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História

Exasiu EXTENSIVO

HB: Exasiu
Império Brasileiro

Profe Alê Lopes


AULA 13

1
AULA 00: ANTIGUIDADE
158
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Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 13 – História do Brasil - Império Brasileiro

Sumário

Introdução ................................................................................................................... 3
1. Primeiro Reinado (1824-1831) ................................................................................. 5
1.1 - Economia ....................................................................................................................................... 6
1.2 – População e Sociedade ............................................................................................................... 10
1.3 - Religião......................................................................................................................................... 17
1.4 - Política.......................................................................................................................................... 18
1.4.1 – Confederação do Equador ............................................................................................................................. 25
1.4.2 – Política Externa .............................................................................................................................................. 28
1.5 – Abdicação de Dom Pedro I .......................................................................................................... 29
2. Período Regencial .................................................................................................. 35
2.1 - Contextualização.......................................................................................................................... 37
2.2 – Regência Provisória ..................................................................................................................... 38
2.3 – Regência Permanente (1831-1835) ............................................................................................ 38
2.4 – Regência Una............................................................................................................................... 39
2.5 - Revoltas no Período Regencial .................................................................................................... 42
3. Lista de Questões ................................................................................................... 52
4. Gabarito ................................................................................................................. 80
5. Questões comentadas ........................................................................................... 80
6. Considerações Finais ............................................................................................ 158

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Queridas e Queridos Alunos,


Hoje começamos a estudar a História do Brasil independente, ou seja, do processo que nos
fez como nação. Estou muito feliz também porque terminamos um longo período colonial. Muitas
informações, não é mesmo? Mas, agora, serão novos desafios. Tão grandes quanto aqueles que
enfrentaram os brasileiros e brasileiras que sonharam com uma país livre das amarras das
monarquias europeias. Preparei com muito carinho e preocupação, pois os temas que veremos
nessa aula caem muito nos vestibulares.
Por isso, seja bem-vindo e bem-vinda a mais uma aula para a qual você deve dedicar grande
atenção. É sempre um grande prazer compartilhar com vocês nosso trabalho e participar dessa
caminhada até sua aprovação. Não esqueça: Força, Coragem e Perseverança. A vaga é sua!
Se você tiver dúvidas, utilize o Fórum de Dúvidas! Eu vou te responder bem rapidinho. Ah,
não tem pergunta boba, Ok? Vamos começar? Já sabe: pega seu café e sua ampulheta. Bora!!

1824 1840

1831

INTRODUÇÃO
Queridas e queridos aluno, nesse momento começaremos a estudar a História do Brasil
Independente. Assim, veremos a primeira experiência de governo dos próprios brasileiros, com
todos os pontos positivos e negativos disso. Daqui para frente não há como “culpar” alguém de
fora, já que as decisões que foram tomadas foram fruto da soberania que o país adquiriu ao tornar-
se independente.
Estudar a História do Brasil Independente é compreender a formação da Nação, os avanços
e limites de cada momento e, assim, quem sabe, entender o que somos hoje, como povo, como
Estado e território. O vestibular espera que você saiba contar e criticar esse longo período.
Para começar quero que você relembre a periodização que a história faz a partir da
independência.
Entre 1822 e 1889 a forma de Governo foi Monarquia Constitucional, chamamos essa fase
de Brasil Império. Depois, entre 1889 até o os dias atuais passamos para a fase da República. Veja:

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•1822- • 1831- Início • 1840 - Dom


1o. Independência da Regência Pedro II assume
Período 2o.
Reinado •1831 - Regencial • 1840 - Golpe • 1889 -
Abdicação de da Reinado Proclamação da
Dom Pedro I Maioridade República

Na aula passada vimos como foi o processo que deu origem ao 07 de setembro de 1822 e,
nesse sentido, como se inseriu em um contexto muito maior que integrou a história brasileira à
história mundial. Como disse as professoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling no livro Brasil: uma
biografia (2018):

[...]o Sete de Setembro representa um movimento simbólico destacado de um longo


processo de ruptura iniciado até antes da vinda da corte, e que levou, ao fim e ao cabo,
a uma solução monárquica, implantado bem no meio das Américas. Cercado de
repúblicas por todos os lados, O Brasil colocaria no centro do poder um rei, ou melhor,
um imperador, para espanto e desconfiança dos vizinhos latino-americanos. Por certo,
a emancipação não foi obra exclusiva de nosso quixotesco d. Pedro. O evento é
expressão visível de uma série de tensões e arranjos que se colavam à crise do sistema
colonial e do absolutismo, tão característico do fim do período moderno. Era todo o
Antigo Regime que desintegrava e com ele as bases do colonialismo mercantilista.
1
(grifos nossos)

Assim, a conquista da soberania política brasileira é parte fundamental dessa crise do


Antigo Regime. Nesse sentido, é progressista porque rompeu com o colonialismo. Eu já mencionei
isso várias vezes, pois, além de localizar o sentido liberal da independência, permite-nos, ao
mesmo tempo, perceber os limites conservadores desse processo encontrado na solução
monárquica usada como desfecho. Todavia, lembro de que o Brasil contrastou com os demais
países latinos, pois a experiência latino-americana foi marcada pelo republicanismo. Não podemos
esquecer, também, de que a opção pela monarquia constitucional visava, em primeiro lugar, evitar
a fragmentação territorial a exemplo do que ocorria nos territórios vizinhos.
Além disso, não foi só a forma de governo monárquica que deu uma tônica conservadora
para o país que nascia. A manutenção da escravidão foi um dos elementos defendidos por parte

1
SCHWARCZ, Lilia M., STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras.
2018, p 222.

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das elites oligárquicas que articularam a etapa final da independência. De fato, esta foi a questão
que unificou grupos políticos que tinham posições diferentes sobre como organizar o Estado e a
administração do Estado.
Nesse sentido, a emancipação política conquistada pelo Estado não se transferiu para sua
população, que continuava miserável e oprimida. Do ponto de vista do exercício da cidadania,
sobretudo em relação à participação política, a maioria da população continuou excluída. Por
muito tempo, prevaleceu no Brasil uma visão aristocrática sobre os direitos civis e políticos da
sociedade. A cidadania restrita, portanto, marcou o Brasil Imperial. Nas palavras das estudiosas
Lilia e Heloisa,

Com isso, noções bastante frouxas de representatividade das instituições políticas se


impuseram, mostrando como a Independência criou um Estado, mas não uma Nação.
Criar uma cultura, imaginar uma formação, pretender uma nacionalidade: aí estava uma
tarefa para a agenda futura do Primeiro e, sobretudo, do Segundo Reinado. (grifos
nossos)2

Assim, o período do Primeiro Reinado, entre 1822 e 1831 pode ser analisado a partir da
perspectiva de continuidades e rupturas em relação ao momento que o antecedeu e,
especialmente, em relação aos novos formatos políticos e econômicos que se desenvolviam no
mundo. Vamos começar a destrinchar essa história, então!

1. PRIMEIRO REINADO (1824-1831)


O Primeiro Reinado é o período que vai de 1822, quando Dom Pedro Primeiro é coroado
Imperador do Brasil, até o momento em que ele abdica do trono em favor do seu filho Dom Pedro
II, quando este tinha 5 anos de idade. Podemos analisar esse período destrinchando nos 3 setores
clássicos:

2
SCHWARCZ, Lilia e STARLING, Heloísa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Editora Companhia das
Letras, 2018, p. 222.

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Econo
-mia

Política

Sociedade

Desses 3 setores, a história demonstra que as principais continuidades em relação ao


período colonial se encontram em economia e sociedade. Porém, é no campo da política que se
desenvolvem os principais embates e diferenças entre os diferentes grupos existentes à época.
Dessa maneira, vamos começar pelo o que vocês já conhecem para, depois, entramos na política.
Além disso, não podemos deixar de elencar a relação do Estado com a Igreja, caracterizada
por relações de dependência denominada padroado.

1.1 - ECONOMIA
A independência não mudou nada em relação à ESTRUTURA ECONÔMICA. Ao contrário,
como afirma o professor emérito da USP, José Murilo de Carvalho,

A independência política, obtida sem as grandes guerras de libertação que marcaram


a colônia espanhola, favoreceu a manutenção da estrutura econômica. O principal
gerador de excedentes econômicos continuou sendo o setor exportador da economia,
dominado pelas exportações de açúcar e algodão no Norte e, cada vez mais, de café,
no Sul, e pelo tráfico de escravos. [...] A continuidade verificou-se também em outro
tema central, o da propriedade da terra. Regida pelo sistema colonial de sesmarias, já
desmoralizado, a distribuição da propriedade rural era extremamente desigual, dando
margem à existência de grandes latifúndios movidos à mão de obra escrava, em torno
dos quais se vegetava uma vasta população civilmente livre, mas politicamente
dependente.3

Assim, o fato de a direção do movimento pela independência ser uma aliança entre o rei
Dom Pedro e as oligarquias rurais exportadoras contribuiu para que a estrutura econômica
agroexportadora, realizada com mão de obra escrava, tivesse permanecido inalterada.

3
CARVALHO, José Murilo. História do Brasil Nação: 1808-2010. Volume 2: A Construção Nacional, 1830-
1889. Introdução. Rio de Janeiro: Fundação MAPFRE.

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É evidente que a economia nesse momento não era só exportadora. Inúmeras pesquisas já
demonstraram que existia uma diversidade econômica local rica na produção e comércio de
gêneros alimentícios e de artesanato. Contudo, do ponto de vista fiscal, a exportação continuou
emplacando a atividade de maior arrecadação para o Estado. Para você ter uma ideia, 80% das
receitas do Estado, em 1840, advinham da exportação. Isso significa que a máquina administrativa
do Estado brasileiro nasceu dependente dessa fonte de impostos, sacou?

Origem arrecadação fiscal do Estado

Exportação Atividades internas

Atenção para a relação entre economia e política: Você deve lembrar de que essa
estrutura econômica exportadora existia desde o início da colonização. Assim, o fato
de ser tradicional (famílias que detêm terras por longo tempo) e contribuir
majoritariamente para a saúde fiscal do Estado fez desse setor econômico a classe
social dominante na política de todo o período do Brasil Império. Ou seja, o
fundamento do seu poder político foi a essa atividade produtiva. Não esqueça isso nunca!!!

Mas Profe o que o Brasil exportava agora?


Olha, querido aluno e querida aluna, é importante que você saiba que não existem dados
estatísticos confiáveis sobre a produção agrícola daquele tempo. O que temos são os dados de
exportação. Então vamos usá-los para responder a sua pergunta.
O açúcar, o algodão, o couro continuavam a ser os principais produtos da pauta de
exportação no começo do Império. Contudo, a partir de 1830, houve aumento da importância
relativa do café e da borracha. Para exemplificar, veja o comportamento dos principais produtos
em percentual.

1820 1830 1850 1870 1889

Café 18,4 43,8 48,1 56,6 61,5

Açúcar 30,1 24,0 21,2 11,8 9,9

Algodão 20,6 10,8 6,2 9,5 4,2

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Couros, peles 13,6 7,9 7,2 5,6 3,2

Borracha 0,1 0,3 2,3 5,5 8,0

Outros 17,2 13,2 15 11 13,2

Total 100 100 100 100 100

Contudo, a situação era desfavorável para o modelo estrutural agroexportador, uma vez
que os produtos primários perdiam cada vez mais valor no mercado mundial. A Bola da vez era a
indústria. No mundo, no século XIX, tinha poder quem tinha indústria! Assim, os produtos
primários e os gêneros alimentícios sofriam queda geral dos preços. O açúcar e o algodão
brasileiros sofriam concorrência direta da produção antilhana (holandesa), já o couro enfrentava a
crescente produção das Províncias da Argentina.
Ocorre que as possibilidades para o desenvolvimento industrial brasileira eram poucas.
Como estudamos, desde 1808, quando Dom João VI decretou a “abertura dos portos às nações
amigas” – leia-se Inglaterra – houve uma inundação de produtos industrializados no pequeno
mercado interno. O processo de reconhecimento da independência política do Brasil, por parte
dos outros países europeus, também aprofundou acordos comerciais com potências emergentes
capitalistas. Assim como a Inglaterra, a contrapartida para o reconhecimento da independência
brasileira foi a submissão a acordos comerciais.

Portanto, na divisão internacional do trabalho do século XIX, na economia


capitalista em franco crescimento, o Brasil ocupava o papel de importador
de produtos industrializados e exportador de produtos primários.

Diante desse quadro, por mais que a produção agrícola total ampliasse, como de fato
ocorreu, a balança comercial permanecia negativa. Isso gerou déficit fiscal para o Estado porque
a arrecadação era inferior aos gastos públicos.
De fato, especialistas da economia do século XIX 4, demonstram que a economia brasileira
cresceu em média entre 0,3 e 0,4% ao ano, durante o Império. Além disso, ostentou uma das
piores rendas per capita da América Latina:

Observe o gráfico:

4
ABRE, Marcelo de Paiva e LAGO, Luiz Aranha Correa. A economia brasileira no Império, 1822-1889.
Texto para discussão número 584. Departamento de Economia – PUC-Rio. Disponível em:
http://www.econ.puc-rio.br/biblioteca.php/trabalhos/download/1197 Acesso em 16-05-2019.

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PIB PER CAPITA (em dólar)


6000
3392
5000

4000

3000 1257

1011
2000 759
649 794
1000

0
1820 1890
EUA 1257 3392
México 759 1011
Brasil 649 794

Brasil México EUA

Essa crise econômica ficou evidente quando o Banco do Brasil, criado por Dom João VI
para guardar o tesouro da Coroa Portuguesa, faliu em 1829. Era o sinal de tempos muito difíceis!
Para tentar resolver o problema, o governo lançou mão de uma tática fácil e de efeito
imediato positivo, mas péssimo a longo prazo. Qual você acha, fala aí Bixo!!

EMPRÉSTIMOS

Para a população mais pobre e mesmo a das classes médias urbanas, a crise se fazia sentir
no bolso. Os empréstimos pioravam a situação do custo de vida porque ampliavam a inflação. Na
cabeça das classes populares o problema era do comerciante que os explorava. E quem eram os
comerciantes: os portugueses.
Para finalizar e fazer um link com a próxima seção, quero que você relacione a questão do
comércio escravista com o desenvolvimento da produção agrícola. Nesse sentido, a população de
escravizados ampliou no Sudeste e diminuiu no Nordeste. De certa forma, pela importância da
escravidão para a estrutura econômica, podemos inferir que as diferenças econômicas e sociais
entre as regiões se ampliavam.

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(Cesgranrio/1997)
No Brasil, durante o Primeiro Império, a situação financeira era precária, pelo fato de que:
a) o comércio de importação entrou em colapso com a vinda da Família Real (1808);
b) os Estados Unidos faziam concorrência aos nossos produtos, especialmente o açúcar;
c) os principais produtos de exportação - açúcar e algodão - não eram suficientes para o
equilíbrio da balança comercial do país;
d) o capitalismo inglês se recusava a fornecer empréstimos para a agricultura;
e) o sistema bancário era praticamente inexistente, só tendo sido fundado o Banco do Brasil
em 1850.
Comentário
A independência não mudou nada em relação à ESTRUTURA ECONÔMICA, ou seja,
permaneceu dependente da exportação de produtos primários, como açúcar, fumo,
algodão, carne e couro. Mas a situação era desfavorável para o modelo estrutural
agroexportador, uma vez que os produtos primários perdiam cada vez mais valor no mercado
mundial. No século XIX, a bola da vez, no mundo era o desenvolvimento industrial. No
mundo, no século XIX, tinha poder quem tinha indústria! Assim, os produtos primários e os
gêneros alimentícios sofriam queda geral dos preços. O açúcar e o algodão brasileiros
sofriam concorrência direta da produção antilhana (holandesa), já o couro enfrentava a
crescente produção das Províncias da Argentina.
Por isso tudo, os produtos que o Brasil exportava não eram suficientes para equilibrar as
finanças públicas e, sobretudo, a balança comercial, uma vez que o Brasil importava grande
parte do que consumia.
Nesse sentido, o gabarito é letra C.
Gabarito: C

1.2 – POPULAÇÃO E SOCIEDADE


A independência política apresentou um desafio aos brasileiros: governar-se!!!
Parece fácil, né? Só que não!
Para governar bem, o primeiro ponto é conhecer bem. E para conhecer bem é necessário
contar!! Por isso, a máxima “contar para governar” passou a fazer sentido. Contar o que profe?
Gente, pessoas, a população... Quanto mais calibrado for o conhecimento da realidade, maior
será a probabilidade de se criar e se realizar boas e eficientes políticas públicas. Vocês já devem
ter visto um monte de lei que não serve para nada, não viram? Em geral, tem a ver com um péssimo
ou inexistente trabalho anterior de análise quantitativa e qualitativa da realidade social.

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Esse, portanto, era o grande problema para os governantes do Primeiro Reinado. Na


primeira sessão do Parlamento, o deputado Custódio Dias teria dito:

“nós não temos os dados


precisos para sabermos os males
que devem remediar, e sem os
conhecimentos necessários, nada
podemos fazer.”

Começo esse assunto com essas informações para que você tenha a noção de que as
informações que temos sobre o período do primeiro reinado são mais genéricas. O primeiro censo
geral só pode ser realizado em 1872, antes disso, o governo até tentou.
Em 1851, o Ministro Visconde de Monte Alegre mandou executar dois decretos:
➢ 1- Tornava o registro civil de nascimento e óbito obrigatório, inclusive vinculando
obrigatoriedade de apresentação do documento para batizar e enterrar as pessoas.
➢ 2- Realizar um “censo geral do Império”. Determinava-se a organização dos dados
que deveriam ser recolhidos pelos escrivães dos juízos de paz.
Mas a lei não colou. Segundo o professor da Unicamp Sidney Chalhoub5, a população ficou
desconfiadíssima dessa ação estatal. Surgiram rebeliões populares em muitas partes do Império,
especialmente realizadas pelas pessoas pretas pardas e pobres livres. Segundo o professor:

Todavia, os relatórios oficiais são unânimes em reconhecer que o que movia os


populares era a crença de que o “registro só tinha por fim escravizar a gente de cor”,
chegando a apelidá-lo de “lei do cativeiro” [...] a mensagem dos revoltosos parecia
clara o suficiente. Um Juiz de direito de Pernambuco escreveu ao presidente da
província para dizer que “o motivo pelo qual o povo se ostenta tão descontente e
ameaçador é porque diz que as disposições do decreto têm por fim cativar seus filhos,
visto que os ingleses não deixam mais entrar africanos”. O registro civil de nascimento
seria o cativeiro dos filhos da “gente de cor”; o recenseamento, em seguida,
escravizaria os pais.

Percebemos, então, que a população, destituída de qualquer proteção do Estado até


então, não entendeu a necessidade de se contar pessoas, qualquer que fosse sua cor. Contudo, a
precariedade da liberdade das pessoas pretas e pardas era real. Afinal, a escravidão ainda era

5
CHALHOUB, Sidney. População e Sociedade. In: (org)CARVALHO, José Murilo. História do Brasil Nação:
1808-2010. Volume 2: A Construção Nacional, 1830-1889. Rio de Janeiro: Fundação MAPFRE, p. 40.

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vigente e estava, necessariamente, ligada a cor da pele. Assim, a situação para as pessoas pretas
e partas ser livre em sociedade escrava era perigoso mesmo, o que justifica seu medo das ações
estatais.
Embora as primeiras tentativas de recenciamento demográfico tenham falhado, há alguns
dados que são mais aceitos pela comunidade científica. Veja alguns:

População Brasileira no Império

1890

1872

1850

1820

0 2 4 6 8 10 12 14 16

População escrava população total

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Distribuição da População por Região - 1872

3,3 2,2
10

41,9

42,6

Nordeste Sudeste Sul Norte Centro-Oeste

Percentual de alfabetizados 1870


90 85

80
70
60
50
40
30
20 15

10
0
Categoria 1

Alfabetizados Analfabetos

Depois dessa digressão sobre as dificuldades de se manter dados estáveis e esse panorama
demográfico, podemos afirmar que a estrutura social não se alterou profundamente. Escravos e
oligarquia agrária continuavam sendo as classes fundamentais.
Contudo, também observamos como novidade a formação de uma camada de burocratas
do Estado, os servidores públicos, que se deu com a ampliação das estruturas administrativas do
Estado Brasileiro. Nesse estrato social estavam os filhos dos aristocratas, sobretudo, os que se
formavam em Coimbra. Assim, esses agentes constituíram a camada média e letrada do Império.

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Além deles também encontramos os intelectuais que, não podendo viver de seus livros e
escritos, tornaram-se funcionários públicos. O vínculo dos escritores com o serviço levou Carlos
Drummond de Andrade, a definir a literatura brasileira como uma “literatura de funcionários
públicos”, desde o Brasil Imperial. O serviço público possibilitava-lhes exercer sua atividade
criadora.

Veja alguns nomes da literatura brasileira e seus respectivos cargos públicos!


Machado de Assis, diretor-geral de contabilidade do Ministério da Viação,
Raul Pompeia, diretor de estatística do Diário Oficial e da Biblioteca Nacional;
Olavo Bilac, inspetor escolar no Rio;
Aluísio Azevedo, oficial-maior no estado do Rio e cônsul;
Mário de Alencar, diretor de biblioteca na Câmara;
Mário Pederneiras, taquígrafo no Senado;
Gonzaga Duque, oficial da Fazenda na prefeitura do Rio;
Capistrano de Abreu, oficial da Biblioteca Nacional;
Raimundo Correia, diretor de Finanças do governo mineiro em Ouro Preto;
José de Alencar, diretor e consultor da Secretaria de Justiça;
Farias Brito, secretário de governo no Ceará;
Manuel Antônio de Almeida, administrador da Tipografia Nacional e oficial da Secretaria da
Fazenda;
Lima Barreto, oficial da secretaria da Guerra (escrevia romances nas costas do papel almaço,
usado, da repartição);
João Alphonsos, funcionário da Secretaria das Finanças em Minas;
Gonçalves Dias, oficial da Secretaria de Estrangeiros…

Escravidão: um tema econômico, político e social


A discussão sobre a escravidão é tão complexa e tem impactos em tantos setores da vida do país
que fica até difícil saber onde localizá-la em uma aula sobre Brasil Imperial. A escravização
estrutural existente refletiu no desenvolvimento econômico, nas relações sociais e política, bem
como na forma como os brasileiros entenderam o sentido do trabalho. Por isso, os impactos da
escravidão se entrelaçam e geram consequências que estão sempre relacionadas. Nas palavras do
professor,
“Ao penetrar toda a sociedade, argumentou Joaquim Nabuco, a escravidão reduzia a
produtividade da economia, bloqueava a formação das classes sociais – sobretudo da operária -,

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reduzia os empregos, aumentava o número de funcionários públicos ociosos, impedia a formação


de cidadãos e, portanto, da própria nação.”6 (grifos nossos)
Ademais, como apontam as professoras Heloisa Starling e Lilia Schwarcz, não devemos esquecer
que a venda de serves vivos era uma das atividades comerciais mais lucrativas do país naquele
momento. Apesar de não haver dados oficiais sobre a participação da atividade comercial de
pessoas escravizadas, é possível inferir sua importância devido ao número de africanos que
chegavam no Brasil. Assim, a escravidão estruturou fortunas, hierarquias internas e sistemas de
poder. Desse modo, havia um interesse econômico na manutenção da escravidão por parte da
aristocracia fundiária.
Veja, esse regime de trabalho é tão importante para a manutenção do status quo, que a Inglaterra
foi enfrentada pelo Brasil. Desde a Independência, e como parte dos acordos para que a potência
reconhecesse a independência do novo país tropical, os britânicos pressionaram os brasileiros
para que acabassem com o comércio escravista.
Algumas medidas foram tomadas, mas jamais cumpridas, como por exemplo, um tratado assinado
entre Brasil e Inglaterra que considerava pirata todo navio envolvido no comércio de escravos.
Seria um passo para transformar essa atividade comercial em uma prática ilegal. Mas o Brasil
continuou recebendo todos os navios com pessoas escravizadas. Daí a expressão “para inglês ver”
– ou seja, algo sem efeito, sem sentido, que não vale nada. Ao contrário, entre 1826 e 1830 houve
um verdadeiro boom no comércio escravista que passou da média anual de 40 mil para 60 mil
escravos.
Mas, em 7 de novembro de 1831, foi feita a lei Feijó, a primeira que proibia o tráfico atlântico de
africanos. Aí você pode imaginar que diminuiu o comércio. Errado. Houve um “ritmo alucinante
da escravização ilegal”, nas palavras de Chalhouby. As consequências disso foram muito bem
resumidas pelas estudiosas acima citadas, como segue:
“Essa atitude aberta e insidiosa contra o fim do tráfico contribuiu, ainda mais, para a precarização
da liberdade, para a convivência com a escravização ilegal de africanos recém-chegados, e para
que libertos e homens de cor livres não tivessem garantias contra a reescravização. Sobre eles
recaia o ônus de ter que provar sua liberdade, isso em um país onde tal condição se transformava
em “bem” raro e difícil de manter.”7
Essa questão de o negro ter que provar ser livre é importante para entendermos as tolerâncias do
Estado com práticas de escravização ilegal. A fiscalização que o governo começou a fazer, no início
da década de 1830, sobre os proprietários de escravos gerou um impacto de arrecadação.
Entenda: cada proprietário pagava uma taxa anual proporcional ao montante de escravos que
tinha. Para o cálculo, o senhor de escravos deveria apresentar os documentos de propriedade de
cada pessoa escravizada. A partir de 1842 esse critério foi modificado pela contagem in loco,

6
CARVALHO, José Murilo. História do Brasil Nação: 1808-2010. Volume 2: A Construção Nacional, 1830-
1889. Introdução. Rio de Janeiro: Fundação MAPFRE, p. 26.
7
SCHWARCZ, Lilia e STARLING, Heloísa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Editora Companhia das
Letras, 2018, p.231.

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dispensando qualquer documentação. Essa era uma das formas de o Estado não aplicar a lei Feijó
e, assim, ser diretamente conivente com a escravização ilegal de pessoas.
Assim, a relação senhor-escravo, muitas delas ilegais, era transposta para dentro da prática política
contaminando a noção de cidadania com um “germe do autoritarismo”, uma noção distorcida de
cidadãos de categorias distintas.
O professor José Murilo de Carvalho afirma, ainda, que a própria continuidade da estrutura
econômica latifundiária e agroexportadora que marca o início do Brasil independente só foi
possível devido à defesa e manutenção do uso de mão de obra escrava.
Nesse sentido, aponta que esse tema era uma pauta aglutinadora de toda a elite agrária, apesar
das suas diferenças em relação a outras questões políticas. Por isso, a escravidão seria a condição
da unidade territorial, em conjunto com a monarquia – arranjo capaz de evitar convulsões sociais,
a exemplo do Haiti.
Por isso, e conforme os estudos de Starling e Schwarcz, pode-se afirmar que a escravidão está no
centro da formação do Estado Nacional Brasileiro, por isso será um tema fundamental ao longo
de todo o Império.
Voltaremos a esse assunto quando estudarmos a abolição da escravidão no Brasil.

(UFSCAR 2007)
O trabalho é incessante. Aqui uma chusma [grupo] de pretos, seminus, cada qual levando à
cabeça seu saco de café, e conduzidos à frente por um que dança e canta ao ritmo do
chocalho ou batendo dois ferros um contra o outro, na cadência de monótonas estrofes a
que todos fazem eco; dois mais carregam no ombro pesado tonel de vinho [...], entoando a
cada passo melancólica cantilena; além, um segundo grupo transporta fardos de sal, sem
mais roupa que uma tanga e, indiferentes ao peso como ao calor, apostam corrida gritando
a pleno pulmão. Acorrentados uns aos outros, aparecem seis outros com balde d'água à
cabeça. São criminosos empregados em trabalhos públicos, também vão cantando em
cadência...
(Ernest Ebel. "O Rio de Janeiro e seus arredores em 1824".)
O texto, escrito pelo viajante Ernest Ebel, exprime
a) a presença de um número significativo de negros na sociedade brasileira da época e as
tarefas cotidianas que, como escravos, eram obrigados a realizar.
b) o estado de rebelião dos escravos brasileiros, coagidos a um trabalho extenuante sob os
olhos dos senhores e permanentemente acorrentados.
c) uma visão positiva e otimista da sociedade dos trópicos, em que o trabalho é acompanhado
pela música e pela dança.
d) o ritmo do trabalho urbano determinado pelas imposições do processo de industrialização
que se iniciava na cidade do Rio de Janeiro.

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e) a ineficácia da mão de obra escrava no trabalho urbano, quando comparada com a


produtividade do trabalho assalariado.
Comentário
Questão relativamente simples, pois, trata-se de tema bastante repertoriado: trabalho
escravo! Além disso, trata-se de questão do tipo interpretativa, assim, tendo em vista o
assunto e seus conhecimentos sobre ele, é importante encontrar as especificidades do texto
e encontrar nas alternativas o que melhor expressa a visão do texto. Nesse caso, o texto
descreve uma situação cotidiana de trabalho escravo presos, carregando sacos e outras
coisas, nus, seminus – ou seja, em situação aviltante – como era comum naquele momento.
Vejamos:
Essa alternativa interpreta corretamente o texto.
Não se trata de uma descrição de rebelião, mas de trabalho compulsório.
Não se trata de uma visão positiva ao descrever, apesar de falar em danças e música.
Não se fala em industrialização no texto, mas no carregamento de produtos primários.
Apesar de expressar o trabalho escravo com ares de inferioridade dos homens que
trabalham, não se estabelece qualquer tipo de comparação ao longo do texto.
Gabarito: A

1.3 - RELIGIÃO
O Brasil herdou de Portugal acordos que a monarquia Portuguesa havia, há muito tempo,
estabelecido com o papado de Roma. Estes acordos estabeleceram que, no período do Brasil
Colônia e do Brasil Império (1500 a 1889) o catolicismo seria a religião oficial do Estado Brasileiro.
Isso permitiu expurgar outras religiões, sobretudo, as de raiz africana e indígena.
Nesse sentido, PADROADO é concessão, pelo Papado, aos reis, “considerados grande
católicos e profundamente comprometidos com os interesses da Igreja, os “poderes pontifícios”
para administrar, nos seus respectivos territórios, a instituição eclesiástica, promovendo e
sustentando as obras religiosas estabelece-se assim um solene compromisso entre o Estado, na
pessoa do rei, e a Santa Sé, tendo em vista a propagação da fé cristã e a consolidação da Igreja”.8
Percebem que o rei, na prática, era o comandante da Igreja Católica? Nesse sentido, no
Brasil, o catolicismo era a religião oficial, os clérigos eram espécie de funcionários do Estado e o
Imperador, era o comandante da Igreja tendo o direito de administrar seus bens e fazer as
nomeações para os cargos eclesiásticos.
O poder religioso do Imperador era tão grande que ele podia concordar ou não com
alguma definição vinda do Papa. A essa prerrogativa damos o nome de beneplácito, ou seja, para

8
Silva, Cristiano da costa e. A Igreja e a Monarquia no Brasil do Século XIX: Padroado e Devoção.

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que qualquer medida, orientação ou determinação tivesse vigência, no Brasil, o imperador


precisaria concordar.
É muito poder para o Imperador, não acham?

1.4 - POLÍTICA
Agora, nós começaremos a estudar as verdadeiras mudanças que ocorreram no período.
Na escravidão, na monocultura e na grande propriedade não se tocava. Já quanto à política, a
história foi outra. Passada a euforia da Independência, as divisões entre as elites que se uniram
para conquistar a soberania ganharam magnitude.
Em 1822, antes da independência, os grupos políticos discutiam qual seria o formato do
voto para eleição dos deputados que formariam a Assembleia Geral Constituinte Legislativa. De
um lado os que defendiam o voto direto e popular, outros que defendiam o voto censitário.
Ganhou o segundo.
Em maio de 1823 instalou-se a Assembleia Geral Constituinte Legislativa cujo objetivo era
redigir a Primeira Constituição do Brasil. Nesse espaço, as divergências entre os diferentes grupos
ficaram cada vez mais intensas e públicas. Havia três temas fundamentais em disputa:
1- Papel dos portugueses no novo Estado. Na prática, era o debate sobre quais cargos um
estrangeiro poderia assumir. Esse foi um tema espinhoso, já que o próprio rei era
português.
2- Sobre a soberania. Quem é soberano? O rei ou a nação? No caso, a nação seria o povo
representado pelos eleitos por meio do voto – os deputados. Na prática, foi uma
discussão sobre quem tem mais poder: o poder executivo, nesse caso, Dom Pedro I, ou
o Poder Legislativo, nesse caso, os 152 deputados que comporiam o Parlamento.
3- Sobre a autonomia das províncias. Qual o poder das Províncias para se
autogovernarem? Na prática, foi a discussão de quanto poder as Províncias (atuais
Estados) teriam para exercer as políticas locais. Na forma política isso é representado
pelo embate entre centralização e descentralização do poder político e administrativo.
Ou seja, a formação de um Estado Unitário (centralização) ou de um Estado Federalista
(descentralização).
Entre os três pontos, com certeza o tema fundamental dos desacordos entre os grupos
políticos era: a divisão do poder entre a autoridade nacional e os governos provinciais.

Centralização
Política = Estado Descentralização
Unitário Política: Estado
Federado

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Nesse momento, existiam 2 “partidos” e 3 grupos políticos, conforme o esquema abaixo.


Contudo preste atenção: quando falamos em “partidos”, estamos nos referindo a correntes de
opinião, já que esses grupos não se organizavam como uma instituição estruturada, tal qual
conhecemos hoje em dia. Durante o Primeiro Reinado, as pessoas se uniam a outras que
compartilhavam das mesmas ideias, por isso, falamos em correntes de opinião. Não eram partidos
estruturados, mas organizavam pessoas com os mesmos objetivos e as mesmas formas de ver um
problema. Em geral, as correntes de opinião expressavam suas ideias por meio de jornais. Havia
também os clubes de opinião ou associação, locais onde as pessoas se reuniam para trocar ideias,
debates teorias, formular projetos políticos e, claro, organizar sua posição política em relação aos
atos do Imperador.
De qualquer maneira, para efeito do seu Vestibular, vale a pena termos alguns esquemas e
as características mais importantes dessas correntes de opinião. Você pode falar em “partidos”?
Claro que sim, mas tenha cuidado com a definição deles nesse momento, está bem! Acompanhe
os esqueminhas:
Partido Português –
caramuru: Reivindicavam
Forças Políticas
no 1o. Reinado poderes absolutos para
Dom Pedro I. Portanto, um
Estado extremamente
centralizador.
Partido Partido ✓ Monarquia Absolutista
Brasileiro Português
✓ Unidade territorial
✓ Manutenção da
escravidão
✓ Jornal: O Caramuru
Moderados Exaltados Monarquistas ✓ Associação: Sociedade
Conservadora, depois,
Sociedade Militar

Descentralização Centralização
Política Política

Partido Brasileiro – Grupo Moderados – chimangos:


✓ Monarquia Constitucional
✓ Voto censitário
✓ Autonomia do Poder Judiciário
✓ Unidade Territorial
✓ Autonomia das Províncias (descentralização política)
✓ Reformas políticas e civis limitadas (cidadania restrita)
✓ Manutenção da escravidão
✓ Jornal: A Aurora Fluminense

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✓ Associação: Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional

Partido Brasileiro – Grupo Exaltados - farroupilhas ou jurujuba: Algumas pautas dos


exaltados são comuns com a dos moderados, como por exemplo, autonomia do
poder judiciário e unidade territorial. Contudo, avançavam em maior autonomia para
as províncias seguindo um modelo de república federalista do tipo dos Estados
Unidos. Também reivindicavam reformas sociais mais amplas, como o voto universal.
✓ República Federalista
✓ Voto Universal masculino
✓ Reformas sociais amplas (cidadania ampliada)
✓ Jornais: A República; A Malagueta; A Sentinela da Liberdade.
✓ Associação: Sociedade Federalista

A Constituinte votou a Carta Constitucional a partir de um esboço de Antônio Carlos


Andrada, irmão de José Bonifácio de Andrada e Silva. Ele se baseou na Constituição Francesa de
1818 e na Norueguesa. Depois, o texto seguiu para o debate e votação.
Os integrantes do Partido Brasileiro se unificaram para aprovar pautas antilusitanas, como
a proibição de que Portugueses ocupassem cargos públicos de representação nacional, como
senador, deputado, diplomata.
Outras medidas aprovadas na Constituição da Mandioca:

 Divisão do Poder em 3 esferas: Poder Executivo, Legislativo e Judiciário: Nesse caso


limitava o Poder do Executivo, pois proibia o Rei de dissolver o Parlamento e convocar o
exército.
 Parlamento formado por 2 Câmaras: Deputados e Senadores, sendo este cargo vitalício.
 Critério Censitário para a participação política. Para votar era necessário 150 alqueire de
plantação de mandioca. Para ser votado (receber votos) as faixas iam de 200 a 800 alqueires
de mandioca, a depender do cargo ao qual a pessoa quisesse concorrer.
 Laicidade do Estado.
 Falava sobre abolição gradual da escravidão, mas não mencionava como.

Assim, percebemos que a Constituição da Mandioca, como ficou conhecida a primeira carta
constitucional, era liberal-conservadora. Além disso, era uma espécie de provocação aos
Portugueses e ao Rei que se julgava soberano e superior ao Parlamento.
Dom Pedro, ao abri-la teria dito: juro sim, a liberal Constituição, SE digna do Brasil e do seu
imortal defensor. Ou seja, dele mesmo. Daí em diante, o Imperador se aproximou dos
Portugueses, se afastou de seus ex-aliados brasileiros, como os irmãos Andradas, e passou a
demonstrar sua faceta autoritária. Sinal dos tempos da restauração absolutista dos ventos
europeus do Congresso de Viena.
O ambiente, no Rio de Janeiro, era nervoso. As demonstrações de xenofobismo contra os
lusitanos aumentavam. Pairou no ar um medo de recolonização, a desconfiança com o Imperador

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também cresceu. Os jornais das correntes de opinião, do Rio de Janeiro e outras províncias, como
Pernambuco, intensificaram sua circulação e, nos artigos, antecipavam alguma tentativa
centralizadora de Dom Pedro. Cipriano Barata, em Pernambuco, no seu Jornal Sentinela da
Liberdade na guarita de Pernambuco falava na possibilidade de dissolução da Assembleia.
Para tornar o contexto mais tenso, da Europa chegava a notícia de um Golpe de Estado
cometido em Portugal, a partir de 27 de maio de 1823, pelo irmão de Dom Pedro II, Dom Miguel,
com sua mãe Carlota Joaquina. Membros da família e nobres se rebelaram contra O Governo
Constitucional a fim de restaurar o absolutismo e a soberania do rei.

Esse levante conhecido como Insurreição de Vila Franca, ou Vilafrancada, acabou com a
experiência da monarquia constitucional – em voga desde 1820 com a revolução do Porto,
lembram? – e, assim, restaurou a Monarquia Absolutista em Portugal. Dom João VI retomou seu
trono, contudo tentou impedir que os mais radicais absolutistas tivessem acesso aos cargos mais
importantes da Corte. Para Dom João VI, aceitar as mudanças liberais era uma medida melhor
para acomodar interesses do que forçar uma volta no tempo. Isso colocava Dom João, o pai, e
Dom Miguel, o filho, em rota de colisão. Dom Miguel era um radical e conspirava abertamente
contra o pai, porque o achava “mole demais”. Leia um trecho de uma declaração de Dom Miguel
no contexto da Insurreição:
“Portugueses:
É tempo de quebrar o férreo jugo em que vivemos (…) A força dos males nacionais, já sem limites,
não me deixa escolha (…) Em lugar dos primitivos direitos nacionais que vos prometeram
recuperar em 24 de Agosto de 1820, deram-vos a sua ruína e o Rei reduzido a um mero fantasma;
(…) a nobreza (…) à qual deveis a vossa glória nas terras de África e nos mares da Ásia, reduzida
ao abatimento e despojada do brilho que outrora obtivera do reconhecimento real; a religião e os
seus ministros, objecto de mofa e de escárnio (…).Acho-me no meio de valentes e briosos
portugueses, decididos como eu a morrer ou a restituir a Sua Majestade a sua liberdade e
autoridade (…). Não hesiteis, eclesiásticos e cidadãos de todas as classes, vinde auxiliar a causa
da religião, da realeza e de vós todos e juremos não tornar a beijar a real mão, senão depois de
Sua Majestade ser restituído à sua autoridade. Vila Franca, 27 de Maio de 1823”.9

Mais uma vez os ventos restauradores amedrontavam os brasileiros liberais, moderados e


exaltados. No mesmo patamar, o medo da reunificação do Brasil com o reino de Portugal inspirava
o sentimento antilusitano que se expressava em todo canto.
Contando com a ajuda e fidelidade do Exército Imperial, então, em 12 de novembro de
1823, Dom Pedro marchou pelo Rio de Janeiro, cercou o Parlamento e, assim, decretou a
dissolução da Assembleia e a revogação da Constituição da Mandioca. O episódio ficou conhecido
como Noite da Agonia e resultou na prisão e posterior banimento de 6 deputados, entre eles os
três irmãos Andradas. Cipriano Barata, Deputado por Pernambuco, ficou preso até 1830.

9
O Padre amaro; ou, Sovéla, politica, historica e literaria. [S.l.: s.n.] 1823. p. 248
https://books.google.com.br/books?id=WQYYAQAAIAAJ&pg=PA248&redir_esc=y#v=onepage&q&f=fal
se.Acesso Disponível em: em 19-05-2019.

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Então, para acalmar os ânimos e tentar passar um pano


sobre a própria sujeira, Dom Pedro convocou uma “Comissão
de Notáveis” formada por 10 brasileiros natos e juristas
(nascidos no Brasil) para escrever uma outra Carta
Constitucional. Tinha o texto da Constituição da Mandioca
como base e o modelo da monarquia constitucional francesa
como exemplo.
Em 25 de março de 1824, foram concluídos os
trabalhos e o Imperador OUTORGOU, impôs, a 1ª
Constituição do Brasil. É importante frisar que esta foi a única
Carta Constitucional de todo o Brasil Império. Sofreu uma
reforma durante o governo de Dom Pedro II no Segundo Reinado e, depois, foi definitivamente
substituída em 1891 para dar forma à República Brasileira, proclamada em 1889.

Veja, essa é a diferença essencial entre a Constituição da Mandioca, que foi


revogada por Dom Pedro I, e a que ele mesmo outorgou: a primeira foi escrita
pelos representantes eleitos pelos eleitores, por isso, emanava da vontade
soberana da Nação por meio da ação de seus representantes. Já a
Constituição Outorgada de 1824 emanava do Imperador, por isso, a soberania
partia dele. Ou seja, do ponto de vista da discussão sobre SOBERANIA, era uma constituição não-
liberal, ou seja, guarda uma aproximação com a perspectiva do direito supremo do Rei,
característica do Poder Absolutista do Antigo Regime.

Para justificar a medida arbitrária, de um rei que quer se fazer soberano em relação à nação
e seus representantes, D. Pedro I fez um discurso em que conclamava aos brasileiros não
esquecerem a causa da independência: a fidelidade ao rei supremo e à unidade territorial. Dom
Pedro I criou uma visão de que a oposição ao seu poder representava um “perigo à nação”, pois
a existência de “partidos” representava o “espírito de desunião, desordem e anarquia”. Na
verdade, ele estava contra grupos críticos a seu governo.

Mas profe, o que tinha nessa constituição de 1824, afinal?


Como a Constituição Outorgada teve como base o texto da Constituição da Mandioca, do
ponto de vista do conteúdo, em alguns pontos, ela não deixou de representar um avanço liberal,
ou liberal-conservador.
Veja alguns itens mais relevantes da Carta Magna de 1824:
Direitos e Garantias Individuais:
• como a liberdade de expressão.
• liberdade de associação pacífica e desarmada.
• liberdade de ir e vir.

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• liberdade de fé, mas o culto deveria ser particular, porque os templos religiosos não
católicos eram proibidos.
• Manutenção da ordem escravista: não havia qualquer menção a abolição dessa instituição.
• Capacidade civil plena dos indivíduos era alcançada aos 21 anos. Mas se os filhos
continuassem a morar com o pai ainda não alcançavam plenamente, pois prevalecia o pátrio
poder.
• Capacidade civil da mulher passava do pai ao marido a ele sendo legal o poder marital.
Assim podemos inferir: se a capacidade para os atos da vida civil se iniciava aos vinte e um anos
completos; se os filhos que permaneciam sob poder patriarcal continuavam incapazes; se a
mulher normalmente, por tradição do período histórico, saía de casa para se casar e se ao homem
cabia o comando da sociedade conjugal; logo, a mulher permanecia incapaz a maior parte de
sua vida.
• Indígenas não tinham capacidade civil, o Estado era o tutor, nesse caso.

Organização do sistema político.


Aqui moram as principais diferenças em relação à Constituição da Mandioca. A exemplo da
constituição francesa, na qual o Rei era soberano em relação à nação, estando acima dela.

Mas profe, como podemos perceber que o imperador se colocava acima da nação?
1- Primeiro pela organização do poder político. Você lembra de que, no modelo de
Montesquieu, o poder estava dividido em 3 esferas que são autônomos e independentes,
ou seja, ninguém está acima de ninguém. Hoje em dia é assim, por isso, o presidente da
República não está acima do Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) ou o
Presidente do Congresso Nacional, que são os chefes dos outros poderes. Às vezes a
gente confunde isso porque dos três chefes de poder o único que a população escolhe
diretamente é o presidente. Mas na teoria liberal da divisão dos poderes cada um detém
o poder de autogoverno não sendo permitido que um interfira nas decisões legais do
outro. Nos Estados Unidos da América, por exemplo, o Presidente, que é chefe do poder
executivo, sequer pode propor leis, muito menos vetá-las. Aqui no Brasil o Presidente
pode propor leis e vetá-las.

2- Segundo, pelo direito do chefe do poder executivo de controlar o Parlamento a partir da


sua capacidade de vetar ou sancionar as leis propostas pelo poder legislativo (concordar
ou não com elas) e de dissolver e convocar o Parlamento conforme sua vontade.
No caso da Constituição Outorgada de 1824, o Imperador tinha um poder extra, acima dos
3 poderes, o chamado PODER MODERADOR.
Segundo a professora Lúcia Bastos Pereira Neves10, este poder era chave de toda a
organização política durante a fase do Brasil Imperial, uma vez que dava ao imperador o poder
de:

10
NEVES, Lucia Bastos Pereira das Neves. A vida Política. In.....

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 nomear ministros, senadores, juízes, presidentes de província (cargo correspondente ao


governador de Estado)
 dissolver a Câmara dos Deputados
 vetar alguma lei que lhe desagradasse.
 tomar algumas medidas sem o consentimento do parlamento, como, por exemplo, declarar
Guerra, devendo para isso consultar o Conselho de Estado composto por conselheiros
escolhidos por ele mesmo.

Então, veja como ele podia intervir e controlar todos os poderes do estado. Percebe?

Vejamos o esquema de divisão dos poderes no Brasil Império.

Poder
Moderador

Poder Poder Poder


legislativo executivo Judiciário

Senado - Câmara dos


Superior
vitalício e deputados - Conseho de
Ministros Imperador Tribunal de
escolhido pelo escolhido pelos Estado
Justiça
imperador eleitores

Presidentes de Tribunais de
Assembleia Geral Província - Justiça de
de Província indicados pelo Província
Imperador

Conselhos Câmaras
Provinciais Municipais

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Organização do sistema eleitoral


Quem votava e podia ser votado no Império? Ou seja, quem era cidadão ativo e quem era
passivo? Veja no esquema abaixo que o critério para a participação era a renda, o sexo e idade.
Homens maiores de 25 anos com rendas variáveis conforme o cargo que gostariam de concorrer.
Para votar a faixa de renda era sempre o mesmo.

Cidadão passivo: é
o que pode receber
voto. Direito de ser
votado;

Cidadão ativo é
quem pode votar.
Aquele que tem
direito de votar.

Como a Constituição de 1824 foi outorgada, ela não passou pelos Deputados e Senadores,
mas foi enviada às Câmaras Municipais para ser jurada. Ou seja, zero discussão, apenas
obediência!
Apesar dessas medidas regressistas, a liberdade de imprensa e a organização dos grupos
políticos em associações e jornais causaram um clima de intenso debate público sobre os
acontecimentos e as posições do Imperador e de seu Ministério, majoritariamente ocupado por
portugueses e amigos próximos. Dom Pedro I também usava um periódico para divulgar suas
críticas em relação aos deputados, era o Jornal a Gazeta do Brasil, subvencionado com verbas
públicas.
Esse cenário no qual Dom Pedro deixava clara sua veia autoritária causou uma série de
revoltas pelo Império, especialmente, as Províncias do Nordeste, que eram profundamente
contrários ao centralismo que vinha da Capital. Foi nesse contexto agitado que surgiu a
Confederação do Equador.

1.4.1 – Confederação do Equador


As medidas políticas impostas pelo Imperador D. Pedro I, que reafirmavam a centralização
do poder político e o autoritarismo governamental, acirraram os ânimos com setores da sociedade
partidários de outras saídas para a organização do sistema político brasileiro e para a crise interna.
Principalmente no Nordeste do Brasil, diversas províncias manifestaram desacordo com o

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fechamento da Assembleia Constituinte, com a imposição da Constituição de 1824 e com conjunto


das medidas autoritárias do Imperador. Essa tensão foi elevada por conta dos altos impostos e
pelas dificuldades financeiras passadas pelas províncias nordestinas após a crise açucareira e a do
algodão.
Nesse contexto, em julho de 1824, em Pernambuco, lideranças liberais firmaram a
Confederação do Equador, isto é, uma proposta de unir as províncias de Pernambuco, Rio Grande
do Norte, Ceará, Paraíba, Alagoas e Sergipe, com o objetivo de romper com a Monarquia e fundar
uma República. A localização geográfica dessas províncias, próxima à linha do Equador, deu
origem ao nome do movimento. Esse movimento estava alimentado pelas ideias liberais e
republicanas dos acontecimentos da Revolução de 1817 em Pernambuco, bem como pela
influência dos demais países da América, pois todos se organizavam como república. Assim, pode-
se afirmar que o movimento tinha caráter republicano.
O estopim da deflagração da Confederação do Equador foi a deposição do governador de
Pernambuco Manuel de Carvalho Paes de Andrade. D. Pedro I nomeou outro político para o cargo,
alguém mais próximo da Corte e, por isso, indesejado. Contudo, a nomeação de D. Pedro I não
foi respeita. A Corte enviou dois navios de guerra ao Recife para fazer valer sua determinação.
Dessa forma, sob a liderança de Paes de Andrade, assim ficou expressa a indignação do
movimento:

Não é preciso, brasileiros, neste momento fazer a enumeração dos nefandos


procedimentos do imperador, nem das desgraças que acarretamos sobre nossas
cabeças por havermos escolhido, enganados, ou preocupados, tal sistema de governo
e tal chefe de poder executivo (...) Brasileiros! Salta aos olhos a negra perfídia, são
patentes os reiterados perjuros do imperador, e está conhecida nossa ilusão ou engano
em adotarmos um sistema de governo defeituoso em sua origem, e mais defeituoso em
suas partes componentes. As constituições, as leis e todas as instituições humanas são
feitas para os povos e não os povos para elas11.

Em 2 de julho de 1824, os revolucionários de Pernambuco proclamaram a independência


da província. Teoricamente, o novo Estado federalista contaria com demais províncias do
nordeste, mas, na prática, apenas algumas vilas da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará
aderiram ao movimento.
Dentre as medidas estabelecidas pelos republicanos se destacaram duas: a extinção do
tráfico negreiro e a convocação da população para a formação de um exército contra a monarquia.
A proposta dos revoltosos era elaborar uma Constituição semelhante à da Colômbia, a qual, por
sua vez, era próxima à dos Estados Unidos.

