Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
4 Fase 4 Pack 4
4 Fase 4 Pack 4
Lição 1
Melanie Klein foi uma das maiores psicanalistas da história. Seguidora de Freud,
com genialidade e amor à verdade erigiu uma escola com pensamentos próprios e
distintos. Como disse uma amiga, quando Klein em 1935 insistia que era uma freudiana:
"agora já é tarde - você é uma Kleiniana".
Suas teorias vieram de seus trabalhos com crianças, o que possibilitou a
investigação psicanalítica dos primeiros meses de vida, abrindo as portas para o
tratamento de pacientes psicóticos.
Outros desenvolvimentos se seguiram à psicanálise de crianças, como o estudo
dos estados maníaco depressivos, a identificação projetiva como defesa do ego, e a
inveja primária na constituição da personalidade. Sua teoria das posições depressiva e
esquizoparanóides são a primeira grande sistematização da teoria psicanalítica.
Portanto, com o desenvolvimento, o bebê percebe que o mesmo objeto que odeia
(seio mau) é o mesmo que ama (seio bom). Ele percebe que ambos os registros fazem
parte de uma mesma pessoa. Agora o bebê teme perder o seio bom, pois teme que seus
ataques de ódio e voracidade o tenham danificado ou morto. Esse temor da perda do
objeto bom é chamado por Klein de “ansiedade depressiva”. O conjunto de
ansiedade depressiva e suas respectivas defesas são chamados por Klein de
“posição depressiva”.
O conceito de posições é muito importante na escola kleiniana, pois o psiquismo
funciona a partir delas, e todos os demais desenvolvimentos são invariavelmente
baseados em seu funcionamento. Nesse sentido, o desenvolvimento em fases, proposto
por Freud (fase oral, anal e genital), é aqui substituído por um elemento mais dinâmico
que estático, pois as três fases estão presentes no bebê desde os três primeiros meses de
vida. Klein não nega essa divisão, muito pelo contrário, mas dá a elas uma dinâmica até
então ainda não vista em psicanálise. Alias, é essa palavra que distingue o pensamento
kleiniano do freudiano.
Para Klein, o psiquismo tem um funcionamento dinâmico entre as posições
esquizoparanóide e depressiva, que se inicia como o nascimento e termina com a morte.
Todos os problemas emocionais, como neuroses, esquizofrenias e depressão são
analisados a partir dessas duas posições. Por isso, em uma análise kleiniana, não basta
trabalhar os conteúdos reprimidos, é preciso “equacionar” as ansiedades depressivas e
persecutórias. É necessário que o paciente perceba que o mundo não funciona em preto
e branco, e que é possível amar e odiar o mesmo objeto, sem medo de destruí-lo. Em
outras palavras, não adianta trabalhar o sintoma (neurose) se não trabalhar os processos
que levaram seus surgimentos (ansiedades persecutória e depressiva).
1.3 Análise infantil
Klein conseguiu desenvolver estudos sobre as ansiedades arcaicas, porque
dedicou quase toda a sua vida à análise de crianças. Seu primeiro paciente foi seu
próprio filho, Hans, que apresentava sérios distúrbios de aprendizagem. Aos poucos
Klein foi percebendo estruturas psíquicas que estavam fora do esquema freudiano e, a
partir da investigação dessas estruturas chamadas “arcaicas”, foi possível o
desenvolvimento de suas teorias. Alguns paradigmas precisaram ser quebrados para que
isso fosse possível e isso lhe rendeu uma série de inimizades.
O primeiro e principal paradigma para a época era a questão da possibilidade da
análise infantil. Para Freud era impossível a análise de crianças muito pequenas, pois
elas não possuíam uma estrutura de linguagem suficientemente desenvolvida para a
elaboração e livre verbalização de ideias.
Sua maior opositora nesse campo foi Anna Freud, que na época também
trabalhava com crianças. Robert Young descreve essa relação da seguinte forma “Onde
Anna Freud disse que crianças muito pequenas não podiam realizar livre associação,
Klein viu um rico mundo de fantasias refletidas no brincar. Onde Anna Freud viu a si
mesma como uma professora com suas obrigações educadoras, Klein foi mais fundo,
interpretando ansiedades sobre seios e outras partes do corpo, sobre ódio, sofrimento,
luto e inveja que chocaram os não-kleinianos.”
1.4 O jogo simbólico e a fantasia inconsciente
A capacidade de se expressar verbalmente e exteriorizar através da palavra
pensamentos, emoções, desejos e experiências é desenvolvida ao longo da vida. Essa
capacidade requer um certo nível de desenvolvimento e aprendizado maturacional, bem
como uma certa capacidade de introspecção.
Assim, para uma criança que não completou seu desenvolvimento, é
extremamente complexo poder expressar seus impulsos, desejos e ansiedades. Essa é
uma das principais razões pelas quais o método de livre associação da psicanálise
freudiana não poderia ser originalmente aplicado a crianças.
