esse concelto remete para as condigoes de exraccio da maiswaia © respec (ils, aesmo essa soma ¢ diet de calelar, uma ver ‘ques trata de produgocs complesss c conjuntas. 46 POSICO DO PROBLEMA tiva tepartigfo, pelos diferentes fragmentos do capital social, has condigoes de dominacio das relacées de pro- ‘dug socialists, 0 conceito de «tempo. de trabalho socialmente necessirios remete para oltta coisa: para. (8 efeitos sociais Gieis» dos diferentes trabalhos; ora, beste caso, esses «efeiios socials utcis» jé nao sto dom nados, como nos M. P. C, pelas exigéncias de uma eres. Cente dominagio social dos produtores sobre as condi (es da producao edo consumo. Portanto, s6.a partir Se uma transformacio do conceito de equantidade de trabalho soctalmente ecessario» poderemos definir os processos de medida dessa quantidade, Actualmente, 0 problema esta muito longe. de. ser resolvido. Nao & Inutil sublinhar, uma vez mais, que a sua solucio exige sue scam realzaas as condigoesobjecivas, a sabe, ttma verdadeira dominagio das relagbes de produgso Socialistas sobre as relagses de producio mercantis, c, Portanto, um grau de transformagao suficiente das for. ‘agdes sociais em transicao. ‘0 facto de ainda néo estar rigorosamente resolvido © problema da medida do. tempo de trabalho social: mente necessario, ndoimpede as economias planificadas Ge funcionarem cfectivamente, pois esse funcionamento implica precisamente um largo recurso a «célculos» efeetuados com a ajuda das cateporias mercantis, Isto 6 a um edleulo monetario (a que também chamel «cal Calo econémico indirectos). Dito isto, nao nos pademos sequceer de quc fal acu ndo é won, verdadeto cd. eulo econdmico e que, portanto, so pode forever indi. eagdes indivectas ¢ linitadas sobre a_utilidade social esta our daquela actividade ow producto, deste ou daguele investimento; se 9 fizermos, podemos ser indu- aidos em graves verros» (), Veremos, adiante, as impli ages desia situagao sobre a planificagao econémica, 2 borio que o facto de se comterem ester eerrs» pode sauStia‘ or tnt dterstnadas Cs“ gua" ae Ana de rellecuirna produ desses eros CALCULO ECONOMICO FORMAS DE PROPRIEDADE 4. Sintese goral dos obstéculos so célculo econémico social ptt gherrees, precedente tormam claro gut, no Transig’o—ou, pelo menos, numa Sua pri Incira fase —, exisiem duas categoria de obstécalos 20 desenvolvimento de um caleulo econémico social, aliés como Engels tinha ‘A primeira categoria de obstéculos, a mais impor- tanta etd aaa pace thimento, sada relat mente fravo, das ‘produgio soclalistas e das forgas prodinas que Ths correspondem. e, portant também & desigualdade dessas forgas e\&' existencia de um mercado mundial capitalista(), £ esta situagao ‘Que provoca a jé chamada «sobrevivéncias da forma, Valor. Esta ndo’é, portanto, ama ssobrevivencias, mas sim uma presenea'(de.determinadas relagées de pro- ‘lugao), que analisaremos mals. tarde. 'A segunda categoria de obstéculos desempenha um papel ‘subordinado ¢ esié ligada & insuliciente clabo- Fagio do contetido do caleulo econémico E verdade que ja foram colocados (em particular no texto acima eomentado) os principios deste céleulo, tal, como deve intervir na sociedade socialista desent Yolvida; mas — como acabamos de ver — falta defini, em parte, 0 seu comteido preciso (0 Un parte do gue aga ¢sinpesmenteenumerado ert dosenvolvido adianteA'apdlse da acduo que euaree a exotncla de um. mercado. mundial capitalists (exlsténcia. que consti ‘etgtes Se predusao soialstaa) lo poderk: oscar tee aga {Elis pois eaiatia ongos desemvotrimentos, que nos afastaram irs ot ote aco us ee te ‘tit tin meiado tindial caialsty ag relacdescoptaisas Sowa poiran Ciptens epee aa eee foci consti o que ince une sce Ge cles, lve ‘a8 ste! coo, a POSICAO DO PROBLEMA quando nese sedi o tao texto, eo pia te elm formula ds prin, na ver i om Se ecusou, © corrctamente, a sfazer germina ss fementes do futuror(). Dao