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Notas MQ - Abr2022
Notas MQ - Abr2022
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
Mecânica Quântica
Notas de Aula
Prof. Luis Carlos Malacarne
Maringá, 2016
Prefácio
Estas notas não são de forma alguma uma tentativa de um texto inédito, mas sim,
apenas uma forma de juntar informações obtidas de textos publicados por vários autores.
De uma variedade grande de textos, nos concentramos principalmentes nas três referências
abaixo:
2
Conteúdo
2 Revisão histórica 19
2.1 Experimentos não descritos pela fı́sica clássica . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.1.1 Radiação de Corpo Negro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1.2 Efeito Foto Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1.3 Efeito Compton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2 Contribuições significativas na formulação
da Mecânica Quântica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.2.1 Conceito de Átomo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.2.2 Teoria quântica para os estados atômicos . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2.3 Hipótese de De Broglie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.2.4 Difração de Elétrons . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.2.5 Princı́pio da Incerteza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.2.6 Função de Onda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.3 Operador momento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3
3.3 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4 Estados Quânticos 42
4.1 Um exemplo de caracterização do estado quântico. Princı́pio de sobre-
posição de estados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.1.1 Revisão de espaços vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.1.2 Dependência Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.1.3 Produto escalar, bras e Kets . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.2 Operadores, Observáveis, Auto-Estados e Autovalores . . . . . . . . . . . 45
4.2.1 Medida e preparação de sistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.2.2 Operadores lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.2.3 Operadores adjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.2.4 Auto-estados de um operador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.2.5 Auto-estados como Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.2.6 Representação matricial de um operador . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.2.7 Mudança de Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.2.8 Diagonalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.2.9 Observáveis e completeza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
6 Dinâmica Quântica 75
6.1 Operador Evolução Temporal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
6.2 Auto-estados de Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
6.3 Dependência Temporal dos Valores Médios . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
6.4 Representação de Schrodinger e de Heisemberg . . . . . . . . . . . . . . . . 78
6.5 Oscilador Harmônico Simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
6.6 Equação de Schrödinger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
6.7 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
4
7 Teoria do Momento Angular 89
7.1 Rotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
7.2 Rotação em Mecânica Quântica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
7.3 Auto-valores e Auto-vetores do Momento Angular . . . . . . . . . . . . . . 94
7.4 Elementos de Matriz do Operador Momento Angular . . . . . . . . . . . . 96
7.5 Momento Angular Orbital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
7.6 Harmônicos Esféricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
7.7 Teoria Formal de Adição de Momento Angular . . . . . . . . . . . . . . . . 102
7.8 Adição de Momento-Angular - Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
7.9 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
5
11 Partı́culas idênticas 201
11.1 Sistema de duas partı́culas idênticas não interagentes . . . . . . . . . . . . 202
11.1.1 Forças de Troca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204
11.1.2 Sistema de duas partı́culas e três nı́veis . . . . . . . . . . . . . . . . 208
11.2 Sistema de N partı́culas não interagentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210
11.3 Gás ideal quântico no ensemble microcanônico . . . . . . . . . . . . . . . . 212
11.4 A conexão com a termodinâmica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214
11.4.1 Limite Clássico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
11.5 Operador Densidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
11.5.1 Evolução Temporal do Operador Densidade . . . . . . . . . . . . . 221
11.5.2 Generalização para o Contı́nuo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222
11.5.3 Mecânica Estatı́stica Quântica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222
11.6 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224
6
13.5 Quantização do sistema elétron-corda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294
13.5.1 Equações de Movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294
13.5.2 Lagrangeana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295
13.5.3 Hamiltoniana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296
13.5.4 Quantização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296
13.5.5 Expansão com respeito as autofunções . . . . . . . . . . . . . . . . 297
13.6 Partı́culas Relativı́sticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 298
13.7 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 299
7
Capı́tulo 1
8
gração a priori permite determinar essas funções q(t), ou seja, as trajetórias do movimento
do sistema mecânico.
q(t1 ) = P1 , (1.3)
e
q(t2 ) = P2 . (1.4)
Adicionando em q(t) um pequeno múltiplo de uma outra função δq(t), temos
9
Uma vez que a função (1.5) continue a passar pelos mesmos pontos P1 e P2 , aceitamos
que δq(t) é nula nestas posições, assim
Z t2 Z t2 Z t2
∂L ∂L
δI = L(q̇ + δ q̇, q + δq, t)dt − L(q̇, q, t)dt ∼
= δ q̇ + δq dt. (1.10)
t1 t1 t1 ∂ q̇ ∂q
Usando que
∂L d ∂L d ∂L
δ q̇ = δq − δq , (1.11)
∂ q̇ dt ∂ q̇ dt ∂ q̇
ou seja
Z t2 t2 Z t2
∂L ∂L d ∂L
δ q̇ dt = δq − δqdt. (1.12)
t1 ∂ q̇ ∂ q̇ t1 t1 dt ∂ q̇
Levando em conta (1.6) o primeiro termo do lado direito da equação (1.11) é anulado,
consequentemente a equação (1.10) será o mesmo que
Z t2
∼ ∂L d ∂L
δI = − δqdt (1.13)
t1 ∂q dt ∂ q̇
Sabendo que as equações diferenciais desejadas devem ser um valor mı́nimo assumido para
a integral ação, impomos então que a equação anterior seja igual a zero, que é a condição
necessária para um mı́nimo. Logo
Z t2
∂L d ∂L
− δqdt = 0. (1.14)
t1 ∂q dt ∂ q̇
Para que a integral seja nula é suficiente que o integrando seja nulo
10
∂L d ∂L
− = 0. (1.15)
∂q dt ∂ q̇
Caso o sistema mecânico apresente s graus de liberdade as s funções qi (t) devem variar
independentemente. Feita esta consideração
d ∂L ∂L
− = 0, i = 1, 2, ..., s. (1.16)
dt ∂ q˙i ∂qi
Estas são as equações diferenciais procuradas, e constituem as equações de movimento
do sistema, denominadas em Mecânica como equações de Euler-Lagrange. Dessa forma,
ao estabelecermos a função de Lagrange de um sistema mecânico obtemos as relações
entre as coordenadas, as velocidades e as acelerações do sistema dadas pelas equações de
Euler-Lagrange (1.16).
A função de Lagrange para um sistema de pontos materiais que interagem entre si, é
dada por um acréscimo de uma função das coordenadas à equação de Lagrange de um
sistema de partı́culas livres, ou seja
X mj q̇j2
L= − U (qj ), (1.17)
j
2
11
1.1.4 Regras de simetria e leis de conservação.
Há uma correspondência direta entre regras de simetria e certas grandezas que são
conservadas. A simetria é definida como a propriedade de um sistema não se modificar
quando o mesmo é submetido a alguma transformação.
Enunciamos aqui três regras de simetria: a uniformidade do tempo, a homogeneidade
e isotropia do espaço. Da uniformidade do tempo chegamos a conclusão de que a energia
é uma grandeza conservada. Isto é obtido com os seguintes argumentos. A função de
Lagrange para um sistema fechado independe explicitamente do tempo. Sua derivada
total é escrita como
dL X ∂L X ∂L
= q˙i + q¨i . (1.21)
dt i
∂qi i
∂ q˙i
Da equação (1.16) temos que a equação (1.21) fica:
dL X d ∂L
= q̇i , (1.22)
dt i
dt ∂ q˙i
ou
!
d X ∂L
q˙i − L = 0. (1.23)
dt i
∂ q˙i
A derivada sendo nula implica que a grandeza derivada é uma constante, assim
!
X ∂L
q˙i − L = constante (1.24)
i
∂ q˙i
Os sistemas que satisfaçam esta equação são ditos conservativos. Onde esta constante
representa a energia dos mesmos.
Fazendo L = T − U , onde T é a energia cinética e U a energia potencial, usando o
teorema de Euler para funções homogêneas obtemos
X ∂L X ∂T
q˙i = q˙i = 2T. (1.25)
i
∂ q˙i i
∂ q˙i
Das equações (1.24) e (1.25) temos
12
Para um sistema de referência inercial o espaço é isotrópico. Consequentemente as
propriedades mecânicas de um sistema fechado permanecem inalteradas qualquer que
seja a orientação do mesmo, que neste caso resulta na a conservação do momento angular.
O problema consiste em mudar a base do sistema (qi , q˙i , t) para (qi , pi , t). Como
L = L(qi , q˙i , t), então a diferencial de L é
X ∂L X ∂L ∂L
dL = dqi + dq˙i + dt. (1.28)
i
∂qi i
∂ q˙i ∂t
Usando a definição de momento e a equação de Euler-Lagrange, a equação acima se
reduz a
X ∂L X
dL = ṗi dqi + dt.. pi dq̇i + (1.29)
i i
∂t
P P
Escrevendo o segundo termo da equação acima como d( i pi q˙i ) − i q˙i dpi , teremos
X X X ∂L
d(L − pi q˙i ) = ṗi dq − q˙i dpi + dt. (1.30)
i i i
∂t
P
Definindo o hamiltoniano como H = pi q˙i − L teremos
X X ∂L
dH = q˙i dpi − ṗi dqi − dt, (1.31)
i i
∂t
ou seja H = H(qi , pi , t), de modo que a diferencial de H seja
X ∂H X ∂H ∂H
dH = dqi + dpi + dt. (1.32)
i
∂qi i
∂pi ∂t
13
Comparando as equações (1.31) e (1.32), chegamos ao seguinte resultado
∂H
q˙i = , (1.33)
∂pi
e
∂H
ṗi = − . (1.34)
∂qi
As equações (1.33) e (1.34) são as equações de Hamilton. Devido a simetria de sua forma
tais equações são denominadas canônicas.
Tomando a derivada total temporal da função de Hamilton temos
dH X ∂H X ∂H ∂H
= q˙i + ṗi + . (1.35)
dt i
∂qi i
∂pi ∂t
Das equações (1.33) e (1.34) a equação (1.35) fica
dH ∂H
= . (1.36)
dt ∂t
dH
Quando a função de Hamilton não depende explicitamente do tempo, dt
= 0, temos mais
uma vez a lei de conservação da energia.
14
Primeira propriedade:
Segunda propriedade:
{f, c} = 0, (1.41)
onde c é uma constante.
Terceira propriedade:
Quarta propriedade:
Usando que
X ∂f ∂g ∂f ∂g
{f, g} = − , (1.44)
k
∂q k ∂pk ∂p k ∂qk
15
X ∂f
{f, pi } = δki . (1.49)
k
∂qk
Consequentemente,
∂f
{f, pi } = . (1.50)
∂qi
Usando as equações (1.47) e (1.50) prova-se que
{qi , qk } = 0, (1.51)
{pi , pk } = 0, (1.52)
1.3 Probabilidades
Vamos fazer uma breve discussão sobre alguns conceitos básicos da teoria de proba-
bilidade. Considere uma sala contendo N pessoas, sendo N (j) o número de pessoas com
idade j. O número total de pessoas na sala é
X
∞
N= N (j) . (1.54)
j=0
N (j) 1
P (j) = P (15) = . (1.56)
N 14
16
Uma propriedade particular é que a soma
de todas as probabilidades é igual 1, 5
X
∞ 4
P (j) = 1 . (1.57)
de Pessoas
3
j=1
2
o
b) Qual é a idade mais provável? O valor
N
1
mais provável de j é aquele no qual P (j) as-
sume valor máximo, neste caso P (25) = 5/14 0
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
ou seja
X
∞
⟨j 2 ⟩ = j 2 P (j) , (1.60)
j=1
3.5
2.5
(1.3). 1.5
1.0
0.0
17
que nos dá uma medida de como cada elemento se desvia do valor médio.
X
⟨(∆j)2 ⟩ = (j 2 − 2j⟨j⟩ + ⟨j⟩2 )P (j) , (1.62)
j
ou seja
⟨(∆j)2 ⟩ = ⟨j 2 ⟩ − ⟨j⟩2 . (1.63)
Observe que ⟨j 2 ⟩ ≥ ⟨j⟩2 , ou seja a dispersão é positiva definida.
O desvio padrao ou variança σ é dado por
p p
σ = ⟨(∆j)2 ⟩ = ⟨j 2 ⟩ − ⟨j⟩2 . (1.64)
No caso de variável contı́nua, vamos assu-
mir que x possa ter qualquer valor no intervalo
5
−∞ e +∞. Então a forma diferencial
4
ρ(x)dx (1.65) 3
P(x)
nos dá a probabilidade de uma ocorrência cor- 2
Z +∞ x
ρ(x)dx = 1 (1.66)
−∞ Figura 1.3: Distribuição de Probabilidade.
e valor médio Z +∞
⟨f (x)⟩ = f (x)ρ(x)dx . (1.67)
−∞
A probabilidade da ocorrêcia estar num intervalo finito entre a e b é
Z b
Pab = ρ(x)dx . (1.68)
a
1.4 Exercı́cios
18
Capı́tulo 2
Revisão histórica
difração de elétrons e nêutrons por cristais metálicos como se essas partı́culas fossem
ondas de luz (1927 - Davisson and Germer),
Vamos agora descrever alguns dos experimentos nos quais os conceitos clássicos não
eram capazes de explicar os resultados e que foram os impulsos iniciais para o desenvol-
vimento da mecânica quântica.
19
2.1.1 Radiação de Corpo Negro
sendo u(ν) a energia por unidade de volume de frequência ν, conhecida como radiação de
corpo negro, visto a cavidade toda está num processo de equilibrio entre luz absorvida e
luz emitida. Considerando o resultado do eletromagnetismo clássico, podemos escrever
8πν 2
u(ν) = ε̄, (2.2)
c3
sendo ε̄ a energia média de um conjunto de osciladores harmônicos. Considerando a
mecânica estatı́stica clássica,
R −βε
εe dε 1
ε̄ = R −βε = = kB T. (2.3)
e β
ou seja
8πν 2
uRJ (ν) = kB T , (2.4)
c3
sendo kB = 1.38110−16 erg/k a constante de Boltzmann e c a velocidade da luz. Este
resultado clássico somente consegue descrever os resultados experimentais na região de
baixas frequências.
Em 1901, Planck assumiu a hipótese
de que distribuição espectral de energia uHΝL
x200
P −nβε0
1. ´ 10-17
n nε0 e ε0
ε̄ = P = , (2.5) 1 ´ 1014 2 ´ 1014 3 ´ 1014 Ν
ne
−nβε 0 e 0 −1
βε
20
Esta expressão consegue descrever os resultados experimentais para todo o range de
frequências, conforme ilustrado na Fig. 2.1.
Quando uma placa de metal é irradiado por um luz a uma dada frequência, elétrons ab-
sorvem a energia do feixe incidente e são arrancados do material. Observa-se que a energia
cinétida dos elétrons ejetados é independente da intensidade da luz incidente e dependente
da frequência desta, e que existe um frequência mı́nima para o efeito fotelétrico.
No entanto, segundo a teoria ondulatória, quando a intensidade de luz aumenta, a
força que o feixe incidente exerce sobre os elétrons também aumenta, o que não está de
acordo com os resultados experimentais. Verifica-se que quando aumenta a intensidade
aumenta-se o número de elétrons ejetados mas não a energia de cada elétron individual.
Também segundo a teoria ondulatória o efeito fotelétrico devia acontecer para qualquer
frequência.
Os resultados experimentais são completamente entendidos se consideramos os fótons
como partı́culas com energia hν. No processo de choque entre um fóton e um elétron,
se a energia transferida pelo fótons for suficiente para este ser arrancado o elétron será
ejetado, o que explica o corte para frequências baixas. Igualmente com o aumento da
intensidade do feixe, teremos um aumento do número de fótons, porém a quantidade de
energia que cada fóton pode transferir para o elétron permanece fixa, E = hν, o que
explica o aumento do número de eléctrons ejetados com a intensidade do feixe mas não o
aumento da energia de cada elécton individual.
O efeito Compton consiste no espalhamento de luz por elétrons, com alteração tanto na
frequência como na direção de propagação da luz. O fenômeno é compreensivel de maneira
simples, se admitirmos que o feixe da luz é constituı́do por “fotóns”, partı́culas carregando
energia E = hν e momento linear p = ( hν c
)k̂, onde h é uma constante universal, ν a
frequência, c a velocidade da luz e k̂ sua direção de propagação. Aı́ tudo se passa como se
tivéssemos colisões elástica entre os fótons e os elétrons. A dificuldade dessa interpretação
reside, naturalmente em conhecermos outros fenômenos (difração,interferência) que só
podem ser compreendidos imaginando a luz como a propagação de uma ”propriedade”
distribuı́da em uma região do espaço, isto é, de um campo eletromagnético.
21
2.2 Contribuições significativas na formulação
da Mecânica Quântica
Até o século XIX a fı́sica era baseada nos conceitos da mecânica clássica Newtoniana
e nos conceitos da eletrodinâmica. No entanto, no inı́cio do século XX, o acesso experi-
mental a nı́vel atômico demostrou que a mecânica clássica não era capaz explicar vários
fenômenos. O tamanho dos átomos é somente 10−10 metros, de forma que precisamos
cerca de 250 milhões alinhados para obtermos uma polegada.
Em 1911, Rutherford demonstrou que átomo é composto de um núcleo de volume
extremamente pequeno carregado positivamente, e que concentra quase toda a massa do
átomo. Ao redor do núcleo temos os elétrons, com carga negativa, e que orbitam a uma
distância tı́pica em torno de 100 mil vezes maiores que o tamanho do núcleo. Em 1932
Chadwick discobriu que o núcleo era composto por prótons e neutrons.
Se imaginarmos a sala de aula como sendo um átomo, como o tamanho de um átomo
é definida pelas órbitas dos elétrons exteriores, e nessa proporção de 100.000 para 1, então
o tamanho do núcleo seria ainda menor que um grão de areia. Os elétrons estaria em
algum lugar próximo das paredes da sala, andando em órbitas. Desta forma um átomo é
basicamente vácuo, ou seja, nós somos basicamente vácuo. Isso é uma demonstração de
que somos basicamente nada.
O conceito the Rutherford de que o átomo é composto por um núcleo positivo e
elétrons satélites é contraditório com o eletromagnetismo, visto que elétrons circulando
deveria iradiar e assim perder energia e colapsar no núcleo em fração de segundos, de
forma que os átomos não poderia existir.
Esse problema foi contornado quando Niels Bohr em 1913 postulou que o movimento
de elétrons ao redor do núcleo ocorre em órbitas com energia bem definidas, que são
22
claramente separadas umas das outras, e que os elétrons não colapsam no núcleo visto
que os elétrons não podem existir em órbitas não permitidas. No entanto eles podem
pular de uma órbita para outra.
Os estados de energia dos átomos são discretos. Estes estados são caracterizados
por valores discretos do momento angular dados pela relação
I
nh
pθ dθ = nh or L= = nℏ (2.7)
2π
com n inteiro maior que zero. Nestes estados os átomos não irradiam.
Quando um átomo muda sua energia de En para Em , ele emite um fóton (radiação
eletromagnética) com uma frequência
hν = En − Em , (2.8)
23
Figura 2.2: Diagrama do nı́veis de energia do
átomo de H
Note que a constante de Planck h ≈
6.610−34 J/s. Considerando que o com-
primento de onda da luz, λ é igual velo-
cidade da luz dividido pela frequência,
c
λ= ,
ν
de forma que a energia da luz pode ser
escrita como Figura 2.3: Linhas espectrais mais intensas do He
hc
E= .
λ
Ou seja, quanto menor o comprimento de onda maior a energia. Podemos determinar
os nı́veis de energia permitido colocando um conjunto de átomos nos estados excitados
e medido o comprimento de onda irradiado. Isso nos permite contruir o diagrama de
energia dos átomos e com isso determinar as distância das órbitas permitidas (veja na
figura o diagrama dos nı́veis de energia do átomo de Hidrogênio).
Se usarmos um grade de difração podemos observar facilmente os nı́veis de energia de
uma lâmpada de neon ou hélio.
24
2.2.2 Teoria quântica para os estados atômicos
hν = En − Em . (2.10)
e2 (nℏ)2
= , (2.13)
r2 mr3
o que leva a raio da órbita dado por
n 2 ℏ2
rn = . (2.14)
me2
Para estes valores quantizados de r o elétron persiste sem irradiar. O valor da energia
destas órbitas estacionárias é
me4 1
En = − 2 2 . (2.15)
2ℏ n
O valor negativo da energia se refere ao fato de ser um estado ligado. O estado
fundamental do átomo de hidrogênio, n = 1, cujo raio da órbita é conhecido como raio
de Bohr,
ℏ2
r 1 ≡ a0 = 2
= 5.2910−9 cm . (2.16)
me
25
2.2.3 Hipótese de De Broglie
λν = c (2.18)
26
a uma velocidade de 160km/h, tem um comprimento de onda muito pequeno, que é da
ordem de 20 vezes menor que o raio de um elétron, ou seja completamente sem sentido.
Isto mostra que mecânica quântica não afeta o nosso mundo macroscópico. No entanto,
uma consequência maior ocorre se consideramos prótons e elétrons. Se consideramos o
elétron, como massa 10−30 kg, a uma velocidade de 1000m/s, obtemos um comprimento
de onda comparável a luz visı́vel (luz vermelha), a qual pode facilmente se detectada. Em
1926, Schrodinger introduziu a famosa equação de Schrodinger, a qual tornou-se um pilar
da mecânica quântica, e unificou o comportamento de onda e partı́cula para a matéria.
Uma das consequências imediatas
de considerar o comportamento ondu-
latório é o processo de interferência. On-
das podem interferir de forma constru-
tiva ou destrutiva. Veja as figuras (2.4)
e (2.5).
Desta forma, se partı́ıculas se com-
portam como ondas, uma partı́cula pode
interferir com outra de maneira destru-
tiva e se aniquilar? Ou seja, podemos
demonstrar fazendo um experimento de Figura 2.4: Interferência de ondas na água.
interferência e verificar que em certas
posições do espaço as partı́culas desaparecem, apesar da idéia não ser muito intuitiva. Do
ponto de vista clássico, duas partı́culas não podem desaparecer, no entanto, em mecânica
quântica, não temos problemas na interpretação da figura de interferência de partı́culas,
visto que temos a interpretação probabilistica da função de onda.
27
dividida pelo comprimento de onda de raios X
h
p= (2.21)
λ
Portanto, difração é um fenômeno
associado a movimentos coletivos das
partı́culas de um meio ou a variação
“coerente”no valor de alguma “propri- Out[17]=
28
que é difı́cil de compreender. No entanto ele é consistente com todos os experimentos que
podemos fazer. O mesmo princı́pio da incerteza introduzido para o momento e posição é
válido para qualquer conjunto de variáveis complementares como por exemplo, energia e
tempo, componentes do momento angular.
Quando um elétron (ou fóton) possui uma posição bem localizada no espaço o seu
momento não é definido e ele atua como uma partı́cula. Quando o elétron não tem
um posição bem definida, seu momento pode ser definido precisamente. Sobre estas
circunstâncias o caráter ondulatório é manifestado
Vamos ver o que isso significa, com alguns exemplos. Vamos começar pelo exemplo
dado no livro de George Gamow, chamado Mr. Tompkins in Wonderland. O livro é
sobre um sonho. Mr. Tompkins queria entender o mundo quântico e há um professor que
o leva, em seus sonhos, ao longo dos vários notáveis efeitos não intuitivos da mecânica
quântica. E em um desses sonhos, o professor sugere que façamos ℏ = 1. O professor
pega um triângulo de mesa de sinuca e coloca dentro dele um bola de sinuca. A bola
é confinada de forma que sua posição é cerca de 0.3m. Isto significa que o momento é
indeterminado por aproximadamente 3kg m/s. Se considerarmos a bola de bilhar com
a massa de 1kg, a velocidade da bola seria indeterminda, de acordo com o princı́cio de
Heisemberg para ℏ = 1, por aproximadamente 3m/s. Isso significa que a bola estaria
com trajetórias aleatórias dentro do triângulo. Mr. Tompkins pergunta: Podemos pará-
la? Não, é fisicamente impossı́vel, qualquer corpo em um espaço fechado possui certa
quantidade de movimento.
Em fı́sica chamamos isto de movimento de ponto zero, como por exemplo, o movimento
de um elétron dentro de um átomo. Essa é uma idéia extremamente não clássica.
Vamos retornar ao mundo real, com ℏ ≈ 10−34 , e determinar a imprecisão do momento
da bola de bilhar dentro do triângulo. A velocidade agora fica indeterminada por valor
de ≈ 3 × 10−34 m/s. Se nós permitissemos que a bola se movesse com esta velocidade, em
100 bilhões de anos, ela se movimentaria 0.01 diametros de um elétron, o que novemente
é insignificante.
Pensando no átomo de hidrogênio, que tem um diâmetro em torno de 10 −10 , ou seja
o elétron está confinado a uma incerteza na posição de ∆x ≈ 10−10 , o que significa que
o momento do elétron fica indeterminado, de acordo com o princı́pio de Heisenberg, em
∆p ≥ ℏ/∆x ≈ 10−24 kg m/s. Considerando a massa do elétron me ≈ 10−30 kg, isso nos
dá uma indeterminação na velocidade
∆p
∆v = ≈ 106 m/s ,
m
que é em torno de 1/3 da velocidade da luz. Desta forma o elétron está em movimento
porque está confinado, ou seja, movimento do elétron é ditado pela mecânica quântica.
Outra consequência do princı́pio da incerteza está relacionado com o efeito de confina-
mento da luz. Considere que um feixe de laser passe por uma fenda fina (considere a fenda
na plano x − y, e o feixe propangando na direção z). Se considerarmos o feixe composto
29
por fótons, passando individualmente pela fenda de largura de fenda igual ∆x. Desta
forma, quando menor for a largura da fenda, mais precisa é a localização do fóton, o que
pelo princı́pio da incerteza implica num crescimento da incerteza no momento ∆px , o que
significa que, o feixe não segue uma linha estreita, mas sai com um ângulo, justificando o
figura vista na experimento de fenda simples.
| ψ |2 dxdydz (2.23)
nos dá a probabilidade de numa medida encontrar a particula no volume dxdydz ao redor
do ponto x, y, z para um dado tempo t..
A dinâmica para a função de onda ψ(r, t) é dada pela equação de Schrödinger (partı́culas
não relativı́sticas)
∂ψ(r, t) ℏ2 2
iℏ =− ∇ ψ(r, t) + V ψ(r, t) . (2.24)
∂t 2m
Considerando a interpretação probabilı́stica dada pela Eq. (2.23) e a dinâmica dada
pela equação de Schrödinger, temos que ψ(x, t) deve ter algumas propriedades especı́ficas:
ψ(r, t) deve ser complexa;
30
Suponha que eu meça a posição de uma partı́cula e encontre na posição C. Onde
realmente estava a partı́cula antes de eu ter feito a medida?
Posição realı́stica: A partı́cula realmente está em C e a indeterminação reflete a
nossa ignorância. A posição da partı́cula nunca esteve indeterminada, mas mera-
mente não era conhecida do experimentador. (Einstein)
Posição ortodoxa: a partı́cula não estava em lugar nenhum. O ato de medir forçou
a partı́cula para aquela posição. O ato de medir não somente afeta a medida mas
sim produz esta (interpretação de Copenhagen).
Posição agnóstica: Não faz sentido fazer afirmação sobre o status da partı́cula antes
de medir, e a única maneira de conhecer onde a partı́cula esta é fazendo a medida.
É metafı́sica pensar em algo que não pode por sua natureza ser testado. (Pauli)
A partir de 1964, com o trabalho de John Bell demonstrando que faz diferença se a
partı́cula tem uma posição precisa (embora não conhecida) antes de ser medida, o que
elimina a terceira posição e faz como uma questão experimental se 1 ou 2 estão corretas.
Experimentos tem demonstrado que a interpretação de Copenhagen como sendo a mais
correta, ou seja, a partı́cula não tem uma posição precisa antes da medida, e o ato de
medir cria um particular resultado, limitado somente por peso estatı́stico imposto pela
função de onda.
O que acontece se fizermos uma segunda medida, imediatamente após a primeira? A
medida repetida deve retornar o mesmo resultado, visto que a primeira medida altera
radicalmente a função de onda, de forma que agora ela tem pico em torno de C. A função
de onda colapsa após a medida, mas de acordo com a equação de Schrödinger ela espalha
novamente, de forma que a segunda medida deve ser feita rapidamente para obtermos o
mesmo valor. Desta forma, o ato de medida afeta o sistema.
Se | ψ |2 tem um interpretação probabilistica, e como a partı́cula tem que estar em
algum lugar, Z∞
| ψ(r, t) |2 d3 r = 1 , (2.25)
−∞
ou seja, a função de onde deve ser normalizada.
Suponha que a função de onda é nomalizada para um dado tempo t = 0. Ela per-
mancerá normalizada para qualquer tempo? Vamos usar a equação de Schrödinger (uni-
dimensional por simplicidade) para verificar isto. Temos que
Z Z ∞ Z ∞
d ∞ ∂ ∗ ∂ψ ∂ψ ∗
| ψ(x, t) | dx =
2
| ψ(x, t) | dx =
2
ψ + ψ dx (2.26)
dt −∞ −∞ ∂t −∞ ∂t ∂t
Usando a equação de Schrödinger e sua complexo conjugada
dψ ∗ (r, t) ℏ2 2 ∗
−iℏ =− ∇ ψ (r, t) + V ψ ∗ (r, t) , (2.27)
dt 2m
31
obtemos
Z Z ∞ ∞
d ∞ ∂ iℏ ∗ ∂ψ ∂ψ ∗ iℏ ∗ ∂ψ ∂ψ ∗
| ψ(x, t) | dx =
2
ψ − ψ dx = ψ − ψ
dt −∞ −∞ ∂x 2m ∂x ∂x 2m ∂x ∂x −∞
(2.28)
Mas como ψ deve ir a zero para x = ±∞, senão a função não é normalizável, segue que
Z
d ∞
| ψ(x, t) |2 dx = 0 , (2.29)
dt −∞
O resultado assim, não significa que se medirmos a posição de uma partı́cula várias vezes,
vamos obter o valor médio acima, visto que a primeira medida modifica o estado quântico
da partı́cula e a medida seguinte sera afetada. O que temos é que se medirmos o valor
esperado de um conjunto de partı́culas, todas no mesmo estado inicial ψ, então ⟨x⟩ é o
valor médio obtido como resultado. Ou seja, ⟨x⟩ é uma média de ensemble e não uma
média de medidas repetidas de um mesmo sistema.
Com o passar do tempo ⟨x⟩ muda visto que ψ depende do tempo. A variação de ⟨x⟩
com o tempo é dada por
Z Z ∗
d⟨x⟩ ∂ ∂ψ (x, t) ∗ ∂ψ(x, t)
= x | ψ(x, t) | dx = x
2
ψ(x, t) + ψ (x, t) dx . (2.31)
dt ∂t ∂t ∂t
32
visto que a função de onda se anula em x = ±∞. Fazendo mais uma integração por
partes no segundo termo obtemos
Z
d⟨x⟩ iℏ ∂ψ(x, t)
=− ψ ∗ (x, t) dx , (2.34)
dt m ∂x
Considerando que o valor esperado da velocidade é igual a derivada temporal do valor
esperado da posição,
d⟨x⟩
⟨v⟩ = (2.35)
dt
e trabalhando com o momento p = mv, temos
Z
d⟨x⟩ ∂ψ(x, t)
⟨p⟩ = m = −iℏ ψ ∗ (x, t) dx . (2.36)
dt ∂x
Por exemplo, podemos aplicar a regra acima para operadores tais como energia cinética,
momento angular orbital, etc
p̂2
T̂ = L̂ = r̂ × p̂ . (2.41)
2m
33
2.4 Exercı́cios
34
Capı́tulo 3
Aplicações da Equação de
Shrodinger
35
Substituindo na equação de Schrodinger
∂f (t) ℏ2 ⃗ 2
iℏψn (r) = − ∇ ψn (r) + V (r)ψn (r) f (t). (3.6)
∂t 2m
Como o lado esquerdo só depende de t e o lado direito só depende de r, isto só é possı́vel
se ambos os lados forem igual a uma constante. Desta forma obtemos
∂f (t)
iℏ = En f (t) (3.8)
∂t
e
ℏ2 ⃗ 2
− ∇ ψn (r) + V (r)ψn (r) = En ψu (r). (3.9)
2m
A equação acima é conhecida como equação de Schrodinger estacionária, e que formal-
mente pode ser escrita como
Ĥψn (r) = En ψn (r) . (3.10)
Note que esta é uma equação de auto-valores e auto-estados do operador Ĥ, cujos auto-
estados ψn correpondem a estados com energia bem definida En .
A solução da equação 3.8 é dada por
−iEn t
f (t) = exp , (3.11)
ℏ
A solução geral para a equação de Schrodinger é uma combinação linear das soluções
separáveis para cada particular Eu ,
X
−iEn t
Ψu (r, t) = cu (n)ψn (r) exp . (3.13)
n
ℏ
As constante cu (n) são definidas pela condição inicial Ψu (r, 0) para o problema em questão,
Z
cu (n) = ψn∗ (r)Ψu (r, 0)d3 r. (3.14)
36
Observe que no caso estacionŕio, a densidade de probabilidade
iEn t iEn t
| ψn (r, t) |2 = ψn∗ (r) exp ℏ ψn (r) exp− ℏ =| ψn (r) |2 , (3.15)
Região II: E < V , neste caso T é negativo, ou seja movimento clássico é proibido.
A equação de Schrodinger fica:
′′ 2m
ψ (x) = K22 (x)ψ(x) =⇒ K22 = V (x) − E
ℏ2
37
As soluções gerais para as regiões I e II para o caso do potencial constante são da forma
Continuidade das primeiras derivadas da função de onda nos pontos de retorno (para
o caso de pontencial não singular)
d d
ψI (x) = ψII (x)
dx x=x0 dx x=x0
—————————————————————————————————
Exercı́cio : Mostre a partir da equação de Schrodinger a equação de continuidade da
derivada da função de onda.
—————————————————————————————————
3.3 Exemplos
—————————————————————————————————
Exemplo 1: Poço Quadrado
—————————————————————————————————
—————————————————————————————————
Exemplo 2: Barreira de Potencial
—————————————————————————————————
—————————————————————————————————
Exemplo 3: Potencial Delta
—————————————————————————————————
38
3.4 Exercı́cios
3) Uma partı́cula de massa m está confinada entre duas paredes planas paralelas e
infinitas, separadas por uma distância D. Qual a energia mı́nima da partı́cula?
4) Embora um fator de fase constante geral na função de onda não tem significado
fı́sico, uma fase relativa para os coeficientes da expansão em termos de um base tem
consequências. Por exemplo, considere a função de onda
Ψ(x, 0) = A ψ1 (x) + eiϕ ψs (x) ,
39
Considere agora a mesma partı́cula no poço de potencial
0 |x| > b/2
V (x) = (3.24)
−U |x| < b/2
Verifique que o resultado anterior, concorda com a energia do estado fundamental ligado
no poço acima, quando U → ∞ e b → 0, mantendo U.b = c.
40
11) Usando a equação de Schrodinger estacionária encontre a condição de continuidade
da derivada de Ψ(x), isto é,
d d
ΨI (x) = ΨII (x) . (3.28)
dx x=x0 dx x=x0
41
Capı́tulo 4
Estados Quânticos
Nos capı́tulos anteriores vimos que nem a idéia clássica de “partı́cula puntiforme”,
nem de “campo”parecem adequadas para a descrição da natureza. Assim sendo a noção
de “estado”de um sistema, caracterizado pelas posições e velocidades generalizadas das
partı́culas do sistema, precise de revisão. Devemos esperar também que o significado de
um “estado quântico”seja muito diferente daquele dos estados clássicos. No capı́tulo an-
terior, vimos como trabalhar com o estado quântico na representação das coordenadas e
resolvemos alguns problemas através da aplicação da equação de Schrodinger estacionária.
Neste capı́tulo vamos definir o estado quântico independente da representação e mostrar
como formalmente podemos trabalhar com a mecânica quântica através de uma nova for-
mulação em termos de brakets introduzido por Dirac. Nesta formulação vamos introduzir
uma notação nova para o estado quântico de um sistema - usaremos o sı́mbolo | u⟩, onde
u é um ı́ndice ou rótulo distinguindo os vários estados possı́veis de um sistema.
42
cada fóton do feixe, pois a relação entre as intensidades incidente e transmitida depende
exclusivamente do ângulo (θ) entre o eixo do poları́metro e a direção de polarização e não
da intensidade incidente I0 . Fazendo uma experiência com intensidade fraquı́ssima, cor-
respondendo a um fóton atravessando o poları́metro de cada vez o resultado independe de
I. Então seja | θ⟩ o estado de polarização de cada fóton do feixe. Se o feixe está polarizado
na direção θ = zero, a experiência mostra que I(θ) = I0 , e interpretamos isso como signi-
ficando que o poları́metro é transparente a cada fóton do feixe. Todos os fótons do feixe
atravessam o instrumento. Se o feixe está polarizado na direção θ = 90o , a experiência
mostra que I(θ) = zero, e interpretamos isso como querendo dizer que cada fóton do
feixe incidente é absorvido pelo poları́metro. Nenhum fóton atravessa o instrumento. Se
o feixe está polarizado numa direção 0o ⟨θ⟨90o , a experiência mostra que I(θ) = I0 cos2 θ.
Interpretamos isso dizendo que, numa fração cos2 θ das vezes, os fótons incidentes passam
para o estado | θ = 0o ⟩. A primeira fração atravessa o poları́metro e dá origem ao feixe
transmitido, cuja polarização seria | θ = 0o ⟩. A segunda fração, cujo estado de pola-
rização seria | θ = 90o ⟩, é absorvida no poları́metro. Essa interpretação é inteiramente
inconsistente com uma descrição “determinı́stica”do fenômeno pelas seguintes razões:
Sugere que é impossı́vel medir uma propriedade de um sistema sem afetá-lo mais
ou menos profundamente, e alterar o estado do sistema no próprio ato da medida.
Diz que um estado de polarização arbitrária | θ⟩ “tem em si”, por assim dizer outros
estados muito diferentes. Um estado arbitrário de polarização é uma mistura ou
sobreposição dos estados | θ = 0o ⟩ e | θ = 90o ⟩.
