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- 21 e 22 - Cuidados Paliativos-

- Definição:

Cuidados paliativos são aqueles destinados a pacientes com patologias que


representam risco de vida.
Ou, como define o Instituto Nacional do Câncer (Inca):
“São os cuidados de saúde ativos e integrais prestados à pessoa com doença
grave, progressiva e que ameaça a continuidade de sua vida”.
Esse conjunto de práticas serve para dar maior conforto ao paciente ao longo
do tratamento, além de fornecer suporte aos familiares e cuidadores.
Para tanto, a assistência combina os conhecimentos de uma equipe
multidisciplinar, que pode incluir médicos, psicólogos, profissionais
de enfermagem, nutrição, fonoaudiologia, fisioterapia, assistentes sociais,
entre outros. Os cuidados paliativos não se restringem à fase terminal, podem
ser adotados logo após o diagnóstico da afecção.
O alívio do sofrimento está entre seus principais propósitos, junto ao tratamento
da dor e outros sintomas incômodos.
Durante o acompanhamento contínuo, os profissionais de saúde ainda podem
fazer o diagnóstico precoce de agravos à saúde, evitando complicações
graves.

- Qual a importância dos cuidados paliativos?

Adotar cuidados paliativos é importante porque promove a humanização do


atendimento em consultórios, clínicas e hospitais.
A partir do acolhimento em saúde, é possível ampliar o bem-estar do paciente e,
simultaneamente, oferecer uma rede de apoio aos familiares e cuidadores.
Isso porque as estratégias de cuidados paliativos vão além do aspecto físico e
biológico, sendo baseadas numa visão holística de cada pessoa.
Nesse cenário, as esferas psicológica, social e espiritual também são
contempladas e integradas às rotinas médicas para potencializar seus efeitos
sobre a saúde do paciente.
Segundo descreve o artigo “Cuidados Paliativos: a importância do cuidado, do
conforto e do controle dos sintomas”:
“O objetivo principal não é buscar a cura de forma obstinada e não reflexiva,
mas, sim, cuidar, além da cura, sendo esta possível ou não. É prestar suporte
aos pacientes e familiares, bem como gerenciar complicações frequentes e
sintomas difíceis e a ação conjunta de uma dedicada equipe multiprofissional
atenta às necessidades. A qualidade de vida deve ser uma busca incessante,
devendo estar presente tanto no árduo curso oscilante das doenças crônicas
geradoras de sofrimento como, também, nas doenças graves com prognóstico
desfavorável e na finitude da vida”.
O acesso a esses cuidados melhora a qualidade de vida do paciente,
familiares e cuidadores, disponibilizando ferramentas diferenciadas para o
enfrentamento de doenças graves, crônicas e progressivas.
Portanto, faz sentido entender os cuidados paliativos como instrumentos
de promoção da saúde integral fundamentados no conceito descrito pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), para a qual a saúde é:
“Um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a
ausência de doença ou enfermidade”.

- Quais são os princípios dos cuidados paliativos?

Em vez de protocolos, os cuidados paliativos são fundamentados em


nove princípios.

São eles:

1. Promover o alívio da dor e outros sintomas desagradáveis


2. Afirmar a vida e considerar a morte como um processo normal da vida
3. Não acelerar nem adiar a morte
4. Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente
5. Oferecer um sistema de suporte que possibilite o paciente viver tão
ativamente quanto possível, até o momento da sua morte
6. Oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença
do paciente e a enfrentar o luto
7. Abordagem multiprofissional para focar as necessidades dos pacientes e
seus familiares, incluindo acompanhamento no luto
8. Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da
doença
9. Deve ser iniciado o mais precocemente possível, juntamente com outras
medidas de prolongamento da vida, como a quimioterapia e a
radioterapia, e incluir todas as investigações necessárias para melhor
compreender e controlar situações clínicas estressantes.
Esses princípios foram definidos pela OMS em 1986, e reafirmados na revisão
atual Atlas de Cuidados Paliativos na Terminalidade da Vida.

- Quando são indicados os cuidados paliativos?


]
O critério empregado para indicar a oferta de cuidados paliativos é a presença
de uma doença que ameace a continuidade da vida do paciente.
Significa que nem sempre esse tipo de assistência é destinado a pessoas no fim
da vida, pois pode fornecer suporte emocional e psíquico concomitante a
terapias curativas.
Ou mesmo ao longo do tratamento de manutenção para patologias crônicas, que
pode se estender por vários anos ou até décadas.
Nesse sentido, doenças neurodegenerativas, cardiovasculares e câncer são
exemplos em que há recomendação para os cuidados paliativos.
Assim como patologias congênitas e/ou com avanço progressivo, como
a esclerose múltipla.
Cabe à equipe médica ter um olhar empático para observar quando
as necessidades do doente e familiares não estão sendo supridas pelo
tratamento convencional, e indicar as medidas paliativas.
Em suma, elas podem começar a qualquer momento em que se façam
desejáveis, sendo ofertadas a pessoas de qualquer idade, com qualquer
prognóstico ou condição clínica.