dune cataporie de obstéculos que se opdem 20 desenvolvimento de im calculo. econsmico socal a st coma dete, estetamente suboie fada 8 primis, da qual € consequcncia 20 aivel do Eonfecimento, Isto nao deve, evidentementeysgnficar fue 86.0 desaparecimento total dos obstdculos object. fos permitrs precisa 0 conteudo do eilealo, De facto, Sribvolineai esd ences de formas Socins em transigso permitem posta, hoje com maior Figo do que anugameut, 6 proslema do cacao ccond. inc, e comeee, portant, a dfinr sa problematin, ‘Seo problema se eoloca asim ¢ porque ha prdsen vemos confundirenseintimamenie Gols tipos de ca: flo: um eilclo em moeda e um cAlesl nao mone. flr. Sebem que este ton esteja inda no peintpo, fanto jae sufiient para que » aise turiog se pro: Pre del, no sentido de presisar 0 conte e for: nas especticas ira cnuaimos, comrecamens eta anise (até apenas etooyail) € ocomcine que coamucues fentamente os dois tipos de calculo' que as actials formagocsscelais em transi “conhecem. Veremos Gio quais sso a8 relages que mantém entre sie a3 altsrengas que os separam: tas @ primeira questio a fnalsaf ¢ 2 dae relagoos de produgio caja cxstencia Eassinalada pela presenca das categorias.mereatis, a em francts: {..} fare boul ts marines de Favenit tN. oT) ” 1 ‘A «PRESENCA» DAS CATEGORIAS MERCANTIS [A spresenga» das categorias mercantis no seio das actuals Socials em transigzo suscita ‘mas teéricos fundamentais (). De facto, niio podemos expiicar esta «presenga» em termos volutaristas out em termos de erras de previsio. ‘A primeira sexplicacio» consistiria em dizer que é em virtude de uma «decisdo governamenials que se ulna a satebars im valor os diferentes ration | ,h sedunda explicagao» consistiria em afirmar que ‘Marx c Engels se senganaram» quando. «previram» ic a forma desapareceria no scio da sociedade socla. lista, ‘A primeira & uma falsa explicagio», pois, como sa- bbemos, a forma valor tem uma existoncia objectiva: ela 86 se manifesta quando sio reunidas as condigoes da sua aparicio. Esta exisiencia objectiva afirmase Inde pandentemente de qualquer «decisio governamentals, mesmo contra tals decisbes, ‘Para além disso falar de werros de provisto» ¢ passar 4 lado da questo, pos nex Marx nem Engels sete garam a exereicios de «previsio- acerea do problema: © Retayo ag alpumas da anes 6 spresentdas nu caer tin tt Fan ‘parcatinente‘novas. sea a CALCULO ECONOMICO E FORMAS DE PROPRIEDADE ee et ent eet cee me et Eedade socialists come sendo uma formacio social no eal ciieacett ites cane ita TE et an tome a coelacan ac ioas oma me satiate eames Shee , portanto, necessério superar as explicagbes sub- jee crecrmtain at gtentt sr ec a tl eos teet oe {ttmento da forma valor: Deste modo poderemos explicar Se renner mae eeeeece teem Socials especificas da transigdo, e das exigencias da epee ee eee leit aed ce eae cee eee ae pee ee eee 1. A forma valor € as condigées de produce A presenga da forma valor ¢ respectivas formas transformadas no slo das Seluals guande” existe 9% urvacatumno ie dizer remele para as andlises fanarenai de Mrs de Engels, gue mostra clare mente que s6 em determinadas condigBes socais os 32 A «PRESENCAs DAS CATEGORIAS MERCANTIS: produtos se transformam em mercadoris, isto 6, em Eeoizs scnsiels,suprasesfvi, em cola dotadan, Simultincamente, de gualldades sfiskasr'e- de, uma ualidade seconde» mensurdvel a capacidade de po. lorem ser trocadas em determinadas:proporsSex er outros produtos , de facto, sta kima (que «per tencen Bs coisas na metlda em gue #40 emersadorine) sue’ ry als dn ay © race Sstio t2o intmamente ligados que o valor tpropric: dade geral das colt») nao: pout subsistt quando Froducio moreantil-¢ substituida por tma produstg Acstinada &satislagho das nessa socials © nls 8 troca. E esta elagio fundamental entre valor © produ: tg mercantl que Engels exlica numa cara ewviada S'Kautaky em 30 de Setembro de Tash ‘Nesta ‘carta, depois de criti Rovibertus, quo con- siderava. 