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MÉTODOS DE SÍNTESE E CLASSIFICAÇÃO DAS SUTURAS

- SÍNTESE É o conjunto de manobras manuais e instrumentais destinadas a restituir a continuidade anatômica e


funcional dos tecidos que foram separados na cirurgia ou por traumatismo.

 CLASSIFICAÇÃO DAS SUTURAS: A sutura pode ser denominada sob vários aspectos, de acordo com a
profundidade, planos anatômicos envolvidos, fio utilizado, finalidade, espessura do tecido, sequência de pontos e
posição das borda.

-Fio usado:
1. Suturas absorvíveis: São aquelas, que decorrido algum tempo após a implantação, por ação mecânica são
absorvidas. Podem ser de origem animal ou sintética.
2. Suturas não absorvíveis ou inabsorvíveis: São aquelas que ficam permanentemente no organismo, mesmo
sofrendo ação dos elementos de defesa orgânica não se desfazem, são envolvidos, após algum tempo, por tecidos
fibrosos. Pode ser de origem animal, vegetal, metálica e sintética
- Profundidade: As suturas de pele e tela subcutânea são chamadas de superficiais. Aquelas aplicadas abaixo do
plano aponeurótico são consideradas suturas profundas

- Planos anatômicos: São respeitados a individualidade dos planos anatômicos, que são suturados separadamente.
Quando o mesmo ponto cirúrgico, abrange vários planos, a sutura é considerada em massa. Segundo Varela, Petit e
Gomes (1978) recorre-se a sutura em massa quando não se consegue a individualização ou aproximação anatômica,
e ainda em situações de urgência. A combinação das duas técnicas é denomina de sutura mista.

- Espessura do tecido: Essa classificação toma por base a espessura abarcada pelo ponto em determinado plano e é
utilizada nos casos de vísceras ocas, considera-se perfurante total quando engloba a espessura total da parede do
órgão e perfurante parcial quando engloba apenas uma parte da espessura do órgão.

-Finalidade: O cirurgião pode utilizar-se das suturas para diversas finalidades, em bordas de tecidos em que há a
persistência da hemorragia e não é possível a identificação dos vasos, ele recorre a sutura hemostática a qual visa
coibir ou prevenir a hemorragia. A sutura de aproximação é utilizada quando se deseja restabelecer a integridade
anatômica e funcional dos tecidos através da união dos mesmos. Pontos de sustentação auxiliam a manutenção de
determinada estrutura na posição desejada e para minimizar as cicatrizes executa-se suturas que maximizem a
coaptação das bordas, denominadas sutura estética.

-Posição das bordas: Segundo Bellen e Magalhães (1993c), após o final da sutura, as bordas podem permanecer em
sua posição original, ou se apresentar alterada.
*Confrontamento ou aposição - Sutura com justaposição das bordas da ferida entre si, não deixando
desnível entre as mesmas, é indicada quando se quer perfeita integridade anatômica e funcional.
*Eversão - Na sutura de eversão, ocorre a justaposição das paredes pela face interna, dessa forma as bordas
ficam reviradas para fora, muito utilizada em suturas vasculares ou de tensão.
*Inversão - Tem a finalidade de justapor as paredes pela face externa, de forma a isolar a parte interna,
ocorre quando desloca as bordas para o interior do órgão. Embora seja desejável para oclusão de vísceras ocas, esta
ocorrência é considerada prejudicial para a cicatrização adequada da pele.
*Sobreposição - Uma borda fica sobreposta à outra com a finalidade de aumentar a superfície de contato
entre as mesmas e proporcionar uma cicatriz mais resistente, indicada no fechamento de paredes, especialmente
nas eviscerações, eventrações e na redução de anel herniário umbilical.
- Seqüência dos pontos: Podem ser classificados em pontos separados ou interrompidos quando os fios são
passados, amarrados e cortados individualmente; e pontos contínuos, quando um único fio de sutura é usado para
passar, alternadamente, entre as duas margens do tecido. O padrão de sutura interrompido apresenta como
principais vantagens ser menos esquimiantes; capacidade de obtenção de ajuste preciso da tensão em cada ponto
da ferida, de acordo com as forças de expansão variáveis atuantes ao longo de suas margens, além disso, a abertura
de um ponto não traz maiores conseqüências, eles são independentes. O padrão contínuo apresenta como
vantagem principal a velocidade de sutura, além de apresentarem melhor continência quando comparado ao padrão
separado, entretanto sua grande desvantagem é que a ruptura de um ponto pode levar ao rompimento de toda a
linha de oclusão
TIPOS DE FIOS FIOS ABSORVÍVEIS NATURAIS:

a) Categute: Preparado no intestino delgado de ovinos ou de bovinos. Apresenta capilaridade e é multifilamentoso.