Um estado | u⟩ pode ser somado consigo, mesmo, e isto quantas quisermos logo o
produto α | u⟩, onde α é um número inteiro é outro estado.
Vemos que os estados | u⟩ . tem propriedades que lembram muito os vetores de um espaço
vetorial U.
43
4.1.1 Revisão de espaços vetoriais
Diz-se que uma coleção de objetos {| u⟩} é um “espaço vetorial”se a coleção goza das
seguintes propriedades:
Para cada par | u⟩, | u′ ⟩
– existe um objeto | v⟩ ≡| u⟩+ | u′ ⟩, tal que
| u⟩+ | u′ ⟩ =| u′ ⟩+ | u⟩,
(| u⟩+ | u′ ⟩)+ | u′′ ⟩ = u⟩ + (| u′ ⟩+ | u′′ ⟩);
– Existe um objeto trivial 0 tal que | u⟩ + 0 =| u⟩;
– Para cada | u⟩ existe um objeto | u′ ⟩ tal que | u⟩+ | u′ ⟩ = 0.
Dado um escalar α e um objeto | u⟩, α | u⟩ também pertence á coleção. Dados dois
escalares α e β;
– α(β | u⟩) = (αβ) | u⟩;
– 1 | u⟩ =| u⟩ ,para qualquer | u⟩;
– α(| u⟩+ | u′ ⟩) = α | u⟩ + α | u′ ⟩;
– (α + β) | u⟩ = α | u⟩ + β | u⟩.
É sempre possı́vel achar um conjunto {| j⟩} que além de gerar o espaço U é linearmente
independente - tal conjunto é chamado uma base do espaço. O número de vetores da base
é chamado dimensão do espaço. A escolha da base não é única, mas, dada uma base, cada
vetor | u⟩ fica univocamente caracterizado por n-upla (C1 (u); C2 (u); C3 (u); ...; Cn (u). Os
escalares C1 (u) se chamam ”componentes de | u⟩ na base {| j⟩}”. Se o vetor | u⟩ descreve
o estado ( quântico ) de um sistema fı́sico, suas componentes são chamadas por razões
históricas “funções de ondas”do sistema no estado u.
44
4.1.3 Produto escalar, bras e Kets
Paul Dirac, introduziu uma notação muito conveniente para o produto escalar de dois
vetores | u⟩ e | v⟩
(u, v) = ⟨u | v⟩ (4.2)
Os objetos ⟨u | são os complexos conjugados dos | u⟩. Eles representam a mesma coisa
que os | u⟩ e são conhecidos como “bras”. Para cada “ket”| u⟩ exista um “bra”⟨u | e
vice-versa. Os “bras”e os “kets”têm existências autônomas, e só aparecem juntos, por
enquanto, formando um “braket”. Os “bras”e os “kets”são vetores. Os “brakets”são
escalares, resultando do produto escalar de dois vetores. A combinação linear de um
“bra”com um “ket”não é definida. Como a quantidade ⟨u | u⟩ nunca é negativa podemos
interpretá-la como a medida do “tamanho”do vetor| u⟩ − mais rigorosamente, a norma
do bra ⟨u | ou do ket | u⟩ é definida por
p
norma de | u⟩ ≡ ⟨u | u⟩ (4.3)
O que diferem os vários estados é a direção dos vetores que os representam. Quando
⟨u | v⟩ = 0, mas ⟨u | u⟩ ̸= 0 e ⟨v | v⟩ ̸= 0 dizemos que | u⟩ e | v⟩ são ortogonais.1
45
um fóton está passando pelo poları́metro. Como vimos, fótons polarizados na direção êz
(estados | 0o ⟩ ) são transmitidos 100% das vezes; fótons polarizados a 90 o são sempre
absorvidos; fótons polarizados a um ângulo θ com o eixo z tem seu estado | θ⟩ alterado
pelo poları́metro, de tal forma a cair, no estado | 0o ⟩, uma fração cos2 θ das vezes. O
importante é observar que, qualquer que seja a natureza do estado inicial de polarização,
só há fótons emergentes no estado | 0o ⟩ . Dizemos que o poları́metro ”prepara” o fóton
no estado de polarização | 0o ⟩. Por outro lado, o poları́metro mede a polarização do
feixe incidente, pois se a intensidade da luz transmitida é igual á incidente, induzimos
que o estado de polarização dos fótons era | 0o ⟩; se a intensidade diminui de α por cento,
sabemos que o estado inicial era | θ⟩, onde cos2 θ = 100 α
, etc. Exceto quando o estado
de polarização dos fótons incidentes é | 0 ⟩ ou | 90 ⟩, a medida tem apenas um caráter
o o
Não é possı́vel prever, em geral, para qual, dentre os estados {| αi ⟩}, o sistema vai
passar ao ser manipulado com a aparelhagem. Se o estado inicial é um dos estados
caracterı́sticos | αi ⟩, o sistema continuará nesse mesmo estado. Assim, se o fóton
estiver no estado caracterı́stico | 0o ⟩ ou | 90o ⟩, ele continuará nesse mesmo estado
após interagir com o poları́metro do nosso exemplo ( sendo transmitido no primeiro
caso, e absorvido no segundo).
46
Podemos, também aplicar operadores aos bras ⟨u | , sendo aı́ convencionado que o
operador é escrito á direita do bra e age da direita para a esquerda. O resultado é
necessariamente outro bra.
A prática mostra que quase todas as operações de medida imagináveis e todas as
operações de medida “elementares”são representáveis por operadores lineares, definidos
pela propriedade
Â(a | u⟩ + b | v⟩) ≡ a | u⟩ + b | v⟩ (4.4)
onde  é o operador e a, b são números escalares. Só nos ocuparemos com operadores
lineares daqui em diante.
Operadores lineares podem ser somados,
Como os bras ⟨a | são, falando vagamente, os complexos conjugados dos kets | a⟩,
ao bra ⟨a |  não corresponde em geral o ket  | a⟩. Definamos pois † , o “operador
adjunto”de Â, como aquele que aplicado ao bra ⟨a | produz o correspondente ao ket  | a⟩;
47
Uma propriedade fundamental do produto escalar é que ⟨c | d⟩ = ⟨d | c⟩∗ , fazendo
| d⟩ ≡ † | a⟩ temos
⟨c | † | a⟩ = ⟨a |  | c⟩∗ (4.14)
Usando a definição de Operadores adjuntos podemos provar que
0̂† = 0; (4.15)
1̂† = 1; (4.16)
(aÂ)† = a∗ † , se a for um escalar; (4.17)
( + B̂)† = † + B̂ † ; (4.18)
(ÂB̂)† = B̂ † † ; (4.19)
† ∗
αij = αji . (4.20)
 | u⟩ = a | u⟩ (4.21)
onde a é algum número ( escalar ). A equação exprime o que está escrito anteriormente:
após aplicação do operador Â, o estado continua o mesmo, exceto talvez, por uma mudança
na norma do vetor | u⟩. Lembremos, no entanto, que todos os vetores com uma mesma
”direção” representam o mesmo estado fı́sico; portanto | u⟩ e a | u⟩ representam o mesmo
estado.
A equação (Â | u⟩ = a | u⟩) é conhecida como equação de autovalores e auto-estados
de um operador. Em geral, não há soluções | u⟩ senão para certos valores do escalar a
caracterı́sticos do operador Â. Chamamos esses valores do escalar a de auto-valores de Â
e os respectivos vetores | u⟩, de autovetores de Â, ou auto-estados .
O conjunto de autovalores de  é chamado espectro de Â. Se cada autovalor an
corresponder um único autovetor, este será denotado por | an ⟩. Portanto o escalar an e o
vetor | an ⟩ satisfazem a equação
 | an ⟩ = an | an ⟩ (4.22)
48
Se a um autovalor an corresponderem vários ( digamos, M ) autovetores linearmente
independentes, estes serão denotados por | an ; m⟩(m = 1, 2...M ). O escalar an e os M
vetores | an ; m⟩ satisfazem a equação
 | an ⟩ = an | an ⟩. (4.24)
fazendo o produto escalar de (4.24) com ⟨an | e o de (4.25) com | an ⟩ e subtraindo, vem
 | an ⟩ = an | an ⟩, (4.27)
Mas o lado esquerdo dá zero , pois † = Â. Como (an − am ) ̸= 0, ⟨an | am ⟩ = 0 , isto é,
| an ⟩ e | am ⟩ são ortogonais.
Como  é linear, é claro que, se | u⟩ satisfazer a equação  | u⟩ = a | u⟩, o vetor
”normalizado” | u′ ⟩ ≡ √|u⟩ também a satisfará. Então existe um conjunto ortonormal
⟨u|u⟩
de autovetores para cada operador hermitiano.
49
4.2.5 Auto-estados como Base
 | an ⟩ = an | an ⟩ . (4.30)
Um estado arbitrário pode ser escrito como combinação linear dos auto-estados de Â
X
| u⟩ = cu (n) | an ⟩ . (4.31)
n
!
X X X
⟨u | u⟩ = ⟨u | | an ⟩⟨an | | u⟩ = | ⟨an | u⟩ |2 = | cu (n) |2 , (4.35)
n n n
50
4.2.6 Representação matricial de um operador
Desta forma temos que ⟨aj | w⟩ e ⟨ai | v⟩ coresponde aos estados | w⟩ e | v⟩ representados
na base {| ai ⟩}, e αji = ⟨aj | Â | ai ⟩ a corresponde a matriz N × N que representa o
operador  na mesma base.
Observe que no caso de operadores ÂB̂, temos
X X
⟨aj | ÂB̂ | ai ⟩ = ⟨aj | Â | ak ⟩⟨ak | B̂ | ai ⟩ = αjk βki . (4.40)
k k
51
O equivalente para o espaço dual,
.
⟨w |= ⟨a1 | w⟩∗ ⟨a2 | w⟩∗ . . . ⟨an | w⟩∗ . (4.44)
ou seja
.
⟨w |= ⟨w | a1 ⟩ ⟨w | a2 ⟩ . . . ⟨w | an ⟩ . (4.45)
de forma que o Braket fica
⟨a1 | v⟩
.
⟨a2 | v⟩
⟨w | v⟩ = ⟨a1 | w⟩∗ ⟨a2 | w⟩∗ ∗
. . . ⟨an | w⟩ .. , (4.46)
.
⟨an | v⟩
52
momento angular que está relacionado a não comutatividade de suas componentes. Desta
forma os auto-estados de uma componente não são auto-estados simultâneo das outras
duas componentes. Usualmente escolhemos como base para tratar toda dinâmica de spin
os auto-estados do operador Ŝz 3 . Nesta base temos os auto-estados {| Sz ; +⟩z , | Sz ; −⟩z }
correspondendo às projeções up e down. Por simplicidade vamos simplificar a notação,
utilizando | Sz ; +⟩z =| +⟩ e| Sz ; −⟩z =| −⟩4 . Nesta base satisfaz a relação
Ŝz | an ⟩ = an | an ⟩ , (4.53)
com os auto-valores an = ±ℏ/2. Usando a relação de completeza
X X
Ŝz = | an ⟩⟨an | Ŝz | am ⟩⟨am | (4.54)
n m
X
= | an ⟩⟨an | Ŝz | am ⟩⟨am | (4.55)
n,m
53
Vamos agora verificar como ficam as representações matriciais destes operadores na
base dos auto-estados de Ŝz :
. ⟨+ | Ŝz | +⟩ ⟨+ | Ŝz | −⟩ ℏ 1 0
Ŝz = = , (4.63)
⟨− | Ŝz | +⟩ ⟨− | Ŝz | −⟩ 2 0 −1
Observe que na base dos próprios auto-estados o operador Ŝz é representado por uma
matriz diagonal. Esta é uma propriedade geral de operadores, de forma que dizemos
que diagonalizar uma representação matricial de um operador é equivalente a obter a
representação deste na base dos seus auto-estados.
A representação dos operadores Ŝ+ e Ŝ− na base dos auto-estados de Ŝz fica
. ⟨+ | Ŝ+ | +⟩ ⟨+ | Ŝ+ | −⟩ 0 1
Ŝ+ = =ℏ , (4.64)
⟨− | Ŝ+ | +⟩ ⟨− | Ŝ+ | −⟩ 0 0
. ⟨+ | Ŝ− | +⟩ ⟨+ | Ŝ− | −⟩ 0 0
Ŝ− = =ℏ . (4.65)
⟨− | Ŝ− | +⟩ ⟨− | Ŝ− | −⟩ 1 0
Observe que neste caso a matrizes que representam os operadores Ŝ+ e Ŝ− não são dia-
gonais.
Os auto-estados de Ŝz nesta mesma base ficam dados por6
. ⟨+ | +⟩ 1
| +⟩ = = . (4.66)
⟨− | +⟩ 0
e
. ⟨+ | −⟩ 0
| −⟩ = = . (4.67)
⟨− | −⟩ 1
Exercı́cio: Usando a relação Ŝ± = Ŝx ± iŜy e os resultados acima, encontre a repre-
sentação matricial para os operadores Ŝx e Ŝy na base dos auto-estados de Ŝz .
—————————————————————————–
Considere dois conjuntos de auto-estados {| a⟩} e {| b⟩} que podem se usados como
base (bases de mesmas dimensões).
Teorema: Dado dois conjuntos de base, ambos satisfazendo ortonormalidade e com-
pleteza, existe um operador unitário Û tal que
| bi ⟩ = Û | ai ⟩ com Û † Û = 1. (4.68)
6
Na representação matricial as relações de ortonormalidade e completeza dos os auto-estados são
facilmente verificadas.
54
Prova: Suponha Û dado por
X
Û = | bk ⟩⟨ak | (4.69)
k
logo, XX X
Û † Û = | al ⟩⟨bl | bk ⟩⟨ak |= | ak ⟩⟨ak |= 1. (4.70)
k l k
Para o operador
 | al ⟩ = al | al ⟩, (4.71)
multiplicando por Û pela esquerda e introduzindo o operador unitário Û † Û = 1, temos
Û ÂÛ † Û | al ⟩ = al Û | al ⟩ (4.72)
Â′ | bl ⟩ = al | bl ⟩, (4.73)
isto é, o estado | bl ⟩ é auto-estado do operador Â′ = Û ÂÛ † , com P o mesmo auto-valor al .
No caso da representação matricial temos, o operador Û = i | bi ⟩⟨ai | na base {| a⟩}
X
Ûkl = ⟨ak | Û | al ⟩ = ⟨ak | bi ⟩⟨ai | al ⟩ = ⟨ak | bl ⟩. (4.74)
i
P Os coeficientes de um estado geral | u⟩, ou seja, cu (i) = ⟨ai | u⟩, tal que | u⟩ =
i cu (i) | ai ⟩, ficam na nova base,
X X
c′u (i) = ⟨bi | u⟩ = ⟨bi | ak ⟩⟨ak | u⟩ = ⟨ai | Û † | ak ⟩⟨ak | u⟩, (4.75)
k k
ou seja X †
c′u (i) = Uik cu (k). (4.76)
k
—————————————————————————–
Exemplo: Sistema de Spin 1/2
Na base dos auto-estados de Ŝz , temos7
. 1 . 0 . ℏ 1 0
| Ŝz ; +⟩z = | Ŝz ; −⟩z = Ŝz = , (4.77)
0 1 2 0 −1 Ŝz
7
Aqui usaremos a notação {| Â; a⟩z } para denotar a base onde o operador Ŝz é diagonal e {| Â; a⟩x }
para denotar a base onde o operador Ŝx é diagonal
55
Da mesma forma poderı́amos ter escolhido um base onde o operador Ŝx fosse diagonal.
O operador unitário que faz a mudança para a base onde Ŝx é diagonal é dado por
. 1 1 1
Ûz→x = √ (4.78)
2 1 −1
Usando o operador Ûz→x , podemos fazer a mudança de base facilmente. Por exemplo,
os auto-estados de Ŝz na base dos auto-estados de Ŝx são dados por8
. 1 1 1 1 1 1
| Ŝz ; +⟩x = Ûz→x | Ŝz ; +⟩z = √ =√ (4.79)
2 1 −1 0 2 1
ou seja
1 h i
| Ŝz ; +⟩x = √ | Ŝz ; +⟩z + | Ŝz ; −⟩z (4.80)
2
e
. 1 1 1 0 1 1
| Ŝz ; −⟩x = Ûz→x | Ŝz ; −⟩z = √ =√ (4.81)
2 1 −1 1 2 −1
ou seja
1 h i
| Ŝz ; −⟩x = √ | Ŝz ; +⟩z − | Ŝz ; −⟩z (4.82)
2
Da mesma forma, o operador Ŝz na base dos auto-estados de Ŝx fica
†
Ŝz = Ûz→x Ŝz Ûz→x (4.83)
ou seja
. 1 1 1 ℏ 1 0 1 1 1 ℏ 0 1
Ŝz = √ √ = (4.84)
2 1 −1 2 0 −1 Ŝz 2 1 −1 2 1 0 Ŝx
—————————————————————————–
4.2.8 Diagonalização
56
Para verificarmos isto, consideremos a equação de auto-valores e auto-vetores,
B̂ | u⟩ = λ | u⟩ . (4.85)
ou seja X
(Bnm − λδnm ) ⟨am | u⟩ = 0 . (4.88)
m
na qual ui = ⟨ai | u⟩, são os elementos do vetor coluna que representa o estado | u⟩ na
base {| an ⟩}. A equação matricial acima representa um sistema de n equações lineares
para n incógnitas, cuja solução não trivial é dada pela relação
—————————————————————————–
Exemplo: Matrizes de Pauli
Considere o caso do operador de spin Ŝz dado pela matriz
. ℏ 1 0
Ŝz = . (4.91)
2 0 −1
A equação de auto-vetores e auto-valores se reduz
ℏ
2
−λ 0 u1
=0. (4.92)
0 − ℏ2 − λ u2
O determinante da matriz acima nos leva a relação
ℏ2 ℏ ℏ
λ −
2
=0 =⇒ λ+ = λ− = − ;. (4.93)
4 2 2
57
Para o auto valor λ+ , voltando para a relação matricial
0 0 u1(+)
=0. (4.94)
0 −ℏ u2(+)
| u1(+) |2 + | u2(+) |2 = 1
| u1(−) |2 + | u2(−) |2 = 1
—————————————————————————–
Exemplo: Auto-valores e auto-vetores
Ache os auto-valores e auto-vetores para a matriz
0 1
M= (4.98)
1 0
−λ 1
det | Mij − δij λ |= . (4.99)
1 −λ
58
Para λ1 = 1:
−1 1 a1
=0 (4.102)
1 −1 a2
o que nos fornece a1 = a2 . Usando a normalização
| a1 | 2 + | a2 | 2 = 1 2 | a1 | 2 = 1 , (4.103)
Para λ2 = −1:
1 1 b1
=0 (4.105)
1 1 b2
o que nos fornece b1 = −b2 . Usando a normalização
| b1 | 2 + | b2 | 2 = 1 2 | b1 | 2 = 1 , (4.106)
—————————————————————————–
59
abstrato, deixando em aberto a questão de como, dado o estado, extrair informações
sobre os resultados numéricos de uma medida. Isso é o objeto dos vários postulados que
enunciaremos.
POSTULADO 3.1. Seja uma aparelhagem de medida Â. Os possı́veis resultados
numéricos de medidas são os autovalores do operador Â. Se o resultado de uma particular
medida é o número an , o sistema emerge da aparelhagem no auto-estado | an ⟩.
POSTULADO 3.2. Os vários estados finais | an ⟩, em que um sistema pode emergir de
aparelhagem experimental Â, são tais que o estado inicial do sistema é uma superposição
desses possı́veis estados finais.
POSTULADO 3.3. Se o efeito da aparelhagem  de medida for desprezı́vel ( os
casos corretamente descritos pela fı́sica clássica se enquadram todos aqui ), ou se um
grande número de medidas forem feitas em sistemas idênticos preparados num mesmo
estado inicial | u⟩, o valor numérico médio da medida feita pelo aparelho  será dada por
⟨u | Â | u⟩.
POSTULADO 3.4. Aparelhos de medida da vida real são representados por operadores
hermitianos.
A justificativa para esse postulado é muito simples: só operadores hermitianos têm
autovalores garantidamente reais. Para obter as partes real e imaginária de um hipotético
autovalor complexo, seriam necessárias duas medidas. Como sabemos que, em geral, a
operação de medir altera o estado do sistema, um resultado complexo não tem significado
como valor de medida num estado do sistema.
POSTULADO 3.5 Todo operador hermitiano possuindo um conjunto completo de
autovetores representa um aparelho de medida possı́vel em princı́pio de ser construı́do.
Tais operadores são chamados “observáveis”.
O spin dos elétrons e dos núcleos é um bom exemplo de operador hermitiano possuindo
conjunto completo de autovetores, que, apesar de ser puramente “abstrato”no sentido de
não ser equivalente clássico, é altamente “observável- é responsável por todos os fenômenos
magnéticos da matéria.
Tomemos um estado geral | u⟩, que pode ser escrito como
X
| u⟩ = cu (n) | an ⟩ (4.108)
n
com Pcu (n) = ⟨an | u⟩ com os elementos da base {| an ⟩} satisfazendo a relação de comple-
teza n | an ⟩⟨an |= 1̂.
Quando uma medida de  é feita em | u⟩, o sistema vai para um dos auto-estados do
observável Â, ou seja, após a medida particular an o sistema colapsa no correspondente
estado | an ⟩. O valor esperado de  com respeito ao estado inicial arbitrário é dado por
XX
⟨Â⟩ = ⟨u | Â | u⟩ = ⟨u | am ⟩⟨am | Â | an ⟩⟨an | u⟩. (4.109)
n k
60
Visto que | an ⟩ são auto-estados de Â, isto é ⟨am | Â | an ⟩ = an δnm , temos
X X
⟨Â⟩ = an | ⟨an | u⟩ |2 = an | cu (n) |2 , (4.110)
n n
sendo an o auto valor medido e | cu (n) |=| ⟨an | u⟩ |2 a probabilidade de medir o valor
particular an .
———————————————————————————
Exercı́cio: Usando a definição ∆ =  − ⟨Â⟩, onde ⟨Â⟩ é o valor médio do operador
 num certo estado fı́ısico, e a desigualdade de Schwarz
⟨u|u⟩⟨v|v⟩ ≥ |⟨u|v⟩|2
4.3 Exercı́cios
b) Prove que o comutador das matrizes de Pauli pode ser escrito como
61
4) Mostre que é sempre possı́vel escrever qualquer matriz 2X2 como uma combinação
linear de I, σx ,σy e σz , isto é, sempre existem a0 , ax , ay e az tais que
a b
= a0 I + ax σ x + ay σ y + az σ z , (4.114)
c d
[Â, [B̂, Ĉ]] + [B̂, [Ĉ, Â]] + [Ĉ, [Â, B̂]] = 0. (4.116)
62
c) Qual a probabilidade de, em uma medida de L̂ encontrarmos um valor igual a zero?
11) a) Considere dois kets |u⟩ e |v⟩. Suponha que ⟨a|u⟩, ⟨a′ |u⟩, ⟨a′′ |u⟩... e ⟨a|v⟩, ⟨a′ |v⟩, ⟨a′′ |v⟩...
são todos conhecidos, onde {|a⟩} formam um conjunto completo da base ket. Ache a ma-
triz do operador |u⟩⟨v| nesta base.
b) Considere agora um sistema de spin 1/2 e tome |u⟩ e |v⟩ sendo |Sz = ℏ/2⟩ e
|Sx = ℏ/2⟩ respectivamente. Escreva a matriz correspondente a |u⟩⟨v| na base onde Sz é
diagonal.
onde
ℏ
Sx = |+⟩⟨−| + |−⟩⟨+|
2
ℏ
Sy = |−⟩⟨+| − |+⟩⟨−|
2
ℏ
Sz = |+⟩⟨+| − |−⟩⟨−| ,
2
e εijk é um tensor totalmente anti-simmétrico normalizado por ε123 = 1.
63
onde a é um número com dimensão de energia. Ache os autovalores e correspondentes
auto-vetores como combinaão linear de |1⟩ e |2⟩.
Sugestão: Use a representação matricial com
1 0
|1⟩ = |2⟩ = . (4.122)
0 1
com a e b reais.
a) O espectro de B̂ é degenerado?
b) Mostre que  e B̂ comutam.
c) Ache os auto-valores e auto-vetores de B̂.
d) Mostre que os auto-vetores de B̂ também são auto-vetores de Â.
64
Capı́tulo 5
porém agora temos que as relações válidas no caso discreto devem ser mudadas. Abaixo
vemos uma tabela com as respectivas correspondências:
65
Discreto Contı́nuo
P R
n |an ⟩⟨an | = I dξ|ξ⟩⟨ξ| = I
P R
|u⟩ = n |an ⟩⟨an |u⟩ |u⟩ = dξ|ξ⟩⟨ξ|u⟩
P R
n | ⟨an |u⟩ |2 = I dξ | ⟨ξ|u⟩ |2 = I
P R
⟨v|u⟩ = n ⟨v|an ⟩⟨an |u⟩ ⟨v|u⟩ = dξ⟨v|ξ⟩⟨ξ|u⟩
e assim temos
Z ∞ Z ∞
⟨u|u⟩ = N
d x⟨u|x⟩⟨x|u⟩ = dN x | ⟨x|u⟩ |2 = 1, (5.4)
−∞ −∞
ou seja, a normalização do estado. Note que pelo fato das componentes dos operadores
posição comutarem, i.é, [x̂i , x̂j ] = 0, podemos escrever o auto-estado simultâneo para as
componentes dos operadores posição em coordenadas cartesianas como | x⟩ = |x, y, z⟩. ,
66
5.2.2 Auto-funções no espaço das posições
com ⟨x′ |x⟩ = δ(x′ − x). Um estado fı́sico pode ser expandido como
Z
|u⟩ = dx|x⟩⟨x|u⟩, (5.6)
com o coeficiente
|⟨x|u⟩|2 dx (5.7)
interpretado como a probabilidade de encontrar a partı́cula entre x e x + dx.
O produto escalar ⟨x|u⟩ é o que é usualmente chamado de função de onda Ψu (x),
Z
⟨v|Â|u⟩ = dxdx′ Ψ∗v (x)⟨x|f (x̂)|x′ ⟩Ψu (x′ ) (5.11)
Z
= dxdx′ Ψ∗v (x)⟨x|f (x′ )|x′ ⟩Ψu (x′ ) (5.12)
Z
= dx′ dx′′ Ψ∗v (x′ )f (x′ )δ(x − x′ )Ψu (x′ ) (5.13)
Z
= dxΨ∗v (x)f (x)Ψu (x). (5.14)
5.2.3 Translação
67
Vamos definir o operador de tranlação τ̂ (dx) tal que1
ou seja, |x⟩ não é auto-estado de τ̂ (dx). O operador translação satisfaz também as pro-
priedades
Vamos agora ver que o operador τ̂ (dx) escrito como τ̂ (dx) = 1 − ik̂dx, com k̂ hermi-
tiano, satisfaz as propriedades acima se a translação for infinitesimal 2 , ou seja,
ℏ2
⟨(∆x)2 ⟩⟨(∆px )2 ≥ . (5.23)
4
1
Por simplicidade vamos fazer o caso unidimensional, no caso multidimensional a generalização é
trivial.
2
No caso tri-dimensional τ̂ (d⃗x) = 1 − i⃗k.d⃗x = 1 − ik̂x dx − ik̂y dy − ik̂z dz.
3
Na mecânica clássica a transformação,
⃗ = ⃗q + d⃗q
Q P⃗ = p⃗
68
Uma translação finita pode ser escrita como o produto de N translações infinitesimais,
N
px ∆x px ∆x
τ (∆x) = lim 1 − i = exp −i , (5.24)
N →∞ Nℏ ℏ
Temos
p̂∆x
τ̂ (∆x)|u⟩ = 1−i |u⟩ (5.25)
ℏ
Z
= dx τ̂ (∆x)|x⟩⟨x|u⟩
Z
= dx |x + ∆x⟩⟨x|u⟩ (5.26)
Do mesmo modo que trabalhamos na base {|x⟩}, podemos trabalhar na base {|p⟩}.
Seja a base {|p⟩} tal que
p̂|p⟩ = p|p⟩, (5.34)
com ⟨p|p′ ⟩ = δ(p − p′ ). Qualquer vetor de estado pode ser escrito em termos da base dos
momentos, Z
|u⟩ = dp|p⟩⟨p|u⟩. (5.35)
Se |u⟩ é normalizado
Z Z
⟨u|u⟩ = dp⟨u|p⟩⟨p|u⟩ = dp|Φu (p)|2 = 1. (5.37)
70
Da condição de normalização
Z
′
⟨x|x ⟩ = dp⟨x|p⟩⟨p|x′ ⟩
Z
ip(x − x′ )
= |N | 2
dp exp
ℏ
′
= 2πℏ|N | δ(x − x ).
2
(5.41)
√
Escolhendo N real e positivo, N = 1/ 2πℏ, obtemos
1 ipx
⟨x|p⟩ = √ exp . (5.42)
2πℏ ℏ
Desta forma podemos passar da base das coordenadas para a base dos momentos e
vice-versa usando as transformadas
Z
Ψu (x) = ⟨x|u⟩ = dp ⟨x|p⟩⟨p|u⟩
Z
1 ipx
= √ dp exp Φu (p), (5.43)
2πℏ ℏ
e
Z
Φu (p) = ⟨p|u⟩ = dx ⟨p|x⟩⟨x|u⟩
Z
1 −ipx
= √ dx exp Ψu (x). (5.44)
2πℏ ℏ
71
————————————————————————————————-
Exemplo: Paconte de Onda Gaussiano
O pacote de onda Gaussiano no espaço das posições é dado por
1 x2
⟨x | u⟩ = √ exp ikx − 2 . (5.45)
π 1/4 d 2d
O valor experado de x̂ é
Z ∞
⟨x̂⟩u ≡ ⟨u | x̂ | u⟩ = dxdx′ ⟨u | x⟩⟨x | x̂ | x′ ⟩⟨x′ | u⟩ . (5.46)
−∞
72
Da mesma forma para p̂2 que com a representação do operador momento na repre-
sentação das coordenadas
Z ∞ 2
′ ′ 2 ∂
⟨u | p̂ | u⟩ =
2
dx ⟨u | x ⟩ (−iℏ) 2
⟨x′ | u⟩ , (5.54)
−∞ ∂x
ou seja, usando o pacote Gaussiano
2 Z ∞ 2
ℏ ℏ
⟨u | p̂ | u⟩ =
2
+ℏ k
2 2
dx | ⟨x | u⟩ | =
2
+ℏ k .
2 2
(5.55)
2d2 −∞ 2d2
Logo
ℏ2
⟨(∆p)2 ⟩ = ⟨p̂2 ⟩ − ⟨p̂⟩2 = , (5.56)
2d2
Levando a relação de incerteza
ℏ2
⟨(∆x) ⟩⟨(∆p) ⟩ =
2 2
, (5.57)
4
ou seja, o pacote de onda Gaussiano minimiza a relação de incerteza.
Note que os mesmos resultados podem ser obtidas escrevendo o pacote de onda Gaus-
siano no espaço dos momentos
Z s
1 ipx d (p − ℏk)2 d2
⟨p | u⟩ = √ dx exp − ⟨x | u⟩ = √ exp − . (5.58)
2πℏ ℏ ℏ π 2ℏ
————————————————————————————————-
Obviamente todas as relações, tanto no espaço dos momentos como das coordenadas
podem ser genarilizados para o caso tri-dimensional. Por exemplo a relação de completeza
Z
d3 x | x⟩⟨x |= 1 (5.59)
Z
d3 p | p⟩⟨p |= 1 . (5.60)
fica Z
⟨v | p̂ | u⟩ = d3 x ⟨v | x⟩(−iℏ∇)⟨x | u⟩ (5.62)
ou seja Z
⟨v | p̂ | u⟩ = d3 x ψv∗ (x)(−iℏ∇)ψu (x) . (5.63)
73
5.4 Exercı́cios
1 2
2) a) Calcule os comutadores [Ĥ, r̂] e [Ĥ, p̂] onde Ĥ = 2m
p̂ + V (r̂).
b) Demostre o teorema de Ehrenfest
d 1 d
⟨r̂⟩ = ⟨p̂⟩ ⟨p̂⟩ = ⟨−∇V (r̂)⟩. (5.64)
dt m dt
⟨p′ |F (x̂)|p⟩.
74
Capı́tulo 6
Dinâmica Quântica
Se nós estamos interessados em saber como um sistema fı́sico muda no tempo, podemos
pensar que existe um operador que faz o meu estado fı́sico (ket) evoluir no tempo
|u, t⟩ = Û (t, t0 )|u, t0 ⟩. (6.1)
Como a evolução do sistema só pode depender do intervalo de tempo e não do tempo
inicial (origem do tempo)
Û (t, t0 ) = Û (t − t0 ). (6.2)
Além disto é lógico que
ˆ
Û (0) = I. (6.3)
A condição de que os estados sejam normalizados, ⟨u, t0 |u, t0 ⟩ = ⟨u, t|u, t⟩ = 1, leva a
75
onde Ω̂ faz o papel de constante de proporcionalidade. Assim, lembrando da mecânica
clássica, que a Hamiltoniana era geradora da evolução temporal, Ω̂ = Ĥ/ℏ,
!
Ĥdt
Û (t + dt, t0 ) = Û (t + dt, t)Û (t, t0 ) = I − i Û (t, t0 ) (6.8)
ℏ
ou seja,
Û (t + dt, t0 ) − Û (t, t0 ) i
= − Ĥ Û (t, t0 ), (6.9)
dt ℏ
que no limite dt → 0 leva a equação de Schrodinger para o operador de evolução temporal,
∂
iℏ Û (t, t0 ) = Ĥ Û (t, t0 ) (6.10)
∂t
————————————————————————————————–
Exercı́cio: Verifique que até ordem dt,
.
————————————————————————————————–
Multiplicando a equação (6.10) pela direita pelo ket |u, t0 ⟩, temos
∂
iℏ Û (t, t0 )|u, t0 ⟩ = Ĥ Û (t, t0 )|u, t0 ⟩. (6.11)
∂t
Como |u, t⟩ = Û (t, t0 )|u, t0 ⟩,
∂
|u, t⟩ = Ĥ|u, t⟩.
iℏ (6.12)
∂t
que é a equação de Schrodinger para |u, t⟩.
Da equação de Schrodinger para o operador de evolução temporal, nós temos para o
caso que Ĥ não depende do tempo,
" #
iĤ
Û (t, t0 ) = exp − (t − t0 ) . (6.13)
ℏ
76
6.2 Auto-estados de Energia
ou seja X X
| u, t⟩ = cu (n, t) | n⟩ = cu (n, 0)e−iEn t/ℏ | n⟩ . (6.19)
n n
Vamos ver como fica no caso do sistema evoluir no tempo ( novamente vamos tomar
t0 = 0),
77
⟨B̂⟩t = ⟨u, t|B̂|u, t⟩
= ⟨u, 0|Û † (t, 0)B̂ Û (t, 0)|u, 0⟩
= ⟨u, 0|eiĤt/ℏ B̂e−iĤt/ℏ |u, 0⟩. (6.21)
ou seja, o valor médio de um observável com respeito aos auto-estados da energia não
mudam com o tempo.
————————————————————————————————–
Exercı́cio: Verifique que se |u, 0⟩ é uma superposição dos auto-estados de energia então
X
∗ ′ (En′ − En )t
⟨B̂⟩t = cn cn′ ⟨n|B̂|n ⟩exp −i
n,n ′
ℏ
————————————————————————————————–
⟨v, t|u, t⟩ = ⟨v, t0 |Û † (t, t0 )Û (t, t0 )|u, t0 ⟩ = ⟨v, t0 |u, t0 ⟩. (6.24)
No caso de um operador
78
Representação de Heisemberg: o operador evolui
dÂH ∂ Û † ∂ Û
= ÂS Û + Û † ÂS (6.27)
dt ∂t ∂t
dÂH 1 1
= − Û † Ĥ Û Û † ÂS Û + Û † ÂS Û Û † Ĥ Û , (6.28)
dt iℏ iℏ
ou seja
dÂH
iℏ = [ÂH , Ĥ]. (6.29)
dt
Onde foi usado o fato que ÂH = Û † ÂS Û e que Ĥ comuta com Û . A equação acima é a
equação de evolução dos operadores na representação de Heisemberg 1 .
Vamos agora ver o que acontece com a equação de auto-valores com o tempo. Na
representação de Schrodinger,
ÂS |a⟩S = a|a⟩S , (6.30)
ou seja, como ÂS não muda como o tempo, a base {|a⟩} também não muda com o tempo.
Por outro lado na representação de Heisemberg ÂH (t) = Û † Â(0)Û . Usando o fato que
Û Û † = 1, temos
ÂS Û Û † |a⟩S = a|a⟩S , (6.31)
Multiplicando pela esquerda por Uˆ† , ficamos
Usando a base ket na representação de Heisemberg |a, t⟩H = Û † |a⟩S , ficamos com a
equação de auto-estados na representação de Heisemberg
79
Observe que na representação de Heisemberg, os elementos da base mudam com o
tempo. Assim nós temos que a expansão do estado na representação de Schrodinger
(t0 = 0), X X
|u, t⟩S = |a⟩⟨a|u, t⟩S = cSu (a, t)|a⟩, (6.34)
a a
com cSu (a, t) = ⟨a|u, t⟩S = ⟨a|Û (t, 0)|u, 0⟩. Por outro lado, na Representação de Heisem-
berg X X
|u⟩H = |a, t⟩⟨a, t|u⟩H = cH
u (a, t)|a, t⟩, (6.35)
a a
u (a, t) = ⟨a, t|u⟩H = ⟨a|Û (t, 0)|u⟩H . Lembrando que |u⟩H = |u, t0 = 0⟩S , temos
com cH
cSu (a, t) = cH
u (a, t), (6.36)
ou seja, como era esperado a amplitude de probabilidade é a mesma nas duas repre-
sentações.
————————————————————————————————–
80
Exercı́cio: Verifique as relações (6.39) e (6.40).