0 capital como seterno», Engels atscenta “Tu farce 0 mesmo com 0 vulor. [Segundo pensas GB.) oar acu i proud eran mas depois da abolgao da produgso mercantl tambémn © ‘lor mnudara' isto € valorem st meomo sabsstiia, sé a forma seria modifcads, Mas de facioy 0 talot conden ¢ uma categoria espctfics da produgio er Santile desaparece com cl, do mesmo modo que nio fxisa. antes Arelagio de tiabuino com © frodute, fntes como depoin ds producto mercan, dea de 8 open fb forma dolore On ig formulagko remete para as anlises de O Co pal testament xe ieumo problema enuncido Bor Mary nas duas frases seguintes, que enineiam tna Enaise da forma valor () CE Karl MarsFriedrch |Engols— Brisfe an Bebel, w. Losinech a. Ray tnd anit, Aas ies MancEnatieténine Moscovoleninegrao,, 134, pp. SSS aria eiviads: a Kautsky cm 20-de Stombro de {Uis, Obser: ‘vag: esta pascagom da carta io fol tradursda as Lalrce et He Copjah, Pats, Edom Sovates, De, Tgurando'scarta 33 CALCULO ECONOMICO E FORMAS DE PROPRIEDADE 6 portadares da forga de trabalho (@ classe opera) fes'epropittiny dos mets de produto cla xpitalisa); so, por naturern, relagdes de explora {ase estabslocen com esse fits) que ssbmetem os ro dutos ‘imediatos 0 capital, 0 qual funciona’ sennpre como capital social, sendo o8 capitalists individuats 0s Seas meros agentes, ou, como dia Marx, simples fare Glondrios, ‘0 caricter duplo do trabalho inerente 8 forma mes- cantil de produgao resulta, precisamente, do facto de trabalho parecer ser despendido, exclusivamente, como lun trabalioprivado (o trabalho sconcreto» de um suet to" independents), sendo igualmente um trabuo fee rb osractow ntandagal epro as as condlgdes socials da produgio) de modo que como mercadoriag os produtos'ofo 9 tsultado de fn Sabah toil que set sopuemnay como tele pe OBSERVACAO. A dupla sobreposicao trabalho «privado»/trabalho sconereon’@ rebate “escal[iaba. vabvracion pode sugerir que 0 desaparecimento da contradicao ‘trabalho =privados/trabalho «social» implica, tambem, 9 desapordcimento da contradicd trabalho «conereton) Verabalho eabstvactos. Essa é uma maneiva de imaginar 2 desaparecimento de todas as relacoes de producto ¢, orlanto, de identificar o desaparecimento das relacbes Imercantis com o fim da economia polities. Como jd observdmos (cf. Observacdo, p. $6), 56 verdadeira a afirmaedo de que 0 desaparectmento da contradicao trabalho «privados/traballio “socials deve implicar wma transformacao da forma de manifestagio da contradiao trabaiho sconcretor/trabalho sabstrac- fo»; ¢, portanto, a constituigdo de um espago de repre: a CALCULO ECONOMICO E FORMAS DE PROPRIEDADE sentapio diferente do mercado, No estado actual da pritiea e da teoria ccondmica, perece poder-se afirmar fue esse espago de representagdo diferente é 0 «planon; este «espacos, 0 processo social de produgdo represen: tase sob a figura da sorganizacdo das forcas produtt- ‘ass, © que constitui wma forma espectfica de dissimu laedo ‘das relagées de produgdo. Se bem que ndo ppossamos elaborar, aqui, este ponto, énecessdrio deixar. ‘mos expressa ima observacdo: € dbvio que é preciso distingutr entre 0 «plano» como espaco de representa. {Go no seio do qual vém inserirse relacdes econdmicas 20 «plano» como conjuntos de objectivos e de obriga (es concreras resultando de wna prdtiea econdmica © politica efectiva Devemos atender a que a forma mereadoria dissi- mule a elagio entre os ols caracteres do trabalho 20 ‘mesino tempo que a verte, uma vez que, naquela for. ima, 0 trabalho sprivado» srepresentase como traba- tho. Social. Esta inversio diz’ igualmente respeito. 