11
Manifesto de Paes de Andrade. In: DELGADO, L. Gestos e vozes de Pernambuco. Recife. Ed. Da UFPE,
2008, p. 73.

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Outros líderes de destaque da Confederação do Equador foram: Joaquim do Amor Divino


Rebelo, o Frei Caneca; Cipriano Barata, conhecido como o “homem de todas as revoluções”; e o
major Emiliano Munducuru, defensor de uma revolução radical como a do Haiti.
Frei Caneca era um padre de formação carmelita. Além da atividade religiosa, ele também
foi professor e jornalista: “de origem humilde e educado no seminário de Olinda, ele se
transformou em um intelectual refinado e num ativista político vigorosos” 12. Liderou o jornal
Typhis Pernambucano. Lembre-se de que na Revolução de 1817 os padres tiveram protagonismo,
por isso, ela também foi conhecida como Revolução dos Padres. Aqui, em 1824, novamente, um
padre foi referência. Frei Caneca criticava em seus textos a Constituição de 1824, especificamente,
a ideia de poder moderador.
Guarde sobre a Confederação do Equador:

Caráter do movimento Separatista

Orientação política Republicana

Proposta de organização do Estado Federação

Base social Popular

Região do país Pernambuco e províncias do nordeste

O movimento durou cerca de 2 meses. Em 12 de setembro forças terrestres derrotaram os


revolucionários e líderes foram sentenciados à morte, como Frei Caneca.
(UFU 2018)
A história brasileira é repleta de eventos em que determinados grupos promoveram ações
de ruptura das regras do jogo político, visando à conquista do poder, de forma que,
tradicionalmente, tais ações, em muitos casos, acabaram por compor a história da nação
classificadas como golpes.
Em um desses eventos, o poder central determinou que o exército invadisse o plenário do
congresso que estava em reunião para a elaboração da Constituição Brasileira, o que resultou
na prisão de diversos deputados e na deportação de outros.
Esse episódio refere-se à
a) Ditadura Civil-militar.
b) Declaração da Maioridade.
c) Noite da Agonia.
d) Proclamação da República

12
SCHWARCZ, Lilia M., STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras.
2018, p. 236.

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Comentários
Vimos que, após a Constituição Mandioca, de 1823, D. Pedro I não demonstrou simpatia
pelas normas jurídicas ali estabelecidas. Isso porque a condição de Monarca absoluto passou
a ser questionada, dado a força adquirida pelo Parlamento. Daí em diante, o Imperador se
aproximou dos Portugueses, se afastou de seus ex-aliados brasileiros, como os irmãos
Andradas, e passou a demonstrar sua faceta autoritária. Sinal dos tempos da restauração
absolutista dos ventos europeus do Congresso de Viena. O ápice dessa tensão foi quando,
em 12 de novembro de 1823, Dom Pedro marchou pelo Rio de Janeiro, cercou o Parlamento
e, assim, decretou a dissolução da Assembleia e a revogação da Constituição da Mandioca.
O episódio ficou conhecido como Noite da Agonia e resultou na prisão e posterior
banimento de 6 deputados, entre eles os três irmãos Andradas. Cipriano Barata, Deputado
por Pernambuco, ficou preso até 1830.
Após esse golpe, D. Pedro outorgou uma Constituição autoritária e centralizadora. Nosso
gabarito é a letra C.
Agora, cuidado, muito vestibulando foi direto na alternativa A, pois foram induzidos pela
expressão “ditadura”, relacionado aos eventos de 1964. Contudo, veremos que o golpe que
levou ao Regime Militar de 1964 teve características diferenciadas.
Gabarito: C

1.4.2 – Política Externa


Nesse cenário de divergências e crises, iniciou-se novamente um conflito na região do rio
da Prata, na Província da Cisplatina. Você se lembra de que Dom João VI, em 1816, ocupou a
região e a anexou ao território brasileiro? Pois então. A questão é que a população nunca aceitou
essa anexação.
Assim, em 1825, sob a liderança de João Antonio Lavalleja, iniciou-se um Movimento de
Libertação Nacional com vistas a adquirir a Independência. Nesse contexto, a região da atual
Argentina, na época chamada de Províncias Unidas do Rio do Prata, apoiou o movimento com
vistas a promover a integração da Cisplatina ao território dessa confederação de províncias.
Em reação a essa aliança, Dom Pedro I declarou guerra à Argentina e enviou tropas à
Cisplatina. Assim começou a Guerra da Cisplatina ocorrida entre 1825 e 1828.
Depois de 3 anos de Guerra sem vencidos e nem vencedores, a Inglaterra mediou um
desfecho o qual nem Argentina e nem Brasil ficariam com o território da Cisplatina. Finalmente, a
região ganhava autonomia e se transformava na República Oriental do Uruguai.
Para o Brasil esse desfecho foi um fracasso e pesou negativamente na imagem do Governo
de Dom Pedro I.
Inclusive nesse contexto em que rolava a Guerra da Cisplatina, e o Estado gastava o
dinheiro que não tinha, já que, como vimos no início da aula, era um tempo de crise econômica e
dificuldades para atingir balança comercial favorável e superávit fiscal nas contas públicas, Dom
Pedro I também se envolveu em outra questão de Política Externa: o problema de Golpe de
Estado de seu irmão Miguel em Portugal que destronou sua filha Maria da Glória.

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Oiiii.... Mas Profe o que Dom Pedro tem a ver com os problemas de Portugal?

Em 10 de Março de 1826, Dom João VI morreu em Portugal. Isso abriu uma crise de
sucessão na qual o Imperador brasileiro fez questão de interferir, mesmo sendo uma atitude
contrária à Constituição do Brasil, outorgada pelo próprio imperador. Dom Pedro I foi ao seu país
de origem e assumiu o trono. A exemplo do que ele já havia feito no Brasil, convocou um grupo
de juristas renomados e estes escreveram uma constituição liberal em poucas semanas.
Dom Pedro IV (como Dom Pedro era conhecido na linha sucessória portuguesa) a outorgou
e abdicou do trono em favor de sua filha Maria da Glória com, então, 7 anos de idade. Como
Regente de Portugal, até que Dona Maria completasse a maioridade e pudesse assumir o trono,
ficaria seu irmão Dom Miguel. No acordo estava que Dona Maria da Glória se casaria com o tio
quando fizesse 18 anos para que, assim, houvesse continuidade dinástica e Dom Miguel
continuasse reinando oficialmente como rei.
Pois é, caros e caras. Mas Dom Miguel não queria esperar a menina crescer. Também não
achava o acordo legítimo já que, para ele, seu irmão era um dos motivos da decadência
portuguesa, afinal, lutara pela separação do Brasil de Portugal, em 1822. Então, D. Miguel traiu o
irmão e se coroou rei de Portugal.
Com mais essa crise externa, Dom Pedro I ofereceu ajuda para os setores liberais
portugueses na luta contra o Golpe de Dom Miguel. Ou seja, dinheiro público para uma disputa
entre irmãos por um trono na Europa. Percebe o desgaste?
Esse contexto desagradava os brasileiros por vários motivos:
1- A unificação das coroas era um risco e foi entendida como uma forma de recolonização do
Brasil.
2- Os gastos excessivos mantendo 2 guerras ao mesmo tempo era inviável para os cofres
públicos já falidos.
3- A preocupação excessiva com Portugal mostrava que Dom Pedro não estava interessado
no futuro do Brasil.

Portanto, entre 1825 e 1830, Dom Pedro ficou mais envolvido com as questões externas do
que com os problemas gigantes que o Brasil enfrentava, especialmente na área econômica.

1.5 – ABDICAÇÃO DE DOM PEDRO I


De forma sintética, passada a popularidade e a euforia dos eventos da proclamação da
Independência, Dom Pedro I foi demonstrando sua tendência autoritária e, por isso se indispôs
inclusive com os setores da elite que o ajudaram a liderar o processo de conquista da soberania.
A população também não suportou mais uma figura que mais parecia com um reizinho mimado,
violento e autoritário. Dom Pedro I abdicou em 07 de abril de 1831 em favor de seu filho Dom
Pedro II, então, com 5 anos de idade. Vejamos os antecedentes da abdicação.

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A imagem de Dom Pedro ficava cada dia mais esfacelada. Seu envolvimento com a
fracassada Guerra da Cisplatina e com o Golpe do seu irmão em Miguel em Portugal, somados às
crises das finanças públicas, foram um prato cheio para a oposição.
Para piorar sua imagem frente ao povo, em novembro de 1826 sua esposa a Imperatriz
Leopoldina ficou doente. Rumores de que sua doença tinha a ver com a falta de respeito com o
qual o Imperador tratava a Soberana e suas relações extraconjugais com a Marquesa de Santos
pegaram muito mal para Dom Pedro. Dona Maria Leopoldina, segundo os historiadores, era muito
carismática e sua imagem era a de uma mulher que lutou pela Independência da Nação e abraçou
o país como se fosse seu. No imaginário social ela era amada por seu povo. Há muitas cartas,
testemunhos, diários que demonstram isso.
Por isso, sua doença causou comoção popular com pessoas lotando Igrejas e rezando por
sua alma. Em dezembro ela faleceu. Sua morte causou um grande sentimento de revolta contra
Pedro I. Rumores e boatos de que ele havia provocado sua morte se espalharam pelo Rio de
Janeiro. Era difícil perdoar esse rei! A fofoca no Rio de Janeiro correu solta.
O cenário econômico foi ficando cada vez pior e, como vimos, em 1829 a falência do Banco
do Brasil demonstrava uma grave crise econômica. Os cofres públicos estavam vazios. A inflação
destruía as pequenas reservas das famílias.
Nesse clima, já em 1830, assumiram os Deputados da 2ª Legislatura Brasileira. E as eleições
tinham acrescentado um número muito maior de liberais exaltados. Mesmo os moderados eram
mais radicais. Havia uma geração mais jovem, menos conciliadora e mais antilusitana. Muitos
tinham se formado em Coimbra e sofrido várias agressões em Portugal por ocasião da
Independência Brasileira.
Para tornar o cenário mais dramático e, proporcionalmente, fortalecer a oposição ao
Imperador, em julho de 1830, na França, ocorreu Revolução Gloriosa, ou Jornadas de Julho na
França que derrubou Carlos X, colocou o rei-cidadão no trono instituindo uma Monarquia
Constitucional e o sepultamento do absolutismo francês com o fim da dinastia dos Bourbon.
Então, a lógica foi: Cai lá, Cai cá!!! Para a oposição era fácil associar as duas situações!
Assim, podemos perceber que Dom Pedro, com suas medidas autoritárias e cercado por
amigos portugueses, ficava cada vez mais isolado no Brasil, isso o levava a se aproximar cada vez
mais dos assuntos de Portugal.
Um sentimento republicanista aparecia nos jornais, folhetins e periódicos. Aliás, esses
diversos jornais tiveram um papel fundamental para não apenas fazer circular as ideias como
também para organizar os opositores e conclamar ao povo a defesa da
liberdade!
Contudo um fato trágico viria a gravar mais ainda a situação. Em
São Paulo, em novembro de 1830, foi assassinado um importante
jornalista republicano, crítico voraz às ações de Dom Pedro: Líbero
Badaró! Ele era o Dono de um dos principais jornais da época, “O
Observador Constitucional”. Muitos rumores espalharam um possível

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envolvimento de Dom Pedro I com o crime. Os jornais liberais não perdoaram.


No começo de 1831, para escapar da turbulência do Rio e São Paulo, o Imperador fez uma
viagem para Minas Gerias, mas foi recebido com uma verdadeira revolta nas ruas. Teve que sair
correndo da região. Para compensar, o Partido Português, ou os coimbrãos, organizaram um
grande ato de recepção para o Imperador no Rio. Mas para a agonia de Dom Pedro I e seus
partidários, o ato de 13 de março de 1831 virou uma guerra entre portugueses e brasileiros que
ficou conhecido como A Noite das Garrafadas.
Como resposta Dom Pedro fez uma reforma ministerial na qual nomeou apenas brasileiros.
Mas o descontentamento continuou. A situação política de desagregação política era irreversível.
Então, em 05 de abril ele demitiu todos os brasileiros e chamou outros portugueses.
Esse fato, a demissão do Ministério dos Brasileiros foi o estopim para uma das maiores
manifestações públicas contra Dom Pedro I. Na capital do Império, 2 mil pessoas juntaram-se no
Paço Imperial: liberais, moderados, jornalistas, o exército, os populares.
Então, Dom Pedro I, em 07 de abril de 1831, abdicou do trono em favor do seu filho Pedro
de Alcântara, de apenas 5 anos. Como tutor do menino, Dom Pedro deixou o velho coimbrista
José Bonifácio. Dom Pedro partia, sem título nobiliárquicos, para Portugal a fim de defender o
trono de sua filha Dona Maria da Glória.
O Brasil tornou-se uma Monarquia sem Rei. E assim, começou um outro capítulo cheio de
tensões, disputas e rebeliões nas províncias.
Contudo, para a história, o fim do Primeiro Reinado representou o fim das relações entre
Portugal e Brasil. Daí para frente, os governantes seriam todos brasileiros natos. Por isso, podemos
afirmar que a abdicação do Imperador foi a derrota do Partido Português e do grupo dos
coimbrãos.
Quanto ao povo que foi às ruas pedindo a abdicação de Dom Pedro, no momento seguinte
que ele deixou o país, essa massa de populares foi posta à margem da política novamente,
prevalecendo os velhos critérios censitários. Contudo, como diria o físico Albert Einstein “A mente
que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”. Vejamos a seguir a próxima
cena desse filme do Brasil Imperial: A Regência!
(UERJ 2019)
Quando chegar o feliz momento da abolição, não será devido nunca à inclinação sincera do
povo ou do governo, a menos que venham a sofrer grande mudança. Pois quase me
aventuraria a dizer que não há dez pessoas em todo o Império que considerem esse comércio
um crime ou o encarem sob outro aspecto que não seja o de ganho e perda, de simples
especulação mercantil, que deve continuar ou cessar conforme for vantajoso ou não.
Acostumados a não fazer nada, os brasileiros em geral estão convencidos de que os escravos
são necessários como animais de carga, sem os quais os brancos não poderiam viver.
HENRY CHAMBERLAIN, agente diplomático britânico, em 31/12/1823. Adaptado de
SOUSA, O. T. Fatos e personagens em torno de um regime. Rio de Janeiro: José Olympio,
1960.

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Após a emancipação política do Império do Brasil, o debate sobre o fim do tráfico


intercontinental de escravos e da escravidão esteve em pauta, como abordado por Henry
Chamberlain em 1823.
Naquele contexto, de acordo com o diplomata britânico, as resistências à abolição do tráfico
e da escravidão estavam associadas à conjuntura de:
a) desqualificação do trabalho braçal
b) vigência da sociedade burguesa
c) instabilidade do regime jurídico
d) decadência da estrutura agrária
Comentários
Ao longo desta aula, vimos que houve continuidades em relação ao período colonial,
principalmente nos elementos econômicos e sociais. A alternativa D, já pode ser descartada.
A independência não mudou nada em relação à ESTRUTURA ECONÔMICA, fato que
impacta as relações sociais. Nesse sentido, a observação do diplomata britânico vai no
sentido de os brancos negarem o trabalho realizado pelos escravos. Na verdade, tratava-se
de expressão da desqualificação do trabalho braçal, associada às imposições de opressão e
de exploração sobre os negros. Diante disso, nosso gabarito é a alternativa A.
Gabarito: A
(UNESP 2018)
A primeira Constituição brasileira, de 1824, foi
a) aprovada pela Câmara dos Deputados e estabeleceu o voto censitário.
b) imposta por Portugal e determinou o monopólio português do comércio colonial.
c) outorgada pelo imperador e definiu a existência de quatro poderes.
d) promulgada por uma Assembleia Constituinte e concentrou a autoridade no Poder
Executivo.
e) determinada pela Inglaterra e estabeleceu o fim do tráfico de escravos.
Comentário
Bixo, a essa “altura do campeonato” você já sabe perfeitamente que a Constituição de 1824
foi outorgada (imposta) por Dom Pedro I. Após fechar a Assembleia Nacional Constituinte
de 1823, o Imperador encomendou a escritura do texto constitucional à dez brasileiros
“ilustres” e impôs a Constituição à sociedade. Dentre os destaques do texto constitucional
estava a implantação de quatro poderes políticos: Executivo, Legislativo, Judiciário e
Moderador.
Por isso, podemos eliminar as demais alternativas pelos seguintes motivos;
Não foi aprovada pela Câmara;
Não foi imposta por Portugal;

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Gabarito.
Não foi promulgada, mas sim outorgada.
Não foi determinada pela Inglaterra, minha gente!
Gabarito: C
(UNESP 2005)
No início dos trabalhos da primeira Assembleia Constituinte da história do Brasil, o imperador
afirmou "esperar da Assembleia uma constituição digna dele e do Brasil". Na sua resposta,
a Assembleia declara "que fará uma constituição digna da nação brasileira, de si e do
Imperador."
Essa troca de palavras entre D. Pedro I e os constituintes refletia
a) a oposição dos proprietários rurais do nordeste ao poder político instalado no Rio de
Janeiro.
b) a tendência republicana dos grandes senhores territoriais brasileiros.
c) o clima político de insegurança provocado pelo retorno da família real portuguesa à Lisboa.
d) uma indisposição da Assembleia para com os princípios políticos liberais.
e) uma disputa sobre a distribuição dos poderes políticos no novo Estado.
Comentário
Essa é uma questão fácil de ser interpretada quando se lembra que a principal característica
do 1o. Reinado foi a disputa essencial entre centralização e descentralização do poder
político. Isso se expressou, nos primeiros anos, na disputa do conteúdo da Constituição.
Por isso, Dom Pedro derrubou a proposta da Constituição da mandioca, dissolveu a
Assembleia Constituinte e outorgou uma Constituição, a de 1824 com o 4º. Poder: o Poder
Moderador.
Levando em consideração essa situação geral, analisemos cada alternativa:
A situação política do 1º. Reinado não se caracterizava por uma disputa entre poderes locais
regionais e a capital do Império.
Não havia tendência republicana na aristocracia brasileira.
A volta da família real portuguesa à Lisboa é um acontecimento anterior à atuação da
Assembleia Constituinte.
Ao contrário, a Assembleia instalada para elaborar uma constituição tendia mais ao
liberalismo e queria, de certa maneira, controlar e limitar os poderes do imperador. Por isso,
a crise entre o poder legislativo e executivo.
Gabarito porque expressa corretamente a disputa pelo modo como se organizaria a
distribuição de poderes, se centralizada ou descentralizada.
Gabarito: E

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(UNESP 1998)
"O quadro político é evidentemente alterado com a nova ordem: quem fazia oposição ao
governo se divide em dois grandes grupos - o dos moderados, que estão no poder; os
exaltados, que sustentam teses radicais, entre elas a do federalismo, com concessões
maiores às Províncias. Outros, deputados, senadores, Conselheiros de Estado, jornalistas...,
permanecem numa atitude de reserva, de expectativa crítica. Deles, aos poucos surgem os
restauradores ou caramurus..."
(Francisco lglésias, BRASIL SOCIEDADE DEMOCRÁTICA.)
O texto refere-se à nova ordem decorrente
a) da elaboração da Constituição de 1824.
b) do golpe da maioridade.
c) da renúncia de Feijó.
d) da abdicação de D. Pedro I.
e) das revoluções liberais de 1842.
Comentário
Questão de contextualização. Essa questão trata da alteração da ordem política e da
reorganização, conforme o esquema que já apresentamos algumas vezes ao longo dessa
aula. Trata-se do momento após a abdicação do Dom Pedro I e o início do Período Regencial.
O importante aqui não é guardar nomes exatamente, embora isso seja legal. Mas entender
a lógica da mudança e o sentido do embate: centralização versus descentralização.
Nesse caso, o gabarito só pode ser a alternativa D. Vejamos alguns erros das demais
alternativas:
No período da elaboração da constituição predominavam os Partidos brasileiro e português.
O golpe da maioridade é e 1840 e predominam os partidos liberal e conservador.
A renúncia do Padre Diogo Feijó, em 1837, do cargo de regente não alterou o quadro da
organização partidária
Perfeito, foi a abdicação de dom Pedro I em favor de seu filho, o menos Dom Pedro II, bem
como sua volta para Portugal foi que desencadeou um processo de reorganização das forças
políticas.
Os movimentos liberais de 1842 já estão em outro contexto diferente do descrito no texto.

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Gabarito: D

2. PERÍODO REGENCIAL
Dom Pedro abdicou do trono em favor de seu filho Dom Pedro de Alcântara. Você já sabe
que ele era um menino pequeno, o povorelo. O pai foi embora para longe, sua mãe já havia
morrido. Ficou no Brasil com a única tarefa de um dia ser o Rei dessas terras. Para isso foi educado.
Mas até chegar esse dia, a Constituição determinava que se o rei fosse menor de 18 anos, o país
deveria ser governado por três pessoas que regeriam, ou seja, três regentes. Estes deveriam ser
escolhidos pela Assembleia Geral, ou seja, pelo Parlamento formado por Deputados e Senadores.
Antes de entrar propriamente no desenrolar dos fatos, quero lhe mostrar como a
historiografia divide esse período entre o Primeiro e o Segundo Reinados. Observe no esquema
abaixo que há uma mudança de Regência Trina para Regência Una. Isso é fruto de uma reforma
constitucional, ok!

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1831-1835 1837-1840
• Regência • Regência
Provisória • Regência Una - Padre • Regência
Trina Diogo Feijó Una - Araújo
Permanente Lima
1831 1835-1837

Agora quero que você repare a organização das correntes de opinião. No capítulo anterior
vimos que os partidos, ou correntes de opinião, se dividiam em três grupos, mas que devido ao
contexto de crise política e das medidas autoritárias o cenário político acabou se polarizando entre
Portugueses e Brasileiros.
Contudo, esses grupos vão ganhando novas localizações, novas denominações, afinal,
querido e querida, quando o cenário político se modifica, as correntes se reacomodam. Veja no
esquema abaixo as transformações que sofreram ao longo do Império. Salve essa imagem na sua
memória, desenhe-a com suas mãos, enfim, entenda-a!!!

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2.1 - CONTEXTUALIZAÇÃO

Durante todo o período regencial o contexto foi tenso. Prevaleu a luta


essencial: Centralização versus Descentralização.
Até 1834, quando Dom Pedro I morreu em Portugal, o Partido dos Portugueses, agora
conhecido como regressistas, tentou restaurar a monarquia e a volta de Dom Pedro. Contudo,
depois disso se aliaram aos setores mais conservadores entre os moderados. Este grupo passou
a defender a centralização do poder político no governo federal. Nesse caso as Províncias teriam
pouca liberdade. Um exemplo de suas ideias era que o chefe do Poder Executivo, o Regente ou,
depois, o Rei, indicasse o governador da província.
O outro grupo formado ficou conhecido como os progressistas. Os liberais exaltados e os
moderados mais progressistas se aliaram para defender uma maior descentralização do poder
para que as Provincias tivessem mais autonomia e liberdade quanto às questões locais. Nesse
grupo também se discutia a necessária mudança em algumas relações sociais, como a escravidão.
Contudo, como a abdicação de Dom Pedro I ficou marcada naquele contexto como a
derrota dos regressistas, então, alguns historiadores afirmam que até 1837 houve um “avanço
liberal”, na medida em que a corrente Progressista conseguiu ocupar mais cargos e implementar
medidas descentralizadoras. Por exemplo, defendiam que cada Província escolhesse seu prórpio
governo. Agora, esse avanço não foi apenas com negociações e diálogos, houve muito conflito
físico, como veremos logo abaixo.
Dessa forma, veremos que grande parte das tensões políticas se desenvolveram nas
Provínicias. Muitos membros das classes dominantes provinciais reivindicavam mais liberdade e
autonomia para decidir seus rumos. O Brasil, como sabemos, é muito grande e diverso, por isso,
medidas centralizadoras demais acabaram ampliando as desigualdades entre as regiões, ao
contrário do que imaginavam os regressistas.
Essa crise local, que se repetiu em muitas províncias diferentes, tomou dimensões muito
radicais, sobretudo, quando as camadas médias e populares resolveram reivindicar o seu direito
de participar da política.

Não esqueça de que o contexto internacional é de ampla agitação política


com as classes populares passando ao primeiro plano das batalhas, no
mundo todo. Assim, em alguns casos, os conflitos tiveram caráter popular,
republicano e separatista.

Essa instabilidade foi muitas vezes chamada de anarquia pelos Regressistas e sua causa foi
atribuída à plataforma da descentralização política defendida pelos Progressistas.
Do ponto de vista da economia, o Brasil continuava com os mesmos obstáculos de antes.
Tendo sua estrutura produtiva apoiada na grande propriedade territorial e mão de obra escrava,
sua balança comercial continuava negativa e o déficit fiscal se ampliava. A Inglaterra soube

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aproveitar essa fragilidade para renovar acordos e emprestar cada vez mais dinheiro ao Brasil de
modo a acelerar seu endividamento externo.
Vejamos agora o desenrolar dos fatos e as principais ocorrências em cada um dos períodos.

2.2 – REGÊNCIA PROVISÓRIA


A Regência Provisória durou cerca de 3 meses e seus três membros foram nomeados pela
Assembleia Legislativa (formada por deputados e senadores). Essa regência trina foi composta por
José Joaquim Carneiro Campos (1768-1836, o Marquês de Caravelas), pelo então senador Nicolau
Campos Vergueiro (1785-1853) e pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva (1785-1859). Foram 3
as principais medidas da Regência Trina:
➢ Readmissão do Ministério dos Brasileiros, que havia sido demitido por Dom Pedro I;
➢ Anistia aos presos políticos;
➢ Suspensão do Poder Moderador.
Foram realizadas eleições para a Regência Permanente em 17 de Junho de 1831. Aqui,
foram eleitos: os deputados moderados João Bráulio Muniz (1796-1835) e José Costa de Carvalho
(1796-1860) e o brigadeiro Lima e Silva (1785-1853). Esses moderados, os “chimangos”,
representavam os interesses dos latifundiários e comerciantes.

2.3 – REGÊNCIA PERMANENTE (1831-1835)


De um modo geral, essa Regência representou os interesses dos moderados, os extremos
ficaram um pouco sem espaço nas disputas do poder na capital do Império. Isso não quer dizer
que eles não estavam articulados e expondo suas ideias. De toda forma, a descentralização foi
uma marca das medidas pretendidas por essa Regência Trina. Dessa forma, a proposta de governo
eram reformas político-institucionais com o objetivo de reduzir o poder do imperador e aumentar
a força do Parlamento.
Dentro dos principais atos de reforma no campo político-institucional, o então Ministro da
Justiça, Diogo Antônio Feijó (1784-1843) idealizou a criação da Guarda Nacional (1831) e o Ato
Adicional de 1834.
Guarda Nacional de 1831: a Guarda Nacional foi uma força policial criada para tratar
dos conflitos locais que se intensificaram nesse período e manter a ordem pública.
Dela fazia parte todo brasileiro que tivesse entre 21 e 60 anos e fosse cidadãos ativo
(renda líquida anual de 100 mil réis). Até 1837, os oficiais eram eleitos pela tropa e
permaneciam no cargo por 4 anos.
O Ato Adicional de 1834: tratou-se de uma reforma na Constituição de 1831. Por
meio dela a descentralização do poder político foi reforçada, pois o Poder
Moderador foi suspenso, os Conselhos Gerais das Províncias foram substituídos
pelas Assembleias Legislativas Provinciais. Com isso, as oligarquias regionais ficaram
satisfeitas, pois passaram a ter maior controle sobre o território regional.
Além dessas duas mudanças, também destaco a criação do Código de Processo Criminal,
em 1832. Por meio dele, algumas garantias processuais foram criadas, como o estabelecimento
do corpo de jurados e o habeas corpus.

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2.4 – REGÊNCIA UNA


A Regência Trina acabou sendo transformada em Regência Una, isto é, comandada por
uma única pessoa, a qual era eleita por voto censitário direto, com um mandato de 4 anos. O
primeiro governante eleito foi Diogo Antônio Feijó. Para essa eleição, o colégio eleitoral era
pequeno, veja: por volta de 5 mil pessoas votaram, menos de 0,1% da população da época.
De cara, Feijó precisou enfrentar as tensões em torno da questão da centralização versus
descentralização. Algo que não foi fácil, pois diversas revoltas de natureza separatista começaram
a pipocar no Brasil. Vamos vê-las, mas antes repare no quadro de comparativo entre a primeira e
segunda eleição para Regente Uno:

Primeiras Eleições no Brasil

Cenário populacional das eleições regenciais 5 milhões de pessoas era a população do


de 1835 a 1838 Brasil, incluindo-se escravos.

1835 1838

Cidadãos ativos 5.077 pessoas podiam votar 6.289

Diogo Feijó recebeu 2826 Pedro de Araújo Lima recebeu


votos e Holanda Cavalcanti 4308 votos e Holanda
2251 Cavalcanti 1981.

Feijó ficou no cargo até 1837, quando, então, ficou isolado politicamente, pois não
conseguiu conter as revoltas separatistas. Dessa forma, renunciou.
(IFRS 2019)
A tabela abaixo apresenta a movimentação do tráfico transatlântico de escravos entre 1501
e 1866, de acordo com a região de desembarque.

Marque V (verdadeiro) ou F (falso) nas afirmativas a seguir.

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( ) A descoberta do ouro na região das Minas Gerais (1696) explica o significativo incremento
no volume de africanos desembarcados nos portos do Brasil a partir do último quarto do
século XVII.
( ) A independência do Haiti e a abolição da escravidão na ilha não representou uma redução
da participação do Caribe francês nos circuitos do tráfico transatlântico de escravos.
( ) A concorrência das colônias inglesas, francesas e holandesas não retirou do Brasil o
monopólio da produção de açúcar a partir da segunda metade do século XVII. Este aspecto
fica evidente na participação das respectivas regiões no volume do tráfico atlântico até o
final do século XVIII.
( ) Em 1831, como resultado da pressão do governo inglês, passou a vigorar no Império do
Brasil a chamada “Lei Feijó” que decretou a extinção do tráfico atlântico na região. Contudo,
os dados indicam que o comércio negreiro seguiu plenamente ativo até a sua proibição
definitiva em 1850 (“Lei Eusébio de Queiroz”).
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
a) F – F – V – V
b) F – V – F – F
c) V – F – V – V
d) V – V – F – F
e) V – F – F – V
Comentários
Esta é uma boa questão para revisarmos fatos e informações importantes sobre o tráfico
transatlântico de escravizados, pois a tabela contém dados referentes à essa atividade entre
os anos de 1501 e 1866. Além disso, há informações relativas a todas as colônias europeias
nas Américas e a própria Europa. A primeira coisa que você precisa fazer é dar uma boa lida
nessa tabela, prestando atenção nos intervalos de tempo e a quantidade de cativos
traficados em cada lugar. Nesse sentido, é interessante reparar que os primeiros destinos
dos africanos escravizados no tráfico orquestrado pelos europeus era a América espanhola e
a própria Europa. O Brasil só começou a participar desse comércio entre os anos 1551 e
1575. A partir de então, cada vez mais se tornou o principal destino dos cativos africanos
comercializados. Por alguns anos, na segunda metade do século XVIII, apenas as colônias
britânicas no Caribe compravam tantos escravizados quanto a América portuguesa, mesmo
assim ficava em segundo lugar. Por outro lado, sobre o caso brasileiro, note que seu consumo
de mão de obra africana praticamente dobrou ao longo do século XVII. Isso ocorreu mais
uma vez entre os intervalos 1676-1700 e 1701-1725, mantendo-se crescente por todo o
século XVIII. Então, novamente, nos primeiros anos do século XIX, a compra de cativos quase
dobra, alcançando o marco de mais de 1 milhão de pessoas traficadas. Somando os dados
de todo o período abarcado pela tabela (séculos XVI-XIX), quase cinco milhões de pessoas
chegaram ao Brasil como escravizados. Com essas observações em mente, vejamos quais
são as verdadeiras e quais as falsas entre as proposições:

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Verdadeira! Entenda uma coisa, querida aluna e querido aluno, o tráfico de escravizados
era uma atividade econômica por si só, na qual havia empresas e indivíduos inteiramente
dedicados a ela. Todavia, ela estava associada a outras atividades, as quais demandavam
mão de obra cativa. Estas eram localizadas nas colônias agroexportadoras e extrativistas. Por
exemplo, no caso da produção de açúcar no Nordeste brasileiro, onde o gênero era
produzido em larga escala para ser exportado para o mercado europeu, havia grande
demanda por escravizados. Igualmente, quando o ouro foi descoberto em Minas Gerais,
todo o investimento econômico se deslocou para o Sudeste a fim de explorar extensivamente
a extração do metal. Para tanto, novamente se optou pela mão de obra escrava africana.
Veja, a relação comércio de cativos–produção/extração de matéria-prima–exportação gerava
um ciclo econômico de investimento e lucro muito vantajoso para os grandes proprietários,
comerciantes e para o Estado, que tributava todas as atividades.
Falsa. Lembre-se que o processo de independência do Haiti se deu entre 1791 e 1804,
período que também ocorreu a Revolução Francesa, na metrópole. Recorde-se também que
durante a primeira república francesa (1792-1795), a escravidão foi abolida em todos os
territórios franceses, somente sendo retomada durante o Consulado, nos primeiros anos do
século XIX. Agora, volte na tabela e veja a quantidade de cativos que foram levados para o
Caribe francês durante esses anos. Surpreendentemente, entre o fim do século XVIII e início
do XIX, o número de africanos para lá destinados caiu de 390.929 para 63.517, sem dúvida
um reflexo desses acontecimentos.
Falsa. Na realidade, a concorrência das demais colônias europeias tirou, sim, o
monopólio português na produção de açúcar para atender o mercado internacional. No
entanto, isso não se reflete na quantidade de cativos africanos traficados para o Brasil, pois
na mesma época foi descoberto ouro em Minas Gerais. Assim, apesar da crise econômica na
produção açucareira, a extração de ouro passou a prosperar, gerar lucros exorbitantes e
demandar mão de obra escravizada para ser empregada nessa atividade.
Verdadeira! Desde antes da independência a Inglaterra queria transformar o Brasil, entre
outras colônias e países recém-independentes da América, em um novo mercado
consumidor para os produtos industrializados ingleses. Assim, os britânicos passaram não só
a apoiar a emancipação de várias colônias, para acabar com seus respectivos pactos coloniais,
mas também pressionou para que todas as nações proibissem o tráfico de cativos e
abolissem a escravidão. Isso porque era necessário que essa massa de trabalhadores cativos
passasse a ser assalariado, para então poder consumir os produtos ingleses. Desde 1807,
eles haviam proibido o tráfico no Atlântico Norte. Com a independência brasileira, e como
parte dos acordos para que a potência reconhecesse a independência do novo país tropical,
os britânicos pressionaram os brasileiros para que acabassem com o comércio escravista.
Algumas medidas foram tomadas, mas jamais cumpridas, como por exemplo, um tratado
assinado entre Brasil e Inglaterra que considerava pirata todo navio envolvido no comércio
de escravos. Seria um passo para transformar essa atividade comercial em uma prática ilegal.
Mas o Brasil continuou recebendo todos os navios com pessoas escravizadas. Daí a expressão
“para inglês ver” – ou seja, algo sem efeito, sem sentido, que não vale nada. Ao contrário,
entre 1826 e 1830 houve um verdadeiro boom no comércio escravista que passou da média

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anual de 40 mil para 60 mil escravos. Mas, em 7 de novembro de 1831, foi feita a lei Feijó, a
primeira que proibia o tráfico atlântico de africanos. Aí você pode imaginar que diminuiu o
comércio. Errado. Houve um “ritmo alucinante da escravização ilegal”. Podemos ver os
reflexos de tudo isso nos dados da tabela. Nos primeiros 50 anos do século XIX, mais de dois
milhões de pessoas foram traficadas da África para o Brasil.
Portanto, a alternativa correta é a letra “e”.
Gabarito: E

2.5 - REVOLTAS NO PERÍODO REGENCIAL


As assim chamadas Revoltas Regenciais estiveram inseridas em um contexto em que a
questão fundamental da distribuição de poder oscilava entre a autoridade nacional no Rio de
Janeiro e os governos provinciais.
Dentre as divergências dos provincianos estava a forma de escolha do presidente da
província, pois, com a Constituição de 1824, os processos eleitorais regionais foram abolidos.
No lugar de eleições pelos próprios provincianos, o imperador indicava e nomeava o
presidente de província.

Contudo, em 1834, o Ato Adicional que reformou a Constituição de 1824


concedeu certa autonomia às províncias, pois permitiu que cada uma
contasse com sua própria Assembleia e orçamento próprio. Essa mesma
reforma constitucional retirou uma das principais atribuições do Poder
Moderador, qual seja, o de dissolver a Câmara.

Com efeito, repare que havia uma oscilação entre centralização e descentralização
(federalismo).
De acordo com Lucia Bastos Pereira das Neves, os políticos contrários à descentralização
manifestavam um caráter despótico de poder “que decorria da herança portuguesa do imperador
e de seu círculo de áulicos13”. Em geral, o atrito entre palacianos próximos à Corte e brasileiros,
já estabelecido no Primeiro Reinado, assim podia ser resumido, conforme já frisado mais acima na
aula:

Coimbrãos (ou portugueses) Brasilienses

A soberania deveria ser dividida entre o A soberania residia na nação; o imperador


imperador e a Assembleia; as tendências deveria ser submetido a um poder de veto; o
democráticas deveriam ser afastadas. imperador deveria ser impedido de dissolver o
Parlamento.

13
Áulicos significa cortesão, palaciano.

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Agora, essa polêmica política foi tema de disputas em todas as províncias, com ênfase no
Período Regencial. Ademais, após a reforma constitucional de 1834, a situação ficou um pouco
mais favorável aos liberais federalistas.

Dessa forma, a questão da centralização x descentralização, o rechaço aos portugueses –


principalmente os “coimbrãos”, o conflito entre liberais e conservadores, as insatisfações
populares, entre outras questões, deram motivos para rebeliões no Período Regencial (1831-
1840).

Sob o Governo Regencial, portanto, diversas mobilizações políticas pipocaram no Brasil.


Dentre as principais, destaco
quatro de caráter separatista:
➢ a Sabinada na Bahia;
➢ a Cabanagem no Pará;
➢ a Farroupilha no Rio Grande do Sul;
➢ a Balaiada no Maranhão.
Em particular, o movimento do Rio
Grande do Sul proclamou a república e se
manteve independente do Brasil até
1845. Já os outros movimentos foram
derrotados logo no início. Nem todos
esses movimentos defenderam
abertamente um sistema federativo de
organização do poder, mas, o conteúdo
deles, questionava frontalmente o
sistema político do momento.
Vamos ver cada um deles:
• Cabanagem no Pará, em 1835. Esse conflito deu sequência à luta entre liberais e
portugueses que marcou os conflitos políticos da região desde a independência, em 1822.
Em 1835, o presidente da província foi assassinado e, a partir desse fato, seguiu-se uma
batalha civil sanguinária. Conforme José Murilo de Carvalho,

Líderes populares assumiram o controle da luta, tomaram a capital, Belém, e declararam


a independência da província. Tropas do governo central retomaram a cidade e se
engajaram em uma luta de guerrilhas contra os rebeldes embrenhados na selva
amazônica, onde, sendo a maioria deles de origem indígena, se sentiam à vontade. Foi
uma das lutas mais sangrentas da história do país, comparável apenas à Canudos, na
Bahia, em 1897. Soldados do governo desfilavam nas ruas da capital [Belém] exibindo
colares feitos de orelhas dos revoltosos. Calculou-se, talvez com algum exagero, que

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teriam perecido na luta cerca de 30 mil pessoas, ou 20% da população total da


província14.

O principal alvo dos cabanos (índios, caboclos e escravos) eram os portugueses e brancos.
Segundo o professor José Murilo de Carvalho a Cabanagem foi uma explosão popular contra a
opressão secular de que o povo pobre havia sido vítima, inclusive por ser excluído do sistema
político. Só podia ser uma luta contra portugueses, mesmo.
• A Balaiada, no Maranhão, de 1838 a 1841. Na verdade, esse movimento foi o ápice de lutas
que ocorriam desde 1831. Nesse período, a população da província era de 200 mil pessoas,
sendo que 50% era escravo, a mais alta proporção em todo território brasileiro. Tal como a
Cabanagem, essa revolta foi tipicamente popular e esteve ligada às disputas entre liberais
e conservadores. Os conservadores detinham o monopólio das indicações dos cargos
políticos e para a administração pública, fato que gerava muitos atritos. O estopim do
movimento foi a invasão de uma cadeia para liberar correligionários do movimento. Em
uma mistura complexa entre liberais e setores populares, inclusive quilombolas, os assim
chamados fazedores de cestos (os balaios) ganharam destaque na Balaiada. Um dos líderes
da Balaiada foi Cosme Bento de Chagas, o Preto Cosme, o qual liderou um grupo de 3 mil
escravos fugidos. Cosme se intitulava “Tutor e Imperador das Liberdades Bentevis” (dos
liberais). Com 11 mil homens, os balaios tomaram algumas cidades. Porém, um
desentendimento entre Preto Cosme e outro líder, Raimundo Gomes, um vaqueiro, rachou
o movimento e facilitou a repressão.
Repare que um dos motivos das divergências no movimento era quanto à escravidão.
Enquanto uma parte era favorável ao fim da escravidão, outra não.
• A Sabinada, na Bahia, entre 1837 a 1838. O nome da revolta é devido ao seu líder Dr.
Sabino Barroso, professor da Escola de Medicina de Salvador. Esse movimento contou com
um caráter separatista mais explícito. A capital foi tomada pelos partidários do movimento,
o presidente da província foi deposto e a Câmara Municipal declarou a independência.
Salvador foi sitiada por terra – por tropas dos barões do açúcar - e por mar pela Marinha
Imperial. Em dezembro de 1838 uma batalha de 3 dias em Salvador resultou em 1200
revolucionários mortos e 600 membros das tropas do governo. Diferentemente da Balaiada
e da Cabanagem, além das camadas populares, esse movimento contou com camadas
médias da sociedade, como professores, médicos e advogados. A principal motivação da
Sabinada foi, de fato, o federalismo.
Quanto à escravidão, aqui também não havia consenso entre os participantes da rebelião.
Ao mesmo tempo que os sabinos prometeram a alforria dos escravos nascidos no Brasil,
desde que lutassem pela causa, o movimento não prometia abertamente a abolição da
escravidão. Apesar dessa dubiedade, só o fato de ter sido construído um batalhão de
pretos e de serem feitas promessas aos escravos fez com que os senhores de terra
apoiassem a repressão do governo.

14
CARVALHO, José Murilo de. A vida política. In: CARVALHO, J.M (org). A Construção Nacional 1830-
1889. Rio de Janeiro: Fundación Mapfre. 2018, p. 91.

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(IFBA 2018)
Para os Sabinos, o que prevalecia no Brasil após a independência do país era o “colonialismo
de Corte”. O que isso significava?
a) Que não houve independência, pois a situação de dependência de Portugal se mantinha.
b) Uma expressão de uma insatisfação com a centralização política no Rio de Janeiro e com
o crescente abafamento de pleitos locais em nome da unidade nacional.
c) A insatisfação com o fato de a regência no Rio de Janeiro ficar, desde a abdicação de
Pedro I, sob o controle dos restauracionistas, que pretendiam a volta à colonização.
d) Que os sabinos eram a expressão dos “Exaltados” já que, durante a sublevação, em
nenhum momento abriram mão de se separarem do Brasil.
e) Apesar das intensas lutas federalistas que antecederam a Sabinada, aquelas não tinham
nenhuma conexão com esta, já que criticavam a separação da província da Bahia do restante
do Brasil.
Comentários
Veja, o tema da questão é a Sabinada (1837-1838), uma das revoltas que ocorreram durante
o período regencial (1831-1840), no Brasil. As assim chamadas Revoltas Regenciais estiveram
inseridas em um contexto em que a questão fundamental da distribuição de poder oscilava
entre a autoridade nacional no Rio de Janeiro e os governos provinciais. Em outras palavras,
havia vários conflitos de interesses tanto entre as próprias elites de cada região e entre estas
e as demais classes sociais da sociedade imperial brasileira. A principal pauta de discussão
era se o governo devia ser centralizado ou descentralizado (federalista). Contudo, havia
outras demandas como a independência do resto do Império, o fim da escravidão, redução
de impostos, fim da propriedade privada, entre outros, que igualmente não eram consenso
entre todas as rebeliões deflagradas durante esses anos. Dessa forma, a questão da
centralização x descentralização, o rechaço aos portugueses – principalmente os
“coimbrãos”, o conflito entre liberais e conservadores, as insatisfações populares, entre
outras questões, deram motivos para rebeliões no Período Regencial.
Quanto à Sabinada especificamente, o nome da revolta é devido ao seu líder Dr. Sabino
Barroso, professor da Escola de Medicina de Salvador. Esse movimento contou com um
caráter separatista mais explícito. A capital foi tomada pelos partidários do movimento, o
presidente da província foi deposto e a Câmara Municipal declarou a independência.
Salvador foi sitiada por terra – por tropas dos barões do açúcar - e por mar pela Marinha
Imperial. Em dezembro de 1838 uma batalha de 3 dias em Salvador resultou em 1200
revolucionários mortos e 600 membros das tropas do governo. Diferentemente da Balaiada
e da Cabanagem, além das camadas populares, esse movimento contou com camadas
médias da sociedade, como professores, médicos e advogados. Agora que te inteirei do
contexto, vejamos qual a razão para que os sabinos achassem que prevalecia no Brasil
independente o “colonialismo de corte”:
a) Incorreta. Com a independência, passou a ser dependente economicamente da Inglaterra
ao passo que se distanciava de Portugal. No entanto, muitos portugueses continuavam no

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Brasil, detendo grandes propriedades e poder político. Lembre-se que o primeiro imperador
era português e o segundo, ainda impedido de governar pela idade, era seu filho. Além
disso, vários lusitanos ocupavam cargos políticos e tentavam se manter próximos da família
imperial. Inclusive, havia um Partido Português nos primeiros anos do Império e se
consubstanciou em Restauracionistas, Partido Regressista e, enfim, Partido Conservador, nos
quais a ascendência portuguesa e as tendências mais absolutistas eram marcantes. De acordo
com Lucia Bastos Pereira das Neves, os políticos contrários à descentralização manifestavam
um caráter despótico de poder “que decorria da herança portuguesa do imperador e de seu
círculo de áulicos”.
b) Correta! Veja, a expressão “colonialismo de corte” tinha o objetivo de enfatizar que,
apesar de independente, o governo central continuava explorando as províncias da mesma
forma que Portugal outrora explorava todo o Brasil. Desde a independência, o governo
imperial sediado no Rio de Janeiro, seja sob liderança de D. Pedro I, seja sob a liderança dos
regentes, insistentemente procurou centralizar o poder, evitando dar maior autonomia às
províncias. Com isso, vários setores das elites de diversas regiões, assim como as demais
classes sociais, assumiam pautas mais liberais, federalistas e, alguns casos, até mesmo
separatistas. Esses setores, chamados de Exaltados na política dos primeiros anos do
Império, costumavam defender que a soberania residia na nação; o imperador deveria ser
submetido a um poder de veto; o imperador deveria ser impedido de dissolver o Parlamento.
A própria Sabinada teve como principal motivação, de fato, o federalismo.
c) Incorreta. Apesar de muitas vezes restauracionistas (em geral portugueses) e moderados
(brasileiros) se aliarem na política dos primeiros anos do Império, eles não possuíam
exatamente os mesmos interesses. E foram os moderados que mais marcaram presença
como regentes durante a década de 1830. Com isso, eles procuraram manter um equilíbrio,
combatendo as revoltas, mas simultaneamente buscando aumentar o poder do Parlamento.
d) Incorreta. De fato, podemos dizer que os sabinos estavam mais alinhados ao grupo dos
Exaltados. Todavia, a Sabinada teve um caráter separatista mais explícito, como mencionei
antes. Sua principal motivação era o federalismo e eles estavam dispostos a conquistar a
independência da região para efetivá-lo.
e) Incorreta. Havia muitas conexões sim, afinal todas elas se opunham a forma como governo
imperial vinha conduzindo a política e a economia do país. Além disso, as revoltas anteriores
à Sabinada não criticavam a separação da Bahia do resto do país, isso nem era pautado.
Esses levantes anteriores se concentravam em pautar as demandas de suas próprias regiões.
Gabarito: B

• A Farroupilha, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, entre 1835 e 1845.


Diferentemente das revoltas anteriores, aqui a participação popular foi bem reduzida. Na
verdade, o movimento foi liderado por uma oligarquia formada por pecuaristas. Essa elite
questionava a centralização do poder no Rio de Janeiro e as imposições da Coroa quanto
ao comércio de charque. Os assim chamados estancieiros queriam condições mais
favoráveis para o comércio de gado e para o fortalecimento do charque no mercado

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brasileiro. Dessa forma, a insurreição começou com a deposição do presidente da província


do Rio Grande do Sul, que fora nomeado pelo governo regencial. O líder Bento Gonçalves
da Silva (1788-1847), filho de um rico proprietário de terra, invadiu a cidade de Porto
Alegre. Em setembro de 1836 o movimento proclamou a República de Piratini e Bento
Gonçalves sagrou-se presidente. Em 1839 o movimento atingiu a região de Santa Catarina
sob a liderança de Davi Canabarro (1796-1867) e de Giuseppe Garibaldi (1807-1882). Com
isso, foi proclamada a República Catarinense ou Juliana.
Importante frisar que o caráter elitista do movimento fez com que a repressão fosse mais
amena. A Coroa não foi para cima desses revoltosos com a mesma mão pesada com que
reprimiu as revoltas regenciais mais populares. Por isso, o movimento durou anos e o
desfecho foi por meio de uma saída negociada, um acordo ao estilo de um armistício (uma
trégua). Nas cláusulas do armistício, celebrado em 1845, o governo do Rio de Janeiro
concordou em sobretaxar o charque importado em 25%, como forma de estimular o
charque gaúcho, e os farrapos foram anistiados.

Além desses movimentos, também destaco a Guerra dos Cabanos, de 1832, em


Pernambuco, e a conhecida Revolta dos Malês, na Bahia. Esses processos tiveram características
populares mais marcantes, pois foram movimentos protagonizados pelas camadas pobres. No
caso da Guerra dos Cabanos participaram indígenas, escravos e trabalhadores rurais livres. Porém,
o curioso é que foram os conservadores que incitaram essa população contra a ascensão dos
liberais na região. Posteriormente, com o aumento da repressão e a “ficha caída”, a aliança entre
os conservadores (proprietários de terra) e população rural pobre foi rompida. O movimento
termina com repressão15.
Já a Revolta dos Malês, vamos vê-la um pouco mais de perto no box abaixo...

A Revolta dos Malês ocorreu em 1835, na Bahia. O movimento foi planejado pelos
Malês, africanos mulçumanos (em geral etnia nagô) que eram mantidos como escravos.
Na província baiana, cera de 42% da população era negra e apenas 22% branca. O
conflito foi gerado em razão do acúmulo de opressão e exploração e, também, por
conta da perseguição religiosa. Ocorre que, esses africanos tinham conhecimento militar e, por
isso, fizeram uma insurreição com bastante eficiência. O medo da elite branca de Salvador e das
fazendas era de que movimento caminhasse ao que foi a Revolução no Haiti.
A repressão foi violenta. Além das perseguições e mortes, foram aprovadas leis que agilizavam a
condenação dos escravos. Mas, atenção, a pressão dos escravocratas era para que os capturados
não fossem mortos, pois, na condição de escravos, os negros eram vistos como propriedade.
Importante você saber que o século XIX no Brasil contou com diversas rebeliões escravas. Esses
movimentos reforçaram a permanência das comunidades quilombolas, pois os negros que
conseguiam fugir buscavam refúgio nos Quilombos.

15
FERREIRA, Marieta de Moraes, GUGLIELMO, Mariana, FRANCO, Renato. História em Curso. São Paulo:
Editora do Brasil. 2016, p. 421.

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(UERN 2015)
Após a abdicação de Dom Pedro I, políticos intitulados regentes governaram o Brasil em
nome do imperador, já que o herdeiro do trono, seu filho Dom Pedro II, tinha apenas 5 anos.
Essa fase de grande agitação social e política vai de abril de 1831 a julho de 1840. Observe
as duas gravuras relativas às revoltas sociais características desse período histórico específico.

