Você está na página 1de 5

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

CAMPUS UNIVERSITÁRIO PETRÔNIO PORTELA

CENTRO DE CIENCIAS DA EDUCAÇÃO – CCE

CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

HISTÓRIA GERAL DA EDUCAÇÃO

LEANDRO DE PAULA ALVES DA SILVA

MEMORIAL DA MINHA EDUCAÇÃO

TERSINA – PI

26 de outubro de 2023
MEMORIAL DA MINHA EDUCAÇÃO

Meu nome é Leandro, mas prefiro que me chamem de Azabharel. Falar


da minha educação não vai ser fácil, pois minhas memórias sobre os meus
anos de escola são muito vagas, como se fossem uma gota de tinta que caíram
num balde de água e que se espalharam perdendo a tonalidade.

Porém posso citar alguns momentos seguindo uma linha temporal: Casa,
Primário, Rua, Fundamental e Médio.

CASA

Sou o segundo irmão de uma família de três irmãos, ou seja, eu sou o


filho do meio. Desde que me intendo por gente, sempre tive que batalhar pela
atenção da minha mãe, pois eu não era o mais velho que era cobrado
responsabilidades, e nem era o mais novo, que era o “cutie cutie” da família, eu
era o do meio.

Na trajetória dessa batalha eu sempre tentava de tudo, birrava, malinava,


chorava muito, e essas táticas deram certo, mas não como eu gostaria, pois,
meus pais vieram do interior e ainda carregavam a cultura da brutalidade
consigo, sendo assim eu era muito repreendido (“engole o choro menino”, “se
tu malinar tu vai levar cintada”, “vou já fazer um cipó pra tu muleke”).

Sendo assim, tentei novas táticas, comecei a me interessar em estudar,


pedia livros de colorir, dizia que queria saber a escrever e escrever.

PRIMÁRIO

Vendo o meu interesse em estudar, meus pais me matricularam bem


cedo na creche, onde eu era um destaque na própria, sempre querendo estar à
frente, perguntava das coisas e sobre as coisas. Depois da creche, veio o
primeiro ano do primário, onde eu buscava sempre ler mais rápido, e escrever
mais bonito, e também comecei a me interessar por desenhar.

No segundo ano eu estava tão à frente da turma, que a professora


solicitou a escola que eu fizesse uma prova para passar direto para o terceiro
ano, que foi o que acabou acontecendo.
No terceiro ano, eu era o mais novo da turma, mudado no meio do
primeiro semestre, me adaptei bem até, mas eu não me encachava bem com
os meninos da turma pois eles eram mais velhos que eu e faziam umas piadas
que eu não intendia ainda, então sempre andava com as meninas e me sentia
a vontade com elas, mas por esse motivo os meninos começaram a se referir a
mim com uma palavra ficaria marcada para sempre em mim: viado.

No quarto ano, os ataques começaram a transcender as palavras e


começaram a se tornar mais físicas, lembro da primeira vez que eu estava no
meu local favorito do colégio (a lateral escura dos pés de acerola), comendo
acerola quando me deram o primeiro murro. Sem motivo, sem razão, sem o
porquê. Então o quarto ano foi cheio de cenas do tipo.

RUA

As agressões não ficaram somente no 4ºAM, como o bairro era pequeno


todas as crianças do colégio moravam perto e brincavam todas juntas de tarde
e noite. Eu costumava brincar nesses locais também, mas parei de brincar
devida as constantes brigas que eu me envolvia e consequentemente as surras
que eu levava, tanto na rua, quanto em casa por ter brigado na rua. Então
comecei a sempre brincar em casa e sempre evitar ir para a rua, e evitava
passar em certas ruas.

Nisso meus pais também perceberam que tinha algo errado, mas em vez
de me defenderem, eles falavam “menino, para de andar rebolando, “tu não é
mulher”, “toma jeito de homem”, “vira homem”.

Foi nesse período que eu comecei a me aprofundar nas artes dos


desenhos. Como forma de escapar da realidade, criava meus próprios mundos,
linguagens e alfabetos.

FUNDAMENTAL

Quando fui para o quinto ano, era em um bairro diferente, matérias a


mais, porém com as mesmas pessoas. Então o quinto e sexto ano eu não
lembro muito bem, só lembro que minhas notas diminuíram e o bullying era tão
grande que eu implorei para minha mãe me tirar de lá.
De colégio mudado, personalidade mudada, não que não houvesse
bullying, porém não era por ser viado, agora era por ser o artista doido,
estranho, que falava que não era humano, e sim uma criatura da sétima
dimensão do planeta Córindon (sim, eu falei e passei bom tempo achando que
isso era verdade).

Devido a essa minha criatividade transbordante eu fui muito chamado a


atenção dos professores pois não conseguia prestar atenção direito nas aulas
pois estava desenhando, ou respondia as atividades no alfabeto que eu criei.

Mas parei de fazer isso quando um professor de vôlei do “Mais Educação”


pediu para turma fazer um texto e eu escrevi sobre a minha vida em Córindon.
Ele leu, amassou o papel do texto e jogou em mim dizendo que meu texto era
lixo. Chorei.

MÉDIO

No ensino médio já foi diferente, eu fiz ele no Liceu Piauiense


integralmente, eu ainda continuava com a personalidade estranha, porém eu
encontrei outros estranhos la também, então no primeiro ano éramos três: O
artista feiticeiro (eu), O rockeiro agnóstico (Amadeus) e o Ateu de Altos
(Wellington). As matérias mais uma vez aumentaram, mas a gente não estava
nem aí, nos tentávamos, mas nem sempre conseguíamos boas notas.

No segundo ano o grupo aumentou para quatro, com a entrada da nova


aluna na sala Bea, a louca do KPOP. Nós éramos conhecidos pois sempre
estávamos envolvidos nos projetos de artes, dança, teatro, criação de filme,
feira de matemática, olimpíada de física (onde eu fui medalhista nacional duas
vezes), jogos de biologia, entre outros. E no final do segundo ano, eu me
descobri gay.

No terceiro ano, devido a fama do 2ºA, mudaram todos de sala,


espalharam todos. Isso para mim foi como um murro, pois passei o ano todo
sem interações com os outros da sala, mas não posso negar que foi o ano que
mais tirei notas altas. E como desde o segundo ano, tudo era voltado para o
ENEM, eu me dediquei para fazer uma boa prova.

Você também pode gostar