20 evalor> da forca de trabalho, que se manifesta como valor do trabalho». Como diz Marx: «Esta forma de ianfesiaedo tora invinval = relagdo real ©"mesti, ‘A relacao social, implicita no cardcter duplo do tra- balk, ao mesmo tempo social e privado, ¢ a relagio de produtores.rindependentes» dependendo “uns outros nio como estjeitos», mas como agentes de um processo social de produpio, euja base material & cons Titaida por processos de trabalho assentando sobre determinados melos de. produgio, e que fornscem os pprodutos que servem de tsuportes» a interconexdo dos rocessos de trabalho. ‘A complexidade espectfica da estrutura, de que jé falimos, signitiea que as relagoes entre’ produtores (, K Marx — Le Cepia, 1, p, 2M, Sobre ste onto, ver tabla. Rance Live fe Capa, t 1p. ie segs” ee A «PRESENCA» DAS CATEGORIAS MERCANTIS nen acral cag ee eens ee Sie eee acne dos produtos @ evidente que esta aposigao s6 adguire poe as ee a ane, cae fess eae ideas i Sciam ie cere oe peor st tote dara ance Sear ee cade ae St ee ee igen cee cra duz mercadorias). jie iia pe mean en 0s participantes do processo de troca iigam ‘coisas a Seis teeta a aiete eee emt: fe eo Safari asse atthe ras pion tint tang ae baka fee sari tre ie ine ee eae eee Gea ata cere bese ance ee ae rae ae Src cars Che rome rere deere cifieidade da ideotidade dos contrarios manifestaca na se a er eae Sas ee al eh Be fan Lomein rane 0) Le Copia, tJ 98, tradugio parciaimente revista de es Kepiea Band 1 8g Ne Passa . ao CALCULO FCONOMICO E FORMAS DE PROPRIEDADE uum trabalho social é um trabalho privado. De facto, a complexidade da estrutura pode explicar o facto de lum mesmo elemento estar, simultdneamente, presente fem duas relacoes; uma delas dissimulando a outra © ppodendo tor, para além disso, propriedades inversas da Felagio que dissimula, o que nao Impede, dbviamente, eas duas relagdes setem reals, OBSERVAGAO Partindo do principio de que & correcta a observa ao a pagina 62 inferese dai que 0 modo de producto Socialista deve ter, igualmente, formas. espectfias de Gissimudagdo das relacdes reais—sendo 0 «plano» 0 ‘lugare de manifestapto dessas formas. Se isto acontece, Grcomplexidade especifia das relagdes manifestadas} (dissimladas ‘no. plano requer também wma andlise teérica, A sua ausénen, ou tnsuficiencia, pode implicar lim «feiticiomo do plano. Nesta observagdo € patente o possivel cardeter ideo 1ogico da oposigto «plano/mercado». De facto, quando © plano é epensados nas suas formas de representagdo fnediata aparece como sendo, simultaneamente, 0 €O%- trario ea mesma coisa que 0 mercado, Este tipo de Vdentidade dos contrdrios assinala um pat Ideolegic, © portanto, uma oposiedo ilusdria’e real ao. mesmo tempo. - se: =: 'No interior desse par ideoldgico, © plano parece destmpenhar as «mesma fungoese que o mercado, mas ‘sob oatra formas, E este par ideotdtico que sustenta as teses de Pareto de Barone() sobre a ientidade dos efeitos de wma @ GE, em particular, B. Barone — Le Ministre de Ia Pro- gulion dans un Bint calectiites, Bonomi. Direie dass Gir Rime Colectivates ed: Livaiic Medics, Paris, 9p. 288 “ [A «PRESENGA+ DAS CATEGORIAS MERCANTIS splanificagio perfeitas e de wma «concorréncia perfei ‘a, teses que Se encontram, mais ou menos transforma. das, na obra de alguns economistas dos «paises socia- listas». Voltaremos, posteriormente, a analisar a fungdo que desempenha o par ideoldgica «plano/mercadas, mas Drecisamos, desde ja, de indicar que ele visa soma oatra Aliferenga especifia para além da que pretende mostrar: © que estd em causa ndo é (nem poderia ser) uma dhferenea de formas, yas’ una diterengs de Ringoes Esta ultima é dissimulada pelo par ideologico, que, em definitivo, desempenha wm papel importante nas lutas politcas do periodo de transi¢ao. Alids, operase esta ‘mesma dissimulacdo através da utiizagdo ideoldgica do par wedlculo monetériojedieulo econdiico directon: a este propésit, teremas de analisar, posteriorment, @ Sigiicapto do uso qu & jell, por ceancmistes Sovie. cas e hunigaros (na pista aberta por alguns economis. tas ocidentats)(), em particular do teorema da. du Iidade ©). E evidente que estes desenvolvimentos no nos afas taram dos dois problemas conexos que