vejario.com.

br
dezembro de 2022

CARIOCAS
DO ANO ta
is
s
ev

CONHEÇA O TIME DAS TREZE

R

PERSONALIDADES QUE, NA MÚSICA,

il
as

NA EDUCAÇÃO, NO ESPORTE E EM TANTAS

Br

OUTRAS ÁREAS, FIZERAM HISTÓRIA EM 2022

Em sentido horário:
Milton Nascimento, Ana
Luiza Piza, Maju de Araújo,
Marco Fisbhen, Lázaro Ramos,
Anitta, Fabio Porchat, Gabigol,
Roberta Medina, Marcos
Palmeira, Casimiro, Keyna
Eleison e Rodrigo Afonso
Br
as
il
R
ev
is
ta
s
 CARTA AO LEITOR

CARNARILDY
Orgulho
de time os 29 anos, Anitta emendou um sucesso
12
A atrás do outro e fez o voo definitivo da
garota de Honório Gurgel para o topo
Cariocas do Ano
Anitta finca o pé na

DIVULGAÇÃO
das paradas internacionais na música. carreira internacional
Baiano de nascimento e carioca por ado-
ção, Lázaro Ramos dirigiu seu primeiro
filme, levando 500 000 pessoas aos cine-
mas. Roberta Medina comandou a maior
26
Verão
edição da história do Rock in Rio, transfor- Da areia ao mar,
mando o festival numa potente ferramenta as novidades

MARCOS DE PAULA
de mobilização social. Passando ainda pela nas praias
educação, pela internet, pelo esporte e por ta
outras áreas, 2022 revelou um time de per-
is
ISTOCK/GETTY IMA
GES PLUS
sonalidades do Rio que se destacaram em
ev

seu campo de atuação, ampliaram discus-

sões sociais importantes e ajudaram a fazer
R

Cidade
da nossa cidade um lugar melhor. São os nossos
30 Propostas para ocupar
il

Cariocas do Ano, premiação que chega à 16ª o Jardim de Alah

as

edição junto com a VEJA RIO de dezembro.

Época que inspira também roteiros nas praias
Br

para o verão, com novidades por areia e mar, e

no mundo das comidinhas natalinas, com os
panetones de chocolate multiplicando-se à base
de matéria-prima da mais alta qualidade. A úl-
tima revista do ano traz ainda notícias sobre o
Jardim de Alah, alvo da disputa de dois grandes
grupos que elaboram propostas para reformar
32
Ciência
e ocupar a região; mostra o avanço das pesqui- Cogumelos mágicos
sas sobre os cogume- e seus efeitos
los com psilocibina,
PEDRO GARCIA

substância que vem

sendo usada em trata-
mentos de saúde e pa-
ra fins recreativos; e
apresenta uma turma
34
Comportamento
que busca trégua do A fotografia volta
mundo hiperconecta- à moda antiga
do ao trocar as fotos
de celular pelo hobby
de ir atrás de boas ima-
DIVULGAÇÃO

Fernanda Thedim, gens com suas câme-

editora-chefe ras retrô. Boa leitura! ƒ 38 Natal
O sucesso dos panetones de chocolate

Capa: fotos de Marcos Hermes; Juliana Coutinho/TV Globo; André Passos; Pedro Napolinario;
Leo Lemos; Caue Moreno; Dan Coelho; Divulgação; Victor Pollak/TV Globo; Cristina Salgado Veja Rio dezembro 2022 3
 Fundada em 1950
VICTOR CIVITA ROBERTO CIVITA
(1907-1990) (1936-2013)

Publisher: Fabio Carvalho

Diretor de Redação: Mauricio Lima

Circula mensalmente com a revista VEJA, na região metropolitana do Rio de Janeiro

Editora-chefe: Fernanda Thedim

Repórteres: Kamille Viola, Paula Autran e Pedro Landim

Editor de Arte: Daniel Marucci Designers: Ana Cristina Chimabuco,
Arthur Galha Pirino, Luciana Rivera, Ricardo Horvat Leite
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de Editoração/Revisão: Shirley Souza Sodré Secretárias de Produção: Andrea Caitano,
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s
Supervisor de Preparação Digital: Edval Moreira Vilas Boas
ta www.vejario.com.br
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DIRETORIA EXECUTIVA DE OPERAÇÕES Guilherme Valente
R