————————————————————————————————–
Vamos agora denotar os auto-vetores de N̂ como |n⟩, ou seja,
Desta forma,
Ĥ|n⟩ = (n + 1/2)ℏw|n⟩. (6.42)
Isto significa que que a equação de auto-vetores e auto-valores de Ĥ na base {|n⟩} fica
[N̂ , â] = [↠â, â] = ↠[â, â] + [↠, â]â = −â, (6.44)
e
[N̂ , ↠] = [↠â, ↠] = ↠[â, ↠] + [↠, ↠]â = ↠. (6.45)
Desta forma
N̂ (↠|n⟩) = ([N̂ , ↠] + ↠N̂ )|n⟩ = (n + 1)(↠|n⟩), (6.46)
e
N̂ (â|n⟩) = ([N̂ , â] + âN̂ )|n⟩ = (n − 1)(â|n⟩), (6.47)
ou seja, os estados (↠|n⟩) e (â|n⟩) são auto-estados de N̂ com auto-valores acrescidos ou
decrescidos de 1. Assim, ↠cria um quantum de energia ℏw e â destroi um quantum de
energia ℏw, ou seja
â|n⟩ = c|n − 1⟩ ←→ ⟨n|↠= ⟨n − 1|c∗ (6.48)
tal que
⟨n|↠â|n⟩ = |c|2 . (6.49)
Mas ⟨n|↠â|n⟩ = ⟨n|N̂ |n⟩ = n, o que nos leva, a menos de um fator de fase, que
√
c = n, (6.50)
ou seja √
â|n⟩ = n|n − 1⟩. (6.51)
Igualmente para ↠, temos
tal que
⟨n|â↠|n⟩ = |c′ |2 . (6.53)
81
Mas ⟨n|âaˆ† |n⟩ = ⟨n|N̂ + 1|n⟩ = n + 1, o que nos leva, a menos de um fator de fase, que
√
c′ = n + 1, (6.54)
ou seja √
↠|n⟩ = n + 1|n + 1⟩. (6.55)
É fácil de ver também que n tem que ser positivo, ou seja,
n = ⟨n|N̂ |n⟩ = (⟨n|↠)(â|n⟩) ≥ 0, (6.56)
ou seja, n = 0, 1, 2, 3, .... Assim o estado de menor energia (estado fundamental) para o
OH é
1
E0 = ℏw. (6.57)
2
De (6.51) e (6.55) obtemos
√ √
⟨n′ |â|n⟩ = nδn′ ,n−1 ⟨n′ |↠|n⟩ = n + 1δn′ ,n+1 . (6.58)
Por outro lado podemos inverter a relação entre os operadores x̂, p̂ e â, ↠, tal que
r r
ℏ mℏw †
x̂ = (↠+ â) p̂ = i (â − â), (6.59)
2mw 2
o que nos leva a r
ℏ √ √
⟨n′ |x̂|n⟩ = ( n + 1δn′ ,n+1 + nδn′ ,n−1 ) (6.60)
2mw
e r
mℏw √ √
⟨n′ |p̂|n⟩ = i ( n + 1δn′ ,n+1 − nδn′ ,n−1 ). (6.61)
2
Os auto-estados do oscilador harmônico podem ser construı́dos por sucessivas aplicações
do operador ↠no estado fundamental |0⟩,
|1⟩ = ↠|0⟩
1 (↠)2
|2⟩ = √ ↠|1⟩ = √ |0⟩
2 2
.
.
.
(↠)n
|n⟩ = √ |0⟩. (6.62)
n!
Podemos também usar o método de operadores para obter as auto-funções na repre-
sentação das coordenadas. Temos que
â|0⟩ = 0. (6.63)
82
Na representação das coordenadas
r
mw ip̂
⟨x|â|0⟩ = ⟨x| x̂ + |0⟩ = 0. (6.64)
2ℏ mw
q
ℏ
Ou seja, denotando x0 = mw
, temos
d
x+ x20 ⟨x|0⟩ = 0. (6.65)
dx
d x
Ψ0 (x) = − 2 Ψ0 (x), (6.66)
dx x0
83
Igualmente para p̂2 ,
ℏmw
⟨p̂2 ⟩0 = . (6.71)
2
Como ⟨x̂⟩0 = ⟨p̂⟩0 = 0 temos
ℏ
⟨(∆x̂)2 ⟩0 = ⟨x̂2 ⟩0 = (6.72)
2mw
e que
ℏmw
⟨(∆p̂)2 ⟩0 = ⟨p̂2 ⟩0 = , (6.73)
2
tal que
ℏ2
⟨(∆x̂) ⟩0 ⟨(∆p̂) ⟩0 = .
2 2
(6.74)
4
conhecida como relação de incerteza dos operadores x̂ e p̂.
A evolução temporal para o oscilador harmônico pode ser obtida a partir das equações
de Heisemberg. As equações de Heisemberg para x̂ e p̂ são
dp̂ dp̂
iℏ = [p̂, Ĥ] =⇒ = −mw2 x̂
dt dt
dx̂ dx̂ p̂
iℏ = [x̂, Ĥ] =⇒ = . (6.75)
dt dt m
Usando a definição do operador â, equação (6.38), e as relações acima temos
r
dâ mw p̂
= − iwx̂ = −iwâ, (6.76)
dt 2ℏ m
cuja solução é dada por
â(t) = â(0)e−iwt . (6.77)
†
Igualmente para o operador â ,
↠(t) = ↠(0)eiwt . (6.78)
Usando agora as relações inversas entre x̂, p̂ e â, ↠, temos
r r
ℏ ℏ
x̂ = (↠+ â) =⇒ x̂(t) = ↠(0)eiwt + â(0)e−iwt
r2mw r 2mw
mℏw † mℏw †
p̂ = i (â − â) =⇒ p̂(t) = i â (0)eiwt − â(0)e−iwt , (6.79)
2 2
o que nos leva a
p̂(0)
x̂(t) = x̂(0) cos wt + sin wt
mw
p̂(t) = −mwx̂(0) sin wt + p̂(0) cos wt, (6.80)
que são equivalentes as soluções clássicas do Oscilador Harmônico.
84
6.6 Equação de Schrödinger
ψu (x, t) = ⟨x | u, t⟩ , (6.81)
e o operador Hamiltoniano
p̂
Ĥ = + V (x̂) . (6.82)
2m
Se o potencial só depende de x, temos
p̂
5) Para o Hamiltoniano Ĥ = 2m + V (x̂):
a) Calcule [x̂(t), x̂(0)], usando a representação de Heisemberg quando V (x̂) = 0.
b) Calculando [[Ĥ, x̂], x̂] e usando que [[Ĥ, x̂], x̂] na representação de energia pode ser
escrito como
⟨a|Ĥ x̂x̂|a⟩ − 2⟨a|x̂Ĥ x̂|a⟩ + ⟨a|x̂x̂Ĥ|a⟩ (6.98)
86
prove que
X ℏ2
|⟨a′ |x̂|a⟩|2 (Ea − Ea′ ) = . (6.99)
a
2m
8) Considere a equação
d
iℏ ⟨r̂.p̂⟩ = ⟨[r̂.p̂, Ĥ]⟩ (6.101)
dt
p̂
com Ĥ = 2m + V (r̂), e mostre que para estados estacionários (iℏ dtd ⟨r̂.p̂⟩ = 0) nós temos o
teorema de virial
2⟨T ⟩ = ⟨⃗r.∇V
⃗ ⟩. (6.102)
.
b) Cheque o teorema do Virial.
10) Um sistema de spin 1/2 num campo magnético é descrito pela Hamiltoniana
e
Ĥ = − ⃗
Ŝ.B. (6.103)
mc
87
b) Suponha que o sistema seja caracterizado pelo estado em t0
88
Capı́tulo 7
7.1 Rotação
′
vx vx
vy′ = R vy , (7.1)
′
vz vz
onde R é uma matriz 3X3 satisfazendo RRT = RT R = 1. Por exemplo, considere uma
rotação sobre o eixo z, em um ângulo ϕ no sentido anti-horário no plano xy. É fácil de
verificar
cos ϕ − sin ϕ 0
Rz (ϕ) = sin ϕ cos ϕ 0 . (7.2)
0 0 1
Por outro lado, se a rotação for infinitesimal, a matriz Rz (dϕ) pode ser escrita como
2
1 − dϕ2 −dϕ 0
Rz (dϕ) = dϕ 1 − dϕ2 0 .
2
(7.3)
0 0 1
Se a rotação for infinitesimal mas sobre os eixos x e y temos
1 0 0
Rx (dϕ) = 0 1 − dϕ2 −dϕ ,
2
(7.4)
2
1 dϕ 1 − dϕ2
89
2
1 − dϕ2 0 dϕ
Ry (dϕ) = 0 1 0 . (7.5)
2
−dϕ 0 1 − dϕ2
Usando estas matrizes é fácil de ver que rotações sucessivas sobre eixos diferentes não
comutam, isto é,
0 −dϕ2 0
Rx (dϕ)Ry (dϕ) − Ry (dϕ)Rx (dϕ) = dϕ2 0 0 = Rz (dϕ2 ) − I ̸= 0. (7.6)
0 0 0
onde D̂(R) é um operador que caracteriza a rotação do estado fı́sico no espaço ket (de-
pendendo da dimensão do espaço ket, podemos ter a representação matricial para D(R)).
Do mesmo modo que a translação infinitesimal e a evolução temporal, nós podemos
associar um operador a rotação
Translação ⇒ x → x + dx → p̂x
evolução temporal ⇒ t → t + dt → Ĥ
rotação ⇒ ϕ → ϕ + dϕ → Jˆk ,
90
onde usamos dϕ = ϕ/N . O limite acima nos leva a
" #
Jˆz ϕ
D̂z (ϕ) = exp −i . (7.10)
ℏ
O operador de rotação tem as seguintes propriedades:
Identidade: D̂(R)I = D̂(R)
Fechamento: D̂(R1 )D̂(R2 ) = D̂(R3 )
Inverso: D̂−1 (R)D̂(R) = I
Associatividade: D̂(R1 )[D̂(R2 )D̂(R3 )] = [D̂(R1 )D̂(R2 )]D̂(R3 ) = D̂(R1 )D̂(R2 )D̂(R3 ).
Usando a rotação infinitesimal, temos
1 ˆ ˆ
D̂i (dϕ, )D̂j (dϕ) − D̂j (dϕ)D̂i (dϕ) = − [Ji , Jj ]dϕ2 + O(⌈ϕ∋ ). (7.11)
ℏ2
Em termos das matrizes R, temos
[Jˆi , Jˆj ] = iεijk ℏJˆk , (7.12)
onde εijk é um tensor totalmente anti-simétrico normalizado por ε123 = 1. A equação
acima é conhecida como relação fundamental do momento angular.
Considere então a rotação de um ângulo ϕ sobre o eixo z, ou seja
| u⟩R = D̂z (ϕ) | u⟩, (7.13)
com " #
Jˆz ϕ
D̂z (ϕ) = exp −i . (7.14)
ℏ
Assim o valor esperado de Jˆx no estado rodado
⟨Jˆx ⟩R =R ⟨u | Jˆx | u⟩R = ⟨u | D† (ϕ)Jˆx Dz (ϕ) | u⟩
z (7.15)
depende do cálculo de
" # " #
Jˆz ϕ ˆ Jˆz ϕ
D̂z† (ϕ)Jˆx D̂z (ϕ) = exp i Jx exp −i
ℏ ℏ
2 3
ˆ iϕ ˆ ˆ 1 iϕ ˆ ˆ ˆ 1 iϕ
= Jx + [ Jz , Jx ] + [Jz , [Jz , Jx ]] + [Jˆz , [Jˆz , [Jˆz , Jˆx ]]] + ...
ℏ 2! ℏ 3! ℏ
1 1
= Jˆx − ϕJˆy − ϕ2 Jˆx + ϕ3 Jˆy + ...
2! 3!
1 1
= Jˆx 1 − ϕ + ... + Jˆy ϕ − ϕ + ...
2 3
2! 3!
= Jˆx cos ϕ − Jˆy sin ϕ (7.16)
91
Ou seja
⟨Jˆx ⟩R = ⟨Jˆx ⟩ cos ϕ − ⟨Jˆy ⟩ sin ϕ. (7.17)
Igualmente temos
⟨Jˆy ⟩R = ⟨Jˆy ⟩ cos ϕ + ⟨Jˆx ⟩ sin ϕ, (7.18)
e
⟨Jˆz ⟩R = ⟨Jˆz ⟩, (7.19)
visto que Jˆz comuta com o operador rotação Dz (ϕ). Isto mostra que Dz (ϕ) aplicado ao
estado | u⟩, roda o valor esperado de J⃗ sobre o eixo z num ângulo ϕ, ou seja
X
⟨Jˆk ⟩R = Rkl ⟨Jˆl ⟩, (7.20)
l
com Rkl sendo os elementos da matriz de rotação dada por (7.2). Observe que os valores
médios comportam-se como uma rotação clássica. A relação acima é válida para qualquer
operador de momento angular satisfazendo propriedades de anti-comutação (7.12).
—————————————————————————————————
Exemplo 1 - Representação matricial para spin 1/2
A menor dimensão possı́vel para termos rotação é N = 2. Neste sentido temos o
sistema de spin. Para o caso da rotação de um ângulo ϕ sobre o eixo z, temos1
Igualmente temos
⟨Ŝy ⟩R = ⟨Ŝy ⟩ cos ϕ + ⟨Ŝx ⟩ sin ϕ, (7.22)
e
⟨Ŝz ⟩R = ⟨Ŝz ⟩, (7.23)
ou seja X
⟨Ŝk ⟩R = Rkl ⟨Ŝl ⟩, (7.24)
l
ℏh i
Ŝx = | +⟩⟨− | + | −⟩⟨+ |
2
ℏh i
Ŝy = i | −⟩⟨+ | − | +⟩⟨− |
2
ℏh i
Ŝz = | +⟩⟨+ | − | −⟩⟨− | . (7.25)
2
1
Neste caso o operador de momento angular é o operador de spin Jˆk = Ŝk
92
Na representação matricial para a base dos auto-estados do operador Ŝz temos
. 1 . 0
| +⟩ = | −⟩ = . (7.26)
0 1
[σi , σj ] = 2iεijk σk
{σi , σj } = 2δij
det(σi ) = −1
tr(σi ) = 0.
s 1 s par
Assim o operador de rotação, usando que (σ̂.n̂) = fica
(σ̂.n̂) s ı́mpar
" #
Ŝ.n̂ϕ ϕ ϕ
D̂(n̂.ϕ) = exp −i = cos I − i sin (σ̂.n̂) (7.30)
ℏ 2 2
ou seja
. cos ϕ2 − inz sin ϕ2 (−inx − ny ) sin ϕ2
D̂(n̂.ϕ) = . (7.31)
(−inx + ny ) sin ϕ2 cos ϕ2 + inz sin ϕ2
No caso da rotação no eixo z, temos n̂ = (0, 0, 1), então
!
−i ϕ
. e 2 0
D̂z (ϕ) = iϕ
(7.32)
0 e 2.
93
Usando o resultado acima, podemos definir o operador Dz (ϕ) na base dos auto-estados
de Ŝz como " #
Ŝz ϕ ϕ ϕ
D̂z (ϕ) = exp −i = e−i 2 | +⟩⟨+ | +ei 2 | −⟩⟨− |, (7.33)
ℏ
Jˆ2 | a, b⟩ = a | a, b⟩
Jˆz | a, b⟩ = b | a, b⟩, (7.39)
94
que satisfazem
Jˆz (Jˆ± | a, b⟩) = ([Jˆz , Jˆ± ] + Jˆ± Jˆz ) | a, b⟩ = (b ± ℏ)(Jˆ± | a, b⟩), (7.42)
ou seja, os operadores Jˆ+ (Jˆ− ) fazem os autovalores crescer (decrescer) por uma unidade
de ℏ. Temos também que
visto que b não pode crescer acima de bmax . Igualmente temos para o estado com b = bmin
Mas
Jˆ− Jˆ+ = Jˆx2 + Jˆy2 − i(Jˆy Jˆx − Jˆx Jˆy ) = Jˆ2 − Jˆz2 − hJˆz , (7.50)
então, devido a equação (7.48) e a equação acima, obtemos
95
ou seja, bmax = −bmin , de tal forma que obtemos o limite superior e inferior para b, isto é,
nℏ
bmax = bmin + nℏ ⇒ bmax = . (7.54)
2
Vamos agora definir
bmax n
j= = , (7.55)
ℏ 2
com j inteiro ou semi-inteiro. Desta forma o valor máximo de Jˆz é jℏ,
b = mℏ, (7.58)
96
Assumindo que os auto-estados de Jˆ2 e Jˆz são normalizados, temos
Lembrando que
Jˆ+ | j, m⟩ = C(+)jm | j, m + 1⟩, (7.63)
e a condição de normalização, obtemos
ou ainda p
⟨j ′ , m′ | Jˆ± | j, m⟩ = (j ∓ m)(j ± m + 1)ℏδj ′ j δm′ ,m±1 . (7.67)
No caso do momento angular de spin de uma partı́cula ser zero, o momento angular
total J⃗ se reduz ao momento angular orbital L,
⃗ dado por
L = r ∧ p, (7.68)
satisfazendo (verifique)
97
Usando coordenadas esféricas temos r = rêr e
∂ 1 ∂ 1 ∂
∇ = êr + êθ + êϕ , (7.71)
∂r r ∂θ r sin θ ∂ϕ
nós obtemos
∂ ∂ 1 ∂
⟨r | L̂ | u⟩ = −iℏ (êr × êr )r + (êr × êθ ) + (êr × êϕ ) ⟨r | u⟩ , (7.72)
∂r ∂θ sin θ ∂ϕ
ou
∂ 1 ∂
⟨r | L̂ | u⟩ = −iℏ êϕ − êθ ⟨r | u⟩ . (7.73)
∂θ sin θ ∂ϕ
Agora usando a relação
êr sin θ cos ϕ sin θ sin ϕ cos θ êx
êθ = cos θ cos ϕ cos θ sin ϕ − sin θ êy (7.74)
êϕ − sin ϕ cos ϕ 0 êz
podemos escrever h i
⟨r | L̂ | u⟩ = L̂x êx + L̂y êy + L̂z êz ⟨r | u⟩ . (7.75)
sendo
∂ ∂
L̂x = −iℏ − sin ϕ − cot θ cos ϕ (7.76)
∂θ ∂ϕ
∂ ∂
L̂y = −iℏ cos ϕ − cot θ sin ϕ (7.77)
∂θ ∂ϕ
∂
L̂z = −iℏ (7.78)
∂ϕ
com | r⟩ =| x, y, z⟩ =| r, θ, ϕ⟩.
Igualmente, usando a definição de L̂± = L̂x ± iL̂y , temos
±iϕ ∂ ∂
⟨r | L̂± | u⟩ = −iℏe ±i − cot θ ⟨r | u⟩. (7.79)
∂θ ∂ϕ
Usando a relação L̂2 = L̂2z + 12 (L̂+ L̂− + L̂− L̂+ ) e as equações (7.78) e (7.79), temos
∂ ∂ −iϕ ∂ ∂
⟨r | L̂+ L̂− | u⟩ = −ℏ e
2 iϕ
i − cot θ e −i − cot θ ⟨r | u⟩ (7.80)
∂θ ∂ϕ ∂θ ∂ϕ
−iϕ ∂ ∂ ∂ ∂
⟨r | L̂+ L̂− | u⟩ = −ℏ 2
e −i − cot θ e iϕ
i − cot θ ⟨r | u⟩ (7.81)
∂θ ∂ϕ ∂θ ∂ϕ
98
e
∂2
⟨r | L̂2z | u⟩ = −ℏ2 ⟨r | u⟩ , (7.82)
∂ϕ2
o que leva a relação
1 ∂2 1 ∂ ∂
⟨r | L̂ | u⟩ = −ℏ
2 2
2 2
+ sin θ ⟨r | u⟩. (7.83)
sin θ ∂ϕ sin θ ∂θ ∂θ
Por outro lado, usando que
e que
∂
⟨r | r̂.p̂ | u⟩ = −iℏr ⟨r | u⟩
∂r 2
2 ∂ ∂
⟨r | (r̂.p̂) | u⟩ = −ℏ r
2 2
+r ⟨r | u⟩ (7.85)
∂r2 ∂r
Os dois primeiros termos são a parte radial do laplaciano, o último termo é a parte angular
do laplaciano em coordenadas esféricas3 .
99
com n sendo um número quântico diferente de l e de m que estão ligados ao momento
angular. Quando Ĥ é esfericamente simétrico ele comuta com L̂2 e L̂z .
Como a dependência angular é comum a todo problema com simetria esférica, vamos
isolar a dependência angular e parte radial da função de onda
Sabemos que
L̂z | l, m⟩ = mℏ | l, m⟩, (7.89)
ou seja, multiplcando por ⟨θ, ϕ | e usando (7.78), temos
∂
−iℏ ⟨θ, ϕ | l, m⟩ = mℏ⟨θ, ϕ | l, m⟩ (7.90)
∂ϕ
cuja solução
Ylm (θ, ϕ) ∼ eimϕ . (7.91)
Por outro lado temos que
L̂+ | l, l⟩ = 0, (7.95)
Lembrando que a dependência em ϕ tem a forma eimϕ , equação acima nos leva a solução
100
onde Cl é determinado usando a normalização (7.94), ou seja, temos
r
(−1)l (2l + 1)(2l)!
Cl = . (7.98)
2l l! 4π
⟨θ, ϕ | L̂− | l, m⟩
Ylm−1 (θ, ϕ) = ⟨θ, ϕ | l, m − 1⟩ = p
ℏ (l + m)(l − m + 1)
1 −iϕ ∂ ∂
= p e − + i cot θ Ylm (θ, ϕ). (7.99)
(l + m)(l − m + 1) ∂θ ∂ϕ
Observe que conhecendo a solução para m = mmax = l, podemos por aplicações sucessi-
val obter as outras soluções para Ylm (θ, ϕ). Podemos mostrar que através de aplicações
sucessivas obtemos
s
l
(−1) (2l + 1)(l + m)! −imϕ 1 dl−m
Ylm (θ, ϕ) = l e (sin θ)2l , (7.100)
2 l! 4π(l − m)! m
sin θ d(cos θ) l−m
Observe que independente de m ser positivo ou negativo a parte dependente de θ é [sin θ]|m|
vezes um polinômio em cos θ com a maior potência igual a l− | m |. Para m = 0
r
2l + 1
Yl0 (θ, ϕ) = Pl (cos θ) (7.102)
4π
onde Pl (µ) são os polinômios de Legendre.
—————————————————————————————————
101
Alguns harmn̂icos esféricos:
1
1 2
Y00 =
4π
1 1
1 3 2 1 3 2 x + iy
Y11 = − sin θe = −
iϕ
2 2π 2 2π r
12 12
1 3 1 3 z
Y10 = cos θ =
2 π 2 2π r
12 12
1 3 1 3 x − iy
Y1−1 = sin θe−iϕ =
2 2π 2 2π r
12
5
Y20 = (3 cos2 θ − 1)
16π
12
15
Y2±1 = ± e±iϕ cos θ sin θ
8π
12
15
Y2±2 = ± e±2iϕ sin2 θ (7.103)
8π
—————————————————————————————————
Num sistema realı́stico nós devemos levar em conta, além dos graus de liberdade de
posição e momento, os graus de liberdade relacionados ao momento angular (orbital e de
ˆ
spin). No caso de operador de rotação, que tem a forma exp(−iJ.n̂ϕ/ℏ), se levamos em
consideração o momento orbital e momento de spin, temos
Jˆ = L̂ + Ŝ, (7.104)
Jˆ = L̂ ⊗ Iˆ + Iˆ ⊗ Ŝ, (7.105)
sendo que em
e em
Iˆ ⊗ Ŝ −→ Iˆ é operador identidade no espaço das posições.
102
Visto que L̂ e Ŝ comutam
O
D(R) = Dorb (R) Dspin (R)
! !
L̂.n̂ O Ŝ.n̂
= exp −i ϕ exp −i ϕ . (7.106)
ℏ ℏ
No caso do momento angular orbital
| u⟩ −→| n; l, ml ; s, ms ⟩ (7.107)
são os auto-estados de L̂2 e L̂z com auto-valores ℏ2 l(l + 1) e ℏm, respectivamente. A
parte de spin, | ±⟩ são auto-estados de Ŝ 2 e Ŝz , com auto-valores 3ℏ2 /4 e ±ℏ/2. Ou seja,
podemos escrever os estados como expansão de auto-estados simultâneos 4 de L̂2 , L̂z , Ŝ 2
e Ŝz .
Considere dois momentos angulares Jˆ(1) e Jˆ(2) satisfazendo
[Jˆ(1)i , Jˆ(1)j ] = iℏεijk Jˆ(1)k
[Jˆ(2)i , Jˆ(2)j ] = iℏεijk Jˆ(2)k
[Jˆ(1)i , Jˆ(2)j ] = 0 (7.108)
O operador infinitesimal que afeta ambos os sub-espaços 1 e 2 é escrito como
! ! N N ˆ
Jˆ(1) .n̂ O Jˆ(2) .n (Jˆ(1) I + I J(2) ).n̂
1−i δϕ 1−i δϕ = 1 − i δϕ. (7.109)
ℏ ℏ ℏ
Observe que foram desprezados termos de ordem (δϕ)2 . Podemos assim definir o operador
de momento angular total como
O O
Jˆ = Jˆ(1) I +I Jˆ(2) = Jˆ(1) + Jˆ(2) . (7.110)
No caso de uma rotação finita temos
! !
O Jˆ1 .n̂ O Jˆ2 .n̂
D1 (R) D2 (R) = exp −i ϕ exp −i ϕ . (7.111)
ℏ ℏ
Podemos ver que o momento angular total Jˆ também satisfaz a relação geral de momento
angular5
[Jˆi , Jˆj ] = iℏεijk Jˆk , (7.112)
ou seja, Jˆ deve ser tratado com a mesma álgebra de momento angular de Jˆ(1) e Jˆ(2) .
Para descrevermos o espaço ket para a adição dos momentos angulares Jˆ(1) e Jˆ(2) temos
duas possı́veis possibilidades
4
Podemos escolher em vez dos auto-estados de L̂2 , L̂z , Ŝ 2 e Ŝz , os auto estados de L̂2 , Ŝ 2 , Jˆ2 e Jˆz
como base
5
Mostre a relação (7.112)
103
Auto-kets simultâneos de Jˆ(1)
2
, Jˆ(2)
2
Jˆ(1)z e Jˆ(2)z , denotados por | j1 , j2 ; m1 , m2 ⟩, visto
que estes quatro operadores comutam entre si. Assim temos
Jˆ(1)
2
| j1 , j2 ; m1 , m2 ⟩ = j1 (j1 + 1)ℏ2 | j1 , j2 ; m1 , m2 ⟩ (7.113)
Jˆ(2)
2
| j1 , j2 ; m1 , m2 ⟩ = j2 (j2 + 1)ℏ2 | j1 , j2 ; m1 , m2 ⟩ (7.114)
Jˆ(1)z | j1 , j2 ; m1 , m2 ⟩ = m1 ℏ | j1 , j2 ; m1 , m2 ⟩ (7.115)
Jˆ(2)z | j1 , j2 ; m1 , m2 ⟩ = m2 ℏ | j1 , j2 ; m1 , m2 ⟩. (7.116)
Observe que
[Jˆ2 , Jˆz ] = 0 e [Jˆ2 , Jˆ(1)
2
] = [Jˆ2 , Jˆ(2)
2
]=0 (7.122)
mas
[Jˆ2 , Jˆ(1)z ] ̸= 0 [Jˆ2 , Jˆ(2)z ] ̸= 0. (7.123)
Isto significa que não podemos escolher uma base simultânea para os operadores Jˆ2 , Jˆ(1)z
e Jˆ(2)z . As relações acima são facilmente mostradas visto que podemos escrever 6
Jˆ2 = Jˆ(1)
2
+ Jˆ(2)
2
+ 2Jˆ(1)z Jˆ(2)z + Jˆ(1)+ Jˆ(2)− + Jˆ(1)− Jˆ(2)+ . (7.124)
—————————————————————————————————
Exemplo 3: No caso da soma de dois spins 1/2
Na base onde os operadores Jˆ(1)
2
, Jˆ(2)
2
Jˆ(1)z e Jˆ(2)z são diagonalizados simultaneamente
temos 1 1
1 +2 1 +2
j1 = ⇒ m 1 = j2 = ⇒ m 2 =
2 −2 1
2 − 12
o que nos leva aos estados da base {| j1 , j2 ; m1 , m2 ⟩}
| 1/2, 1/2; +1/2, +1/2⟩
| 1/2, 1/2; −1/2, +1/2⟩
=⇒
| 1/2, 1/2; +1/2, −1/2⟩
| 1/2, 1/2; −1/2, −1/2⟩
6
Verifique as relações (7.122) e (7.123).
104
Por outro lado, caso da base onde os operadores Jˆ2 , Jˆ(1)
2
Jˆ(2)
2
e Jˆz são diagonalizados
simultaneamente temos 0 ≤ j ≤ 1 o que nos leva as possibilidades
j = 0 =⇒ m = 0
1
j = 1 =⇒ m = 0
−1
X
1
N= (2j + 1) = (2j1 + 1)(2j2 + 1) = 4. (7.125)
j=0
—————————————————————————————————
Apesar de termos duas bases simultâneas para o caso de adição de dois momentos
angulares, nós podemos facilmente fazer uma mudança de base usando as relações de
completeza. Isto é X
| j1 , j2 ; m1 , m2 ⟩⟨j1 , j2 ; m1 , m2 |= 1 (7.126)
m1 ,m2
e X
| j1 , j2 ; j, m⟩⟨j1 , j2 ; j, m |= 1, (7.127)
j,m
ou seja X
| j1 , j2 ; j, m⟩ = Cj1 j2 (m1 , m2 ; j, m) | j1 , j2 ; m1 , m2 ⟩, (7.129)
m1 ,m2
onde o coeficiente
105
Usando que Jˆ = Jˆ(1) + Jˆ(2) temos que
Jˆz − Jˆ(1)z − Jˆ(2)z | j1 , j2 ; j, m⟩ = 0. (7.131)
Multiplicando pelo bra ⟨j1 , j2 ; m1 , m2 | temos
⟨j1 , j2 ; m1 , m2 | Jˆz − Jˆ(1)z − Jˆ(2)z | j1 , j2 ; j, m⟩ = 0, (7.132)
ou seja
(m − m1 − m2 )⟨j1 , j2 ; m1 , m2 | j1 , j2 ; j, m⟩ = 0. (7.133)
Com isso temos que Cj1 j2 (m1 , m2 ; j, m) ≡ ⟨j1 , j2 ; m1 , m2 | j1 , j2 ; j, m⟩ é zero a menos que
m = m1 + m2 . (7.134)
Usando o fato que
j2 ≥ j − j1 ≥ −j2 =⇒ j2 + j1 ≥ j ≥ j1 − j2
j1 ≥ j − j2 ≥ −j1 =⇒ j1 + j2 ≥ j ≥ j2 − j1
temos os coeficientes de Clebsh-Gordan também devem se anular a menos que
| j1 − j2 |≤ j ≤ j1 + j2 . (7.135)
Usando isto é fácil de ver que o número de elementos numa base é o mesmo que na
outra, isto é
X
j1 +j2
N= (2j + 1) = (2j1 + 1)(2j2 + 1). (7.136)
j=|j1 −j2 |
Usando as relações de completeza acima e a ação dos operadores Jˆ± podemos, como
veremos mais adiante, determinar (a menos de um sinal) os coeficientes de Clebsch-Gordan
que relacionam as duas bases.
106
7.8 Adição de Momento-Angular - Exemplos
[Ŝ(1)i , Ŝ(1)j ] = iℏεijk Ŝ(1)k [Ŝ(2)i , Ŝ(2)j ] = iℏεijk Ŝ(2)k [Ŝ(1)i , Ŝ(2)j ] = 0, (7.142)
Ŝ 2 | s1 , s2 ; j, m⟩ = s(s + 1)ℏ2 | s1 , s2 ; s, m⟩
Ŝz | s1 , s2 ; s, m⟩ = mℏ | s1 , s2 ; s, m⟩
2
Ŝ(1) | s1 , s2 ; s, m⟩ = s1 (s1 + 1)ℏ2 | s1 , s2 ; s, m⟩
2
Ŝ(2) | s1 , s2 ; s, m⟩ = s2 (s2 + 1)ℏ2 | s1 , s2 ; s, m⟩ (7.143)
2
Ŝ(1) | s1 , s2 ; m1 , m2 ⟩ = s1 (s1 + 1)ℏ2 | s1 , s2 ; m1 , m2 ⟩
2
Ŝ(2) | s1 , s2 ; m1 , m2 ⟩ = s2 (s2 + 1)ℏ2 | s1 , s2 ; m1 , m2 ⟩
Ŝ(1)z | s1 , s2 ; m1 , m2 ⟩ = m1 ℏ | s1 , s2 ; m1 , m2 ⟩
Ŝ(2)z | s1 , s2 ; m1 , m2 ⟩ = m2 ℏ | s1 , s2 ; m1 , m2 ⟩. (7.144)
base {| m1 , m2 ⟩},
.
7
Por simplicidade omitiremos os ı́ndices s1 , s2 de tal forma que | s1 , s2 ; m1 , m2 ⟩ →| m1 , m2 ⟩ e |
s1 , s2 ; j, m⟩ →| j, m⟩
107
base {| j, m⟩},
| 0, 0⟩, | 1, −1⟩, | 1, 0⟩, | 1, 1⟩.
| 1, 0⟩ = C1/2,1/2 (1/2, −1/2; 1, 0) | 1/2, −1/2⟩ + C1/2,1/2 (−1/2, 1/2; 1, 0) | −1/2, 1/2⟩.
p (7.148)
Por outro lado sabemos que Jˆ− | j, m⟩ = (j + m)(j − m + 1) | j, m − 1⟩, e que Jˆ =
Jˆ(1) + Jˆ(2) , desta forma usando que | 1, 1⟩ =| 1/2, 1/2⟩ temos
108
O fato que m = m1 + m2 = −1 =⇒ m1 = m2 = −1/2, desta forma temos
teremos
| 0, 0⟩ = C1/2,1/2 (1/2, −1/2; 0, 0) | 1/2, −1/2⟩ + C1/2,1/2 (−1/2, 1/2; 0, 0) | −1/2, 1/2⟩.
(7.154)
Visto que no caso j = 0 temos que m só pode assumir o valor m = 0, obtemos que
Ŝ(+) | 0, 0⟩ = 0. Usando isto na equação acima
h
Ŝ(+) | 0, 0⟩ = Ŝ1(+) + Ŝ2(+) C1/2,1/2 (1/2, −1/2; 0, 0) | 1/2, −1/2⟩
i
+ C1/2,1/2 (−1/2, 1/2; 0, 0) | −1/2, 1/2⟩ (7.155)
isto é
h i
C1/2,1/2 (1/2, −1/2; 0, 0) + C1/2,1/2 (−1/2, 1/2; 0, 0) | 1/2, 1/2⟩ = 0 (7.156)
o que leva a
C1/2,1/2 (1/2, −1/2; 0, 0) = −C1/2,1/2 (−1/2, 1/2; 0, 0). (7.157)
Além disto, usando a relação de completeza
obtemos que
1 1
C1/2,1/2 (1/2, −1/2; 0, 0) = √ C1/2,1/2 (−1/2, 1/2; 0, 0) = − √ . (7.159)
2 2
109
Com isso determinamos todos os estados da base {| j, m⟩} em termos da base {|
m1 , m2 ⟩}. Resumindo, a relação entre os elementos das duas bases fica
| 1, 1⟩ = | 1/2, 1/2⟩
1 1
| 1, 0⟩ = √ | 1/2, −1/2⟩ + √ | −1/2, 1/2⟩
2 2
| 1, −1⟩ = | −1/2, −1/2⟩
1 1
| 0, 0⟩ = √ | 1/2, −1/2⟩ − √ | −1/2, 1/2⟩. (7.160)
2 2
A seguir vamos fazer um exemplo para o casa da adição de dois momentos orbitais
com l1 = l2 = 1.
—————————————————————————————————
Exemplo 5: Adição de dois momentos angulares l1 = l2 = 1
No caso de dois momentos angulares orbitais temos Jˆ(1) = L̂(1) e Jˆ(2) = L̂(2) , com
l1 = l2 = 1. Desta forma temos
1 1
l1 = 1 =⇒ m1 = 0 l2 = 1 =⇒ m2 = 0 . (7.161)
−1 −1
2
1 1
l = 0 =⇒ m = 0 l = 1 =⇒ m = 0 l = 2 =⇒ m = 0 . (7.162)
−1
−1
−2
Na base | l1 , l2 ; m1 , m2 ⟩ −→| m1 , m2 ⟩
| 1, 1⟩ | 0, 1⟩ | −1, 1⟩
| 1, 0⟩ | 0, 1⟩ | −1, 0⟩ (7.163)
| 1, −1⟩ | 0, −1⟩ | −1, −1⟩
Na base | l1 , l2 ; l, m⟩ −→| l, m⟩
| 0, 0⟩ | 1, −1⟩ | 2, 0⟩
| 1, 1⟩ | 2, 2⟩ | 2, −1⟩ (7.164)
| 1, 0⟩ | 2, 1⟩ | 2, −2⟩
110
Logicamente nas duas bases temos o mesmo número de elementos.
Agora vamos começar a determinar os coeficientes de Clebsch-Gordan. Seguindo o
mesmo procedimento do exemplo anterior, vamos começar pelo elemento com l = lmax e
m = mmax . Assim X
| 2, 2⟩ = | m1 , m2 ⟩⟨m1 , m2 | 2, 2⟩ (7.165)
m1 ,m2
111
Novamente usando o fato que
1 1
L̂− | l = 2, m = 1⟩ = L̂(1)− + L̂(2)− √ | m1 = 0, m2 = 1⟩ + √ | m1 = 1, m2 = 0⟩
2 2
√ 1 h √ √ √ √ i
6 | 2, 0⟩ = √ 2 | 0, 0⟩ + 2 | 1, −1⟩ + 2 | −1, 1⟩ + 2 | 0, 0⟩
2
(7.174)
nos leva a C1,1 (1, 0; 1, 1) = −C1,1 (0, 1; 1, 1). Utilizando a relação de completeza teremos
1 1
C1,1 (1, 0; 1, 1) = √ C1,1 (0, 1; 1, 1) = − √ (7.182)
2 2
112
ou seja,
1 1
| 1, 1⟩ = √ | 1, 0⟩ − √ | 0, 1⟩. (7.183)
2 2
Agora aplicando Jˆ− na equação acima vemos que o estado | j = 1, m = 0⟩ fica
1 1
| 1, 0⟩ = √ | 1, −1⟩ − √ | −1, 1⟩, (7.184)
2 2
ou seja, C1,1 (1, −1; 1, 1) = √1
2
e C1,1 (−1, 1; 1, 1) = − √12 .