Pode ser simples ou cromado. O categute simples é o fio que determina a maior reação inflamatória nos tecidos, já o
cromado apresenta uma reação tecidual menos exuberante por ser revestido por sais de cromo. Todavia, aos 30-60
dias quando perde sua cobertura a reação acaba por se assemelhar a do categute simples. A graduação do fio
categute cromado é a seguinte:
 Cromado fraco (tipo B): Perde a resistência de tensão ao redor de 10 dias.
 Cromado médio (tipo C): Perde a resistência de tensão ao redor de 20 dias.
 Cromado extra (tipo D): Perde a resistência de tensão ao redor de 40 dias.
b) Colágeno: Fio monofilamentoso, feito de tendão flexor de bovinos. Normalmente é utilizado em cirurgias
oftálmicas.

FIOS ABSORVÍVEIS SINTÉTICOS: A reação inflamatória a estes fios é bem menos intensa que a ração ao categute, e
sua absorção completa- se ao redor de 60 dias após a implantação. Praticamente, estes fios não determinam reação
inflamatória crônica.
a) Dexon (ác. Poliglicólico): Absorvível entre 100 e 120 dias. Perde 50% de sua resistência de tensão após duas
semanas.
b) Vicryl (Polyglactina): Absorvível entre 60 a 90 dias. Perde 50% de sua resistência de tensão em duas semanas.
c) PDS (Polydiaxonona): Absorvido em média aos 182 dias após implante. Perde 50% de sua resistência de tensão
em 06 semanas.
FIOS NÃO ABSORVÍVEIS NATURAIS:
a) Origem animal – Seda: Não é recomendada para unir tecidos em presença de contaminação, promove reação
tecidual intensa.
b) Origem vegetal – Algodão: Potencializa infecções, e promove reação tecidual intensa. - Linho semelhante ao
algodão.
FIOS NÃO ABSORVÍVEIS SINTÉTICOS:
a) Poliamida (nylon): Mono ou multifilamentoso, biologicamente inerte, não capilar na forma monofilamentosa e
boa tensão ao estiramento. - Desvantagens: Pobre manuseio e pouca segurança no escape dos nós (deve-se dar de
04 a 05 laçadas)
b) Poliester (mersilene): É forte, tem bom suporte para tecidos de cicatrização lenta, reativo, pobre segurança no
escape dos nós, associados a infecções locais resistentes.
c) Polipropileno (Prolene): Semelhante ao nylon, biologicamente inerte, melhor segurança no escape dos nós que o
nylon e resistente a infecções.
d) Polietileno (Dermalene): Baixa reação tecidual e boa resistência ao estiramento. e)Suturas metálicas – aço
inoxidável: Não reativo aos tecidos (praticamente inerte ao organismo), maior resistência de tensão e segurança no
escape dos nós, recomendado para tecidos de cicatrização lenta. Ex: osteossíntese.

GRUPOS DE SUTURAS: As suturas são divididas em dois grupos, as suturas interrompidas e as suturas contínuas.

SUTURAS INTERROMPIDAS:
 Tipos: - Horizontais - Verticais
 Suturas simples: -Quando é aproximada somente uma estrutura. Ex: sutura da pele.
 Sutura composta: - Quando é aproximada mais de uma estrutura. Ex: sutura de peritônio e músculo transverso do
abdome na celiorrafia.
 Sutura de aposição: - São as suturas que fazem a justaposição dos tecidos. Ex: sutura isolada simples.
 Sutura invaginante: - São aquelas suturas em que as bordas da ferida ficam voltadas para dentro da incisão. São
suturas utilizadas para órgãos ocos. Ex: Sutura de Cushing, sutura de Lembert.
 Sutura envaginante: - São aquelas suturas que fazem com que as bordas da ferida fiquem voltadas para fora. Ex:
Sutura de Wolff, sutura de Donatti.
 Nó de cirurgião: - É o nó utilizado para o fechamento dos pontos isolados e para iniciar ou terminar a sutura
contínua. Para a sua confecção, primeiramente, são realizadas duas passadas 8 Mônica Arrivabene (laçadas) sobre si
mesmo, seguido por uma passada para o lado contrário. Este nó evita que as bordas dos tecidos se afastem no
transcorrer da realização dos pontos.