É correto afirmar que as gravuras referem-se, respectivamente, a:


a) Carrancas e Sabinada.
b) Farroupilha e Cabanagem.
c) Balaiada e Revolta dos Malês.
d) Revolta do Guanais e Setembrada.
Comentários

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A primeira gravura mostra dois homens confeccionando balaios, objeto que deu origem ao
nome da revolta conhecida como Balaiada, promovida pela população de baixa renda no
Maranhão. A segunda gravura mostra um negro (escravo ou liberto) que segue a religião
muçulmana, representando o segmento social que promoveu a Revolta dos Malês, no Rio de
Janeiro.
Gabarito: C
(UERN 2012)
“Uma série de contradições tornou particularmente tensas as relações entre o governo
central e algumas províncias no período regencial. A efervescência dos conflitos, em várias
regiões do país, evidenciou questões que remontavam ao período colonial, carregado de
exclusões sociais”.
(Mota, M. B e Braick, P. R. História das Cavernas ao Terceiro Milênio. 1ª Ed. São Paulo:
Moderna, 2005, p.224)
A revolta ocorreu entre 1835 e 1845. Em sua origem estavam os conflitos entre os poderosos
pecuaristas e o governo central. Politicamente, a elite rebelou-se contra a medida
alfandegária do governo central, que reduzia os impostos para a entrada de artigos da região
do Prata, similares aos do Sul [...]. O movimento teve início em 1835 e fim em 1845, quando
as tropas imperiais comandadas por Luís Alves de Lima e Silva detiveram o movimento.
A revolta retratada refere-se a
a) Cabanagem.
b) Malês.
c) Farrapos.
d) Sabinada.
Comentários
A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha foi um conflito regencial ocorrido entre a
província do Rio Grande do Sul e o governo central devido às taxações do charque gaúcho
e argentino. A província rio-grandense se rebelou quando o governo central passou a
valorizar a importação do charque argentino e iniciou uma revolução que pretendia separar
o RS do Brasil.
Gabarito: C
(UPF 2016)
As revoltas provinciais do período Regencial, que varreram o país de norte a sul, tiveram
distintos atores sociais e propostas.
“As províncias, desprezadas pela corte, curtindo o exílio dentro do país, e insatisfeitas com a
Regência, reagem…”
(FAORO, Raymundo. Os donos do poder. v.1, 5. Ed., 2012, p. 320)
Sobre essas revoltas, considere as afirmações a seguir.

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I. A Cabanagem ocorreu no Pará e teve ampla participação de elementos de baixa condição


social (índios, seringueiros, lavradores e caboclos), os quais não tinham um programa
sistemático de reivindicações, mas demonstravam seu ódio aos portugueses.
II. A Guerra dos Farrapos foi liderada pela elite dos estancieiros e teve como principal
proposta a abolição incondicional da escravidão no Rio Grande do Sul e a defesa do trabalho
assalariado.
III. A Sabinada reuniu uma base ampla de apoio, incluindo integrantes da classe média e do
comércio de Salvador. Uma de suas bandeiras de luta foi a adoção do federalismo.
IV. A Balaiada caracterizou-se por sucessivos levantes, inclusive de escravos, sem unidade
entre si, o que levou a ser vencida pelas tropas legalistas com relativa facilidade. O
separatismo não foi proposto pelos rebeldes.
Está correto apenas o que se afirma em:
a) I e II.
b) I, II e III.
c) I, III e IV.
d) II e III.
e) II, III e IV.
Comentários
Minha sugestão é que, para este tipo de questão, você comece a resolução achando os erros.
Então, veja: a Farroupilha não tinha como mote a defesa da abolição da escravidão, por isso,
a afirmação está errada. Só por aí já mataríamos a questão. Porém, é bom ressaltar que os
demais itens (I, III e IV) fazem colocações corretas de algumas das Revoltas Regências. Elas
estiveram inseridas em um contexto em que a questão fundamental da distribuição de poder
oscilava entre a autoridade nacional no Rio de Janeiro e os governos provinciais. Aproveito
para lembrar do esqueminha abaixo:

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Gabarito: C
(UNIFESP 2002)
No Brasil independente, os seis anos que separam o Ato Adicional (1834) da Maioridade
(1840) foram chamados de "experiência republicana", devido
a) ao caráter das revoltas intituladas Cabanagem, Balaiada e Sabinada.
b) aos primeiros anos da revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul.
c) à força do Partido Republicano na Câmara dos Deputados.
d) à extinção da monarquia durante a menoridade de D. Pedro II.
e) às Assembleias Legislativas Provinciais e à eleição do Regente Uno.
Comentário
Eu trouxe essa questão para que vocês conheçam essa interpretação de alguns historiadores:
a de que o período regencial foi uma experiência democrática. Isso porque com a reforma
constitucional de 1834 o poder foi descentralizado a partir da criação das assembleias
legislativas provinciais e o estabelecimento da eleição para regente.
É uma expressão um pouco forçada porque não havia partidos republicanos, como sugere a
alternativa C, por exemplo. Apesar de estar certo que a Farroupilha teve um caráter
republicano, como consta na alternativa B, não e este argumento utilizado para cunhar a
expressão “experiência democrática” para o período.
Por fim, é bom lembrar que a Monarquia só será extinta em 1889 com a Proclamação da
República, então, durante a menoridade de Dom Pedro II a monarquia existiu, mas o governo
esteve na mãos dos regentes. Por isso, a alternativa D está incorreta.
Gabarito: E

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Bem, queridas e queridos alunos chegamos ao final da nossa aula sobre o processo de
Independência Política do Brasil e dos demais países da América Latina!
Assim, percorremos os caminhos dos emancipacionistas trilhados entre o final do século
XVII até o século XIX. Demos ênfase aos acontecimentos do século XVIII que se desdobraram na
criação de novos países. Anota no seu controle de temporalidade.
É isso, fico por aqui. Você segue até a última questão. Aproveita TODAS as QUESTÕES,
pois fizemos observando cada detalhe para fazer você mentalizar, aprender a responder à questão
sem escorregar nas artimanhas do examinador.
Gabaritar história não é só saber o conteúdo é ser safo para adotar as melhores
ESTRATÉGIAS para responder cada questão! E lembrando: esse assunto tem muita incidência no
seu vestibular!!!
Espero por você no Fórum de Dúvidas, se elas aparecerem!
Um beijo, um abraço apertado e um suspiro dobrado de amor sem fim!
Alê

3. LISTA DE QUESTÕES
(UNESP 2007)
Sobre as revoltas do Período Regencial (1831-1840), é correto afirmar que
a) indicavam o descontentamento de diferentes setores sociais com as medidas de cunho
liberal e antiescravista dos regentes, expressas no Ato Adicional.
b) algumas, como a Farroupilha (RS) e a Cabanagem (PA), foram organizadas pelas elites
locais e não conseguiram mobilizar as camadas mais pobres e os escravos.
c) provocavam a crise da Guarda Nacional, espécie de milícia que atuou como poder militar
da Independência do país até o início do Segundo Reinado.
d) a Revolta dos Malês (BA) e a Balaiada (MA) foram as únicas que colocaram em risco a
ordem estabelecida, sendo sufocadas pelo Duque de Caxias.
e) expressavam o grau de instabilidade política que se seguiu à abdicação, o fortalecimento
das tendências federalistas e a mobilização de diferentes setores sociais.
(UNESP 2013)
A Revolução Farroupilha foi um dos movimentos armados contrários ao poder central no
Período Regencial brasileiro (1831-1840). O movimento dos Farrapos teve algumas
particularidades, quando comparado aos demais.
Em nome do povo do Rio Grande, depus o governador Braga e entreguei o governo ao seu
substituto legal Marciano Ribeiro. E em nome do Rio Grande do Sul eu lhe digo que nesta
província extrema [...] não toleramos imposições humilhantes, nem insultos de qualquer

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espécie. [...] O Rio Grande é a sentinela do Brasil, que olha vigilante para o Rio da Prata.
Merece, pois, maior consideração e respeito. Não pode e nem deve ser oprimido pelo
despotismo. Exigimos que o governo imperial nos dê um governador de nossa confiança,
que olhe pelos nossos interesses, pelo nosso progresso, pela nossa dignidade, ou nos
separaremos do centro e com a espada na mão saberemos morrer com honra, ou viver com
liberdade.
(Bento Gonçalves [carta ao Regente Feijó, setembro de 1835] apud Sandra Jatahy Pesavento.
A Revolução Farroupilha, 1986.)
Entre os motivos da Revolução Farroupilha, podemos citar
a) o desejo rio-grandense de maior autonomia política e econômica da província frente ao
poder imperial, sediado no Rio de Janeiro.
b) a incorporação, ao território brasileiro, da Província Cisplatina, que passou a concorrer
com os gaúchos pelo controle do mercado interno do charque.
c) a dificuldade de controle e vigilância da fronteira sul do império, que representava
constante ameaça de invasão espanhola e platina.
d) a proteção do charque rio-grandense pela Corte, evitando a concorrência do charque
estrangeiro e garantindo os baixos preços dos produtos locais.
e) a destruição das lavouras gaúchas pelas guerras de independência na região do Prata e a
decorrente redução da produção agrícola no Sul do Brasil.
(UNIVESP 2017)
Leia o texto para responder à questão.
“O governo imperial [...] esmagou a nossa principal indústria, vexando-a ainda mais. [...]
Repetidas reclamações de nossa parte sobre este assunto foram constantemente
desprezadas pelo governo imperial [...]. Um só recurso nos restava, um único meio se oferecia
à nossa salvação; e este recurso e este meio único era a nossa independência política e o
sistema republicano [...].”
Manifesto dos Farrapos, Piratini, 1838. In: PESSOA, R.C. A ideia republicana no Brasil
através dos documentos. São Paulo: Alfa-Ômega, 1973. pp.21-31.
A Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul, foi a mais longa
rebelião do Brasil Império, estendendo-se de 1835 a 1845.
Entre as causas da insatisfação dos rebeldes, estava
a) o movimento migratório promovido pelo governo imperial, que deslocou contingentes de
população do Norte e do Nordeste para o Rio Grande do Sul e para Santa Catarina.
b) a expropriação das fazendas de algodão para fins de reforma agrária, atendendo à
demanda dos imigrantes europeus recém-chegados à região.
c) o projeto republicano defendido por políticos do Sudeste e contestado pelos gaúchos,
beneficiados pelas políticas imperiais.
d) o aumento dos impostos sobre o gado, a terra e o sal, que afetou os negócios dos
pecuaristas gaúchos.

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e) a manutenção da escravidão no Brasil, considerada um obstáculo ao desenvolvimento da


indústria no Sul do país.
(UEA – 2008)
“No Grão-Pará, agitado desde a Revolução do Porto, ocorria a revolta dos cabanos – a
Cabanagem – que se distinguiria dos demais movimentos do período pela amplitude que
assumiu, chegando a dominar o governo da província por alguns anos.” (Ilmar Rohloff de
Mattos, História do Brasil Império.)
A respeito da Cabanagem, assinale a afirmativa correta.
(A) Os descendentes de índios não participavam de nenhuma forma de manifestação política
e foram apenas utilizados nos conflitos entre os grandes fazendeiros.
(B) A ordeira massa dos cabanos, sem qualquer experiência anterior em conflitos, foi usada
pelas tropas do governo imperial contra os fazendeiros locais.
(C) A Cabanagem foi o conflito em que os fazendeiros paraenses, reagindo às intervenções
do Poder Moderador, exigiram a extinção do Conselho de Estado.
(D) A Cabanagem foi um conflito social semelhante à Balaiada, em que a participação das
forças oligárquicas foi sempre secundária.
(E) O Ato Adicional deu grande poder à oligarquia dominante, provocando a reação armada
da oligarquia oposicionista, que recorreu às lideranças radicais e atraiu para o conflito a
massa cabana.
(UEA - 2003)
História Regional – Império
Assinale a alternativa que situa corretamente o movimento cabano na crise da Regência.
(A) Uns começavam a temer a violência crescente e a pobreza das massas, como Clemente
Malcher, que pretendeu manter a vinculação ao Império e permanecer no poder
indefinidamente.
(B) Os poderes legislativos dados à situação pela recente alteração constitucional induziram
as facções regionais de oposição a se aproveitarem politicamente das indefesas massas
populares, como na Cabanagem.
(C) No movimento cabano, alguns, como o Cônego Batista Campos, esperavam fazer a
maioria na Assembleia Legislativa Provincial recém-criada, para obter as reformas que
defendiam.
(D) A instabilidade econômica, social e política da Amazônia nos anos posteriores à
independência originava-se do agravamento da subordinação da elite local aos interesses
britânicos desde o Ato Adicional de 1831.
(E) O movimento cabano, apesar de abolicionista, foi a continuação da guerra de
independência, também reprimida por esquadra britânica.
(UEA - 2002)
História Regional – Império
“Examinando-se o movimento no que ele expressa como explosão de multidões mestiças e
indígenas da Província, contra a vida e a propriedade dos que desfrutavam de poder político,

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econômico e projeção social, compreende-se que a Cabanagem não pode ser inscrita na
história nacional como um episódio a mais de aspiração meramente política.” (A. C. F. Reis)
Assinale a alternativa que melhor caracteriza a Cabanagem.
(A) A participação intensa das massas de origem indígena na Cabanagem do Pará deveu-se
à inexistência de agricultura de exportação na região e à ausência completa de negros.
(B) A Cabanagem era um risco maior para os imperialismos do que para a unidade política
pretendida pelo Império brasileiro, como atestam as seguidas intervenções americanas e
britânicas no Grão-Pará.
(C) A Cabanagem não pode ser inscrita na história nacional como um episódio político, pois,
por se tratar de uma sublevação generalizada no Pará, foi um fato militar e, no máximo,
social.
(D) A Cabanagem começou como um conflito entre setores oligárquicos do Pará durante a
Regência, mas, pelas condições socioeconômicas da região Norte e devido à participação
popular intensa, converteu-se em autêntica rebelião social.
(E) O desfecho da Cabanagem, com perseguição feroz e massacre dos cabanos, deveu-se
mais à excitação e ao ódio dos mercenários estrangeiros do que ao ódio de classe das elites
brasileiras contra os pobres e não-brancos derrotados.
(UEA – 2009 / Segunda Fase)
O período regencial da história do Brasil foi agitado por uma série de rebeliões contra o
governo central. A revolta dos Cabanos ocorrida no Pará, a partir de 1833, distinguiu-se no
interior destes movimentos pelo fato de ter
(A) contado com a participação de escravos negros.
(B) sido duramente reprimida pelo governo.
(C) dominado o governo da província por alguns anos.
(D) recorrido à ajuda de países americanos vizinhos.
(E) sido liderada por membros da elite econômica local.
(PISM 2017)
Leia atentamente o texto abaixo e em seguida responda:
“O Ato Adicional de 1834 reformou a constituição em sentido descentralizante. Criou as
assembleias provinciais, concedendo mais poder às províncias, e aboliu o Conselho de
Estado. À maior descentralização seguiu-se um recrudescimento dos conflitos e revoltas
provinciais. Nunca houve período mais conturbado na história do Brasil.”
CARVALHO, J. M. D. Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 36.
As revoltas ocorridas durante o período regencial expressavam um grande
descontentamento com o projeto centralizado de Estado, liderado pelas elites enraizadas na
Corte. Sobre as revoltas regenciais é CORRETO afirmar que:
a) os revoltosos eram formados, exclusivamente, por grandes proprietários de terra que
disputavam entre si o direito de maior representatividade e projeção no cenário nacional.
b) em sua maioria, as revoltas regenciais ameaçavam a unidade do Império por meio de
reinvindicações que poderiam levar à fragmentação do território em pequenas repúblicas.
c) índios e africanos foram os grupos sociais que representaram maior resistência aos
movimentos revoltosos, lutando ao lado do governo imperial.

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d) a luta contra a escravidão era uma reivindicação comum a todas as revoltas que ocorreram
no período, representando o início das manifestações abolicionistas no país.
e) o sucesso dos conflitos armados contribuiu para que as províncias alcançassem maior
autonomia administrativa e suas elites pudessem implementar projetos políticos baseados
no federalismo.
(UFRR 2017)
Texto I.
“...na cidade de Óbidos, em 11 de janeiro de 1854 [...] Raimunda, “24 anos de idade, crioula,
bem retinta, um tanto baixa, bem figurada, muito humilde” [...] estava fugida com seu
companheiro José Moisés, “de 26 anos de idade, cafuz bastante fornido do corpo, estatura
regular, mal-encarado, olhos pequenos, e fundos”. Os dois fugiram com a ajuda do forro
Antônio Maranhoto, natural do Maranhão que [...antes] “foi marinheiro de embarcação de
guerra”[...]. Em fevereiro de 1861, a escrava Benedita, “cafuza, natural de Óbidos, com falta
de dentes na frente, cabelos cacheados, cheia de corpo, cara risonha” fugiu na companhia
do soldado mulato Francisco Lima. Levou uma rede nova, um balaio e um baú de cedro
contendo “um par de chinela, um fio de conta de ouro, uma camisa de chita amarela, uma
saia de cambraia branca com três folhos e duas camisas brancas”. Em abril do mesmo ano, a
escrava Maria, “crioula retinta, magra, alta, olhos e beiços grandes” fugiu com Hipólito,
“crioulo bem retinto, barbado, falta de dentes na parte superior”. Maria e Hipólito fugiram
pouco tempo depois do falecimento de seu senhor Antônio Guerra, diretor de índios no rio
Madeira. A viúva pedia sua captura e ainda oferecia 100 mil réis de recompensa por cada
escravo.”
CAVALCANTI, Y.R.O; SAMPAIO, P.M. Histórias de Joaquinas, Mulheres, Escravidão e
Liberdade (Brasil, Amazonas: séc. XIX). Revista Afro-Ásia, 46. p.97-120. Disponível em <
http://www.scielo.br/pdf/afro/n46/a03n46.pdf>
Durante o Período Regencial, a atuação política dos partidos Liberal e Conservador não
impediu ocorrência de diversos conflitos, entre eles a Cabanagem, que envolveu a população
civil, políticos influentes e as forças militares leais aos governos regenciais, entre 1835 e 1840.
Sobre esse contexto pode-se afirmar, EXCETO:
A) Ribeirinhos, negros, índios, mestiços e brancos compuseram, em diferentes escalas, a
enorme massa de mortos em consequência da Cabanagem;
B) Fugas e deserções como as descritas no texto I demonstravam o descontentamento
popular e a resistência aos serviços forçados, fatores que fomentaram a participação de
mestiços e negros na Cabanagem;
C) Os governos regenciais não eram considerados representativos dos interesses de
fazendeiros e comerciantes do Norte, desejosos de maior participação política na
organização do Império;
D) A exemplo do que aconteceu em Minas Gerais, o partido Conservador do Grão-Pará não
aceitou a posse de D. Pedro I depois da independência e esse foi o estopim do conflito, que
terminou sem derramamento de sangue;
E) O Período Regencial trouxe mudanças na legislação que demonstram a limitada
participação popular no governo, pois não abordavam problemas como saúde, habitação,
educação, etc. e geraram grande instabilidade política no Império.

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(UFRR 2020)
A revolução social dos cabanos que explodiu em Belém do Pará, em 1835, deixou mais de
30 mil mortos e uma população local que só voltou a crescer significativamente em 1860.
Este movimento matou mestiços, índios e africanos pobres ou escravos, mas também
dizimou boa parte da elite da Amazônia. O principal alvo dos cabanos era os brancos,
especialmente os portugueses mais abastados. A grandiosidade desta revolução extrapola
o número e a diversidade das pessoas envolvidas.
(RICCI, Magda. “Cabanagem, cidadania e identidade revolucionária: o problema do
patriotismo na Amazônia entre 1835 e 1840”. Tempo, Niterói, v. 11, n. 22, 2007, p. 6).
Sobre as Revoltas Regenciais, é CORRETO afirmar que:
A) foram movimentos de contestação armada em relação à ordem monárquica brasileira e
que alteraram profundamente as estruturas sociais e econômicas estabelecidas, a partir do
estabelecimento da harmonia entre os poderes constitucionais do Império.
B) foram levantes majoritariamente republicanos que conseguiram mobilizar populações
pobres e, em particular, escravizados no Brasil monárquico, demonstrando que a questão da
centralização do poder foi objeto de muitas disputas ao longo de todo o século XIX.
C) foram movimentos que eclodiram nas províncias nordestinas, que lutaram pelo
estabelecimento de um sistema monárquico descentralizado, que delegasse às províncias
brasileiras a solução da chamada “questão servil”.
D) podem ser entendidas como respostas radicais à política centralizadora do Império, que
restringia a autonomia financeira e administrativa das províncias brasileiras e tinham em
comum a crítica liberal às tendências absolutistas, persistentes no governo de D. Pedro II.
E) em sua maioria, eram revoltas lideradas pelos grandes proprietários de terras, que exigiam
uma posição mais forte e centralizadora do governo imperial brasileiro, provocando embates
entre portugueses e brasileiros que chegaram a colocar em risco a independência brasileira.
(UNITINS 2016)
Leia o texto a seguir.
“Se não havia ainda a consciência, nem o desejo, em parte, da separação dos reinos, havia o
mais importante: a noção de que se praticava um gesto da vontade nacional. Prendia-se D.
Pedro ao Brasil para acabar de seduzi-lo e com ele instaurar o Império. Faltava proclamar a
separação do reino europeu, faltava mesmo em parte desejar essa separação, mas a luta que
tomava o nome de independência seria sobretudo em torno das instituições que formariam
o novo Estado. Em torno delas, e da tradição monárquica, se consolidaria a unidade do país.”
(BARRETO, Célia de Barros. O Brasil Monárquico, tomo II: o processo de emancipação. In:
HOLANDA, Sérgio Buarque (Org.). História geral da civilização brasileira. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2003. p. 187).
A partir do texto e com base no conhecimento sobre a Independência do Brasil, considere
as afirmativas a seguir assinalando V (verdadeiro) ou F (falso).
( ) Com a Independência, a economia brasileira passou por uma grande transformação,
destacando-se o aumento na exportação de produtos para os mercados europeus,
principalmente a Inglaterra.

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( ) O descontentamento com o governo imperial agravou-se com a Constituição de 1824


outorgada à nação, que restringia a participação popular e ampliava os poderes do
imperador.
( ) Apesar de alguns resultados no processo de industrialização em função das iniciativas do
Barão de Mauá, o Brasil imperial não se tornou uma economia industrial.
( ) A independência não alterou o modelo econômico agroexportador e escravista da
monarquia brasileira, nem seu papel de fornecedor de matéria-prima e consumidor de
produtos industrializados.
( ) Os interesses das elites portuguesas radicadas no Brasil não eram diferentes dos interesses
das elites locais, e isso favoreceu a grande mobilização social que resultou na Independência
do Brasil em setembro de 1821.
A sequência correta é
a) F, V, V, V, F.
b) F, V, F, V, V.
c) V, V, F, F, V.
d) V, F, V, V, F.
e) F, V, V, F, V.
(UNITINS 2017)
Com a Proclamação da Independência, as Cortes de Lisboa continuaram adotando medidas
que visavam a submeter a autoridade de D. Pedro I à corte portuguesa. A independência do
Brasil não podia mais ser adiada. No entanto, o processo de independência foi comandado
inteiramente pelas classes dominantes, que tinham como finalidade básica preservar a
liberdade do comércio e a autonomia administrativa do País. Dessa forma, pode-se afirmar
que:
I. O povo estava condenado a permanecer na mesma situação.
II. As injustiças socioeconômicas continuaram e a escravidão do negro foi mantida.
III. Os promotores da independência não tinham como projeto modificar as duras condições
de vida da maioria da população.
IV. Com a Proclamação da Independência, o povo brasileiro passou a desfrutar de plena
liberdade das injustiças cometidas pela coroa portuguesa.
V. O Brasil “independente” também não conquistou uma verdadeira libertação nacional, pois
saiu dos laços coloniais portugueses para cair na dominação capitalista da Inglaterra.
Está correta APENAS a alternativa:
a) II, III e IV
b) I, III e V
c) II, IV e V
d) I, II, III e IV
e) I, II, III e V
(UNICENTRO 2011)
A sobrevivência de princípios absolutistas na estruturação do Estado Monárquico brasileiro
pode ser comprovada
a) pela presença e atuação do Poder Moderador na política do Império.
b) pela assinatura das tarifas Alves Branco, que protegiam o mercado nacional.

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c) pelo investimento de capitais originários do tráfico de escravos na indústria.


d) pela promulgação da Lei de Terras, que beneficiava os pequenos agricultores.
e) pelo controle da imprensa por parte da Igreja Católica, com o apoio das instituições
municipais.
(UNICENTRO 2020)
Em relação aos aspectos apresentados no Brasil, ao longo do século XIX, marque V ou F,
conforme sejam verdadeiras ou falsas as afirmativas.
( ) Ordeiro e tranquilo, face à homogeneidade de sua formação social conquistada no
processo de independência.
( ) Alfabetizado e assistencialista, em decorrência das ações promovidas pela Igreja Católica
e pela comunidade de imigrantes.
( ) Ruralizado e escravocrata, em que prevaleciam os métodos de produção herdados do
Período Colonial.
( ) Desigual e elitista, por força das leis e das instituições que, de forma exclusiva, atendiam
aos interesses dos grupos dominantes.
( ) Democrático e inovador, ao defender, através do sistema parlamentarista, a liberdade de
imprensa e de religião.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a
A) F V F F V
B) F F V F V
C) F F V V F
D) V F V F V
E) V V F F F
(UEL 2017)
Sob o ponto de vista das ideias, foram diversas as correntes políticas que atuaram no período
regencial no Brasil (1831-1840).
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, os integrantes e suas posições político-
ideológicas.
a) Os cabanos situavam-se na região norte do país, eram administradores das províncias,
corporações do exército local e elite dos comerciantes portugueses; defendiam o retorno
da família imperial.
b) Os farroupilhas eram pequenos proprietários rurais e comerciantes, representavam o
setor mais conservador do grupo dos chimangos; postulavam o retorno da monarquia
com a imposição de medidas centralizadoras.
c) Os liberais exaltados eram proprietários rurais, integrantes do exército e classe média
urbana, que defendiam a descentralização do poder imperial e a autonomia das
províncias.
d) Os liberais moderados, ou chimangos, eram comerciantes portugueses, aristocratas e
integrantes da alta patente do exército, que defendiam a volta do ex-imperador e a
autonomia das províncias.
e) Os restauradores, ou caramurus, eram membros do setor rural abolicionista e intelectuais
da classe média; defendiam as reformas socioeconômicas que visavam à expulsão do ex-
imperador.

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(UEL 2013)
No contexto histórico das transformações ocorridas no século XIX, que envolveram questões
da identidade nacional e da política, no Brasil, após a abdicação de D. Pedro I, ocorreu uma
grave crise institucional. As tentativas de superação por meio das Regências provocaram uma
série de revoltas como a Sabinada (BA), a Balaiada (MA) e a Cabanagem (PA).
A superação da crise, que coincidiu com o fim do período regencial, deveu-se à
antecipação da maioridade do príncipe herdeiro
consolidação da Regência Una e Permanente.
formação e consolidação do Partido Republicano.
fundação das agremiações abolicionistas.
volta imediata de D. Pedro I às terras brasileiras.
(UDESC 2017) 4000034318
A abdicação de Dom Pedro I, em 1831, foi seguida por anos turbulentos, nos quais diferentes
grupos políticos defendiam distintos projetos para os destinos da nação. Neste período –
que, até a coroação de Dom Pedro II, é conhecido como “Período Regencial” diversas
revoltas eclodiram nas províncias e reivindicavam, especialmente, autonomia em relação ao
poder central. Assinale a alternativa que contém apenas os nomes das revoltas ocorridas
durante o “Período Regencial”.
a) Farroupilha, Cabanagem, Inconfidência Mineira, Revolta dos Malês.
b) Farroupilha, Sabinada, Balaiada, Cabanagem.
c) Inconfidência Mineira, Revolução Pernambucana, Conjuração Baiana, Sabinada.
d) Sabinada, Balaiada, Farroupilha, Coluna Prestes.
e) Cabanagem, Sabinada, Araguaia, Revolução Pernambucana.
(UDESC 2017)
Em 25 de março de 1824, Dom Pedro I outorgou a Constituição Política do Império do Brasil.
Em relação à Constituição de 1824, assinale a alternativa correta.

a) O Texto Constitucional foi construído coletivamente pela Câmara de Deputados,


votado e aprovado em 25 de março de 1824. Expressava os interesses tanto do partido
liberal quanto do partido conservador, para o futuro na nação que recém conquistara
sua independência.

b) A Constituição de 1824 instaurava a laicidade no território nacional, extinguindo a


religião católica como religião oficial do império e expressando textualmente que
"todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico, ou particular em
casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior do Templo."

c) A organização política instaurada pela Constituição de 1824 dividia-se em 4 poderes:


Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador, sendo que este último determinava a
pessoa do imperador como inviolável e sagrada.

d) A Constituição de 1824 determinou a cidadania amplificada e o direito ao voto para


todos os nascidos em solo brasileiro, independentemente de gênero, raça ou renda.

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e) A Constituição de 1824 promoveu, em diversos artigos, ideais de cunho abolicionista.


Tais ideais foram respaldo para movimentos políticos posteriores, tais como a Revolta
dos Farrapos e a Revolta dos Malês.

(UDESC 2017)
A abdicação de Dom Pedro I, em 1831, foi seguida por anos turbulentos, nos quais diferentes
grupos políticos defendiam distintos projetos para os destinos da nação. Neste período –
que, até a coroação de Dom Pedro II, é conhecido como “Período Regencial” diversas
revoltas eclodiram nas províncias e reivindicavam, especialmente, autonomia em relação ao
poder central.
Assinale a alternativa que contém apenas os nomes das revoltas ocorridas durante o “Período
Regencial”.
a) Farroupilha, Cabanagem, Inconfidência Mineira, Revolta dos Malês
b) Farroupilha, Sabinada, Balaiada, Cabanagem.
c) Inconfidência Mineira, Revolução Pernambucana, Conjuração Baiana, Sabinada.
d) Sabinada, Balaiada, Farroupilha, Coluna Prestes.
e) Cabanagem, Sabinada, Araguaia, Revolução Pernambucana.
(FACISB 2016)
“O Império brasileiro realizara uma engenhosa combinação de elementos importados.
Todas essas importações serviam à preocupação central que era a organização do Estado
em seus aspectos político, administrativo e judicial”.
(José Murilo de Carvalho. A formação das almas, 1990. Adaptado.)
Tal Estado tinha como funções
a) promover os princípios federalistas, dominantes entre as elites, e desenvolver uma
consciência nacional baseada nos valores liberais europeus.
b) alterar a estrutura econômica, então dependente do capital britânico, e criar uma corte
necessária à legitimação do poder político do imperador.
c) garantir a unidade política do país, contra as pretensões autonomistas, e manter a ordem
social fundamentada no latifúndio e na escravidão.
d) transformar a administração, por meio de uma burocracia culta, e estabelecer um sistema
jurídico defensor da igualdade e da liberdade social.
e) restringir a cidadania política, com a revogação do voto censitário, e favorecer a integração
de elementos culturais europeus, africanos e indígenas.
(UNITAU 2019)
“A conservação das línguas africanas era um dos aspectos mais importantes da vida dos
escravos longe de seus senhores. Quando se encontravam com seus conterrâneos nas ruas
e mercados, os escravos conversavam em ioruba, quicongo ou quimbundo. Os viajantes que
passavam por eles nas ruas notavam a tagarelice de línguas que não conseguiam entender.
Os anúncios de fugitivos mencionavam africanos que não falavam português. Muito
evidentemente eram novos africanos, mas havia também fugitivos que viveram muitos anos
no Rio sem aprender a falar português”.

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KARASCH, M. C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro. 1808-1850. São Paulo: Rio de
Janeiro, 2000, p. 293-294.
Sobre a conservação das línguas africanas pelos escravos no Brasil Império, é CORRETO
afirmar:
a) Os donos de escravos estimulavam o uso da língua materna para que, assim, fosse
dificultada a comunicação entre as diferentes etnias escravizadas.
b) Os africanos escravizados mantinham suas línguas maternas, porque chegavam ao Brasil
na idade adulta, o que dificultava o aprendizado da língua portuguesa.
c) A manutenção das línguas africanas no Brasil pode ser interpretada como um mecanismo
de reconstituição de e reforço das identidades africanas no estrangeiro.
d) Os africanos escravizados e libertos do Rio de Janeiro não sabiam ler e escrever o
português do período, porque pertenciam a culturas africanas iletradas.
e) As línguas africanas eram utilizadas apenas nos rituais e celebrações de origem africana,
como a umbanda, o candomblé e o calundu.
(UNITAU 2015)
A Revolta dos Malês, ocorrida na Bahia em 1835, foi caracterizada
a) pela luta em prol da separação da Bahia do Império Brasileiro, com o apoio dos escravos.
b) por ser a mais ampla e bem estruturada rebelião urbana de escravos no Brasil, e a única
liderada exclusivamente por negros.
c) por ser a primeira mobilização revolucionária realizada em Salvador, então capital do Brasil.
d) por ser a única rebelião que não resultou em castigo para os revoltosos realizada contra o
Império no Brasil.
e) por mobilizar escravos, negros libertos e comerciantes locais pela luta em prol da abolição
da escravatura no Brasil.
(UNAERP 2021)
As revoltas do período regencial ocorreram, sobretudo, nas capitais mais importantes do
Império, tendo como protagonistas as tropas e o povo. Tendo em vista as revoltas
provinciais, considere as afirmativas e assinale a opção correta.
1. A Guerra dos Farrapos, ou Farroupilhas, foi liderada pelos representantes da elite dos
estancieiros, criadores de gado da província do Rio Grande do Sul.
2. A Cabanagem ficou marcada pela conquista de Belém, capital do Pará, por uma tropa
composta de negros, mestiços e índios.
3. A Balaiada, a mais longa revolta popular ocorrida no Maranhão, ficou assim conhecida por
conta de um de seus principais líderes ter sido fabricante de balaios.
4. A Sabinada, liderada pelo jornalista e professor Sabino Barroso, defendia ideais
federalistas e republicanos, contando com integrantes da classe média e do comércio de
Salvador.
a) Somente 1, 2 e 3 estão corretas.
b) Somente 1, 2 e 4 estão corretas.
c) Somente 1, 3 e 4 estão corretas.
d) Somente 2, 3 e 4 estão corretas.
e) 1, 2, 3 e 4 estão corretas.
(UNAERP 2018)

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“Considerada pela historiografia uma das mais importantes rebeliões escravas ocorridas no
Brasil monárquico, este levante estourou na região de Pati do Alferes, termo de Vassouras,
em novembro de 1838. Revoltaram-se os escravos em importantíssima região da expansão
cafeeira no vale do Paraíba fluminense, e o fizeram num contexto politicamente tenso – o
período regencial, marcado por inúmeras revoltas de todo tipo: autonomistas, separatistas,
populares [...] Não chegou propriamente a ser erigido um quilombo [...], mas uma luta de
resistência de escravos que havia fugido de várias fazendas da região entre 6 e 10 de
novembro de 1838”.
VAINFAS, Ronaldo (Dir.). Dicionário do Brasil Imperial (1822-1889). Rio de Janeiro:
Objetiva, 2008, p.638-639. Adaptado.
O texto descreve a
a) Revolta dos Malês.
b) Revolta de Manuel Congo.
c) Revolta de Carrancas.
d) Revolta da Serra do Rodeador.
e) Revolta do Reino da Pedra Bonita.
(UNIRV 2018)
Em 1824, o imperador D. Pedro I outorgou a carta constitucional que formatou o Império do
Brasil. A respeito da mais duradoura Carta Magna brasileira, que definiu o ordenamento
jurídico do país por 65 anos, assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas.
a) ( ) A Constituição de 1824 era conhecida como “Constituição da Mandioca” devido ao
voto censitário, que definia a participação eleitoral no Império pelo nível de riqueza,
calculado inicialmente em alqueires de mandioca.
b) ( ) A Constituição de 1824 definia o Brasil como um Império Absolutista, no qual todos os
poderes concentravam-se em D. Pedro I, sem nenhuma representatividade democrática.
c) ( ) Apesar de simbolizar uma postura liberal com eleições e divisão de poderes, a
Constituição de 1824 instituía além dos 3 poderes um quarto poder, o Moderador, que
facultava ao imperador intervir na atuação dos outros poderes, garantindo um caráter
autoritário ao imperador.
d) ( ) A Constituição de 1824 estabelecia, através da divisão de poderes, um governo
extremamente liberal, dividindo o poder não em 3, mas em 4 partes, possibilitando uma
participação de todos os níveis da sociedade nas eleições, limitando os poderes do
imperador.
(UNIRV 2018)
Na primeira fase do Segundo Reinado, o imperador, ainda menor de idade, foi substituído
por regentes. Os nove anos de Regência (1831-1840) foram um período conturbado na
política imperial. A respeito dessa fase, assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as
alternativas.
a) ( ) Entre 1831 e 1834, o Brasil viveu uma complexa ”dança” partidária. Em 1831, os antigos
partidos Conservador e Liberal dão lugar ao Restaurador, Liberal Moderado e Liberal
Exaltado, para em 1834 reformularem-se como Regressista e Progressista e, então, voltarem
as duas denominações originais.

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b) ( ) A Constituição de 1824 previa que um imperador menor de idade deveria ser regido
por representantes eleitos diretamente por voto popular, com mandatos de 4 anos. Esse
modelo foi reestruturado no Ato Adicional de 1834, garantido o poder a três regentes
escolhidos pela Assembleia Geral pelo prazo de 3 anos.
c) ( ) O modelo de regência previsto pela Constituição Imperial de 1824 sofreu duas
importantes alterações durante a Regência; o Ato Adicional de 1834, que alternava a
regência de trina para una, substituindo a partilha de poder pelo revezamento, e o Golpe da
Maioridade (1840), antecipando a maioridade do imperador.
d) ( ) Duas medidas importantes na política interna foram a criação da Guarda Nacional, que
substituiria o exército na manutenção da ordem provincial, e do Código de Processo
Criminal, que instituía uma instância local para o poder judiciário, o Juiz de Paz.
(UEM 2016) 4000071115
Sobre o período regencial brasileiro (1831-1840), é correto afirmar que:
01) Os regentes tinham as atribuições do poder executivo, mas não as do Poder Moderador,
que eram exclusivas do imperador.
02) Ao longo do período regencial, ocorreram diversas rebeliões contra a ordem vigente,
tais como a Cabanagem, a Balaiada, a Revolta dos Malês e a Revolução Farroupilha.
04) O Ato Adicional de 1834 modificou a Constituição de 1824 com o objetivo de acabar
com a autonomia das províncias e dissolver as Assembleias Provinciais.
08) Em 1831 foi formada a guarda nacional que tinha como missão garantir a segurança dos
municípios e as fronteiras do país.
16) Durante o período regencial foi assinado o Convênio de Taubaté, para a construção da
estrada de ferro entre Rio de Janeiro e São Paulo.
(Uem 2011) 4000110382
Sobre as revoltas ocorridas no período imperial da história do Brasil, assinale o que for
correto.
01) A Cabanagem foi uma importante revolta que envolveu toda a região amazônica e se
estendeu aos territórios da Guiana Francesa.
02) A Sabinada foi uma revolta que ocorreu no Estado de Mato Grosso, entre 1850 e 1869,
e se estendeu por todo o Centro-Oeste do Brasil.
04) A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha se originou no Rio Grande do Sul e se
estendeu a territórios que fazem parte do atual Estado de Santa Catarina.
08) Mesmo com o grande número de revoltas que chegaram a ameaçar a unidade do País,
foi durante o período regencial que se consolidou o Estado Nacional.
16) A Balaiada foi uma revolta das elites maranhenses contra o poder imperial. Iniciou-se no
Maranhão e teve adesão das elites regionais dos atuais estados do Piauí e do Ceará.
(UEM 2016)
Sobre acontecimentos no Brasil, durante o século XIX, assinale o que for correto.
01) D. Pedro I dissolveu a Assembleia Constituinte em 1823 e outorgou uma Constituição no
ano seguinte, que consagrava uma centralização política e administrativa, fortalecendo assim
o seu poder.
02) A Revolta Farroupilha (1835-1845) foi liderada por proprietários de gado gaúchos que
reivindicavam maior autonomia política para a Província do Rio Grande do Sul.

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04) A Revolta dos Malês foi uma rebelião de escravos e de libertos ocorrida em Salvador em
1835. Os cativos que lideravam o levante eram conhecidos como malês, designação dada
aos africanos muçulmanos, com significativa presença na Bahia.
08) A abolição do tráfico negreiro no Brasil em 1850 não resultou em um maior
desenvolvimento econômico, uma vez que a quantidade de capitais empregada no negócio
de escravos era inexpressiva.
16) A Lei do Ventre Livre, aprovada em 1871, determinou que todos os filhos de escravas
nascidos a partir daquela data seriam livres. O Estado brasileiro assumiu, então, a iniciativa
de conduzir o processo de abolição de modo gradual para que a produção cafeeira não fosse
desorganizada com a repentina abolição da escravidão.
(UEM 2013)
Assinale a(s) alternativa(s) correta(s) sobre o processo histórico de apropriação e uso da terra
no Brasil.
01) Durante o período colonial, as terras pertenciam à Coroa, que as doava ou cedia o direito
de uso delas, visando à ocupação do território e à exploração agrícola.
02) No início da colonização portuguesa, predominava o cultivo de produtos agrícolas
tropicais em grandes propriedades monocultoras, com a utilização do trabalho escravo.
04) No período entre a extinção do sistema de Sesmarias até o estabelecimento da lei de
Terras, em 1850, o Estado imperial brasileiro não dispunha de instrumentos legais efetivos
de controle de acesso à terra.
08) A Lei de Terras de 1850 estabeleceu que os governos estaduais desenvolvessem projetos
de colonização, com o objetivo de atrair imigrantes estrangeiros e estabelecer a pequena
propriedade como novo modelo fundiário do País.
16) Com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, em 1808, D. João VI estabeleceu que
todas as terras que não cumpriam função social fossem desapropriadas e transformadas em
áreas de preservação ambiental.
(UEM 2012)
Sobre as revoltas ocorridas no período imperial da história do Brasil, assinale o que for
correto.
01) A Cabanagem foi uma importante revolta que envolveu toda a região amazônica e se
estendeu aos territórios da Guiana Francesa.
02) A Sabinada foi uma revolta que ocorreu no Estado de Mato Grosso, entre 1850 e 1869,
e se estendeu por todo o Centro-Oeste do Brasil.
04) A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha se originou no Rio Grande do Sul e se
estendeu a territórios que fazem parte do atual Estado de Santa Catarina.
08) Mesmo com o grande número de revoltas que chegaram a ameaçar a unidade do País,
foi durante o período regencial que se consolidou o Estado Nacional.
16) A Balaiada foi uma revolta das elites maranhenses contra o poder imperial. Iniciou-se no
Maranhão e teve adesão das elites regionais dos atuais estados do Piauí e do Ceará.
(UFSC 2020)
Texto 1
LEI DE 7 DE NOVEMBRO DE 1831

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Declara livres todos os escravos vindos de fora do Império, e impõe penas aos importadores
dos mesmos escravos. [...].
Art. 1o Todos os escravos, que entrarem no território ou portos do Brazil, vindos de fora,
ficam livres.
[...]
Art. 2o Os importadores de escravos no Brazil incorrerão na pena corporal do artigo cento e
setenta e nove do Código Criminal, imposta aos que reduzem á escravidão pessoas livres, e
na multa de duzentos mil réis por cabeça de cada um dos escravos importados, além de
pagarem as despesas da reexportação para qualquer parte da África [...].
Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-37659-7-
novembro-1831-564776-publicacaooriginal-88704-pl.html. Acesso em: 21 ago. 2019.
Texto 2
O tráfico de escravos, a despeito da proibição, trouxe ao Brasil cerca de 800 mil africanos
entre 1830 e 1856. À exceção dos emancipados que ficaram sob tutela, todos foram
vendidos e tidos como escravos graças à renovada conivência do governo imperial com a
ilegalidade. [...] as circunstâncias da aplicação da Lei de 1831 [...] desdobra-se na
identificação das estratégias, sempre renovadas, de proteção estatal aos detentores de
escravos importados por contrabando e dos mecanismos de legalização da propriedade
ilegal.
MAMIGONIAN, Beatriz G. Africanos livres: a abolição do tráfico de escravos no Brasil. São
Paulo: Companhia das Letras, 2017. p. 20, 23.
Texto 3
[...] os ensinamentos do passado ajudam a situar o atual julgamento sobre cotas universitárias
na perspectiva da construção da nação e do sistema político de nosso país. Nascidas no
século XIX, a partir da impunidade garantida aos proprietários de indivíduos ilegalmente
escravizados, da violência e das torturas infligidas aos escravos e da infracidadania reservada
aos libertos, as arbitrariedades engendradas pelo escravismo submergiram o país inteiro.
ALENCASTRO, Luis Felipe de. Parecer sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental, ADPF/186, apresentada ao Supremo Tribunal Federal.
Disponível em:
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/processoAudienciaPublicaAcaoAfirmativa/anexo/stf_alen
castro_definitivo_audiencia_publica.doc. Acesso em: 21 ago. 2019.
Com base nos textos acima e na história dos negros no Brasil, é correto afirmar que:
01. os Textos 2 e 3 demonstram que os estudos na área de História não ficam atrelados a
uma interpretação teórica positivista, pois ambos denotam que há intencionalidades na
produção dos dispositivos legais; no caso da Lei de 1831, forças políticas operaram para o
seu não cumprimento.
02. os Textos 1 e 3 demonstram que as cotas raciais nas universidades públicas não se
justificam, uma vez que os negros garantiram por lei direitos iguais aos dos brancos desde a
primeira metade do século XIX.
04. o Texto 2 afirma que mais de meio milhão de africanos foram submetidos, ilegalmente,
à condição de escravos com a conivência do Estado brasileiro.

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08. a Inglaterra exerceu forte pressão para o fim do desembarque de africanos em território
brasileiro; entretanto, as determinações da Lei de 1831 não foram respeitadas e ela ficou
conhecida como “lei para inglês ver”.
16. a abolição do trabalho escravo no Brasil, feita concomitantemente com a revolução no
Haiti, e o pequeno volume de africanos trazidos para o país impediram que a sociedade
brasileira ficasse com traços africanos.
32. enquanto a autora do Texto 2 defende o papel do Estado como garantidor do direito de
propriedade, o autor do Texto 3 afirma que os escravos, por não se submeterem à lei, fizeram
o país submergir na desordem.
64. os Textos 2 e 3 são complementares, visto que o primeiro relata a escravização ilegal de
africanos após a Lei de 1831 e o segundo aponta para a consequente exclusão social dessas
pessoas e as repercussões dessa exclusão na construção do país.
(UFSC 2016)
Sobre o Primeiro Reinado brasileiro (1822-1831), é CORRETO afirmar que:
01. o rápido crescimento econômico do país após a independência, baseado na consolidação
do café como principal produto nacional de exportação, garantiu a estabilidade política que
caracterizou o reinado de D. Pedro I.
02. ao estabelecer o sufrágio censitário, a primeira Constituição brasileira, promulgada em
1824, sustentava a tese liberal de que “todos os homens nascem livres e iguais”.
04. a Confederação do Equador, que eclodiu no Nordeste em 1824, foi um movimento
revolucionário de tendência liberal, separatista e republicana.
08. a oposição interna contra D. Pedro I reduziu-se com a conquista da província Cisplatina,
ocorrida após a guerra travada entre 1825 e 1828 que resultou na separação da República
da Banda Oriental do Uruguai.
16. após a ruptura definitiva com Portugal em setembro de 1822, grupos políticos alinhados
com a Corte portuguesa resistiram ao comando de D. Pedro I em algumas províncias do
império.
(URCA 2017)
“A despeito do intenso processo de industrialização, da maciça penetração de capitais
estrangeiros, da crescente presença de corporações multinacionais, do explosivo
crescimento urbano, da melhoria dos índices de alfabetização e das várias tentativas de
“modernizar” o país, feitas de um por sucessivos governos civis e militares, as palavras
amargas de um notável crítico literário e analista social, Silvio Romero, pronunciadas há mais
de um século, lamentando a dependência econômica em relação aos capitais estrangeiros e
a incapacidade da República de incorporar os benefícios do progresso à grande maioria da
população e de criar uma sociedade realmente democrática, soam ainda hoje verdadeiras.”
(COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República. São Paulo: Unesp, 2010, p. 9)
A nota à edição do Livro que Emília Viotti da Costa faz nos leva a perceber que existem
estruturas sistêmicas no Brasil que nos remetem a uma história de longa duração. Assim,
podemos corretamente afirmar sobre o Brasil pós independência que:

A) As elites brasileiras que tomaram o poder em 1822 compunham-se de fazendeiros,


comerciantes e membros de sua clientela, ligados à economia de exportação e interessados

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no rompimento das estruturas tradicionais de produção cujas bases eram o sistema de


trabalho escravo e a grande propriedade;
B) A presença do herdeiro da Casa de Bragança e de pouca capacidade de mobilização
política no Brasil permitiu a oportunidade de organizar um sistema político fortemente
descentralizado que permitia aos municípios e províncias intensa autonomia frente ao poder
central;
C) Dentro da tradição colonial, no pós independência, o Estado foi subordinado à Igreja e o
catolicismo mantido como religião oficial, ainda que fosse permitido o culto privado de
outras religiões;
D) Após a independência foi adotado o voto censitário que excluía a maior parte da
população;
E) No pós independência, o trabalho escravo foi mantido, mas foram superadas as relações
de poder baseadas na troca de favores e a patronagem foi substituída pela mobilidade social
com base no mérito.
(URCA 2020)
“A ruptura com Portugal, em 1822, iniciou longo período de discussões, confrontos e
definições acerca do liberalismo a ser implantado no país independente. A proliferação da
imprensa ampliou a difusão e o debate dos preceitos liberais, delineando-se, ao menos até
o início do Segundo Reinado, as principais características do liberalismo no Brasil. Durante
esse período, momentos de maior restrição política e de frustrações de expectativas geraram
descontentamentos e, por vezes, revoltas, lideradas por elementos das elites, como como
outros movimentos, de acento mais popular, que também eclodiram em várias partes do
país, principalmente durante as regências” (FONSECA, Thais Nivia de lima e. História &
Ensino de História. Belo Horizonte: Autêntica, 2003, p. 43).
Considerando o texto acima, assinale o que for correto sobre o que se sucedeu após a
independência no processo de formação do Estado Nacional Brasileiro.
A) Muitos movimentos que ocorreram após a independência se justificavam pela amplitude
ao direito de voto e abolição da escravidão propostas por D. Pedro I à Assembleia
Constituinte por ele convocada;
B) O primeiro reinado fundou práticas políticas típicas da elite política brasileira que se
mantiveram até o século XX, como à defesa da propriedade privada e da igualdade jurídica
e política;
C) O fato de os pensadores brasileiros serem absolutamente contrários ao pensamento
liberal gerou a cultura do cidadão produtivo e obediente às leis, mas impedido de exercer
seus direitos políticos;
D) Enquanto na Europa a preocupação era em manter os descendentes de escravos do
período feudal excluídos dos processos educacionais e culturais, no Brasil o problema que a
elite deveria enfrentar era a inclusão dos trabalhadores no sistema de ensino;
E) A exclusão social brasileira era marcada pela escravidão e por todas as implicações
jurídicas, econômicas, políticas e simbólicas que ela acarretava.
(UVA 2018)
Sobre a escravidão no Brasil do século XIX, não é correto afirmar:
a) Deixou como herança uma cultura de preconceito social.