DIRETORIA DE MONETIZAÇÃO E RELACIONAMENTO COM CLIENTES Erik Carvalho

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VEJA RIO 1 432 — dezembro de 2022 é uma publicação mensal da Editora Abril e circula na região
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 VEJARIO.COM.BR As últimas
dos colunistas
@vejario

ARQUIVO PESSOAL
O resgate da identidade carioca será o grande
desafio do Rio em 2023. Isso inclui recuperar
o orgulho e o prazer de viver neste lugar que
tem no mapa natal a vocação para ser idílico e
paradisíaco, como conta a astróloga Barbara

FERNANDO MAIA
Burgos nas previsões para a cidade.
5, 4, 3, 2, 1… FELIZ ANO NOVO!
Festas que prometem agradar a todos os gostos estão programadas para a virada

s
do ano. As atrações se espalham por toda a cidade, de pontos turísticos, como o Pão
ta
de Açúcar, aos hotéis da orla, onde a vista para o show dos fogos de artifício está
is

ARQUIVO PESSOAL
garantida. No Copacabana Palace, a virada do ano contará com quatro eventos:
nos salões, na piscina e nos restaurantes. Leia mais no abr.ai/festas-reveillon-2023.
ev

CARDÁPIO
R

FESTIVO
il

Cem anos do Copacabana Palace, noventa do

as

Às vésperas das festas de fim Rei Momo, sessenta da canção Garota de Ipa-
do ano, pinta aquela dúvida: nema... Não faltam motivos para o Rio festejar
Br

fazer a ceia ou pedir logo no próximo ano. O advogado e ativista do patri-

pronta? Para aqueles que não mônio Daniel Sampaio conta um pouco so-
desejam encarar o fogão nes- bre as datas redondas e marcantes pela frente.
ta temporada, não faltam sa-
borosas opções. O Guimas
preparou pratos como a sala-
da de frutos do mar com arroz
negro, o bacalhau wellington,
envolto em massa folhada, e
PEDRO SERRA

a torta de nozes com ovos

moles. Veja mais cardápios
RODRIGO AZEVEDO

por encomenda em abr.ai/

ceia-encomenda-2022.

O ano novo traz um monte de feriados pro-

longados. Que tal aproveitá-los para conhecer
#vejario destinos menos óbvios do estado? Ponta da
Todos os dias compartilhamos pelo Instagram registros Alcaira, Ilha do Araújo, Aldeia Rizoma... Na co-
feitos pelas lentes dos moradores da cidade. Para entrar luna Juju na Trip, a jornalista e influencer Ga-
na seleção, basta marcar sua foto com a nossa briela Temer lista alguns desses lugares.
hashtag e manter o perfil aberto.
Leia em www.vejario.com.br/colunas

Veja Rio dezembro 2022 5

 AMARELINHAS
Melina Dalboni

ELE É (QUASE) CARIOCA

ano de 2023 nem começou, e Carlinhos Você incluiu o Rio no título de mais de dez canções. Por que a

O Brown já trabalha duro mirando lá na frente.

Ele está debruçado sobre a trilha sonora, em
parceria com a americana Siedah Garret, de
Orfeu Negro, o primeiro musical brasileiro a ser mon-
tado na Broadway, inspirado no texto de Vinicius de
Moraes. “Temos muito a agradecer ao diplomata Vini-
cius, que continua ativo por meio de sua obra”, elogia.
Aos 60 anos recém-completos, Brown lançou por seu
selo, o Candyall Music, três álbuns neste ano — o mais
recente, Mar Revolto, de rock. Em janeiro, sai mais um
disco, Pop Xirê, e ele também se prepara para celebrar
três décadas de criação do Timbalada, com a retomada
da formação original. O próximo show no Rio, Ensaio
constante homenagem? O Rio sempre foi um sonho de con-
quista e eu o homenageio pelo abraço que a cidade sempre me
deu. Tinha até apelido aí por causa do meu nariz — me chama-
vam de Dois Irmãos e eu adorava. Minha relação com a cidade
também ficou muito mais forte depois de meu encontro com
Helena (Buarque, sua ex-mulher, filha de Chico Buarque e
Marieta Severo) e dos meus filhos.
Qual a influência da Marieta Severo, sua ex-sogra, em sua
vida? Marieta é uma mestra na minha vida. Tenho mui-
to amor por ela, que nunca deixou que o amor, o cari-
nho e o respeito dessa família se perdessem. É aí que
está a força do matriarcado.