VANTAGENS DAS SUTURAS ISOLADAS:


 Mantém a posição dos tecidos se um ponto romper.
 Cada tem um nó individual.
 Cada ponto é uma unidade independente, não sujeita a pressões dos pontos adjacentes.
DESVANTAGENS DAS SUTURAS ISOLADAS:
 Grande quantidade de material usado.
 Maior lentidão na execução.

SUTURAS CONTÍNUAS: As suturas contínuas, assim como as isoladas, podem também ser classificadas como
horizontais ou verticais simples ou composta, de aposição, invaginante ou evaginante. As suturas contínuas iniciam
com um ponto simples e seguem com sucessivos pontos conforme a sutura, devendo ser finalizada com mais um nó
simples no final. São mais utilizadas para suturas internas.

VANTAGENS DAS SUTURAS CONTÍNUAS:


 Previne a perda de fluidos pela boa coaptação.
 Fácil aplicação e mais veloz na confecção.
 Fácil remoção e menor quantidade de material usado.
DESVANTÁGENS DAS SUTURAS CONTÍNUAS:
 Dependência entre os pontos, sem um ponto romper, ocorrerá um afrouxamento de todas as suturas.

TÉCNICAS MAIS UTILIZADAS DE SUTURAS SUTURAS ISOLADAS OU INTERROMPIDAS:

a) Isolada simples: Mais utilizada para a pele, é uma sutura de coaptação.


b) Pontos de relaxação: Feitos em locais de muita tensão.
c) Wolff ou “U” deitado: Mais utilizda para pele, é uma sutura de eversão (evaginante).
d) Donatti ou “U” em pé: Mais usado para pele, também utilizado para reduzir o espaço morto do subcutâneo. É
uma sutura de eversão.
e) Lembert: Sutura invaginante, utilizada para órgãos ocos. É uma sutura sero- muscular não contaminante.
f) Cushing ou Gely: Sutura invaginante, utilizada para órgãos ocos. É uma sutura seromuscular não contaminante.
g) Swift: Indicada para esôfago, o nó permanece para a luz do órgão.
h) Jaquetão: Sutura utilizada para o fechamento de paredes abdominais. É uma sutura que apresenta uma boa
resistência a tensão.
i) Sutura em “8”: É uma sutura usada para promover hemostasia. 9 Mônica Arrivabene
j) Sutura com Agrafes: É uma sutura metálica, geralmente usada na pele, que promove eversão das bordas.

SUTURAS CONTÍNUAS:
a) Contínua simples: Apresenta boa coaptação das bordas, usada com maior frequência em vísceras.
b) Colchoeiro ou “U” contínuo: É uma sutura mais utilizada para hemostasia de vísceras e para áreas fibrosas.
c) Festonada ou Reverdin: Sutura de boa coaptação, resistente a tensão e muito utilizada em incisões longas, pois
seus pontos são difíceis de afrouxarem.
d) Zigue- Zague: Suturas que promovem uma boa aproximação tecidual, normalmente utilizada para aproximação da
pele.
e) Em bolsa de Tabaco (fumo): Utilizada para o fechamento de orifícios ou esfíncters.
f) Schmiedem: Sutura de boa coaptação e contaminante (muco- seroso). Usada em órgãos ocos, necessita uma
sutura não contaminante por cima. Muito utilizada como primeira sutura em útero.
g) Cushing ou Gely: Sutura usada em órgãos ocos, sero- muscular não contaminante e invaginante.
h) Lembert: Usada em órgãos ocos, sero- muscular não contaminante e invaginante.
SUTURAS POR PONTOS SEPARADOS
SUTURA POR PONTO CONTINUO

Pontos Invaginantes em ponto cotinuo 


De acordo com a profundidade que agulha e fio alcançam na parede de um órgão oco, as suturas
serão denominadas seroserosas, sero- musculares e sero-mucosas. Em decorrência deste fato, as suturas
serão, ainda, denominadas não contaminantes, se forem sero-serosas (mais frágeis) ou seromusculares
(mais confiáveis) e contaminantes, se forem sero-mucosas. Por princípio, considera-se contaminada a luz
dos órgãos ocos, como estômago e intestinos.

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