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b) Foi a base de sustentação da economia brasileira no período.


c) Foi aceita sem contestação pelos cativos.
d) É uma violação dos direitos humanos.
(UVA 2014)
“Brasileiros! Salta aos olhos a negra perfídia, são patentes os reiterados perjuros do
Imperador, e está conhecida nossa ilusão ou engano em adotarmos um sistema de governo
defeituoso em suas partes componentes. As constituições, as leis e todas as instituições
humanas são feitas para os povos e não os povos para elas. Ela, pois, brasileiros, tratemos
de constituir-nos de modo análogo às luzes do século em que vivemos (...)”.
Leia as alternativas abaixo:
I – A Confederação do Equador foi resultado do enraizamento dos ideais liberais: república,
federalismo e abolição da escravidão.
II – O líder da Confederação do Equador foi o Pe. Antônio Feijó.
III – O movimento não obteve êxito por ser estruturalmente fraco, não contando sequer com
um projeto político.
Assinale:
a) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
c) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
d) se todas as afirmativas estiverem corretas.
(UECE 2018)
Atente ao seguinte fragmento da obra da historiadora Emília Viotti da Costa, a respeito do
processo de independência do Brasil:
“A ordem econômica seria preservada, a escravidão mantida. A nação independente
continuaria subordinada à economia colonial, passando do domínio português à tutela
britânica. A fachada liberal construída pela elite europeizada ocultava a miséria e a escravidão
da maioria dos habitantes do país. Conquistar a emancipação definitiva da nação, ampliar o
significado dos princípios constitucionais seria tarefa relegada aos pósteros”.
COSTA, Emília Viotti da. Introdução ao estudo da emancipação política do Brasil. In: MOTA, Carlos Guilherme (Org.). Brasil em
perspectiva. 16. ed. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1987. p.125.
Considerando o processo de independência do Brasil, assinale a afirmação verdadeira.
a) Não ocorreu nenhuma ocultação dos reais problemas sociais e econômicos do país após a
independência, já que a elite local buscou solucioná-los imediatamente.
b) Apenas ocorreu a independência econômica do Brasil, mas não a política, pois a elite
nacional europeizada submeteu-se aos interesses da Inglaterra.
c) Pelo fato de a monarquia ter sido logo adotada como forma de governo, a independência
não representou mudanças sociais significativas, pois estas ficariam a cargo de gerações
futuras.
d) Não houve acordo de independência com os Britânicos, que reagiram o quanto puderam
à independência do Brasil, já que ela representaria a real autonomia econômica do país.
(UECE 2018)
Entre 7 de abril de 1831 e 24 de julho de 1840, o Brasil foi governado por regentes. Isso
deveu-se à abdicação de D. Pedro I ao trono brasileiro em favor de seu filho que tinha então
cinco anos e quatro meses de idade. Esse Período regencial, de pouco mais de 9 anos, teve

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inicialmente duas regências trinas, e após um ato adicional, em 1834, que alterou o modelo
de regência previsto na Constituição Imperial de 1824, teve, também, duas regências unas.
Essa época da história brasileira foi marcada por
a) grandes avanços nos direitos sociais e uma maior unificação e pacificação interna, se
comparada aos períodos de governo dos dois imperadores.
b) acentuar o espírito republicano do povo brasileiro, o que levou à crise e queda imediata
da monarquia e à adoção da república como forma de governo.
c) várias rebeliões em províncias do norte, nordeste e sul do país, algumas delas com
objetivos separatistas e outras com caráter de defesa da monarquia.
d) efetivar o consenso entre restauradores e trabalhistas que se mantiveram no poder
alternadamente, mas não realizaram nenhuma inovação federalista no modelo monárquico
brasileiro.
(UECE 2017)
Observe o seguinte enunciado:
“Com a dissolução da Assembleia Constituinte, em 12 de novembro de 1823, aumentou a
insatisfação com o governo de D. Pedro I, sobretudo no Nordeste. Em 2 de julho de 1824,
em Pernambuco, Manuel Carvalho Paes de Andrade lança o manifesto que dá origem ao
movimento. Contudo, antes da manifestação ocorrida no Recife, apoiada por Cipriano Barata
e por Joaquim da Silva Rabelo (o Frei Caneca), ambos experientes revoltosos, a província do
Ceará já tinha sua manifestação contrária ao Imperador, ocorrida no município de Nova Vila
do Campo Maior (hoje Quixeramobim), em 9 de janeiro de 1824 e liderada por Gonçalo
Inácio de Loyola Albuquerque e Melo (o Padre Mororó)”.
O movimento ocorrido no Brasil durante o Império a que o enunciado acima se refere é
denominado
a) Revolução Pernambucana.
b) Revolução Praieira.
c) Contestado.
d) Confederação do Equador.
(UECE 2017)
Entre abril de 1831 e julho de 1840, durante o período em que o príncipe herdeiro, Pedro
de Alcântara, foi menor de idade, o Brasil esteve sob comando de regentes. As quatro
regências (duas trinas e duas unas) se seguiram durante nove anos que marcaram a nossa
história no século XIX.
Sobre esse período, é correto afirmar que
a) ocorreram avanços sociais inegáveis, como a abolição da escravatura e a concessão do
direito ao voto para os analfabetos, contudo ambos foram revogados com a chegada de D.
Pedro II ao trono.
b) foi um período de grande agitação social e política no qual ocorreram revoltas de escravos,
como a dos Malês, em Salvador e revoltas separatistas como a Cabanagem, no Pará, a
Sabinada, na Bahia e a Farroupilha, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
c) foi um período de grande paz interna, o que proporcionou um desenvolvimento
econômico e social sem precedentes, isso foi o que garantiu a D. Pedro II um governo
longevo de 49 anos que só acabou com sua morte em 1889.

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d) durante esses anos o país expandiu seu território, tendo anexado a Província Cisplatina e
o estado do Acre, definindo assim suas atuais fronteiras e sua posição de maior país da
América do Sul.
(UECE 2016)
No que concerne à Confederação do Equador de 1824, analise as afirmações a seguir, e
assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.
( ) A Confederação costuma ser considerada um prolongamento da Revolução
Pernambucana de 1817.
( ) As propostas liberais, republicanas e federativas serviram de bandeira política para os
insurretos.
( ) Os revoltosos propunham a organização de uma república nos moldes dos Estados Unidos
da América.
( ) A adesão dos segmentos populares foi fundamental para unir todos os revoltosos.
( ) A imprensa, infelizmente, atuou contra o movimento e nenhum jornal nas províncias
envolvidas quis apoiar a causa.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a) F, V, V, V, F.
b) V, F, F, V, V.
c) V, F, F, V, F.
d) V, V, V, F, F.
(UECE 2015)
Dentre as afirmações a seguir, assinale aquela que está INCORRETA no que diz respeito
à Confederação do Equador (1824).
a) A Confederação do Equador estava afinada com os ideais de federação que serviram de
base para a implantação da República dos Estados Unidos da América.
b) A revolta começou com a exigência de que o Presidente da Província de Pernambuco,
indicado por D. Pedro I, renunciasse ao cargo em favor do liberal Manuel de Carvalho Pais
de Andrade.
c) A Confederação do Equador uniu Pernambuco e as Províncias da Paraíba, Ceará e Rio
Grande do Norte.
d) Cedendo as forças de repressão comandadas pelo Brigadeiro Francisco Lima e Silva, após
cinco meses de resistência, os rebeldes se entregaram, sendo, por este motivo, anistiados.
(UECE 2015)
Aprovado em agosto de 1834, o chamado Ato Adicional propôs alterações à Constituição
brasileira de 1824. A principal delas se caracterizou por
a) conceder maior autonomia às Províncias.
b) substituir a Regência Una Pela Regência Trina.
c) manter e ampliar o poder do Conselho de Estado.
d) extinguir a vitaliciedade do Senado.
(UECE 2014)
O período historicamente conhecido como Período Regencial foi caracterizado
a) por rebeliões populares cujas ações exigiam o retorno da antiga realidade social com a
volta de Pedro I ao poder.

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b) pela promoção política e pela ascensão social dos setores menos favorecidos
proporcionadas pelos regentes.
c) por um conjunto de rebeliões populares que clamavam pelo estabelecimento da republica
e pelo final da escravidão.
d) pela convulsão política que desencadeou várias rebeliões que questionavam as estruturas
estabelecidas.
(UECE 2014)
No Brasil, o período que seguiu logo após a abdicação de D. Pedro I foi marcado por um
conjunto de crises. Observe o que é dito sobre o que ocorria nesse momento.
I. As diversas forças políticas lutavam pelo poder, e as reivindicações populares eram por
melhores condições de vida.
II. Os conflitos ocorridos representavam o protesto do povo contra a centralização do
governo, e eram marcados pela reivindicação por maior participação popular na vida política
do País.
III. As convulsões populares do período exigiam o reforço das antigas realidades sociais, bem
como a submissão das forças políticas ao poder central.
Está correto o que se afirma somente em
a) II e III.
b) I.
c) I e II.
d) III.
(UECE 2020)
A Guerra da Cisplatina, ocorrida entre 1825 e 1828, durante o Primeiro Reinado, foi um
elemento político importante e teve como consequência
A) a inclusão do território que hoje é o Uruguai como província do império após a invasão
das tropas brasileiras determinada por D. Pedro I.
B) o aumento do apoio popular ao Imperador D. Pedro I, pois a anexação da província de
São Pedro foi fator de desenvolvimento, devido a sua industrialização.
C) a criação de condições políticas positivas para garantir um acréscimo de tempo ao
governo de D. Pedro I até a maioridade de seu filho, D. Pedro II, em 1840.
D) a formação da República do Uruguai após intervenção inglesa no conflito para garantir o
equilíbrio entre o império brasileiro e as Províncias Unidas do Prata, hoje Argentina.
(UECE 2013) 4000113737
A abdicação de D. Pedro I possibilitou um novo arranjo político que, na historiografia, foi
denominado de
a) Período Regencial.
b) Primeiro Reinado.
c) Segundo Reinado.
d) República-Velha.
(UESB 2015)
Dom Pedro e esse estúpido grupo absolutista português não percebem que o mundo está
mudando. Na Europa, os liberais estão enchendo as praças e as ruas. Esses portugueses
querem forçar o Governo a se tornar monarquia absoluta. Para quem consegue ver mais do

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que um palmo diante do nariz, está presente uma situação que só se resolve pela revolução.
O Imperador não dá a menor atenção aos reclamos da opinião pública. Pois muito bem,
chegou a hora de os cidadãos brasileiros agirem. Chega de PedroI! (TAVARES, 2013, p. 15).
A análise do texto e do seu contexto histórico indica que, para se afirmar como ideologia
política do Brasil Monárquico, o liberalismo
01) anulou o perigo absolutista e adaptou-se à sociedade escravista e à união entre Igreja e
Estado.
02) serviu como bandeira para os movimentos vitoriosos que, no período regencial, exigiam
a completa liberdade para os escravos.
03) possibilitou a decretação da liberdade religiosa para todos os cultos existentes na
população.
04) fundamentou os programas sociais destinados a oferecer educação pública e gratuita
para meninos e meninas livres, libertos e escravos.
05) orientou a política externa do Império na direção das repúblicas sul-americanas,
afastando-se das alianças com as monarquias europeias.
(UESB 2015)
Com uma população bastante matizada, composta de brancos, mulatos das mais diversas
nuances de tons de pele e de negros recém-chegados da África, Salvador era uma ativa praça
comercial, que se movimentava intensamente através do trabalho exercido pelos negros. Na
sua labuta cotidiana, no vaivém pelas ruas e ladeiras estreitas da área urbana, seja na carga
e descarga de embarcações, seja no transporte de pessoas e mercadorias, estabelecidos em
certos pontos, esperando fregueses para comprar comidas ou artigos diversos, exercendo
diferentes ofícios artesanais, ou desempenhando as várias funções inerentes ao serviço
doméstico, o negro, livre ou escravo, esteve participando diretamente da execução das
diversas atividades econômicas da cidade.
(ANDRADE, 1988, p. 127-128).
A análise do texto e os conhecimentos sobre as formas de trabalho do africano escravizado
e seus descendentes, no Brasil Monárquico, permitem identificar o trabalho
01) urbano, realizado nos moldes da escravidão tradicional, e o trabalho dos escravos de
ganho, que desenvolviam diversas profissões, entregando grande parte de sua renda ao seu
senhor.
02) assalariado, desenvolvido pelos negros forros, aceitos como empregados em casas
comerciais e estabelecimentos industriais.
03) escravo no eito, voltado especificamente para a pecuária, a pesca e o extrativismo de
madeiras e drogas do sertão.
04) escravo nas lavouras dos quilombos, cujo produto era vendido nos mercados próximos
em benefício dos líderes das comunidades quilombolas.
05) doméstico, desenvolvido por crianças que, separadas dos seus pais, eram responsáveis
pelas tarefas cotidianas da casa.
(CÁSPER LÍBERO 2014)
“O Brasil Império foi marcado por forte influência europeia, em boa parte causada pela vinda
de ingleses, franceses e alemães. A publicidade produzida na época refletia, sobretudo, a
presença francesa. Eram comuns os anúncios – e até mesmo jornais inteiros, como a Gazeta

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Francesa e o Le Messager – escritos em francês. Por outro lado, os anúncios do início do


século XIX refletiam, de certo modo, a busca de sofisticação e requinte, inspirando-se em
países como a França. No entanto, eram bem ‘pouco sofisticadas’ as mensagens veiculadas
pelos anúncios de venda e compra de negros (...)”
Fonte: Sequência Didática Anúncio Publicitário, de autoria de Artigo de Opinião. PEIXOTO
BARBOSA, Jacqueline e outros. Material didático para o Projeto Ensino Médio em Rede –
SEE/SP. Adaptado.
O texto (a respeito da propaganda no Brasil do século XIX) permite compreender que a
sociedade da época
a) era plena de contrastes, mesclando estruturas modernas e arcaicas.
b) abandonava o escravismo em busca de um padrão europeizado de ser
c) utilizava a propaganda como forma de uniformizar os padrões sociais.
d) valorizava as estruturas rurais em detrimento da modernidade europeia.
e) adotava padrões sociais ingleses expressos no uso da língua britânica.
(PUCSP 2018)
Considere os fragmentos abaixo.
“Lei de 18 de Agosto de 1831”
"Cria as Guardas Nacionais e extingue os corpos de milícias, guardas municipais e
ordenanças. [...]”
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/ lei-37497-18-agosto-1831-56430
publicacaooriginal-88297-pl.html (texto adaptado)

“De tão conservadora, e atuante, ela criou uma tradição, estendendo a sua atuação até a
Primeira República, sobretudo nas áreas rurais do país.”
SCHWARCZ, Lilia e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Cia Das Letras, 2015, p. 24 8 .

Assinale a alternativa que situa CORRETAMENTE a criação da Guarda Nacional e as razões


de sua permanência até a Primeira República.
a) Em meio às disputas entre Moderados, Exaltados e Restauradores no Rio de Janeiro pelo
governo central da Regência, e da ocorrência de revoltas nas províncias, a Guarda Nacional
foi constituída pelas elites locais como força repressiva confiável, tornando-se uma das bases
do poder local até a chamada República Oligárquica.
b) Para garantir a ordem e conter as revoltas dos Restauradores partidários do retorno de D.
Pedro I, a Guarda Nacional foi constituída para enfrentar as Guardas Municipais formadas
por portugueses aliados aos proprietários rurais, o que garantiu um instrumento de repressão
eficiente até a Primeira República.
c) Com o objetivo de substituir as Ordenanças de origem portuguesa, responsáveis pela
guarda pessoal do imperador, a Guarda Nacional foi criada de acordo com o modelo francês
das milícias de cidadãos, e eram forças responsáveis por proteger pessoalmente os regentes
e, posteriormente, os presidentes da República.
d) De acordo com os interesses dos Moderados, Exaltados e Restauradores, aliados durante
todo o Período Regencial para garantir a unidade territorial do país, a Guarda Nacional foi
criada para apoiar o Exército na tarefa de garantir a segurança das fronteiras, o que explica
a sua atuação durante a República da Espada.

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(PUCCAMP 2016)
Considere o texto abaixo.
O universo ficcional de Machado de Assis é povoado pelos tipos sociais que se mesclavam
na sociedade fluminense do século XIX: proprietários, rentistas, comerciantes, homens
pobres mas livres e escravos. Cruzam seus interesses e medem-se em seus poderes ou em
sua falta de poder. É essa a configuração das personagens das obras-primas Memórias
póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro. A tragédia do negro escravizado está exposta
em contos violentos, e o capricho dos senhores proprietários dá o tom a narradores como
Brás Cubas e Bento Santiago, o Bentinho, que contam suas histórias de modo a apresentar
com ar de naturalidade a prática das violências pessoais ou sociais mais profundas.
(TÁVOLA, Bernardim da. Inédito).
Violências sociais abundaram no período regencial, momento em que eclodiram rebeliões
populares que foram duramente reprimidas, caso da
a) Guerra de Canudos, que implicou a resistência armada, na Bahia, de milhares de famílias
em torno do líder religioso Antonio Conselheiro, resultando em grande massacre.
b) Farroupilha, conflito iniciado no Rio Grande do Sul, que durou cerca de dez anos e foi
motivado pela revolta contra a política de impostos vigente e por anseios separatistas de
parte da elite.
c) Sabinada, originada no Maranhão, em regiões paupérrimas de cultivo de algodão e
protagonizada por trabalhadores livres e escravos, que contaram com apoio de parte da elite
local.
d) Guerra dos Palmares, conflito desencadeado pela repressão aos quilombolas liderados
por Zumbi dos Palmares, com apoio de pequenos agricultores da região de Alagoas.
e) Revolta da Chibata, que mobilizou um grande contingente de escravos revoltados contra
os maus tratos e a prática das chicotadas em praça pública, na cidade do Rio de Janeiro.
(PUCRJ 2004)
Ao estabelecer critérios para o exercício da cidadania, a Constituição brasileira de 1824 criou
limites à participação de diversos grupos sociais na organização política do Estado. Assinale
a opção que identifica corretamente revoltas e conflitos, ocorridos no Brasil, envolvendo
demandas desses grupos excluídos do exercício da cidadania.
a) Revoltas Liberais de 1842 e a Revolta de Manuel Congo.
b) Sabinada e a Confederação do Equador.
c) Balaiada e a Guerra dos Farrapos.
d) Revolta dos Malês e a Cabanagem.
e) Revolta dos Praieiros e a Revolta do Quebra Quilos.
(PUC-RS 2014)
Depois de declarada a Independência do Brasil, foi necessário dar uma ordenação legal ao
novo país por meio da sua primeira constituição. Sobre esse processo, é INCORRETO afirmar
que:
a) O primeiro projeto de constituição recebeu o nome de Constituição da Mandioca, porque
estabelecia que, para votar ou se eleger, a pessoa deveria comprovar uma renda mínima,
equivalente a determinada quantidade de alqueires plantados desse vegetal.

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b) A Assembleia Legislativa reunida em 1823 para elaborar a primeira Constituição do Brasil


foi dissolvida por D. Pedro I, por ter proposto um projeto que privilegiava os grandes
proprietários de terra e excluía os pobres da participação política.
c) A primeira Constituição do Brasil foi outorgada por D. Pedro I e estabelecia o voto
censitário e a formação de quatro poderes – Legislativo, Judiciário, Executivo e Moderador
–, ficando os dois últimos sob controle do Imperador.
d) A primeira Constituição brasileira, estabelecida em 25 de março de 1824, instituiu uma
monarquia hereditária no Brasil e o catolicismo como religião oficial do novo País,
subordinando a Igreja ao controle do Estado.
e) Instituído pela Constituição outorgada de 1824, o Poder Moderador garantia a D. Pedro I
o direito de nomear ministros, dissolver a Assembleia Legislativa, controlar as Forças
Armadas e nomear os presidentes das províncias, favorecendo a concentração de poderes
no Imperador.
(PUC-RJ 2004) 4000161931
Ao estabelecer critérios para o exercício da cidadania, a Constituição brasileira de 1824 criou
limites à participação de diversos grupos sociais na organização política do Estado. Assinale
a opção que identifica corretamente revoltas e conflitos, ocorridos no Brasil, envolvendo
demandas desses grupos excluídos do exercício da cidadania.
a) Revoltas Liberais de 1842 e a Revolta de Manuel Congo.
b) Sabinada e a Confederação do Equador.
c) Balaiada e a Guerra dos Farrapos.
d) Revolta dos Malês e a Cabanagem.
e) Revolta dos Praieiros e a Revolta do Quebra Quilos.
(FGV-SP 2018)
Em março de 1823, foi instalada a primeira Assembleia Constituinte do Brasil. A seu respeito,
é correto afirmar:
a) Estabeleceu a primeira Constituição brasileira, responsável pela organização política do
país com a manutenção da escravidão.
b) Estabeleceu o Poder Moderador como forma de garantir a participação do monarca
brasileiro.
c) Implementou o parlamentarismo, responsável pela estabilidade política do regime ao
longo do século XIX.
d) Foi dissolvida pelo monarca em meio às divergências das suas correntes políticas.
e) Ampliou o direito de voto a todos os homens livres nascidos no Brasil a partir da
Independência.
(FGV-SP 2017)
Sobre a regência do paulista Diogo Antônio Feijó, entre 1835 e 1837, é correto afirmar que
a) o regente conseguiu vencer a eleição devido ao apoio recebido dos produtores de
algodão do Nordeste, classe emergente nos anos 1830, o que possibilitou o combate às
rebeliões regenciais e o início do processo de centralização político-administrativa.
b) o apoio inicial que Feijó recebeu de todas as forças políticas do Império foi,
progressivamente, sendo corroído porque o regente eleito mostrou simpatia pelo projeto
político da Balaiada, que defendia uma Monarquia baseada no voto universal.

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c) a opção de Feijó em negociar com os farroupilhas e com a liderança popular da


Cabanagem provocou forte reação dos grupos mais conservadores, especialmente do
Partido Conservador, que organizaram a queda de Feijó por meio de um golpe de Estado.
d) o isolamento político do regente Feijó, que provocou a sua renúncia do mandato,
relacionou-se com a sua incapacidade de conter as rebeliões que se espalhavam por várias
províncias do Império e com a vitória eleitoral do grupo regressista.
e) as condições econômicas brasileiras foram se deteriorando durante a década de 1830 e
provocaram um forte desgaste da regência de Feijó, que renunciou ao cargo depois de um
acordo para uma reforma constitucional.
(FGV 2017)
Sobre a regência do paulista Diogo Antônio Feijó, entre 1835 e 1837, é correto afirmar que
a) o regente conseguiu vencer a eleição devido ao apoio recebido dos produtores de
algodão do Nordeste, classe emergente nos anos 1830, o que possibilitou o combate às
rebeliões regenciais e o início do processo de centralização político-administrativa.
b) o apoio inicial que Feijó recebeu de todas as forças políticas do Império foi,
progressivamente, sendo corroído porque o regente eleito mostrou simpatia pelo projeto
político da Balaiada, que defendia uma Monarquia baseada no voto universal.
c) a opção de Feijó em negociar com os farroupilhas e com a liderança popular da
Cabanagem provocou forte reação dos grupos mais conservadores, especialmente do
Partido Conservador, que organizaram a queda de Feijó por meio de um golpe de Estado.
d) o isolamento político do regente Feijó, que provocou a sua renúncia do mandato,
relacionou-se com a sua incapacidade de conter as rebeliões que se espalhavam por várias
províncias do Império e com a vitória eleitoral do grupo regressista.
e) as condições econômicas brasileiras foram se deteriorando durante a década de 1830 e
provocaram um forte desgaste da regência de Feijó, que renunciou ao cargo depois de um
acordo para uma reforma constitucional.
(FGV 2016)
“Chiquinha Gonzaga alinha-se a outras figuras femininas do Império (...) como a Imperatriz
Leopoldina e Anita Garibaldi. Todas as três, embora de diferentes maneiras, de diferente
proveniência social e, em diferentes épocas, desempenharam um papel político que,
certamente, contribuiu para as mudanças por elas defendidas e as inscreveu na História do
Brasil”. (Suely Robles Reis de Queiroz, Política e cultura no império brasileiro. 2010).
Em termos políticos, a Imperatriz Leopoldina, Anita Garibaldi e Chiquinha Gonzaga,
respectivamente:
a) atuou, ao lado de Dom Pedro e de José Bonifácio, no processo de emancipação política
do Brasil; participou da mais longa rebelião regencial, a Farroupilha; militou pela abolição da
escravatura e pela queda da Monarquia.
b) articulou a bancada constitucional brasileira na Assembleia Constituinte; organizou as
forças populares participantes da rebelião regencial ocorrida no Grão-Pará, a Cabanagem;
foi a primeira mulher brasileira a se eleger para o Senado durante o Império.
c) convenceu Dom Pedro I a assumir o trono português após a morte do rei Dom João VI;
defendeu a ampliação dos direitos de cidadania durante a reforma constitucional que
instituiu o Ato Adicional; liderou uma frente parlamentar de apoio às leis abolicionistas.

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d) participou como diplomata do Império brasileiro na Guerra da Cisplatina; foi a primeira


mulher a trabalhar como jornalista e romancista durante o Segundo Reinado; tornou-se uma
importante liderança política na defesa do fim do tráfico de escravos para as Américas.
e) articulou com os diplomatas ingleses o reconhecimento da Independência do Brasil junto
a Portugal; foi uma importante liderança militar no processo de Guerra de Independência da
Bahia; criou a primeira associação política em defesa do voto feminino no Brasil.
( FGV 2015)
Sobre as revoltas no Brasil na primeira metade do século XIX, é correto afirmar:
a) A Balaiada (1838-1840) manteve-se, até o final, dirigida pelas elites maranhenses.
b) A Cabanagem (1835-1840) e a Sabinada (1837-1838) foram revoltas restauradoras.
c) A Revolta dos Malês, em Salvador, (1835) é um exemplo de revolta popular.
d) A revolta dos Cabanos (1832-1835) foi uma revolta iniciada por populares e depois dirigida
por restauradores.
e) Todas as revoltas tinham como motivação a revogação da Lei de Terras e o livre acesso à
propriedade fundiária.
(FGV 2014)
A Farroupilha foi uma revolta
a)separatista, que contou com o apoio dos cafeicultores paulistas interessados no mercado
da região do Prata.
b)popular, que tinha como objetivo o fim da escravidão no Brasil e o rompimento com a
Inglaterra.
c)popular, cujos líderes foram duramente punidos com penas de exílio e enforcamento.
d)socialista, liderada por Giuseppe Garibaldi, que pretendia estabelecer uma reforma
agrária no Brasil.
e)separatista, que proclamou a República no Rio Grande do Sul, em 1836, e em Santa
Catarina, em 1839.
(FGV 2013)
A independência, porém, pregou uma peça nessas elites. Um ano após ser convocada, a
Assembleia Constituinte foi dissolvida e em seu lugar, o imperador designou um pequeno
grupo para redigir uma Constituição “digna dele”, ou seja, que lhe garantisse poderes
semelhantes aos dos reis absolutistas. Um exemplo disso foi a criação do Poder Moderador
(...) Mary del Priore e Renato Venancio, Uma breve história do Brasil
Esse poder
a) ampliava os direitos das Assembleias Provinciais, restringia a ação do Imperador no
tocante à administração pública e a ação do Senado.
b) permitia que o Imperador reformasse a Constituição por decreto-lei e que escolhesse
parte dos deputados provinciais.
c) sofria de uma única limitação institucional, pois o Estado brasileiro não tinha direito de
interferir nos assuntos relacionados com a Igreja Católica.
d) proporcionava ao soberano poderes limitados, o que permitiu alargamento da autonomia
política e econômica das províncias do Império.
e) oferecia importantes prerrogativas ao Imperador, como indicar presidentes de províncias,
nomear senadores e suspender magistrados.

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(FGV 2013)
A independência oficial do Brasil, prevalecendo sobre a libertação sonhada pelos patriotas
— para usar uma palavra em voga na época — frustrou grande parte da população. A
independência oficial sedimentou uma estrutura econômica e política herdada da Colônia,
pouco alterando a situação das massas e, por adotar um centralismo autoritário, pressionava
também o sistema político nas províncias. A oportunidade perdida de democratizar a prática
política, de um lado, e a insistência em manter inalterado o instituto da escravidão, de outro,
praticamente fizeram aflorar todo o anacronismo do Estado brasileiro, provocando várias
reações. Entre elas a Sabinada (...) (Júlio José Chiavenato, As lutas do povo brasileiro)
É correto caracterizar essa rebelião como
a) um movimento apoiado pelas camadas médias e baixas de Salvador, que tomou o poder
da cidade e separou a província da Bahia do resto do Império do Brasil provisoriamente até
a maioridade de D. Pedro de Alcântara.
b) a mais radical revolução social ocorrida no Brasil do século XIX, já que o governo sabino
foi efetivamente revolucionário, tendo como uma das primeiras ações a extinção do trabalho
cativo em terras baianas.
c) um episódio marcado pelo ingênuo republicanismo dos rebeldes baianos, derivado das
reformas políticas ocorridas nos Estados Unidos do presidente Monroe e que defendia o
poder advindo das classes populares.
d) uma rebelião elitista, apoiada nos setores da elite baiana — brancos, proprietários e
letrados —, que defendia o separatismo como forma de preservar os interesses econômicos
da mais rica província nordestina.
e) uma revolução liberal radical, inspirada no parlamentarismo inglês, que exigia a imediata
convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte e a proclamação de uma república
federalista.
(FGV/2009)
Observe o quadro.
O quadro apresenta:
a) as transformações institucionais originárias da
reforma constitucional de 1834, chamada de Ato
Adicional.
b) a mais importante reforma constitucional do
Brasil monárquico, com a instituição da eleição
direta a partir de 1850.
c) a reorganização do poder político,
determinada pela efetivação do Brasil como
Reino Unido a Portugal e Algarves, em 1815.
d) a organização de um parlamentarismo às
avessas, em que as principais decisões
derivavam do poder legislativo.
e) a organização do Estado brasileiro, segundo
as determinações da Constituição outorgada de 1824.

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4. GABARITO
1. E 34. D
2. A 35. E
3. D 36. C
4. E 37. A
5. C 38. C
6. D 39. C
7. C 40. D
8. B 41. B
9. D 42. D
10. B 43. D
11. A 44. A
12. E 45. D
13. A 46. C
14. C 47. D
15. C 48. A
16. A 49. 01
17. E 50. 01
18. C 51. A
19. B 52. A
20. C 53. B
21. C 54. D
22. B 55. B
23. E 56. D
24. B 57. D
25. V-F-V-F 58. D
26. V-F-V-V 59. D
27. 01+02+08=11 60. A
28. 04+08=12 61. C
29. 01+02+04+16=23 62. E
30. 01+02+04=07 63. E
31. 04+08=12 64. A
32. 01+04+08+64=77 65. E
33. 04+16=20

5. QUESTÕES COMENTADAS
(UNESP 2007)
Sobre as revoltas do Período Regencial (1831-1840), é correto afirmar que

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a) indicavam o descontentamento de diferentes setores sociais com as medidas de cunho


liberal e antiescravista dos regentes, expressas no Ato Adicional.
b) algumas, como a Farroupilha (RS) e a Cabanagem (PA), foram organizadas pelas elites
locais e não conseguiram mobilizar as camadas mais pobres e os escravos.
c) provocavam a crise da Guarda Nacional, espécie de milícia que atuou como poder militar
da Independência do país até o início do Segundo Reinado.
d) a Revolta dos Malês (BA) e a Balaiada (MA) foram as únicas que colocaram em risco a
ordem estabelecida, sendo sufocadas pelo Duque de Caxias.
e) expressavam o grau de instabilidade política que se seguiu à abdicação, o fortalecimento
das tendências federalistas e a mobilização de diferentes setores sociais.
Comentário
Pergunta no alvo: o que foram as revoltas regenciais. O bom dessa questão é que aborda os
aspectos gerais das revoltas determinadas em grande medida pelo contexto histórico e pela
conjuntura na qual aconteceram. Como ocorre em questões desse tipo, cada alternativa
expressa diferentes informações. Você deve estar atento à todas elas.
Antes de passarmos à análise de cada alternativa, lembre-se de que as assim chamadas Revoltas
Regenciais estiveram inseridas em um contexto em que a questão fundamental da distribuição de
poder oscilava entre a autoridade nacional no Rio de Janeiro e os governos provinciais. Dessa
forma, a questão da centralização x descentralização, o rechaço aos portugueses – principalmente
os “coimbrãos”, o conflito entre liberais e conservadores, as insatisfações populares, entre outras
questões, motivaram as rebeliões no Período Regencial (1831-1840).
Vejamos erros das alternativas:
a- Os regentes não fizeram medidas de antiescravistas.
b- A Cabanagem é uma revolta de caráter popular no Pará.
c- A Guarda Nacional não era uma milícia, mas uma espécie de força de segurança policial
que atuava regionalmente.
d- A única revolta mais duradoura e estrutural foi a Farroupilha.
e- Essa alterativa descreve a contento o contexto do período do fim do 1º. Reinado e
Regência: instabilidade política, fortalecimento da descentralização (federalismo) e
mobilização de diversos setores da sociedade desde a elite até as camadas populares.
Gabarito: E

(UNESP 2013)
A Revolução Farroupilha foi um dos movimentos armados contrários ao poder central no
Período Regencial brasileiro (1831-1840). O movimento dos Farrapos teve algumas
particularidades, quando comparado aos demais.
Em nome do povo do Rio Grande, depus o governador Braga e entreguei o governo ao seu
substituto legal Marciano Ribeiro. E em nome do Rio Grande do Sul eu lhe digo que nesta
província extrema [...] não toleramos imposições humilhantes, nem insultos de qualquer

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espécie. [...] O Rio Grande é a sentinela do Brasil, que olha vigilante para o Rio da Prata.
Merece, pois, maior consideração e respeito. Não pode e nem deve ser oprimido pelo
despotismo. Exigimos que o governo imperial nos dê um governador de nossa confiança,
que olhe pelos nossos interesses, pelo nosso progresso, pela nossa dignidade, ou nos
separaremos do centro e com a espada na mão saberemos morrer com honra, ou viver com
liberdade.
(Bento Gonçalves [carta ao Regente Feijó, setembro de 1835] apud Sandra Jatahy Pesavento.
A Revolução Farroupilha, 1986.)
Entre os motivos da Revolução Farroupilha, podemos citar
a) o desejo rio-grandense de maior autonomia política e econômica da província frente ao
poder imperial, sediado no Rio de Janeiro.
b) a incorporação, ao território brasileiro, da Província Cisplatina, que passou a concorrer
com os gaúchos pelo controle do mercado interno do charque.
c) a dificuldade de controle e vigilância da fronteira sul do império, que representava
constante ameaça de invasão espanhola e platina.
d) a proteção do charque rio-grandense pela Corte, evitando a concorrência do charque
estrangeiro e garantindo os baixos preços dos produtos locais.
e) a destruição das lavouras gaúchas pelas guerras de independência na região do Prata e a
decorrente redução da produção agrícola no Sul do Brasil.
Comentário
Foi um movimento de caráter elitista e republicano. Essa elite questionava a centralização do
poder no Rio de Janeiro e as imposições da Coroa quanto ao comércio de charque. Os assim
chamados estancieiros queriam condições mais favoráveis para o comércio de gado e para o
fortalecimento do charque no mercado brasileiro.
Agora atenção: no começo do movimento a reivindicação era a básica das revoltas regenciais:
maior autonomia frente o poder central. Mas com o passar do tempo e com a radicalização da
revolta, ela ganha maiores contornos a ponto de ter proclamado uma república. Por isso, é
considerada uma revolta republicana e separatista.
Veja que o texto expressa o momento inicial da Revolução quando os representantes dos rebeldes
exigindo direitos e maior autonomia, e não a separação.
Veja as alternativas:
a- Descrição exata do momento inicial da revolta, conforme o texto da questão.
Vejamos os erros das demais alternativas:
b- Não houve exigências de incorporação de território além das fronteiras nacionais.
c- Não havia uma tentativa de invasão da Espanha, sobretudo, porque o processo de
independência da região sul das ex-colônias também estava acontecendo.
d- A proteção do charque rio-grandense pela Corte era uma exigência e não um motivo que
fez a revolta eclodir.
Gabarito: A

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(UNIVESP 2017)
Leia o texto para responder à questão.
“O governo imperial [...] esmagou a nossa principal indústria, vexando-a ainda mais. [...]
Repetidas reclamações de nossa parte sobre este assunto foram constantemente
desprezadas pelo governo imperial [...]. Um só recurso nos restava, um único meio se oferecia
à nossa salvação; e este recurso e este meio único era a nossa independência política e o
sistema republicano [...].”
Manifesto dos Farrapos, Piratini, 1838. In: PESSOA, R.C. A ideia republicana no Brasil
através dos documentos. São Paulo: Alfa-Ômega, 1973. pp.21-31.
A Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul, foi a mais longa
rebelião do Brasil Império, estendendo-se de 1835 a 1845.
Entre as causas da insatisfação dos rebeldes, estava
a) o movimento migratório promovido pelo governo imperial, que deslocou contingentes de
população do Norte e do Nordeste para o Rio Grande do Sul e para Santa Catarina.
b) a expropriação das fazendas de algodão para fins de reforma agrária, atendendo à
demanda dos imigrantes europeus recém-chegados à região.
c) o projeto republicano defendido por políticos do Sudeste e contestado pelos gaúchos,
beneficiados pelas políticas imperiais.
d) o aumento dos impostos sobre o gado, a terra e o sal, que afetou os negócios dos
pecuaristas gaúchos.
e) a manutenção da escravidão no Brasil, considerada um obstáculo ao desenvolvimento da
indústria no Sul do país.
Comentários
Vejamos, o enunciado já nos informa elementos importantes para contextualizar a questão. O
tema é a Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul, entre 1835 a 1845. Nessa época, o Brasil era
administrado por regentes e, apenas em 1840, o imperador D. Pedro II assumiu o poder. Ainda
assim, era extremamente difícil manter a unidade do país. Era quase impossível conciliar os
interesses das diversas elites regionais e manter o povo pobre e os escravizados sob controle. Em
razão disso, inúmeras revoltas eclodiram por todo o Império, algumas mais populares, outras mais
elitistas. No caso da Revolução Farroupilha, o movimento era protagonizado por uma oligarquia
formada por pecuaristas. Isso afetou até a forma como o governo lidou com essa revolta. O
conflito foi extenso e demorado, permeado de negociações e acabou em acordo, em uma espécie
de armistícios. As demandas dos rebeldes foram parcialmente atendidas e, assim, se submeteram
ao poder imperial novamente. Sabendo disso, vejamos qual alternativa apresenta corretamente
as causas da insatisfação dos rebeldes:
a) Incorreta. Não houve um plano desses por parte do governo imperial. De qualquer forma era
interessante para as elites de regiões povoadas que houve migração de trabalhadores para
servirem de mão de obra em suas propriedades.
b) Incorreta. O governo imperial nunca teve como objetivo fazer uma reforma agrária. Mesmo
quando foi debatida e aprovada a Lei de Terras de 1850, os grandes proprietários foram os mais
favorecidos em detrimentos dos libertos e dos imigrantes pobres.
c) Incorreta. Na verdade, tratava-se do contrário. Eram os gaúchos que defendiam um projeto
republicano, pois se viam prejudicados pelas políticas imperiais ditadas do Sudeste. Essa elite

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pecuarista gaúcha questionava a centralização do poder no Rio de Janeiro e as imposições da


Coroa quanto ao comércio de charque. Os assim chamados estancieiros queriam condições mais
favoráveis para o comércio de gado e para o fortalecimento do charque no mercado brasileiro.
d) Correta! Foi o que acabei de explicar na justificativa da letra “c”.
e) Incorreta. Não havia interesse dos rebeldes em abolir a escravidão. Inclusive, vários deles
possuíam cativos, apesar de não nas mesmas quantidades que as zonas açucareiras do Nordeste
e do Sudeste.
Gabarito: D
(UEA – 2008)
“No Grão-Pará, agitado desde a Revolução do Porto, ocorria a revolta dos cabanos – a
Cabanagem – que se distinguiria dos demais movimentos do período pela amplitude que
assumiu, chegando a dominar o governo da província por alguns anos.” (Ilmar Rohloff de
Mattos, História do Brasil Império.)
A respeito da Cabanagem, assinale a afirmativa correta.
(A) Os descendentes de índios não participavam de nenhuma forma de manifestação política
e foram apenas utilizados nos conflitos entre os grandes fazendeiros.
(B) A ordeira massa dos cabanos, sem qualquer experiência anterior em conflitos, foi usada
pelas tropas do governo imperial contra os fazendeiros locais.
(C) A Cabanagem foi o conflito em que os fazendeiros paraenses, reagindo às intervenções
do Poder Moderador, exigiram a extinção do Conselho de Estado.
(D) A Cabanagem foi um conflito social semelhante à Balaiada, em que a participação das
forças oligárquicas foi sempre secundária.
(E) O Ato Adicional deu grande poder à oligarquia dominante, provocando a reação armada
da oligarquia oposicionista, que recorreu às lideranças radicais e atraiu para o conflito a
massa cabana.
Comentários:
A Cabanagem foi um movimento feito pela população mais pobre da região do Pará (os
cabanos), com o auxílio da oligarquia liberal, que estava insatisfeita com as medidas tomadas
pelo Governo Central. Os líderes oposicionistas, na época, queriam mais autonomia para
administrar a região do Grão-Pará, e o povo, que passava por uma enorme crise alimentícia,
queria melhores condições sociais. Nisso, em 1835, um motim organizado pelo fazendeiro Félix
Clemente Malcher e Francisco Vinagre prendeu e executou o governador Bernardo Lobo de
Sousa (subordinado ao poder dominante).
Essa tomada de controle do poder pelos Cabanos, sofreu uma série de ataques militares
promovida pelo governo regencial, a fim de recuperar a região. Porém a revolta se estendeu
com os revoltosos fugindo para a floresta, dificultando o conflito com os militares. Essa guerra
durou até meados de 1840.
Assim, verifiquemos qual alternativa está correta:

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A) Incorreto. O movimento foi um dos que mais englobaram pessoas de diversas camadas
sociais, dentre elas, boa parte dos cabanos eram de descendentes de grupos indígenas.
B) Incorreto. Ao contrário, a massa cabana foi usada pelos poderes locais contra o governo
imperial.
C) Incorreto. Os fazendeiros exigiam a volta do Conselho de Estado, por ser um grupo de
pessoas que auxilia o imperador nas tomadas de decisões nas diversas regiões do Império.
D) Incorreto. A força oligárquica teve um papel importante na Cabanagem, a partir do momento
que ajudou na organização dos Cabanos, para que estes se revoltassem contra o poder
imperial.
E) Correto. Como mencionado nos comentários, a Cabanagem reuniu lideranças de diversas
camadas sociais, indo desde a oligarquia dissidente até pessoas ligadas as camadas mais pobres
da população.
Gabarito: E

(UEA - 2003)
História Regional – Império
Assinale a alternativa que situa corretamente o movimento cabano na crise da Regência.
(A) Uns começavam a temer a violência crescente e a pobreza das massas, como Clemente
Malcher, que pretendeu manter a vinculação ao Império e permanecer no poder
indefinidamente.
(B) Os poderes legislativos dados à situação pela recente alteração constitucional induziram
as facções regionais de oposição a se aproveitarem politicamente das indefesas massas
populares, como na Cabanagem.
(C) No movimento cabano, alguns, como o Cônego Batista Campos, esperavam fazer a
maioria na Assembleia Legislativa Provincial recém-criada, para obter as reformas que
defendiam.
(D) A instabilidade econômica, social e política da Amazônia nos anos posteriores à
independência originava-se do agravamento da subordinação da elite local aos interesses
britânicos desde o Ato Adicional de 1831.
(E) O movimento cabano, apesar de abolicionista, foi a continuação da guerra de
independência, também reprimida por esquadra britânica.
Comentários:
O movimento Cabano foi uma guerra iniciada na província do Grão-Pará, exigindo a
separação da região do território brasileiro. Ela se iniciou por dois principais fatores:
descontentamentos das elites locais com a política nacional exercida pelo governo federal
sobre a região e pela enorme crise financeira que as camadas mais pobres estavam
enfrentando com as altas dos impostos e da inflação na economia. Isso ajudou a promover
uma união parcial entre diversas camadas, em uma revolta que foi uma das que mais
contaram com o apoio da população local.
Diante disso, analisando as alternativas:

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A) Incorreto. Clemente Malcher foi um dos líderes da rebelião que pediu a separação da
região do Brasil, mas que posteriormente traiu o movimento se aliando ao governo
regencial.
B) Incorreto. As massas populares tiveram o apoio em um primeiro momento de alguns
membros das elites locais, mas o movimento em um todo se tratou de um dos mais
populares e insurgentes que surgiu no Império, durante o período Regencial.
C) Correto. Batista Campos, um dos defensores de uma maior autonomia política do Grão-
Pará, acreditava que teriam uma vitória na Assembleia Legislativa Provincial. Fato que não
ocorreu e que desencadeou o aumento das insatisfações locais, que culminou na morte
do presidente da Província, aliado do governo central.
D) Incorreto. Os ingleses ofereceram ajuda nas negociações do conflito, porém entraram ao
lado do governo regencial, como mercenários contratados, para acabar com o
movimento cabano.
E) Incorreto. O movimento Cabano não foi uma continuação da Guerra de Independência
do Brasil, contra Portugal.
Gabarito: C
(UEA - 2002)
História Regional – Império
“Examinando-se o movimento no que ele expressa como explosão de multidões mestiças e
indígenas da Província, contra a vida e a propriedade dos que desfrutavam de poder político,
econômico e projeção social, compreende-se que a Cabanagem não pode ser inscrita na
história nacional como um episódio a mais de aspiração meramente política.” (A. C. F. Reis)
Assinale a alternativa que melhor caracteriza a Cabanagem.
(A) A participação intensa das massas de origem indígena na Cabanagem do Pará deveu-se
à inexistência de agricultura de exportação na região e à ausência completa de negros.
(B) A Cabanagem era um risco maior para os imperialismos do que para a unidade política
pretendida pelo Império brasileiro, como atestam as seguidas intervenções americanas e
britânicas no Grão-Pará.
(C) A Cabanagem não pode ser inscrita na história nacional como um episódio político, pois,
por se tratar de uma sublevação generalizada no Pará, foi um fato militar e, no máximo,
social.
(D) A Cabanagem começou como um conflito entre setores oligárquicos do Pará durante a
Regência, mas, pelas condições socioeconômicas da região Norte e devido à participação
popular intensa, converteu-se em autêntica rebelião social.
(E) O desfecho da Cabanagem, com perseguição feroz e massacre dos cabanos, deveu-se
mais à excitação e ao ódio dos mercenários estrangeiros do que ao ódio de classe das elites
brasileiras contra os pobres e não-brancos derrotados.
Comentários:
O movimento da Cabanagem, foi um movimento que ocorreu durante o período regencial.
Ele se originou devido a uma rebelião na província do Grão-Pará. Nessa época, o governo
brasileiro acabava de declarar um período regencial, devido a menoridade do herdeiro ao trono
brasileiro, após a abdicação de Dom Pedro I em favor de seu filho. Isso causou diversas revoltas

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espalhadas pelos territórios brasileiros, incluindo a cabanagem. A revolta iniciou-se com a


insatisfação políticas pelas elites locais, que além de possuírem laços íntimos com a coroa
portuguesa, achava que o governo brasileiro havia os abandonado. Atrelado a isso, populares
exigiam por melhores condições de moradia e vida. Dessa forma, com o apoio de diversas
camadas sociais diferentes, se iniciou o movimento da Cabanagem, que lutava pela independência
da região do território brasileiro. Essa guerra se estendeu de 1835 há 1840. No meio dela, traições
e mortes marcaram a insurreição, dizimando cerca de 40% de toda a população do local. Porém,
o governo brasileiro conseguiu estabilizar a situação, mandando chefes do exército para a região
com o intuito de dizimar os opositores. Sabendo disso, vamos as questões:
A) Incorreta. Tanto a agricultura de exportação, quanto a participação de negros na revolta,
marcou presença na Revolta.
B) Incorreta. O território nacional não foi invadido por esses países durante esse período. Além
disso, os motivos que causaram as repreensões e as mortes em massa, pelo governo brasileiro, se
deram justamente pelo fato dele ter procurado manter a unidade política em todo o território
nacional.
C) Incorreta. Pois o movimento além possuir um caráter social e militar, também possuía um viés
político, haja vista que os revoltosos queriam se separar do Brasil.
D) Correta. Mediante ao exposto nos comentários
E) Incorreta. Não se tratou de uma revolta de mercenários estrangeiros, e sim da população local
que abrigava esse local.
Gabarito: D
(UEA – 2009 / Segunda Fase)
O período regencial da história do Brasil foi agitado por uma série de rebeliões contra o
governo central. A revolta dos Cabanos ocorrida no Pará, a partir de 1833, distinguiu-se no
interior destes movimentos pelo fato de ter
(A) contado com a participação de escravos negros.
(B) sido duramente reprimida pelo governo.
(C) dominado o governo da província por alguns anos.
(D) recorrido à ajuda de países americanos vizinhos.
(E) sido liderada por membros da elite econômica local.
Comentários:
A Cabanagem (1835-40), como ficou conhecida, foi um movimento político ocorrido na
região do Grão-Pará no Período Regencial. Nessa época diversas rebeliões ocorreram no Brasil
e muitos lugares tentaram se separar, dado que o imperador D. Pedro I fugiu para Portugal, e
deixou seu filho menor de idade para ser o novo imperador quando atingisse a maioridade.
A região Norte, não foi diferente. Com uma população local passando por uma enorme
crise de fome, devido ao aumento do preço dos alimentos, muitos se encontravam na miséria.
Junto a isso, a oligarquia dissidente não estava satisfeita com o autoritarismo do governo
central, e com a falta de investimentos do Estado brasileiro sobre a região. Então, mediante a
essa situação, algumas lideranças populares e oligárquicas fizeram uma aliança a fim de destituir
o governador-geral, e colocar em seu lugar um representante local no controle da província. A

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revolta foi bem sucedida e os cabanos (maioria formado por indígenas, negros e homens livres)
declararam a independência, porém logo o movimento se enfraqueceu devido a traições e
desmantelamento da unidade entre as diversas classes sociais que compunham o movimento,
restando ao final da guerra somente os cabanos que fugiram para as matas resistindo
bravamente ao exército imperial até 1840.
Em vista disso, as alternativas estão:
A) Incorreta. Havia muitos poucos escravos negros nessa província.
B) Incorreta. Foram reprimidos principalmente os cabanos, porém a oligarquia se rendeu e traiu
o movimento a favor do Governo Regencial.
C) Correta. Félix Clemente Malcher, Francisco Vinagre e Eduardo Angelim, líderes dessa
revolta, foram os presidentes da província durante os dois governos cabanos.
D) Incorreta. O governo brasileiro tratou desse assunto sem necessitar do auxílio de nenhum
país aliado ao Império. O mesmo ocorreu com os revoltosos.
E) Incorreta. O movimento teve líderes representantes das pequenas propriedades e dos
cabanos, como as figuras mencionadas acima, além de Quintiliano Barbosa, Antônio Vinagre,
entre outros.
Gabarito: C
(PISM 2017)
Leia atentamente o texto abaixo e em seguida responda:
“O Ato Adicional de 1834 reformou a constituição em sentido descentralizante. Criou as
assembleias provinciais, concedendo mais poder às províncias, e aboliu o Conselho de
Estado. À maior descentralização seguiu-se um recrudescimento dos conflitos e revoltas
provinciais. Nunca houve período mais conturbado na história do Brasil.”
CARVALHO, J. M. D. Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 36.
As revoltas ocorridas durante o período regencial expressavam um grande
descontentamento com o projeto centralizado de Estado, liderado pelas elites enraizadas na
Corte. Sobre as revoltas regenciais é CORRETO afirmar que:
a) os revoltosos eram formados, exclusivamente, por grandes proprietários de terra que
disputavam entre si o direito de maior representatividade e projeção no cenário nacional.
b) em sua maioria, as revoltas regenciais ameaçavam a unidade do Império por meio de
reinvindicações que poderiam levar à fragmentação do território em pequenas repúblicas.
c) índios e africanos foram os grupos sociais que representaram maior resistência aos
movimentos revoltosos, lutando ao lado do governo imperial.
d) a luta contra a escravidão era uma reivindicação comum a todas as revoltas que ocorreram
no período, representando o início das manifestações abolicionistas no país.
e) o sucesso dos conflitos armados contribuiu para que as províncias alcançassem maior
autonomia administrativa e suas elites pudessem implementar projetos políticos baseados
no federalismo.
Comentários
Podemos identificar facilmente o tema, tempo e espaço da questão no enunciado. Trata-se das
revoltas ocorridas durante o período regencial no Brasil, que se deu entre 1831 a 1840. As assim
chamadas Revoltas Regenciais estiveram inseridas em um contexto em que a questão fundamental
da distribuição de poder oscilava entre a autoridade nacional no Rio de Janeiro e os governos

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provinciais. Dessa forma, a questão da centralização x descentralização, o rechaço aos


portugueses, o conflito entre liberais e conservadores, as insatisfações populares, entre outras
questões, deram motivos para rebeliões no Período Regencial. Por seu turno, o Ato Adicional de
1834 mencionado no texto foi uma tentativa dos regentes em amenizar as tensões políticas. A
medida reformou a Constituição de 1824, concedendo certa autonomia às províncias, pois
permitiu que cada uma contasse com sua própria Assembleia e orçamento próprio. Essa mesma
reforma constitucional retirou uma das principais atribuições do Poder Moderador, qual seja, o de
dissolver a Câmara. Todavia, isso não foi o suficiente para dar fim às rebeliões que continuaram se
alastrando pelo território nacional. Com isso em mente, vejamos o que é correto afirmar sobre as
revoltas regenciais:
a) Incorreta. Realmente, os grandes proprietários de terra estiveram envolvidos em várias revoltas
desse período, com o objetivo de disputar maior representatividade e projeção no cenário
nacional. Contudo, não eram só eles, outros setores da sociedade também participaram em vários
casos como na Cabanagem, no Pará; a Balaiada, no Maranhão; a Sabinada e a Revolta dos Malês,
na Bahia.
b) Correta! O principal objeto de disputa na maioria das revoltas era a unidade ou não do território
nacional, visto que havia um dissenso acerca da forma de organização do Estado (centralizador ou
federalista) e da forma de governo (monarquia ou república). Mais de uma revolta chegou a
promover a independência local e a instalação de repúblicas, como a Farroupilha, no Rio Grande
do Sul e Santa Catarina, e a Sabinada, na Bahia. De qualquer forma, todas elas ameaçam a unidade
nacional, de forma mais ou menos explicita.
c) Incorreta. Na verdade, esses setores da sociedade brasileira frequentemente estavam ao lado
dos revoltosos quando não liderando a própria revolta. Casos emblemáticos de liderança de
africanos escravizados é o da Revolta dos Malês, em Salvador, em 1835. Entretanto, indígenas e
negros também foram integrantes importantes na Cabanagem (1835), no Pará, e na Balaiada
(1838-1841), no Maranhão.
d) Incorreta. O fim da escravidão não era um consenso na maioria das revoltas do período,
sobretudo naquelas em que havia adesão das elites locais cujos negócios eram fundamentados na
exploração de mão de obra escravizada. Rebeliões como a Sabinada (1837-1838), na Bahia, e a
Balaiada (1838-1841), no Maranhão, foram compostas por variadas camadas sociais que tinham
interesses divergentes. Nessas experiências, houve uma sobreposição entre os vários grupos
integrantes que tinham aspirações distintas. A oposição ao poder central e suas instituições o unia
em um mesmo movimento. Todavia, havia pautas que era inconciliáveis e se explicitavam
conforme o movimento era momentaneamente vitorioso, como a escravidão, frequentemente
tema de discórdia.
e) Incorreta. Algumas revoltas tiveram ganhos parciais para as províncias envolvidas, como no caso
da Revolução Farroupilha (1835-1845), no Sul, que conseguiu que o governo passasse a sobretaxar
em 25% o charque importado para incentivar o charque gaúcho. No entanto, o Ato Adicional de
1834 foi o máximo de autonomia que as províncias tiveram em termos institucionais. O federalismo
não foi implementado de forma alguma.
Gabarito: B
(UFRR 2017)
Texto I.