fundamental mente nos preocupam: © problema da existéncia das ategorias mercantis nas formagbes socials em trans. $e cate caitalame © o soil, ¢0 as elagies Sociais dissimuladas por essas categorias. F, pelo com inirfo, a partir desias observagbes que. podemos, for pla Agus proposgies sobre a dupa exsténla pugs ac pe ee LOLrae as = Se oe ee ere eee oc Poa eee eS eee See nits Shoe Seen eeeeeme Meas pee ete Ene Sice akenmer wake, semen 6s (CALCULO ECONOMICO E FORMAS DE PROPRIEDADE 2) A ciple exitincie dae morcaderis AAs mercadorias sto, simultancamente,objectos «so cialis stle ¢obou spossndo tn valor Nat formas mercantis de produgdo, 0 aypecto prin. ial din poco ¢ de sero ebjrige pasa an talor’€ esta a vazdo por que, nesoas formas, a riqueza parece, sogindo a expressio. de. Marx, como ‘uma tlimensa acumulagao de mereadorlas» (neste caso, © Gardcter de objectos ssoriaimente Wels» 26 tem Int fesse na medida em que Ines permite seram mercado. Hg, sto") predate, objects sposuindo um ‘No'modo de producto socialista (),¢ em oposigfo as formas mercantis de producto, os Produtos nl 80 dlvidos 4. rabalhos «privadosy (em qualquer sentido as palate portant no so destinados 8 roca) este caso, dear do ser, igualmente, «poriadoree> da contradiao trabalho «privados e socials; isto porgue passam ser devidos tm trabalho social: Endo, partic dal, « ‘é constituda por abjectos solalmente dies (ato 6 por cbjectos aptos a Sailsfazerem enecessidades soci, e280 por Uma simensa acumulacio de mereadoriass 'Na andise da Sociedade socaistaplenamente desen volvida (onde domina 0 modo de produgao socalsta & bio, apenas, as relacdes de protiupao’socialistas) 0 fngar central, que na sociedade mercantil era ocupado ( Como diz Marx, logo na primera frase de O Capital @ G'oncicd de smoda de producto sacalety rethete eum bly lrg, craig. pola" dontnao as Porfant go" deve sor confundida nem em‘o conceit de ‘forma de tonsiefo para socalsmos nem com o de sforma: {oes socials gm frandiego ene 0 capitalsmo eo selalianos {Gite fegme dssgna objector conesio) ctr 3 fe a8 ols 30 tea de ab unidades de consumo, ns ome © cure oe 66 [A sPRESENCA+ DAS CATEGORIAS MERCANTIS. pela andlise do valor, deve ser preenchido pela anélise Go que Marx chamott «riqueza Feals, isto 6, valores de uuso.e eefeltos socials dtelss. OBSERVACAO. B possivelmente oportuno lembrar que—em opo- sigdg & riqueza das sociedades onde domina 0 modo de roduedo capitalista —~ Marx designa os valores de uso pelo termo everdadeira riguezas; por exemplo, na Crl- Hique du Programme de Gotha «O trabalho nao 6 jonte de todas as riquezas. A natureza é fonte dos valores de twso (que Sao de facto, e apesar de tudo, a riqueca real!) ng mics medida eh ae © tral, que no pase le mesmo, da expressao de uma forca natural [.1-» () Devemos relacionar esta observacdo de Mars com 0 ‘seguinte texto dos Grundrisse: ‘cA medida que a grande industria se desenvolve, a eriardo da verdadeira riqueta depende menos do tempo de trabalho da qualidade do wabatho (vivo) aliao do que da 2coa0 dos factores pastos erm movintenta ao longo do tempo de trabalho, sendo a propria eficéela dessa acrdo sem comparagdo possivel com o tempo de trabalho amediato que custou produedo desis fact. rex; ela depende em maior grau da nivel geval da cléncia @ dos progressos da tecnologia, ou da aplicacto dessa iéncia @ producto. [...] Avverdadeira riqueza mani festase,prortiriamenie—¢ a. que evela @ grande Industria” como uma enorme desproporcao entre o tempo de trabalho aplicado ¢ 0 seu, produto.» C) Algunas psias diante Marx fez a seuinte obser ‘vapio, que dis dircctameste respelio ao. problema que std na base das nossas reflexoes: «Sendo a verdadetra riqueta a plena capacidade produtiva de todos os indivi © Op cle, B.S. p17 @ Reet hian: © Brmaviese der Kritie dor Poiiche Ob rome, Borin, Diez Verlag, 153, p90; Ocwores, ty. 38 7

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