No entanto, os elementos instintivos, os desejos e medos que fazem parte de
cada um, estão presentes desde o nascimento. Para a teoria psicanalítica de Melanie
Klein, embora na infância esses elementos possam não estar cientes de que podem ser
simbolizados na geração de fantasias. Dessa maneira, as fantasias inconscientes atuam
como um método de expressar instintos e angústias básicas , projetando-as no jogo e
direcionando amplamente a atitude e o comportamento das crianças.
Nesse sentido, uma das contribuições mais valiosas da teoria psicanalítica de
Melanie Klein é a introdução do jogo simbólico como método de avaliação e trabalho
com menores. Para Klein, o jogo é um método de comunicação em que o bebê
externaliza suas preocupações e desejos indiretamente. Assim, analisando o simbolismo
contido no processo do jogo, é possível observar as fantasias inconscientes que
governam o comportamento da criança de maneira análoga à utilizada nos métodos de
associação livre aplicados em adultos.
Ao montar o jogo simbólico, é muito importante definir ou ajustar a situação, ou
seja, levando em consideração que a necessidade das sessões, o tipo de móveis e
brinquedos adequados à criança de uma maneira que não exija imposições sobre como
jogar A criança deve escolher os brinquedos que deseja usar para si mesma e, através
deles, pode expressar livremente seus medos, ansiedades e desejos.
1.5 Pulsão de vida e morte no bebê
Para Klein o mundo interno do bebê é povoado por fantasias, ansiedades, figuras
boas e más, sendo que, desde o nascimento, o bebê está exposto à luta entre as pulsões
de vida e de morte, representadas pelos impulsos libidinais e agressivos,
respectivamente. De acordo com a teoria metapsicológica kleiniana, portanto, há que se
considerar que cada criança nasce com um “dote pulsional”, um quantum de pulsão de
vida e de morte, cujo equilíbrio se mantém quando o bebê está livre de fome e
tensão. Dessa forma, as experiências gratificadoras – como o carinho da mãe – reforçam
a pulsão de vida e, as experiências frustradoras – como a ausência da mãe – intensificam
a ação da pulsão de morte.
1.6 Técnica kleiniana: aprofundamento para clínica com crianças
A técnica é um conjunto de procedimentos indicados para o analista e o
paciente, projetados para ajudar a tornar o inconsciente consciente. É dada particular
importância à constância em termos da regularidade do quadro, dos prazos e da
frequência das sessões, juntamente com o fato de o analista manter uma atitude mental
receptiva e ao mesmo tempo perspicaz.
Ao longo de seu trabalho, Klein deixa claro que seu trabalho, incluindo sua
técnica específica, se baseia no trabalho de Freud, que descreveu seu método essencial
com pacientes adultos, constituídos por cinco ou seis sessões semanais, e o uso do sofá
e da associação livre.
Isso implica transmitir ao analista oralmente, da melhor maneira possível, o que
é pensado e sentido, sem censura. Sua indicação complementar aos analistas é que
uma “atenção flutuante” deve ser mantida, evitando olhar no material do paciente o
que se espera que seja encontrado (Freud, 1912).
Klein destaca o conceito freudiano de transferência, em relação ao analista, que
se refere à expressão consciente e inconsciente de experiências, relacionamentos,
pensamentos, fantasias e sentimentos passados e atuais, positivos e negativos. Coloca
ênfase especial no significado da transferência negativa, que considera possível
elaborar sempre que for reconhecida e compreendida pelo analista.
https://www.scielo.br/pdf/rlpf/v7n4/1415-4714-rlpf-7-4-0263.pdf
No final dos anos 1960, as ideias de Bion não batiam com as dos demais
psicanalistas da Sociedade Britânica e essas divergências fizeram com que o médico se
mudasse para Los Angeles, no entanto, nos Estados Unidos enfrentou o mesmo impasse
que encarou em Londres. Bion, então, decidiu viajar o mundo divulgando suas ideias
em palestras e conferências, passando pelo Brasil durante a década de 1970.
Vamos ler o texto A “dinâmica de grupos” de bion e as organizações de trabalho, de Jáder dos
Reis Sampaio (Universidade Federal de Minas Gerais), Psicologia USP, 2002, Vol. 13, No .2,
277-291
4.1 A História
Donald Woods Winnicott foi um pediatra e psicanalista inglês nascido em 7 de
abril de 1896 — 28 de janeiro, 1971). Filho de Elizabeth Martha (Woods) Winnicott e
do Sr. John Frederick Winnicott, um comerciante que se tornou cavaleiro em 1924 após
servir duas vezes como prefeito de Plymouth.