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“...na cidade de Óbidos, em 11 de janeiro de 1854 [...] Raimunda, “24 anos de idade, crioula,
bem retinta, um tanto baixa, bem figurada, muito humilde” [...] estava fugida com seu
companheiro José Moisés, “de 26 anos de idade, cafuz bastante fornido do corpo, estatura
regular, mal-encarado, olhos pequenos, e fundos”. Os dois fugiram com a ajuda do forro
Antônio Maranhoto, natural do Maranhão que [...antes] “foi marinheiro de embarcação de
guerra”[...]. Em fevereiro de 1861, a escrava Benedita, “cafuza, natural de Óbidos, com falta
de dentes na frente, cabelos cacheados, cheia de corpo, cara risonha” fugiu na companhia
do soldado mulato Francisco Lima. Levou uma rede nova, um balaio e um baú de cedro
contendo “um par de chinela, um fio de conta de ouro, uma camisa de chita amarela, uma
saia de cambraia branca com três folhos e duas camisas brancas”. Em abril do mesmo ano, a
escrava Maria, “crioula retinta, magra, alta, olhos e beiços grandes” fugiu com Hipólito,
“crioulo bem retinto, barbado, falta de dentes na parte superior”. Maria e Hipólito fugiram
pouco tempo depois do falecimento de seu senhor Antônio Guerra, diretor de índios no rio
Madeira. A viúva pedia sua captura e ainda oferecia 100 mil réis de recompensa por cada
escravo.” CAVALCANTI, Y.R.O; SAMPAIO, P.M. Histórias de Joaquinas, Mulheres,
Escravidão e Liberdade (Brasil, Amazonas: séc. XIX). Revista Afro-Ásia, 46. p.97-120.
Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/afro/n46/a03n46.pdf>
Durante o Período Regencial, a atuação política dos partidos Liberal e Conservador não
impediu ocorrência de diversos conflitos, entre eles a Cabanagem, que envolveu a população
civil, políticos influentes e as forças militares leais aos governos regenciais, entre 1835 e 1840.
Sobre esse contexto pode-se afirmar, EXCETO:
A) Ribeirinhos, negros, índios, mestiços e brancos compuseram, em diferentes escalas, a
enorme massa de mortos em consequência da Cabanagem;
B) Fugas e deserções como as descritas no texto I demonstravam o descontentamento
popular e a resistência aos serviços forçados, fatores que fomentaram a participação de
mestiços e negros na Cabanagem;
C) Os governos regenciais não eram considerados representativos dos interesses de
fazendeiros e comerciantes do Norte, desejosos de maior participação política na
organização do Império;
D) A exemplo do que aconteceu em Minas Gerais, o partido Conservador do Grão-Pará não
aceitou a posse de D. Pedro I depois da independência e esse foi o estopim do conflito, que
terminou sem derramamento de sangue;
E) O Período Regencial trouxe mudanças na legislação que demonstram a limitada
participação popular no governo, pois não abordavam problemas como saúde, habitação,
educação, etc. e geraram grande instabilidade política no Império.
Comentários:
A Cabanagem (1835-1840) foi conflito na Província do Grão-Pará que deu sequência à luta política
entre liberais e portugueses desde a independência, em 1822. Em 1835, a elite local estava
insatisfeita com o seu isolacionismo com relação as demais regiões e a população mais pobre
passava por uma enorme crise social, com muitos morrendo de fome, devido à crise econômica
da região. Visto isso, o estopim do conflito foi o assassinato presidente da província. A partir desse
fato, seguiu-se uma batalha civil sanguinária, com a principal frente sendo a dos cabanos (índios,
caboclos e escravos). Segundo o professor José Murilo de Carvalho, a Cabanagem foi uma

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explosão popular contra a opressão secular de que o povo pobre havia sido vítima, inclusive por
ser excluído do sistema político.
Dessa forma, a questão pede a resposta INCORRETA com relação as revoltas regenciais:
a) Correto. Na maioria das revoltas travadas no Período Regencial, somente as de cunho popular,
em que envolvia grandes massas de ribeirinhos, negros, índios e mestiços, que o Governo Central
reprimia duramente, com mortes, perseguições e exposições. Isso era uma forma de intimidação
para que não houvesse levantes populares como as Revoluções que ocorreram na América
Espanhola.
b) Correto. A Cabanagem contou com o apoio de populares devido a miséria, fome e exploração
que esses grupos enfrentavam nesse momento de instabilidade políticas que o Império e a região
enfrentavam.
c) Correto. As elites nortistas eram muitas vezes negligenciada pelo poder central, muito por causa
da distância da região com o centro do Governo Regencial. Além disso, o elite local tinha um
alinhamento com os portugueses, principais parceiros econômicos dos fazendeiros da região.
Então, por parte da oligarquia, eles queriam uma maior descentralização política.
d) Incorreto. Todas as afirmações estão erradas. A Província de Minas Gerais aceitou a
Proclamação da Independência, o Partido Conservador do Grão-Pará, formado em sua maioria
por portugueses aceitou o imperador D. Pedro I como rei e a Cabanagem acabou em um conflito
sangrento em que milhares de cabanos foram mortos.
e) Correto. A Legislação Brasileira era muito excludente. O Estado brasileiro beneficiava somente
as oligarquias regionais, que gozavam de diversos direitos, enquanto boa parte da população não
possuía direitos políticos e vivia na miséria e sem qualquer política de inclusão social.
Gabarito: D
(UFRR 2020)
A revolução social dos cabanos que explodiu em Belém do Pará, em 1835, deixou mais de
30 mil mortos e uma população local que só voltou a crescer significativamente em 1860.
Este movimento matou mestiços, índios e africanos pobres ou escravos, mas também
dizimou boa parte da elite da Amazônia. O principal alvo dos cabanos era os brancos,
especialmente os portugueses mais abastados. A grandiosidade desta revolução extrapola
o número e a diversidade das pessoas envolvidas.
(RICCI, Magda. “Cabanagem, cidadania e identidade revolucionária: o problema do
patriotismo na Amazônia entre 1835 e 1840”. Tempo, Niterói, v. 11, n. 22, 2007, p. 6).
Sobre as Revoltas Regenciais, é CORRETO afirmar que:
A) foram movimentos de contestação armada em relação à ordem monárquica brasileira e
que alteraram profundamente as estruturas sociais e econômicas estabelecidas, a partir do
estabelecimento da harmonia entre os poderes constitucionais do Império.
B) foram levantes majoritariamente republicanos que conseguiram mobilizar populações
pobres e, em particular, escravizados no Brasil monárquico, demonstrando que a questão da
centralização do poder foi objeto de muitas disputas ao longo de todo o século XIX.

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C) foram movimentos que eclodiram nas províncias nordestinas, que lutaram pelo
estabelecimento de um sistema monárquico descentralizado, que delegasse às províncias
brasileiras a solução da chamada “questão servil”.
D) podem ser entendidas como respostas radicais à política centralizadora do Império, que
restringia a autonomia financeira e administrativa das províncias brasileiras e tinham em
comum a crítica liberal às tendências absolutistas, persistentes no governo de D. Pedro II.
E) em sua maioria, eram revoltas lideradas pelos grandes proprietários de terras, que exigiam
uma posição mais forte e centralizadora do governo imperial brasileiro, provocando embates
entre portugueses e brasileiros que chegaram a colocar em risco a independência brasileira.
Comentários:
O texto traz o exemplo da Cabanagem para tratar de um momento de muita instabilidade
política no Brasil Império, o Período Regencial (1831-1840). Citada acima, a Cabanagem foi uma
das várias Revoltas Regenciais desse momento. O contexto baseava-se fundamentalmente na
distribuição de poder que oscilava entre a autoridade nacional no Rio de Janeiro e os governos
provinciais. Dentre as divergências dos provincianos estava a forma de escolha do presidente da
província, pois, com a Constituição de 1824, os processos eleitorais regionais foram abolidos - no
lugar de eleições pelos próprios provincianos, o imperador indicava e nomeava o presidente de
província.
Contudo, em 1834, o Ato Adicional que reformou a Constituição de 1824 concedeu certa
autonomia às províncias, pois permitiu que cada uma contasse com sua própria Assembleia e
orçamento próprio. Essa mesma reforma constitucional retirou uma das principais atribuições do
Poder Moderador, que era de poder dissolver a Câmara dos Deputados. Com efeito dessa
medida, havia uma oscilação entre centralização e descentralização (federalismo) na política
brasileira. Em geral, isso causou um atrito entre palacianos próximos à Corte e brasileiros.
Enquanto os portugueses queriam manter os poderes do Imperador absoluto, os brasileiros
queriam que os poderes fossem divididos com a Assembleia e os Presidentes das Províncias. Isso
gerou insatisfações tanto em algumas oligarquias quanto em grupos populares, que por outras
questões, participaram das rebeliões no Período Regencial.
Com essa base, assinalemos a resposta correta com relação as Revoltas desse Período:
a) Incorreto. Não foi alterado as estruturas sociais e econômicas estabelecidas durante o Primeiro-
Reinado. Além disso, os poderes constitucionais do Império não possuíam harmonia.
b) Correto. A maior parte da população dessa época era pobre, analfabeta ou escrava. Ou seja,
excluída de participação política. Isso gerou revoltas e levantes populares que queriam maior
participação no Estado Brasileiro.
c) Incorreto. Uma discussão sobre a questão servil da população nunca existiu . A maior parte do
trabalho era exercido por escravos.
d) Incorreto. Em meio ao crescimento das políticas liberais em toda a Europa e na América, a alta
centralização política e econômica do Governo Imperial foi um dos motivos para respostas radicais
com relação as tendencias absolutistas impostas por D. Pedro I na Constituição de 1824.

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e) Incorreto. Algumas rebeliões como a Cabanagem e a Balaiada foram feitas por pessoas de
camadas mais abastadas, que se revoltaram com as condições sociais do país. Já a Revolta
Farroupilha e a Sabinada foram organizadas pelas classes médias e altas de suas províncias. A
descentralização política e a formação de uma República eram os interesses dos revoltosos, e não
o contrário como a alternativa afirma. Ademais, a soberania nacional não esteve sobre risco após
a Independência.
Gabarito: B
(UNITINS 2016)
Leia o texto a seguir.
“Se não havia ainda a consciência, nem o desejo, em parte, da separação dos reinos, havia o
mais importante: a noção de que se praticava um gesto da vontade nacional. Prendia-se D.
Pedro ao Brasil para acabar de seduzi-lo e com ele instaurar o Império. Faltava proclamar a
separação do reino europeu, faltava mesmo em parte desejar essa separação, mas a luta que
tomava o nome de independência seria sobretudo em torno das instituições que formariam
o novo Estado. Em torno delas, e da tradição monárquica, se consolidaria a unidade do país.”
(BARRETO, Célia de Barros. O Brasil Monárquico, tomo II: o processo de emancipação. In:
HOLANDA, Sérgio Buarque (Org.). História geral da civilização brasileira. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2003. p. 187).
A partir do texto e com base no conhecimento sobre a Independência do Brasil, considere
as afirmativas a seguir assinalando V (verdadeiro) ou F (falso).
( ) Com a Independência, a economia brasileira passou por uma grande transformação,
destacando-se o aumento na exportação de produtos para os mercados europeus,
principalmente a Inglaterra.
( ) O descontentamento com o governo imperial agravou-se com a Constituição de 1824
outorgada à nação, que restringia a participação popular e ampliava os poderes do
imperador.
( ) Apesar de alguns resultados no processo de industrialização em função das iniciativas do
Barão de Mauá, o Brasil imperial não se tornou uma economia industrial.
( ) A independência não alterou o modelo econômico agroexportador e escravista da
monarquia brasileira, nem seu papel de fornecedor de matéria-prima e consumidor de
produtos industrializados.
( ) Os interesses das elites portuguesas radicadas no Brasil não eram diferentes dos interesses
das elites locais, e isso favoreceu a grande mobilização social que resultou na Independência
do Brasil em setembro de 1821.
A sequência correta é
a) F, V, V, V, F. b) F, V, F, V, V. c) V, V, F, F, V. d) V, F, V, V, F. e) F, V, V, F, V.
Comentários:
O texto traz afirmações de verdadeiro e falso para analisarmos sobre a Independência do
Brasil. Antes de vermos as proposições, é importante ressaltar que o processo de conquista de
independência do Brasil foi algo planejado e orquestrado pelas elites agrarias. Diferente de outras
regiões, a oligarquia brasileira se uniu a família dinástica portuguesa para implementar uma
passagem política pacífica de construção de soberania nacional, sem que houvesse guerras e

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quebras nas estruturas sociais existentes antes desse período. Com isso, as principais
reivindicações desses grupos nesse momento seriam atendidas - a manutenção do trabalho
escravo e a unificação do território nacional, em torno de um rei.
Visto isso, vejamos as afirmações
- Falsa. A economia brasileira se manteve com a exportação de produtos primários para os
mercados europeus. Porém, estes não estavam mais em alta visto a forte concorrência com países
vizinhos e a prioridade dos negócios europeus em produtos industriais. Isso causou uma enorme
crise econômica no Brasil;
- Verdadeira. D. Pedro I não era muito habilidoso em controlar os políticos que compunham a
Assembleia Constituinte, e entre suas medidas, muitos eram de caráter autoritário e absolutista,
como a instituição de um poder moderador, além dos três poderes (executivo, legislativo e
judiciário). A maior parte da população foi excluída do processo político com a instauração do
voto censitário e a manutenção da escravidão.
- Verdadeira. O Brasil continuou sendo um país agroexportador até o começo do século XX,
quando Getúlio Vargas assume o poder. Até ali, tivemos alguns surtos de industrialização durante
a Era Mauá, no Império, e no começo da Primeira Guerra Mundial.
- Verdadeira. A economia brasileira ainda era voltada para a produção de matérias prima para
exportação, por meio do trabalho escravo. Enquanto isso, importava produtos industrializados e
possuía uma balança comercial deficitária.
- Falsa. A independência do Brasil foi em 1822 e os interesses de portugueses e brasileiros
possuíam algumas diferenças: como a centralização e descentralização do território nacional e os
direitos do imperador perante o poder Legislativo. Além disso, se questionava os cargos que
portugueses podiam exercer no país.
Portanto, a alternativa correta é a letra A, com a sequência F-V-V-V-F.
Gabarito: A
(UNITINS 2017)
Com a Proclamação da Independência, as Cortes de Lisboa continuaram adotando medidas
que visavam a submeter a autoridade de D. Pedro I à corte portuguesa. A independência do
Brasil não podia mais ser adiada. No entanto, o processo de independência foi comandado
inteiramente pelas classes dominantes, que tinham como finalidade básica preservar a
liberdade do comércio e a autonomia administrativa do País. Dessa forma, pode-se afirmar
que:
I. O povo estava condenado a permanecer na mesma situação.
II. As injustiças socioeconômicas continuaram e a escravidão do negro foi mantida.
III. Os promotores da independência não tinham como projeto modificar as duras condições
de vida da maioria da população.
IV. Com a Proclamação da Independência, o povo brasileiro passou a desfrutar de plena
liberdade das injustiças cometidas pela coroa portuguesa.
V. O Brasil “independente” também não conquistou uma verdadeira libertação nacional, pois
saiu dos laços coloniais portugueses para cair na dominação capitalista da Inglaterra.

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Está correta APENAS a alternativa:


a) II, III e IV b) I, III e V c) II, IV e V d) I, II, III e IV e) I, II, III e V
Comentários:
A questão evidencia que o processo de independência brasileiro foi inteiramente comandado
pelas classes dominantes. O motivo eram diversos, como garantir a liberdade de comercio e de
autonomia política, além de manter as bases da economia da região. Porém, não eram somente
esses interesses em jogo no processo de construção do país. Em meio as Revolução e Guerras
que estavam surgindo no mundo todo, de classes menos abastados contra as elites, essa foi uma
forma da oligarquia colonial brasileira ainda manter todos os privilégios e benefícios que as
estruturas coloniais lhes garantiam. Assim, pouca coisa se modificou para a maior parte da
população.
Assim, vejamos as afirmações:
I. Verdadeiro. Como explicitado acima, o povo continuaria vivendo na miséria, e sem proteção do
Estado. A desigualdade social no Brasil só aumentou no Período Imperial.
II. Verdadeiro. Somente as classes mais ricas podiam votar e a escravidão foi mantida, mesmo com
as pressões internacionais da Inglaterra para a abolição.
III. Verdadeiro. As elites locais só estavam interessadas em manter os seus lucros e suas
mordomias.
IV. Falso. A liberdade não era concedida pessoas de cor. Elas eram escravas.
V. Verdadeiro. A independência brasileira só foi reconhecida após uma transferência de dívida da
Coroa Portuguesa para a Brasileira, em forma de reconhecimento. Além disso, a enorme crise
econômica enfrentada pelo país no início do Império fez com que o imperador recorresse a
inúmeros empréstimos a Inglaterra, só aumentando a dependência econômica do país ao ingleses.
Dessa maneira, a resposta correta é a letra E, com a sequência correta I-II-III e V.
Gabarito: E
(UNICENTRO 2011)
A sobrevivência de princípios absolutistas na estruturação do Estado Monárquico brasileiro
pode ser comprovada
a) pela presença e atuação do Poder Moderador na política do Império.
b) pela assinatura das tarifas Alves Branco, que protegiam o mercado nacional.
c) pelo investimento de capitais originários do tráfico de escravos na indústria.
d) pela promulgação da Lei de Terras, que beneficiava os pequenos agricultores.
e) pelo controle da imprensa por parte da Igreja Católica, com o apoio das instituições
municipais.
Comentários
Atenção às informações que o enunciado traz: o tema é a estruturação do Estado Monárquico
brasileiro, portanto estamos falando dos primeiros anos do Brasil independente,
aproximadamente entre 1822 e 1850, período no qual várias reformas institucionais e legislativas
foram feitas. Sendo mais específico, o enunciado fala sobre a sobrevivência de princípios
absolutistas. Você deve lembrar que durante o processo de independência do Brasil e durante o

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Império, havia uma grande tensão entre interesses liberais e conservadores na sociedade
brasileira, mesmo entre as elites. Dessa forma, a Constituição de 1824 e as reformas posteriores
buscaram sempre conciliar esses interesses. Ao mesmo tempo que a nova nação se apresentava
como uma monarquia constitucional, com divisão de poderes e eleições para o legislativo, instituía
também o quarto poder que garantia ao imperador poderes praticamente absolutos sobre os
demais poderes. Com isso em mente, vejamos as alternativas:
a) Correta! Justamente, esse quarto poder que mencionei, era o chamado Poder Moderador. Este
era chave de toda a organização política durante a fase do Brasil Imperial, uma vez que dava ao
imperador o poder de: nomear ministros, senadores, juízes, presidentes de província (cargo
correspondente ao governador de Estado); dissolver a Câmara dos Deputados; vetar alguma lei
que lhe desagradasse; tomar algumas medidas sem o consentimento do parlamento, como, por
exemplo, declarar Guerra, devendo para isso consultar o Conselho de Estado composto por
conselheiros escolhidos por ele mesmo.
b) Incorreta. Essas tarifas foram elaboradas pelo então Ministro da Fazenda Manuel Alves Branco,
em 1844. Com isso, passava-se a taxar cerca de três mil artigos importados com um imposto que
variava de 20 a 60%. Podemos dizer que isso é uma medida protecionista, mas não
necessariamente uma sobrevivência do absolutismo, pois governos de variadas tendências
econômicas usam medidas protecionistas para proteger o mercado interno e privilegiar os
produtos nacionais, mesmo alguns liberais apesar de sua ideologia condenar a intervenção estatal
na economia.
c) Incorreta. Isso realmente ocorria, no entanto não podemos classificar essa atitude como uma
sobrevivência do absolutismo. Havia nações liberais e republicanas que igualmente participavam
do comércio de escravizados e direcionavam os lucros dessa participação em outros setores de
sua economia, entre os quais a indústria. Exemplo disso são os Estados Unidos da América, uma
república federalista, e a Inglaterra, uma monarquia constitucional.
d) Incorreta. A Lei de Terras de 1850 não beneficiava os pequenos agricultores, pelo contrário. Na
verdade, essa lei favoreceu os grandes proprietários, em detrimento dos libertos e imigrantes
pobres e despossuídos. Por outro lado, a medida não era uma sobrevivência do absolutismo, mas
sim mais um fato que consolidava o capitalismo como modelo econômico no Brasil ao
regulamentar definitivamente a terra como propriedade privada com equivalência monetária.
e) Incorreta. A Igreja Católica nunca teve controle sobre a imprensa no Brasil.
Gabarito: A
(UNICENTRO 2020)
Em relação aos aspectos apresentados no Brasil, ao longo do século XIX, marque V ou F,
conforme sejam verdadeiras ou falsas as afirmativas.
( ) Ordeiro e tranquilo, face à homogeneidade de sua formação social conquistada no
processo de independência.
( ) Alfabetizado e assistencialista, em decorrência das ações promovidas pela Igreja Católica
e pela comunidade de imigrantes.
( ) Ruralizado e escravocrata, em que prevaleciam os métodos de produção herdados do
Período Colonial.
( ) Desigual e elitista, por força das leis e das instituições que, de forma exclusiva, atendiam
aos interesses dos grupos dominantes.

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( ) Democrático e inovador, ao defender, através do sistema parlamentarista, a liberdade de


imprensa e de religião.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a
A) F V F F V
B) F F V F V
C) F F V V F
D) V F V F V
E) V V F F F
Comentários
Olha só, o enunciado informa diretamente elementos importantes para nos localizarmos. O tempo
é o século XIX, o espaço é o Brasil e o tema são as características mais gerais do país nesse período.
Antes de partirmos para as alternativas, lembre-se que o Brasil se tornou independente em 1822
e se transformou em um império, uma monarquia constitucional. Entre 1822 e 1831 foi governado
por D. Pedro I, que abdicou devido às tensões políticas entre restauracionistas, moderados e
exaltados. O plano era seu filho assumir o trono, mas ele ainda era menor de idade. Por isso, entre
1831 e 1840, o Império foi governado por regentes eleitos pelo parlamento. Em 1840, o imperador
foi coroado aos 14 anos de idade, em decorrência de um golpe perpetrado pelos liberais que
ficou conhecido como golpe da maioridade. Ele governou até 1889, quando foi deposto pelo
golpe civil-militar que proclamou a república em 15 de Novembro. Sabendo dessas informações
básicas, vejamos as alternativas:
Falsa. Todo o período imperial foi repleto de tensões, disputas e revoltas. A instabilidade
política era grande. Isso era justamente um reflexo da heterogeneidade de sua formação social:
havia europeus e seus descendentes; brasileiros brancos, pretos, pardos e mulatos livres; havia os
escravizados; e havia os indígenas mais ou menos assimilados. As classes sociais eram igualmente
diversas, havendo bem mais que simplesmente senhores e escravos. Havia uma quantidade
significativa de pessoas livres com poucas posses e baixa renda, algumas delas com um ou dois
escravos, a maioria sem nenhum. Essas pessoas trabalhavam em variadas profissões, desde
trabalhos braçais, atividades comerciais, educação, advocacia, jornalismo, etc. Essa diversidade
evidentemente refletia-se em uma vasta amplitude de interesses e projetos políticos distintos,
muitas vezes antagônicos.
Falsa. Por todo o século XIX a taxa de alfabetização era extremamente baixa na população
brasileira. Inclusive, em 1881, foi aprovada uma reforma eleitoral que colocava o letramento como
critério para votar, exatamente com o objetivo de restringir a participação política e manter o
acesso à política institucional como monopólio das classes dominantes. A Igreja Católica não tinha
um projeto oficial para amenizar essa situação, mas alguns clérigos individualmente trabalhavam
em escolas públicas e particulares, além de se voluntariavam em colégios beneficentes. Por seu
turno, alguns grupos de imigrantes realmente fundaram associações mutualistas que, entre outras
funções, ofereciam bibliotecas e aulas noturnas a seus membros. Contudo, isso ocorreu com mais
frequência no final do século XIX.
Verdadeira! Apesar de toda a instabilidade política e os conflitos de interesse, um aspecto
vital se manteve e até se fortaleceu ao longo do século XIX: a economia baseada no latifúndio e
na mão de obra escravizava africana. Isso se confirma, primeiramente, no fato de a escravidão ter
sido mantida após a independência, apesar de já haver setores da sociedade que reivindicavam

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seu fim em alguns dos movimentos separatistas que antecederam 1822. Em seguida, apesar da
primeira lei antitráfico, de 1831, o comércio de cativos continuou e até aumentou. Até 1850, esse
seria um dos períodos que mais se importou mão de obra escravizada da África no Brasil. Por seu
turno, neste último ano, foi aprovada a Lei de Terras que favoreceu os grandes proprietários em
detrimentos dos libertos e imigrantes pobres e despossuídos. Além disso, mesmo com a pressão
aumentando para o fim do tráfico e da escravidão, o que se viu foi a adoção de uma estratégia de
prolongar esse fim durante anos para que os senhores de escravos não fossem muito prejudicados.
Assim, preferiu-se, primeiro, proibir o tráfico (novamente, em 1850); segundo, aprovar a Lei do
Ventre Livre (1871), que libertava os filhos das escravizadas na hora do nascimento; terceiro, a Lei
dos Sexagenários (1885), que libertava os cativos maiores de 60 anos. Quando a Lei Áurea, de
1888 e que libertava sem condições todos os escravizados em território nacional, foi aprovada,
ainda havia gente defendendo que se mantivesse a estratégia de minar lentamente a escravidão
para não causar uma grande crise econômica e social. Por último, apesar de haver algumas
grandes cidades, vale mencionar que a urbanização e a industrialização do Brasil só ganharam uma
guinada mais substancial ao longo do século XX. Assim, podemos ver que, sim, o país se manteve
ruralizado e escravocrata durante a maior parte do século XIX.
Verdadeira! Com tudo que dissemos até aqui, podemos ver que realmente o Brasil
manteve-se um país desigual e elitista. Além de preservar ao máximo uma economia de base
latifundiária e escravocrata, procurou ao máximo restringir as participações populares na política
institucional enquanto respondia-se às manifestações, protestos e revoltas com extrema violência.
Falsa. Realmente, por meio do Parlamento, era possível defender a liberdade de imprensa
e de religião. No entanto, na prática isso não ocorria, principalmente quanto à religião. Em geral,
essa liberdade de crença se resumia às vertentes do cristianismo. Cultos indígenas e de matriz
africana eram sumariamente perseguidos e seus praticantes presos. Por outro lado, era frequente
que as redações dos jornais fossem atacadas por grupos organizados por particulares que
discordavam de suas publicações. Ainda, vale dizer que tudo que mencionamos nas proposições
anteriores contribui para concluirmos que o Brasil não era um país democrático e inovador, mas
sim autoritário e conservador.
Portanto, a alternativa correta é a letra “c”.
Gabarito: C
(UEL 2017)
Sob o ponto de vista das ideias, foram diversas as correntes políticas que atuaram no período
regencial no Brasil (1831-1840).
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, os integrantes e suas posições político-
ideológicas.
f) Os cabanos situavam-se na região norte do país, eram administradores das províncias,
corporações do exército local e elite dos comerciantes portugueses; defendiam o retorno
da família imperial.
g) Os farroupilhas eram pequenos proprietários rurais e comerciantes, representavam o
setor mais conservador do grupo dos chimangos; postulavam o retorno da monarquia
com a imposição de medidas centralizadoras.

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h) Os liberais exaltados eram proprietários rurais, integrantes do exército e classe média


urbana, que defendiam a descentralização do poder imperial e a autonomia das
províncias.
i) Os liberais moderados, ou chimangos, eram comerciantes portugueses, aristocratas e
integrantes da alta patente do exército, que defendiam a volta do ex-imperador e a
autonomia das províncias.
j) Os restauradores, ou caramurus, eram membros do setor rural abolicionista e intelectuais
da classe média; defendiam as reformas socioeconômicas que visavam à expulsão do ex-
imperador.
Comentários
Vamos lembrar do esqueminha da aula:

Partido Português – caramuru: Reivindicavam poderes absolutos para Dom Pedro I.


Portanto, um Estado extremamente centralizador.
✓ Monarquia Absolutista
✓ Unidade territorial
✓ Manutenção da abolição
✓ Jornal: O Caramuru
✓ Associação: Sociedade Conservadora, depois, Sociedade Militar
Partido Brasileiro – Grupo Moderados – chimangos:
✓ Monarquia Constitucional
✓ Voto censitário
✓ Autonomia do Poder Judiciário
✓ Unidade Territorial
✓ Autonomia das Províncias (descentralização política)
✓ Reformas políticas e civis limitadas (cidadania restrita)

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✓ Manutenção da escravidão
✓ Jornal: A Aurora Fluminense
✓ Associação: Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional

Partido Brasileiro – Grupo Exaltados - farroupilhas ou jurujuba: Algumas pautas dos


exaltados são comuns com a dos moderados, como por exemplo, autonomia do
poder judiciário e unidade territorial. Contudo, avançavam em maior autonomia para
as províncias seguindo um modelo de república federalista do tipo dos Estados
Unidos. Também reivindicavam reformas sociais mais amplas, como o voto universal.
✓ República Federalista
✓ Voto Universal masculino
✓ Reformas sociais amplas (cidadania ampliada)
✓ Jornais: A República; A Malagueta; A Sentinela da Liberdade.
✓ Associação: Sociedade Federalista
Agora, veja que as alternativas fazem associações erradas entre os grupos/partidos: A – os
cabanos não reivindicavam o retorno da família real; B – os farroupilhas não eram pequenos
proprietários rurais, mas grandes; além disso, não defendiam a monarquia; C – é o gabarito,
contudo, veja que a alternativa não fala em brasileiros, mas em liberais, o que naquele contexto
histórico eram praticamente equivalentes. A classificação portugueses x brasileiros nos ajudar
a resolver a alternativa D, pois ela associa erradamente os chimangos aos comerciantes
portugueses. Por fim, a E erra ao afirmar que os caramuros – portugueses monarquistas – eram
abolicionistas.
Gabarito: C
(UEL 2013)
No contexto histórico das transformações ocorridas no século XIX, que envolveram questões
da identidade nacional e da política, no Brasil, após a abdicação de D. Pedro I, ocorreu uma
grave crise institucional. As tentativas de superação por meio das Regências provocaram uma
série de revoltas como a Sabinada (BA), a Balaiada (MA) e a Cabanagem (PA).
A superação da crise, que coincidiu com o fim do período regencial, deveu-se à
antecipação da maioridade do príncipe herdeiro
consolidação da Regência Una e Permanente.
formação e consolidação do Partido Republicano.
fundação das agremiações abolicionistas.
volta imediata de D. Pedro I às terras brasileiras.
Comentários
A crise regencial foi resolvida com a Campanha da Maioridade. Por meio dela, o Príncipe
herdeiro, D. Pedro II, foi autorizado a assumir o trono. Repare que, se havia uma crise no Período
Regencial, não é possível falar em consolidação da Regência, ou seja, letra B errada. No mesmo
sentido, a formação de um partido (letra C) não seria capaz de, sozinho, resolver o problema
das crises separatistas. Além disso, as aspirações republicanas vão ganhar corpo no final do
século XIX. A letra E está errada porque D. Pedro I volto upara Portugal e não às terras
brasileiras.
Gabarito: A

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(UDESC 2017) 4000034318


A abdicação de Dom Pedro I, em 1831, foi seguida por anos turbulentos, nos quais diferentes
grupos políticos defendiam distintos projetos para os destinos da nação. Neste período –
que, até a coroação de Dom Pedro II, é conhecido como “Período Regencial” diversas
revoltas eclodiram nas províncias e reivindicavam, especialmente, autonomia em relação ao
poder central. Assinale a alternativa que contém apenas os nomes das revoltas ocorridas
durante o “Período Regencial”.
a) Farroupilha, Cabanagem, Inconfidência Mineira, Revolta dos Malês.
b) Farroupilha, Sabinada, Balaiada, Cabanagem.
c) Inconfidência Mineira, Revolução Pernambucana, Conjuração Baiana, Sabinada.
d) Sabinada, Balaiada, Farroupilha, Coluna Prestes.
e) Cabanagem, Sabinada, Araguaia, Revolução Pernambucana.
Comentários
Essa questão é bem simples. Basta conhecermos a cronologia dos fatos e encontraremos a
alternativa correta. Portanto, recorde que o Período Regencial, no Brasil, ocorreu entre 1831 e
1840. Sabendo disso, vejamos quais revoltas citadas realmente aconteceram nesse recorte
temporal:
a) Incorreta. Entre as citadas, apenas a Inconfidência Mineira não ocorreu durante o Período
Regencial, sendo anterior a independência do Brasil. Na verdade, esse episódio se deu em 1789.
b) Correta! A Revolução Farroupilha se deu entre 1835 e 1845, no Rio de Grande do Sul; a
Sabinada, entre 1837 e 1838, em Salvador, Bahia; a Balaiada, entre 1838 e 1841, no Maranhão; a
Cabanagem, em 1835, no Pará.
c) Incorreta. Já vimos que a Inconfidência Mineira não teve lugar durante o Período Regencial.
Igualmente a Revolução pernambucana e a Conjuração Baiana ocorreram antes mesmo da
independência, em 1817 e 1798, respectivamente.
d) Incorreta. A Coluna Prestes se deu muitos anos depois do Período Regencial. Na realidade,
ocorreu durante a Primeira República, entre 1924 e 1927. Tratou-se de um movimento político
ligado ao tenentismo.
e) Incorreta. Já comentei sobre a Revolução Pernambucana estar fora do recorte. Também a
Guerrilha do Araguaia ocorreu em outro momento que não o Período Regencial, mas foi bem
depois. Esse episódio consistiu em uma guerrilha contra a ditadura militar brasileira, entre 1967 e
1974, na fronteira entre os atuais estados do Maranhão, Pará e Tocantins. Tratou-se de uma
tentativa de ação revolucionária comunista, liderada por pessoas vinculadas ao PC do B (Partido
Comunista do Brasil), dissidente do PCB (Partido Comunista Brasileiro.
Gabarito: E
(UDESC 2017)
Em 25 de março de 1824, Dom Pedro I outorgou a Constituição Política do Império do Brasil.
Em relação à Constituição de 1824, assinale a alternativa correta.

a) O Texto Constitucional foi construído coletivamente pela Câmara de Deputados,


votado e aprovado em 25 de março de 1824. Expressava os interesses tanto do partido
liberal quanto do partido conservador, para o futuro na nação que recém conquistara
sua independência.

AULA 13: História do Brasil - Império Brasileiro 101


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b) A Constituição de 1824 instaurava a laicidade no território nacional, extinguindo a


religião católica como religião oficial do império e expressando textualmente que
"todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico, ou particular em
casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior do Templo."

c) A organização política instaurada pela Constituição de 1824 dividia-se em 4 poderes:


Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador, sendo que este último determinava a
pessoa do imperador como inviolável e sagrada.

d) A Constituição de 1824 determinou a cidadania amplificada e o direito ao voto para


todos os nascidos em solo brasileiro, independentemente de gênero, raça ou renda.

e) A Constituição de 1824 promoveu, em diversos artigos, ideais de cunho abolicionista.


Tais ideais foram respaldo para movimentos políticos posteriores, tais como a Revolta
dos Farrapos e a Revolta dos Malês.
Comentários
Repare que o enunciado da questão fala em Constituição outorgada, ou seja, feita sem
debate público e coletivo. Nesse sentido, já podemos desconsiderar a alternativa A.
Além disso, resgatando o processo da Constituição de 1824, sabemos que ela
apresentou um caráter autoritário, de modo que o Poder Moderador foi uma forma de
D. Pedro controlar os demais poderes. Gabarito, letra C.
A B está errada porque o Estado laico só foi estabelecido no Brasil a partir da
Constituição de 1889, como ainda veremos.
A D também está errada, pois a afirmação remete a uma constituição democrática, mais
próxima da que foi promulgada recentemente, em 1988. A E também é um alternativa
errada, pois a Constituição de 1824 não sinalizou com o fim da escravidão.

Gabarito: C
(UDESC 2017)
A abdicação de Dom Pedro I, em 1831, foi seguida por anos turbulentos, nos quais diferentes
grupos políticos defendiam distintos projetos para os destinos da nação. Neste período –
que, até a coroação de Dom Pedro II, é conhecido como “Período Regencial” diversas
revoltas eclodiram nas províncias e reivindicavam, especialmente, autonomia em relação ao
poder central.
Assinale a alternativa que contém apenas os nomes das revoltas ocorridas durante o “Período
Regencial”.
a) Farroupilha, Cabanagem, Inconfidência Mineira, Revolta dos Malês
b) Farroupilha, Sabinada, Balaiada, Cabanagem.
c) Inconfidência Mineira, Revolução Pernambucana, Conjuração Baiana, Sabinada.
d) Sabinada, Balaiada, Farroupilha, Coluna Prestes.
e) Cabanagem, Sabinada, Araguaia, Revolução Pernambucana.
Comentários
Vamos por alternativa:

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A- A Inconfidência Mineira não ocorreu no período Regencial.


B- É o nosso gabarito.
C- A Inconfidência Mineira não ocorreu no período Regencial.
D- A Coluna Prestes foi um movimento do início do século XX. Ainda veremos esse
movimento em aula futura.
E- Araguaia é uma referência à Guerrilha do Araguaia, ocorrida durante a Ditadura Militar
(1964-1985).
Para reforçar a memória, lembre-se do mapa abaixo...

Gabarito: B
(FACISB 2016)
“O Império brasileiro realizara uma engenhosa combinação de elementos importados.
Todas essas importações serviam à preocupação central que era a organização do Estado
em seus aspectos político, administrativo e judicial”.
(José Murilo de Carvalho. A formação das almas, 1990. Adaptado.)
Tal Estado tinha como funções
a) promover os princípios federalistas, dominantes entre as elites, e desenvolver uma
consciência nacional baseada nos valores liberais europeus.
b) alterar a estrutura econômica, então dependente do capital britânico, e criar uma corte
necessária à legitimação do poder político do imperador.
c) garantir a unidade política do país, contra as pretensões autonomistas, e manter a ordem
social fundamentada no latifúndio e na escravidão.
d) transformar a administração, por meio de uma burocracia culta, e estabelecer um sistema
jurídico defensor da igualdade e da liberdade social.
e) restringir a cidadania política, com a revogação do voto censitário, e favorecer a integração
de elementos culturais europeus, africanos e indígenas.

AULA 13: História do Brasil - Império Brasileiro 103


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Comentários
Antes de tudo, vamos identificar alguns elementos que irão nos ajudar a contextualizar a
questão. O trecho é de um livro do historiador José Murilo de Carvalho. Logo, é um texto
historiográfico, produzido com base em pesquisa documental e bibliográfica. Quanto ao
conteúdo do trecho, primeiro, repare que se fala em Império brasileiro. Portanto, o período
abordado é o século XIX, no Brasil, mais especificamente entre 1822 e 1889. Entretanto, mais
adiante, o autor afirma que o Estado imperial brasileiro foi constituído por elementos
importados. Portanto, podemos dizer que o tema da questão é a construção do Estado
brasileiro independente, o que nos leva a recortar ainda mais o período para a década de
1820, quando Brasil acabara de se emancipar de Portugal. Mas o que o historiador quer dizer
com elementos importados? Lembre-se que nas últimas décadas do século XVIII e por todo
o XIX, houve uma série de revoluções de caráter liberal, fortemente influenciadas pelas ideias
iluministas. Entre as principais delas que mais tiveram recepção nas elites coloniais de toda
a América estavam o republicanismo, a liberdade econômica, a igualdade jurídica, o direito
à autodeterminação dos povos e a autonomia política. Esses seriam os “elementos
importados” que Carvalho faz referência.
Todavia, ocorria que essas elites nem sempre tinham o mesmo projeto político e econômico
para seus países após a conquista da independência. Havia aqueles que “importavam”
ideologias mais conservadoras e até absolutistas. No caso da América Espanhola, seu
território se fragmentou em centenas de repúblicas autônomas entre si. No caso das colônias
inglesas, na América do Norte, o futuro da nação independente foi longamente debatido
pelas lideranças de cada região até que se chegou ao consenso de formar uma república
federalista. Ainda assim, décadas depois, a Guerra de Secessão dividiu o país em dois lados
opostos em relação à continuidade ou não da escravidão, como veremos na aula 14.
No Brasil, apesar do antigo território colonial ter se mantido unido sob o governo de um
único Estado-nação, havia tantas disputas e conflitos de interesses entre as elites quanto nas
demais ex-colônias. Além disso, havia os conflitos latentes com as demais classes sociais que
compunham a sociedade brasileira, como os escravizados e os livres de baixa renda. Tanto é
que nos anos antes e depois da independência do Brasil (1822) houve uma série de revoltas
regionais que visaram o rompimento do governo imperial. Por isso, o Estado que prevaleceu
procurou conjugar elementos de variadas tradições do pensamento político da época. Com
essas considerações em mente, vamos analisar quais funções essa instituição procurou
desempenhar:
a) Incorreta. Não esqueça que o recém-nascido Estado brasileiro era um Império, cujo
imperador era ninguém mais e ninguém menos que D. Pedro I, herdeiro do trono português.
Ele era apoiado pelo Partido Português (absolutista e Restauracionista) e pelos
conservadores do Partido Brasileiro. Seus principais opositores eram os liderais deste último
partido. A principal preocupação do Imperador era manter o vasto território brasileiro unido
sob seu comando, portanto a última coisa que ele queria era que ideias federalistas fossem
nutridas entre as elites regionais. D. Pedro I preferia um Estado centralizado. Por outro lado,
ele procurou conciliar seu projeto centralizador com alguns elementos liberais, como a
criação de um Parlamento eleito por voto censitário.

AULA 13: História do Brasil - Império Brasileiro 104


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b) Incorreta. Durante sua fase de construção, o Estado imperial não havia interesse em alterar
a estrutura econômica em seus fundamentos principais: a grande propriedade
agroexportadora com uso de mão de obra escravizada. Nesse sentido, entre os principais
objetivos na luta contra Portugal estava obter liberdade econômica para comercializar
diretamente com qualquer nação e diminuir a carga tributária. Com isso, as elites imaginavam
que seus negócios prosperariam como nunca. A Inglaterra foi uma das primeiras nações que
o novo país independente buscou estabelecer relações de troca. Na verdade, os ingleses
tinham interesse em fazer do Brasil um novo mercado consumidor para seus produtos
industrializados desde antes de sua emancipação política. O plano inicial era conseguir abrir
os portos brasileiros e conseguir privilégios alfandegários por meio da diplomacia com o
próprio rei de Portugal, que já estava em débito com a Inglaterra. No entanto, conforme a
independência foi se mostrando viável e quando de fato ocorreu, os britânicos não perderam
tempo em atender os anseios das elites brasileiras em negociar com as potências econômicas
da época. Tudo muito conveniente. Todavia, isso não impedia que o imperador criasse uma
corte para aumentar seu poder político. Em meio aos conflitos de interesse entre as elites
regionais, D. Pedro I procurou se aliar aos seus expoentes mais abastados e poderosos, os
quais também apoiassem seu projeto de Estado imperial e centralizado.
c) Correta! Justamente, para consolidar um Estado centralizado no qual o imperador tivesse
poder absoluto, D. Pedro I buscou combater tendências federalistas e autonomistas nas
diversas regiões do Império. Simultaneamente, não tinha a pretensão de alterar a estrutura
econômica do país. Na realidade, queria que estrutura já existente trouxesse ainda mais
lucros, prosperasse. Nesse sentido, buscou o apoio econômico da Inglaterra, mas resistiu à
suas pressões para abolir a escravidão. Igualmente, combateu rebeliões que quiseram pôr
fim a esta instituição.
d) Incorreta. De fato, houve investimento para a formação de uma burocracia culta que
trabalhasse para o Estado e fosse composta pelos principais apoiadores do imperador. No
entanto, o sistema jurídico instalado não tinha o objetivo de garantir a igualdade e a
liberdade social, mas a igualdade jurídica e, quanto a liberdade, era garantida apenas aos
nascidos livres. Como a escravidão continuou existindo, os cativos não tinham acesso à essa
igualdade nem a liberdade, pois estavam em uma condição jurídica diferente. Ainda assim,
mesmo entre os nascidos livres não havia uma igualdade social, pois as diferenças
econômicas entre grandes e pequenos proprietários e os despossuídos eram substanciais.
Isso implicava até na efetividade da igualdade jurídica entre os cidadãos livres, pois quem
tinha mais poder e era branco, tinha mais privilégios.
e) Incorreta. Realmente, buscou-se restringir a cidadania política. Porém, o principal
instrumento para isto foi exatamente a instituição do voto censitário. Este consistia em
conceder o direito a votar apenas aqueles que tivessem uma renda mínima. Como a
desigualdade era imensa na sociedade brasileira do século XIX, uma pequena parcela da
população tinha renda suficiente para participar da política institucional. Por outro lado, não
houve intenção de favorecer elementos culturais africanos e indígenas, apenas europeus,
pois eram considerados como símbolos da civilização e do progresso.
Gabarito: C
(UNITAU 2019)

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“A conservação das línguas africanas era um dos aspectos mais importantes da vida dos
escravos longe de seus senhores. Quando se encontravam com seus conterrâneos nas ruas
e mercados, os escravos conversavam em ioruba, quicongo ou quimbundo. Os viajantes que
passavam por eles nas ruas notavam a tagarelice de línguas que não conseguiam entender.
Os anúncios de fugitivos mencionavam africanos que não falavam português. Muito
evidentemente eram novos africanos, mas havia também fugitivos que viveram muitos anos
no Rio sem aprender a falar português”.
KARASCH, M. C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro. 1808-1850. São Paulo: Rio de
Janeiro, 2000, p. 293-294.
Sobre a conservação das línguas africanas pelos escravos no Brasil Império, é CORRETO
afirmar:
a) Os donos de escravos estimulavam o uso da língua materna para que, assim, fosse
dificultada a comunicação entre as diferentes etnias escravizadas.
b) Os africanos escravizados mantinham suas línguas maternas, porque chegavam ao Brasil
na idade adulta, o que dificultava o aprendizado da língua portuguesa.
c) A manutenção das línguas africanas no Brasil pode ser interpretada como um mecanismo
de reconstituição de e reforço das identidades africanas no estrangeiro.
d) Os africanos escravizados e libertos do Rio de Janeiro não sabiam ler e escrever o
português do período, porque pertenciam a culturas africanas iletradas.
e) As línguas africanas eram utilizadas apenas nos rituais e celebrações de origem africana,
como a umbanda, o candomblé e o calundu.
Comentários
Lembre-se que é sempre importante identificar o tempo, o espaço e tema aos quais se refere
a questão. Assim, fica mais fácil de interpretá-la e encontrar a alternativa correta. No
enunciado, após o texto, é informado diretamente cada um desses fatores: trata-se do
período imperial (1822-1889), no Brasil, mais especificamente das línguas africanas faladas
nesse contexto. Se você reparar bem, o título do livro do qual o trecho foi extraído menciona
o período de 1808 a 1850, o qual foi marcado por uma importação tão grande de africanos
escravizados no país que alguns historiadores chamam esses anos de Segunda Escravidão. A
maioria desses homens, mulheres e crianças eram oriundos de regiões da África Ocidental e
África Central, onde se falava os idiomas mencionados pela autora do texto. Em menor
escala, também eram importados cativos de Moçambique, na África Oriental. A maioria
dessas pessoas eram comprada pelos grandes latifundiários das regiões do Nordeste e do
Sudeste, onde a produção de açúcar para exportação era mais próspera. De fato, a maioria
dos escravizados nessas regiões eram africanos, não brasileiros. O Rio de Janeiro, enfoque
maior da autora do texto, despontava na produção açucareira no Vale do Paraíba e em
Campos de Goytacazes. A maior parte dessa produção era escoada para o mercado
internacional pelo porto da capital imperial, por onde igualmente entrava a mão de obra
escravizada para ser encaminhada para as fazendas. Por seu turno, o funcionamento da
cidade também era extremamente dependente da escravidão. Portanto, muitos desses
cativos importados eram mantidos na capital, para desempenhar todo tipo de serviço.
Apesar de toda violência física e psicológica, além da pressão para abandonar suas antigas
culturas, esses africanos encontraram várias formas de se adaptar e recriar uma nova cultura

AULA 13: História do Brasil - Império Brasileiro 106


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e uma nova identidade em meio à diáspora. Em alguns lugares, concentraram-se mais


pessoas da mesma região e complexo cultural, enquanto em outras mais etnias foram
misturadas. Assim, essa recriação teve características distintas de acordo com as
circunstâncias históricas de cada região do Brasil. Dessa forma, em certos lugares encontrava-
se maior oportunidade para se falar abertamente as línguas maternas. Principalmente,
quando longe dos senhores. Em outras regiões, a manutenção dessas línguas só foi possível
de modo extremamente secreto, geralmente em cerimônias religiosas restritas. Com isso em
mente, vejamos o que é correto afirmar sobre a preservação desses idiomas no Brasil
imperial:
a) Incorreta. Os senhores não incentivavam o uso das línguas africanas, pelo contrário, era
uma das coisas que a classe senhorial concordava que devia ser proibida. O risco de rebeliões
serem planejadas em idiomas irreconhecíveis para as autoridades e proprietários tirava o
sono de muita gente naquela época. Por outro lado, realmente havia um grande debate
entre autoridades e donos de escravizados sobre as vantagens e desvantagens de se permitir
ou reprimir manifestações culturais de matriz africana de todos os tipos. Havia alguns que
defendiam que fosse permitido que os cativos pudessem fazer “suas danças e batuques” nos
dias de folga e em feriados religiosos como uma espécie de “válvula de escape”. Depois de
longos dias de trabalho e violência, permitir que eles se divertissem e se expressassem ao
seu modo era uma forma de compensação, para evitar que se nutrisse muito rancor. Havia
quem argumentasse que isso também mantinha vivas as diferenças étnicas da terra natal e,
consequentemente, suas rivalidades. Isso era mais vantajoso em regiões onde havia uma
grande diversidade étnica entre os africanos. Havia outros que rejeitavam completamente a
ideia que deixar os cativos reproduzirem seus paganismos, pois temiam que isso também
fosse oportunidade para o planejamento de rebeliões e assassinato de senhores.
b) Incorreta. Isso é uma meia verdade. Realmente, a maioria dos africanos importados eram
homens adultos e na adolescência. No entanto, muitos deles conseguiam aprender o
português com facilidade. Inclusive, havia um número considerável de jovens e crianças que
eram importadas, para quem realmente era mais fácil aprender uma nova língua.
c) Correta! De fato, a língua está associada à uma cultura e identidade por princípio. Se você
já tentou aprender uma nova língua, como inglês por exemplo, deve saber que algumas
palavras e expressões não tem tradução exata para outros idiomas. Da mesma forma, existem
conceitos e ideias que são difíceis de traduzir. Portanto, manter uma língua viva é
consequentemente manter viva uma cultura e toda uma tradição de conhecimento. No Brasil,
os africanos se empenharam nesse esforço de várias maneiras, como eu disse nos
comentários. Em alguns lugares havia mais oportunidade para isso, em outros era preciso
manter mais restrição. De uma forma ou de outra, as línguas africanas acabaram
influenciando até mesmo a nossa forma de falar português.
d) Incorreta. Em primeiro lugar, o fato de muitos terem vindo de culturas iletradas não
implicava incapacidade de aprender o português, o qual também tinha uma rica tradição
oral. Em segundo, havia igualmente uma quantidade significativa de africanos oriundos de
culturas letradas, sobretudo aqueles de países islamizados. Ainda, desde o século XIV,
quando os europeus aumentaram seu contato com a África, as elites africanas passaram a se
instruir nos idiomas da Europa, inclusive se alfabetizando.