Igualmente aplicando Jˆ− na equação acima vemos que o estado | j = 1, m = 0⟩ fica
1 1
| 1, −1⟩ = √ | 0, −1⟩ − √ | −1, 0⟩, (7.185)
2 2
isto é, C1,1 (0, −1; 1, −1) = √12 e C1,1 (−1, 0; 1, −1) = − √12 .
Finalmente para o caso j = 0 que nos leva a única possibilidade para m, que é m = 0
X
| 0, 0⟩ = | m1 , m2 ⟩⟨m1 , m2 | 0, 0⟩. (7.186)
m1 ,m2
m1 = 1, m2 = −1
Neste caso o fato de visto que m == m1 + m2 = 0 =⇒ m1 = 0, m2 = 0 , teremos
m1 = −1, m2 = 1
| 0, 0⟩ = C1,1 (1, −1; 0, 0) | 1, −1⟩ + C1,1 (0, 0; 0, 0) | 0, 0⟩ + C1,1 (−1, 1; 0, 0) | −1, 1⟩ (7.187)
| {z } | {z } | {z }
A B C
isto é
A + B = 0 =⇒ A = −B
⇒ (7.189)
B + C = 0 =⇒ C = −B
Estas últimas relações, junto com as relação de completeza
| A |2 + | B |2 + | C |2 = 1 (7.190)
113
7.9 Exercı́cios
1) Considere o problema de precessão de spin, cuja Hamiltoniana é dada por (no caso
⃗ na direção z)
de B
eB
Ĥ = − Ŝz . (7.192)
mc
a)Use as equações de Heisemberg para achar Ŝx (t), Ŝy (t) e Ŝhz (t). i
b)Veja que o operador de evolução temporal U (t, 0) = exp −i Ĥt ℏ
é o mesmo que o
h i
ˆ
operador de rotação exp −i Jϕ
ℏ
com ϕ → wt, comparando o resultado do exercı́cio acima
com o valor esperado do operador de spin ⟨Ŝk ⟩R .
3) Mostre que
∂ ∂
⟨⃗x | L̂x | u⟩ = −iℏ − sin ϕ − cot θ cos ϕ ⟨⃗x | u⟩, (7.193)
∂θ ∂ϕ
e
∂ ∂
⟨⃗x | L̂y | u⟩ = −iℏ cos ϕ − cot θ sin ϕ ⟨⃗x | u⟩. (7.194)
∂θ ∂ϕ
com |⃗x⟩ = |x, y, z⟩ = |r, θ, ϕ⟩,
e que
1 ∂2 1 ∂ ∂
⟨⃗x | L̂ | u⟩ = −ℏ
2 2
2 2
+ sin θ ⟨⃗x | u⟩, (7.195)
sin θ ∂ϕ sin θ ∂θ ∂θ
onde L̂2 = L̂2z + 12 (L̂+ L̂− + L̂− L̂+ ).
Use que L̂2 = εijk εimn x̂j p̂k x̂m p̂n e que εijk εimn = δjm δkn − δjn δkm .
P OBS: Na notação tensorial acima ı́ndices repitidos são somados, por exemplo, fi fi ≡
i fi fi .
114
a) Ache o número de estados possı́veis do sistema e classifique-os em termos de
j1 , j2 , m1 , m2 e em termos de j1 , j2 , j, m
b) Ache os coeficientes de Clebsh-Gordan associados a estados j1 = 1, j2 = 2 e j = 1.
⃗ ao longo
7) A Hamiltoniana do positronion é no estado 1s, num campo magnético B
do eixo z, numa boa aproximação dada por
eB
Ĥ = AŜ(1) .Ŝ(2) + (S(1)z − Ŝ(2)z ), (7.197)
mc
se todos os estados de alta energia são negligenciados. O elétron é a partı́cula 1 e o pósitron
a partı́cula 2. Use a representação onde Ŝ 2 , Ŝ(1)
2 2
, Ŝ(2) e Ŝz são diagonais e obtenha a matriz
para Ĥ e os respectivos auto-valores.
115
OBS: Use a representação onde Ŝ 2 e Ŝz são diagonais.
11) Um auto estado de momento angular |j, m = mmax = j⟩ é rodado por um ângulo
infinitesimal ϵ sobre o eixo y. Obtenha a expressão para a probabilidade para o novo
estado ser encontrado no esta original, levando em conta termos até ordem ϵ2 .
OBS: Calcule |⟨j, mmax |Dy (ϵ)|j, mmax ⟩|2 usando que Jˆy pode ser escrito em termos de
Jˆ+ e Jˆ− .
12) Considere o sistema do rotor rı́gido composto por duas moléculas de massa M e
separados por uma distância 2a. O momento de inércia do rotor sobre o eixo de rotação
é dado por
I = 2M a2 . (7.201)
Se não temos nenhuma força externa, a energia é puramente cinética e é dada por
L2
E= . (7.202)
2I
L̂2
Ĥ = . (7.203)
2I
Ache os nı́veis de energia do sistema.
p
13) Usando que Ylm=l (θ, ϕ) = Cl eilϕ sinl θ e que L̂− |l, m⟩ = (l + m)(l − m + 1)ℏ|l, m−
1⟩, calcule Y00 , Y11 , Y10 e Y1−1 .
116
Capı́tulo 8
Potencial Central
onde Ylm (θ, ϕ) são os harmônicos esféricos, que são as soluções da parte angular da equação
de Schrodinger com simetria esférica, como vimos no capı́tulo anterior. Lembrando, temos
que as equações de auto-valores para os operadores L̂2 e L̂z é dada por
117
L̂z Ylm (θ, ϕ) = mℏYlm (θ, ϕ). (8.7)
Fazendo a separação de variável, a parte radial satisfaz então a equação
1 d 2 d l(l + 1) 2m
r − + 2 E − U (r) Rnl (r) = 0. (8.8)
r2 dr dr r2 ℏ
obtemos
d2 l(l + 1) 2m
− + 2 E − U (r) χnl (r) = 0. (8.10)
dr2 r2 ℏ
Se a energia potencia U (r) é sempre finita, então função de onda ψ deve ser finita em
todo espaço, incluindo a origem, e em consequência Rnl (r). Disto decorre que
A solução da parte angular, Ylm (θ, ϕ), é determinada pelos valores de l e m. Já a parte
radial é caracterizada pelos valores da energia. Assim a função de onda ψ é determinada
pelos valores En , l e m, ou seja, energia, quadrado do momento angular e sua projeção.
sendo1
l= 0 1 2 3 4 5 6 7
s p d f n h i k
118
Antes de estudar a solução para a parte radial para um potencial explı́cito, vamos
iniciar analisando a solução para Rnl (r) nas proximidades da origem. Vamos partir da
hipótese que h i
2
lim r U (r) = 0, (8.14)
r→0
de tal forma que a equação de Schrodinger radial (8.8) próximo à origem fica
d 2 d
r − l(l + 1) Rnl (r) = 0. (8.15)
dr dr
A solução com s = −(l + 1) não satisfaz a condição de que Rnl (r) é finita na origem, assim
a solução em torno da origem deve ser da forma
0
isto é, se anula próximo a origem tanto mais Veff HrL
0.5 1.0 1.5 2.0
1 d d 2m Figura 8.1: Potencial efetivo
2
r + 2 E − Uef f (r) Rnl (r) = 0,
r2 dr dr ℏ
(8.21)
onde
ℏ2 l(l + 1)
Uef f (r) = U (r) +
. (8.22)
2mr2
O segundo termo é conhecido como barreira de momento angular. No gráfico (8.1) veri-
ficamos explicitamente o comportamento de cada termo do potencial.
119
8.1 Solução da Parte Radial
com os polinômios de Legrendre, Ylm (θ, ϕ), sendo a solução da parte angular. A parte
radial é obtida da equação
ℏ2 d 2 d l(l + 1)ℏ2
− r + Rnl (r) = ERnl (r). (8.24)
2mr2 dr dr 2mr2
ℏ2 k 2
Fazendo a substituição E = 2m
e x = kr, obtemos
d2 2 d l(l + 1)
Rnl (x) + Rnl (x) + 1 − Rnl (x) = 0, (8.25)
dx2 x dx x2
que vem a ser a equação diferencial de Bessel esférica, cuja solução é função de Bessel
esférica Jl (x) ou a função de Newmann Nl (x). Como as funções de Newmann são singula-
res na origem, elas não são apropriadas para a solução da equação de Schrodinger. Desta
forma a solução fisicamente aceitável é
121
8.1.2 Átomo de hidrogênio
122
Visto que χnl tem que se anular para r → ∞ =⇒ B = 0. Desta forma ficamos com a
solução assintótica (ρ → ∞) sendo
ρ
χnl (ρ) ∼ e− 2 (ρ −→ ∞). (8.47)
X
∞
F (ρ) = C i ρi , (8.53)
i=0
[(i + l + 1) − λ]
Ci+1 = Ci . (8.54)
[(i + 1)(i + 2l + 2)]
5
Visto que
d2 χ d 1 (l + 1) ρ d
= − χ+ χ + e− 2 ρl+1 F (ρ)
dρ2 dρ 2 ρ dρ
2
ρ d (2l + 2 − ρ) d 1 l + 1 l(l + 1)
= e− 2 ρl+1 + + − + F (ρ)
dρ2 ρ dρ 4 ρ ρ2
123
Observe que da relação de recorrência acima temos que para i −→ ∞, obtemos
Ci+1 1
∼ . (8.55)
Ci i
Por outro lado, temos que
X
∞ X
∞
ρi ′
Ci+1 i! 1 1
ρ
e = Ci′ ρi = =⇒ ′
= = ∼ . (8.56)
i=0 i=0
i! Ci (i + 1)! i+1 i
que diverge para ρ → ∞. Isto implica que a série de F (ρ) tem que ser truncada, ou seja
iX
max
F (ρ) = C i ρi , (8.58)
i=0
e acima de i = imax temos que Cimax +1 = 0. Com isso a relação de recorrência (8.54) nos
leva
(imax + l + 1) − λ
Ci =0 (8.59)
(imax + 1)(imax + 2l + 2) max
que implica em
λ = imax + l + 1. (8.60)
Como i e l são inteiros temos que λ também será um inteiro. Comumente chamamos λ
como número quântico principal n
n = imax + l + 1. (8.61)
124
sendo Anl uma constante de normalização, imax = n − l − 1 e além disto os coeficientes
Ci satisfazendo a relação de recorrência (8.54).
Os polinômios Fnl (ρ) estão associados aos polinômios de Leguerre, visto que estes
satisfazem a equação difirencial
2
d d
ρ 2 + (q + 1 − ρ) + p Lqp (ρ) = 0, (8.65)
dρ dρ
como6 ρ
ψ(r, θ, ϕ) = (2k) 2 Anl ρl e− 2 Fnl (ρ)Ylm (θ, ϕ)
3
(8.68)
sendo
X
n−l−1
(−1)i [(n + l)!]2 ρi
Fnl (ρ) = L2l+1
n−l−1 (ρ) = , (8.69)
i=0
i!(n − l − 1 − i)!(2l + 1 + i)!
e s
(n − l − 1)! 2Z
Anl = ρ= r. (8.70)
2n[(n + 1)!]3 a0 n
A energia do n−éssimo estado
Z 2R m(Ze2 )2
En = − = − . (8.71)
n2 2ℏ2 n2
Visto que imax ≥ 0 =⇒ l ≤ n − 1 −→ lmax = n − 1, teremos uma degenerecência na
energia dada por
X
n−1
deg(En ) = (2l + 1) = n2 . (8.72)
l=0
125
Figura 8.2: Degenerecência do átomo de H
8.2 Exercı́cios
E −→ ℏ2m k 2 2
L2 −→ ℏ2 l(l + 1) (8.73)
Lz −→ ℏm
reflete o fato que Ĥ, L̂2 e L̂z comutam simultaneamente. Mostre que
126
onde wx e wy são constantes.
a) Ache as auto-funções e auto-valores do oscilador.
b) Discuta a degenerescência quando wx = wy = w0 .
ℏ2 ⃗ 2 ℏ2 ⃗ 2
Ĥ = − ∇1 − − ∇ + V (| ⃗r1 − ⃗r2 |) (8.76)
2m1 2m2 2
5) Uma partı́cula está num potencial esfericamente simétrico num estado Ψ(x, y, z)
dado por
Ψ(x, y, z) = Ce−αr (xy + yz + xz).
2
(8.79)
a) Expresse a função em termos de Ylm .
b) Qual a probabilidade de numa medida de L̂2 obtermos 2ℏ2 ? E o valor 6ℏ2 ?
c) Qual o valor esperado de L̂z nesse estado?
6) Impondo que Z
(L̂± Ylm )† (L̂± Ylm )dΩ⟩0 (8.80)
127
9) Um feixe de N neutrons se propagando esfericamente é dado pela função de onda
sin kr cos kr 3Yl0 (θ, ϕ) + 5Yl−1 (θ, ϕ)
Ψ(⃗r) = 4πi − √ . (8.81)
(kr)2 kr 34
Qual os possı́veis valores de L̂2 e L̂z para esse feixe?
10) Calcule o valor médio da energia, ⟨Ĥ⟩, para o estado fundamental (l = 0) de uma
partı́cula se movendo num potencial V (r) = −Arn (n ≥ −1) usando a função de onda da
forma R(r) = Ae−βr .
OBS: Use que ⟨R(r)|R(r)⟩ = 1 para achar A.
11) Uma partı́cula está confinada numa caixa cúbica de lado L, ou seja
| x | ⟨L/2
V (x, y, x) = 0 se | y | ⟨L/2 , (8.82)
| z | ⟨L/2
e V (x, y, z) = ∞ nos demais pontos.
a) Ache as auto-funções normalizadas.
b) Ache as energias correspondentes e sua degenerescência para os três primeiros
estados.
128
a) Use coordenadas cilı́ndricas e mostre que Ĥ pode ser escrito como Ĥ = Ĥ1 + Ĥ2 ,
onde
ℏ2 ∂ 2 1 ∂ 1 ∂2 eB mω 2 2
Ĥ1 = − + + − L̂ z + ρ (8.87)
2m ∂ρ2 ρ ∂ρ ρ2 ∂ϕ2 2mc 2
e
ℏ2 ∂ 2 mω02 2
Ĥ2 = − + z − eEz, (8.88)
2m ∂z 2 2
2
com mω 2 = mω02 + (eB)4mc2
.
b) Como Ĥ1 , Ĥ2 e L̂z comutam, escreva Ψ(⃗r) = ϕ1 (ρ)ϕ2 (z)e−iM ϕ e mostre que usando
separaçãp de variáveis que a equação de Schrodinger estacionária, ĤΨ(⃗r) = εΨ(⃗r), se
reduz a duas equações diferenciais para ϕ1 (ρ) e ϕ2 (z) dadas por
2
ℏ2 d 1 d M2 mω 2 2 eBℏM
− + − 2 + ρ − ε1 + ϕ1 (ρ) = 0 (8.89)
2m dρ2 ρ dρ ρ 2 2mc
e
ℏ2 d2 mω02 2
− + z − eEz − ε2 ϕ2 (z) = 0, (8.90)
2m dz 2 2
sendo ε = ε1 + ε2 a energia total.
c) Resolva a equação para ϕ2 (z) e mostre que
(eE)2
ε2 = ℏω0 (n + 1/2) − (8.91)
2mω02
129
Capı́tulo 9
Métodos de Aproximação
130
9.1 Método WKB
O método WKB, também conhecido como aproximação semi-clássica, é baseado na ex-
pansão da função de onda em potências de ℏ. A equação de Schrodinger para ψ(⃗r, t)
é
∂ψ(⃗r, t) ℏ2 2
iℏ =− ∇ ψ(⃗r, t) + V (⃗r)ψ(⃗r, t). (9.3)
∂t 2m
Escrevendo a solução ψ(⃗r, t) como
W (⃗r, t)
ψ(⃗r, t) = A exp i , (9.4)
ℏ
∂W (⃗r, t) 1 ⃗ 2 ℏ 2
+ ∇.W (⃗r, t) + V (⃗r) − i ∇ W (⃗r, t) = 0. (9.5)
∂t 2m 2m
No limite clássico (ℏ → 0), o último termo é nulo e a equação acima se reduz a equação
diferencial de Hamilton,
∂W (⃗r, t)
+ H(⃗r, p⃗) = 0 com p⃗ = ∇.W
⃗ (⃗r, t). (9.6)
∂t
Se ψ(⃗r, t) é auto-função da energia, ψ(⃗r, t) = u(⃗r)e−iEt/ℏ , então W (⃗r, t) pode ser escrito
como
W (⃗r, t) = S(⃗r) − Et. (9.7)
Neste caso temos
ψ(⃗r) = AeiS(⃗r)/ℏ (9.8)
e a equação para W (⃗r, t), eq. (9.5), fica
1 ⃗ 2 ℏ 2
(∇S) − [E − V (⃗r)] − i ∇ S = 0. (9.9)
2m 2m
Vamos no momento nos deter no caso uni-dimensional. Neste caso a equação acima
pode ser escrita como
sendo S ′ = dS
dx
. Substituindo uma expansão de S em potências de ℏ,
131
e coletando os coeficientes de mesma potência em ℏ, obtemos o conjunto de equações
ℏS1′ ℏ 1 dp(x)
=
S0′ 2p(x) p(x) dx
132
q q
sendo k1 (x) = − V (x)] e k2 (x) = 2m
2m
ℏ2
[E ℏ2
[V (x) − E], e a constante ±ℏ sendo absor-
vida em A e B.
———————————————————————-
Exemplo - Partı́cula confinada em uma caixa - Suponha um potencial dado por
especı́fica função 0 < x < a
V (x) = (9.19)
∞ outros casos
1
ψ(x) = p [A1 sin ϕ(x) + A2 cos ϕ(x)] (9.21)
p(x)
A condição de que ψ(x) deve ser zero em x = 0 nos leva a A2 = 0. A condição que ψ(x)
deve ser zero em x = a nos leva
Z a
p(x)dx = nπℏ . (9.22)
0
√
No caso que o poço é plano, V (x) = 0, então p(x) = 2mE, e então temos da equação
acima
n 2 π 2 ℏ2
En = . (9.23)
2ma2
A solução acima é facilitada pelo fato da função de onda se anular nas fronteira visto
que o potencial é infinito fora do poço. No caso geral, os pontos de retorno clássico, onde
a aproximação WKB deixa deixa de ser válida (p(x) → 0), necessitam de uma análize
detalhada.
133
Pontos de Retorno
As soluções anteriores obtidas para os casos que E > V (x) e E < V (x) são válidas
para regiões onde o critério de convergência da série seja válido. No entanto, naturalmente
próximo dos pontos de retorno essa condição não é respeitada, de forma que a imposição
de continuidade não é trivial. Uma análise detalhada nos permite contruir fórmulas de
conexão, assumindo que o potencial nos pontos de retorno pode ser aproximado por um
potencial linear. Assumimos próximos aos pontos de retorno a solução para o poten-
cial linearizado e para pontos mais distantes do ponto de retorno as soluções WKB. As
fórmulas de conexão são obtidas ao impormos a continuidade das soluções ao longo de
todo espaço, como veremos a seguir.
Próximo aos pontos de retorno temos V (x) = E + V ′ (x) |x=x0 (x − x0 ), sendo x0 o
ponto de retorno. Isso nos leva a equação de Schrodinger linearizada,
d 2 ψp
= α3 (x − x0 )ψp , (9.24)
dx2
sendo α = [2mV ′ (x) |x=x0 /ℏ2 ]1/3 . Fazendo a mudança de variável
z = α(x − x0 )
obtemos a equação
d 2 ψp
= zψp , (9.25)
dz 2
a qual tem como solução as funções de Airy Ai(z) e Bi(z). A soluções assintóticas para
a função de Airy são dadas por:
a) Para z >> 0
e− 3 z
2 3/2
Ai(z) ≃ √1
2 πz 1/4
2 3/2 (9.26)
Bi(z) ≃ √1
2 πz 1/4
e+ 3 z
b)Para z << 0
Ai(z) ≃ √ 1
sin 23 (−z)3/2 + π4
π(−z)1/4 (9.27)
Bi(z) ≃ √ 1 1/4
π(−z)
cos 32 (−z)3/2 + π4
Considerando a continuidade das soluções assintóticas das funçẽs de Airy com as
soluções WKB, obtemos as fórmulas de conexões dadas na tabela abaixo 2 :
2
Veja por exemplo: R. L. Liboff, Introductory Quantum Mechanics, pag. 258, ou D. J. Griffiths,
Introduction to Quantum Mechanics, pag. 284.
134
para o caso que E > V à direita de x0
x < x0 x > x0
hR i hR i
x ′ ′ x ′ ′
√A
k2
exp x1
k2 (x )dx ⇌ 2A
√
k1
cos x1
k1 (x )dx − π
4
h R i hR i
x x
− √Ak2 exp − x1 k2 (x′ )dx′ ⇌ √A
k1
sin x1
k1 (x′ )dx′ − π
4
x > x0 x < x0
h R i R x2
x ′ ′
√1
k2
exp − x2 k2 (x )dx ⇌ √2
k1
cos x
k1 (x′ )dx′ − π
4
hR i R x2
x
− √1k2 exp x2
k2 (x′ )dx′ ⇌ √1
k1
sin x
k1 (x′ )dx′ − π
4
Dado a condição sobre o ponto de retorno, ou seja, E > V (x) a direita ou a esquerda
do ponto de retorno e definido o sentido positivo do referencial, escolhemos a solução do
lado esquerdo da tabela, correspondente a região E < V (x), considerando a condição
assintótica de que ψ(x → ±∞) = 0. Definida a solução para esta região, fica automa-
ticamente definida a forma da solução para a região E > V (x). No entanto como esta
conexão é válida nos dois sentidos o argumento poderia ser invertido.
135
Na regiões I e III (x1 > x > x2 ), u(x) decresce
satisfazendo a condição de fronteira ψ(x = ±∞) = 0,
ou seja,
Z x
A ′
ψI (x) = √ exp k2 dx (9.28)
k2
Z x
x1
1 ′
ψIII (x) = √ exp − k2 dx (9.29)
k2 x2
ou seja, Z Z x
x
′ π′ ′ ′ π
A cos k1 (x )dx − = cos k1 (x )dx − − η (9.34)
x1 4 x1 4
onde Z x2
π
η= k1 (x′ )dx′ − (9.35)
x1 2
Como cos(α − η) = cos α cos η ± sin α sin η, se η = nπ obtemos
Z x Z x
′ ′ π ′ ′ π
cos k1 (x )dx − − η = (−1) cos n
k1 (x )dx − . (9.36)
x1 4 x1 4
136
ou seja, Z x2 p
2m[E − V (x′ )]dx′ = (n + 1/2)πℏ, (9.38)
x1
137
Exemplo 1 - Potencial Linear
Considere o potencial de uma bola em uma parede (piso)
mgx x > 0
V (x) = . (9.39)
∞ x<0
ou seja
Z E/mg p
2m(E − mgx)dx = (n − 1/4)πℏ]; , n = 1, 2, 3, ... (9.42)
0
o que leva
[3(n − 1/4)π]2/3
En = (mg 2 ℏ2 )1/3 . (9.43)
2
Este resultado está em excelente concordância com o resultado da solução exata (Sakuray,
p. 109).
—————————————————————————————————
138
9.1.2 Barreira de Potencial
Para potenciais do tipo dado na figura (9.2), a solução para a região III, assumindo
que a partı́cula se desloca no sentido x positivo, pode ser escrita como
Z x
A ′ ′ π
ψIII (x) = √ exp i k1 (x )dx − (9.44)
k1 x2 4
ou seja,
Z x Z x
A ′ ′ π ′ ′ π
ψIII (x) = √ cos k1 (x )dx − + i sin k1 (x )dx − . (9.45)
k1 x2 4 x2 4
Z x2
A ′ ′
ψII (x) = √ exp − k2 (x )dx
2 k2
Z x2x
A ′ ′
− i √ exp k2 (x )dx (. 9.46)
k2 x
sendo Z x2
′ ′
r = exp k2 (x )dx . (9.48)
x1
Usando a equação (9.47) e as fórmula de conexão podemos agora escrever a solução para
a região I,
Z x1 Z x1
A π 2Ar π
ψI (x) = − √ sin k1 dx − − i √ cos k1 dx − . (9.49)
2r k1 x 4 k1 x 4
139
ou seja
A 1 −iz A 1
ψI (x) = −i √ r+ e − i√ r− eiz . (9.52)
k1 4r k1 4r
O primeiro termo representa a onda incidadente. Considerando a solução da regiao III
como o feixe transmitido
2
utrans 1
T = = . (9.53)
uinc (r + 1/4r)2
Temos que, de acordo com os critérios de validade da aproximação WKB (|E − V | sufici-
entemente largo), que
1 1
T = ≈ . (9.54)
(r + 1/4r)2 r2
ou seja Z
x2
′ ′
T ≈ exp −2 k2 (x )dx (9.55)
x1
140
9.2 Teoria da Perturbação Independente do Tempo
A teoria de perturbação independente do tempo nos possibilita a obtenção dos auto-
estados e auto-valores estacionários de um sistema fı́sico de uma maneira aproximada.
No caso em que o operador Hamiltoniano do sistema de interesse pode ser escrito como
uma soma de dois termos, Ĥ = Ĥ0 + Ĥ ′ , no qual conhecemos os auto-estados e auto-
valores de Ĥ0 e Ĥ ′ introduz apenas uma modificação pequena nos valores caracterı́sticos
de Ĥ0 . A descrição matemática do problema precisa ser separada em dois casos: i)
quando os auto-estados de Ĥ0 são não-degenerados e ii) quando os auto-estados de Ĥ0
são degenerados.
O método consiste em achar a mudança nos nı́veis de energia discretos quando uma
pequena mudança é adicionada. Vamos assumir que a Hamiltoniana H possa ser escrita
em duas partes
H = H0 + λH ′ (9.56)
com H0 sendo a Hamiltoniana não perturbada cujos auto-estados e auto-valores são co-
nhecidos, ou seja, e equação de Schrodinger para o sistema não perturbado H0 | n(0) >=
En | n(0) > resolvida. H ′ sendo a perturbação adicionada e λ um parâmetro real e
(0)
e
En = En(0) + λEn(1) + λ2 En(2) + ... (9.58)
Substituindo na equação de Schrodinger estacionária H | n⟩ = En | n⟩, e separando os
termos em potência de λ, obtemos o conjunto de equações
141
(0)
equivale ao sistema não perturbado, onde nós assumimos que En seja não degenerado.
Observe que o lado esquerdo da equação (9.60) não muda por uma transformação
| n(1) ⟩ →| n(1) ⟩ + a | n(0) ⟩ .
Para eliminar esta arbitrariedade precisamos adicionar um vı́nculo extra. Uma opção é
escolher ⟨n(0) | n(s) ⟩ = 0 para s > 0. Outra opção seria contruir | n(s) ⟩ normalizado.
Ambas as opções levam a mesma correção para a energia, mas a auto função difere por
um fator de fase. Aqui, por simplicidade, iremos considerar o primeiro caso.
Da equação (9.60) obtemos a correção de primeira ordem para a auto-energia e para
a auto-função. Escrevendo estado | n(1) ⟩ como uma combinação dos auto-estados de H0 ,
X (1) (1)
| n(1) ⟩ = ank | k (0) ⟩, akn = ⟨k (0) | n(1) ⟩. (9.63)
k
142
e substituir na equação (9.61)
X
′
nm (H0 − En ) | m ⟩ = (En − H ) | n ⟩ + En | n ⟩.
a(2) (0) (0) (1) (1) (2) (0)
(9.72)
m
X
nm (Em − En )⟨l
a(2) (0) (0) (0)
| m(0) ⟩ = ⟨l(0) | (En(1) − H ′ ) | n(1) ⟩ + En(2) ⟨l(0) | n(0) ⟩. (9.73)
m
ou seja
− En(0) ) = ⟨l(0) | (En(1) − H ′ ) | n(1) ⟩ + En(2) ⟨l(0) | n(0) ⟩.
(2) (0)
anl (El (9.74)
Se l = n, temos
(2)
X ⟨l(0) | H ′ | k (0) ⟩⟨k (0) | H ′ | n(0) ⟩ ⟨l(0) | H ′ | n(0) ⟩⟨n(0) | H ′ | n(0) ⟩
anl = (0) (0) (0) (0)
− (0) (0)
. (9.78)
k̸=n (En − Ek )(En − El ) (En − El )2
Logo
"
X X ⟨m(0) | H ′ | k (0) ⟩⟨k (0) | H ′ | n(0) ⟩
| n(2) ⟩ = (0) (0) (0) (0)
m̸=n k̸=n (En − Ek )(En − Em )
#
⟨m(0) | H ′ | n(0) ⟩⟨n(0) | H ′ | n(0) ⟩
− (0) (0)
| m(0) ⟩. (9.79)
(En − Em )2
143
—————————————————————————————————
Exemplo 2 - Perturbação do Oscilador Harmônico
Considere um sistema descrito pelo Hamiltoniano Ĥ = Ĥ0 + 12 bx̂α , sendo H0 o Hamil-
p̂2 (0)
toniano do do O.H., dado por Ĥ0 = 2m + 12 kx̂2 , cujos autos estados de energia En são
| n(0) ⟩, satisfazendo
1 b2
En(2) = − (n + 1/2)ℏω .
8 k2
144
A energia considerando correções até segunda ordem fica
1 b 1 b2
En = 1 + − + ... (n + 1/2)ℏω ,
2 k 8 k2
que é exatamente a expansão do resultado exato para o caso b << k.
A correção para a função de onda
X ℏb ⟨k (0) | (↠+ â)2 | n(0) ⟩
| n(1) ⟩ = (0) (0)
| k (0) ⟩, (9.80)
k̸=n
2mω (En − Ek )
Ĥ ′ = Ĥ0 + Ĥ ′ , (9.82)
145
A correção de primeira ordem para a energia do estado fundamental é dada por
Z
′ ∗
(r)Ĥ ′ (r)ψ100 (r) , ,
(1)
E1 = ⟨100 | Ĥ | 100⟩ = d3 rψ100 (9.87)
ou seja, r Z Z
(1) 4π ∗
E1= eE r drR10 (r)rR10 (r) dΩ Y00 Y10 Y00 = 0 .
2
(9.88)
3
Para o estado fundamental do átomo de hidrogênio sob a ação de um campo elétrico não
temos correção nos nı́veis de energia em primeira ordem. Se considerarmos correção de
segunda ordem, precisamos calcular
⟨nlm | Ĥ ′ | n′ l′ m′ ⟩.
(2) 1
E1 = − αE 2 , (9.89)
2
sendo
X | ⟨klm | z | 100⟩ |2
α = −2e2 (0) (0)
(9.90)
klm̸=100 E1 − Ek
a polarizabilidade do átomo de hidrogênio. Temos como determinar α de modo exato4 , o
que levaria a
9
α = a30 , (9.91)
2
sendo a0 o raio de Bohr. Uma maneira aproximada pode ser obtida usando 5
2e2 X
α≈− (0) (0)
| ⟨klm | z | 100⟩ |2 (9.92)
E1 − Ek klm̸=100
ou seja
2e2 X 16 3
α≈− (0) (0)
⟨100 | z 2 | 100⟩ = − a0 . (9.93)
− E1 Ek 3
—————————————————————————————————
4
Veja Merzbacher, pag. 424
5
Sakurai, pag. 298.
146
9.2.2 Caso Degenerado
(0)
Suponha agora que o auto-valor En seja degenerado, desta forma, por exemplo, a
equação
(1) ⟨k (0) | H ′ | n(0) ⟩
ank = (0) (0)
(9.94)
En − Ek
só é válida se ⟨k (0) | H ′ | n(0) ⟩ = 0. Isso indica que devemos ter mais cuidado para obter
a série perturbativa.
Suponha que Hamiltoniana H0 tenha q-degenerecências
(0) (0)
E1 = E2 = .... = Eq(0) para {| n(0) ⟩} (n ≤ q) (9.95)
que vamos assumir que são destruidas pela perturbação H ′ em alguma ordem. A solução
para o problema é construir uma nova base a partir dos conjunto {| n(0) ⟩} que diagonaliza
′
a submatrix Hkn (para k, n ≤ q).
′
Denotemos as q funções que diagonalizam Hkn representadas por {| n(0) ⟩}, com ⟨n(0) |
m ⟩ = δmn ,
(0)
X
| n(0) ⟩ = ank | k (0) ⟩ ank = ⟨k (0) | n(0) ⟩. (9.96)
k≤q
′
Esta combinação linear dos auto-estados degenerados diagonaliza Hk,n tal que
(0)
⟨k | H ′ | n(0) ⟩ = Hkn
′
δkn . (n, k ≤ q). (9.97)
Estes auto-estados quando adicionados aos auto-estados não degenerados adicionais, dada
pelo auto-estados {| n(0) ⟩, n > q}, levam a base
(0) (0)
B = {| 1 ⟩, | 2 ⟩, ...., | q (0) ⟩, | q + 1(0) ⟩, | q + 2(0) ⟩, ....}. (9.98)
H | n⟩ = (H0 + λH ′ ) | n⟩ = En | n⟩ (9.99)
Substituindo
| n⟩ =| n(0) ⟩ + λ | n(1) ⟩ + λ2 | n(2) ⟩ + ...
(0) (1) (2) (n ≤ q) (9.100)
En = En + λEn + λ2 En + ....
147
na equação de Schrodinger (9.99) e separando termos de mesma potência em λ nos leva
ao conjunto de equações
A primeira equação, é o problema não perturbado. A segunda equação vai dar o correção
de primeira ordem para a energia. Para isso, vamos multiplicar a equação (9.102) pela
(0) (0)
esquerda por ⟨m(0) |, com (m ≤ q). Visto que Em = En Isto nos leva
′
com os elementos Hmk dados por
′
Hmk = ⟨m(0) | H ′ | k (0) ⟩. (9.106)
A este sistema tem solução não trivial se o determinante da matriz for igual a zero,
isto é
′
det | Hmk − En(1) δmk |= 0. (9.108)
(1)
Resolvendo este sistema obtemos a correção para a energia En e também os coeficientes
ank da expansão (9.96) .
Para obtermos a correção de primeira ordem na auto-função, vamos multiplicar a
equação (9.102) por ⟨m(0) |, isto é
(0)
(Em − En(0) )⟨m(0) | n(1) ⟩ = ⟨m(0) | Em
(1)
| n(0) ⟩ − ⟨m(0) | H ′ | n(0) ⟩ (9.109)
148
(1)
que é diferente de zero somente se m > q. Visto que ⟨m(0) | Em | n(0) ⟩ = 0 para m > q,
e escrevendo X (1)
| n(1) ⟩ = ank | k (0) ⟩, (9.110)
k
com a soma sobre k para todos os elementos da base (9.98) e substituindo na equação
(9.109) nos dá
⟨m(0) | H ′ | n(0) ⟩
a(1)
nm = (0) (0)
, (9.111)
En − Em
. Isto nos leva a correção para a auto-função em primeira ordem das auto-funções
X ⟨m(0) | H ′ | n(0) ⟩
| n(1) ⟩ = (0) (0)
| m(0) ⟩. (9.112)
m>q En − Em
⟨m(0) | H0 − En(0) | n(2) ⟩ = ⟨m(0) | En(1) − H ′ | n(1) ⟩ + En(2) ⟨m(0) | n(0) ⟩. (9.113)
(0) (0) (0)
Como H0 | m(0) ⟩ = Em | m(0) ⟩ , Em = En e
X ⟨p(0) | H ′ | n(0) ⟩
⟨m(0) | n(1) ⟩ = (0) (0)
⟨m(0) | p(0) ⟩ = 0,
p>q En − Ep
ficamos com
ou seja X
′
Hmk − En(2) δmk ank = 0 (9.116)
k≤q
(1) ′ (2)
que é uma equação matricial semalhante a (9.107) com En → En e os elementos Hmk
dados por
149
X ⟨m(0) | H ′ | p(0) ⟩⟨p(0) | H ′ | k (0) ⟩
′
Hmk = (0) (0)
, (m, k ≤ q). (9.117)
p>q En − Ep
E1 = A (9.123)
p
A+B (A − B)2 + 8λ2 2λ2
E2 = + ≈A− (9.124)
2 2 (B − A)
p
A+B (A − B)2 + 8λ2 2λ2
E3 = − ≈B+ . (9.125)
2 2 (B − A)
150
Observe no entanto que Ĥ pode ser escrito como a soma de dois termos Ĥ = Ĥ0 + Ĥ ′ ,
sendo
A 0 0
.
Ĥ0 = 0 A 0 (9.126)
0 0 B
e
0 0 λ
.
Ĥ ′ = 0 0 λ . (9.127)
λ λ 0
No caso de λ << (B −A), poderiamos tratar o problema usando teoria de perturbação.
Observe que Ĥ0 apresenta dupla degenerescência. Os auto-valores de Ĥ0 são
(0) (0) (0)
E1 = E2 = A e E3 = B , (9.128)
Como ⟨n(0) | Ĥ ′ | n(0) ⟩ = 0 para os três auto-estados temos que a correção de primeira
ordem é nula. A correção de segunda ordem calculada com a expressão acima leva a
problemas para n = 1, 2 visto que estes estados são degenerados. No entanto para o
terceiro estado temos
(2)
X | ⟨3(0) | H ′ | k (0) ⟩ |2 | ⟨3(0) | H ′ | 1(0) ⟩ |2 | ⟨3(0) | H ′ | 2(0) ⟩ |2 2λ2
E3 = = + = ,
k̸=3 E
(0)
3 − E
(0)
k E
(0)
3 − E
(0)
1 E
(0)
3 − E
(0)
2
(B − A)
(9.131)
que é o resultado da expanssão da solução exata para λ << (B − A).