- Tipos de cuidados paliativos:


Os cuidados paliativos envolvem quatro dimensões, que são trabalhadas em
conjunto a fim de proporcionar assistência integral centrada na pessoa – e
não na doença.
Daí a necessidade de que sejam realizados por uma equipe multiprofissional,
permitindo que os saberes se complementem e proporcionem acolhimento ao
paciente.
A assistência pode ser disponibilizada pessoalmente, de maneira remota
(usando uma plataforma de telemedicina) ou híbrida, quando ambas as
modalidades são utilizadas.

- Tipos de cuidados paliativos:


. Cuidados físicos
A esfera física é semelhante a outros formatos de assistência, sendo conduzida
por médicos, profissionais de enfermagem e outros colegas da área da saúde.
Cada um contribui com uma parte do tratamento, que é personalizado para
suprir o que o paciente precisa.
As abordagens podem combinar medicamentos, exercícios de reabilitação,
rotinas para prevenir agravos à saúde, dieta especial etc.
. Cuidados psicológicos
O apoio psicológico faz toda a diferença, especialmente em situações
delicadas vivenciadas por grande parte das pessoas que recebem cuidados
paliativos.
Manter a mente saudável ajuda a enfrentar períodos de crise, perda da
autonomia, desconforto extremo e a ideia de que a morte se aproxima.
Familiares, amigos e cuidadores também se beneficiam do suporte de
profissionais de saúde mental para diminuir o estresse e sobrecarga de
preocupações.

E receber ajuda após a morte do doente, na fase de luto.

. Cuidados espirituais
Fé e espiritualidade também fazem parte dos cuidados paliativos, uma vez que
oferecem conforto e esperança aos pacientes e familiares.
Nesse sentido, é essencial que as crenças do doente sejam respeitadas,
possibilitando que atividades como aconselhamentos e rituais façam parte do
seu dia a dia.
Cuidados sociais
Ainda que o paciente esteja fisicamente fragilizado, é saudável que participe de
reuniões sociais para aumentar o bem-estar.
Refeições em família, jogos com amigos e outros contextos divertidos podem e
devem integrar a rotina, desde que respeitem as limitações do doente.

- Exemplos de cuidados paliativos


Os cuidados paliativos têm como foco o alívio do sofrimento físico e
emocional.
Nesse contexto, um dos exemplos emblemáticos é o combate a qualquer tipo
de dor, seja de intensidade leve, moderada ou severa.
Para tanto, podem ser usados fármacos analgésicos potentes, como
a morfina – principalmente quando a doença se encontra em estágio
avançado.
Também podem ser feitos alongamentos, acupuntura, massagens, ingestão de
chás e outros alimentos com propriedades calmantes e analgésicas.
Diminuir o mal-estar gerado por tratamentos como quimioterapia também se
enquadra entre os cuidados paliativos.
Assim como o respeito às decisões do paciente e a priorização de rotinas
mais confortáveis, que resultem em menor desgaste físico e emocional.
Falando em emoções, muitas pessoas se sentem bem compartilhando sua
experiência em sessões de terapia com o psicólogo, grupos de apoio e rodas
de conversa que abordam assuntos tabus.
Conversar sobre a morte, sofrimento, saudades, legado e detalhes sobre a
própria vivência ajuda a tornar o dia a dia mais leve.

- O que é PPS em cuidados paliativos?


PPS (Palliative Performance Scale) é uma escala que avalia a
funcionalidade do paciente, embasando a indicação de cuidados paliativos.
Criada pela Victoria Hospice Society, a ferramenta ainda tem valor prognóstico
e pode ser usada como critério para avaliação da capacidade de trabalho.
Como explica um estudo publicado na Revista Brasileira de Geriatria e
Gerontologia:
“Essa escala analisa cinco parâmetros: mobilidade, atividade e evidências
de doenças, autocuidado, ingestão e estado de consciência e atribui
valores de 0% a 100%, sendo que 0% significa a morte, 100% que o doente
não possui alteração funcional. A escala PPS avalia cuidados paliativos se o
paciente apresenta escore menor do que 40%”.
A PPS é uma das escalas de referência utilizadas em serviços de saúde para
finalidades específicas, como a iniciação de cuidados paliativos em UTI.

- Como aplicar os cuidados paliativos?


A aplicação dos cuidados paliativos deve ser individualizada para que atenda às
expectativas e necessidades de cada paciente.
Para tanto, é importante seguir os princípios preconizados pela OMS no já citado
Atlas de Cuidados Paliativos na Terminalidade da Vida, junto a normas nacionais
como a Resolução 41/2018.
Ao estabelecer diretrizes para a organização dos cuidados paliativos, à luz dos
cuidados continuados integrados, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS),
o documento reforça pilares como a promoção da qualidade de vida por meio
da melhoria do curso da doença.
Também acrescenta ferramentas como a comunicação sensível e empática,
realizada por meio de três premissas:
• Respeito à autodeterminação do indivíduo
• Promoção da livre manifestação de preferências para tratamento médico
através de diretiva antecipada de vontade (DAV)
• Esforço coletivo em assegurar o cumprimento de vontade manifesta por
DAV.

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