A família era próspera e aparentemente feliz, mas atrás desse verniz, Winnicott
se viu oprimido por uma mãe com tendências depressivas, como também por duas irmãs
e uma babá. Foi a influência do pai, um livre-pensador e empreendedor, que o encorajou
em sua criatividade. Winnicott se descreveu como um adolescente perturbado,
reagindo contra a própria auto-repressão que adquiriu ao tentar suavizar os
sombrios humores de sua mãe. Estas sementes de autoconsciência se tornaram a base
do interesse dele trabalhando com pessoas jovens e problemáticas.
(fonte: http://psicopedagogia-fae2011.blogspot.com/2011/04/winnicott-e-
morin.html)
Decidido a se tornar um médico, ele começou a estudar medicina em Cambridge
mas interrompeu seus estudos para servir como cirurgião aprendiz – residente em um
navio (destroyer) britânico, o HMS Lúcifer, durante a Primeira Guerra Mundial. Ele
completou sua formação em medicina em 1920 e em 1923, no mesmo ano do seu
primeiro casamento, com Alice Taylor, foi contratado como médico no Paddington
Green Children’s Hospital, em Londres. Foi também em 1923, que Winnicott iniciou
sua análise pessoal com James Strachey (1887 – 1967), o tradutor das obras
de Sigmund Freud para o inglês.
Em 1927 Winnicott foi aceito como iniciante na Sociedade Britânica de
Psicanálise, qualificado como analista em 1934 e como analista de crianças em 1935.
Ele ainda estava trabalhando no hospital infantil e posteriormente comentou que
“naquele momento nenhum outro analista era também um pediatra, assim durante duas
ou três décadas eu fui fenômeno isolado”. O tratamento de crianças mentalmente
transtornadas, e das suas mães, lhe deu a experiência com a qual ele construiria a
maioria das suas teorias. E o curto período de tempo que ele poderia dedicar-se a cada
caso o conduziu ao desenvolvimento das suas “inter-consultas terapêuticas” outra
inovação da prática clínica que introduziu.
Um acontecimento relevante da vida desse autor foi a chegada em Londres, no
ano 1926, de Melanie Klein (1882-1960), uma das mais importantes analistas de criança
da sua época, logo fazendo escola e seguidores. Winnicott aproximou-se e fez uma
análise adicional com um deles, Joan Rivière (1883-1962).
A convicção do Kleinianos na importância suprema, para saúde psíquica, do
primeiro ano da vida da criança foi compartilhada por Winnicott. Contudo esta visão
diverge um pouco da de Freud e de sua a filha Anna Freud (1895-1982) – ela mesma
uma analista de crianças, que também vieram para Londres em 1938, refugiados do
Nazismo na Áustria. Esboçando-se uma divisão dentro da Sociedade Psicanalítica
Britânica entre os Freudianos ortodoxos e o Kleinianos. Ao final da Segunda Guerra
Mundial (1945), no entanto, um acordo tipicamente britânico estabeleceu três cordiais
grupos: os Freudianos, o Kleinianos e um grupo “conciliador” ao qual Winnicott
pertenceu juntamente com Michael Balint (1896-1970) e John Bowlby (1907–1990).
- Para Freud, ao brincar, a criança tem prazer na aparente onipotência que
adquire ao manipular os objetos cotidianos associando-os a símbolos imaginários como
no jogo fort-da, que evocava a presença da mãe na análise infantil que realizou. Não há
dúvidas, porém, que foi Melanie Klein quem efetivamente trouxe a brincadeira para o
trabalho psicanalítico com crianças. Klein reconhecera uma similitude entre a atividade
lúdica infantil e o sonho do adulto, e as verbalizações da criança ao brincar e a
associação livre clássica.
Durante os anos de guerra, Winnicott trabalhou como consultor psiquiátrico de
crianças seriamente transtornadas que tinham sido evacuadas de Londres e outras
cidades grandes, e separado de suas famílias. Ele continuou trabalhando ao Paddington
Green Children’s Hospital nos anos 1960. (fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1516-14982014000200007)
Passada a guerra, Winnicott tornou-se um médico contratado do Departamento
Infantil do Instituto de Psicanálise, onde trabalhou durante 25 anos. Foi presidente da
Sociedade Britânica de Psicanálise por duas gestões, membro da UNESCO e do grupo
de experts da OMS. Atuou como professor no Instituto de Educação e na London
School of Economics, da Universidade de Londres. Dissertou e escreveu amplamente
como atividade profissional independente.
Ele divorciou-se de sua primeira esposa em 1951 e, nesse mesmo ano, casou-se
com Elsie Clare Nimmo Britton, assistente social psiquiátrica e psicanalista. Morreu em
28 de janeiro de 1971, de parada cardíaca e foi cremado em Londres.
4.2 Teoria de Winnicott
Enquanto na psicanálise tradicional existe um método que caracteriza, por
excelência, a própria tarefa analítica – a interpretação dos conflitos inconscientes
relativos a elementos reprimidos – não se pode dizer o mesmo da clínica
winnicottiana.