A correção dos dois primeiros estados deve ser efetuada usando-se a teoria de per-
turbação degenerada. Novamente temos que a correção de primeira ordem é nula visto
que ⟨m(0) | Ĥ ′ | n(0) ⟩ = 0 para m, n = 1, 2. A correção de segunda ordem é obtida da
equação matricial
!
⟨1(0) |Ĥ ′ |3(0) ⟩⟨3(0) |Ĥ ′ |1(0) ⟩ (2) ⟨1(0) |Ĥ ′ |3(0) ⟩⟨3(0) |Ĥ ′ |2(0) ⟩
A−B
− En A−B an1
⟨2(0) |Ĥ ′ |3(0) ⟩⟨3(0) |Ĥ ′ |1(0) ⟩ ⟨2(0) |Ĥ ′ |3(0) ⟩⟨3(0) |Ĥ ′ |2(0) ⟩ (2)
=0 (9.132)
− En an2
A−B A−B
151
ou !
λ2 (2) λ2
A−B
− En A−B an1
λ2 λ2 (2) =0. (9.133)
A−B A−B
− En an2
O determinante da matriz 2 × 2 acima no fornece dois auto-valores
Observe que para os dois primeiros auto-estados, nos quais Ĥ0 apresentava degenerescência,
aplicamos a teoria de perturbação degenerada. No entanto, para o terceiro estado, no qual
Ĥ0 não apresentava degenerescência, usamos a teoria de perturbação não degenerada. Os
auto valores de energia de Ĥ, até segunda ordem, são dados por
(0) (1) (2)
E1 = E1 + E1 + E2 = A (9.135)
2
(0) (1) (2) 2λ
E2 = E2 + E2 + E2 = A − (9.136)
B−A
(0) (1) (2) 2λ2
E3 = E3 + E3 + E3 =B+ . (9.137)
B−A
O resultdado acima nos leva que os auto-valores de Ĥ calculados com a teoria de per-
turbação é exatamento o mesmo da expanssão do caso exato para λ << (B − A).
Para os auto-valores obtidos para os estados degenerados podemos determinar os auto-
estados correspondentes que diagonalizam Ĥ ′ . Para o primeiro auto-valor, E1 , temos
(2)
!
λ2 λ2
A−B A−B a11
λ2 λ2 =0, (9.138)
A−B A−B
a12
152
o que nos leva
a21 = a22 . (9.143)
Usando a condição de normalização
| a21 |2 + | a22 |2 = 1 , (9.144)
√
obtemos que a11 = a12 = ±1/ 2, ou seja
1
| 2̄(0) ⟩ = ± √ | 1(0) ⟩+ | 2(0) ⟩ . (9.145)
2
A nova base é constituı́da pelo conjunto de auto-estados
B = | 1̄(0) ⟩, | 2̄(0) ⟩, | 3(0) ⟩ . (9.146)
A partir desta nova base podemos calcular as correções para os auto-estados de Ĥ, dado
em primeira ordem por
X ⟨m(0) | Ĥ ′ | n̄(0) ⟩
| n̄(1) ⟩ = (0) (0)
| m(0) ⟩ para n = 1, 2 (9.147)
m>q En − Em
e
X ⟨m(0) | Ĥ ′ | n(0) ⟩
| n(1) ⟩ = (0) (0)
| m(0) ⟩ para n=3. (9.148)
m̸=n En − Em
Usando os elementos da base (9.146) obtemos facilmente que,
153
Sendo Ĥ0 o Hamiltoniano do átomo de hidrogênio
p2 Ze2
Ĥ0 = − , (9.153)
2m r
(0) 2 4
cujo auto-valores da energia são En = − Z2ℏ2µen2 , e o auto-estados 6 ,
Observe que para n = 2, temos quatro estados com o mesmo valor de energia,
ψ200 (r, θ, ϕ), ψ211 (r, θ, ϕ), ψ210 (r, θ, ϕ), ψ21−1 (r, θ, ϕ) . (9.155)
Na representação matricial, usando esses quatro estados como base, podemos escrever
(0)
E2 0 0 0
(0)
. 0 E2 0 0
Ĥ0 = , (9.156)
0 0 E2
(0)
0
(0)
0 0 0 E2
154
A representação matricial de Ĥ ′ , na base dos auto-estados de Ĥ0 , é dada por
⟨1(0) | Ĥ ′ | 1(0) ⟩ ⟨1(0) | Ĥ ′ | 2(0) ⟩ ⟨1(0) | Ĥ ′ | 3(0) ⟩ ⟨1(0) | Ĥ ′ | 4(0) ⟩
. ⟨2(0) | Ĥ ′ | 1(0) ⟩ ⟨2(0) | Ĥ ′ | 2(0) ⟩ ⟨2(0) | Ĥ ′ | 3(0) ⟩ ⟨2(0) | Ĥ ′ | 4(0) ⟩
Ĥ ′ = (0) /; ,
⟨3 | Ĥ ′ | 1(0) ⟩ ⟨3(0) | Ĥ ′ | 2(0) ⟩ ⟨3(0) | Ĥ ′ | 3(0) ⟩ ⟨3(0) | Ĥ ′ | 4(0) ⟩
⟨4(0) | Ĥ ′ | 1(0) ⟩ ⟨4(0) | Ĥ ′ | 2(0) ⟩ ⟨4(0) | Ĥ ′ | 3(0) ⟩ ⟨4(0) | Ĥ ′ | 4(0) ⟩
(9.161)
sendo os elemento da matriz Ĥij′ dados por
Z
′ ′ ′ ′ ′ ∗
⟨i (0)
| Ĥ | j (0)
⟩ = ⟨nlm | Ĥ | n l m ⟩ = d3 r ψnlm (r)Ĥ ′ ψn′l′m′ (r) . (9.162)
155
cujos auto-valores são
13.6eV
En(0) = − . (9.169)
n2
A contribuição do acoplamento spin órbita pode ser escrita como
2
′ e 1
Ĥ1 = Ŝ · L̂ . (9.170)
8πϵ0 m2 c2 r3
Considerando que Ĥ1′ é diagonal na base dos auto-estados de Jˆ2 , L̂2 , Ŝ 2 e Jˆz , de forma
que usando a teoria não degenerada, obtemos as correção para os nı́veis de energia
(0)
(En )2 j(j + 1) − l(l + 1) − 3/4
En(1) = n , (9.171)
mc2 l(l + 1/2)(l + 1)
p̂4
Ĥ2′ = − , (9.174)
8m3 c2
o qual nos fornece a correção
(0)
(En )2 4n
En(1) =− −3 . (9.175)
2mc2 l + 1/2
156
Desta forma os nı́veis de energia do átomo de hidrogênio pode ser escrita como
13.6eV α2 n 3
Enj = − 1+ 2 − , (9.177)
n2 n j + 1/2 4
sendo α ∼ = 1/137.036 a constante de estrutura fina. Observe que com a adição destas
correções temos um quebra de degenerescência dos nı́veis de energia do operador Ĥ0 (veja
figura 9.3). O resultado acima obtido através da teoria de perturbação não é exato. A
expressão correta é obtida através da equação de Dirac. No entanto uma expansão do
resultado exato até ordem α2 reproduz o resultado acima (note que α ≪ 1). Efeitos
adicionais como o Lamb shift, devido a quantização do campo Coulombiano, e a estru-
tura hiperfina, devido a interação magnética entre os momentos de dipolo do elétron e
o próton, fornecem correçẽs em escalas menores aos nı́veis de energia do átomo de hi-
drogênio. Correções devido ao movimento do núcleo podem ser tomada repassando a
massa m pela massa reduzida.
157
9.3 Teoria de Perturbação Dependente do Tempo
onde o coeficiente Cn (t) =(0) ⟨n, t|u, t⟩, tal que |Cn (t)|2 dá a probabilidade de que uma
medida encontre o sistema no estado |n, t⟩(0) após o tempo t. Para obtermos os coeficientes
Cn (t), usemos que |u, t⟩ é solução da equação de Schrodinger
∂
iℏ |u, t⟩ = Ĥ(r, t)|u, t⟩ = [Ĥ0 (r) + λĤ ′ (r, t)]|u, t⟩, (9.182)
∂t
e a expansão (9.181). Ou seja
! !
∂ X X
(0) ′ (0)
iℏ Cn (t)|n, t⟩ = [Ĥ0 (r) + λĤ (r, t)] Cn (t)|n, t⟩ . (9.183)
∂t n n
∂ X
iℏ Ck (t) = λ Cn (t)(0) ⟨k, t|Ĥ ′ (r, t)|n, t⟩(0) . (9.185)
∂t n
158
Onde foi usado o fato que (0) ⟨k, t|n, t⟩(0) = δk,n .
Vamos agora escrever o coeficiente Ck (t) como uma expansão em potências de λ,
(0) (1) (2)
Ck (t) = Ck (t) + λCk (t) + λ2 Ck (t) + ... (9.186)
Substituindo agora na eq. (9.185) e agrupando os termos de mesma potência em λ obte-
mos,
∂ (0)
iℏ C (t) = 0
∂t k
∂ (1) X
′
iℏ Ck (t) = Hkn Cn(0) (t)
∂t n
∂ (2) X
′
iℏ Ck (t) = Hkn Cn(1) (t)
∂t n
.
.
∂ (s) X
′
iℏ Ck (t) = Hkn Cn(s−1) (t) (9.187)
∂t n
′
onde Hkn =(0) ⟨k, t|Ĥ ′ (r, t)|n, t⟩(0) .
Vamos agora supor que inicialmente o problema é definido como auto-estado de H0 ,
isto é, para o tempo inicial t = t0 os sistema estava num auto-estado de H0 dado por
|l, t0 ⟩(0) . Assim, X
|u, t → t0 ⟩ = |l, t0 ⟩(0) = δnl |n, t0 ⟩(0) , (9.188)
n
ou seja,
Cn(0) (t0 ) = δnl . (9.189)
(0) (0)
Como Cn (t) é uma constante, então para qualquer t teremos Cn (t) = δnl . Deste modo
a segunda equação em (9.187) nos leva
∂ (1) X
′ ′
iℏ Ck (t) = Hkn Cn(0) = Hkl , (9.190)
∂t n
ou então Z t
1 ′
(⃗r, t′ )dt′ .
(1)
Ck (t) = Hkl (9.191)
iℏ t0
159
(1)
com ℏωkl = Ek − El , e o coeficiente Ck (t) pode ser escrito como
′ Z
(1) Hkl (⃗r) t iωkl t′ ′ ′
Ck (t) = e f (t )dt . (9.194)
iℏ t0
′
sendo Hkl (⃗r) = ⟨k (0) |H ′ (⃗r)|l(0) ⟩.
Assim a probabilidade do sistema inicial no estado |l, t0 ⟩(0) ir para o estado8 |k, t⟩(0)
após um tempo t devido a perturbação H ′ em primeira ordem é dada por
′ Z t 2
(1) |Hkl (⃗r)|2 iωkl t′ ′ ′
Pl→k = |Ck (t)| = 2
e f (t )dt . (9.195)
ℏ2 t0
Igualmente temos
dP lk
W lk ≡ . (9.199)
dt
160
que após ser integrada pode ser escrita como
′
(1) 2Hkl (⃗r) ei(ωkl −ω)t/2 ei(ωkl +ω)t/2
Ck = Sin[(ωkl − ω)t/2] + Sin[(ωkl + ω)t/2] (9.202)
iℏ ωkl − ω ωkl + ω
2 Sin(ωt/2)
δ(ω) = lim , (9.207)
π t→∞ ω2t
161
temos que a probabilidade de transição de estado | l, t⟩(0) para o estado | k, t⟩(0) , no limite
de tempo longo, é dada por
′
2πt | Hkl (⃗r) |2
Pl→k = δ(ωkl ± ω) . (9.208)
ℏ2
A razão de probabilidade de transição
′
dPlk 2π | Hkl (⃗r) |2
Wlk ≡ = δ(ωkl ± ω) . (9.209)
dt ℏ2
A presença da delta implica na conservação de energia, visto que ∆E∆t ≃ 2πℏ, que para
∆t → ∞, temos ∆E → 0, ou seja, Ek = El ± ℏω.
162
ou seja,
2π ′
P lk = g(Ek ) | Hkl (⃗r) | t .
2
(9.216)
ℏ
A razão de transição fica independente do tempo,
2π
W lk = g(Ek′ ) | Hkl
′
(⃗r) |2 , (9.217)
ℏ
conhecida como regra de ouro de Fermi.
Vamos aplicar a teoria de perturbação para estudar a radiação de corpo negro (fórmula
de Planck). Os estados do átomos excitados estão pouco espaçados, ou seja, um quase
contı́nuo. Considere dois estados neste contı́nuo com energia Ek e El . Fótons com energia
ℏν =| Ek − El | são absorvidos ou emitidos quando átomos mudam de estados Ek ↔ El .
A razão com que átomos no estado Ek decaim por emissão estimulada é proporcional
ao número de átomos Nk e ao campo de radiação, ou seja a densidade de fótons u(ν).
A razão com que átomos com energia Ek decaim por emissão espontânea é proporcional
somente ao número de átomos Nk . Assim a taxa de transição total do decaimento de
átomos do estado com energia Ek para o de energia El é dado por
163
energia E2 , etc, e a energia total é constante, então a distribuição mais provável de energia
é a distribuição de Boltzmann, Ni = e−Ei /kB T , de forma que
Nl
= e(Ek −El )/kB T = ehν/kB T . (9.222)
Nk
Substituindo (9.222) em (9.221) e isolando u(ν), obtemos
Akl
u(ν) = . (9.223)
Blk e hν/k BT − Bkl
Consideremos agora a interação entre os momento de dipolo dos átomos da parede, d
e o campo de radiação, E = E0 2cos(ωt),
4π 2
Wlk = U (ω) | dlk |2 δ(ωkl − ω). (9.229)
3ℏ2
Escrevendo u(ν) = u(ωkl ) = U (ω)δ(ωkl − ω), a equação (9.219)
4π 2
Blk = | dlk |2 . (9.231)
3ℏ2
164
Contudo
Logo temos que Blk = Bkl . O que nos permite escrever a equação para radiação do campo
eletromagnético com
A/B
u(ν) = hν/k T . (9.233)
e B −1
Usando que no limite h → 0 devemos ob-
2
ter o resultado clássico, uRJ = 8πν
c3
kB T , te- uHΝL
8πhν 3 6. ´ 10-17
3 x200
8πhν 1
u(ν) = , (9.234)
4. ´ 10-17
3
c e hν/k B T −1
3. ´ 10-17
T=800 K
T=2000 K
2e2
δE = (2πν)2 ε̄ , (9.235)
3mc3
sendo ε̄ a energia média de um oscilador. Por outro lado, o trabalho feito em um oscilador
por segundo devido a radiação do campo eletromagnético é dada por
πe2
δW = u(ν) , (9.236)
3m
sendo u(ν) a densidade de energia espectral do campo de radiação.
No equilı́brio, estas duas quantidades de energia devem ser iguais, ou seja,
8πν 2
u(ν) = ε̄ . (9.237)
c3
165
Usando a mecânica estatı́stica clássica, temos que a energia média de um oscilador é
dada por
R ∞ −βε Z ∞
εe dε d −βε d 1 1
ε̄ = R ∞ −βε
0
= − log εe dε = − log = = kB T , (9.238)
0
e dε dβ 0 dβ β β
8πν 2
u(ν) = kB T . (9.239)
c3
Por outro lado, usando a mecânica estatı́stica quântica, temos que a energia média de um
oscilador é a soma de um múltiplo de quanta finito de energia ε0 ponderada pelo peso de
Boltzmann, isto é,
P∞ "∞ #
nε e −nβε0
d X d 1 ε0
−nβε
ε̄ = P
0
n=0
∞ = − log e 0
= − log = βε0 ,
n=0 e
−nβε 0 dβ n=0
dβ 1−e −βε 0 e −1
(9.240)
levando a fórmula de Planck para a radiação do corpo negro se escrevermos ε0 = hν,
8πhν 3 1
u(ν) = 3 hν/k T −1
. (9.241)
c e B
166
Vamos verificar a demostração do teorema usando a teoria de perturbação dependente
do tempo. Em primeira ordem temos
′ Z
Hkl (r) t ′
f (t′ )eiωkl t dt′ .
(1)
Ck (t) = (9.244)
iℏ t0
′ 1 d iωkl t′
escrevendo eiωkl t = iωkl dt′
e temos, após uma integração por partes (com t0 → −∞),
Z Z
H ′ (r) t
d ′ H ′ (r) d t
iωkl t′
f (t ) ′ eiωkl t dt′ = − kl
′ ′′ iωkl t
(1)
Ck (t) = − kl e f (t )e
f (t ) . −
ℏωkl t0 dt ℏωkl−∞ dt′
(9.245)
Se f (t) muda suavemente com o tempo o segundo termo é pequeno comparado com o
primeiro
′
Hkl (r) 1
H ′ (r, t)eiωkl t .
(1)
Ck (t) ≈ − f (t)eiωkl t = − (9.246)
ℏωkl ℏωkl kl
Considerando que o sistema esta no estado estacionário | l, t⟩(0) em t < 0. Após um
tempo t, o sistema se encontra no estado
X
| u, t⟩ =| l, t⟩(0) + Ck (t) | k, t⟩(0) . (9.247)
k̸=l
| u, t⟩ ≃ e−iωl t | u⟩ . (9.248)
(0) (0)
ou seja, usando ℏωkl = Ek − El , temos
X H ′ (r, t)
| u⟩ =| l⟩(0) + kl
(0) (0)
| k⟩(0) , (9.250)
k̸=l El − Ek
167
9.5 Método Variacional
⟨0̃ | Ĥ | 0̃⟩
H≡ , (9.251)
⟨0̃ | 0̃⟩
nós temos um teorema que prova que
H ≥ E0 . (9.252)
Como o primeiro termo da equação acima é sempre maior ou igual a zero, temos então
que
H ≥ E0 . (9.256)
É claro que se | 0̃⟩ =| 0⟩ teremos que H = E0 .
168
Uma das propriedades do método variacional é que se o auto-estado teste diferir do
auto-estado verdadeiro por ordem ε então a energia aproximada H difere de E0 em ordem
ε2 . Prove esta afirmação.
Podemos também aplicar o método variacional para os estados excitados. Porém neste
caso teremos que
⟨ñ | Ĥ | ñ⟩
Hn ≡ ≥ En . (9.257)
⟨ñ | ñ⟩
somente se
⟨0 | ñ⟩ = ⟨1 | ñ⟩ = ... = ⟨n − 1 | ñ⟩ = 0, (9.258)
ou seja a auto-função teste seja ortogonal as (n − 1)-éssimas auto-funções de Ĥ. A prova
disto pode ser demonstrada de modo semelhante ao caso anterior. Ou seja, escrevendo
X
∞
| ñ⟩ = | k⟩⟨k | ñ⟩. (9.259)
k=0
Mas devido a condição (9.258) temos os n primeiros termos da série são nulos, isto é,
X
∞
| ñ⟩ = | k⟩⟨k | ñ⟩. (9.260)
k=n
Como Ĥ | s⟩ = Es | s⟩, a equação acima pode ser ainda ser escrita como
P∞
| ⟨s | ñ⟩ |2 (Es − En )
H n ≡ s=nP∞ + En . (9.262)
k=n | ⟨s | 0̃⟩ | 2
Novamente como o primeiro termo da equação acima é sempre maior ou igual a zero, a
equação (9.257) fica demonstrada.
O método variacional não diz por si qual o estado teste que deve ser usado. O que se
faz na realidade é caracterizar o estado teste por um ou mais parâmetros, λ1 , λ2 , λ3 ,..., e
calcular H. Neste caso, H ’e função dos parâmetros introduzidos, de forma que podemos
então minimizar H tomando a primeira derivada com respeito a estes parâmentros igual
a zero, isto é,
∂H ∂H
= 0; = 0; .... (9.263)
∂λ1 ∂λ2
Desta forma podemos calcular os melhores valores de λ1 , λ2 ,... e então substituir nova-
mente em H para obter o valor optimizado da energia.
169
—————————————————————————————————
Exemplo 6 - Poço Infinito
O potencial do poço infinito é
0 | x |< a
V = . (9.264)
∞ | x |≥ a
−a
dx dx′ ψ̃0∗ (x)⟨x | 2mp̂
| x′ ⟩ψ̃0 (x)
H= Ra , (9.269)
−a
dx | ψ̃ 0 (x ′ ) |2
ou seja h 2 2i
Ra
−a
dx ψ̃0∗ (x) −ℏ d
2m dx2
ψ̃0 (x)
H= Ra . (9.270)
−a
dx | ψ̃0 (x) |2
Substituido a expressão para ψ̃0 (x), e efetuando as integrações, obtemos
ℏ2 5 10
H= 2
= 2 E0 ≈ 1.013%E0 . (9.271)
2m 2a π
Note que usando uma função teste simples obtemos um resultado com apenas 1.3% de
erro. Se por outro lado introduzirmos um parâmetro na solução teste,
170
e repetirmos os cálculos anteriores, obteremos
ℏ2 (λ + 1)(2λ + 1
H= . (9.273)
4ma2 (2λ − 1)
Minimizando em relação a λ,
2
∂H ℏ2 4λ − 4λ − 5
= =0, (9.274)
∂λ 4ma2 (1 − 2λ)2
o que implica em
√
1± 6
4λ − 4λ − 5 = 0
2
ou seja λ= . (9.275)
2
Substituindo a raiz positiva em H, obtemos
" √ #
π 2 ℏ2 5 + 2 6
H= ≈ 1.00298E0 , (9.276)
8ma2 π2
171
Substituindo a raiz positiva em H, obtemos
1
H = √ ℏω . (9.282)
2
Como sabemos, a solução exata para o estado fundamental do O.H. é 12 ℏω, ou seja, temos
H > E0 .
—————————————————————————————————
—————————————————————————————————
Exemplo 8 - Estado Fundamental do átomo de He
A Hamiltoniana do átomo de He é
ℏ2 e2 2 2 1
˙ −
Ĥ = (∇ + ∇2 ) −
2 2
+ − , (9.283)
2m 1 4πε0 r1 r2 | r1 − r2 |
sendo r1 e r2 a posição dos dois elétrons em relação ao núcleo. Sabemos que o valor
experimental da energia de ionização requerida para remover um simples elétron é dada
por
Eg = −78.795 eV . (9.284)
Se ignorarmos o termo de interação elétron-elétron, Ĥ se separa em duas Hamiltoni-
anas independentes de átomos tipo Hidrogênio, cuja solução exata é
Z 3/2 −Zr/a
Z
ψ100 (r) = √ e . (9.285)
πa3
2 2
cuja energia é EnZ = C(Ze
n2
)
, sendo Z o número de prótons do núcleo.
Usando a solução do átomo de Hidrogênio com e → 2e, e escrevendo a solução como
o produto das soluções independentes
8 −2(r1 +r2 )/a
ψ0 (r1 , r2 ) = ψ100 (r1 )ψ100 (r2 ) = e (9.286)
πa3
cuja energia
Eg = 8E1H = −109eV . (9.287)
O valor da energia do estado fundamental assumindo o átomo de He como sendo
a soma de dois átomos de Hidrogênio leva a um valor estimado da energia do estado
fundamental muito longe do valor verificado experimentalmente.
Vamos agora usar o princı́pio variacional para fazer a estimativa do valor da energia
do estado fundamental do átomo de He. Vamos considerar como função teste o pro-
duto das soluções do átomo de Hidrogênio dada por (9.286), no entanto considerando o
Hamiltoniano dado pela equação (9.283),
172
sendo
Z Z
⟨Vee ⟩ = ⟨ψ0 | Vee | ψ0⟩ = 3
d r1 d3 r2 ψ0∗ (r1 , r2 )Vee (r1 , r2 )ψ0 (r1 , r2 ) (9.289)
ou seja, 2 Z Z
e2 8 e−4(r1 +r2 )/a
⟨Vee ⟩ = 3
d r1 d 3 r2 . (9.290)
4πϵ0 πa3 | r1 − r2 |
Usando coordenadas esféricas e efetuando as integrações obtemos
2
5 e 5
⟨Vee ⟩ = = − E1H = 34 eV , (9.291)
4a 4πϵ0 2
ou seja,
H = −75eV . (9.292)
A solução anterior ignorava a interação e − e. Considerando que cada elétron blinda a
interação do outro com o núcleo, podemos usar a carga efetiva nuclear Z no lugar Z = 2.
Ou seja, usando a função teste
obtemos para H
27
H= −2Z + Z E1H .
2
(9.295)
4
Minimizando em relação a Z,
H 27 27
= −4Z + E1H = 0 ⇒ Z= = 1.69 , (9.296)
dZ 4 16
173
9.6 Método de Hartree-Fock
Dos dois primeiros ı́tens temos que cada elétron satisfaz a equação de Schrodinger
sendo
ℏ2 ∇2
Ĥk = − + W (rk ) (9.299)
2m
com
W (rk ) = Vc (rk ) + Vk (rk ) , (9.300)
no qual
Ze2
Vc (rk ) = −
rk
é o potencial Coulombiano devido ao núcleo e
Z X
e2
Vk (rk ) = | ϕj (rj ) |2 drj .
j̸=k
| rj − rk |
174
(1)
Com as auto-funções de primeira ordem {ϕk (rk )} em mãos a densidade de carga
(1)
e2 | ϕk (rk ) |2 é calculada.
—————————————————————————————————
9.7 Exercı́cios
1) Um Oscilador Harmônico Unidimensional de carga e é perturbado por um campo
elétrico de força ε na direção x positivo.
a) Calcule a mudança de energia em cada nı́vel até segunda ordem na perturbação.
b) Mostre que esse problema pode se resolvido exatamente e compare com o resultado
da aproximação perturbativa.
c) Repita o cálculo para o oscilador tri-dimensional.
4) Mostre que o método WKB dá os resultados corretos para os auto-valores de todos
os estados do oscilador harmônico.
175
Use a teoria de perturbação não degenerada para calcular a correção de primeira ordem
da energia e da auto-função. Obs: Considere como problema exato o poço de potencial
infinito de largura a
7) A hamiltoniana para um sistema com dois estados pode ser escrita como
!
(0)
E1 λ∆
H= (0) . (9.302)
λ∆ E2
9)
Calcule em primeira ordem na teoria de perturbação a correção para a energia do
estado fundamental de um átomo de hidrogênio devido a extensão espacial finita do
núcleo. Por simplicidade suponha que o núcleo é esférico, de raio R e que sua carga
Ze esteja distribuida uniformemente tal que o potencial seja dado por
(
Ze2 r2
− R 2 − 2R2
3
0≤r≤R
V (r) = (9.305)
Ze2
− r r≥R
√ 1 e−r/a
(0)
Use que o estado fundamental do átomo de hidrogênio é Ψ 100 = πa3
com a =
ℏ /Zme2 e V (r) = −Ze2 /r. Assuma que R << a.
2
10) No fenômeno de emissão quente, elétrons são retirados do metal por um campo
elétrico externo. Após a aplicação do campo externo o potencial é dado na figura abaixo
176
onde EF é o nı́vel de Fermi e Φ é a função trabalho do metal. Use a aproximação
WKB para calcular o coeficiente de Transmissão.
11) Uma partı́cula α é o núcleo de um átomo de hélio (2 prótons e 2 neutrons) com uma
energia de ligação de aproximadamente 7M ev. Um modelo consistente para o processo
de decaimento radioativo, decaimento α, consiste num potencial de ligação das partı́culas
α ao núcleo da forma de poço esférico. Fora do poço as partı́culas são repelidas por uma
bareira de potencial V = A/r. De modo que o potencial total fica
−V0 0 ≤ r ≤ r0
V (r) = . (9.306)
A/r r ≥ r0
e 0 |Ĥ|Ψ
e 0⟩
13) Considere H = ⟨Ψ e 0 ⟩ difere do estado correto por ordem
Mostre que se |Ψ
e 0 |Ψ
⟨Ψ e 0⟩ .
ϵ, então H difere da energia por um termo de ordem ϵ2 .
e
14) Use a função teste Ψ(x) = Ae−αx para calcular a energia do estado fundamental
2
p̂ 2
16) Considere o oscilador anarmônico Ĥ = 2m + 12 kx̂2 + bx̂4 .
a) Use o método perturbativo para calcular a energia do estado fundamental em
primeira ordem.
b) Use o método variacional para calcular a energia do estado fundamental tomando
e
como solução teste Ψ(x) = Ae−αx .
2
177
18) No oscilador harmônico a função de onda do estado fundamental é Ψ 0 (x) =
1
mw 4 −mwx2 /2ℏ
ℏπ
e . Suponha agora que o oscilador harmônico é submetido a uma per-
turbação de uma força −F x (F ⟩0). Usando a teoria de perturbação determine o desloca-
mento dos nı́veis de energia.
19) Seja um sistema estacionário cujo Hamiltoniano é Ĥ e cuja função teste é dada
por Ψe = c1 ϕ1 +c2 ϕ2 sendo ϕ1 e ϕ2 funções reais, porém não necessariamente normalizadas,
e c1 e c2 são parâmetros variacionais a serem determinados. Use o método variacional,
com a função teste descrita acima, para mostrar que a solução que minimiza a energia,
e Ĥ|Ψ⟩
e
E = H = ⟨Ψ| e , pode ser obtida pela solução do sistema matricial
e Ψ⟩
⟨Ψ|
H11 − ES11 H12 − S12 E c1
=0 (9.308)
H12 − S12 E H22 − ES22 c2
onde Hij = ⟨ϕi |Ĥ|ϕj ⟩ e Sij = ⟨ϕi |ϕj ⟩ com H12 = H21 e S12 = S21 .
Observe que obtemos E, c1 e c2 diagonalizado o sistema matricial acima.
178
b) Podemos encontrar
p estados
√ excitados√ mais altos?
′
Use: ⟨n |x̂|n⟩ = ℏ/2mw( nδn′ ,n−1 + n + 1δn′ ,n+1 ).
23) Considere uma partı́cula sujeita ao potencial do Oscilador Harmônico. Para t < 0
ela está no estado fundamental. Para t ≥ 0 uma perturbação da forma
é aplicada. Calcule a probabilidade que, para t >> τ , o sistema tenha feito uma transição
para um dado estado excitado.
179
Capı́tulo 10
Teoria de Espalhamento
180
Como dN deve depender da corrente Jinc , vamos assumir que dN é proporcional a Jinc ,
dN = Jinc · dσ , (10.2)
sendo o fator de proporcionalidade dσ a seção de choque diferencial, que pode ser inter-
pretado como a área de obstrução ao feixe incidente. A seção de choque total σ é
Z Z
dσ
σ = dσ = dΩ . (10.3)
4π dΩ
Vamos considerar um espalhamento elástico, em que um feixe incidente é composto
por partı́culas livres que interagem com o centro espalhador, e são espalhadas de um
forma geralmente anisotrópica. Considerando que o a função de onda do feixe incidente
como partı́cula livre com energia ℏk na direção z
ϕinc ≃ eikz , (10.4)
e o feixe espalhado em todas as direções, com um fator modulador da anisotropia f (θ, ϕ),
eikr
ψsc ≃ f (θ, ϕ) . (10.5)
r
O número de partı́culas espalhadas em dΩ na direção r̂r é dado pela componente radial
de Jsc ,
∗
ℏ ∗ ∂ψsc ∂ψsc
Jsc,r = ψsc − ψsc (10.6)
2mi ∂r ∂r
ou seja
ℏk
Jsc,r = | f (θ, ϕ) |2 . (10.7)
mr2
Por outro lado, como o feixe incidente é somente na direção z, então
ℏ ∗ ∂ϕinc ∂ϕ∗inc ℏk
Jinc = ϕinc − ϕinc = . (10.8)
2mi ∂z ∂z m
Visto que o elemento do ângulo sólido dΩ é na direção r̂r , da relação
r2 Jsc,r dΩ = Jinc dσ , (10.9)
e usando as equações (10.7) e (10.8), temos
dσ =| f (θ, ϕ) |2 dΩ . (10.10)
Assim o problema de determinar dσ é equivalente a construir a amplitude de espalhamento
f (θ, ϕ). Para isso precisamos resolver a equação de Schrodinger no limite assintótico, ϕsc ,
para cada potencial especı́fico.
Se assumirmos simetria rotacional na direção do feixe incidente, a seção de choque
deverá depender somente da direção θ, ou seja, f (θ, ϕ) = f (θ), logo
Z Z Z
σ = dσ = | f (θ) | dΩ = 2π | f (θ) |2 sin(θ)dθ .
2
(10.11)
181
10.2 Equação de Lippmann-Schwinger
Ĥ = Ĥ0 + V̂ , (10.12)
sendo
p2
Ĥ0 =
2m
o operador energia cinética. Na ausência de espalhamento V̂ deve ser igual a zero, e
os auto-estados são os auto-estados de partı́cula livre | p⟩. Na presença de V̂ , os auto-
estados diferem dos de partı́cula livre. No caso de espalhamento elástico a energia não
muda. Assim nós devemos obter a solução da equação de Schrodinger para Ĥ com os
mesmos auto-valores de energia.
Tomemos | ϕ⟩ sendo os auto-estados de energia de Ĥ0 ,
Ĥ0 | ϕ⟩ = E | ϕ⟩ . (10.13)
(Ĥ0 + V̂ ) | ψ⟩ = E | ψ⟩ , (10.14)
com ambos Ĥ0 e (Ĥ0 + V̂ ) exibindo espectro de energia contı́nuos. Para V̂ → 0 temos
que | ψ⟩ →| ϕ⟩. A solução formal para a equação (10.14) é
1
| ψ⟩ =| ϕ⟩ + V̂ | ψ⟩ . (10.15)
E − Ĥ0
Para verificar a equação acima basta multiplicar a equação por Ĥ0 − E e verificar que
recuperamos a equação de Schrodinger (10.14). Para contornar o problema do operador
singular E−1Ĥ , vamos introduzir uma parte complexa
0
1
| ψ ± ⟩ =| ϕ⟩ + V̂ | ψ⟩ , (10.16)
E − Ĥ0 ± iϵ
que é conhecida como equação de Lippmann-Schwinger e é independente de uma particular
representação. Multiplicando a equação acima por ⟨x | e usando a relação de completeza
na representação das coordenadas, obtemos
Z
1
⟨x | ψ ⟩ = ⟨x | ϕ⟩ + d3 x′ ⟨x |
±
| x′ ⟩⟨x′ | V̂ | ψ⟩ . (10.17)
E − Ĥ0 ± iϵ
182
Como | ϕ⟩ refere-se a partı́culas livres de momento p, temos que os auto-estados de
energia são auto-estados de p̂,
1
ϕ(x) = ⟨x | ϕ⟩ = 3/2
eip·x/ℏ (10.18)
(2πℏ)
ℏ2 ′ 1
G± (x, x ) = ⟨x | | x′ ⟩ . (10.21)
2m E − Ĥ0 ± iϵ
Para o caso do potencial somente depender da posição
Z
± 2m
ψ (x) = ϕ(x) + 2 d3 x′ G± (x, x′ )V (x′ )ψ ± (x) , (10.22)
ℏ
Usando a relação de completeza podemos escrever
Z
′ ℏ2 1
G± (x, x ) = d3 p d3 p′ ⟨x | p⟩⟨p | | p′ ⟩⟨p′ | x′ ⟩ . (10.23)
2m E − Ĥ0 ± iϵ
Usando a relação (10.19) e que p̂ | p⟩ = p | p⟩, obtemos
Z ′
′ ℏ2 d3 p eip·(x−x )/ℏ
G± (x, x ) = . (10.24)
2m (2πℏ)3 E − (p2 /2m) ± iϵ
183
Integrando na parte angular obtemos
Z ∞ ′ ′
′ 1 1 q(eiq|x−x | − e−iq|x−x | )
G± (x, x ) = − 2 dq , (10.26)
4π i | x − x′ | 0 q 2 − k 2 ∓ iϵ
ou ainda Z ′
∞
′ 1 1 qeiq|x−x |
G± (x, x ) = − 2 dq 2 . (10.27)
4π i | x − x′ | −∞ q − k 2 ∓ iϵ
Usando o teorema dos resı́duos obtemos2
′
′ 1 e±ik|x−x |
G± (x, x ) = − . (10.28)
4π | x − x′ |
sendo
1 dm−1
Resf (a) = lim [(z − a)m f (z)] .
(m − 1)! z→a dz m−1
184
Figura 10.2: Potencial espalhador de alcance finito.
Assim, a onda plana original na direção k após o espalhamento é composta por uma
parte que não é afetada pelo espalhamento mais uma onda esférica multiplicada pela
amplitude de espalhamento f (k, k′ ), que nos dá a seção de choque diferencial
dσ =| f (k, k′ ) |2 dΩ . (10.35)
3
Note que podemos escrever
1 2m
f (k, k′ ) = − (2πℏ)3 ⟨k′ | V̂ | ψ + ⟩
4π ℏ2
.
185
10.3 Série de Born
1 2m 1
f (2) (k, k′ ) = − (2πℏ)3 ⟨k′ | V̂ V̂ | k⟩ (10.43)
4π ℏ 2
E − Ĥ0 + iϵ
onde usamos | ϕ⟩ =| k⟩ visto que ⟨x | ϕ⟩ = ⟨x | k⟩ = (2πℏ) 1
3/2 e
ik·x
.
Apesar da equação de Lippmann-Schwinger ter sido obtida a partir da equação de
Schrodinger estacionária, um formalismo de espalhamento baseado na equação de Schro-
dinger depedente do tempo leva para a mesma equação obtida anteriormente.
4
observe que
Z Z ′ ′
′ 3 ′ ′ ′ ′ e−ik ·x
⟨k | V̂ | ψ ⟩ =
+
d x ⟨k | x ⟩⟨x | V̂ | ψ ⟩ = +
d3 x ′ V̂ (x′ )⟨x′ | ψ + ⟩
(2πℏ)3/2
a qual leva a relação da amplitude de espalhamento na representação das coordenadas.