AULA 13: História do Brasil - Império Brasileiro 107


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e) Incorreta. Como disse antes, isso variava de lugar para lugar. Realmente, nessas religiões
as línguas africanas continuaram sendo usadas de forma ritual. Contudo, em algumas regiões
havia mais flexibilidade para elas serem utilizadas de outras formas.
Gabarito: C
(UNITAU 2015)
A Revolta dos Malês, ocorrida na Bahia em 1835, foi caracterizada
a) pela luta em prol da separação da Bahia do Império Brasileiro, com o apoio dos escravos.
b) por ser a mais ampla e bem estruturada rebelião urbana de escravos no Brasil, e a única
liderada exclusivamente por negros.
c) por ser a primeira mobilização revolucionária realizada em Salvador, então capital do Brasil.
d) por ser a única rebelião que não resultou em castigo para os revoltosos realizada contra o
Império no Brasil.
e) por mobilizar escravos, negros libertos e comerciantes locais pela luta em prol da abolição
da escravatura no Brasil.
Comentários
O enunciado nos fornece diretamente informações importantes: o tema é a Revolta dos Malês,
em 1835, em Salvador, Bahia. Nessa época, a capital baiana era onde mais da metade da
população era negra, mulata e liberta, muitos dos quais oriundos de diversos locais da África.
Especialmente nas três primeiras décadas do século XIX, uma grande quantidade de africanos
ocidentais estava sendo importada na província. A África Ocidental é onde se localizada
atualmente países como Gana, Senegal, Nigéria, Benim, Guiné, Guiné-Bissau, entre outros países.
Ali havia uma variedade enorme de etnias, muitas das quais pertenciam a religião islâmica. No
período apontado, estava ocorrendo uma jihãd, um tipo de guerra santa entre diferentes vertentes
islâmicas. Consequentemente, havia muitos conflitos armados que faziam grandes quantidade de
prisioneiros que, por sua vez, eram vendidos como escravizados para os europeus. Assim, muitos
chegavam ao Brasil, especialmente na Bahia onde a economia açucareira utilizava inúmeros cativos
na sua produção. Os muçulmanos, na língua iorubá, eram conhecidos como imalês e, em virtude
do aportuguesamento da palavra, foram chamados de malês. Muitos conheciam a escrita e sabiam
ler. Portanto, repare que Salvador tinha não só uma grande concentração de africanos, mas
também uma grande concentração de africanos de uma mesma cultura e religião, logo sabiam a
mesma língua e tinha mais facilidade para se comunicar entre si e maior concordância nas suas
visões de mundo. Com isso, em 1835, mais de 600 negros, entre cativos e libertos, liderados por
Manuel Calafate, conspiraram para fazer uma rebelião. Agora que você está por dentro do básico
sobre o tema, vejamos qual alternativa apresenta características da Revolta dos Malês:
a) Incorreta. Entre os objetivos dos malês estava soltar companheiros presos, matar brancos e
mulatos considerados traidores, e pôr fim à escravidão africana. Não havia um plano, pelo menos
não explícito de declarar a independência da Bahia.
b) Correta! A revolta, planejada com antecedência e cujos detalhes foram registrados por escrito
em árabe, deveria acontecer no dia 25 de janeiro de 1835. Como disse antes, mais de 600 pessoas
participaram. No entanto, eles foram delatados e violentamente reprimidos antes que pudessem
efetivar seus planos. Mesmo assim, os malês conseguiram tomar um quartel.

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c) Incorreta. Salvador já havia sido palco de várias rebeliões e revoltas antes. Por exemplo, a
Conjuração Baiana de, 1798, e a guerra de independência que durou mais tempo lá do que no
resto do Brasil.
d) Incorreta. Morreram 70 rebeldes e 10 militares no confronto. Cerca de 200 sobreviventes
rebeldes foram presos e condenados a penas que variaram do açoitamento à morte; outros 400
foram deportados para a África.
e) Incorreta. Não havia intenção de acabar com a escravidão em todo o Brasil. Inclusive, não está
evidente se o objetivo era mesmo acabar com a escravidão como um todo, na Bahia, ou somente
a escravidão de africanos e substituí-los por outro povo.
Gabarito: B
(UNAERP 2021)
As revoltas do período regencial ocorreram, sobretudo, nas capitais mais importantes do
Império, tendo como protagonistas as tropas e o povo. Tendo em vista as revoltas
provinciais, considere as afirmativas e assinale a opção correta.
1. A Guerra dos Farrapos, ou Farroupilhas, foi liderada pelos representantes da elite dos
estancieiros, criadores de gado da província do Rio Grande do Sul.
2. A Cabanagem ficou marcada pela conquista de Belém, capital do Pará, por uma tropa
composta de negros, mestiços e índios.
3. A Balaiada, a mais longa revolta popular ocorrida no Maranhão, ficou assim conhecida por
conta de um de seus principais líderes ter sido fabricante de balaios.
4. A Sabinada, liderada pelo jornalista e professor Sabino Barroso, defendia ideais
federalistas e republicanos, contando com integrantes da classe média e do comércio de
Salvador.
a) Somente 1, 2 e 3 estão corretas.
b) Somente 1, 2 e 4 estão corretas.
c) Somente 1, 3 e 4 estão corretas.
d) Somente 2, 3 e 4 estão corretas.
e) 1, 2, 3 e 4 estão corretas.

Comentários
O tempo, o espaço e o tema da questão são facilmente identificáveis no enunciado. Trata-se das
revoltas do período regencial no Brasil, o qual durou de 1831 até 1840, devido à menoridade do
imperador. É importante lembrar que mesmo após a independência, era extremamente difícil
manter a unidade de um país com um território tão vasto, uma vez que as elites e classes sociais
das variadas regiões tinham interesses distintos e competiam entre si. Não havia concordância
quanto ao projeto político e econômico da nova nação. Ainda mais com um rei português que era
herdeiro do trono de Portugal, D. Pedro I. Assim, diante das tensões e disputas durante o primeiro
reinado (1822-1831), o imperador se viu obrigado a abdicar do trono em favor de seu filho e partiu
para ser coroado rei de Portugal. Todavia, o herdeiro era menor de idade e, por isso, foi elaborado
um governo no qual regentes seriam escolhidos para liderar o país enquanto o jovem imperador
não tinha idade suficiente. De qualquer forma, as tensões e disputas continuaram acontecendo,
cada vez mais violentas, pois ainda não havia um consenso que unificasse todo o país sem maior

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resistência. O enunciado traz algumas das revoltas que foram deflagradas nesse período por
variados motivos. Vejamos cada uma das proposições para avaliar se estão corretas:
I. Verdadeira! A Farroupilha, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, entre 1835 e 1845.
Diferentemente das revoltas anteriores, aqui a participação popular foi bem reduzida. Na verdade,
o movimento foi liderado por uma oligarquia formada por pecuaristas. Essa elite questionava a
centralização do poder no Rio de Janeiro e as imposições da Coroa quanto ao comércio de
charque. Os assim chamados estancieiros queriam condições mais favoráveis para o comércio de
gado e para o fortalecimento do charque no mercado brasileiro. Dessa forma, a insurreição
começou com a deposição do presidente da província do Rio Grande do Sul, que fora nomeado
pelo governo regencial. O líder Bento Gonçalves da Silva (1788-1847), filho de um rico proprietário
de terra, invadiu a cidade de Porto Alegre. Em setembro de 1836 o movimento proclamou a
República de Piratini e Bento Gonçalves sagrou-se presidente. Em 1839 o movimento atingiu a
região de Santa Catarina sob a liderança de Davi Canabarro (1796-1867) e de Giuseppe Garibaldi
(1807-1882). Com isso, foi proclamada a República Catarinense ou Juliana. Importante frisar que
o caráter elitista do movimento fez com que a repressão fosse mais amena. A Coroa não foi para
cima desses revoltosos com a mesma mão pesada com que reprimiu as revoltas regenciais mais
populares. Por isso, o movimento durou anos e o desfecho foi por meio de uma saída negociada,
um acordo ao estilo de um armistício (uma trégua). Nas cláusulas do armistício, celebrado em
1845, o governo do Rio de Janeiro concordou em sobretaxar o charque importado em 25%, como
forma de estimular o charque gaúcho, e os farrapos foram anistiados.
II. Verdadeira! Esse conflito deu sequência à luta entre liberais e portugueses que marcou os
conflitos políticos da região desde a independência, em 1822. Em 1835, o presidente da província
foi assassinado e, a partir desse fato, seguiu-se uma batalha civil sanguinária. O principal alvo dos
cabanos (índios, caboclos e escravos) eram os portugueses e brancos. Segundo o professor José
Murilo de Carvalho a Cabanagem foi uma explosão popular contra a opressão secular de que o
povo pobre havia sido vítima, inclusive por ser excluído do sistema político.
III. Verdadeira! Ocorrido entre 1838 e 1841 no Maranhão, na verdade, esse movimento foi o ápice
de lutas que ocorriam desde 1831. Nesse período, a população da província era de 200 mil
pessoas, sendo que 50% era escravo, a mais alta proporção em todo território brasileiro. Tal como
a Cabanagem, essa revolta foi tipicamente popular e esteve ligada às disputas entre liberais e
conservadores. Os conservadores detinham o monopólio das indicações dos cargos políticos e
para a administração pública, fato que gerava muitos atritos. O estopim do movimento foi a
invasão de uma cadeia para libertar correligionários do movimento. Em uma mistura complexa
entre liberais e setores populares, inclusive quilombolas, os assim chamados fazedores de cestos
(os balaios) ganharam destaque na Balaiada. Um dos líderes da Balaiada foi Cosme Bento de
Chagas, o Preto Cosme, o qual liderou um grupo de 3 mil escravos fugidos. Cosme se intitulava
“Tutor e Imperador das Liberdades Bem-te-vis” (dos liberais). Com 11 mil homens, os balaios
tomaram algumas cidades. Porém, um desentendimento entre Preto Cosme e outro líder,
Raimundo Gomes, um vaqueiro, rachou o movimento e facilitou a repressão. Repare que um dos
motivos das divergências no movimento era quanto à escravidão. Enquanto uma parte era
favorável ao fim da escravidão, outra não.
IV. Verdadeira! A Sabinada teve lugar em Salvador, na Bahia, entre 1837 e 1838. O nome da revolta
é devido ao seu líder Dr. Sabino Barroso, professor da Escola de Medicina de Salvador. Esse

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movimento contou com um caráter separatista mais explícito. A capital foi tomada pelos
partidários do movimento, o presidente da província foi deposto e a Câmara Municipal declarou
a independência. Salvador foi sitiada por terra – por tropas dos barões do açúcar - e por mar pela
Marinha Imperial. Em dezembro de 1838 uma batalha de 3 dias em Salvador resultou em 1200
revolucionários mortos e 600 membros das tropas do governo. Diferentemente da Balaiada e da
Cabanagem, além das camadas populares, esse movimento contou com camadas médias da
sociedade, como professores, médicos e advogados. A principal motivação da Sabinada foi, de
fato, o federalismo. Quanto à escravidão, aqui também não havia consenso entre os participantes
da rebelião. Ao mesmo tempo que os sabinos prometeram a alforria dos escravos nascidos no
Brasil, desde que lutassem pela causa, o movimento não prometia abertamente a abolição da
escravidão. Apesar dessa dubiedade, só o fato de ter sido construído um batalhão de pretos e de
serem feitas promessas aos escravos fez com que os senhores de terra apoiassem a repressão do
governo.
Portanto, a alternativa correta é a letra “e”.
Gabarito: E
(UNAERP 2018)
“Considerada pela historiografia uma das mais importantes rebeliões escravas ocorridas no
Brasil monárquico, este levante estourou na região de Pati do Alferes, termo de Vassouras,
em novembro de 1838. Revoltaram-se os escravos em importantíssima região da expansão
cafeeira no vale do Paraíba fluminense, e o fizeram num contexto politicamente tenso – o
período regencial, marcado por inúmeras revoltas de todo tipo: autonomistas, separatistas,
populares [...] Não chegou propriamente a ser erigido um quilombo [...], mas uma luta de
resistência de escravos que havia fugido de várias fazendas da região entre 6 e 10 de
novembro de 1838”.
VAINFAS, Ronaldo (Dir.). Dicionário do Brasil Imperial (1822-1889). Rio de Janeiro:
Objetiva, 2008, p.638-639. Adaptado.
O texto descreve a
a) Revolta dos Malês.
b) Revolta de Manuel Congo.
c) Revolta de Carrancas.
d) Revolta da Serra do Rodeador.
e) Revolta do Reino da Pedra Bonita.

Comentários
O texto destacado já serve de contextualização para a questão. De fato, o período regencial (1831-
1840) foi extremamente tenso do ponto de vista político e social, pois havia muitas disputas de
interesse tanto entre as elites como entre estas e as demais classes sociais. Diante do desafio de
manter um vasto território como o do Brasil unificado sob um mesmo Estado-nação, os regentes
tiveram que lidar com uma série de revoltas de variadas composições sociais e com diferentes
interesses. Quase sempre a resposta foi repressão violenta, sobretudo quando o levante era
majoritariamente composto por escravizados, libertos e pelo povo pobre em geral. As revoltas
escravas eram as mais reprimidas, pois os senhores de escravos tinham um grande medo delas
devido à enorme quantidade de cativos existente em várias regiões do Brasil. Em alguns lugares,

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eles eram a maioria, inclusive. Em meio a esse contexto, ocorreu o levante narrado pelo texto.
Voltando ao enunciado, a questão pergunta apenas qual das revoltas listadas é aquela abordada
pelo texto. Atente-se para o ano (1838) e o lugar (Pati de Alferes, Vassouras-RJ, no Vale do
paraíba). Sabendo disso, vejamos:
a) Incorreta. A Revolta dos Malês ocorreu em Salvador, na Bahia, no ano de 1835. Foi uma rebelião
orquestrada por escravizados e libertos islâmicos. Seus objetivos eram soltar companheiros
presos, matar brancos e mulatos considerados traidores, e pôr fim à escravidão africana. A revolta
foi planejada antecipadamente e contava com mais de 600 negros envolvidos. No entanto, eles
foram delatados e violentamente perseguidos, o que impediu a execução do plano.
b) Correta! Na década de 1830, a economia cafeeira começou a despontar no Brasil,
principalmente no Vale do Paraíba carioca. A afluência de cativos para as fazendas da região
aumentou. Nesse contexto, estourou mais uma revolta de escravos, que se consubstanciou na
tentativa de formação de um quilombo. A revolta ocorreu em novembro de 1838, entre os cativos
do capitão-mor Manuel Francisco Xavier, grande proprietário na região, dono de várias fazendas.
O motivo teve origem após a morte do escravo Camilo Sapateiro pelo capataz de uma das
fazendas de Xavier. Indignados, os escravizados liderados pelo também cativo e ferreiro Manoel
Congo resolveram protestar junto ao latifundiário, que prometeu providências. No entanto, elas
nunca foram efetivadas. Com isso, os cativos decidiram assassinar o feitor e fugiram em seguida.
Isso mesmo, foi uma fuga coletiva, em massa. Cerca de 200 escravizados saíram de duas das
fazendas de Xavier e, nas matas da região, iniciaram a constituição de um quilombo sob a liderança
de Manoel Congo. Porém, a experiência não durou muito tempo. Rapidamente, senhores e
autoridades da região se organizaram com o apoio da Guarda Nacional. Assim, em 11 de
novembro, conseguiram capturar a maioria dos fugitivos, sendo que alguns foram mortos.
c) Incorreta. A Revolta de Carrancas foi um levante organizado por escravizados, em 13 de maio
de 1833, em Minas Gerais. Assim como a Bahia e o Rio de Janeiro, Minas Gerais também recebeu
um elevado número de cativos, principalmente para o trabalho na terra e nas minas. A Freguesia
de Carrancas, localizada ao sul da província, era uma região com grande número de cativos, que
eram mais numerosos que o resto da população. As fazendas de Campo Alegre e de Bela Cruz,
pertencentes à família Junqueira, maior proprietária de escravos da região, foram o palco onde o
levante teve início. A revolta se iniciou na primeira fazenda. Os cativos, liderados por Ventura Mina,
organizaram um motim e mataram seu proprietário. De lá, dirigiram-se à Fazenda Bela Cruz, onde
assassinaram a família do irmão de sua primeira vítima, também proprietário de terras e
escravizados. A saga continuou com o objetivo de matar outro membro da família, que foi morto
assim que chegou em Bela Cruz. De lá os revoltosos partiram para a Fazenda Bom Jardim, também
propriedade de outro membro da família Junqueira. No entanto, seu dono já avisado organizou
uma resistência maior e os revoltosos encontraram maior dificuldade. Esse conflito levou alguns
deles à morte, inclusive o líder Ventura Mina.
d) Incorreta. Essa revolta ocorreu entre 1817 e 1820, no município de Bonito, em Pernambuco.
Portanto, é anterior ao período regencial. Está inserida nas tensões políticas latentes ao período
joanino, nas vésperas da independência. O levante também tinha um caráter sociorreligioso e
milenarista. Participaram do movimento sobretudo homens livres e pobres, que fugiam do
recrutamento militar obrigatório. Seu líder, o ex-soldado desertor Silvestre José dos Santos,
predicava e atraía a atenção dos sertanejos ali estabelecidos com a crença no retor do Rei Dom

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Sebastião, desaparecido há quase três séculos no Marrocos, no norte da África, durantes as


guerras de expansão portuguesa na região. Santos reuniu um grupo e fundou a Cidade do Paraíso
Terrestre, junto a uma grande pedra considerada pelo povo como encantada, na zona rural de
Bonito. As aspirações dos sertanejos consistiam no retorno do referido rei português, que figurava
como herói e canalizava todos os fervores e esperanças desse povo sofrido. Com o seu regresso,
eles acreditavam que a ordem vigente seria invertida. Os pobres enriqueceriam, seus líderes se
transformariam em príncipes, injustiças deixariam de existir. Terras, fartura e prosperidade aos
adeptos e fim do recrutamento militar.
e) Incorreta. Na verdade, esse episódio não foi bem uma revolta. Em maio de 1838, em um
acampamento no sertão pernambucano, um grupo de homens executaram mulheres, velhos e
crianças e usaram seu sangue para lambuzar duas torres de pedra, localizadas no mesmo
acampamento. Mais de 200 pessoas foram mortas. Os perpetradores do massacre, assim como
os assassinados, eram seguidores de uma seita conhecida como Pedra do Reino ou Pedra Bonita.
A história desse ocorrido começa dois anos antes, em Villa Bella, comarca de Serra Talhada. Um
dia, João Antônio Vieira dos Santos afirmou que dom Sebastião habitava um reino encantado
perto de um local conhecido como Pedra Bonita. Conforme seus seguidores cresciam, ele montou
um acampamento no tal lugar mítico. Conhecido como Primeiro Reinado da Pedra Bonita, o local
foi marcado por discursos fanáticos e ideias contra o poder e a propriedade privada. As
autoridades logo agiram e expulsaram João Antônio de lá. Dois anos depois, outro homem, João
Ferreira, assumiu o lugar de João Antônio, dizendo ter visões de dom Sebastião. O Segundo
Reinado da Pedra Bonita teve mais de 300 moradores. A matança aconteceu após o líder anunciar
que, numa visão que teve do antigo monarca português, este afirmava que o sangue de seus
seguidores o traria de volta. Ao saber do ocorrido, a política enviou 60 homens ao local, onde
houve um conflito violento, com mais de 22 mortes. O próprio João Antônio, fundador da seita,
acabou morto.
Gabarito: B
(UNIRV 2018)
Em 1824, o imperador D. Pedro I outorgou a carta constitucional que formatou o Império do
Brasil. A respeito da mais duradoura Carta Magna brasileira, que definiu o ordenamento
jurídico do país por 65 anos, assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas.
a) ( ) A Constituição de 1824 era conhecida como “Constituição da Mandioca” devido ao
voto censitário, que definia a participação eleitoral no Império pelo nível de riqueza,
calculado inicialmente em alqueires de mandioca.
b) ( ) A Constituição de 1824 definia o Brasil como um Império Absolutista, no qual todos os
poderes concentravam-se em D. Pedro I, sem nenhuma representatividade democrática.
c) ( ) Apesar de simbolizar uma postura liberal com eleições e divisão de poderes, a
Constituição de 1824 instituía além dos 3 poderes um quarto poder, o Moderador, que
facultava ao imperador intervir na atuação dos outros poderes, garantindo um caráter
autoritário ao imperador.
d) ( ) A Constituição de 1824 estabelecia, através da divisão de poderes, um governo
extremamente liberal, dividindo o poder não em 3, mas em 4 partes, possibilitando uma
participação de todos os níveis da sociedade nas eleições, limitando os poderes do
imperador.

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Comentários
Podemos identificar facilmente alguns elementos que ajudam a interpretar a questão. Em primeiro
lugar, repare que o período é 1824, no Brasil. O tema é a primeira constituição do país, primeira
e única durante todo o período imperial. Antes de avaliarmos as alternativas, lembre-se que essa
constituição foi outorgada, ou seja, foi validada pelo Imperador sem passar pela aprovação do
legislativo ou qualquer outra instância do poder ou da sociedade. Isso aconteceu após um longo
ano de debates e conflitos entre os deputados brasileiros na Assembleia Nacional Constituinte de
1823. Apesar das tensões entre os partidos representados, o projeto de carta magna que foi
elaborado foi rejeitado pelo imperador, que no ano seguinte outorgou uma constituição
elaborada por seus conselheiros. Com isso em mente, vamos adiante:
a) Verdadeira! Na verdade, “Constituição da Mandioca” foi como ficou conhecida o documento
elaborado pela Assembleia Constituinte de 1823. No entanto, como a Constituição de 1824
preservou essa restrição censitária do voto e tinha poucas diferenças em relação ao primeiro
documento, podemos dizer que a alcunha servia ao novo texto. De qualquer forma, se você
marcasse como falsa essa alternativa, caberia recurso, pois se formos interpretar ao pé da letra, o
apelido foi dado aquele primeiro documento, não ao que foi outorgado por D. Pedro I.
b) Falsa. Na Constituição não havia uma declaração assim, de forma explicítia. D. Pedro I tentou
consolidar seu interesse em ser o governante absoluto do Brasil com as pressões liberais das
diferentes elites regionais. A solução encontrada por ele foi uma Constituição que incorporasse
alguns elementos liberais, como um Parlamento eleito pelo voto censitário, mas que também
garantisse sua prerrogativa pessoal sobre o Estado, por meio da instituição do Poder Moderador.
c) Verdadeira! Foi o que eu acabei de explicar acima. De fato, a Constituição de 1824 instituição
a divisão dos três poderes, voto censitário, entre outros elementos liberais. No entanto, instituía
o quarto poder: Moderador, de prerrogativa exclusiva da pessoa do imperador. Com isso, D.
Pedro I podia nomear legisladores e magistrados, assim como cassá-los; dissolver o Parlamento;
criar leis e impostos; dar sentenças ou revoga-las; enfim, lhe dava o direito de ser um monarca
absolutista.
d) Falsa. Pelo contrário, a instituição de um quarto poder mostrava os limites das pretensões
liberais do Estado imperial brasileiro. Inclusive, outro sintoma desses limites era a restrição da
participação popular na política institucional. O voto censitário garantia que a grande maioria da
população não tivesse direito a ser eleito e nem mesmo votar. Além disso, a escravidão foi mantida
e os libertos eram igualmente proibidos de votar e ser eleitos. Apenas os nascidos livres tinham
essa prerrogativa, desde que tivessem a renda mínima necessária.
Gabarito: V – F – V – F
(UNIRV 2018)
Na primeira fase do Segundo Reinado, o imperador, ainda menor de idade, foi substituído
por regentes. Os nove anos de Regência (1831-1840) foram um período conturbado na
política imperial. A respeito dessa fase, assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as
alternativas.
a) ( ) Entre 1831 e 1834, o Brasil viveu uma complexa ”dança” partidária. Em 1831, os antigos
partidos Conservador e Liberal dão lugar ao Restaurador, Liberal Moderado e Liberal
Exaltado, para em 1834 reformularem-se como Regressista e Progressista e, então, voltarem
as duas denominações originais.

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b) ( ) A Constituição de 1824 previa que um imperador menor de idade deveria ser regido
por representantes eleitos diretamente por voto popular, com mandatos de 4 anos. Esse
modelo foi reestruturado no Ato Adicional de 1834, garantido o poder a três regentes
escolhidos pela Assembleia Geral pelo prazo de 3 anos.
c) ( ) O modelo de regência previsto pela Constituição Imperial de 1824 sofreu duas
importantes alterações durante a Regência; o Ato Adicional de 1834, que alternava a
regência de trina para una, substituindo a partilha de poder pelo revezamento, e o Golpe da
Maioridade (1840), antecipando a maioridade do imperador.
d) ( ) Duas medidas importantes na política interna foram a criação da Guarda Nacional, que
substituiria o exército na manutenção da ordem provincial, e do Código de Processo
Criminal, que instituía uma instância local para o poder judiciário, o Juiz de Paz.
Comentários
Logo de cara o enunciado nos informa o tempo, o espaço e o tema da questão. Estamos
falando do período regencial, entre 1831 e 1840, mais especificamente a instabilidade
política e social vivida nessa época. Após D. Pedro I ter abdicado em decorrência das
disputas entre os partidos brasileiros e a rejeição a um reino de origem portuguesa. No
entanto, seu herdeiro, natural do Brasil, ainda era menor de idade e foi necessário organizar
uma regência até que ele pudesse assumir o trono. Apesar os regentes serem todos
brasileiros e o próprio imperador menino ter nascido aqui, as disputas não cessaram. Tanto
as elites das diferentes regiões do país não entravam em consenso entre si sobre o projeto
político para a nova nação, quanto as demais classes sociais expressavam seu
descontentamento com o Estado e as classes dominantes. Com isso em mente, vejamos
quais alternativas são falsas e quais são verdadeiras:
a) Verdadeira! Até 1834, quando Dom Pedro I morreu em Portugal, o Partido dos
Portugueses, agora conhecido como regressistas, tentou restaurar a monarquia e a volta de
Dom Pedro. Contudo, depois disso se aliaram aos setores mais conservadores entre os
moderados. Este grupo passou a defender a centralização do poder político no governo
federal. Nesse caso as Províncias teriam pouca liberdade. Um exemplo de suas ideias era
que o chefe do Poder Executivo, o Regente ou, depois, o Rei, indicasse o governador da
província. O outro grupo formado ficou conhecido como os progressistas. Os liberais
exaltados e os moderados mais progressistas se aliaram para defender uma maior
descentralização do poder para que as Províncias tivessem mais autonomia e liberdade
quanto às questões locais. Nesse grupo também se discutia a necessária mudança em
algumas relações sociais, como a escravidão. Veja o esquema que vimos na aula, que ilustra
bem essa “dança das cadeiras”:

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b) Falsa. Na realidade, a Constituição de 1824 já previa que se o rei fosse menor de 18 anos,
o país deveria ser governado por três pessoas, ou seja, três regentes. Estes deveriam ser
escolhidos pela Assembleia Geral, ou seja, pelo Parlamento formado por deputados e
senadores, não diretamente pelo povo. Por seu turno, o Ato Adicional de 1834 tratou-se de
uma reforma na Constituição que reforçou a descentralização do poder político, uma vez que
o Poder Moderador foi suspenso e os Conselhos Gerais das Províncias foram substituídos
por Assembleias Legislativas Provinciais. Com isso, as oligarquias regionais ficaram
satisfeitas, pois passaram a ter maior controle sobre o território regional. Ainda, esse Ato
aboliu o Conselho de Estado, transformou o Rio de Janeiro, sede da Corte, em município
neutro e alterou o sistema de regência, que abolia o modelo trino e implantava a Regência
Una, isto é, apenas um regente seria eleito para governar o império durante 4 anos. Além
disso, ele seria eleito pelo voto censitário (por renda) direto.
c) Verdadeira! Já falei sobre o Ato Adicional de 1834, na justificativa da letra “b”. Por outro
lado, o golpe da maioridade consistiu em declarar D. Pedro II como maior de idade, portanto
apto a assumir o trono. Isso ocorreu em 23 de julho de 1840. Neste ano, os progressistas já
haviam fundado o Partido Liberal eos regressistas se agrupavam no Partido Conservador. Os
liberais, inconformados com os rumos que a política governamental trilhava, não tinha,
apesar disso, força política suficiente para derrubar Araújo Lima, regente conservador. Por
isso, passaram a defender a maioridade do imperador, então com 14 anos. Coroá-lo
oficialmente era a única maneira de derrubar o regente que se fortalecera reprimindo, com
êxito, praticamente todas as revoltas ocorridas nas diferentes províncias. Dessa forma, o
golpe da maioridade foi tramado a partir dos interesses dos liberais em assumir o comando
do governo.
d) Verdadeira! Essas duas reformas institucionais foram iniciativa do então Ministro da Justiça
Diogo Antônio Feijó. A Guarda Nacional, criada em 1831, consistia em uma força policial
criada para tratar dos conflitos locais que se intensificaram nesse período e manter a ordem
pública. Dela fazia parte todo brasileiro que tivesse entre 21 e 60 anos e fosse cidadão ativo

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(renda líquida anual de 100 mil réis). Até 1837, os oficiais eram eleitos pela tropa e
permaneciam no cargo por 4 anos. Por sua vez, o Código de Processo Criminal, criado em
1832, passou a oferecer algumas garantias processuais, como o estabelecimento do corpo
de jurados e o habeas corpus, além da instituição de uma instância local para o poder
judiciário, o Juiz de Paz.
Gabarito: V – F – V – V
(UEM 2016) 4000071115
Sobre o período regencial brasileiro (1831-1840), é correto afirmar que:
01) Os regentes tinham as atribuições do poder executivo, mas não as do Poder Moderador,
que eram exclusivas do imperador.
02) Ao longo do período regencial, ocorreram diversas rebeliões contra a ordem vigente,
tais como a Cabanagem, a Balaiada, a Revolta dos Malês e a Revolução Farroupilha.
04) O Ato Adicional de 1834 modificou a Constituição de 1824 com o objetivo de acabar
com a autonomia das províncias e dissolver as Assembleias Provinciais.
08) Em 1831 foi formada a guarda nacional que tinha como missão garantir a segurança dos
municípios e as fronteiras do país.
16) Durante o período regencial foi assinado o Convênio de Taubaté, para a construção da
estrada de ferro entre Rio de Janeiro e São Paulo.
Comentários
Antes de tudo, repare o tempo, o espaço e o tema: 1831-1840, Brasil, Período Regencial. Lembre-
se que esse contexto é marcado por uma série de disputas entre as elites regionais e entre estas
e as demais classes sociais. Simultaneamente, o governo imperial buscava manter a unidade
nacional e conciliar e implementar reformas institucionais que aumentasse o poder do Parlamento,
enquanto restringia a participação popular na política institucional. Com a abdicação de D. Pedro
I em favor de seu filho menor de idade, foi necessário que fossem escolhidos regentes para
governar o país até que o novo imperador estivesse apto. Assim, podemos dividir a regência em
três período: a Regência Provisória (1831); Regência Trina Permanente (1831-1835); Regência Una
do Padre Diogo Feijó (1835-1837); e a Regência Uma de Araújo Lima (1837-1840). Com isso em
mente, vejamos as alternativas:
01) Correta! Veja bem, o Poder Moderador era prerrogativa exclusiva da pessoa do imperador.
Apesar deste ser também o chefe do Poder Executivo, nenhum outro integrante deste mesmo
poder podia usufruir das atribuições do Moderador. Vale lembrar que os regentes eram escolhidos
entre deputados e senadores, assim como os Ministros de Estado.
02) Correta! As assim chamadas Revoltas Regenciais estiveram inseridas em um contexto em que
a questão fundamental da distribuição de poder oscilava entre a autoridade nacional no Rio de
Janeiro e os governos provinciais. Nesse sentido, a principal pauta de discordância eram as
medidas centralizadoras do governo imperial contra as aspirações federalistas das províncias.
Ainda, havia grupos que defendiam o fim da monarquia e instalação de uma república, mesmo
que isso implicasse a separação de suas províncias do resto do império. É importante dizer que
essas diferentes revoltas não concordavam entre si necessariamente. Algumas foram marcadas
pela participação das camadas mais populares e até cativos, enquanto outras tiveram caráter mais
elitista. Isso influenciava nas reivindicações de cada uma. Por exemplo, a Revolta dos Malês exigia
o fim da escravidão africana, uma vez que seus participantes eram quase todos escravos e libertos

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de origem africana. Por seu turno, a Revolução Farroupilha foi composta por setores proprietários
das elites gaúchas, logo suas pautas se concentraram em questões econômicas e tributárias, além
das aspirações federalistas. Para você ter em mente, deixo aqui também as datas que cada uma
dessas revoltas ocorreu: a Cabanagem, no Pará (1835), a Balaiada, no Maranhão (1838-1841), a
Revolta dos Malês, na Bahia (1835) e a Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul
(1835-1845).
04) Incorreta. Na verdade, essa medida causou o oposto disso. O tal Ato Adicional instituiu a
criação das Assembleias Legislativas Provinciais, visando dotar as unidades do Império de maior
autonomia com relação ao governo central, embora os presidentes das províncias continuassem
sendo nomeados pela Corte. A medida também aboliu o Conselho de Estado, transformou o Rio
de Janeiro (sede da Corte) em município neutro e alterou o sistema de regência que deixou de
ter trina e passou a ser una. Além disso, o regente não seria mais eleito apenas pelo Parlamento,
mas sim pelo voto censitário direto.
08) Correta! A Guarda Nacional foi iniciativa do então Ministro da Justiça, Diogo Antônio Feijó.
Essa instituição militar consistiu em uma força policial criada para tratar dos conflitos locais que se
intensificaram nesse período e manter a ordem pública. Dela fazia parte todo brasileiro que tivesse
entre 21 e 60 anos e fosse cidadão ativo (renda líquida anual de 100 mil réis). Até 1837, os oficiais
eram eletos pela tropa e permaneciam no cargo por 4 anos.
16) Incorreta. Na realidade, o Convênio de Taubaté foi um encontro realizado pelos governadores
dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, em 1906, durante a Primeira República.
O ponto de encontro foi a cidade paulista de Taubaté e o objetivo era acordarem uma política
estatal para garantir a rentabilidade da cafeicultura do Sudeste.
Gabarito: 01 + 02 + 08 = 11.
(Uem 2011) 4000110382
Sobre as revoltas ocorridas no período imperial da história do Brasil, assinale o que for
correto.
01) A Cabanagem foi uma importante revolta que envolveu toda a região amazônica e se
estendeu aos territórios da Guiana Francesa.
02) A Sabinada foi uma revolta que ocorreu no Estado de Mato Grosso, entre 1850 e 1869,
e se estendeu por todo o Centro-Oeste do Brasil.
04) A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha se originou no Rio Grande do Sul e se
estendeu a territórios que fazem parte do atual Estado de Santa Catarina.
08) Mesmo com o grande número de revoltas que chegaram a ameaçar a unidade do País,
foi durante o período regencial que se consolidou o Estado Nacional.
16) A Balaiada foi uma revolta das elites maranhenses contra o poder imperial. Iniciou-se no
Maranhão e teve adesão das elites regionais dos atuais estados do Piauí e do Ceará.
Comentários
Veja só, o enunciado fala em revoltas ocorridas no período imperial, no Brasil. No entanto, as
alternativas se concentram apenas nas revoltas do Período Regencial. Chamadas de Revoltas
Regenciais, elas estiveram inseridas em um contexto em que a questão fundamental da
distribuição de poder oscilava entre a autoridade nacional no Rio de Janeiro e os governos
provinciais. Em outras palavras, havia vários conflitos de interesses tanto entre as próprias elites
de cada região e entre estas e as demais classes sociais da sociedade imperial brasileira. A principal

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pauta de discussão era se o governo devia ser centralizado ou descentralizado (federalista).


Contudo, havia outras demandas como a independência do resto do Império, o fim da escravidão,
redução de impostos, fim da propriedade privada, entre outros, que igualmente não eram
consenso entre todas as rebeliões deflagradas durante esses anos. Dessa forma, a questão da
centralização x descentralização, o rechaço aos portugueses – principalmente os “coimbrãos”, o
conflito entre liberais e conservadores, as insatisfações populares, entre outras questões, deram
motivos para rebeliões no Período Regencial. Com isso em mente, vejamos qual é a alternativa
correta:
01) Incorreta. A Cabanagem (1835) ocorreu apenas no território da Província do Pará, na capital
Belém e suas redondezas.
02) Incorreta. A Sabinada teve lugar em Salvador, Bahia, entre 1837 e 1838, não se estendendo
para outras regiões do país.
04) Correta! A insurreição começou em 1835, com a deposição do presidente da província do Rio
Grande do Sul, que fora nomeado pelo governo regencial. O líder Bento Gonçalves da Silva (1788-
1847), filho de um rico proprietário de terra, invadiu a cidade de Porto Alegre. Em setembro de
1836, foi proclamada a República de Piratini e Bento Gonçalves sagrou-se presidente. Em 1839, o
movimento atingiu a região de Santa Catarina sob a liderança de Davi Canabarro (1796-1867) e
de Giuseppe Garibaldi (1807-1882). Com isso, foi proclamada a República Catarinense ou Juliana.
08) Correta! Ao passo que o governo imperial precisou lidar com uma série de revoltas, os
regentes se empenharam em executar várias reformas institucionais para racionalizar a
administração do Estado, manter a unidade nacional e aumentar a força do Parlamento. Entre
essas reformas podemos citar a criação da Guarda Nacional (1831), o Ato Adicional (1834), a
criação do Código de Processo Criminal (1832), entre outras.
16) Incorreta. Na verdade, esse movimento teve lugar apenas no Maranhão, entre 1838 e 1841, e
foi o ápice de lutas que ocorriam desde 1831. Nesse período, a população da província era de
200 mil pessoas, sendo que 50% era escravo, a mais alta proporção em todo território brasileiro.
Tal como a Cabanagem, essa revolta foi tipicamente popular e esteve ligada às disputas entre
liberais e conservadores. Os conservadores detinham o monopólio das indicações dos cargos
políticos e para a administração pública, fato que gerava muitos atritos. O estopim do movimento
foi a invasão de uma cadeia para liberar correligionários do movimento. Em uma mistura complexa
entre liberais e setores populares, inclusive quilombolas, os assim chamados fazedores de cestos
(os balaios) ganharam destaque na Balaiada. Um dos líderes da Balaiada foi Cosme Bento de
Chagas, o Preto Cosme, o qual liderou um grupo de 3 mil escravos fugidos. Cosme se intitulava
“Tutor e Imperador das Liberdades Bem-te-vis” (dos liberais). Com 11 mil homens, os balaios
tomaram algumas cidades. Porém, um desentendimento entre Preto Cosme e outro líder,
Raimundo Gomes, um vaqueiro, rachou o movimento e facilitou a repressão. Portanto, repare que
havia tanto setores das elites quanto das camadas mais pobres e exploradas. Sintoma disso, um
dos motivos das divergências no movimento era quanto à escravidão. Enquanto uma parte era
favorável ao fim da escravidão, outra não.
Gabarito: 04 + 08 = 12
(UEM 2016)
Sobre acontecimentos no Brasil, durante o século XIX, assinale o que for correto.

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01) D. Pedro I dissolveu a Assembleia Constituinte em 1823 e outorgou uma Constituição no


ano seguinte, que consagrava uma centralização política e administrativa, fortalecendo assim
o seu poder.
02) A Revolta Farroupilha (1835-1845) foi liderada por proprietários de gado gaúchos que
reivindicavam maior autonomia política para a Província do Rio Grande do Sul.
04) A Revolta dos Malês foi uma rebelião de escravos e de libertos ocorrida em Salvador em
1835. Os cativos que lideravam o levante eram conhecidos como malês, designação dada
aos africanos muçulmanos, com significativa presença na Bahia.
08) A abolição do tráfico negreiro no Brasil em 1850 não resultou em um maior
desenvolvimento econômico, uma vez que a quantidade de capitais empregada no negócio
de escravos era inexpressiva.
16) A Lei do Ventre Livre, aprovada em 1871, determinou que todos os filhos de escravas
nascidos a partir daquela data seriam livres. O Estado brasileiro assumiu, então, a iniciativa
de conduzir o processo de abolição de modo gradual para que a produção cafeeira não fosse
desorganizada com a repentina abolição da escravidão.
Comentários
A questão faz referência aos principais acontecimentos na história do Brasil ao longo do
século XIX.
Somente a proposição 08 está incorreta, pois foi a Lei Eusébio de Queiróz, de 1850, que
proibiu o tráfico de africanos para o Brasil gerou inúmeras consequências para o país, entre
elas, a forte redução no número de escravos, o aumento do preço do africano, o comércio
interprovincial de escravos, a chegada de imigrantes e o investimento de capital em outros
setores da economia.
Gabarito: 01 + 02 + 04 + 16 = 23.
(UEM 2013)
Assinale a(s) alternativa(s) correta(s) sobre o processo histórico de apropriação e uso da terra
no Brasil.
01) Durante o período colonial, as terras pertenciam à Coroa, que as doava ou cedia o direito
de uso delas, visando à ocupação do território e à exploração agrícola.
02) No início da colonização portuguesa, predominava o cultivo de produtos agrícolas
tropicais em grandes propriedades monocultoras, com a utilização do trabalho escravo.
04) No período entre a extinção do sistema de Sesmarias até o estabelecimento da lei de
Terras, em 1850, o Estado imperial brasileiro não dispunha de instrumentos legais efetivos
de controle de acesso à terra.
08) A Lei de Terras de 1850 estabeleceu que os governos estaduais desenvolvessem projetos
de colonização, com o objetivo de atrair imigrantes estrangeiros e estabelecer a pequena
propriedade como novo modelo fundiário do País.
16) Com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, em 1808, D. João VI estabeleceu que
todas as terras que não cumpriam função social fossem desapropriadas e transformadas em
áreas de preservação ambiental.
Comentários
A afirmativa 08 está errada porque a Lei de Terras de 1850 tornou todas as terras sem registro
propriedade do Estado Imperial e atrelou a posse da terra à compra do registro da mesma,

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o que dificultou o acesso à terra de pessoas com poucas posses, como os imigrantes e os
escravos libertos;
A afirmativa 16 está errada porque D. João VI desapropriou as terras em torno da Lagoa de
Sacopenapã, pertencente ao capitão Rodrigo de Freitas, para abrir o Horto Real – atual
Jardim Botânico –, mas não promoveu nenhuma lei de preservação ambiental
Gabarito: 01 + 02 + 04 = 07.
(UEM 2012)
Sobre as revoltas ocorridas no período imperial da história do Brasil, assinale o que for
correto.
01) A Cabanagem foi uma importante revolta que envolveu toda a região amazônica e se
estendeu aos territórios da Guiana Francesa.
02) A Sabinada foi uma revolta que ocorreu no Estado de Mato Grosso, entre 1850 e 1869,
e se estendeu por todo o Centro-Oeste do Brasil.
04) A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha se originou no Rio Grande do Sul e se
estendeu a territórios que fazem parte do atual Estado de Santa Catarina.
08) Mesmo com o grande número de revoltas que chegaram a ameaçar a unidade do País,
foi durante o período regencial que se consolidou o Estado Nacional.
16) A Balaiada foi uma revolta das elites maranhenses contra o poder imperial. Iniciou-se no
Maranhão e teve adesão das elites regionais dos atuais estados do Piauí e do Ceará.
Comentários
A Cabanagem foi uma rebelião que ocorreu na província do Pará entre 1835-40.
A Sabinada foi um movimento baiano, entre 1837-38, que chegou a defender um separatismo
provisório.
A Guerra dos Farrapos (1835-45) teve caráter separatista e republicano e foi comandada pelos
pecuaristas gaúchos, com a adesão de populações e proprietários catarinenses.
Considera-se o período regencial como de “consolidação do Estado nacional”, devido à
abdicação de D. Pedro I e ao fim da ameaça de recolonização.
A Balaiada envolveu as elites, mas, principalmente, setores populares, e esteve restrita ao
Maranhão.
Gabarito: 04 + 08 = 12.
(UFSC 2020)
Texto 1
LEI DE 7 DE NOVEMBRO DE 1831
Declara livres todos os escravos vindos de fora do Império, e impõe penas aos importadores
dos mesmos escravos. [...].
Art. 1o Todos os escravos, que entrarem no território ou portos do Brazil, vindos de fora,
ficam livres.
[...]
Art. 2o Os importadores de escravos no Brazil incorrerão na pena corporal do artigo cento e
setenta e nove do Código Criminal, imposta aos que reduzem á escravidão pessoas livres, e
na multa de duzentos mil réis por cabeça de cada um dos escravos importados, além de
pagarem as despesas da reexportação para qualquer parte da África [...].

AULA 13: História do Brasil - Império Brasileiro 121


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Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-37659-7-


novembro-1831-564776-publicacaooriginal-88704-pl.html. Acesso em: 21 ago. 2019.
Texto 2
O tráfico de escravos, a despeito da proibição, trouxe ao Brasil cerca de 800 mil africanos
entre 1830 e 1856. À exceção dos emancipados que ficaram sob tutela, todos foram
vendidos e tidos como escravos graças à renovada conivência do governo imperial com a
ilegalidade. [...] as circunstâncias da aplicação da Lei de 1831 [...] desdobra-se na
identificação das estratégias, sempre renovadas, de proteção estatal aos detentores de
escravos importados por contrabando e dos mecanismos de legalização da propriedade
ilegal.
MAMIGONIAN, Beatriz G. Africanos livres: a abolição do tráfico de escravos no Brasil. São
Paulo: Companhia das Letras, 2017. p. 20, 23.
Texto 3
[...] os ensinamentos do passado ajudam a situar o atual julgamento sobre cotas universitárias
na perspectiva da construção da nação e do sistema político de nosso país. Nascidas no
século XIX, a partir da impunidade garantida aos proprietários de indivíduos ilegalmente
escravizados, da violência e das torturas infligidas aos escravos e da infracidadania reservada
aos libertos, as arbitrariedades engendradas pelo escravismo submergiram o país inteiro.
ALENCASTRO, Luis Felipe de. Parecer sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental, ADPF/186, apresentada ao Supremo Tribunal Federal.
Disponível em:
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/processoAudienciaPublicaAcaoAfirmativa/anexo/stf_alen
castro_definitivo_audiencia_publica.doc. Acesso em: 21 ago. 2019.
Com base nos textos acima e na história dos negros no Brasil, é correto afirmar que:
01. os Textos 2 e 3 demonstram que os estudos na área de História não ficam atrelados a
uma interpretação teórica positivista, pois ambos denotam que há intencionalidades na
produção dos dispositivos legais; no caso da Lei de 1831, forças políticas operaram para o
seu não cumprimento.
02. os Textos 1 e 3 demonstram que as cotas raciais nas universidades públicas não se
justificam, uma vez que os negros garantiram por lei direitos iguais aos dos brancos desde a
primeira metade do século XIX.
04. o Texto 2 afirma que mais de meio milhão de africanos foram submetidos, ilegalmente,
à condição de escravos com a conivência do Estado brasileiro.
08. a Inglaterra exerceu forte pressão para o fim do desembarque de africanos em território
brasileiro; entretanto, as determinações da Lei de 1831 não foram respeitadas e ela ficou
conhecida como “lei para inglês ver”.
16. a abolição do trabalho escravo no Brasil, feita concomitantemente com a revolução no
Haiti, e o pequeno volume de africanos trazidos para o país impediram que a sociedade
brasileira ficasse com traços africanos.
32. enquanto a autora do Texto 2 defende o papel do Estado como garantidor do direito de
propriedade, o autor do Texto 3 afirma que os escravos, por não se submeterem à lei, fizeram
o país submergir na desordem.