186
10.4 Aproximação de Born de Primeira Ordem
ou seja
187
que resulta Z ∞
′ 1 2m 1 iqr
f (1)
(k, k ) = − r2 dr [e − e−iqr ]V (r) , (10.51)
2 ℏ2 0 iqr
que também pode ser escrita como
Z ∞
′ 2m 1
f (1)
(k, k ) = − 2 rV (r) sin qrdr . (10.52)
ℏ q 0
Para o caso onde a série de Born não pode ser facilmente utilizada, temos que obter a
solução da equação de Schrodinger em coordenadas esféricas
ℏ2 2
− ∇ − V (x) ψk (r, θ, ϕ) = Ek ψk (r, θ, ϕ). (10.56)
2m
eikr
ψk (r, θ, ϕ) ∝ eik.x + f (θ, ϕ) (10.57)
r
188
No entanto, para o caso do potencial ser es-
fericamente simétrico, podemos escolher como
base os auto-estados de Ĥ, L̂2 e L̂z ,
No caso em que o potencial vai a zero mais rapidamente que 1/r, nós esperamos que a
solução ψklm (r, θ, ϕ) tenha o mesmo comportamento assintótico do caso da partı́cula livre,
a menos de um fator que carrega as informações do potencial espalhador. A solução da
Eq. (10.59) para o caso V (r) = 0 é dada por
sendo δl a diferença de fase em relação ao caso livre induzida pelo potencial espalhador.
Foi utilizado também que Yl0 ∼ Pl (cos θ).
189
Usando a expansão para eikz em termos dos polinômios de Legendre,
X
∞
sin(kr − lπ/2)
ikz
e = (2l + 1)il Pl (cos θ) (10.65)
l=0
kr
X
∞
f (θ) = Al Pl (cos θ) , (10.66)
l=0
podemos fazer a comparação entre as duas formas, equações (10.57) e (10.64), ou seja
X
∞ X ∞
1 lπ l sin(kr − lπ/2) eikr
Cl sin kr − + δl Pl (cos θ) = (2l + 1)i + Al Pl (cos θ).
l=0
kr 2 l=0
kr r
(10.67)
Usando que sin (kr − lπ/2 + δl ) = i1l eikr sin δl + sin(kr − lπ/2)e−iδl , obtemos as relações
para os coeficientes Al e Cl ,
1 Cl
Al = sin δl . (10.68)
k il
e
Cl = il (2l + 1)eiδl (10.69)
Usando estas relações em (10.66) obtemos
1X
∞
f (θ) = (2l + 1)eiδl sin δl Pl (cos θ) . (10.70)
k l=0
fica
X (2l + 1)(2l′ + 1) Z π
i(δl −δl′ )
σ = 2π e sin δl sin δl′ Pl (cos θ)Pl′ (cos θ) sin θdθ . (10.72)
ll′
k2 0
Rπ
Integrando em θ, ou seja, usando 0
Pl (cos θ)Pl′ (cos θ) sin θdθ = 2/(2l + 1)δl,l′ , obtemos
4π X
∞
σ= 2 (2l + 1) sin2 δl . (10.73)
k l=0
190
Outra propriedade que observamos de (10.131) é que
1X
∞
f (0) = (2l + 1)eiδl sin δl . (10.74)
k l=0
191
Este espalhamento é isotrópico e conhecido com espalhamento de onda s. Por outro lado,
para altas energias, kr0 ≫ 1, todas as ondas parciais sofrerão uma diferença de fase.
———————————————————————————————-
Exemplo - Poço esférico atrativo
Considere um feixe de partı́culas de baixa energia e massa m, espalhadas por um
potencial tipo poço finito esférico atrativo de raio a
V (r) = −V0 parar < a (10.82)
e nulo para r > a. Como a energia é baixa, ka ≪ 1, nós necessitamos somente olhar para
as ondas s. A equação de Schrodinger radial neste caso é
1 d 2 d 2m
r + 2 (E − V ) R(r) = 0 . (10.83)
r2 dr dr ℏ
Definindo a função u = rR, temos para r < a (região I)
2
d 2
+ k1 uI (r) = 0 , (10.84)
dr2
2m
sendo k12 = ℏ2
(E + V0 ). A solução da equação acima com R(0) finito é
uI (r) = A sin k1 r . (10.85)
Para r > a (região II), o potencial é nulo, V = 0, de forma que a solução da equação de
Schrodinger fica
uII (r) = B sin(kr + δ0 ) , (10.86)
2m
sendo k 2 = ℏ2
E. A condição de continuidade na fronteira, r = a, ou seja
d d
uI (a) = uII (a) uI = uII (10.87)
dr a dr a
nos leva a relação
1 d 1 d
uI = uII , (10.88)
uI dr a uII dr a
a qual, com o uso das soluções (10.85) e (10.86) nos fornece a equação que relaciona δ0
com E, V0 e a,
k1 cot k1 a = k cot(ka + δ0 ) . (10.89)
Para baixas energias, ka ≪ 1, temos δ0 ≪ 1 tal que6
k
k1 cot k1 a ≈ , (10.90)
ka + δ0
ou seja
tan k1 a
δ0 ≈ sin δ0 ≈ ka −1 . (10.91)
k1 a
6
Temos cot(ka + δ0 ) = k1 cotk
k1 a
. Para k → 0 com k1 finito, temos cot(ka + δ0 ) cresce, ou seja,
sin(ka + δ0 ) decresce. Mas para ka ≪ 1 temos que ter δ0 ≪ 1
192
A amplitude total de espalhamento, usando
(10.132), será
2
tan k1 a
σ = 4πa 2
−1 (10.92)
k1 a
cos(ka + δ0 )
k =0, (10.94)
sin(ka + δ0 )
ou seja
cos(ka + δ0 ) = 0 ⇒ sin(ka + δ0 ) = 1 . (10.95)
Como ka ≪ 1, temos que δ0 ≈ π/2. Esta condição de ressonância leva a amplitude total
de espalhamento
4π 4π
σ = 2 sin2 δ0 ≈ 2 , (10.96)
k k
conhecido como ressonância de onda s.
Da equação (10.92) temos que σ = 0 para os valores de k1 a satisfazendo a relação
tan k1 a = k1 a, ou seja, essa transparência ressonante de um potencial atrativo é verificada
experimentalmente em espalhamento de elétrons de baixa energia por átomos de gás raro.
Esse efeito de transparência é denominado efeito Ramsauer.
———————————————————————————————-
Exemplo - Barreira retangular
O caso do espalhamento pelo potencial
e nulo para r > a pode ser resolvido de maneira semelhante ao exemplo anterior. A
diferença é que para a região onde o potencial atual temos que a solução da equação de
Schrodinger é dada por
uI (r) = A sinh(k2 r) , (10.98)
193
com k22 = 2m
ℏ2
(V0 − E). A aplicação das condições de contorno neste caso nos leva a relação
k2 coth k2 a = k cot(ka + δ0 ) . (10.99)
Para baixas energias, ka ≪ 1, novamente temos δ0 ≪ 1, de forma que a amplitude total
de espalhamento se reduz a
2
tanh k2 a
σ = 4πa 2
−1 . (10.100)
k2 a
No limite que V0 → ∞, temos a esfera dura, ou seja, impenetrável, e a seção de choque
se reduz a
σ = 4πa2 , (10.101)
que é quatro vezes o resultado clássico. Mesmo que o resultado acima não dependa de ℏ,
não é esperado que este seja o resultado clássico, visto que aqui estamos considerando o
limite de baixas energias (ka ≪ 1), levando em conta apenas as ondas s. Em adição essa
área efetiva maior que a clássica é caracterı́stico de espalhamento para grande compri-
mento de onda, diferente do espalhamento clássico onde a partı́cula sente somente o área
real da espera dura.
Suponha o espalhamento de duas partı́culas idênticas sem spin interagindo via o poten-
cial Coulombiano. A função de onda espacial deve ser simétrica, tal que o comportamento
assintótico da função de onda fica
−ik·x eikr
ψ (x1 , x2 ) ∼ e
+ ik·x
+e + [f (θ) + f (π − θ)] , (10.102)
r
onde x = x1 + x2 , de tal form que a seção de choque diferencial é dada por
dσ
=| f (θ) + f (π − θ) |2 , (10.103)
dΩ
ou seja
dσ
=| f (θ) |2 + | f (π − θ) |2 +2Re[f (θ)∗ f (π − θ)] . (10.104)
dΩ
Por outro lado, para o espalhamento de duas partı́culas de spin 1/2 com feixe não
polarizado e V independente do spin, nós temos o espalhamento do spin-singleto espacial-
mente simétrico e o spin tripleto espacialmente anti-simétrico, ou seja, a função de onda
total anti-simétrica
X
ψ(x1 , s1 , x2 , s2 ) = C(ms1 , ms2 )⟨x1 , ms1 ; x2 , ms2 | α⟩ , (10.105)
ms1 ,ms2
194
ou seja
ψ(x1 , s1 , x2 , s2 ) = ϕ(x1 , x2 )χ(ms1 , ms2 ) . (10.106)
Como s1 = 1/2 e s2 = 1/2, temos s = s1 + s2 , tal que pode assumir valores s = 0, com
m = 0 e s = 1 com m = −1, 0, 1. Desta forma
χ++
√1 (χ + χ−+)
2 +−
χ(ms1 , ms2 ) = (10.107)
χ−−
√1
2
(χ+− − χ−+)
Os três primeiros estados de spin são simétricos(tripleto) e o último é anti-simétrico(singleto).
Como a função de onda total é anti-simétrica temos que para a parte espacial
e
tripleto → ϕ(x1 , x2 ) → anti-simétrica . (10.109)
Se o feixe inicial é não polarizado nós temos a contribuição estatı́stica 1/4 para spin
singleto e 3/4 para spin tripleto, tal que
dσ 1 3
= | f (θ) + f (π − θ) |2 + | f (θ) − f (π − θ) |2 . (10.110)
dΩ 4 4
ou seja
dσ
=| f (θ) |2 + | f (π − θ) |2 −Re[f (θ)∗ f (π − θ)] . (10.111)
dΩ
195
com o primeiro ı́ndice caracterizando o estado do elétron incidente com energia Ek = ℏk
2
2m
e o segundo ı́ndice caracterizando o átomo no estado fundamental. O estado final pode
ser escrito como
k′
2
dσ 1 2me ′
(0 → n) = (2π)3 ⟨k , n | V | k, 0⟩ . (10.115)
dΩ k 4π ℏ2
Ze2 X e2
V =− + . (10.116)
r i
| x − xi |
Usando que
!
XZ eiq·x X Z
eiq·(x+xi ) XZ eiq·x
3 3 3
dx = dx = dx eiq·xi (10.120)
i
| x − xi | i
|x| i
|x|
temos
Z " #
1 e iq·x X
⟨k ′ , n | V | k, 0⟩ = d3 x −Ze2 δn,0 + e2 ⟨n | eiq·xi | 0⟩ . (10.121)
(2π)3 |x| i
196
O segundo fator do parênteses é conhecido como fator de forma Fn (q),
X
ZFn (q) = ⟨n | eiq·xi | 0⟩ . (10.122)
i
satisfazendo a propriedade
F0 (q) → 1
lim (10.123)
q→0 Fn (q) → 0 n ̸= 0
Desta forma temos que
1 4πZe2
⟨k ′ , n | V | k, 0⟩ = [−δn,0 + Fn (q)] , (10.124)
(2π)3 q2
ou seja
k ′ 1 2me 4πZe2
2
dσ
(0 → n) = [−δn,0 + Fn (q)] . (10.125)
dΩ k 4π ℏ2 q2
No caso do espalhamento inelástico o termo δn,0 não contribui, de tal forma que po-
demos escrever a seção de choque diferencial com
dσ k′ 1
(0 → n) = 4Z 2 a20 |Fn (q)|2 , (10.126)
dΩ k (q a0 )4
ℏ2
onde a0 é o raio de Bohr, a0 = e2 me 2
e q =| k − k′ |.
10.8 Exercı́cios
197
onde Z ′
′ ℏ2 d3 p eip·(x−x )/ℏ
G± (x, x ) = ,
2m (2πℏ)3 E − p2 /2m ± iϵ
com ⟨x | ϕ⟩ = ⟨x | p⟩ = (2πℏ)
1
3/2 e
ip·x/ℏ
, sendo que o fator iϵ foi introduzido para contornar
o polo na integral acima.
ik|x−x′ | ′ ′
5) Usando o resultado da eq.(10.128), com G(x, x′ ) = − 4π e−ik ·x
ikr
1 e
|x−x′ |
≃ − 4π 1 e
r
para |x| >> |x′ |, mostre que na aproximação de Born de primeira ordem
Z
1 eikr ′ ′ 1 2m ′ ′
⟨x|Ψ⟩ = e ik·x
+ f (k, k ) , com f (k, k ) = − d3 x′ ei(k−k )·x V (x′ ).
(2πℏ) 3/2 r 4π ℏ 2
(10.129)
6) No caso de potencial com simetria esférica, mostre que
Z
′ 2m 1 ∞
f (k, k ) = − 2
(1)
rV (r) sin qrdr , (10.130)
ℏ q 0
onde q =| k − k′ |.
7) Usando a aproximação de Born de primeira ordem, calcule a seção de choque total
para o espalhamento por um potencial do tipo V (r) = Ae−ar .
8) Qual é a idéia básico do método de ondas parciais?
9) O fator de modulador f (θ) no método de ondas parciais é dado por
1X
∞
f (θ) = (2l + 1)eiδl sin δl Pl (cos θ) . (10.131)
k l=0
4π X
∞
σ= (2l + 1) sin2 δl . (10.132)
k 2 l=0
k1 = 2m ℏ2
(E + V0 ) ≈ 2m ℏ2
(V0 ). Discuta a ressonância de onda S e o efeito Ramsauer.
198
11) Use aproximação de Born de primeira ordem para calcular a seção de choque
diferencial, e a seção de choque total, para o potencial V (r) = V0 se r ≤ a e V (r) = 0 se
r > a , para o caso 0 < E < V0 .
12) O resultado para o mesmo potencial do ı́tem anterior usando o método de ondas
parciais é 2
tanh k2 a
σ = 4πa 2
−1 ,
k2 a
com k22 = 2m
ℏ2
(V0 − E). Justifique se é possivel comparar os dois resultados.
13) Demonstre como obter a série de Born para a amplitude de espalhamento.
14) Discuta quais os fatores devem ser considerados no caso do espalhamento inelástico
e como isso afeta o cálculo da amplitude de espalhamento.
15) Obtenha a seção de choque σ para o potencial Gaussiano V (r) = V0 e−r
2 /a2
usando
a aproximação de Born de primeira ordem.
i) Derive a expressão para a seção de choque total como função da energia incidente
E.
ii) Para qual valor de E o espalhamento de onda s dá uma boa estimativa para σ.
17)Considere o problema de espalhamento (E > 0) pelo potencial delta- Dirac
V (r) = −V0 δ(r − a).
a) Calcule a seção de choque σ0 usando método de ondas parciais.
b) Calcule a seção de choque σ usando a aproximação de Born de primeira ordem.
18)Considere agora o problema de espalhamento (E > 0) de ondas s pelo potencial
de esfera dura
∞ r < r0
V (r) =
0 r > r0
Calcule a seção de choque σ0 no limite de baixas energias, kr0 << 1.
19) Considere o espalhamento de onda s (l = 0) para o potencial
ℏ2
V (r) = λ δ(r − R) (10.134)
2mR
199
sendo λ uma constante positiva. A fase δ0 é obtida resolvendo a equação de Schrodinger
d2 u(r) λ
+ k 2
u(r) = δ(r − R)u(r) (10.135)
dr2 R
satisfazendo a condição u(r = 0) = 0 e u(r) = B sin(kr + δ0 ) para r > R.
a) Encontre a solução u(r) para r < R.
b) Aplicando as condições de contorno em r = R, ache a fórmula que determina δ0 .
c) Mostre que a seção de choque de onda-s para esse potencial quando λ >> kR. é
igual do de esfera dura de raio R, σ = 4πR2 exceto para kR próximo de nπ, ou seja,
tan(KR) ≈ 0.
d) Repita o cálculo da seção de choque usando a aproximação de Born de primeira ordem.
Obs: Lembre-se que para potencial descontı́nuo temos du(r) dr
− du(r)
dr
=
2m
R R+ϵ
r=R + r=R−
ℏ2
limϵ−>0 R−ϵ V (r)u(r)dr.
20) Considere os espalhamento de dois ions de He+ . Como o spin nuclear é zero, assim
os ions são férmions idênticos, com cada um tendo spin 1/2 devido ao spin do elétron.
A interação entre os ions é Coulombiana. Assumindo que a amplitude de espalhamento
Coulombiano pode ser escrita como
n
f (θ) = e−iϕ(θ) (10.136)
2k sin2 (θ/2)
p
sendo ϕ(θ) uma função real e µ a massa reduzida do ion e k = 2µE/hbar 2 .
a) Ache a seção de choque diferencial no caso do spin total for nulo (singleto) e no caso
do spin total ser um (tripleto).
b) Qual a seção de choque diferencial no caso do feixo ser não polarizado?
21) Considere o espalhamento de dois feixes de elétrons polarizados cuja parte de spin
da função de onda se encontra no estado
1
χ(ms1 , ms2 ) = √ (χ+− + χ−+) (10.137)
2
Usando a aproximação de Born de primeira ordem, obtenha a seção de choque diferencial
para este espalhamento.
200
Capı́tulo 11
Partı́culas idênticas
Nos capı́ulos anteriores descrevemos como obter a solução da equação de Schrodinger para
partı́cula única. No caso de um sistema composto por n partı́culas confinadas em uma
região de dimensões quântica, precisamos encontrar a função de onda correspondente ao
sistema de n partı́culas, A função de onda de um sistema de n partı́culas nas coordenadas
r1 , ..., rn é
Ψ(r1 , ..., rn , t)
satisfazendo a equação de Schrodinger
∂
iℏ Ψ(r1 , ..., rn , t) = ĤΨ(r1 , ..., rn , t) , (11.1)
∂t
com a Hamiltoniana dada por
Xn
ℏ2 2
Ĥ = − ∇i + V (r1 , ..., rn , t) . (11.2)
i=1
2m i
ℏ2 2 ℏ2 2
Ĥ = − ∇1 − ∇ + V (r1 , r2 , t) . (11.4)
2m1 2m2 2
A interpretação probabilistica, para a função de onda normalizada, isto é,
Z
| Ψ | 2 d 3 r1 d 3 r2 = 1 , (11.5)
201
é tal que
| Ψ | 2 d 3 r1 d 3 r2 (11.6)
dá a probabilidade de encontrar uma partı́cula no volume d3 r1 e a outra partı́cula no
volume d3 r2
Para potenciais independentes do tempo podemos escrever
ℏ2 2 ℏ2 2
ĤΨ = − ∇1 Ψ − ∇ Ψ + V Ψ = EΨ . (11.9)
2m1 2m2 2
Ĥi Ψi = Ei Ψi , (11.12)
p̂2i
com Ĥi = 2mi + V (r̂i ), as equações de Schrodinger de partı́cula única.
No entanto, como na mecânica quântica as partı́culas são indistinguı́veis temos que
construir a função de onda que satisfaça a indistinguibilidade quando permutamos a
partı́cula 1 pela 2. Como as medidas fı́sicas dependem de | Ψ |2 , para o caso de partı́culas
idênticas, a função de onda deve levar somente a uma mudança de fase global pela troca
da partı́ula i pela j. Considerando o operador troca, isto é,
Pˆij Ψ(.., xi , ...xj ...) = λΨ(.., xj , ...xi ...), (11.13)
1
Observação: Caso o potencial só dependa do módulo de (r1 − r2 ) , introduzindo a coordenada:
m1 r 1 + m2 r 2
r = r1 − r2 e R= (11.8)
m1 + m2
Podemos fazer a separação de variáveis exatamente como na mecânica clássica.
202
temos que
2
Pˆij Ψ(.., xi , ...xj ...) = λ2 Ψ(.., xi , ...xj ...) = Ψ(.., xi , ...xj ...), (11.14)
o que implica que λ = ±1. Assim, a forma de construir a função de onda que satisfaça
este critério é escrevermos2
√Se Ψa e Ψb são normalizadas, então para que Ψ± (r1 , r2 ) ser normalizada temos A =
1/ 2.
As soluções acima podem ser simétricas ou anti-simétricas pela troca de partı́culas,
1
ΨSa,b (r1 , r2 ) = √ [Ψa (r1 )Ψb (r2 ) + Ψa (r2 )Ψb (r1 )] (11.16)
2
1
ΨAa,b (r1 , r2 ) = √ [Ψa (r1 )Ψb (r2 ) − Ψa (r2 )Ψb (r1 )] (11.17)
2
Observe que temos
203
ou seja,
2 πx πx
1 2
Ψ1,1 = sin sin → → estado fundamental - E1,1 = 2K
a a a
2 πx 2πx2
1
Ψ1,2 = sin sin → → 1o estado excitado - E1,2 = 5K
a a a
πx
2 2πx1 2
Ψ2,1 = sin sin → → 1o estado excitado - E2,1 = 5K
a a a
√
2 πx1 2πx2 πx
2 2πx1
Ψ1,2 = −Ψ2,1 = sin sin − sin sin
a a a a a
→ estado fundamental - E12 = E21 = 5K
204
unidimensional), com a ̸= b. Por simplicidade vamos assumir Ψa e Ψb ortogonais (escolha
não necessária) e normalizadas, ou seja:
Z Z
∗
Ψa (x)Ψb (x)dx = 0 Ψ∗i (x)Ψi (x)dx = 1 i = a, b.
Z Z
2
< x2 > = x2 |Ψb (x2 )| dx2 |Ψa (x1 )|2 dx1 = < x2 >b
2 2
Z Z
< x 1 x2 > = x2 |Ψb (x2 )| dx2 x1 |Ψa (x1 )|2 dx1 = < x >a < x >b .
2
b) Partı́culas idênticas
No caso de partı́culas idênticas a função de onda
1
Ψa,b (x1 , x2 ) = √ [Ψa (x1 )Ψb (x2 ) ± Ψa (x2 )Ψb (x1 )] (11.20)
2
o que nos leva
Z Z
1
< x21 > = x1 |Ψa (x1 )| dx1 |Ψb (x2 )|2 dx2
2 2
2
Z Z
1
+ x1 |Ψb (x1 )| dx1 |Ψa (x2 )|2 dx2
2 2
2
Z Z
1
± 2 ∗
x1 Ψa (x1 )Ψb (x1 )dx1 Ψ∗b (x2 )Ψa (x2 )dx2
2
| {z }
Z Z
zero por ortogonalidade
1
± x1 Ψb (x1 )Ψa (x1 )dx1 Ψ∗a (x2 )Ψb (x2 )dx2
2 ∗
2
| {z }
zero por ortogonalidade
ou seja
1
< x21 > = < x 2 >a + < x 2 >b
2
205
Igualmente:
1
< x22 > = < x 2 >b + < x 2 >a
2
Porém
Z Z
1
< x 1 x2 > = x1 |Ψa (x1 )| dx1
2
x2 |Ψb (x2 )|2 dx2
2
Z Z
1
+ x1 |Ψa (x1 )| dx1
2
x2 |Ψb (x2 )|2 dx2
2
Z Z
1
± x1 Ψa (x1 )Ψb (x1 )dx1 x2 Ψ∗b (x2 )Ψa (x2 )dx2
∗
2
Z Z
1
± x1 Ψb (x1 )Ψa (x1 )dx1 x2 Ψ∗a (x2 )Ψb (x2 )dx2
∗
2
1 1
< x 1 x2 > = < x >a < x >b + < x >b < x >a
2 2
1 1
± < x >ab < x >ba ± < x >ba < x >ab
2 2
= < x >a < x >b ±| < x >ab |2
< (x1 − x2 )2 >± = < x2 >a + < x2 >b −2 < x >a < x >b ∓ 2| < x >ab |2 ,
ou seja:
< (∆x)2 >± = < (∆x)2 >d ∓ 2| < x >ab |2 (11.21)
Verificamos que a simetria ou anti-simetria da parte espacial da função de onda leva
a forças diferentes entre as partı́culas,
< (∆x)2 >+ = < (∆x)2 >d − 2| < x >ab |2 → força de atração - estado ligado.
< (∆x)2 >− = < (∆x)2 >d + 2| < x >ab |2 → força de repulsão - estado não ligado
ou seja, no caso simétrico as partı́culas tendem a ficar mais próximos e caso anti-simétrico
tendem a ficar mais afastados do que partı́culas clássicas.
206
Observação: < x >ab , é nula na
regiâo onde Ψa (x) e Ψb (x) não se en-
trelaçam. Isto é se duas partı́culas
idênticas estão distantes o suficiente
que Ψa é nula na região onde Ψb não
é nula, não faz diferença se a função Figura 11.1: Representação esquemática da força de
de onda é simétrica ou anti-simétrica. troca no caso simétrico e anti-simétrico.
Note que no caso de elétrons, te-
mos que levar em conta também o spin, de forma que a simetrização considera a parte
espacial e de spin.
S
Ψ (r1 , r2 )χA (s1 , s2 ) → estado ligado
Ψ = Ψ(r1 , r2 )χ(s1 , s2 ) ⇒
ΨA (r1 , r2 )χS (s1 , s2 ) → estado não ligado
1
χA (s1 , s2 ) = √ [χ1 (↑)χ2 (↓) − χ1 (↓)χ2 (↑)] ⇒ Singleto
2
χ1 (↑)χ2 (↑)
S
χ (s1 , s2 ) = √1
[χ1 (↑)χ2 (↓) + χ1 (↓)χ2 (↑)] ⇒ Tripleto
2
χ1 (↓)χ2 (↓)
1
ΨSa,b (r1 , r2 ) = √ [Ψa (r1 )Ψb (r2 ) + Ψa (r2 )Ψb (r1 )] → simétrica (11.23)
2
1
a,b (r1 , r2 ) = √ [Ψa (r1 )Ψb (r2 ) − Ψa (r2 )Ψb (r1 )]
ΨA → anti-simétrica (11.24)
2
207
Note que a densidade de probabilidade de encontrar duas partı́culas idênticas no es-
tados quânticos a, b é dada por
208
{ni } 1 2 3
{2, 0, 0} AB 0 0
{0, 2, 0} 0 AB 0
{0, 0, 2} 0 0 AB
{1, 1, 0} A B 0
B A 0
{1, 0, 1} A 0 B
B 0 A
{0, 1, 1} 0 A B
0 B A
ω = gN
{ni } 1 2 3
{2, 0, 0} AA 0 0
{0, 2, 0} 0 AA 0
{0, 0, 2} 0 0 AA
{1, 1, 0} A A 0
{1, 0, 1} A 0 A
{0, 1, 1} 0 A A
(N + g − 1)!
ω= ,
N !(g − 1)!
com Nocupado ≤ N .
209
Partı́culas fermiônicas - (indistinguı́veis)
Neste caso, não podemos distinguir se é a partı́cula 1 ou 2 que está ocupando um
dado estado quântico, e além disto, duas partı́culas não podem ser encontradas no
mesmo estado. De forma que as possı́veis configurações se reduzem a
{ni } 1 2 3
{1, 1, 0} A A 0
{1, 0, 1} A 0 A
{0, 1, 1} 0 A A
ou seja, de um modo geral o número de estados accessı́veis fica sendo
g!
ω=
N !(g − N )!
com Nocupado = 0, 1.
210
n1 no estado ε1
n2 no estado ε2
Das N partı́culas = ..
.
n no estado ε
i i
Para o caso que temos o número total de partı́culas e a energia total fixos (ensemble
microcanônico), os conjuntos {ni } com energias εi estão sujeitos aos vı́nculos
X
ni = N ,
e X
n i εi = E .
i
Estatı́stica clássica
Como as partı́culas são distinguı́ves temos4 o números de modos diferentes de um mesmo
conjunto {ni } é
N! N!
=Q
n1 !n2 ! . . . i ni !
1
Em adição a isto, temos o fator de correlação de Boltzmann N!
, de forma que para cada
conjunto {ni } temos o peso estatı́stico clássico 5 .
1
ρc {ni } = Q .
i ni !
Estatı́stica Quântica
211
S
Ψ (q) ⇒ ρBE {ni } = 1
XY E
ΨE = φi (qi ) = P 2 (11.26)
1 se P ni2 = N
P i ΨA
E (q) ⇒ ρBE {ni } =
0 se ni > N
Ω(E, V, N )?
Vamos considerar V grande de forma que o nı́veis de energia estão muito próximos.
Para efetuar a contagem do número de microestados vamos dividir em células, cada uma
contendo gi estados quânticos com energia média εi , contendo ni partı́culas.
X
n i εi = E
i
Para cada célula temos ω(i) microestados distintos, descritos pelas relações abaixo
gini Maxwell-Boltzmann
(ni +gi −1)!
ω(i) = ni !(gi −1)!
Bose-Einstein (11.28)
gi !
ni !(gi −ni )!
Fermi-Dirac
No espectro todo o número total de microestados distintos W {ni } é dado pelo pro-
dutório do número distinto de microestados associados com a i-ésima célula contendo ni
partı́culas, para ser acomodada em gi nı́veis, ou seja,
212
Y
W {ni } = ω(i) (11.29)
i
O número de estados acessı́veis ao gás , Ω(E, V, N ), sujeito aos vı́culos acima é dado
X
vinc
Ω(E, V, N ) = W {ni } , (11.30)
{ni }
Pvinc
sendo {ni } a soma sobre o número de distintos microestados associados com o conjunto
{ni } sujeita aos vı́culos associados aos ensemble microcanônico.
Vamos agora considerar os três casos:
• Primeiro caso: Maxwell-Boltzmann.
Temos N partı́culas colocadas nas células cabendo ni partı́culas na célula gi . Como as
partı́culas são distinguı́veis de quantas maneiras isso pode ser feito?
O número de microestados em cada célula é dado por
gini .
No entanto, como as parı́culas são distinguı́veis, o microestado contendo a partı́cula A na
célula i e a partı́cula B na célula j é distinto do microestado contendo a partı́cula B na
célula i e a partı́cula A na célula j. Desta forma temos que levar em conta as possı́veis
permutações entre as células, introduzindo um fator adicional
N! N!
=Q
ni !n2 ! . . . i ni !
no qual adicionamos ad-doc o fator de correção de Boltzmann, N1 ! . Sem esse fator temos
problemas de tomar o limite termodinâmico.
• Segundo caso: Bose-Einstein.
Como as partı́culas são indistinguı́veis, temos que o número de microestados será dado
somente pelo produtório do número de microestados em cada célula,
Y (gi + ni − 1)!
WBE {ni } = .
i
(gi − 1)!ni !
• Tercerio caso: Fermi-Dirac.
Da mesma forma para o caso de partı́culas fermiônicas, devido ao princı́pio de exclusão
de Pauli, teremos
Y gi !
WF D {ni } = .
i
(gi − ni )!ni !
213
11.4 A conexão com a termodinâmica.
S = kB lnΩ(E, V, N )
ou seja
X
vinc
S = kB ln W {ni } (11.32)
{ni }
A soma sobre todos os conjuntos {ni } sujeita aos vı́nculos é difı́cil de ser efetuada. O
que podemos fazer é substituir a soma pelo seu valor mais provável.
S ≈ kB ln W {n∗i } , (11.33)
sendo {n∗i } a distribuição que maximiza o número W {ni }, ou seja, n∗i são os valores mais
prováveis da distribuição dos ni .
Como achar n∗i ? Como a função logarı́timica é uma função monoticamente cres-
cente, maximizar W {ni } é equivalente a maximizar ln W {ni }. A maximização sujeita
as vı́nculos N e E constantes pode ser efetuada usando multiplicadores de Lagrange.
Consideremos a função
! !
X X
f (ni ) = ln W {ni } + α N − ni + β E − εi n i (11.34)
i i
214
P
i [ni ln(ni + gi ) + gi ln(ni + gi ) − ni ln(ni ) − gi ln(gi )] BE
P
ln W {ni } = i [gi ln(gi ) − ni ln(ni ) − gi ln(gi − ni ) + ni ln(gi − ni )] FD ,
P
i [ni ln(gi ) − ni ln(ni ) + ni ] MB
(11.36)
ou ainda
P
n ln gi
+ 1 + g ln 1 + ni
BE
i i ni i gi
P
ln W {ni } = n
i i ln gi
− 1 − g i ln 1 − ni
FD (11.37)
ni gi
P
gi
n
i i ln ni
+ ni MB
Usando o fator comum a, as três relações podem ser escritas de uma maneira comum
como9
X
gi
gi
ani
ln W {ni } = ni ln − a − ln 1 − (11.38)
i
ni a gi
sendo que
+1 FD
a= −1 BE
0 MB
Portanto
X ni ngi2
d gi g 1 a
ln W {ni } = −a −
δij ln δij + i i
δij
dnj ni g i
−a a 1 − i gi
an
i ni gi
X gi
gi gi
= ln −a − + δij
ni gi − ani gi − ani
X gi
i
= ln − a δij
i
ni
9
Observe que lima→0 gi
a ln 1 − ani
gi = −ni .
215
de tal forma que a maximização leva,
df (ni ) X gi gi
= ln − a − α − βεi δij |ni =n∗i = 0 ⇒ ln −a = α+βεi
dnj i
n i n∗i
(11.39)
ou seja,
n∗i 1 1
= α+βεi ou n∗i |gi →1 = α+βεi (11.40)
gi e +a e +a
A ultima equação fornece o número mais provável de partı́culas por estado quântico
na i-ésima célula. 10
Usando a relação acima na expressão da entropia, obtemos para o gás ideal
X 1
∗ ∗
S = k ln W {ni } = k ni (α + βεi ) + ln 1 + ae (−α−βεi )
(11.41)
i
a
Identificando α = − kT
µ
eβ= 1
kT
!
S 1 X X X1
+ µ n∗i − n∗i εi = ln 1 + ae(µ−εi )/kT . (11.42)
k kT i i i
a
Os termos entre parênteses do lado direito estão relacionados com os vı́nculos
X X
ni = N e n i εi = E , (11.43)
i i
216
Esta é a equação de estado do gás ideal quântico, com a = ±1 correspondendo ao gás
de Fermi-Dirac ou Bose-Einstein, respectivamente. A equação para o gás ideal clássico é
obtida no limite de a → 0, usando que ln(1 + x) ≈ x para x << 1, ou seja
PV X
= e(µ−εi )/kT
kT i
X
= n∗i = N ,
i
ou seja
P V = N kT , (11.46)
que é a expressão para pressão e volume do gás ideal clássico.
O valor esperado do número de ocupação por orbital pode ser obtido pela relação
1 ∂
⟨nj ⟩ = − ln Z , (11.47)
β ∂εj
P
com ln Z = a1 i ln 1 + ae(µ−εi )/kT , o que leva aos seguintes resultados:
• Bose-Einstein.
Para o caso de partı́culas bosônicas temos
1 ∂ X
⟨nj ⟩BE = ln 1 − e−β(εi −µ) (11.48)
β ∂εj i
ou seja, o número médio de ocupação por orbital em um gás de bósons
1
⟨nj ⟩BE = . (11.49)
eβ(εj −µ) −1
Como o potencial quı́mico µ < εj , para qualquer j, temos eβ(εj −µ) > 1 o que implica em
⟨nj ⟩ ≥ 0 para qualquer orbital j. Se µ = ε0 , ou seja, o menor valor de energia ⟨nj ⟩ diverge
para T → 0 (condensação de Bose-Einstein).
• Fermi-Dirac.
Para o caso de partı́culas fermiônicas temos
( )
1 ∂ X
−β(εi −µ)
⟨nj ⟩ = −
FD
ln 1 + e (11.50)
β ∂εj i
217
Neste caso, 0 ≤ ⟨nj ⟩FD ≤ 1, em acordo com o princı́pio de exclusão de Pauli. Neste caso,
se ε > µ e |ε − µ| >> kT o número de ocupação < ni >F D ≈ e−βεi → 0. Por outro lado,
se ε < µ e |ε − µ| >> kT o número de ocupação < ni >F D ≈ e−βµ1 +1 ≈ 1. Isto é, para
baixas temperaturas temos todos os nı́veis do mar de Férmi ocupados e os outros acima
vazios.
n∗
Observe que ⟨nj ⟩ = gjj , ou seja, o valor médio
é igual ao valor mais provável do ensemble microcanônico.
Na situação clássica, ambos férmions e bósons deverm ter ⟨nj ⟩ ≪ 1 para qualquer j,
ou seja,
X 1X
ln Z = exp[β(εi − µ)] ∓ (exp[−β(εi − µ)])2 + . . .
i
2 i
X
ln Z = exp[β(εj − µ)] , (11.52)
i
e
218
11.5 Operador Densidade
Suponha que vamos fazer a medida de um observável  num ensemble misto. A média
de ensemble de  é definida
X
[Â] ≡ wi ⟨ui | Â | ui ⟩
i
XX
= wi | ⟨a | ui ⟩ |2 a , (11.55)
i a
Note que desta forma as propriedades de ensemble não dependem do particular observável
Â. Assim, definindo o operador densidade
X
ρ̂ ≡ wi | ui ⟩⟨ui | , (11.59)
i
12
Num ensemble puro wi = 1 para i = n e wi = 0 para outros estados | ui ⟩.
219
Desta forma, a média de ensemble vem a ser escrita como
X
[Â] = ⟨b′′ | ρ̂ | b′ ⟩⟨b′ | Â | b′′ ⟩
b′ b′′
= tr(ρ̂Â) . (11.61)
Visto que o traço independe da representação, podemos calcular [ Â] usando a base con-
veniente.
O operador densidade satisfaz duas propriedades:
P P P
tr(ρ̂) = i b wi ⟨b | ui ⟩⟨ui | b⟩ = i wi ⟨ui | ui ⟩ = 1
ρ̂ é Hermitiano.
P P P
ρ̂ = i wi | i⟩⟨i | j wj | j⟩⟨j | = | |
2 2
w
i i i⟩⟨i , que no caso de ensemble
puro nos leva ρ̂2 = ρ̂.
—————————————————————————————————
Exemplo 1: Feixe polarizado com | Sz , +⟩ (ensemble puro)
A representação matricial de ρ̂ na sua própria base, ou seja, na base13 dos auto-estados
de Ŝz temos
ρ̂ =| Sz ; +⟩⟨Sz ; + |, (11.62)
ou seja
. ⟨+ | ρ̂ | +⟩ ⟨+ | ρ̂ | −⟩ 1 0
ρ= = (11.63)
⟨− | ρ̂ | +⟩ ⟨− | ρ̂ | −⟩ 0 0
Da mesma forma para o estado | Sz ; −⟩ temos
. 1 0 0
ρ= (11.64)
2 0 1
————————————————————————————————-
Exemplo 2: Feixe polarizado com | Sx , +⟩ (ensemble puro)
Na base14 dos auto-estados de Ŝz o estado | Sx ; +⟩ = √12 | +⟩ + | −⟩ , desta forma
temos
1
ρ̂ =| Sx ; +⟩⟨Sx ; + |= (| +⟩+ | −⟩)(⟨+ | +⟨− |), (11.65)
2
ou seja
. ⟨+ | ρ̂ | +⟩ ⟨+ | ρ̂ | −⟩ 1 1 1
ρ= = (11.66)
⟨− | ρ̂ | +⟩ ⟨− | ρ̂ | −⟩ 2 1 1
1 0
13
| +⟩ = e | −⟩ =
0 1
1 0
14
| +⟩ = e | −⟩ =
0 1
220
Da mesma forma para o estado | Sx ; −⟩ = √12 | +⟩ − | −⟩ , desta forma temos
. 1 1 −1
ρ= (11.67)
2 −1 1
————————————————————————————————-
Exemplo 3: Feixe não polarizado | Sz , +⟩ e | Sz , −⟩(ensemble misto)
O feixe não polarizado pode ser escrito como uma mistura de spin up e spin down
(base de Ŝz ) com 50% de cada fração
X
ρ̂ = wi | ui ⟩⟨ui |= w+ | +⟩⟨+ | +w− | −⟩⟨− | (11.68)
i
221
11.5.2 Generalização para o Contı́nuo
ou seja X
⟨x′ | ρ̂ | x⟩ = wi ψi (x′ )ψi∗ (x), (11.75)
i
Para um ensemble totalmente aleatório, cada estado tem o mesmo peso wi = 1/N .
Deste modo a matriz densidade, na base que diagonaliza ρ̂,é
1 0 ... 0
. 1
0 1 0 .
ρ̂r = . (11.76)
N . 0 . .
0 .. 0 1 N XN
222
Neste caso temos
σ = −tr(ρ̂ ln ρ̂) = 0. (11.79)
Assim, podemos dizer que σ mede a desordem do sistema. Ou seja, no ensemble puro a
ordem é máxima, visto que todos os membros estão caracterizados por um mesmo estado.
No caso randômico (aleatório) a desordem é máxima (σ P → máximo), visto que ln N é o
máximo valor de σ sujeito a condição de normalização i ρii = tr(ρ̂) = 1.
Em termodinâmica a quantidade que mede a desordem do sistema é a Entropia (S).
Assim podemos relatar σ com S por
A condição de maximização
δσ = 0 (11.82)
sujeita ao vı́nculo
X X X
U = [Ĥ] = tr(ρ̂Ĥ) = ⟨i | ρ̂Ĥ | i⟩ = ⟨i | ρ̂ | i⟩⟨j | Ĥ | i⟩ = ρij Ei δij , (11.83)
i i,j i,j
nos leva a ( )
X X X
δσ = δ ρii ln ρii + β( ρii Ei − U ) + γ( ρii − 1)] , (11.85)
i i i
ou seja X
δσ = δρii [(ln ρii + 1) + βEi + γ], (11.86)
i
223
onde β e γ são multiplicadores de Lagrange. Visto que na eq. (11.86) δρii é arbitrário, e
da condição (11.82), então temos
ou seja
ρii = exp (−βEi − γ − 1) . (11.88)
P
Usando que i ρii = 1 para eliminar γ, obtemos
e−βEi
ρii = , (11.89)
Z
P
no qual Z = i e−βEi = tr(e−β Ĥ ) é a função de partição15 . Assim, obtemos imediata-
mente que
tr(e−β Ĥ Â)
[Â] =
Z
P −βEi
Pi ⟨Â⟩i e
= −βEi
. (11.90)
ie
tr(e−β Ĥ Ĥ)
U =
P Z −βEi
i Ei e
= P −βEi
, (11.91)
ie
11.6 Exercı́cios
224
partı́cula única são ψn (x) = A sin(nπx/L) com auto-valor En = Cn2 , sendo n = 1, 2, 3, ...
Considerando em adição os graus de liberdade de spin:
(i) Escreva a função de onda e sua energia para o estado tripleto de mais baixa energia.
(ii) Escreva a função de onda e sua energia para o estado singleto de mais baixa energia.
2) Considere um sistema de 3 partı́culas não interagentes (cujas funções de onda
de partı́cula única estão entrelaçadas) que podem ser encontradas nos estados quânticos
ψn1 ,n2 ,n3 (x1 , x2 , x3 ) com n1 , n2 , n3 = 1, 2, 3 . Calcule de uma forma explı́cita o número de
micros-estados acessı́veis no caso de (i) ψ simétrico; e (ii) ψ anti-simétrico.
3) O número médio de ocupação para um gás de partı́culas bosônicas e fermiônicas é
dado por
1 1
⟨nj ⟩BE = (εj −µ)/k T ⟨nj ⟩FD = (εj −µ)/k T . (11.93)
e B −1 e B +1
Analise o comportamento para baixa temperaturas. Lembre-se que no caso de Bósons
µ < εj .
4) Quais são as propriedades que são responsáveis pela existência dos ”gaps”de ener-
gias não permitidos apresentado por sólidos e a correspondente ocupação dos nı́veis per-
mitidos? O que diferencia isolantes de condutores?
5) Em fı́sica quântica, o comportamento de partı́cula subatômica é descrito pela
equação de onda ψ, a qual deve obedecer a equação de Schrödinger. Para estados es-
tacionários, a equação de Schrödinger (uma dimensão) tem a sua forma geral dada por
ℏ d2
Ĥ = − + V̂ , (11.95)
2m dx2
225
6) Baseado nos aspectos de indistinguibilidade das partı́culas quânticas, argumente
de maneira convincente o fato de você estar aqui fazendo a prova, ou seja, por que isso
não aconteceria se fosse possı́vel distinguir as partı́culas idênticas.
Qual a condição para que esta probabilidade seja distinta no caso bosônico e fermiônico?
8) Mostre que se Ĥ = Ĥ1 + Ĥ2 , a solução da equação Ĥψ = Eψ pode ser escrita como
ψ = ψ1 ψ2 sendo Ĥi ψi = Ei ψi , com E = E1 + E2 .
9) Por que a troca da partı́cula da i pela j não afeta as medidas fı́sicas de um dado
sistema, independente de sua função de onda ser simétrica ou anti-simétrica.
10) Quais as consequências da simetrização e indistiguibilidade para um sistema de
N partı́culas não interagentes (gás ideal)?
11) Escreva a função de onda para o estado de três partı́culas indistinguı́veis e não-
interagentes, em termos dos estados de partı́cula única ψa (x), ψb (x) e ψc (x) no caso
simétrico e anti-simétrico. Mostre que a função de onda se anula se a = b para o caso
anti-simétrico (note que estamos assumindo que a função de onda é entrelaçada).
12) Qual a relação entre a distribuição dos nı́veis de energia dos elétrons dos átomos
da tabela periódica com a propriedade de simetrização da função de onda.
13) 5 partı́culas idênticas não interagentes de spin 1/2 estão sujeitas a um potencial
de oscilador harmônico simples em 1-D. Qual é a energia do estado fundamental? Qual o
resultado para o caso de partı́culas sem spin.
14) Considere duas partı́culas idênticas caracterizadas pelos pelos estados de partı́cula
única ψn1 (r1 ) e ψn2 (r2 ), send n1 e n2 os ı́ndices para caracterizar o conjunto completo
de observáveis que caracteriza a partı́cula. Por que o estado de duas partı́culas não
interagentes precisa ser escrito com
ψn1 ,n2 (r1 , r2 ) = c1 ψn1 (r1 )ψn2 (r2 ) + c2 ψn1 (r2 )ψn2 (r1 ).
226
ı́ndices para caracterizar o conjunto completo de observáveis que caracteriza a partı́cula.
Descreva o primeiro estado excitado para o caso de partı́culas bosônicas e fermiônicas.
16) A média de ensemble de  é definida
X
[Â] ≡ wi ⟨ui | Â | ui ⟩
i
XX
= wi | ⟨a | ui ⟩ |2 a , (11.96)
i a
227
Capı́tulo 12
12.1 Quadrivetores
228
iE p = {p1 , p2 , p3 } → componente espacial
pµ → (p, ) → (12.4)
c iE
c
= p4 → energia
Desta mesma forma podemos definir outras grandezas normalmente usadas:
Quadri-corrente (Jµ )
J = {J1 , J2 , J3 } → densidade de corrente
Jµ → (J, icρ) → (12.5)
icρ = J4 → densidade de carga
ω k = {k1 , k2 , k3 } → vetor de onda
Kµ → (k, i ) → (12.6)
c iω/c = k4 → frequência
A = {A1 , A2 , A3 } → potencial vetorial
Aµ → (A, iϕ) → (12.7)
iϕ = A4 → potencial escalar
Nas relações anteriores nós temos escrito a energia E dada pela relação (na ausência
de potencial)
E = mc2 (12.8)
onde
m0
m = m0 γ = √ (12.9)
1 − λ2
√ 1 v2
com γ = 1−λ2
, λ2 = c2
e m0 sendo a massa de repouso. Note que
v2
m = γm0 ⇒ m20 = m2 − m2 (12.10)
c2
Multiplicando por c4
m2 c4 = m20 c4 + m2 v 2 c2 , (12.11)
e usando que E = mc2 e p⃗ = m⃗v obtemos
E 2 = m20 c4 + p2 c2 (12.12)
na qual m0 c2 é a energia de repouso, a qual pode ainda ser escrita na notação quadri-
vetorial
pµ pµ + m20 c2 = 0 . (12.13)
229
12.2 Transformação de Lorentz
Vamos agora verificar como duas grandezas se transformam perante uma mudança de
referencial. Considere que um referencial S ′ move-se a uma velocidade constante v na
direção z com respeito ao referêncial S. Se Aµ é um quadri-vetor em S, o observador em
S ′ tem
E2
pµ pµ = p24 + p⃗2 = − + p2 . (12.17)
c2
Usando que E = mc2 e p = mv, obtemos
pµ pµ = − m 2 2
| {zc} (1 − λ2 ) = −m20 c2 ⇒ pµ pµ + m20 c2 = 0 (12.18)
2
| {z }
γ2m 0 1
γ2
2
Temos empregado a notação de Einstein onde ı́ndices repetidos são somados.
230
e que nos dá a relação
E 2 = p2 c2 + m20 c4 . (12.19)
Para o quadri-vetor posição, temos
xµ xµ = x24 + x2 = x2 − c2 t2 (12.20)
Estas grandezas xµ xµ e pµ pµ permanecem invariantes sobre uma transformação de Lorentz.
—————————————————————————————————-
Exercı́cio: Mostre que as matrizes de Lorentz L tem a seguinte propriedade de grupo
com
λ1 + λ2
λ12 = . (12.22)
1 + λ1 λ2
—————————————————————————————————-
Exemplo: Transformação de Lorentz para o quadri-vetor posição
Como exemplo, vamos verificar a transformação do quadri-vetor posição. Temos que
′
xµ = Lµν xν :
x′ 1 0 0 0 x x
y′ 0 1 0
0 y y
′ = =
z 0 0 γ iγλ z zγ + iγλ (ict)
ict′ 0 0 −iγλ γ ict ictγ − iγλz
Como
1 v
γ=√ e λ= (12.23)
1 − λ2 c
obtemos que
x′ = x (12.24)
y′ = y (12.25)
z − vt
z′ = √ = γ(z − vt) (12.26)
1 − λ2
v
′
t = γ t − 2z (12.27)
c
231
12.3 Dilatação do tempo e contração do espaço
Da transformação de Lorentz obtemos que
z ′ = γ (z − λct) (12.28)
′ λ
t =γ t− z (12.29)
c
∆t = tb − ta . (12.30)
Usando que
ict = iγ (λz ′ + ct′ ) , (12.31)
temos que
∆t = γ∆t′ ≥ ∆t′ . (12.32)
Ou seja, o intervalo de tempo é maior em S do que em S ′ .
Vamos agora iniciar o processo de quantização. Para isso, vamos primeiramente iden-
tificar como podemos introduzir a quantização da mecânica clássica não-relativı́stica. Ou
seja, a mecânica quântica não relativı́stica na representação das coordenadas pode ser
formulada a partir da seguinte transformação. Temos que a energia de uma partı́cula
livre clássica não relativı́stica é dada por
p2
E= (12.33)
2m0
232
Se fizermos a substituição
∂
E → iℏ (12.34)
∂t
p → −iℏ∇ , (12.35)
obtemos
∂ ℏ2 2
iℏ ψ=− ∇ψ, (12.36)
∂t 2m0
que é a equação de Schrodinger para a partı́cula livre.
Vamos agora efetuar a mesma substituição, mas considerar a equação de energia para
uma partı́cula livre relativı́stica
E 2 = p2 c2 + m20 c4 , (12.37)
o que nos fornece
∂2
−ℏ2 ψ = −ℏ2 c2 ∇2 ψ + m20 c4 ψ . (12.38)
∂t2
Esta equação é conhecida como equação de Klein-Gordon, e dá a dinâmica para uma
partı́cula bosônica, sem spin, como por exemplo, o méson π.
233
Integrando no volume, temos
Z Z
∂
3
dr ρ = d3 r∇J⃗ (12.42)
∂t
Z Z
∂ 3
d rρ = J⃗ · dS
⃗ (12.43)
∂t
| {z } S
N Z
∂
N = J⃗ · dS
⃗ ;. (12.44)
∂t S
∂2
−ℏ2 ψ = −ℏ2 c2 ∇2 ψ + m20 c4 ψ (12.46)
∂t2
∂2 ∗
−ℏ2 ψ = −ℏ2 c2 ∇2 ψ ∗ + m20 c4 ψ ∗ , (12.47)
∂t2
e multiplicando pela esquerda ψ ∗ na primeira equação e por ψ a segunda equação, e
então subtraindo uma da outra, temos
∂2 ∂2 ∗
−ℏ ψ 2 ψ − ψ 2 ψ = −ℏc2 ψ ∗ ∇2 ψ − ψ∇2 ψ ∗ .
∗
(12.48)
∂t ∂t
∂ ∗ ∂ ∂ ∗
ψ ψ − ψ ψ = c2 ∇ [ψ ∗ ∇ψ − ψ∇ψ ∗ ] , (12.49)
∂t ∂t ∂t
234
∂
ρ + ∇ · J⃗ = 0 (12.50)
∂t
Na qual
iℏ ∗ ∂ ∂ ∗
ρ = ψ ψ−ψ ψ (12.51)
2m0 c2 ∂t ∂t
ℏ
J⃗ = [ψ ∗ ∇ψ − ψ∇ψ ∗ ] . (12.52)
2im0
ApesarR de ρ escrito da forma acima apresentar a propriedade de transformação cor-
reta e a ρd3 x ser independente do tempo, ρ não é positiva definida, invalidando a
interpretação de ρ como a densidade de probabilidade. No caso da onda estacionária
−iEt
ψ (x, t) = e ℏ φ (x) temos.
E ∗
ρ= φ φ, (12.53)
m0 c2
que admite soluções para E > 0 e E < 0. No caso E < 0 temos ρ < 0, invalidando
a interpretação probabilı́stica. Na teoria livre é possı́vel restringirmos a configuração
estacionária com energia positiva. No caso de interações podemos ter estados com energia
negativa. Este problema foi contornado, reinterpretando a equação de Klein-Gordon como
uma equação de campo e então fazendo a segunda quantização.
————————————————————————————————–
Exercı́cio: Fazendo a substituição ψ(x, t) = φ(x)e−iEt/ℏ , com E = m0 c2 + E ′ , no qual
E ′ é a energia não relativı́stica, mostre que no limite não relatı́stico, E ′ << m0 c2 , temos
ρ ≃ φ∗ φ ,
235
∂
E → iℏ (12.55)
∂t
p = −iℏ∇ (12.56)
obtemos 2
∂
iℏ − qϕ ψ = (−icℏ∇ − qA)2 ψ + m20 c4 ψ (12.57)
∂t
No caso do campo estático, A(r, t) = 0, a equação acima se reduz a
2 ∂ ∂
−ℏ 2 − 2iℏqϕ + q ϕ ψ = −ℏ2 c2 ∇2 + m20 c4 ψ .
2 2
(12.58)
∂t ∂t
A equação estacionária para a partı́cula num campo eletromagnético é obtida pela subs-
−iEt
tituição ψ(r, t) = φ(r)e ℏ , ou seja,
−ℏc2 ∇2 + m20 c4 φ(r) = (E − qϕ)2 φ(r) , (12.59)
3
e que se reduz a equação de Schrodinger não relativı́stica estacionária quando conside-
ramos E = m0 c2 + E ′ , com E ′ << m0 c2 e |qΦ| << m0 c2 ,
ℏ2 2
− ∇ + qϕ φ(r) = E ′ φ(r) (12.60)
2m
Retornando para a equação de Klein-Gordon estacionária para a partı́cula num campo
eletrostático,
2
−ℏ2 c2 ∇2 + m20 c4 φ(r) = E − eϕ φ(r) (12.61)
236
2
1 d d l(l + 1) e2 ϕ2 2eϕE E − m20 c2
− 2 2
r + − 2 2 + 2 2 R(r) = R(r) . (12.64)
r dr dr r2 ℏc ℏc ℏ2 c 2
Ze2
γ = (12.66)
ℏc
2Eγ
λ = (12.67)
ℏcα
4 (m20 c2 − E 2 )
α2 = (12.68)
ℏ2 c2
reescrevemos a equação acima como
1 d 2d λ 1 l(l + 1) − γ 2
ρ R(ρ) + − − R(ρ) = 0 . (12.69)
ρ2 dρ ρ ρ 4 ρ2
5
Esta é a equação para o átomo de hidrogênio exceto pelo fato que
2Eγ 4(m20 c4 − E 2 )
α= e α2 = , (12.71)
ℏcλ ℏ2 c 2
de tal forma que temos
4E 2 γ 2 4m20 c4 − 4E 2
= , (12.72)
ℏ 2 c 2 λ2 ℏ2 c 2
ou seja,
−1/2
2 γ2 γ2
E 1+ 2 = m20 c4 ou E = m0 c 2
1+ 2 . (12.73)
λ λ
4
Note, que λ e γ não são os mesmos da transformação de Lorentz
5
Ver Liboff p. 435
237
2
Observação: Aqui γ = Ze
ℏc
e λ são dados pela solução da equação diferencial acima e não
estão relacionadas com aquelas usadas na relatividade restrita.
Uma análise semelhante ao caso do átomo de hidrogênio mostra que para ρ = 0 e
ρ → ∞, a solução R(ρ) é finita somente se
λ = n′ + s + 1 , (12.74)
onde n′ é zero ou um número inteiro positivo e s é a solução não negativa da equação
238
e então fazer a substituição E → iℏ ∂t
∂
e p⃗ → −iℏ∇, ou seja
∂
iℏ + iℏ c α ⃗ · ∇ − βm0 c ψ(x, t) = 0
2
(12.81)
∂t
conhecida como equação de Dirac.
A estrutura dos parâmetros α⃗ e β são tais que a relação relativı́stica entre energia
e momento seja obedecida, de tal forma que ψ(x, t) deva satisfazer uma equação tipo
Klein-Gordon. Para verificarmos isso vamos multiplicar a equação de Dirac pela esquerda
⃗ · p⃗ + βm0 c2 .
por E + c α
⃗ · p⃗ + βm0 c2
E+cα E − c⃗
α · p⃗ − βm0 c2 ψ(x, t) = 0 , (12.82)
explicitando a multiplicação.
E 2 − c2 [(⃗
α · p⃗)(⃗
α · p⃗)] − β 2 m20 c4 − m0 c3 (⃗
α · p⃗ β + β α
⃗ · p⃗) ψ(x, t) = 0 . (12.83)
Observe que:
α · p⃗) (⃗
(⃗ α · p⃗) = (αx px + αy py + αz pz ) (αx px + αy py + αz pz )
= αx2 p2x + αy2 p2y + αz2 p2z + (αx αy + αy αx ) px py +
+ (αy αz + αz αy ) py pz + (αz αx + αx αz ) pz px ,
e que
α · p⃗ β + β α
(⃗ ⃗ · p⃗) = (αx β + βαx ) px + (αy β + βαy ) py + (αz β + βαz ) pz .
Assim, se tivermos
αx2 = αy2 = αz2 = β 2 = I , (12.84)
[αi , αj ]+ ≡ αi αj + αj αi = 2δij I (12.85)
e
[αi , β]+ ≡ αi β + βαi = 0 , (12.86)
nós obtemos a equação
E 2 − c2 p2 − m20 c4 ψ(x, t) = 0 . (12.87)
Segue das condições acima que os parâmetros α
⃗ e β são operadores, e cuja dimensão
menor possı́vel que mantenha a Hermiticidade 6 é quatro. Uma escolha simples para α ⃗ e
β que satisfazem as propriedades exigidas é (representações de Pauli)
6
Como H é hermitiano, temos que α
⃗ e β também são
239
I 0 0 σx
β= , αx = (12.88)
0 −I σx 0
0 σy 0 σz
αy = , αz =
σy 0 σz 0
na qual σx , σy e σz são as matrizes 2 × 2 de Pauli.
∂
iℏ α · ∇ψ − βm0 c2 ψ = 0
ψ + iℏc⃗ (12.90)
∂t
∂ ∗
ψ − iℏc⃗
−iℏ α · ∇ψ ∗ − ψ ∗ βm0 c2 = 0 (12.91)
∂t
Multiplicando a primeira equação por ψ ∗ pela esquerda e a segunda por ψ pela direita e
subtraindo as duas, temos
∂ ∗
ψ ψ + ∇ · (cψ ∗ α
⃗ ψ) = 0 , (12.92)
∂t
tal que comparando com a equação de continuidade7
∂ ρ = ψ∗ψ
ρ+∇·J =0 ⇒
⃗ (12.93)
∂t J⃗ = cψ ∗ α
⃗ψ
Assim temos que ρ é positivo e independente do tempo e pode ser interpretado como a
densidade de probabilidade.
7
Na notação covariante usamos
J µ = ψγ µ ψ ,
⃗ , β) e ψ = ψ ∗ γ 0
sendo γ µ = (β α
240
12.7 Solução da equação de Dirac livre
sendo
0 1 0 −i 1 0
σx = , σy = , σz = . (12.99)
1 0 i 0 0 −1
241
ou seja
−E + m0 c2 0 cpz c (px − ipy ) a1
0 −E + m0 c c (px + ipy )
2
−cpz a
2
=0 (12.101)
cpz c (px − ipy ) −E − m0 c 2
0
a3
c (px + ipy ) −cpz 0 −E − m0 c 2
a4
ou equivalentemente,
E − m0 c2 a1 − cpz a3 − c (px − ipy ) a4 = 0 (12.102)
E − m0 c2 a2 + cpz a4 − c (px + ipy ) a3 = 0 (12.103)
E + m0 c2 a3 − cpz a1 − c (px − ipy ) a2 = 0 (12.104)
E + m0 c2 a4 + cpz a2 − c (px + ipy ) a1 = 0 . (12.105)
Para cada autovalor da energia existem duas soluções linearmente independentes. Estes
quatros conjuntos de coeficientes serão denotados por
(±) ±→ Correspondente a energia positiva ou negativa
ψ↑↓ → (12.109)
↑↓ → Correspondente ao spin up ou down
(E+ − m0 c2 ) a1 − cpz a3 − cp− a4 = 0 (A)
(E+ − m0 c2 ) a2 − cp+ a3 + cpz a4 = 0 (B)
, (12.110)
△+ a3 − cpz a1 − cp− a2 = 0 (C)
△+ a4 − cp+ a1 + cpz a2 = 0 (D)
242
no qual
p± = px ± ipy (12.111)
△ + = E + + m0 c2 (12.112)
ou seja
c 2 p2
E + − m0 c 2
− a1 = E+2 − m20 c4 − c2 p2 a1 = 0 . (12.116)
△+
Na equação acima, pelo fato do coeficiente de a1 ser zero devido a relação de energia
relativistica, temos que a1 é arbitrario.
A substituição de a3 e a4 em B, nos fornece
cpz a1 + cp− a2 cpz a2 + cp+ a1
E+ − m0 c a2 − cp+
2
+ cpz − =0 (12.117)
△+ △+
c 2 p2
E + − m0 c 2
− a2 = E+2 − m20 c4 − c2 p2 a2 = 0 . (12.118)
△+
Igualmente ao caso anterior, pelo fato do coeficiente de a2 ser zero devido a relação de
energia relativı́stica, temos que a2 também é arbitrario8
8
Temos
△+ = E+ + m0 c2 (12.119)
ou seja,
" #
c 2 p2 E+ − m0 c2 E+ + m0 c2 − c2 p2
E+ − m0 c 2
− a1 = a1 = 0
△+ (E+ + m0 c2 )
que se reduz
2
E+ − m0 c 4 − c 2 p2 a 1 = 0 (12.120)
243
Para termos estados ortonormais temos duas opções (Observe que no referencial de
repouso, p = 0, a3 = a4 = 0),
spin up −→ a1 = 1 a2 = 0
(12.121)
spin down −→ a1 = 0 a2 = 1
que representam os auto-estados do operador Ŝz . Logo, obtemos para a3 e a4 ,
spin up −→ a3 = cpz
△+
a4 = cp
△+
+
(12.122)
spin down −→ a3 = cp−
△+
a4 = − △
cpz
+
1
Os resultados acima nos leva para o auto-estados de energia E+ = (c2 p2 + m2 c4 ) 2 ,
1 0
0 [i(⃗k·⃗r−ωt)] 1 [i(⃗k·⃗r−ωt)]
ψ ↑ = Np ψ ↓ = Np
(+) (+) (+) (+)
cpz /△+ e ; cp− /△+ e
cp+ /△+ −cpz /△+
,
cpz /△− cp− /△−
cp+ /△− [i(⃗k·⃗r−ωt)] −cpz /△− [i(⃗k·⃗r−ωt)]
= Np e = Np e
(−) (−) (−) (−)
ψ↑ ; ψ↓ ,
1 0
0 1
sendo
△ ± = E ± ± m0 c2 e p± = px ± ipy . (12.124)
O coeficiente de normalização destes estados Np± pode ser obtido facilmente, por exem-
plo
1
h i 0
2 c(px −ipy )
1= ⟨ψ↑+ |ψ↑+ ⟩ = Np+ 1 0 cpz
△+ △+ cpz (12.125)
△+
c(px +ipy )
△+
2 c2 p2
1= Np(+) 1+ , (12.126)
△+ 2
244
que nos fornece
− 12
c2 p2
Np(+) = 1+ (12.127)
△+ 2
1
E+ = c2 p2 + m20 c4 2 ≥ m0 c2 (12.132)
1
E− = − c2 p2 + m20 c4 2 ≤ −m0 c2 (12.133)
245
Figura 12.1: Mar de Fermi
246
Figura 12.3: Gráfico de Feymann.
Note que t → −t, ou seja, é como se o pósitron tivesse uma propagação para trás no
tempo. O que faz ser consistente a notação gráfica da figura (12.5).
247
Figura 12.5: Criação e aniquilação elétron-pósitron.
A equação de Dirac para a partı́cula de spin 1/2 interagindo com o campo eletro-
magnético é feita pela substituição
qA
p→p− (12.136)
c
E → E − qΦ , (12.137)
248
sendo ⃗σ sendo as matrizes de Pauli.
Da equação (B) acima podemos escrever
" #
c p − qc A · ⃗σ
V = W . (12.140)
E − qΦ + m0 c2
Substituindo na equação (A), obtemos
c2 h q i2
p − A · ⃗σ W + m0 c2 + qΦ W = EW . (12.141)
E − qΦ + m0 c 2 c
Note que no limite não relativı́stico vc → 0 , ∥V ∥ é negligenciável comparado com ∥W ∥.
Desta forma, escrevendo a energia não-relativı́stica E ′ = E − m0 c2 ≪ m0 c2 e também
| qΦ |≪ m0 c2 , temos:
2 −1 ′
2 −1 1 E ′ − qΦ
E − qΦ + m0 c = E − qΦ + 2m0 c ≈ 1− + ... (12.142)
2m0 c2 2m0 c2
⃗ · p⃗ + βm0 c2 + V (r) .
Ĥ = c α (12.147)
249
Considere agora o operador de momento angular orbital, L̂ = rb × pb, tal que
dL̂ ih i ih i
= − L̂,Ĥ = − L̂, c⃗
α · p⃗ + βm0 c2 + V (r) (12.148)
dt ℏ ℏ
ou
dL̂ ic h i
=− α · p⃗
L̂,⃗ (12.149)
dt ℏ
Visto que L̂ comuta com V (r). Como temos (Prove!)
h i
⃗ ⃗ · p⃗ = iℏ(⃗
L, α α × p⃗) , (12.150)
ou seja,
dL̂
α × p⃗) ̸= 0 .
= c(⃗ (12.151)
dt
Desta forma, temos que L̂ não é uma constante de movimento. Escrevendo então o
operador de movimento angular total
⃗ + ℏΩ
J⃗ = L ⃗ (12.152)
2
|{z}
⃗
S
satisfazendo a relação
dJ⃗ ⃗
dΩ ⃗
2 dL
=0 ⇒ =− , (12.153)
dt dt ℏ dt
ou seja:
dΩ⃗ 2c
= − (⃗α × p⃗) . (12.154)
dt ℏ
Vamos verificar que escrevendo
i
Ωi = − εijk αj αk (12.155)
2
temos que a relação acima é satisfeita.
Vejamos por exemplo,
dΩz i c 2c
= − [Ωz , H] = − [αx αy − αy αx , α
⃗ · p⃗] = − (⃗α × p⃗)z . (12.156)
dt ℏ 2ℏ ℏ
Procedimento equivalente pode ser feito para as outras componentes, de tal forma que
podemos escrever
⃗
dΩ 2c
= − (⃗α × p⃗) (12.157)
dt ℏ
250
Desta forma, escolhendo o operador de spin como
⃗ = ℏΩ
S ⃗ (12.158)
2
teremos a conservação do momento angular total J⃗ ≡ L
⃗ + S.
⃗
251
12.9 Descrição Covariante.
Vamos agora apresentar a descrição covariante da mecânica quântica relativı́stica. Usando
a notação relativı́stica, a conservação da soma para ı́ndices repetidos (notação de Eins-
tein), comos ı́ndices gregos indo de 0 a 3. Usaremos também o sistema de unidades
naturais onde ℏ = c = 1. O quadri-vetor é definido como
xµ = x0 , ⃗x (12.159)
e
xµ = gµν xν = x0 , −⃗x , (12.160)
sendo gµν = Diag(1, −1, −1, −1). Assim
g µν gµν = I
gµν = gνµ
y µ = g µν yν (12.162)
Os tensores com ı́ndices superiores são ditos contravariantes e os tensores com ı́ndices
inferiores são ditos covariantes.
Seja Λ uma das transformações de Lorentz, temos
′
x µ = Λµν xν (12.163)
e assim, a condição9
′ ′
x µ yµ = xµ yµ ⇒ Λµα Λν β gµν = gαβ (12.165)
Observe que os vetores covariantes transformam-se com o
Λt gΛg = I (12.164)
252
Λµβ = gµν Λν α g αβ (12.167)
Observação: A notação empregada é tal que o ı́ndice mais próximo do sı́mbolo Λ
representa, em liguagem matricial, a linha da matriz enquanto que o ı́ndice mais afastado
representa a columa.
Exemplos:
i) Rotações tridimensionais:
1 0 0 0
0
(12.168)
0 R
0
Onde R → matriz de rotação (Rt R = 1)
Nesta notação tensorial temos os objetos que tem lei de transformação mais simples
são as escalares, como por exemplo, massa e carga da partı́cula. A seguir temos os quadri-
vetores
Desta mesma forma, podemos também construir outros objetos de grau mais alto
253
A equação de Klein-Gordon nesta notação covariante fica
∂µ ∂ µ + m20 ψ = 0, (12.173)
sendo aqui m a massa de repouso da partı́cula de Klein-Gordon.
Tomando as soluções de ondas planas, isto é, soluções do tipo ϕ = e−ipµ x , vemos que
µ
∂µ ∂ µ + m20 ψ = −pµ pµ + m20 ψ = 0 (12.174)
ou seja,
pµ pµ = p20 − p2 = m20 (12.175)
que é a relação de energia relativı́stica.
Nesta notação o campo elétromagnético no vácuo é representado por um tensor anti-
simétrico de segunda ordem, Fµν , dado por:
Fµν = ∂µ Aν − ∂ν Aµ (12.176)
ou seja,
0 E1 E2 E3
−E1 0 −B3 B2
Fµν =
−E2 B3
, (12.177)
0 −B1
−E3 −B2 B1 0
com
⃗ =∇
B ⃗ ×A
⃗ e E ⃗ − ∂A
⃗ = −∇ϕ ⃗ (12.178)
∂t
Podemos verificar então que F µν é10
0 −E1 −E2 −E3
E1 0 −B3 B2
F µν =
E3 B3
(12.179)
0 −B1
E3 −B2 B1 0
As equações de Maxwell
∇
⃗ ·E
⃗ =ρ e ∇ ⃗ = ∂E
⃗ ×B ⃗ + ⃗j (12.180)
∂t
podem ser escritas na notação covariante como
∂µ F µν = j ν (12.181)
onde
10 ⃗
Exercı́cios: Prove a matriz para Fµν , usando o quadri-potencial eletromagnético Aµ = (ϕ,A).
254
j ν = (ρ,⃗j) (12.182)
e
∂
∂µ = (12.183)
∂xµ
Observe que a equação acima engloba a equação de continuidade
∂ν ∂µ F µν = ∂ν j ν = 0 . (12.184)
∇ ⃗ =−∂B
⃗ ×E ⃗ e ∇
⃗ ·B
⃗ =0 (12.185)
∂t
são equivalentes a
∂µ Feµν = 0 (12.186)
sendo
εµνρσ ρσ
Feµν = F (12.187)
2
o tensor dual de Fµν . O tensor dual Feµν resulta de Fµν fazendo as substituições
⃗ →B
E ⃗
⃗ → −E
B ⃗ .
(iγ µ ∂µ − m0 ) ϕ = 0 , (12.189)
para que a relação de energia relativı́stica seja obedecida, ψ deve satisfazer a equação de
Klein-Gordon. Assim aplicando na equação de Dirac o operador (iγ µ ∂µ + m0 ) temos
0 = (iγ µ ∂µ + m0 ) (iγ ν ∂ν − m0 ) ψ =
− γ µ γ ν ∂µ ∂ν + m20 ψ
γ µγ ν + γ ν γ µ
= − ∂µ ∂ν + m20 ψ .(12.190)
2
255
Portanto temos que ter
γ µ γ ν + γ ν γ µ = 2g µν I , (12.191)
sendo I a matrix identidade. Ou seja, as matrizes γ µ são elementos de uma álgebra não
comutativa
[γ µ ,γ ν ]+ = 2g µν I . (12.192)
Uma representação bastante usada são dadas por
0
0 σ 0 i 0 σi
γ = γ =
0 −σ 0 −σ i 0
γ0 㵆 γ0 = γµ (12.193)
A partir desta propriedade e tomando o adjunto da equação de Dirac, obtemos
−i∂ µ ψ † 㵆 = m0 ψ †
−i∂ µ ψ † γ0 γ0 㵆 γ0 = m0 ψ † γ0 . (12.194)
i∂ µ ψγµ + m0 ψ = 0 (12.195)
que é a equação de Dirac adjunta.
A interação com o campo eletromagnético, tanto no caso da equação de Dirac, quanto
na equação de Klein-Gordon, é feita através da substituição
∂µ ⇒ ∂µ + ieAµ , (12.196)
onde Aµ = (ϕ,⃗ A)
⃗ é o quadri-potencial eletromagnético.
Uma vantagem adicional da formulação covariante é a facilidade de introduzir a for-
mulação Lagrangiana para os campos de Klein-Gordon, Dirac e eletromagnético, com as
correspodentes equações da dinâmica obtida via equações de Euler-Lagrange. Definindo
da Lagrangiana com Z
L= d3 xL , (12.197)
256
As equações de K.G. para os campos ϕ∗ e ϕ são obtidas via equação de Euler-Lagrange,
∂LKG ∂LKG
− ∂µ =0, (12.199)
∂ϕ ∂∂µ ϕ
e
∂LKG ∂LKG
∗
− ∂µ =0. (12.200)
∂ϕ ∂∂µ ϕ∗
De um modo equivalente, para o caso do campo de Dirac livre, a densidade de La-
grangiana LD é dada por
LD = ψ̄(iγ µ ∂µ − m0 )ψ . (12.201)
As equações de Dirac para os campos ψ̄ e ψ são obtidas via equação de Euler-Lagrange,
∂LD ∂LD
− ∂µ =0, (12.202)
∂ψ ∂∂µ ψ
e
∂LD ∂LD
− ∂µ =0. (12.203)
∂ ψ̄ ∂∂µ ψ̄
A Lagrangiana do campo eletromagnético no vácuo é
1
LM = − Fµν F µν + Termo de fixação de Gauge , (12.204)
4
com a correspondente equação de Euler-Lagrange,
∂LM ∂LM
− ∂β =0. (12.205)
∂Aα ∂∂β Aα
A interação entre campos é escrita através de uma Lagrangiana de interação adicionada
as Lagrangianas livres, ou seja
LD
L= + LM − jµ Aµ , (12.206)
LKG
sendo
j µ = eψ̄γ µ ψ , (12.207)
no caso da interação de partı́cula fermiônica com o campo eletromagnético, e
258
12.10 Exercı́cios.
1. Considere as matrizes α
⃗ e β.