AULA 13: História do Brasil - Império Brasileiro 122


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64. os Textos 2 e 3 são complementares, visto que o primeiro relata a escravização ilegal de
africanos após a Lei de 1831 e o segundo aponta para a consequente exclusão social dessas
pessoas e as repercussões dessa exclusão na construção do país.
Comentários
Esta é uma questão um pouco complexa, pois demanda interpretação de texto e que se relacione
os diferentes trechos destacados. É importante se atentar que o Texto I é uma lei, promulgada
em 1831, durante o período regencial. Os outros dois são textos de pesquisadores que
interpretam a história brasileira, mais especificamente a história da escravidão no Brasil e suas
consequências sociais até os dias de hoje. Assim, a questão nos induz a acompanhar o seguinte
raciocínio: o não cumprimento da Lei de 1831 e a criação de mecanismos que dificultassem sua
aplicação são evidências da conivência do Estado brasileiro na perpetuação da escravidão ilegal.
Com isso, o próprio Estado tinha responsabilidade nas consequências disso na sociedade, o que
nos leva ao argumento mais presente no Texto 3, de que uma política pública como as cotas é
indispensável para reparar os estragos causados pelas políticas implementadas pelo Estado
brasileiro no passado. Considerando isso, vejamos as alternativas:
01. O positivismo é uma corrente teórica que prega que a humanidade sempre caminha para o
progresso e para a evolução. Isso se comprovaria pelas leis de cada país que seriam sintoma direto
do grau de civilização de seu povo. Nesse sentido, com as consecutivas leis que dificultavam a
continuidade da escravidão e aquela que decretou seu fim definitivo, em 1888, teriam dado conta
de sanar todo e qualquer estrago social causado pela instituição do cativeiro. Quanto mais longe
no passado estivesse a abolição, necessariamente mais livre de suas consequências estaria a
civilização brasileira. No entanto, o que os Textos 2 e 3 argumentam é que as leis, como qualquer
documento histórico, são produzidas por pessoas que tem interesses próprios, logo carregavam
características de quem as produziu. No caso da Lei de 1831, elaborada e promulgada por
escravocratas, seu objetivo era camuflar as verdadeiras intenções dos proprietários brasileiros
frente à pressão internacional pelo fim do tráfico, enquanto se criava uma série de dispositivos
que dificultava sua aplicação adequada. Nessa perspectiva, abandona-se a ideia de um progresso
constante e ininterrupto da humanidade, procurando se evidenciar as circunstâncias históricas, as
continuidades e rupturas, assim como as intenções latentes dos sujeitos que produzem os registros
históricos. Isso tudo revela que a história não caminha sempre na mesma direção, sendo muito
mais complexa e contextual.
02. Incorreta. O trecho da lei destacado no Texto I, isolado, comprova apenas que houve uma
tentativa de acabar com o tráfico internacional de escravizados no Brasil. Por seu turno, o Texto 3
argumenta que as cotas raciais nas universidades se justificam exatamente por causa da atitude
do Estado brasileiro em relação à continuidade do tráfico e da escravidão, sendo conivente com
os interesses dos senhores de escravos por meio da criação de dispositivos legais que lhes
favorecessem. A ineficácia da Lei de 1831 é um sintoma disso.
04. Correta! Essa é uma interpretação bem objetiva do que o Texto 2 argumenta.
08. Correta! Desde antes da independência, a Inglaterra sonhava em transformar o Brasil e outras
colônias na América em mercado consumidor para seus produtos industrializados. Em um primeiro
momento, os ingleses buscaram pressionar pelo fim dos pactos coloniais que os impediam de
comercializar diretamente com as colônias de outras nações europeias. No entanto, paralelamente
foi crescendo a ideia entre os britânicos de que era preciso pôr fim ao tráfico negreiro e à própria

AULA 13: História do Brasil - Império Brasileiro 123


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escravidão para transformar essa mão de obra em trabalhadores assalariados que pudessem se
tornar consumidores que comprariam os produtos ingleses. Assim, os britânicos aboliram o tráfico
no Atlântico Norte em 1807 e passaram a pressionar para que outros países fizessem o mesmo,
além de promover a abolição da escravidão. Em relação ao Brasil, essa pressão se traduzia em
cobrança para retribuir todo o apoio da Inglaterra à independência e economia brasileiras.
Algumas medidas foram tomadas, mas jamais cumpridas, como por exemplo, um tratado assinado
entre Brasil e Inglaterra que considerava pirata todo navio envolvido no comércio de escravos.
Seria um passo para transformar essa atividade comercial em uma prática ilegal. Mas o Brasil
continuou recebendo todos os navios com pessoas escravizadas. Daí a expressão “para inglês ver”
– ou seja, algo sem efeito, sem sentido, que não vale nada.
16. Incorreta. A escravidão só foi abolida no Brasil em 1888, aproximadamente cem anos depois
da independência do Haiti. Além disso, a colônia francesa se emancipou definitivamente em 1804,
momento em que o tráfico de africanos aumentava aceleradamente para o território brasileiro.
32. Incorreta. De fato, o Texto 2 argumenta a conivência do Estado era um reflexo de seu papel
garantidor da propriedade privada, mesmo que esta fossem pessoas. Por outro lado, a alternativa
é equivocada em afirmar que o Texto 3 afirma que os escravizados não respeitavam a lei e fizeram
o país submergir na desordem. Isso não é mencionado pelo autor, que apenas argumenta que as
cotas raciais hoje se justificam como política de reparação história em vista das atitudes do Estado
brasileiro no passado.
64. Correta! É exatamente o que venho falando no comentário e nas justificativas das alternativas
anteriores. O Texto I serve de documento da época. O Texto II analisa a repercussão dessa lei.
Por último, o Texto 3 reflete sobre as consequências históricas e sociais resultantes do não
cumprimento dessa medida e, mais, de toda uma ordem social e legislativa construída com base
da propriedade de seres humanos por outros seres humanos.
Gabarito: 01 + 04 + 08 + 64 = 77
(UFSC 2016)
Sobre o Primeiro Reinado brasileiro (1822-1831), é CORRETO afirmar que:
01. o rápido crescimento econômico do país após a independência, baseado na consolidação
do café como principal produto nacional de exportação, garantiu a estabilidade política que
caracterizou o reinado de D. Pedro I.
02. ao estabelecer o sufrágio censitário, a primeira Constituição brasileira, promulgada em
1824, sustentava a tese liberal de que “todos os homens nascem livres e iguais”.
04. a Confederação do Equador, que eclodiu no Nordeste em 1824, foi um movimento
revolucionário de tendência liberal, separatista e republicana.
08. a oposição interna contra D. Pedro I reduziu-se com a conquista da província Cisplatina,
ocorrida após a guerra travada entre 1825 e 1828 que resultou na separação da República
da Banda Oriental do Uruguai.
16. após a ruptura definitiva com Portugal em setembro de 1822, grupos políticos alinhados
com a Corte portuguesa resistiram ao comando de D. Pedro I em algumas províncias do
império.
Comentários
Atenção ao tempo, espaço e tema da questão. O período abordado é 1822 a 1831, no Brasil, mais
especificamente o Primeiro Reinado. O país havia se tornado independente recentemente,

AULA 13: História do Brasil - Império Brasileiro 124


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formando um Império governado por D. Pedro I, também herdeiro do trono português. Foi
momento marcado pelas disputas políticas entre o Partido Português e o Partido Brasileiro
(moderados e exaltados), em meio às quais o Imperador buscava a todo custo centralizar o poder
em suas próprias mãos. Sabendo disso, vejamos o que podemos assinalar como correto:
01. Incorreta. Nessa época, o café ainda não havia se consolidado como principal produto nacional
de exportação. Na verdade, estava começando a ser plantado nas fazendas do Vale do Paraíba
fluminense e no interior paulista. Além disso, o reinado de D. Pedro I não foi caracterizado por
estabilidade política, pelo contrário.
02. Incorreta. Essa é uma afirmação complexa. O sufrágio censitário, isto é, o voto permitido
apenas aos que tivessem uma renda mínima estipulada por lei não sustentava a tese de que “todos
os homens nascem livres e iguais”. Todavia, isso não fazia com que essa medida perdesse seu
caráter liberal. No liberalismo, a renda é vista como resultado do sucesso individual das pessoas,
ou seja, do seu mérito. Portanto, poderia servir como critério para ter acesso aos direitos políticos.
Isto não feria necessariamente os princípios de liberdade e igualdade, pois no caso os liberais
defendiam liberdade econômica para que todos pudessem ter oportunidade de tentar enriquecer
e igualdade jurídica para que todos fossem julgados pela lei da mesma forma. Vê como, nessa
mentalidade, o voto censitário não interfere na noção de liberdade e igualdade? De qualquer
forma, era uma medida elitista, mesmo sendo liberal.
04. Correta! Principalmente no Nordeste do Brasil, diversas províncias manifestaram desacordo
com o fechamento da Assembleia Constituinte, com a imposição da Constituição de 1824 e com
conjunto das medidas autoritárias do Imperador. Essa tensão foi elevada por conta dos altos
impostos e pelas dificuldades financeiras passadas pelas províncias nordestinas após a crise
açucareira e a do algodão. Nesse contexto, em julho de 1824, em Pernambuco, lideranças liberais
firmaram a Confederação do Equador, isto é, uma proposta de unir as províncias de Pernambuco,
Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Alagoas e Sergipe, com o objetivo de romper com a
Monarquia e fundar uma República. A localização geográfica dessas províncias, próxima à linha
do Equador, deu origem ao nome do movimento. Esse movimento estava alimentado pelas ideias
liberais e republicanas dos acontecimentos da Revolução de 1817 em Pernambuco, bem como
pela influência dos demais países da América, pois todos se organizavam como república. Assim,
pode-se afirmar que o movimento tinha caráter republicano. O estopim da deflagração da
Confederação do Equador foi a deposição do governador de Pernambuco Manuel de Carvalho
Paes de Andrade. D. Pedro I nomeou outro político para o cargo, alguém mais próximo da Corte
e, por isso, indesejado. Contudo, a nomeação de D. Pedro I não foi respeitada. A Corte enviou
dois navios de guerra ao Recife para fazer valer sua determinação. Em 2 de julho de 1824, os
revolucionários de Pernambuco proclamaram a independência da província. Teoricamente, o novo
Estado federalista contaria com demais províncias do nordeste, mas, na prática, apenas algumas
vilas da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará aderiram ao movimento. Dentre as medidas
estabelecidas pelos republicanos se destacaram duas: a extinção do tráfico negreiro e a
convocação da população para a formação de um exército contra a monarquia. A proposta dos
revoltosos era elaborar uma Constituição semelhante à da Colômbia, a qual, por sua vez, era
próxima à dos Estados Unidos. O movimento durou cerca de 2 meses. Em 12 de setembro forças
terrestres derrotaram os revolucionários e líderes foram sentenciados à morte, como Frei Caneca.

AULA 13: História do Brasil - Império Brasileiro 125


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08. Incorreta. Na realidade, a República da Banda Oriental do Uruguai era a província da


Cisplatina. Isso significa que o Brasil perdeu esse território em razão dessa guerra. E isso pesou
negativamente para a imagem do imperador brasileiro, na política interna, pois o Estado gastou
rios de dinheiro em um conflito no qual saiu completamente malsucedido. Resumidamente, em
1825, sob a liderança de João Antonio Lavalleja, iniciou-se um Movimento de Libertação Nacional
com vistas a adquirir a Independência. Nesse contexto, a região da atual Argentina, na época
chamada de Províncias Unidas do Rio do Prata, apoiou o movimento com vistas a promover a
integração da Cisplatina ao território dessa confederação de províncias. Em reação a essa aliança,
Dom Pedro I declarou guerra à Argentina e enviou tropas à Cisplatina. Assim começou a Guerra
da Cisplatina ocorrida entre 1825 e 1828. Depois de 3 anos de conflito sem vencidos e nem
vencedores, a Inglaterra mediou um desfecho o qual nem Argentina e nem Brasil ficariam com o
território da Cisplatina. Finalmente, a região ganhava autonomia e se transformava na República
Oriental do Uruguai.
16. Correta! Havia muitas controvérsias sobre a escolha de D. Pedro I para ser a liderança na nova
nação, sobretudo por ele ser natural de Portugal e ser o herdeiro do trono lusitano. Isto implicava
que, quando D. João VI morresse e seu filho fosse coroado, era quase certeza que Brasil e Portugal
se reunificassem e o primeiro corresse o risco de ser rebaixado novamente à categoria de colônia.
Por isso, ao mesmo tempo que O Partido Português se aproximava do imperador com a esperança
dessa reunificação, o Partido Brasileiro se dividia em moderados e exaltados, os quais divergiam
sobre usar D. Pedro I, mas limitar seus poderes, ou rejeitá-lo completamente como imperador.
Ainda, havia as tendências republicanas que, apesar não ter representatividade no Parlamento,
encontravam eco nas ruas e nas revoltas que pipocavam pelo país, rejeitando qualquer tipo de
monarquia.
Gabarito: 04 + 16 = 20
(URCA 2017)
“A despeito do intenso processo de industrialização, da maciça penetração de capitais
estrangeiros, da crescente presença de corporações multinacionais, do explosivo
crescimento urbano, da melhoria dos índices de alfabetização e das várias tentativas de
“modernizar” o país, feitas de um por sucessivos governos civis e militares, as palavras
amargas de um notável crítico literário e analista social, Silvio Romero, pronunciadas há mais
de um século, lamentando a dependência econômica em relação aos capitais estrangeiros e
a incapacidade da República de incorporar os benefícios do progresso à grande maioria da
população e de criar uma sociedade realmente democrática, soam ainda hoje verdadeiras.”
(COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República. São Paulo: Unesp, 2010, p. 9)
A nota à edição do Livro que Emília Viotti da Costa faz nos leva a perceber que existem
estruturas sistêmicas no Brasil que nos remetem a uma história de longa duração. Assim,
podemos corretamente afirmar sobre o Brasil pós independência que:

A) As elites brasileiras que tomaram o poder em 1822 compunham-se de fazendeiros,


comerciantes e membros de sua clientela, ligados à economia de exportação e interessados
no rompimento das estruturas tradicionais de produção cujas bases eram o sistema de
trabalho escravo e a grande propriedade;

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B) A presença do herdeiro da Casa de Bragança e de pouca capacidade de mobilização


política no Brasil permitiu a oportunidade de organizar um sistema político fortemente
descentralizado que permitia aos municípios e províncias intensa autonomia frente ao poder
central;
C) Dentro da tradição colonial, no pós independência, o Estado foi subordinado à Igreja e o
catolicismo mantido como religião oficial, ainda que fosse permitido o culto privado de
outras religiões;
D) Após a independência foi adotado o voto censitário que excluía a maior parte da
população;
E) No pós independência, o trabalho escravo foi mantido, mas foram superadas as relações
de poder baseadas na troca de favores e a patronagem foi substituída pela mobilidade social
com base no mérito.
Comentários:
Nesse texto a autora aborda a industrialização no país. É afirmado que houve muitas
tentativas por inúmeros governos de implementá-la, porém nenhum conseguiu nos tirar a
dependência com relação aos capitais estrangeiros. Além disso, o excerto faz críticas ao progresso
que não chegou a maior parte da população e nem criou uma sociedade realmente democrática.
Diante disso, Emília Viotti da Coara mostra que existem estruturas sistêmicas no Brasil que estão
entrelaçados com toda a nossa História. Diante disso, a questão pede para que apontemos uma
dessas estruturas criadas após a Independência do Brasil. Então, vejamos:
a) Incorreto. O processo de independência do Brasil foi um acordo guiado pelas elites agrárias
que temiam Revoluções Populares, como as que aconteceram nos Estados Unidos, França e Haiti.
Para isso, a oligarquia colonial apoiou a Proclamação do Império, feito pelo sucessor do reino de
Portugal, D. Pedro I. Graças a isso o trabalho escravo e os latifúndios foram mantidos.
b) Incorreto. Na realidade, a presença de D. Pedro refletiu o oposto do afirmado na alternativa. A
escolha dele como o primeiro imperador do Brasil tinha um caráter político, visto o medo de
fragmentação política caso o país adotasse um governo republicano. A presença do herdeiro
português fez com que as elites o defendessem para que se mantivesse as estruturas
socioeconômicas do período anterior.
c) Incorreto. A afirmação não é errônea, porém não aborda os principais conceitos tratados pela
autora que são a industrialização, o progresso e a democracia no Brasil.
d) Correto. O voto censitário foi a forma escolhida pelo imperador D. Pedro I, na organização do
sistema eleitoral presente na Constituição de 1824. Este, esteve presente até o Período
Republicano.
e) Incorreto. As trocas de favores e a patronagem são relações presentes até hoje na política
brasileira.
Gabarito: D
(URCA 2020)
“A ruptura com Portugal, em 1822, iniciou longo período de discussões, confrontos e
definições acerca do liberalismo a ser implantado no país independente. A proliferação da

AULA 13: História do Brasil - Império Brasileiro 127


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imprensa ampliou a difusão e o debate dos preceitos liberais, delineando-se, ao menos até
o início do Segundo Reinado, as principais características do liberalismo no Brasil. Durante
esse período, momentos de maior restrição política e de frustrações de expectativas geraram
descontentamentos e, por vezes, revoltas, lideradas por elementos das elites, como como
outros movimentos, de acento mais popular, que também eclodiram em várias partes do
país, principalmente durante as regências” (FONSECA, Thais Nivia de lima e. História &
Ensino de História. Belo Horizonte: Autêntica, 2003, p. 43).
Considerando o texto acima, assinale o que for correto sobre o que se sucedeu após a
independência no processo de formação do Estado Nacional Brasileiro.
A) Muitos movimentos que ocorreram após a independência se justificavam pela amplitude
ao direito de voto e abolição da escravidão propostas por D. Pedro I à Assembleia
Constituinte por ele convocada;
B) O primeiro reinado fundou práticas políticas típicas da elite política brasileira que se
mantiveram até o século XX, como à defesa da propriedade privada e da igualdade jurídica
e política;
C) O fato de os pensadores brasileiros serem absolutamente contrários ao pensamento
liberal gerou a cultura do cidadão produtivo e obediente às leis, mas impedido de exercer
seus direitos políticos;
D) Enquanto na Europa a preocupação era em manter os descendentes de escravos do
período feudal excluídos dos processos educacionais e culturais, no Brasil o problema que a
elite deveria enfrentar era a inclusão dos trabalhadores no sistema de ensino;
E) A exclusão social brasileira era marcada pela escravidão e por todas as implicações
jurídicas, econômicas, políticas e simbólicas que ela acarretava.
Comentários:
O que se sucedeu a Independência do Brasil foi a instauração de um governo monárquico,
em que a historiográfica denomina como Brasil Império (1822-1889). Tratando-se do
Primeiro-Reinado (1822-1831), Dom Pedro I, príncipe de Portugal, se autoproclamou
imperador do Brasil. Assim, logo após o reconhecimento de Portugal, em 1823, o governante
encontrou grandes desafios perante a independência do imenso território brasileiro. Sabe-
se que a instauração da monarquia foi uma solução encontrada pelas elites coloniais e a
realeza portuguesa para assegurar a mão de obra escrava e não fragmentar o futuro país.
Dentre as estruturas desse período vejamos cada uma delas:
- Economia: Essa área não se diferenciou do Período Colonial. Com grandes concentrações
de terras, as elites latifundiárias produziam matérias primarias e do gênero alimentício, por
meio da mão de obra escrava. Todos esses produtos eram exportados para o mercado
europeu. Mas isso gerou um impasse, pois a Revolução Industrial iniciada na Inglaterra
começava a se espalhar para outros países e os produtos industrializados passaram a ter mais
valor que os produtos primários. Então, isso tornou a balança comercial brasileira
desfavorável, uma vez que o Brasil não possuía produção industrial, e sim de matérias-primas.
Além disso, uma forte concorrência na produção de açúcar, algodão e couro nos territórios
vizinhos abalou ainda mais essa economia rural que se sustentava de maneira fragilizada.
Para contornar esses problemas, o imperador recorreu a inúmeros empréstimos a Bancos

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ingleses. Isso acarretou um aumento da dívida externa brasileira, que já nascia de uma
herança dos portugueses no processo de independência.
- Sociedade: A população brasileira no período monárquico se formava fundamentalmente
por escravos e pelas elites agrárias. Não se sabia precisamente a quantidade de pessoas que
viviam no Brasil. Entretanto D. Pedro nunca teve o interesse em estimar esse número.
Ademais, os escravos não foram libertados e os homens livres não possuíam qualquer
proteção do Estado. Esses fatores aprofundaram a miséria e a desigualdade social no país
ao longo do tempo. Como novidade, temos a ampliação das estruturas administrativas do
Estado Brasileiro. Isso formou uma camada de burocratas do Estado, conhecidos como os
servidores públicos. Nesse estrato social estavam os filhos dos aristocratas, sobretudo, os
que se formavam em Coimbra. Assim, esses agentes constituíram a camada média e letrada
do Império. Além deles também encontramos os intelectuais que, não podendo viver
somente de seus livros e escritos, tornaram-se funcionários públicos. Sobre a religião, o
Império herdou o catolicismo de um acordo feito entre a monarquia portuguesa com a Igreja
na época da Conquista Americana.
- Política: Os principais grupos de pensamento estavam divididos entre o Partido Português
e o Partido Brasileiro (que se dividia entre moderados e exaltados). Os principais temas
políticos se concentraram no papel dos portugueses no novo Estado e se o poder do
imperador era soberano ou o se era submetido ao Parlamento. Outro tema relevante foi se
as provinciais teriam maior autonomia ou se seriam guiadas por um poder político unificado.
Nessas questões, D. Pedro se mostrou autoritário e pouco hábil nas mediações. Isso
descontentou as elites brasileiras e algumas Províncias (atuais Estados) iniciaram guerras de
separação. Entre elas estão a Guerra da Cisplatina (1825-1828), no extremo sul do país, e a
Confederação do Equador (1824), no Nordeste. Além disso, havia o problema de sucessão
ao trono português na Europa, que em 1826 ficou vago após a morte de Dom João VI. A
partir daí, D. Pedro I se preocupou com o golpe que seu irmão, D. Miguel, tentava aplicar
em Portugal.
Diante dessas três características apontadas, podemos responder o que se sucedeu a
Independência do Brasil:
a) Incorreto. A Constituição de 1824 promulgada por D. Pedro I dizia que o voto era
censitário e que a escravidão no Brasil não seria abolida, indo de confronto com o que a
afirmação diz.
b) Incorreto. Não era defendido a igualdade jurídica e política pelas elites oligárquicas.
c) Incorreto. A maioria dos pensadores brasileiros faziam parte da camada média da
sociedade brasileira, formada por escritores e filhos de aristocratas. Esses, em sua maioria,
defendiam ideias liberais e alguns tinham renda mínima para poderem votar.
d) Incorreto. Enquanto na Europa a preocupação era incluir toda a população nos processos
educacionais e culturais, no Brasil o problema era não incluir os escravos no mercado de
trabalho para não quebrar os lucros e as estruturas econômicas do país.
e) Incorreto. A escravidão foi uma das principais estruturas do Brasil Império.
Gabarito: E
(UVA 2018)
Sobre a escravidão no Brasil do século XIX, não é correto afirmar:

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a) Deixou como herança uma cultura de preconceito social.


b) Foi a base de sustentação da economia brasileira no período.
c) Foi aceita sem contestação pelos cativos.
d) É uma violação dos direitos humanos.
Comentários:
A discussão sobre a escravidão é complexa e tem impactos em vários setores da vida do país. A
escravização estrutural existente refletiu no desenvolvimento econômico, nas relações sociais e
política, bem como na forma como os brasileiros entenderam o sentido do trabalho. Por isso, os
impactos da escravidão se entrelaçam e geram consequências que estão sempre relacionadas.
O comércio de escravos era uma das atividades comerciais mais lucrativas do Brasil durante a
Colônia e o Império. Assim, a escravidão estruturou fortunas, hierarquias internas e sistemas de
poder. Desse modo, havia um interesse econômico na manutenção da escravidão por parte da
aristocracia fundiária.
Esse regime de trabalho foi tão importante para a manutenção do status quo no Império, que a
Inglaterra foi confrontada pelo governo do Brasil. Como parte dos acordos para que a potência
europeia reconhecesse a independência do novo país tropical, os britânicos pressionavam os
brasileiros para que acabassem com o comércio escravista. Algumas medidas foram tomadas,
mas jamais cumpridas, como por exemplo, a criação da Lei Feijó (1831), que acabava com o
tráfico de escravo. Na prática o Brasil continuou recebendo todos os navios com pessoas
escravizadas. Daí a expressão “para inglês ver” – ou seja, algo sem efeito, sem sentido, que não
vale nada. Ao contrário, entre 1826 e 1830 houve um verdadeiro boom no comércio escravista
que passou da média anual de 40 mil para 60 mil escravos.
As populações negras resistiam, e dentro do período monárquico, os movimentos de maior
visibilidade foram Confederação do Equador (1824), a Revolta dos Males (1835), a Cabanagem
(1835-1840) e a Balaiada (1838-1841). Porém, todos as rebeliões foram duramente reprimidas e
a abolição da escravatura só foi promulgada no final do Segundo-Reinado, em 1888. Portanto, a
única resposta que está incorreta com relação a escravidão no Brasil é a letra C, pois houve
revoltas de contestação dos cativos contra seus senhores, como os mencionados no texto.
Gabarito: C
(UVA 2014)
“Brasileiros! Salta aos olhos a negra perfídia, são patentes os reiterados perjuros do
Imperador, e está conhecida nossa ilusão ou engano em adotarmos um sistema de governo
defeituoso em suas partes componentes. As constituições, as leis e todas as instituições
humanas são feitas para os povos e não os povos para elas. Ela, pois, brasileiros, tratemos
de constituir-nos de modo análogo às luzes do século em que vivemos (...)”.
Leia as alternativas abaixo:
I – A Confederação do Equador foi resultado do enraizamento dos ideais liberais: república,
federalismo e abolição da escravidão.
II – O líder da Confederação do Equador foi o Pe. Antônio Feijó.
III – O movimento não obteve êxito por ser estruturalmente fraco, não contando sequer com
um projeto político.

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Assinale:
a) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
c) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
d) se todas as afirmativas estiverem corretas.
Comentários:
A questão aborda um movimento separatista que surgiu logo após a Independência do Brasil, em
1822. Logo no início do Período Imperial, as medidas políticas impostas pelo Imperador D. Pedro
I reafirmavam a centralização do poder político e o autoritarismo governamental. Assim, acirraram-
se os ânimos entre os setores partidários de outras saídas para a organização do sistema político
brasileiro. Principalmente no Nordeste do Brasil, diversas províncias manifestaram desacordo com
o fechamento da Assembleia Constituinte e com a imposição da Constituição de 1824. Esta gerou
um conjunto de medidas autoritárias por parte do Imperador. Além disso, os altos impostos e as
dificuldades financeiras passadas pelas províncias nordestinas após a crise açucareira e a do
algodão elevaram o tom das tensões. Nesse contexto, em julho de 1824, em Pernambuco,
lideranças liberais formaram a Confederação do Equador, isto é, uma proposta de unir as
províncias de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Alagoas e Sergipe, com o
objetivo de romper com a Monarquia e fundar uma República. O movimento foi alimentado pelas
ideias liberais dos acontecimentos da Revolução de 1817 em Pernambuco, bem como influenciada
pelas demais repúblicas americanas surgidas nesse momento. Assim, pode-se afirmar que o
movimento tinha caráter republicano.
O estopim da deflagração da Confederação do Equador foi a deposição do governador de
Pernambuco Manuel de Carvalho Paes de Andrade por D. Pedro I, que nomeou outro político
para o cargo. Contudo, a nomeação do rei não foi respeitada. Em 2 de julho de 1824, os
revolucionários de Pernambuco proclamaram a independência da Província. Em resposta, a Corte
enviou dois navios de guerra ao Recife para fazer valer sua determinação. Dentre as medidas
estabelecidas pelos republicanos se destacaram três: a extinção do tráfico negreiro, a organização
do Estado em federações e a convocação da população para a formação de um exército contra a
monarquia. A proposta dos revoltosos era elaborar uma Constituição semelhante à da Colômbia,
a qual, por sua vez, era próxima à dos Estados Unidos. Entre seus líderes estão Paes de Andrade,
Joaquim do Amor Divino Rebelo, o Frei Caneca; Cipriano Barata, conhecido como o “homem de
todas as revoluções”; e o major Emiliano Munducuru, defensor de uma revolução radical como a
do Haiti.
O Frei Caneca era um padre de formação carmelita. Além da atividade religiosa, ele também foi
professor e jornalista. Liderou o jornal Typhis Pernambucano e em seus textos criticava duramente
a Constituição de 1824, mais especificamente, a ideia de um poder moderador. O movimento
durou cerca de 2 meses. Em 12 de setembro, as forças imperiais derrotaram os revolucionários e
líderes foram sentenciados à morte, como o Frei.
I. Correta. Entre as principais reinvindicações do movimentos estavam os ideais liberais de
república, federalismo e abolição da escravidão.
II. Incorreta. O padre Feijó não participou desse movimento.

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III. Incorreta. O projeto político estava bem caracterizado, semelhante a Constituição Colombiana
e Americana.
Dessa maneira, a resposta correta é a letra A.
Gabarito: A
(UECE 2018)
Atente ao seguinte fragmento da obra da historiadora Emília Viotti da Costa, a respeito do
processo de independência do Brasil:
“A ordem econômica seria preservada, a escravidão mantida. A nação independente
continuaria subordinada à economia colonial, passando do domínio português à tutela
britânica. A fachada liberal construída pela elite europeizada ocultava a miséria e a escravidão
da maioria dos habitantes do país. Conquistar a emancipação definitiva da nação, ampliar o
significado dos princípios constitucionais seria tarefa relegada aos pósteros”.
COSTA, Emília Viotti da. Introdução ao estudo da emancipação política do Brasil. In: MOTA, Carlos Guilherme (Org.). Brasil em
perspectiva. 16. ed. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1987. p.125.
Considerando o processo de independência do Brasil, assinale a afirmação verdadeira.
a) Não ocorreu nenhuma ocultação dos reais problemas sociais e econômicos do país após a
independência, já que a elite local buscou solucioná-los imediatamente.
b) Apenas ocorreu a independência econômica do Brasil, mas não a política, pois a elite
nacional europeizada submeteu-se aos interesses da Inglaterra.
c) Pelo fato de a monarquia ter sido logo adotada como forma de governo, a independência
não representou mudanças sociais significativas, pois estas ficariam a cargo de gerações
futuras.
d) Não houve acordo de independência com os Britânicos, que reagiram o quanto puderam
à independência do Brasil, já que ela representaria a real autonomia econômica do país.
Comentários
Repare que a letra A faz uma afirmação que não condiz com a característica excludente e
elitista das classes superiores do século XIX, principalmente aquelas vinculadas ao poder
político no pós-independência. Não é uma característica da elite brasileira solucionar,
imediatamente, problemas sociais. Portanto, afirmação errada. Sobre a B, a rigor, seria o
contrário: ocorreu a independência política, mas não a econômica. Além disso, a submissão
econômica à Inglaterra seria uma das formas de manutenção da dependência a um país
potência. Nesse sentido, a alternativa D também está errada.
Já a C expressão uma afirmação verdadeira.
Gabarito: C
(UECE 2018)
Entre 7 de abril de 1831 e 24 de julho de 1840, o Brasil foi governado por regentes. Isso
deveu-se à abdicação de D. Pedro I ao trono brasileiro em favor de seu filho que tinha então
cinco anos e quatro meses de idade. Esse Período regencial, de pouco mais de 9 anos, teve
inicialmente duas regências trinas, e após um ato adicional, em 1834, que alterou o modelo
de regência previsto na Constituição Imperial de 1824, teve, também, duas regências unas.
Essa época da história brasileira foi marcada por
a) grandes avanços nos direitos sociais e uma maior unificação e pacificação interna, se
comparada aos períodos de governo dos dois imperadores.

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b) acentuar o espírito republicano do povo brasileiro, o que levou à crise e queda imediata
da monarquia e à adoção da república como forma de governo.
c) várias rebeliões em províncias do norte, nordeste e sul do país, algumas delas com
objetivos separatistas e outras com caráter de defesa da monarquia.
d) efetivar o consenso entre restauradores e trabalhistas que se mantiveram no poder
alternadamente, mas não realizaram nenhuma inovação federalista no modelo monárquico
brasileiro.
Comentários
Falar em direitos sociais no Brasil pós independência, em um contexto de manutenção dos
pilares da sociedade escravocrata, não condiz com a realidade histórica. Por isso, a alternativa
A está erra e, da mesma forma, podemos desconsiderar a alternativa D. O trabalhismo é algo
que surgirá no começo do século XX.
Quanto a B, o período regencial não acabou com a monarquia brasileira, pelo contrário, as
soluções regenciais foram saídas para manter a monarquia e evitar maiores colapsos. Por sua
vez, durante a Regência, diversas revoltas regionais passaram a questionar o poder da
centralizador da capital Rio de Janeiro. Entre 1831-1840, surgiram partidos político dentro do
processo de consolidação do Estado nacional. Contudo, essa reorganização política, muito
atrelada ao modelo monárquico, não foi capaz de conter diversas revoltas: algumas dessas
revoltas tiveram caráter separatista e republicano, como a Farroupilha; outras, defendiam a
monarquia, como a Sabinada.
Gabarito: C
(UECE 2017)
Observe o seguinte enunciado:
“Com a dissolução da Assembleia Constituinte, em 12 de novembro de 1823, aumentou a
insatisfação com o governo de D. Pedro I, sobretudo no Nordeste. Em 2 de julho de 1824,
em Pernambuco, Manuel Carvalho Paes de Andrade lança o manifesto que dá origem ao
movimento. Contudo, antes da manifestação ocorrida no Recife, apoiada por Cipriano Barata
e por Joaquim da Silva Rabelo (o Frei Caneca), ambos experientes revoltosos, a província do
Ceará já tinha sua manifestação contrária ao Imperador, ocorrida no município de Nova Vila
do Campo Maior (hoje Quixeramobim), em 9 de janeiro de 1824 e liderada por Gonçalo
Inácio de Loyola Albuquerque e Melo (o Padre Mororó)”.
O movimento ocorrido no Brasil durante o Império a que o enunciado acima se refere é
denominado
a) Revolução Pernambucana.
b) Revolução Praieira.
c) Contestado.
d) Confederação do Equador.
Comentários
Como vimos ao longo da aula, a Confederação do Equador foi um movimento separatista
ocorrido no nordeste do Brasil, no ano de 1824, envolvendo lideranças locais de diferentes
estados (Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Ceará).
A alternativa A é falsa, pois a Revolução Pernambucana ocorreu ainda em 1817.

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A alternativa B é falsa, pois a revolução praieira, que foi de caráter liberal, só ocorreria em 1848,
portanto em um período posterior ao abordado no enunciado.
A alternativa C é falsa, pois a Revolta do Contestado é de 1912 e ocorreu no sul do país.
Gabarito: D
(UECE 2017)
Entre abril de 1831 e julho de 1840, durante o período em que o príncipe herdeiro, Pedro
de Alcântara, foi menor de idade, o Brasil esteve sob comando de regentes. As quatro
regências (duas trinas e duas unas) se seguiram durante nove anos que marcaram a nossa
história no século XIX.
Sobre esse período, é correto afirmar que
a) ocorreram avanços sociais inegáveis, como a abolição da escravatura e a concessão do
direito ao voto para os analfabetos, contudo ambos foram revogados com a chegada de D.
Pedro II ao trono.
b) foi um período de grande agitação social e política no qual ocorreram revoltas de escravos,
como a dos Malês, em Salvador e revoltas separatistas como a Cabanagem, no Pará, a
Sabinada, na Bahia e a Farroupilha, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
c) foi um período de grande paz interna, o que proporcionou um desenvolvimento
econômico e social sem precedentes, isso foi o que garantiu a D. Pedro II um governo
longevo de 49 anos que só acabou com sua morte em 1889.
d) durante esses anos o país expandiu seu território, tendo anexado a Província Cisplatina e
o estado do Acre, definindo assim suas atuais fronteiras e sua posição de maior país da
América do Sul.
Comentários
Veja que esta questão é parecida com um outra também cobrada pela UECE. Uma
característica do período Regencial é “turbulência”, pois, diante das indefinições, dentro da
polêmica centralização X federalização (autonomia para as províncias), muitas revoltas
ocorreram. Além disso, não se debatiam as questões sociais a fundo, até por isso, por mais
que alguns grupos defendessem a abolição da escravidão, ela não chegou a se consumar (a
A está errada, a C também, pois fala em “paz interna”). Quanto à alternativa D, o Acre foi
anexado ao Brasil no começo do século XX, por mio do Tratado de Petrópoli: documento
firmado entre a Bolívia e o Brasil a 17 de novembro de 1903.
A alternativa correta é a letra B.
Gabarito: B
(UECE 2016)
No que concerne à Confederação do Equador de 1824, analise as afirmações a seguir, e
assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.
( ) A Confederação costuma ser considerada um prolongamento da Revolução
Pernambucana de 1817.
( ) As propostas liberais, republicanas e federativas serviram de bandeira política para os
insurretos.
( ) Os revoltosos propunham a organização de uma república nos moldes dos Estados Unidos
da América.
( ) A adesão dos segmentos populares foi fundamental para unir todos os revoltosos.

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( ) A imprensa, infelizmente, atuou contra o movimento e nenhum jornal nas províncias


envolvidas quis apoiar a causa.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a) F, V, V, V, F.
b) V, F, F, V, V.
c) V, F, F, V, F.
d) V, V, V, F, F.
Comentários
Sobre a Confederação do Equador, lembre-se do quadrinho abaixo:
Caráter do movimento Separatista

Orientação política Republicana

Proposta de organização do Estado Federação

Base social Popular

Região do país Pernambuco e províncias do nordeste

Diante disso, já podemos localizar as afirmativas verdadeiras (a segunda e a terceira). A


primeira afirmação também é verdadeira, pois o espírito do movimento de 1817 permaneceu
na revolta de 1824, poucos anos depois. Quanto a 4ª e 5ª frase, elas são falsas: a 4ª erra por
se referir a uma “adesão” popular, na verdade, as camadas populares participaram do
movimento desde o início; já a 5ª frase erra porque os jornais estimularam a revolta, por
exemplo, os líderes Frei Caneca e Cipriano Barata eram redatores de jornais.
Gabarito: D
(UECE 2015)
Dentre as afirmações a seguir, assinale aquela que está INCORRETA no que diz respeito
à Confederação do Equador (1824).
a) A Confederação do Equador estava afinada com os ideais de federação que serviram de
base para a implantação da República dos Estados Unidos da América.
b) A revolta começou com a exigência de que o Presidente da Província de Pernambuco,
indicado por D. Pedro I, renunciasse ao cargo em favor do liberal Manuel de Carvalho Pais
de Andrade.
c) A Confederação do Equador uniu Pernambuco e as Províncias da Paraíba, Ceará e Rio
Grande do Norte.
d) Cedendo as forças de repressão comandadas pelo Brigadeiro Francisco Lima e Silva, após
cinco meses de resistência, os rebeldes se entregaram, sendo, por este motivo, anistiados.
Comentários
Boa questão para sintetizarmos esse importante movimento ocorrido no Primeiro Reinado. em
julho de 1824, em Pernambuco, lideranças liberais firmaram a Confederação do Equador, isto é,
uma proposta de unir as províncias de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Alagoas
e Sergipe, com o objetivo de romper com a Monarquia e fundar uma República. A localização

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geográfica dessas províncias, próxima à linha do Equador, deu origem ao nome do movimento.
Esse movimento estava alimentado pelas ideias liberais e republicanas dos acontecimentos da
Revolução de 1817 em Pernambuco, bem como pela influência dos demais países da América,
pois todos se organizavam como república. Assim, pode-se afirmar que o movimento tinha caráter
republicano. O estopim da deflagração da Confederação do Equador foi a deposição do
governador de Pernambuco Manuel de Carvalho Paes de Andrade. D. Pedro I nomeou outro
político para o cargo, alguém mais próximo da Corte e, por isso, indesejado. Contudo, a
nomeação de D. Pedro I não foi respeita. A Corte enviou dois navios de guerra ao Recife para
fazer valer sua determinação. Em 2 de julho de 1824, os revolucionários de Pernambuco
proclamaram a independência da província. Teoricamente, o novo Estado federalista contaria com
demais províncias do nordeste, mas, na prática, apenas algumas vilas da Paraíba, do Rio Grande
do Norte e do Ceará aderiram ao movimento. Dentre as medidas estabelecidas pelos republicanos
se destacaram duas: a extinção do tráfico negreiro e a convocação da população para a formação
de um exército contra a monarquia. A proposta dos revoltosos era elaborar uma Constituição
semelhante à da Colômbia, a qual, por sua vez, era próxima à dos Estados Unidos. O
movimento durou cerca de 2 meses. Em 12 de setembro forças terrestres derrotaram os
revolucionários e líderes foram sentenciados à morte, como Frei Caneca. Ou seja, os envolvidos
não receberam nenhum tipo de clemencia ou anistia.
Gabarito: D
(UECE 2015)
Aprovado em agosto de 1834, o chamado Ato Adicional propôs alterações à Constituição
brasileira de 1824. A principal delas se caracterizou por
a) conceder maior autonomia às Províncias.
b) substituir a Regência Una Pela Regência Trina.
c) manter e ampliar o poder do Conselho de Estado.
d) extinguir a vitaliciedade do Senado.
Comentários
Para responder a essa questão, você precisa se lembrar da polêmica, ou tensão, entre a
centralização do poder versus a organização federativa (maior autonomia às províncias). Em
1824, quando a Constituição foi estabelecida, a força da monarquia constitucional se fez
presente. Depois, no período Regencial, as revoltas de caráter separatistas passaram a
questionar o poder central. Nesse sentido, uma tentativa de solucionar as crises foi conceder
maior autonomia às províncias. Assim, nosso gabarito é a letra A.
Gabarito: A
(UECE 2014)
O período historicamente conhecido como Período Regencial foi caracterizado
a) por rebeliões populares cujas ações exigiam o retorno da antiga realidade social com a
volta de Pedro I ao poder.
b) pela promoção política e pela ascensão social dos setores menos favorecidos
proporcionadas pelos regentes.
c) por um conjunto de rebeliões populares que clamavam pelo estabelecimento da republica
e pelo final da escravidão.

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d) pela convulsão política que desencadeou varias rebeliões que questionavam as estruturas
estabelecidas.
Comentários
O Período Regencial foi marcado por revoltas ocorridas nas Províncias e pela oposição dos
liberais moderados e dos exaltados. Sejam as revoltas, sejam os opositores a monarquia
constitucional liderada pelos portugueses, não queriam o retorno a uma realidade da corte de
D. Pedro I. Nesse período, apesar da participação popular nos movimentos, não houve a
ascensão das classes mais baixas. Vimos na aula que a estrutura econômica e social do Brasil
colônia se manteve, principalmente, a manutenção da escravidão. Diante disso, nosso gabarito
é a letra D.
Gabarito: D
(UECE 2014)
No Brasil, o período que seguiu logo após a abdicação de D. Pedro I foi marcado por um
conjunto de crises. Observe o que é dito sobre o que ocorria nesse momento.
I. As diversas forças políticas lutavam pelo poder, e as reivindicações populares eram por
melhores condições de vida.
II. Os conflitos ocorridos representavam o protesto do povo contra a centralização do
governo, e eram marcados pela reivindicação por maior participação popular na vida política
do País.
III. As convulsões populares do período exigiam o reforço das antigas realidades sociais, bem
como a submissão das forças políticas ao poder central.
Está correto o que se afirma somente em
a) II e III.
b) I.
c) I e II.
d) III.
Comentários
Repare que as questões gostam de afirmar que as Revoltas Regências queriam a volta, ou o
retorno, da realidade anterior. Essa afirmação está errada, como já expliquei em outros
comentários. Agora, no geral, o Período Regencial significou, por um lado, um conflito entre
a elite agrária brasileira e portugueses, pois todos disputavam o poder político e a forma de
organizar esse poder político (descentralização x Estado centralizado); por outro lado, os
populares que entravam nos conflitos, na medida em que questionavam as imposições do
Governo Central, expressavam um luta por melhorias na condição de vida. Por isso, o
gabarito é a letra C.
Gabarito: C
(UECE 2020)
A Guerra da Cisplatina, ocorrida entre 1825 e 1828, durante o Primeiro Reinado, foi um
elemento político importante e teve como consequência
A) a inclusão do território que hoje é o Uruguai como província do império após a invasão
das tropas brasileiras determinada por D. Pedro I.
B) o aumento do apoio popular ao Imperador D. Pedro I, pois a anexação da província de
São Pedro foi fator de desenvolvimento, devido a sua industrialização.

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C) a criação de condições políticas positivas para garantir um acréscimo de tempo ao


governo de D. Pedro I até a maioridade de seu filho, D. Pedro II, em 1840.
D) a formação da República do Uruguai após intervenção inglesa no conflito para garantir o
equilíbrio entre o império brasileiro e as Províncias Unidas do Prata, hoje Argentina.
Comentários:
O fato narrado no texto faz parte de um conflito na região do rio da Prata, na Província da
Cisplatina. As tensões nesse território existiam desde o Período Colonial, porém a situação se
agravou em 1816, quando o rei D. João VI, ordenou que a região fosse ocupada e anexada ao
território brasileiro. Porém, a população local nunca aceitou essa anexação. Assim, em 1825, sob
a liderança de João Antônio Lavalleja, iniciou-se um Movimento de Libertação Nacional na
intenção de adquirir a Independência da região. Nesse contexto, as Províncias Unidas do Rio do
Prata (atual Argentina), apoiaram o movimento com o objetivo de promover a integração da
Cisplatina ao território argentino.
Pelo lado brasileiro, em reação a essa aliança, Dom Pedro I declarou guerra à Argentina e enviou
tropas à Cisplatina. Assim, o conflito durou três anos e sem vencidos e nem vencedores, a
Inglaterra mediou um desfecho no qual nem Argentina e nem Brasil ficariam com o território da
Cisplatina. Finalmente, a região ganhava autonomia e se transformava na República Oriental do
Uruguai. Para o Brasil esse desfecho foi um fracasso político e pesou negativamente na imagem
do Governo de Dom Pedro I. Inclusive nesse momento, o Estado Brasileiro abusou de
empréstimos bélicos, e isso agravou ainda mais a crise econômica que o Império passava, pois
havia uma dificuldade em manter a balança comercial favorável e com superávit fiscal nas contas
públicas.
Mediante a esse contexto, vejamos as afirmações sobre esse fato:
a) Incorreto. A invasão feita pelas tropas brasileiras não vingou, e após 3 anos, a Cisplatina
conquistou sua independência do Brasil.
b) Incorreto. Todas as afirmações estão erradas. O fracasso de D. Pedro I em anexar o território
pesou negativamente em sua imagem. A província anexada era a da Cisplatina e não a de São
Pedro. Além disso, não houve um processo de industrialização forte nesse período.
c) Incorreto. O fracasso na Guerra minou e desgastou a imagem do rei frente ao Parlamento, e
após três anos do conflito, D. Pedro I renunciou o trono em nome do seu filho.
d) Correto. A Inglaterra mediou as negociações de paz na região, gerando a separação da região
tanto do Brasil quanto da Argentina, acalmando o ânimo das duas nações.
Gabarito: D
(UECE 2013) 4000113737
A abdicação de D. Pedro I possibilitou um novo arranjo político que, na historiografia, foi
denominado de
a) Período Regencial.
b) Primeiro Reinado.
c) Segundo Reinado.
d) República-Velha.

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Comentários:
Dentro do conteúdo de História do Brasil, existe uma periodização que os historiadores fazem a
partir da independência. A fase entre 1822 e 1889 é chamada de Brasil Império. Nesse período
existem ramificações ligadas a acontecimentos históricos importantes daquele momento. É
importante se lembrar dessa divisão, pois é recorrente nos vestibulares. Vejam a cronologia:
1º Reinado: De 1822 (Independência) até 1831 (Abdicação de Dom Pedro I).
Período Regencial: De 1831 (Início da Regência) até 1840 (Golpe da Maioridade).
2º Reinado: De 1840 (D. Pedro II assume) até 1889 (Proclamação da República).
Visto isso, o comando da questão pede para que assinalemos qual o nome dado pela
historiografia para o novo arranjo político que se instaurou após a abdicação do primeiro
imperado do Brasil. Portanto, com base nesse esquema, podemos afirmar que a resposta correta
é a letra (A), Período Regencial.
Gabarito: A
(UESB 2015)
Dom Pedro e esse estúpido grupo absolutista português não percebem que o mundo está
mudando. Na Europa, os liberais estão enchendo as praças e as ruas. Esses portugueses
querem forçar o Governo a se tornar monarquia absoluta. Para quem consegue ver mais do
que um palmo diante do nariz, está presente uma situação que só se resolve pela revolução.
O Imperador não dá a menor atenção aos reclamos da opinião pública. Pois muito bem,
chegou a hora de os cidadãos brasileiros agirem. Chega de PedroI! (TAVARES, 2013, p. 15).
A análise do texto e do seu contexto histórico indica que, para se afirmar como ideologia
política do Brasil Monárquico, o liberalismo
01) anulou o perigo absolutista e adaptou-se à sociedade escravista e à união entre Igreja e
Estado.
02) serviu como bandeira para os movimentos vitoriosos que, no período regencial, exigiam
a completa liberdade para os escravos.
03) possibilitou a decretação da liberdade religiosa para todos os cultos existentes na
população.
04) fundamentou os programas sociais destinados a oferecer educação pública e gratuita
para meninos e meninas livres, libertos e escravos.
05) orientou a política externa do Império na direção das repúblicas sul-americanas,
afastando-se das alianças com as monarquias europeias.
Comentários:
O texto aborda a indignação de um político brasileiro com as decisões autoritárias e absolutistas
que o imperador D. Pedro I aplicava no Brasil, após a independência. Nessa época surgiam na
Europa movimentos contestando a retomada das políticas absolutistas após o Congresso de Viena
(1815.) As décadas de 1820 e 1830 ficaram conhecidas como a Primeira Onda Liberal. Seguindo a
tendência internacional, a Assembleia Geral Constituinte Legislativa do Brasil aprovou a
Constituição da Mandioca (1823), que entre uma das suas pautas estavam: divisão do Poder em 3
esferas (Poder Executivo, Legislativo e Judiciário - nesse caso limitava o Poder do Executivo, pois

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proibia o Rei de dissolver o Parlamento e convocar o exército); o Parlamento formado por 2


Câmaras (Deputados e Senadores); critérios censitários para a participação política; Laicidade do
Estado e a abolição gradual da escravidão (sem mencionar os detalhes). Porém, o imperador
insatisfeito com algumas determinações da Carta Magna fechou o Parlamento e promulgou ele
próprio a Primeira Constituição Brasileira, com algumas diferenças em relação a esboçada pelos
parlamentares. Com isso, aumentou o movimento antilusitano e o desgaste com os políticos
brasileiros, como vemos no texto acima.
Baseado nisso, vejamos a alternativa correta:
01) Correto. A forte oposição do Partido Brasileiro ao governo de D. Pedro I, em sua maioria
formada por liberais, possibilitou que a Câmara dos Deputados pressionasse o imperador e seguir
alinhado com a novas tendências que cresciam na Europa. Além disso, a maior parte dos homens
da elite e das camadas médias da sociedade brasileira não se posicionaram contra a escravidão
brasileira . Também vale ressaltar que havia uma união entre o Estado Brasileiro e a religião.
02) Incorreto. A libertação dos escravos só ocorreria em 1888, ao final do Segundo-Reinado e não
durante o Período Regencial.
03) Incorreto. O que foi instituído na Constituição de 1824 e que durou até o final do Império foi
a liberdade de fé, porém o culto não poderia ser feito em espaços públicos, somente em
ambientes particulares. A religião oficial da Monarquia era o catolicismo.
04) Incorreto. A educação brasileira durante o Império era elitista, restrita somente aos filhos da
aristocracia, que muitas vezes iam estudar na Europa.
05) Incorreto. A ideologia do Liberalismo aproximou o Brasil com os países europeus,
principalmente com a Inglaterra, principal parceiro comercial do país no século XIX. Em
contrapartida, suas políticas externas imperiais afastaram os seus vizinhos sul-americanos.
Gabarito: 01
(UESB 2015)
Com uma população bastante matizada, composta de brancos, mulatos das mais diversas
nuances de tons de pele e de negros recém-chegados da África, Salvador era uma ativa praça
comercial, que se movimentava intensamente através do trabalho exercido pelos negros. Na
sua labuta cotidiana, no vaivém pelas ruas e ladeiras estreitas da área urbana, seja na carga
e descarga de embarcações, seja no transporte de pessoas e mercadorias, estabelecidos em
certos pontos, esperando fregueses para comprar comidas ou artigos diversos, exercendo
diferentes ofícios artesanais, ou desempenhando as várias funções inerentes ao serviço
doméstico, o negro, livre ou escravo, esteve participando diretamente da execução das
diversas atividades econômicas da cidade.
(ANDRADE, 1988, p. 127-128).
A análise do texto e os conhecimentos sobre as formas de trabalho do africano escravizado
e seus descendentes, no Brasil Monárquico, permitem identificar o trabalho
01) urbano, realizado nos moldes da escravidão tradicional, e o trabalho dos escravos de
ganho, que desenvolviam diversas profissões, entregando grande parte de sua renda ao seu
senhor.