(a) γµ γ µ = 4I
(b) tr(γµ ) = 0
(c) tr(γµ γν ) = gµν tr(I) = 4gµν
(d) [γ µ , γ 5 ]+ = 0 , onde γ 5 = iγ 0 γ 1 γ 2 γ 3
∂µ F µν = j ν ∂µ Feµν = 0
onde
1 X ρσ
Feµν = F
2 µνρσ
6. (a) Mostre que a equação E = mc2 com m = γm0 , leva a equação de energia
relativı́stica:
E 2 = m20 c4 + p⃗c2
(b) Mostre a partir da equação de Klein-Gordon:
∂2
−ℏ2 ψ = −ℏ2 c2 ∇2 ψ + m20 c4 ψ
∂t2
Que a equação de continuidade:
259
∂ρ ⃗ ⃗
+∇·J =0
∂t
é satisfeita somente se:
iℏ ∗ ∂ψ ∂ψ ∗
ρ= ψ −ψ
2m0 c2 ∂t ∂t
ℏ h i
∗⃗ ∗
⃗
J= ψ ∇ψ − ψ ∇ψ
⃗
2im0
(c) Mostre que a equação de Klein-Gordon num campo eletromagnético estático
⃗ = 0) se reduz à equação de Schrodinger (não relativı́stica), no limite não
(A
relativı́stico. Dado que:
ψ(⃗r, t) = φ(⃗r)e−i ℏ
Et
A′µ =⇒ Aµ + ∂ µ χ
O tensor F µν = ∂ µ Aν − ∂ ν Aµ é invariante.
(b) Mostre que as equações de Maxwell:
∇
⃗ ·E
⃗ =ρ ∇ ⃗ = ∂E
⃗ ×B ⃗ + J⃗
∂t
Podem ser escritas como:
∂µ F µν = j ν
Onde:
⃗
⃗ =∇
j ν = (ρ, ⃗j); B ⃗ × A;
⃗ E ⃗ − ∂A
⃗ = −∇Φ
∂t
260
im0 c2 t
8. Mostre que substituindo ψ → ψ ′ e− ℏ , na equação de Klein-Gordon em um campo
eletromagnético e tomando os termos dominantes, obtemos a equação de Schrodin-
ger para uma partı́cula num campo eletromagnético para ψ ′ . Fazendo este proce-
dimento mostre que:
iℏ ∗ ∂ ∂ ∗
ρ(x, t) = ψ ψ − ψ ψ ≈ ψ ′∗ ψ
2m0 c2 ∂t ∂t
+ −
9. Mostre que as soluções da equação de Dirac ψ↑↓ e ψ↑↓ , não são auto-funções de
nenhuma componente do operador momento angular de spin S ⃗ = ℏ Ω.
2
10. Seguindo o livro do Schift, resolva a equação de Dirac para o átomo de hidrogênio.
261
Capı́tulo 13
262
Introduzindo os operadores
r
mω ip̂
b̂ = q̂ + (13.7)
2ℏ mω
r
† mω ip̂
b̂ = q̂ − , (13.8)
2ℏ mω
os quais satisfazem as relações de comutação
h i h i h i
† † †
b̂, b̂ = 1 e b̂, b̂ = b̂ , b̂ = 0 , (13.9)
a Hamiltoniana se reduz
1 †
Ĥ = ℏω b̂ b̂ + . (13.10)
2
Os correspondentes auto-valores são dados por
1
En = ℏω n + , (13.11)
2
e o auto-estados podem ser obtidos a partir do estado fundamental pela relação
1 † n
Ψn (q) = √ b̂ Ψ0 (q) , (13.12)
n!
na qual o estado fundamental do oscilador harmônico Ψ 0 (q), é dado por (representação
das coordenadas)
mω 1/4
1 mω 2
Ψ0 (q) = exp − q , (13.13)
ℏπ 2 ℏ
que pode ser obtido facilmente pela relação
b̂Ψ0 (q) = 0 . (13.14)
Considere agora um conjunto de osciladores harmônicos desacoplados. A Hamiltoniana
total é dada por X
H= Hk ; (13.15)
k
com
1 2 mk 2 2
Hk = p + ω q , (13.16)
2mk k 2 k k
a qual, usando a regra de quantização, se reduz
X
† 1
Ĥ = ℏωk b̂k b̂k + , (13.17)
k
2
263
com os operadores b̂†k e b̂k , satisfazendo
h i h i h i
†
b̂k , b̂k′ = δk,k′ e b̂k , b̂k′ = b̂†k , b̂†k′ =0. (13.18)
Y 1 † n k
N
Φ{nk } = √ b̂k Φ0 , (13.19)
k=1
n k !
Vamos agora usar o exemplo da cadeia atômica linear para introduzir o conceito de
campo e a correspondente quantização. Como veremos, a quantização do campo seguirá
um procedimento análogo a primeira quantização onde a coordenada e correspondente mo-
mento canonicamente conjugado viram operadores que satisfazem relações de comutação.
M q̈l (t) = α [ql+1 (t) − ql (t)] − α [ql (t) − ql−1 (t)] , (13.21)
a qual pode ser escrita de forma simplificada como
Vamos assumir que a cadeia seja de ciclo fechado com as condições de contorno periódicas,
qν = qν+N . (13.23)
264
h
XN ∗
1 ikla 1 ik′ la
√ e √ e = δk,k′ . (13.25)
l=1
N N
que é a lei de dispersão para a propagação de uma onda na cadeia atômica linear.
Como a equação de movimento para ql (t) é linear, nós podemos fazer o uso do
princı́pio de superposição e rescrever a solução geral da forma
X 1 1 −ikla iωk t ∗
ikla −iωk t
ql (t) = √ e e Ak + √ e e Ak , (13.29)
k
N N
265
na qual a soma é sobre todos os valores de k. Os coeficientes Ak e A∗k são determinados
pelas condições iniciais ql (0) e q̈l (0).
Este problema P pode ser escrito na formulação Lagrangiana ou Hamiltoniana, sendo
L = T − V e H = l pl q̇l − L. A energia cinética e potencial é dada por
X
N
M
T = q̇l2 (13.30)
l=1
2
e
1 X
N
V = α (ql − ql+1 )2 . (13.31)
2 l=1
As equações de movimento são obtidas no caso da formulação Langrangiana através
da equação de Euler-Lagrange
d ∂L ∂L
− =0, (13.32)
dt ∂ q̇l ∂ql
a qual nos conduz a correspondente equação de movimento
266
que nos conduz à equação de movimento
267
segue que
" N
#
1 X −ik′ la X X X
N N
1 i k−k′ la 1 −i k+k′ la †
√ e qˆl = e B̂k + e B̂k , (13.48)
N l=1 k l=1
N l=1
N
ou seja
1 X −ikla
N
†
√ e qˆl = B̂k + B̂−k . (13.49)
N l=1
Cosiderando a relação pl = M q̇l , temos
X 1 ikla 1 −ikla †
p̂l (t) = −iωk M √ e B̂k + iωk M √ e B̂−k , (13.50)
k
N N
h i
1 1 X −ikla ik′ l′ a
N
i i
B̂k , B̂k†′ = e e q̂l + ˆ′
p̂l , q l + p̂ ′ (13.56)
4N ′ ωk M ωk′ M l
l,l =1
X
N
1 1 ′ ′
−ikla ik l a i i 1
= e e [q̂l , q̂l′ ] + [p̂l , q̂l′ ] − [q̂l , p̂l′ ] + [p̂l , p̂l′ ]
4N ′
ωk M ωk′ M ωk ωk′ M 2
l,l =1
(13.57)
268
usando as relações de comutação entre q̂l e p̂l , temos
h i
1 1 X −i(k−k′ )la
N
ℏ ℏ
B̂k , B̂k†′ = e + (13.58)
4 N l=1 ωk M ωk′ M
| {z }
δ ′
k,k
ou seja
h i ℏ
B̂k , B̂k†′ = δ ′ . (13.59)
2M ωk k,k
Introduzindo as amplitudes adimensionais b̂k e b̂†k temos
h i
b̂k , b̂†k′ = δk,k′ . (13.60)
ou seja
X 1
Ĥ = ℏωk b̂†k b̂k + . (13.63)
k
2
P
k ℏωk representa a energia de ponto zero da vibração e pode ser omitido se o
1
O fator 2
ponto zero for escolhido apropriadamente. Assim, a equação de Schrodinger para a cadeia
atômica vem a ser " #
X
ℏωk b̂†k b̂k Φ = EΦ (13.64)
k
e r
X ℏM ωk
p̂l (t) = b̂k − b̂†−k eikla . (13.66)
k
2N
269
13.2.3 Transição para o contı́nuo: Caso clássico
x ≡ la ∆x = a∆l ∆l = 1 (13.68)
Se ”1”é pequeno comparado com l e ql é uma função mudando suavemente com l, então
podemos fazer uma expansão em série de Taylor
∂q 1 ∂ 2 q
ql+1 = ql + + + ... (13.70)
∂l 2 ∂l2
∂q 1 ∂ 2 q
ql−1 = ql − + + ... , (13.71)
∂l 2 ∂l2
de tal forma que
∂ 2q
M q̈l (t) = α (13.72)
∂l2
Considerando M = ρa, podemos escrever
∂2
ρq̈(x, t) = αa q(x, t) . (13.73)
∂x2
Considerando o produto αa = g → finito , podemos tomar o limite a → 0
∂2
ρq̈(x, t) = g q(x, t) . (13.74)
∂x2
Esta equação é equivalente à equação de onda para uma corda, porém sendo que q
refere-se a deslocamentos longitudinais. Observe que se escrevermos
1
q(x, t) = √ eikx Bk (t) , (13.75)
L
270
e substituı́rmos na equação anterior, temos
L=T −V , (13.82)
sendo
1 X 2 1 X
T = M q̇l e V = α (ql − ql+1 )2 . (13.83)
2 l
2 l
No limite do contı́nuo,
P nós Rinterpretamos a ”distância na rede”a, como dx, (g = αa =
finito, a → dx e l → ) assim
Z
1 L
T = ρ [q̇(x, t)]2 dx . (13.84)
2 0
e Z 2
L
1 ∂q(x, t)
V = g dx (13.85)
2 0 ∂x
1
Estamos considerando a normalização:
Z L ∗
1 ikx 1 ik′ x
√ e √ e dx = δk,k′ (13.78)
0 L L
271
Desta forma a Lagrangiana para a rede contı́nua fica
Z L( 2 )
1 1 ∂q(x, t)
L= ρ [q̇(x, t)]2 − g dx . (13.86)
0 2 2 ∂x
∂L ∂ XM 2
= q̇ =
∂ q̇n ∂ q̇n l 2 l
X M ∂ (q̇ 2 ) ∂ q̇l
l
=
l
2 ∂ q̇l ∂ q̇n
X ∂ q̇l
= M q̇l , (13.87)
l
∂ q̇n
δq(x) ′
′ = δ(x − x ) (13.90)
δq(x )
δ q̇(x) ′
′ = δ(x − x ) , (13.91)
δ q̇(x )
com a regra da cadeia definida como
δf (q(x)) ∂f (q(x)) δq(x)
′ = . (13.92)
δq(x ) ∂q (x) δq(x′ )
o que nos conduz à seguinte relação para a derivada funcional
δ ∂q(x) δ q (x + dx) − q(x)
′ =
δq(x ) ∂x δq(x′ ) dx
′ ′
δ x + dx − x − δ x − x ∂ ′
= = δ(x − x ) . (13.93)
dx ∂x
272
Vamos agora considerar a derivada funcional da Lagrangiana em relação à q̇
Z
δ δ ρ
′ L = (q̇(x))2 dx =
δ q̇(x ) δ q̇(x′ ) 2
Z
δ q̇(x) ′
= ρq̇(x) ′ dx = ρq̇(x ) . (13.94)
δ q̇(x )
Assim o momento canonicamente conjugado no caso contı́nuo é
′ δL ′
Π(x ) ≡ ′ = ρq̇(x ) . (13.95)
δ q̇(x )
Considerando a derivada funcional de L em relação à coordenada q
" Z 2 #
δL δ g ∂q(x)
= − dx , (13.96)
δq(x′ ) δq(x′ ) 2 ∂x
e levando em conta a regra da cadeia
2
Z ∂q(x)
g ∂ ∂q
δ ∂x
∂x
− dx ′ =
2 ∂ ∂q(x) δq(x )
∂x
Z
∂q ∂ ′
= −g dx δ(x − x )
∂x ∂x
Z
∂ ∂q ′ ∂ 2 q(x) ′
= −g dx δ(x − x ) − δ(x − x )
∂x ∂x ∂x2
∂2 ′
= g ′ 2 q(x ) , (13.97)
∂x
de forma que se escrevermos a equação de Euler-Lagrange para o contı́nuo como
d δL δL
− = 0; (13.98)
dt δ q̇(x) δq(x)
obteremos a correspondente equação de movimento
∂2
ρq̈(x, t) − g
q(x, t) = 0 . (13.99)
∂x2
Usando o análogo ao caso discreto e tomando o momento canônicamente conjugado
Π(x), temos
Z
H = q̇(x)Π(x, t)dx − L , (13.100)
273
o que nos leva à Hamiltoniana (mostre!)
Z L Z L 2
1 2 g ∂q(x, t)
H= Π (x, t)dx + dx , (13.101)
2ρ 0 2 0 ∂x
com as respectivas equações de Hamiltom-Jacobi
δH 1
q̇(x) = ⇒ q̇(x, t) = Π(x, t) (13.102)
δΠ(x, t) ρ
δH
Π̇(x) = − (13.103)
δq(x, t)
obtemos novamente a equação de movimento
∂2
ρ q̈(x, t) = g 2 q(x, t) . (13.104)
∂x
ou seja,
h ′
i ′
q̂(x), Π̂(x ) = iℏ δ(x − x ) (13.108)
h ′
i
q̂(x), q̂(x ) = 0 (13.109)
h ′
i
Π̂(x), Π̂(x ) = 0 . (13.110)
274
X 1
q̂(x, t) = √ e B̂k (t) + c.c.
ikx
(13.111)
k
L
X 1
Π̂(x, t) = ρq̇(x, t) = √ ρ(−iωk )e B̂k (t) + c.c.
ikx
(13.112)
k
L
os quais, definido em termos dos operadores adimensionais b̂k e b̂†k , nos dá
s
X 1 ℏ2 ikx † −ikx
q̂(x, t) = √ b̂k e + b̂k e (13.113)
k
L 2ρωk
r
X −i ℏωk ρ
Π̂(x, t) = √ b̂k eikx − b̂†k e−ikx (13.114)
k
L 2
com k = 2πn
L
e n inteiro, nós podemos escrever a Hamiltoniana para a vibração atômica
da rede no limite contı́nuo como
X
† 1
Ĥ = ℏωk b̂k b̂k + . (13.116)
k
2
na qual temos usado o operador número, que dá o número de quantas no estado k (número
de fônons ocupando o estado k)
Visto que Ĥ comuta com n̂k , então | Φ(n) ⟩ é a solução da equação de Schrodinger, com
autovalor
X
1
En = ℏωnk nk + , (13.120)
k
2
275
e os operadores b̂†k e b̂k sendo interpretados como os operadores de criação e destruição de
quanta (fônons) na rede.
Os valores médios dos operadores q̂(x, t) e Π̂(x, t) são obtidos da maneira usual
∗ ℏ2 2 ∗
−iℏ ψ̇ = − ∇ ψ + V (x)ψ ∗ (13.125)
2m
276
sendo ψ e ψ ∗ funções complexas de x e t.
A Lagrangiana que leva às equações para ψ(x, t) acima é dada por
Z
∗ ℏ2 2
L = ψ iℏψ̇ + ∇ ψ − V (x)ψ d3 x , (13.126)
2m
Z
∗ℏ2 ∗ 2 ∗
L = iℏψ ψ̇ + ψ ∇ ψ − V (x)ψ ψ d3 x
2m
Z
∗ ℏ2 2 ∗ ∗
= iℏψ ψ̇ + (∇ ψ )ψ − V (x)ψ ψ d3 x + termossup. . (13.128)
2m
Desta forma
d δL δL
− =0 (13.129)
dt δ ψ̇ δψ
nos conduz à equação de Schrodinger para ψ ∗ (x, t)
ℏ2 2 ∗
−iℏ ψ̇ ∗ = − ∇ ψ + V (x)ψ ∗ . (13.130)
2m
Para obtermos a Hamiltoniana, observemos que o momento canonicamente conjugado
a ψ(x, t) é dado por
δL
Π= = iℏ ψ ∗ . (13.131)
δ ψ̇
Desta forma
Z Z
∗ ∗ ℏ2 ∗ 2 ∗
H= Π ψ̇ − £ d x =
3
iℏψ ψ̇ − iℏψ ψ̇ − ψ ∇ ψ + ψ V ψ d3 x , (13.132)
2m
ou seja, Z
∗ ℏ2 2
H= ψ − ∇ + V (x) ψd3 x , (13.133)
2m
que é a mesma forma do valor esperado da energia na mecânica quântica de Schrodinger.
Apesar desta analogia, o conceito de Hamiltoniano e de operador Hamiltoniano agora
277
aparece de forma totalmente diferente:
ℏ 2
a) A equação de Schrodinger contém o operador Hamiltoniano na forma − 2m ∇2 +
V (x).
b) Na equação acima, temos o Hamiltoniano que mais tarde virá ser um operador.
Mesmo após a quantização estas duas quantidades tem que ser distinguidas.
Observe que as funções de onda ψ e ψ ∗ são campos clássicos.
Fazendo a decomposição2
Z
1
ψ̂(x, t) = 3/2
d3 k b̂(k) e−i k x (13.140)
(2π)
Z
∗ 1
ψ̂ (x, t) = d3 k b̂† (k) ei k x . (13.141)
(2π)3/2
ℏ
2
2
Superposição de ondas planas, as quais são soluções da equação de Schrodinger iℏφ̇ = − 2m ∇2 φ, ou
1
seja, φ(x, t) = (2π)3/2 e ikx
, sendo k x = Ek t/ℏ − k · x.
278
Note que agora ψ̂ e ψ̂ ∗ são operadores.
Usando a condição de ortogonalidade
Z
1 ′
−i(k−k )·x 3 ′
3
e d x = δ 3 (k − k ) , (13.142)
(2π)
obtemos
Z
1
b̂(k) = eik x ψ̂(x, t) d3 x (13.143)
(2π)3/2
Z
1
b̂† (k) = 3/2
e−ik x ψˆ∗ (x, t) d3 x . (13.144)
(2π)
Desta forma
h ′
i
b̂(k), b̂† (k ) =
Z h i
1 3 3
′
ikx −ik y ˆ∗ (y, t)
= d xd y e e ψ̂(x, t), ψ
(2π)3
Z h i
1 3 3 ikx −ik y (−i)
′
= d xd y e e ψ̂(x, t), Π̂(y, t)
(2π)3 ℏ | {z }
iℏδ 3 (x−y)
Z
1 ′
= d3 y ei(k−k )·y e−i(Ek −Ek′ )t/ℏ , (13.145)
(2π)3
| {z }
δ 3 (k−k′ )
ou seja
h ′
i ′
†
b̂(k), b̂ (k ) = δ 3 (k − k ) . (13.146)
Igualmente obtemos
h ′
i h ′
i
b̂(k), b̂(k ) = b̂† (k), b̂† (k ) = 0 . (13.147)
279
Ĥ = Z 2
ℏ
∗
= 3
dx ∇ψ̂ · ∇ψ̂
2m
Z Z Z h i
ℏ2 3 1 3 3 ′ ikx † ′ ′
−i k x ′
= dx d k d k (ik)e b̂ (k)(−ik )e b̂(k )
2m (2π)3
Z Z Z
ℏ2 1 3 ′ ′ † ′ ′
= d 3
k d k (k · k ) b̂ (k) b̂(k ) d 3
x e i(k−k )x
, (13.148)
2m (2π)3
| {z }
(2π)3 δ 3 (k−k′ )
ou seja
Z
ℏ2 k 2 †
Ĥ = d3 k
b̂ (k)b̂(k) . (13.149)
2m
Consideremos agora o operador número de partı́culas
Z
N̂ = d3 x ψ̂ ∗ (x, t)ψ̂(x, t)
Z Z
1 3 3 ′ 3
′
i(k−k )x † ′
= 3
d k d k d x e b̂ (k)b̂(k ) , (13.150)
(2π)
levando à
Z
N̂ = d3 k b̂† (k)b̂(k) . (13.151)
ou seja Z h i
†
P̂ = d k ℏk b̂ (k)b̂(k) .
3
(13.153)
Usando as relações de comutação entre bˆ† (k) e b̂(k), podemos verificar que
280
h i
b̂(k), Ĥ = Ek b̂(k) (13.154)
h i
b̂† (k), Ĥ = −Ek bˆ† (k) (13.155)
h i
b̂(k), N̂ = b̂(k) (13.156)
h i
b̂† (k), N̂ = −b̂† (k) (13.157)
h i
b̂(k), P̂ = ℏkb̂(k) (13.158)
h i
†
b̂ (k), P̂ = −ℏkb̂† (k) . (13.159)
Visto que os operadores Ĥ, N̂ e P̂ comutam entre si, podemos definir um auto-estado
simultâneo tal que
′ ′
Ĥ b̂† (k )|Ek , k, n⟩ = (Ek + Ek′ )b̂† (k )|Ek , k, n⟩ (13.163)
′ ′ ′
P̂ b̂† (k )|Ek , k, n⟩ = ℏ(k + k )b̂† (k )|Ek , k, n⟩ (13.164)
′ ′
N̂ b̂† (k )|Ek , k, n⟩ = (n + 1)b̂† (k )|Ek , k, n⟩ , (13.165)
e
′ ′
Ĥ b̂(k )|Ek , k, n⟩ = (Ek − Ek′ )b̂(k )|Ek , k, n⟩ (13.166)
′ ′ ′
P̂ b̂(k )|Ek , k, n⟩ = ℏ(k − k )b̂(k )|Ek , k, n⟩ (13.167)
′ ′
N̂ b̂(k )|Ek , ⃗k, n⟩ = (n − 1)b̂(k )|Ek , k, n⟩ . (13.168)
Vemos assim que b̂ e b̂† podem ser interpretados como operadores que destroem e criam,
′
repectivamente, uma partı́cula de energia Ek′ e momento ℏk . O operador N̂ é interpre-
tado como operador número de partı́cula.
281
b̂(ki )|0⟩ = 0 (13.169)
†
b̂ (ki )|0⟩ = |ki ⟩ (13.170)
sendo f (1) (k) a densidade de probabilidade de encontrar o estado com energia e momento
bem definidos. Usando a condição anterior, podemos escrever
Z
| Φ ⟩ = d3 k f (1) (k)b̂† (k)|0⟩ .
(1)
(13.172)
282
Note que os estados |k1 , ..., kn ⟩ são simétricos pela troca de ordem, pois os operadores
†
b̂ comutam, desta forma os coeficientes f (n) (k1 ...kn ) também são invariantes pela troca
de ordem.
Considere agora o estado no espaço das configurações,
1
|x1 , ..., xn , t⟩ = √ ψ̂ ∗ (x1 , t)...ψ̂ ∗ (xn , t)|0⟩ , (13.178)
n!
de tal forma que temos, para n = 1,
No caso geral,
Usando que Z
1
ψ̂(x, t) = e−ikx b̂(k)d3 k (13.184)
(2π)3/2
obtemos
Z Y
n
1 1 ′ ′ ′
⟨x1 , ..., xn , t|Φ (n)
⟩= d3 ki d3 kj e−ik1 x1 . . . e−ikn xn ×
n! (2π)3n/2 i=1,j=1
′ ′
⟨0|b̂(k1 ) . . . b̂(kn )b̂† (k1 ) . . . b̂† (kn )|0⟩ f (n) (k1 , ..., kn ) . (13.185)
| P Q
{z }
n
i=1 δ (ki −kj )
3
P
283
Considerando que a soma sobre todas as permutações dá n!, obtemos
Z Y
n
1
⟨x1 , ..., xn , t|Φ (n)
⟩= d3 ki e−ik1 x1 . . . e−ikn xn f (n) (k1 . . . kn ) . (13.186)
(2π)3n/2 i=1
Lembrando que kx = Ek t/h − k · x, temos que a função de onda ⟨x1 . . . xn |Φ(n) ⟩ satisfaz
a equação de Schrodinger de n partı́culas.
∂ X ℏ2 n
iℏ ⟨x1 . . . xn , t|Φ(n) ⟩ = − ∇2i ⟨x1 . . . xn , t|Φ(n) ⟩ , (13.187)
∂t i=1
2m
com
X
n
ℏ2 k 2 i
E= . (13.188)
i=1
2m
Seguindo esta linha temos o operador posição
Z
x̂ = ψ̂ † (x, t)xψ̂(x, t)d3 x, (13.189)
ou seja,
Z
1 ′ e2 ′ 3 ′
V̂ = ψ̂ † (x, t)ψ̂ † (x , t) 3
′ ψ̂(x , t)ψ̂(x, t)d xd x (13.194)
2 |x − x |
Observe que o termo de interação aparece como produto de campos.
284
13.3.3 Quantização do campo de Schrodinger com V (x)
X
ψ̂(x, t) = b̂k (t)φk (x) (13.195)
k
X
†
ψ̂ (x, t) = b̂†k (t)φ†k (x) , (13.196)
k
com
bk (t) = bk e−iEk t/ℏ , (13.197)
sendo φk (x) as autofunções da equação de Schrodinger primeiro quantizada,
ℏ2 2
− ∇ + V φk = E k φk , (13.198)
2m
h ′
i ′
ψ̂(x), Π̂(x ) = iℏ δ 3 (x − x ) (13.201)
h ′
i h ′
i
† †
ψ̂(x), ψ̂(x ) = ψ̂ (x), ψ̂ (x ) = 0 , (13.202)
obtemos igualmente
h i
b̂k , b̂†k′ = δk,k′ (13.203)
h i h i
b̂k , b̂k′ = b̂†k , b̂†k′ = 0 . (13.204)
285
Y 1 †
|Φ(n) ⟩ = √ b̂ |0⟩ , (13.205)
k
nk ! k
com
b̂k |0⟩ = 0 , (13.206)
e a correspondente energia
X
E= nk E k . (13.207)
k
Considere por exemplo, no caso de uma única partı́cula no estado k, ou seja,|Φ⟩ = b̂†k |0⟩,
neste caso
X X
⟨ρ̂⟩1 = ⟨0|b̂k b̂†q φ∗q (x) b̂q′ φq′ (x)b̂†k |0⟩ (13.210)
q q′
ou seja
⟨ρ̂⟩1 = φ∗k (x)φk (x) , (13.212)
que é a densidade usual na mecânica quântica de Schrodinger para o estado k.
286
era simétrico pela troca de duas partı́culas. Como sabemos, a propriedade de simetria
pela troca está relacionada a partı́cula bosônica. Desta forma o procedimento de segunda
quantização anterior conduz a interpretação de criação e destruição de bósons. A seguir,
veremos que para a descrição de férmions o procedimento da quantização do campo é feito
introduzindo relações de anti-comutação.
3/2
e−i(k−k )·x d3 x = δ 3 (k − k′ ) , (13.218)
(2π)
podemos inverter a equação de ψ e ψ †
Z
1
â(k) = ei k x ψ̂(k) d3 x (13.219)
(2π)3/2
Z
† 1
â (k) = e−i k x ψ̂ † (k) d3 x . (13.220)
(2π)3/2
Desta forma temos que
Z n o
−i
â(k), ↠(k) = e i k x −i k y
e ψ̂(x, t), Π̂(y, t) d3 xd3 y
(2π)3
Z
1 ′
= 3
ei(k−k ) x = δ(k − k′ ) . (13.221)
(2π)
287
Igualmente
{â(k), â(k′ )} = ↠(k), ↠(k′ ) = 0 . (13.222)
Do mesmo modo que no caso bosônico, temos que os operadores Ĥ, P̂ e N̂ podem ser
escritos como
Z Z
† ℏ2 2
Ĥ = ψ̂ (x, t) − ∇ ψ̂(x, t) d x = d3 k Ek ↠(k)â(k)
3
(13.223)
2m
Z Z
N̂ = ψ̂ (x, t)ψ̂(x, t) d x = d3 k ↠(k)â(k)
† 3
(13.224)
Z h i Z
P̂ = −iℏψ̂ (x, t)∇ψ̂(x, t) d x = d3 k ℏk ↠(k)â(k)
† 3
(13.225)
Igualmente
h i
†
Ĥ, â (k) = Ek ↠(k) (13.229)
h i
P̂, â(k) = −ℏk↠(k) (13.230)
h i
P̂, ↠(k) = ℏk↠(k) (13.231)
h i
†
N̂ , â (k) = ↠(k) (13.232)
h i
N̂ , â(k) = −â(k) (13.233)
Desta forma temos que P̂, N̂ , Ĥ, adimitem estados simultâneos e que â e ↠podem ser
interpretados como operadores de criação e destruição de patı́culas. No entanto observe
que se
288
↠(k)|0⟩ → cria uma partı́cula no estado |Ek , k, 1⟩ , (13.234)
o fato que
↠(k), ↠(k) = 0 ⇒ ↠(k)↠(k) = −↠(k)↠(k) , (13.235)
ou seja
↠(k)↠(k) = 0 , (13.236)
implicando que só podemos ter uma única partı́cula no mesmo estado (princı́pio de ex-
clusão de Pauli).
â(k)|0⟩ = 0 (13.239)
↠(k)|0⟩ = |ki ⟩ . (13.240)
Z Y
n
⟨k′1 , ..., k′n |Φ(n) ⟩ = d3 ki f (n) (k1 , ..., kn )⟨k′1 , ..., k′n |k1 , ..., kn ⟩ = f (n) (k′1 , ..., k′n )
i=1
(13.243)
Novamente temos que |f (k1 , ..., kn )| dá a probabilidade de encontrar n partı́culas
(n) 2
com momento k1 , ..., kn , porém pela antissimetria não podemos ter duas partı́culas com
mesmo estado,
f (n) (k1 ...ki , kj , ...kn ) = −f (n) (k1 ...kj , ki , ...kn ) se ki = kj ⇒ f (n) = 0 (13.244)
289
Considere um estado genérico de uma partı́cula
Z
|Φ ⟩ = d3 kf (1) (k)↠(k)|0⟩ .
(1)
(13.245)
Usando Z
† 1
â (k) = d3 x ei k x ψ † (x, t) , (13.246)
(2π)3/2
temo
Z Z
1
|Φ ⟩ =
(1) 3
dx d3 x f (1) (k)ei k x ψ † (x, t)|0⟩
(2π)3/2
| {z }
f (1) (x)
Z
|Φ(1) ⟩ = d3 x f 1 (x)ψ̂ † (x, t)|0⟩ (13.247)
temos
Observe que
ρ̂(x′ )|x, t⟩ = ψ̂ † (x′ , t)ψ̂(x′ , t)ψ̂ † (x, t)|0⟩ = δ 3 (x−x′ )ψ † (x, t)|0⟩ = δ 3 (x−x′ )|x, t⟩. (13.253)
290
Z Y
n
1 1 ′ ′
⟨x1 , ..., xn , t|Φ (n)
⟩ = d3 ki d3 k′j e−ik1 x1 ...e−ikn xn ×
(2π)3n/2 n! i,j=1
na qual o sinal (−1)P é dado pelo fato que agora os â e ↠anticomutam. A soma sobre
todos as perumtações, levando em conta o sinal de menos dá n!, assim
Z Y
n
1
⟨x1 ...xn , t|Φ (n)
⟩= d3 ki e−ik1 x1 ...e−ikn xn f (n) (k1 , ..., kn ) . (13.256)
(2π)3 i=1
X
ψ̂(x, t) = âk (t)φk (x) (13.257)
k
X
†
ψ̂ (x, t) = âk (t)φ†k (x) (13.258)
k
com, âk (t) = âk eiEk t/ℏ , sendo φk (x) autofunções da equação de Schrodinger primeiro
quantizada,
ℏ2 2
− ∇ + V φk (x) = Ek φk (x) , (13.259)
2m
satisfazendo a relação de ortogonalidade
Z
d3 x φ∗k (x)φk′ (x) = δk,k′ . (13.260)
291
â†k â†k |0⟩ = 0 (13.261)
e satisfazendo a relação de anticomutação
n o n o
âk , â†k = δk,k′ â†k , â†k = {âk , âk } = 0 (13.262)
ψ(x, t), ψ † (x′ , t)
= δ 3 (x − x′ ) (13.263)
{ψ(x, t), ψ(x′ , t)} = ψ † (x, t), ψ † (x′ , t) = 0 . (13.264)
O operador Hamiltoniano é
Z X
ℏ2 2
∗
Ĥ = ψ̂ (x, t) − ∇ + V (x) ψ̂(x, t)d3 x = Ek â†k âk , (13.265)
2m k
Igualmente temos que pela definição de âk e â†k como sendo operadores de criação e
destruição.
As autofunções sõ dadas por
Y † n k
|Φ(n) ⟩ = âk |0⟩ . (13.267)
k
Porém como âk â†k = 0, n pode ser somente 0 ou 1. A energia total e o número total de
partı́culas sõ dados por
X X
E= E k nk N= nk com nk = 0, 1 . (13.268)
k k
Considere por exemplo o estado de uma partı́cula. Este estado pode ser dado pela
superposição
X X
|Φ(1) ⟩ = ck â†k |0⟩ com |ck |2 = 1 . (13.269)
k k
292
temos Z
|Φ ⟩ =
(1)
f (x)ψ̂ † (x) d3 x|0⟩ . (13.271)
com X
f (x) = ck φk (x) . (13.272)
k
Considerando que ψ̂ † cria uma partı́cula na posição x, então |Φ(1) ⟩ representa a super-
posição de estados de partı́cula simples, que podem ter sido criadas em diferentes lugares
, com uma probabilidade f (x). Para mostrar que realmente ψ̂ † (x, t) cria uma partı́cula
na posição x, consideremos o operador densidade ρ̂(x, t) = ψ̂ † (x, t)ψ̂(x, t) atuando em
ψ̂ † (x′ , t)|0⟩,
Z Z
† ℏ2 2
Ĥ|Φ ⟩ =
(1)
ψ̂ (x, t) − ∇ + V (x) ψ̂(x, t) d x
3
f (x′ )ψ̂ † (x′ , t) d3 x′ |0⟩
2m x
Z
′ † ℏ2 2
= f (x ) ψ̂ (x, t) − ∇ + V (x) δ(x − x ) d3 x d3 x′ |0⟩ . (13.275)
′
2m x
temos
(1) ℏ2 2
Ĥ|Φ1 ⟩ = E|Φ ⟩ ⇒ −
(1)
∇ + V (x) f (x) = Ef (x) , (13.278)
2m x
293
ou seja, f (x) que é a amplitude de probabilidade de encontrarmos a partı́cula criada na
posição x, satisfaz a equação de Schrodinger primeiro quantizada. Ou seja, a formulação
de primeira e segunda quantização são teorias idênticas.
Generalizando para o caso de n-partı́culas, temos
Z
|Φ ⟩ = dx1 ...dxn f (x1 ...xn )ψ̂ † (x1 )...ψ̂ † (xn )|0⟩ .
(n)
(13.279)
como temos simetria nas variáveis x, e como ψ̂ † comutam, temos que a densidade de
probabilidade f (x1 ...xn ) tem que ser antissimétrica, ou seja
∂2
ρq̈(x, t) − s q(x, t) = 0 . (13.281)
∂x2
294
A partı́cula andando sobre a corda, exerce uma força para baixo dada por
F = −mg , (13.282)
13.5.2 Lagrangeana
295
a densidade de Lagrangiana para o corda livre
" 2 #
1 ∂q(x, t)
£corda = ρq̇(x, t)2 − s (13.290)
2 ∂x
13.5.3 Hamiltoniana
ou seja
Z ( 2 )
ℏ 2
∂ 2
1 s ∂q
H= ψ ∗ (x) − ψ(x) − Π2q (x) + + Gq(x)ψ ∗ (x)ψ(x) dx .
2m ∂x2 2ρ 2 ∂x
(13.294)
13.5.4 Quantização
Para implementar a segunda quantização, vamos impor as relações de comutação para os
campos q(x, t) e ψ(x, t) e os respectivos momentos canônicamente conjugados (geralmente
na teoria quântica de campos, assumimos o caráter operatorial da função de onda no
entanto a notação de do chapéu sobre as funções é simplesmente omitida por simplicidade)
296
13.5.5 Expansão com respeito as autofunções
1 X
ψ(x) = √ âk eikx (13.299)
L k
1 X † −ikx
ψ † (x) = √ âk e (13.300)
L k
s
1 X ℏ † −iwx
q(x) = √ iwx
b̂w e + b̂w e (13.301)
L w 2ρωw
Podemos verificar facilmente que considerando as expansões acima obtemos as seguin-
tes relações de comutação entre os operadores â, ↠, b̂ e b̂† :
n o n o
âk , â†k′ = δk,k′ â†k , â†k′ = {âk , âk′ } = 0 (13.302)
h i h i h i
b̂w , b̂†w′ = δk,k′ b̂†w , b̂†w′ = b̂w , b̂w′ = 0 (13.303)
h i h i h i h i
âk , b̂w = âk , b̂†w = âk , b̂w = â†k , b̂†w = 0 (13.304)
Igualmente podemos escrever o Hamiltoniano total em termos destes operadores
(0) (0) (0)
Htotal = Hel + Hcorda + Hint , (13.305)
sendo os Hamiltonianos livres
X ℏ2 k 2
â†k âk
(0)
Hel = (13.306)
k
2m
X
ℏωw b̂†w b̂w
(0)
Hcorda = (13.307)
w
e o Hamiltoniano de interação
Z Xs
ℏ 1 †
X † 1 X 1 ′
Hint = G √ b̂w + b̂−w eiwx âk √ e−ikx âk′ √ eik x dx
w
2ρωw L k
L k′
L
s Z
G X ℏ †
† ′
= 3/2
b̂w + b̂−w âk âk′ dxei(w−k+k )x
L w,k,k′ 2ρωw
X
= b̂w + b̂†−w â†k âk′ ℏFk,k′ ,w , (13.308)
w,k,k′
297
no qual Z
GL−3/2 L
′ GL−3/2
Fk,k′ ,w =√ ei(w−k+k )x dx = √ δk,k′ +w , (13.309)
2ℏρωw 2ℏρωw
0
| {z }
gw
298
13.7 Exercı́cios
Problema
√ 1) Considere um oscilador harmônico exposto a uma força adicional cons-
tante 2γℏω independente do tempo.
Onde E ′ = E − 1/2ℏω
Com k = 2nπ
Na
, n = inteiro.
Problema 3) Mostre as relações (13.304).
299