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02) assalariado, desenvolvido pelos negros forros, aceitos como empregados em casas
comerciais e estabelecimentos industriais.
03) escravo no eito, voltado especificamente para a pecuária, a pesca e o extrativismo de
madeiras e drogas do sertão.
04) escravo nas lavouras dos quilombos, cujo produto era vendido nos mercados próximos
em benefício dos líderes das comunidades quilombolas.
05) doméstico, desenvolvido por crianças que, separadas dos seus pais, eram responsáveis
pelas tarefas cotidianas da casa.
Comentários:
A escravidão perdurou até o final do Período Monárquico. Nesse momento, muitas formas
de trabalho escravo foram surgindo em meio a ascensão dessa atividade econômica e o
crescimentos das cidades, como citado no enunciado. Visto isso, vejamos a alternativa que explica
o tipo de trabalho exercido pela população negra presente no excerto:
01) Correto. Existiam diversos tipos de trabalhos escravos nesse período, e como Salvador era
uma região urbanizada, surgiram outras formas de escravidão como os escravos de ganho. Eles
ficam responsáveis de tarefas como as citadas no texto e entregavam boa parte dos seus lucros
aos seus senhores. Alguns deles conseguiram comprar suas cartas de alforria.
02) Incorreto. A população negra continuou submetido ao trabalho escravo mesmo após a
Proclamação da Independência. Inclusive, a escravidão se tornou uma das atividades econômicas
mais rentáveis dessa época.
03) Incorreto. Os escravos no eito trabalhavam no meio rural, diferentemente dos trabalhadores
tratados no excerto acima, que viviam nas cidades.
04) Incorreto. Assim como a alternativa acima, o enunciado evidencia um tipo de trabalho escravo
praticado nas cidades e não em lavouras. Além disso, os quilombos eram espaços de resistência
negra e não de escravização dessa população.
05) Incorreto. Esse trabalho era desenvolvido por adultos.
Gabarito: 01
(CÁSPER LÍBERO 2014)
“O Brasil Império foi marcado por forte influência europeia, em boa parte causada pela vinda
de ingleses, franceses e alemães. A publicidade produzida na época refletia, sobretudo, a
presença francesa. Eram comuns os anúncios – e até mesmo jornais inteiros, como a Gazeta
Francesa e o Le Messager – escritos em francês. Por outro lado, os anúncios do início do
século XIX refletiam, de certo modo, a busca de sofisticação e requinte, inspirando-se em
países como a França. No entanto, eram bem ‘pouco sofisticadas’ as mensagens veiculadas
pelos anúncios de venda e compra de negros (...)”
Fonte: Sequência Didática Anúncio Publicitário, de autoria de Artigo de Opinião. PEIXOTO
BARBOSA, Jacqueline e outros. Material didático para o Projeto Ensino Médio em Rede –
SEE/SP. Adaptado.
O texto (a respeito da propaganda no Brasil do século XIX) permite compreender que a
sociedade da época

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a) era plena de contrastes, mesclando estruturas modernas e arcaicas.


b) abandonava o escravismo em busca de um padrão europeizado de ser
c) utilizava a propaganda como forma de uniformizar os padrões sociais.
d) valorizava as estruturas rurais em detrimento da modernidade europeia.
e) adotava padrões sociais ingleses expressos no uso da língua britânica.
Comentários
Veja, esta é uma questão de interpretação de texto. Porém, sempre é bom se atentar ao contexto
para fazer uma boa interpretação. O texto faz parte de uma coletânea de material de didático,
como podemos constatar nas informações sobre a fonte da qual o trecho foi extraído. Quanto a
seu conteúdo, podemos ver que se trata da propaganda na imprensa durante o Brasil Império.
Este é o tema da questão, como se confirma no enunciado, após o texto. A atividade de imprensa
foi legalizada no Brasil ainda durante o período joanino (1808-1821), por iniciativa de D. João VI.
Com a independência, o ramo se proliferou e jornais de diferentes vertentes políticas começaram
a surgir. Repare que mais adiante no texto, os autores recortam ainda mais o período que
abordam, enfocando nos anúncios do início do século XIX, ou seja, Primeiro Reinado (1822-1831).
Durante esse período, a dependência econômica do Brasil em relação a Inglaterra se aprofundou
ao mesmo tempo que as elites brasileiras buscavam dar um verniz de civilização no país recorrente
a referências europeias. Isso se dava de várias formas como na própria Constituição de 1824 foi
inspirada em modelos europeus de caráter liberal, como as monarquias constitucionais. Por seu
turno, o texto apresentado aborda essa busca por referenciais europeus que servissem de
distintivo social no âmbito dos hábitos de consumo, o que pode ser apreendido pelos anúncios
de produtos importados tanto da Inglaterra quanto da França, entre outros países. Os ingleses
tinham privilégios alfandegários nos portos brasileiros, o que facilitou a importação de produtos
industrializados do Reino Unido. Por outro lado, a filosofia e a arte francesas tinham uma grande
influência nas elites brasileiras, resultante das missões artísticas francesas que visitaram o Brasil no
início do século XIX. O fato de o monarca português ter fugido das tropas francesas, durante as
guerras napoleônicas, também reforçava um certo apego ideológico à França entre os brasileiros,
conforme a independência ganhou força e se concretizou. De qualquer forma, como o texto
destaca no final, mesmo tentando se aproximar de nações europeias “civilizadas”, onde havia
indústrias e trabalho livre, os brasileiros continuavam participando ativamente do tráfico de
escravizados e usando estes na produção de gêneros agrícolas para exportação em larga escala.
Mais que isso, esse comércio era explícito e desavergonhado, uma vez que os anúncios de venda,
compra, aluguel e fuga de cativos eram extremamente frequentes na maioria dos jornais da época.
Com essas considerações em mente, vejamos como podemos compreender a sociedade da época
com base nas propagandas públicas da imprensa do Brasil Império:
a) Correta! Esta é a interpretação mais objetiva à qual podemos chegar lendo o texto. Igualmente,
foi o que tentei explicitar no comentário acima. As elites brasileiras, durante o século XIX,
frequentemente tentavam empreender o que chamados de modernização conservadora. Ou seja,
buscavam a todo custo se aproximar da categoria de nação civilizada compartilhada pelos países
europeus mais industrializados, enquanto não abriam mão de manter uma estrutura econômica
baseada no escravismo.

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b) Incorreta. Isto contraria o que acabei de dizer acima. Na verdade, as classes dominantes durante
o Brasil Império buscavam um padrão europeizado de ser, sem que isso acarretasse o abandono
do escravismo.
c) Incorreta. Esta afirmação não está erra em relação ao contexto e aos objetivos mais amplos da
propaganda nos jornais. De fato, havia o interesse em uniformizar os padrões sociais estimulando
certos gostos de consumo, em detrimento de outros. No entanto, o texto apresentado não aborda
esse aspecto da temática, mas sim a coexistência de anúncios que aspiram uma vida sofisticada
ao lado daqueles que divulgavam venda, compra, aluguel e fuga de escravizados. Por isso, é
sempre importante se atentar quando lidamos com uma questão cujo objetivo é teste sua
interpretação de texto.
d) Incorreta. Na realidade, buscava-se encontrar um ponto de equilíbrio entre as duas coisas, como
disse anteriormente. Trata-se de tentar conciliar os aspectos da vida civilizada da Europa com a
estrutura econômica e social da escravidão no Brasil.
e) Incorreta. Isto até acontecia, mas não era tão frequente quanto hoje. Além disso, não é disso
que o texto apresentado trata! Portanto, assim como a letra “c”, a presente alternativa peca ao
perder de vista o argumento principal do trecho.
Gabarito: A
(PUCSP 2018)
Considere os fragmentos abaixo.
“Lei de 18 de Agosto de 1831”
"Cria as Guardas Nacionais e extingue os corpos de milícias, guardas municipais e
ordenanças. [...]”
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/ lei-37497-18-agosto-1831-56430
publicacaooriginal-88297-pl.html (texto adaptado)

“De tão conservadora, e atuante, ela criou uma tradição, estendendo a sua atuação até a
Primeira República, sobretudo nas áreas rurais do país.”
SCHWARCZ, Lilia e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Cia Das Letras, 2015, p. 24 8 .

Assinale a alternativa que situa CORRETAMENTE a criação da Guarda Nacional e as razões


de sua permanência até a Primeira República.
a) Em meio às disputas entre Moderados, Exaltados e Restauradores no Rio de Janeiro pelo
governo central da Regência, e da ocorrência de revoltas nas províncias, a Guarda Nacional
foi constituída pelas elites locais como força repressiva confiável, tornando-se uma das bases
do poder local até a chamada República Oligárquica.
b) Para garantir a ordem e conter as revoltas dos Restauradores partidários do retorno de D.
Pedro I, a Guarda Nacional foi constituída para enfrentar as Guardas Municipais formadas
por portugueses aliados aos proprietários rurais, o que garantiu um instrumento de repressão
eficiente até a Primeira República.
c) Com o objetivo de substituir as Ordenanças de origem portuguesa, responsáveis pela
guarda pessoal do imperador, a Guarda Nacional foi criada de acordo com o modelo francês
das milícias de cidadãos, e eram forças responsáveis por proteger pessoalmente os regentes
e, posteriormente, os presidentes da República.

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d) De acordo com os interesses dos Moderados, Exaltados e Restauradores, aliados durante


todo o Período Regencial para garantir a unidade territorial do país, a Guarda Nacional foi
criada para apoiar o Exército na tarefa de garantir a segurança das fronteiras, o que explica
a sua atuação durante a República da Espada.
Comentários
As Guardas Nacionais foram criadas num contexto de bastante turbulência durante o Período
Regencial. Agitações políticas, marcadas pelas disputas dos diferentes partidos políticos que
atuavam no país, e Revoltas regionais, como a Balaiada, a Sabinada e a Farroupilha, transformaram
o ambiente político da Regência num grande barril de pólvora, o que fez com que os grandes
proprietários de terra agissem para criar um regimento de defesa controlado por eles mesmos: a
Guarda Nacional. Ao longo do tempo, da Regência até a Primeira República, esses grandes
proprietários de terra, oportunamente chamados de Coronéis, acumularam poder político,
econômico e de força, o que ajudou esse grupo social a controlar a política até a chamada
República Oligárquica.
B – falso, pois não havia Guardas Municipais. A própria Guarda Nacional já era organizada
localmente.
C – Falso, pois milícias são caracterizadas por serem uma força por fora do Estado e a Guarda
Nacional era uma força do Estado.
D – Falso, o foco da Guarda Nacional não era atuar nas fronteiras, mas sim reprimir manifestações
internas.
Gabarito: A
(PUCCAMP 2016)
Considere o texto abaixo.
O universo ficcional de Machado de Assis é povoado pelos tipos sociais que se mesclavam
na sociedade fluminense do século XIX: proprietários, rentistas, comerciantes, homens
pobres mas livres e escravos. Cruzam seus interesses e medem-se em seus poderes ou em
sua falta de poder. É essa a configuração das personagens das obras-primas Memórias
póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro. A tragédia do negro escravizado está exposta
em contos violentos, e o capricho dos senhores proprietários dá o tom a narradores como
Brás Cubas e Bento Santiago, o Bentinho, que contam suas histórias de modo a apresentar
com ar de naturalidade a prática das violências pessoais ou sociais mais profundas.
(TÁVOLA, Bernardim da. Inédito).
Violências sociais abundaram no período regencial, momento em que eclodiram rebeliões
populares que foram duramente reprimidas, caso da
a) Guerra de Canudos, que implicou a resistência armada, na Bahia, de milhares de famílias
em torno do líder religioso Antonio Conselheiro, resultando em grande massacre.
b) Farroupilha, conflito iniciado no Rio Grande do Sul, que durou cerca de dez anos e foi
motivado pela revolta contra a política de impostos vigente e por anseios separatistas de
parte da elite.

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c) Sabinada, originada no Maranhão, em regiões paupérrimas de cultivo de algodão e


protagonizada por trabalhadores livres e escravos, que contaram com apoio de parte da elite
local.
d) Guerra dos Palmares, conflito desencadeado pela repressão aos quilombolas liderados
por Zumbi dos Palmares, com apoio de pequenos agricultores da região de Alagoas.
e) Revolta da Chibata, que mobilizou um grande contingente de escravos revoltados contra
os maus tratos e a prática das chicotadas em praça pública, na cidade do Rio de Janeiro.
Comentários
A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha eclodiu no Rio Grande do Sul devido à
diminuição dos impostos para importação de charque da Argentina, o que prejudicava os
produtores gaúchos. Tal revolta durou 10 anos e, dentre as exigências dos revoltosos, estava a
separação entre Brasil e Portugal.
Gabarito: B
(PUCRJ 2004)
Ao estabelecer critérios para o exercício da cidadania, a Constituição brasileira de 1824 criou
limites à participação de diversos grupos sociais na organização política do Estado. Assinale
a opção que identifica corretamente revoltas e conflitos, ocorridos no Brasil, envolvendo
demandas desses grupos excluídos do exercício da cidadania.
a) Revoltas Liberais de 1842 e a Revolta de Manuel Congo.
b) Sabinada e a Confederação do Equador.
c) Balaiada e a Guerra dos Farrapos.
d) Revolta dos Malês e a Cabanagem.
e) Revolta dos Praieiros e a Revolta do Quebra Quilos.
Comentários
A Revolta dos Malês ocorreu em 1835, na Bahia. O movimento foi planejado pelos Malês, africanos
mulçumanos (em geral etnia nagô) que eram mantidos como escravos. Na província baiana, cera
de 42% da população era negra e apenas 22% branca. O conflito foi gerado em razão do acúmulo
de opressão e exploração e, também, por conta da perseguição religiosa. Ocorre que, esses
africanos tinham conhecimento militar e, por isso, fizeram uma insurreição com bastante eficiência.
O medo da elite branca de Salvador e das fazendas era de que movimento caminhasse ao que foi
a Revolução no Haiti.
A repressão foi violenta. Além das perseguições e mortes, foram aprovadas leis que agilizavam a
condenação dos escravos. Mas, atenção, a pressão dos escravocratas era para que os capturados
não fossem mortos, pois, na condição de escravos, os negros eram vistos como propriedade.
A Cabanagem ocorreu no Pará e teve ampla participação de elementos de baixa condição social
(índios, seringueiros, lavradores e caboclos), os quais não tinham um programa sistemático de
reivindicações, mas demonstravam seu ódio aos portugueses.
Gabarito: D
(PUC-RS 2014)

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Depois de declarada a Independência do Brasil, foi necessário dar uma ordenação legal ao
novo país por meio da sua primeira constituição. Sobre esse processo, é INCORRETO afirmar
que:
a) O primeiro projeto de constituição recebeu o nome de Constituição da Mandioca, porque
estabelecia que, para votar ou se eleger, a pessoa deveria comprovar uma renda mínima,
equivalente a determinada quantidade de alqueires plantados desse vegetal.
b) A Assembleia Legislativa reunida em 1823 para elaborar a primeira Constituição do Brasil
foi dissolvida por D. Pedro I, por ter proposto um projeto que privilegiava os grandes
proprietários de terra e excluía os pobres da participação política.
c) A primeira Constituição do Brasil foi outorgada por D. Pedro I e estabelecia o voto
censitário e a formação de quatro poderes – Legislativo, Judiciário, Executivo e Moderador
–, ficando os dois últimos sob controle do Imperador.
d) A primeira Constituição brasileira, estabelecida em 25 de março de 1824, instituiu uma
monarquia hereditária no Brasil e o catolicismo como religião oficial do novo País,
subordinando a Igreja ao controle do Estado.
e) Instituído pela Constituição outorgada de 1824, o Poder Moderador garantia a D. Pedro I
o direito de nomear ministros, dissolver a Assembleia Legislativa, controlar as Forças
Armadas e nomear os presidentes das províncias, favorecendo a concentração de poderes
no Imperador.
Comentários
O tema da questão é o processo de elaboração da primeira constituição do Império
brasileiro, ou seja, a Assembleia Constituinte de 1823. Lembrando um pouco do contexto,
sabemos que havia vários conflitos de interesses nessa ocasião. Esses interesses estavam
representados pelo Partido Português e o Partido Brasileiro, que se dívida entre
conservadores e liberais, de modo que tínhamos 3 grandes grupos de interesse. Os
brasileiros conservadores defendiam que a soberania do novo país fosse partilhada entre os
cidadãos-proprietários e o imperador. Esse grupo considerava essencial dividir a autoridade
nacional entre monarca e parlamento para evitar o desmembramento do nosso território,
como acontecera com a América espanhola. Para eles, as eleições deveriam ser indiretas e
em duas instâncias: os cidadãos votantes elegiam os membros de um colégio eleitoral; este
colégio eleitoral composto por cidadãos eleitores escolhia os deputados e senadores. Os
brasileiros liberais propunham que a soberania nacional deveria ficar restrita ao parlamento.
Para eles, as províncias deveriam possuir maior autonomia com relação ao governo central e
as eleições deveriam ser diretas, de modo que os proprietários alfabetizados votariam
diretamente para a escolha dos representantes. Por fim, o Partido Português era contrário à
separação política e administrativa entre Brasil e Portugal. Seus membros esperavam manter
suas posições a partir da concentração da soberania brasileira nas mãos de D. Pedro I, que
continuava a ser herdeiro da Coroa portuguesa, podendo uni-la à Coroa brasileira após a
morte de seu pai.
Os projetos de José Bonifácio sobre o fim da escravidão contribuíram para aumentar a
tensão. Ele fez uma proposta sobre a extinção do tráfico de africanos para o Brasil, o que era
negado pela maioria dos deputados, mesmo entre os seus aliados. As diferentes elites
econômicas de diversas regiões do Brasil, por mais que tivessem suas diferenças e às vezes

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interesses opostos, estavam todas direta ou indiretamente envolvidas com o tráfico


internacional de escravizados. Este era um dos pilares da economia brasileira. A centralidade
do tráfico produzia um consenso entre essas elites de que o Brasil deveria continuar unido
política e administrativamente. Com isso em mente, vejamos o que é incorreto afirmar sobre
esse processo:
a) Correta. O projeto definia a realização de eleições em dois graus. Os votantes de primeiro
grau, ou de paróquia, deveriam comprovar renda mínima igual a 150 alqueires de farinha de
mandioca. Por sua vez, os eleitores de segundo grau, ou de província, tinham que comprovar
a renda de 250 alqueires. Por último, aqueles que queriam se candidatar para deputado ou
senador, a exigência era de no mínimo 500 e 1.000 alqueires, respectivamente.
b) Incorreta! D. Pedro não via problemas que os grandes proprietários fossem beneficiados.
Inclusive, também se empenhava nisso. O que realmente causou o desagrado do imperador
na Constituição da Mandioca foi que ela estabelecia que o monarca do Brasil não poderia
assumir o trono de qualquer outro reino, nem permitia que ele tivesse o comando das Forças
Armadas ou pudesse dissolver a Câmara dos Deputados. Além disso, limitava o direito à
cidadania dos portugueses estabelecidos aqui, grupo político que mais dava apoio a D.
Pedro. No entanto, o projeto constitucional também desagradava os exaltados do Partido
Brasileiro. As tensões aumentaram com as discussões sobre o fim da escravidão. Em
novembro de 1823, o imperador dissolveu a Assembleia Constituinte.
c) Correta. A primeira Constituição do Brasil foi outorgada por D. Pedro I, em 1824. Ou seja,
não passou por debates e discussões no Parlamento ou em qualquer outra instância. De
modo geral, seu texto não se diferenciava muito daquele apresentado na Constituinte.
Contudo, acrescentava mais um Poder: o Moderador, de prerrogativa pessoal e exclusiva do
imperador. Esse poder era chave de toda a organização política durante a fase do Brasil
Imperial, uma vez que dava ao imperador o poder de: nomear ministros, senadores, juízes,
presidentes de província (cargo correspondente ao governador de Estado); dissolver a
Câmara dos Deputados; vetar alguma lei que lhe desagradasse; tomar algumas medidas sem
o consentimento do parlamento, como, por exemplo, declarar Guerra, devendo para isso
consultar o Conselho de Estado composto por conselheiros escolhidos por ele mesmo.
d) Correta. A monarquia constitucional era a proposta mais aceita entre os deputados da
Assembleia Constituinte. Acreditava-se que figura do monarca era importante para manter
a unidade do território nacional. A religião tinha papel semelhante. Lembra quando
estudamos a consolidação das monarquias absolutistas no final da Idade Média e início da
Idade Moderna? Então, tanto naquela época como no século XIX, a religião continuava
desempenhando um papel importante de controle do pensamento e legitimação da ordem
social (apesar desta ter se transformado ao longo do tempo). Assim, para consolidar uma
identidade nacional e manter a unidade do território, a religião podia ser de grande ajuda.
Note também que, apesar de se declarar uma monarquia constitucional e ter mais alguns
traços liberais na sua composição, a Constituição imperial apresentava muitos aspectos
herdados do absolutismo. O Poder Moderador era um deles. Submeter a Igreja ao Estado
era outro.
e) Correta. Está de acordo com o que comentei na letra “b”.
Gabarito: B

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(PUC-RJ 2004) 4000161931


Ao estabelecer critérios para o exercício da cidadania, a Constituição brasileira de 1824 criou
limites à participação de diversos grupos sociais na organização política do Estado. Assinale
a opção que identifica corretamente revoltas e conflitos, ocorridos no Brasil, envolvendo
demandas desses grupos excluídos do exercício da cidadania.
a) Revoltas Liberais de 1842 e a Revolta de Manuel Congo.
b) Sabinada e a Confederação do Equador.
c) Balaiada e a Guerra dos Farrapos.
d) Revolta dos Malês e a Cabanagem.
e) Revolta dos Praieiros e a Revolta do Quebra Quilos.
Comentários
O tema aqui é as revoltas e conflitos envolvendo grupos excluídos do exercício da cidadania,
os quais eram os escravizados, os libertos e a população pobre em geral. Um bom parâmetro
para definirmos o que é cidadania e quem estava fora dela são os critérios acerca do direito
de voto: apenas homens nascidos livres, maiores de idade e com uma renda relativamente
alta podiam votar e se candidatar. Portanto, isso exclui todos os escravizados, os libertos, as
mulheres, as crianças e os indígenas. Com isso em mente, vejamos quais das revoltas listas
incluíram as demandas de algum desses grupos:
a) Incorreta. Realmente, a Revolta de Manuel Congo, em Vassouras-RJ, foi protagonizada
por um grupo de escravizados que matou um feitor e fugiu em grupo para as matas nas
redondezas, para formar um quilombo, em 1839. Porém, as Revoltas Liberais de 1842 foram
movimentos sediciosos e emancipacionistas que agitaram o Império do Brasil, promovidos e
organizados pelo Partido Liberal, que contestava a elevação do Partido Conservador ao
poder. Portanto, não incluíam as demandas dos grupos excluídos da cidadania.
b) Incorreta. A Sabinada, ocorrida em Salvador entre 1837 e 1838, além das camadas
populares contou com setores médios da sociedade, como professores, médicos e
advogados. De certa forma, podemos dizer que as demandas dos excluídos da cidadania
estavam presentes. No entanto, no caso da Confederação do Equador, de 1824, não
podemos dizer o mesmo. Esse movimento foi uma reação dos liberais pernambucanos à
imposição da Constituição outorgada naquele ano e às medidas centralizadoras nela
instituídas. Essa tensão foi elevada por conta dos altos impostos e pelas dificuldades
financeiras passadas pelas províncias nordestinas após a crise açucareira e a do algodão.
Nesse contexto, em julho de 1824, em Pernambuco, lideranças liberais firmaram a
Confederação do Equador, isto é, uma proposta de unir as províncias de Pernambuco, Rio
Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Alagoas e Sergipe, com o objetivo de romper com a
Monarquia e fundar uma República.
c) Incorreta. a Balaiada ocorreu entre 1838 e 1841, no Maranhão. Essa revolta foi tipicamente
popular e esteve ligada às disputas entre progressistas e regressistas. Estes últimos detinham
o monopólio das indicações dos cargos políticos e para a administração pública, fato que
gerava muitos atritos. A revolta teve início quando Raimundo Gomes, trabalhador de uma
fazenda pertencente a um padre progressista, levava uma boiada a Vila de Manga. O
subprefeito da Vila um regressista, era inimigo do tal padre e mandou que alguns integrantes
do grupo de Raimundo fossem recrutados para integrar as forças policiais e que seu irmão

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fosse preso. Assim, o vaqueiro invadiu a cadeia libertando seu irmão e outros presos. O
grupo fugiu para o interior e, por onde passavam, obtinham apoio e adesões entre os mais
pobres da província. As motivações eram a oposição à polícia, a luta contra as precárias
condições de vida e contra o poder político e os portugueses. Na prática, havia uma
sobreposição entre os dois grupos, pois os progressistas e os balaios tinham aspirações
distintas. Todavia, a oposição ao poder da província e suas instituições unia os dois grupos.
Por seu turno, a Revolução Farroupilha não incluía as demandas dos excluídos da cidadania.
Ocorrida no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, entre 1835 e 1845, aqui a participação
popular foi bem reduzida. Na verdade, o movimento foi liderado por uma oligarquia formada
por pecuaristas. Essa elite questionava a centralização do poder no Rio de Janeiro e as
imposições da Coroa quanto ao comércio de charque. Os assim chamados estancieiros
queriam condições mais favoráveis para o comércio de gado e para o fortalecimento do
charque no mercado brasileiro. Dessa forma, a insurreição começou com a deposição do
presidente da província do Rio Grande do Sul, que fora nomeado pelo governo regencial. O
líder Bento Gonçalves da Silva (1788-1847), filho de um rico proprietário de terra, invadiu a
cidade de Porto Alegre. Em setembro de 1836 o movimento proclamou a República de
Piratini e Bento Gonçalves sagrou-se presidente. Em 1839 o movimento atingiu a região de
Santa Catarina sob a liderança de Davi Canabarro (1796-1867) e de Giuseppe Garibaldi
(1807-1882).
d) Correta! A Cabanagem, no Pará, deu sequência à luta entre liberais e portugueses que
marcou os conflitos políticos da região desde a independência, em 1822. Em 1835, o
presidente da província foi assassinado e, a partir desse fato, seguiu-se uma batalha civil
sanguinária. O principal alvo dos cabanos (índios, caboclos e escravos) eram os portugueses
e brancos. Segundo o professor José Murilo de Carvalho a Cabanagem foi uma explosão
popular contra a opressão secular de que o povo pobre havia sido vítima, inclusive por ser
excluído do sistema político. Já a Revolta dos Malês ocorreu em Salvador, na Bahia, no ano
de 1835. Foi uma rebelião orquestrada por escravizados e libertos islâmicos. Seus objetivos
eram soltar companheiros presos, matar brancos e mulatos considerados traidores, e pôr fim
à escravidão africana. A revolta foi planejada antecipadamente e contava com mais de 600
negros envolvidos. No entanto, eles foram delatados e violentamente perseguidos, o que
impediu a execução do plano.
e) Incorreta. A Revolta do Quebra Quilos realmente teve a participação ativa de populares,
em geral excluídos do exercício de cidadania. Tratou-se de um movimento popular iniciado
na Paraíba, em 1874, que se opunha às mudanças introduzidas pelos novos padrões de pesos
e medidas do sistema internacional, recém introduzidas no Brasil. Os revoltosos as jugavam
prejudiciais a seus pequenos negócios. Sem uma unidade e nem liderança, a revolta logo se
alastrou por outras vilas e povoados da Paraíba, alcançando Pernambuco, Rio Grande do
Norte e Alagoas. Por outro lado, a Revolta dos Praieiros, ou Revolução Praieira, foi um
conflito entre os conservadores e liberais da Província de Pernambuco em torno do controle
das instituições do governo provincial, entre 1848 e 1849.
Gabarito: D
(FGV-SP 2018)

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Em março de 1823, foi instalada a primeira Assembleia Constituinte do Brasil. A seu respeito,
é correto afirmar:
a) Estabeleceu a primeira Constituição brasileira, responsável pela organização política do
país com a manutenção da escravidão.
b) Estabeleceu o Poder Moderador como forma de garantir a participação do monarca
brasileiro.
c) Implementou o parlamentarismo, responsável pela estabilidade política do regime ao
longo do século XIX.
d) Foi dissolvida pelo monarca em meio às divergências das suas correntes políticas.
e) Ampliou o direito de voto a todos os homens livres nascidos no Brasil a partir da
Independência.
Comentários
Antes tudo, vamos identificar alguns elementos no enunciado que podem nos ajudar. O tema
da questão e a Assembleia Constituinte de 1823, a qual tinha o objetivo de elaborar uma
constituição para reger o Brasil recém-independente. Lembrando um pouco do contexto,
sabemos que havia vários conflitos de interesses nessa ocasião. Esses interesses estavam
representados pelo Partido Português e o Partido Brasileiro, que se dívida entre
conservadores e liberais, de modo que tínhamos 3 grandes grupos de interesse. Os
brasileiros conservadores defendiam que a soberania do novo país fosse partilhada entre os
cidadãos-proprietários e o imperador. Esse grupo considerava essencial dividir a autoridade
nacional entre monarca e parlamento para evitar o desmembramento do nosso território,
como acontecera com a América espanhola. Para eles, as eleições deveriam ser indiretas e
em duas instâncias: os cidadãos votantes elegiam os membros de um colégio eleitoral; este
colégio eleitoral composto por cidadãos eleitores escolhia os deputados e senadores. Os
brasileiros liberais propunham que a soberania nacional deveria ficar restrita ao parlamento.
Para eles, as províncias deveriam possuir maior autonomia com relação ao governo central e
as eleições deveriam ser diretas, de modo que os proprietários alfabetizados votariam
diretamente para a escolha dos representantes. Por fim, o Partido Português era contrário à
separação política e administrativa entre Brasil e Portugal. Seus membros esperavam manter
suas posições a partir da concentração da soberania brasileira nas mãos de D. Pedro I, que
continuava a ser herdeiro da Coroa portuguesa, podendo uni-la à Coroa brasileira após a
morte de seu pai.
Os projetos de José Bonifácio sobre o fim da escravidão contribuíram para aumentar a
tensão. Ele fez uma proposta sobre a extinção do tráfico de africanos para o Brasil, o que era
negado pela maioria dos deputados, mesmo entre os seus aliados. As diferentes elites
econômicas de diversas regiões do Brasil, por mais que tivessem suas diferenças e às vezes
interesses opostos, estavam todas direta ou indiretamente envolvidas com o tráfico
internacional de escravizados. Este era um dos pilares da economia brasileira. A centralidade
do tráfico produzia um consenso entre essas elites de que o Brasil deveria continuar unido
política e administrativamente. Agora que te inteirei do contexto no qual a Assembleia
Constituinte estava imersa, avaliemos o que é correto afirmar a seu respeito:
a) Incorreta. A Constituinte chegou a elaborar um texto constitucional. No entanto, ele foi
rejeitado pelo imperador. Além disso, com a intensificação dos conflitos no parlamento e nas

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ruas, D. Pedro I dissolveu a Assembleia em novembro de 1823. No ano seguinte, o imperador


outorgou uma Constituição elaborada por seus conselheiros.
b) Incorreta. O Poder Moderador não estava incluído no texto elaborado pela Constituinte.
Na verdade, esse quarto poder foi adicionado somente na Constituição outorgada por D.
Pedro I, em 1824.
c) Incorreta. Na verdade, o Brasil passou a ser uma monarquia constitucional. Em outras
palavras, havia parlamento, mas não necessariamente parlamentarismo. Este último é
caracterizado pela soberania do parlamento em relação ao chefe do executivo, o que não se
dava na Constituição que de fato foi passou a vigorar no país. Mesmo que houvesse uma ala
favorável ao parlamentarismo na Constituinte, ela não foi vitoriosa.
d) Correta! É como mencionei na letra “a”. O imperador rejeitou o texto apresentado pela
Assembleia Constituinte. No entanto, conforme as tensões aumentaram, ele dissolveu a
mesma e ordenou que seus conselheiros preparassem um novo texto constitucional, o qual
foi outorgado em 1824.
e) Incorreta. Tanto no texto elaborado pelos deputados, quanto na Constituição de 1824, o
direito de voto não se estendia a todos os homens livres do Brasil, apenas aqueles que
fossem livres e tivessem uma renda mínima estipulada por lei.
Gabarito: D
(FGV-SP 2017)
Sobre a regência do paulista Diogo Antônio Feijó, entre 1835 e 1837, é correto afirmar que
a) o regente conseguiu vencer a eleição devido ao apoio recebido dos produtores de
algodão do Nordeste, classe emergente nos anos 1830, o que possibilitou o combate às
rebeliões regenciais e o início do processo de centralização político-administrativa.
b) o apoio inicial que Feijó recebeu de todas as forças políticas do Império foi,
progressivamente, sendo corroído porque o regente eleito mostrou simpatia pelo projeto
político da Balaiada, que defendia uma Monarquia baseada no voto universal.
c) a opção de Feijó em negociar com os farroupilhas e com a liderança popular da
Cabanagem provocou forte reação dos grupos mais conservadores, especialmente do
Partido Conservador, que organizaram a queda de Feijó por meio de um golpe de Estado.
d) o isolamento político do regente Feijó, que provocou a sua renúncia do mandato,
relacionou-se com a sua incapacidade de conter as rebeliões que se espalhavam por várias
províncias do Império e com a vitória eleitoral do grupo regressista.
e) as condições econômicas brasileiras foram se deteriorando durante a década de 1830 e
provocaram um forte desgaste da regência de Feijó, que renunciou ao cargo depois de um
acordo para uma reforma constitucional.
Comentários
O enunciado é bem direto e logo de cara podemos identificar o tema, o tempo e o espaço aos
quais se refere. Trata-se do Brasil, entre 1835 e 1837, sendo o tema a regência una de Feijó. É
importante lembrar que nesse período, o país passava por um momento de extrema instabilidade
política. A principal pauta das disputas entre os partidos políticos era a escolha entre centralização
ou descentralização, defendidas pelo Partido Regressista e pelo Partido Progressista,
respectivamente. Desde o início, as regências estiveram na mão dos moderados mais
progressistas, grupo político que reunia fazendeiros e comerciantes ricos, que defendiam uma

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monarquia constitucional e a descentralização. Feijó, que ocupou o cargo de Ministro da Justiça


durante a segunda regência trina, foi eleito para ser regente uno em 1835 e estava mais alinhado
aos progressistas. Diante desse quadro, o novo regente teve que lidar uma série de conflitos por
todo o país envolvendo essas disputas em torno de como o Estado deveria se organizar. No
entanto, seus opositores não se resumiam aos regressistas. Havia alas ainda mais radicais, que
defendiam o republicanismo e até mesmo a independência de algumas províncias. Ainda, houve
levantes que contaram com a participação de escravizados e outras camadas livres da população,
cujos interesses eram ainda mais diversos, incluindo o fim do cativeiro em alguns casos. Com isso
em mente, vejamos o que é correto afirmar sobre a regência de Feijó:
a) Incorreta. Os produtores de algodão no Nordeste não eram uma classe emergente nos anos
1830. Na verdade, essa atividade já se desenvolvia na região, sobretudo no Maranhão, desde o
século anterior. Além disso, Feijó não conseguiu resolver o problema das revoltas, nem trabalhou
para a centralização política, haja vista que era alinhado aos progressistas.
b) Incorreta. Feijó não recebeu o apoio de todos os grupos políticos em momento algum. Ele
estava alinhado aos progressistas. Lembre-se também que entre 5.077 eleitores, ele venceu com
2.826 votos contra Holanda Cavalcanti, que teve 2251. Assim, vemos que foi uma eleição
disputada. Por fim, a Balaiada ocorreu depois do fim do mandato de Feijó, que renunciou em
1837. Essa revolta aconteceu entre 1838 e 1841. Vale dizer que seu objetivo não era o instituir
uma Monarquia baseada no voto universal. A Balaiada foi tipicamente popular e esteve ligada às
disputas entre progressistas e regressistas. Estes últimos detinham o monopólio das indicações
dos cargos políticos e para a administração pública, fato que gerava muitos atritos. A revolta teve
início quando Raimundo Gomes, trabalhador de uma fazenda pertencente a um padre
progressista, levava uma boiada a Vila de Manga. O subprefeito da Vila um regressista, era inimigo
do tal padre e mandou que alguns integrantes do grupo de Raimundo fossem recrutados para
integrar as forças policiais e que seu irmão fosse preso. Assim, o vaqueiro invadiu a cadeia
libertando seu irmão e outros presos. O grupo fugiu para o interior e, por onde passavam,
obtinham apoio e adesões entre os mais pobres da província. As motivações eram a oposição à
polícia, a luta contra as precárias condições de vida e contra o poder político e os portugueses.
Na prática, havia uma sobreposição entre os dois grupos, pois os progressistas e os balaios tinham
aspirações distintas. Todavia, a oposição ao poder da província e suas instituições unia os dois
grupos.
c) Incorreta. Feijó não tentou negociar com as lideranças da Cabanagem. Assim, como seus
antecessores da regência trina, apoiou uma reação violenta e repressora. Além disso, ele não
deixou o cargo por conta de um golpe. Na verdade, nas eleições legislativas os regressistas saíram
vitoriosos, o que ocasionou a deterioração da relação entre o Regente e o Parlamento. Sem apoio
para governar e responsabilizado pelas revoltas que se espalhavam por todo o país, Feijó
renunciou em setembro de 1837.
d) Correta! É o que eu acabei de dizer na letra “c”! Feijó ficou isolado politicamente, pois não
tinha apoio do Parlamento e havia um grande clima de insatisfação generalizada em relação à sua
incapacidade em lidar com as revoltas.
e) Incorreta. Do ponto de vista da economia, o Brasil continuava com os mesmos obstáculos de
antes. Tendo sua estrutura produtiva apoiada na grande propriedade territorial e mão de obra
escrava, sua balança comercial continuava negativa e o déficit fiscal se ampliava. No entanto, o

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que desgastou o governo de Feijó foram as revoltas que pipocavam pelo Império. Ainda, ele não
renunciou após uma reforma constitucional, mas sim depois de se ver isolado politicamente,
quando os regressistas venceram as eleições legislativas.
Gabarito: D
(FGV 2017)
Sobre a regência do paulista Diogo Antônio Feijó, entre 1835 e 1837, é correto afirmar que
a) o regente conseguiu vencer a eleição devido ao apoio recebido dos produtores de
algodão do Nordeste, classe emergente nos anos 1830, o que possibilitou o combate às
rebeliões regenciais e o início do processo de centralização político-administrativa.
b) o apoio inicial que Feijó recebeu de todas as forças políticas do Império foi,
progressivamente, sendo corroído porque o regente eleito mostrou simpatia pelo projeto
político da Balaiada, que defendia uma Monarquia baseada no voto universal.
c) a opção de Feijó em negociar com os farroupilhas e com a liderança popular da
Cabanagem provocou forte reação dos grupos mais conservadores, especialmente do
Partido Conservador, que organizaram a queda de Feijó por meio de um golpe de Estado.
d) o isolamento político do regente Feijó, que provocou a sua renúncia do mandato,
relacionou-se com a sua incapacidade de conter as rebeliões que se espalhavam por várias
províncias do Império e com a vitória eleitoral do grupo regressista.
e) as condições econômicas brasileiras foram se deteriorando durante a década de 1830 e
provocaram um forte desgaste da regência de Feijó, que renunciou ao cargo depois de um
acordo para uma reforma constitucional.
Comentários
Assim que assumiu, o Regente Feijó precisou enfrentar as tensões em torno da questão da
centralização versus descentralização. Algo que não foi fácil, pois diversas revoltas de natureza
separatista começaram a pipocar no Brasil. Feijó ficou no cargo até 1837, quando, então, ficou
isolado politicamente, pois não conseguiu conter as revoltas separatistas. Dessa forma,
renunciou. Nesse sentido, o Gabarito é a alternativa D.
A alternativa A não poderia se a correta porque o processo de centralização política começou
com D. Pedro I. A B afirma erradamente que o Padre apoiava o projeto da Balaiada. No mesmo
sentido, a alternativa C estava errada, além de afirmar erradamente que Feijó foi derrubado
por um Golpe. Na verdade, ele renunciou. Sua renuncia não estava relacionada a um acordo
para reforma constitucional, por isso a E está errada.
Gabarito: D
(FGV 2016)
“Chiquinha Gonzaga alinha-se a outras figuras femininas do Império (...) como a Imperatriz
Leopoldina e Anita Garibaldi. Todas as três, embora de diferentes maneiras, de diferente
proveniência social e, em diferentes épocas, desempenharam um papel político que,
certamente, contribuiu para as mudanças por elas defendidas e as inscreveu na História do
Brasil”. (Suely Robles Reis de Queiroz, Política e cultura no império brasileiro. 2010).
Em termos políticos, a Imperatriz Leopoldina, Anita Garibaldi e Chiquinha Gonzaga,
respectivamente:

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a) atuou, ao lado de Dom Pedro e de José Bonifácio, no processo de emancipação política


do Brasil; participou da mais longa rebelião regencial, a Farroupilha; militou pela abolição da
escravatura e pela queda da Monarquia.
b) articulou a bancada constitucional brasileira na Assembleia Constituinte; organizou as
forças populares participantes da rebelião regencial ocorrida no Grão-Pará, a Cabanagem;
foi a primeira mulher brasileira a se eleger para o Senado durante o Império.
c) convenceu Dom Pedro I a assumir o trono português após a morte do rei Dom João VI;
defendeu a ampliação dos direitos de cidadania durante a reforma constitucional que
instituiu o Ato Adicional; liderou uma frente parlamentar de apoio às leis abolicionistas.
d) participou como diplomata do Império brasileiro na Guerra da Cisplatina; foi a primeira
mulher a trabalhar como jornalista e romancista durante o Segundo Reinado; tornou-se uma
importante liderança política na defesa do fim do tráfico de escravos para as Américas.
e) articulou com os diplomatas ingleses o reconhecimento da Independência do Brasil junto
a Portugal; foi uma importante liderança militar no processo de Guerra de Independência da
Bahia; criou a primeira associação política em defesa do voto feminino no Brasil.
Comentários
Sobre a Imperatriz Leopoldina, vimos o papel dela na aula anterior, de Independência. Você
lembra do “bilhetinho” que ela enviou a D. Pedro I quando ele estava em São Paulo? Pois é, ela
teve papel de destaque proclamação da Independência, em 1822. Anita Garibaldi atuou na
Revolução Farroupilha (1845), no sul do país, e defendeu a separação deste território e a
instalação de uma República. Chiquinha Gonzaga, pianista, embora não seja alvo desta aula,
participou ativamente da campanha republicana e abolicionista. Trouxe esta questão para você
perceber que é importante conhecer algumas personalidades femininas e relacioná-las com o
respectivo contexto histórico.
Gabarito: A
( FGV 2015)
Sobre as revoltas no Brasil na primeira metade do século XIX, é correto afirmar:
a) A Balaiada (1838-1840) manteve-se, até o final, dirigida pelas elites maranhenses.
b) A Cabanagem (1835-1840) e a Sabinada (1837-1838) foram revoltas restauradoras.
c) A Revolta dos Malês, em Salvador, (1835) é um exemplo de revolta popular.
d) A revolta dos Cabanos (1832-1835) foi uma revolta iniciada por populares e depois dirigida
por restauradores.
e) Todas as revoltas tinham como motivação a revogação da Lei de Terras e o livre acesso à
propriedade fundiária.
Comentários
Em geral, as Revoltas do Período Regencial tiveram caráter popular, como a Balaiada, a
Cabanagem e a dos Malês. Da mesma forma, em geral, elas não reivindicavam restaurar a
Monarquia Constitucional. Na verdade, elas lutavam por maior autonomia, fato que as
colocava no campo da descentralização política e da república. Quanto à posse de terra, não
dá para afirmar que todas defendiam um maior acesso à terra por parte da população. A
Farroupilha, por exemplo, foi um movimento liderados pelos estancieiros, os proprietários
de terras do sul.
Gabarito: C

AULA 13: História do Brasil - Império Brasileiro 154


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(FGV 2014)
A Farroupilha foi uma revolta
a)separatista, que contou com o apoio dos cafeicultores paulistas interessados no mercado
da região do Prata.
b)popular, que tinha como objetivo o fim da escravidão no Brasil e o rompimento com a
Inglaterra.
c)popular, cujos líderes foram duramente punidos com penas de exílio e enforcamento.
d)socialista, liderada por Giuseppe Garibaldi, que pretendia estabelecer uma reforma
agrária no Brasil.
e)separatista, que proclamou a República no Rio Grande do Sul, em 1836, e em Santa
Catarina, em 1839.
Comentários
A Farroupilha se enquadra nos movimentos do Período Regencial. Ela foi iniciada em 1835 e
terminou em 1845, no sul do Brasil. As elites locais estavam combatendo a centralização do
poder político e as decisões da capital Rio de Janeiro. Com efeito, eles não receberam apoio
da elite paulista. Os farrapos adotaram ideias republicanas, e não socialistas como afirma a
letra D. Além disso, diferentemente de outras revoltas, os líderes não foram mortos ou
exilados, pois por serem de um importante setor econômico (agropecuária) a eles foi
concedida anistia. Veja o que escrevi na aula:
Nas cláusulas do armistício, celebrado em 1845, o governo do Rio de Janeiro concordou em
sobretaxar o charque importado em 25%, como forma de estimular o charque gaúcho, e os
farrapos foram anistiados
Por fim, eles não tinham como objetivo o fim da escravidão.
Gabarito: E
(FGV 2013)
A independência, porém, pregou uma peça nessas elites. Um ano após ser convocada, a
Assembleia Constituinte foi dissolvida e em seu lugar, o imperador designou um pequeno
grupo para redigir uma Constituição “digna dele”, ou seja, que lhe garantisse poderes
semelhantes aos dos reis absolutistas. Um exemplo disso foi a criação do Poder Moderador
(...) Mary del Priore e Renato Venancio, Uma breve história do Brasil
Esse poder
a) ampliava os direitos das Assembleias Provinciais, restringia a ação do Imperador no
tocante à administração pública e a ação do Senado.
b) permitia que o Imperador reformasse a Constituição por decreto-lei e que escolhesse
parte dos deputados provinciais.
c) sofria de uma única limitação institucional, pois o Estado brasileiro não tinha direito de
interferir nos assuntos relacionados com a Igreja Católica.
d) proporcionava ao soberano poderes limitados, o que permitiu alargamento da autonomia
política e econômica das províncias do Império.
e) oferecia importantes prerrogativas ao Imperador, como indicar presidentes de províncias,
nomear senadores e suspender magistrados.
Comentários
Essa é uma questão conceitual e contextual. Era preciso saber sobre o contexto político inicial do

AULA 13: História do Brasil - Império Brasileiro 155


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pós-independência e, nele, identificar o tipo de poder semelhante ao poder absoluto dos reis
europeus.
Nesse sentido, sabemos que Dom Pedro I, após ver a proposta de Constituição elaborada pela
Assembleia constituinte, fechou o Parlamente e, na sequência, outorgou a Constituição de 1824
que trazia uma “inovação constitucional” o chamado 4º. Poder.
De um modo geral, você precisa memorizar que este poder expressava um poder político acima
dos demais poderes e, ao ser exercido pelo Imperador, colocava-o sobre todas as instituições. Na
prática, o poder moderador expressa a centralização e acúmulo de poder político.
Assim, todas as alternativas que expressem contrariedade a essa tendência geral devem ser
eliminadas
Isso é importante porque você pode não se lembrar de pontos específicos que, por consequência
ficam nas mãos do imperador, como indicar presidentes de províncias, nomear senadores e
suspender magistrados.
Tendo isso em vista, vamos à análise das alternativas:
a- As assembleias provinciais nem existiam ainda. Elas foram criadas na regência. E mesmo se
você não lembrasse disso, a ampliação de direitos descentralizados está em oposição ao
sentido geral do Poder Moderador que é a centralização do poder político.
b- O imperador poderia mudar a constituição, mas não por decreto-lei – que não existia. Além
disso, o imperador não poderia escolher os deputados provinciais.
c- Como vimos ao longo da aula, como herança ainda das relações entre a Igreja e a
Monarquia Portuguesa, no Brasil Imperial, também prevaleceram o padroado e o
beneplácito que davam poder de o Imperador intervir nos assuntos eclesiásticos.
d- Como estamos falando, o Poder Moderador concentrou poderes nas mãos do Imperador.
Isso fez com que as províncias tivessem menos autonomia.
e- Certo. Trata-se de uma série de coisas que o imperador poderia fazer porque tinha um
poder concentrado fruto do exercício do Poder Moderador.
Gabarito: E
(FGV 2013)
A independência oficial do Brasil, prevalecendo sobre a libertação sonhada pelos patriotas
— para usar uma palavra em voga na época — frustrou grande parte da população. A
independência oficial sedimentou uma estrutura econômica e política herdada da Colônia,
pouco alterando a situação das massas e, por adotar um centralismo autoritário, pressionava
também o sistema político nas províncias. A oportunidade perdida de democratizar a prática
política, de um lado, e a insistência em manter inalterado o instituto da escravidão, de outro,
praticamente fizeram aflorar todo o anacronismo do Estado brasileiro, provocando várias
reações. Entre elas a Sabinada (...) (Júlio José Chiavenato, As lutas do povo brasileiro)
É correto caracterizar essa rebelião como
a) um movimento apoiado pelas camadas médias e baixas de Salvador, que tomou o poder
da cidade e separou a província da Bahia do resto do Império do Brasil provisoriamente até
a maioridade de D. Pedro de Alcântara.

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Profe Alê Lopes
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b) a mais radical revolução social ocorrida no Brasil do século XIX, já que o governo sabino
foi efetivamente revolucionário, tendo como uma das primeiras ações a extinção do trabalho
cativo em terras baianas.
c) um episódio marcado pelo ingênuo republicanismo dos rebeldes baianos, derivado das
reformas políticas ocorridas nos Estados Unidos do presidente Monroe e que defendia o
poder advindo das classes populares.
d) uma rebelião elitista, apoiada nos setores da elite baiana — brancos, proprietários e
letrados —, que defendia o separatismo como forma de preservar os interesses econômicos
da mais rica província nordestina.
e) uma revolução liberal radical, inspirada no parlamentarismo inglês, que exigia a imediata
convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte e a proclamação de uma república
federalista.
Comentários
A primeira característica que podemos associar à Sabinada e que pode nos ajudar a resolver
a questão é: o movimento foi promovido pelas camadas médias urbanas, recebeu apoio
popular e defendia a monarquia. Assim, já podemos descartar a letra D, a E, a C. O foco da
Sabinada foi a luta contra a concentração do poder na aristocracia da província. Sobre a B, a
ideia de que o governo sabino era efetivamente revolucionário não condiz com a proposta
monarquista que fazia parte do ideal do movimento.
Gabarito: A
(FGV/2009)
Observe o quadro.
O quadro apresenta:
a) as transformações institucionais originárias da
reforma constitucional de 1834, chamada de Ato
Adicional.
b) a mais importante reforma constitucional do
Brasil monárquico, com a instituição da eleição
direta a partir de 1850.
c) a reorganização do poder político,
determinada pela efetivação do Brasil como
Reino Unido a Portugal e Algarves, em 1815.
d) a organização de um parlamentarismo às
avessas, em que as principais decisões
derivavam do poder legislativo.
e) a organização do Estado brasileiro, segundo
as determinações da Constituição outorgada de 1824.
Comentário
Queridos, essa é uma questão de caracterização de um período, ou seja, contextualização, mas
de forma mais aprofundada. Por meio da leitura da imagem do quadro, você precisava identificar
pontos importantes que caracterizam o período. Nesse caso, trata-se da estruturação política do
1º. Reinado, mais precisamente, a estruturação definida pela Constituição outorgada de 1824.

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Profe Alê Lopes
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Mas como você sabe isso, Alê?


Vejam que na cabeça do quadro tem o Poder Moderador. Em que momento ele foi instituído?
Em 1824, na constituição imposta por dom Pedro I.
Tendo isso em mente, você precisaria ir atrás dessa caracterização nas alternativas. Vejamos:
a- Não poderia ser porque com o Ato Adicional de 1834, o Poder Moderado foi suspenso.
b- Em 1850 não foi instituído eleição direta, além do que não é possível depreender tal
informação do quadro.
c- Aqui você precisava saber que o poder moderador é de 1824, pós independência, para
excluir essa alternativa.
d- O parlamentarismo às avessas é uma experiência política do II Reinado, quando, no lugar
dos conselhos de províncias existia as Assembleias Legislativas provinciais.
e- Bingo, caracterização precisa do quadro: organização do estado brasileiro instituída em
1824 e, para que você não esqueça, vigente até a Reforma Constitucional de 1834, com o
Ato Adicional.
Gabarito: E

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Queridos e queridas, parabéns por chegar ao final. Está lindo esse caminho, porém, às
vezes duro. Mas é isso, a vida é assim! Eu tenho certeza que nesse momento vocês estão dando
seu melhor, e, agora, isso importa muito!!
E não esquece: cada dia, cada hora, cada minuto que você se envolve com a tarefa de
adquirir mais conhecimento, gravar mais uma informação, colar mais um post it é uma riqueza
infinita. Ninguém tira de você aquilo que está acumulado: o seu capital cultural. S2

Não esqueça do mantra: Não existe solução mágica, mas existem estratégias que, se utilizadas
com afinco e dedicação, podem realizar sonhos. Nós estamos JUNTOS nesse caminho!!! Contem
comigo, meus querida e querido alunos.

Utilize o Fórum de Dúvidas. Eu responderei suas perguntas com esmero.


E não se esqueça de que não existe dúvida boba. Quanto mais você pergunta,
mais conversamos e mais você sintetiza o conteúdo, certo!
Também me procure nas redes sociais. Lá tem dicas preciosas para ajudar
na sua preparação.
Um grande abraço estratégico,
Alê Lopes

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