s
du Brown, é em 4 de fevereiro, com participação de
Duda Beat e Margareth Menezes. Indicado ao Oscar e ta
E com Chico, troca ideias sobre música? Muito.
vencedor de dois Grammys Latinos e de um Prêmio
is
O tempo inteiro. Chico evoluiu demais, aprendo
Goya, Brown é autor de 908 canções, segundo levan- muito com ele.
ev

tamento recente. Destas, onze trazem o Rio no título:

“A cidade sempre foi um sonho de conquista e eu a
R

Você entendeu que estava falando de Chico

homenageio pelo abraço que sempre me deu”. Pai de Brown, seu filho, mas me referia a Chico Buarque.
il

oito filhos, dois deles músicos, Chico e Miguel, e de Ah, Chicão é incrível. É meu ídolo, alguém que
as

uma cantora e atriz, Clara, confessa que aprendeu a ser

um pai melhor com as filhas meninas. “Elas são donas
Br

de uma inteligência feminina inalcançável e, sempre

que penso, vejo que têm razão”, explica nesta entrevis-
ta a VEJA RIO direto de Salvador.
“Existem
Como é a experiência de fazer um musical para a Broadway?
Fazer um musical do Brasil na Broadway que foi pensado pa-
inúmeros
ra ficar 25 anos em cartaz é uma grande oportunidade na mi-
nha vida. O trabalho, aliás, está indo muito bem. Temos muito
tipos de
a agradecer a Vinicius de Moraes.

Depois de compor o samba-enredo da Mocidade, em 2021,

preconceito.
tem planos de participar do próximo desfile? Neste ano, a
Mangueira (cujo enredo é As Áfricas que a Bahia Canta) veio
O maior deles é com
a Salvador para pesquisar e tivemos muitas conversas. Isso já
é uma colaboração minha para a escola. Vejo o Carnaval co-
a figura do negro
mo o grande olimpo da cultura brasileira.

Seus laços com o Rio são fortes? Sou neto de um carioca, Re-
bem-sucedido,
nato Teixeira de Freitas, e o avô dele, Augusto Teixeira de
Freitas, que saiu da Bahia e foi para o Rio de Janeiro, escreveu
como se isso não
o Código Civil do Brasil. E ainda tenho um padrinho que veio
da Mangueira. fosse possível”
6 Veja Rio dezembro 2022
 até hoje me faz tremer quando chego perto. Numa conversa,
uma vez, lhe disse que o primeiro acorde de sétima maior que
aprendi foi com uma música dele, Trocando em Miúdos. Aí
ele respondeu, bem a seu jeito: “Essa música não é minha, é de
Francis Hime, eu só botei a letra”.

Como foi tocar com o gênio da bossa nova João Gilberto? Me

vem à mente a imagem dele assustando Paulinha (Lavigne) e
LEO AVERSA

Caetano em um hotel medieval em Carcassonne, no sul da

França. Ele tinha um jeito muito moleque e teve a ideia de dar
um susto neles. Também sempre pedia cordas velhas e me dava
as novas, pedindo que eu as usasse bastante e lhe doasse de-
pois. Chico, meu filho, ficou amigo de João no fim da vida dele.

Como avalia a nova geração de músicos? São austeros, res-

ponsáveis e extremamente ligados à música. Temos uma
geração pulsante e importante em várias vertentes, co-
mo o Atocha, a Duda Beat e vários outros. Eles são

s
uma garantia de que a música brasileira está viva.
ta
is
Você é um artista múltiplo, mas qual considera
sua maior contribuição para a cultura? A percus-
ev

são é meu maior legado. Através dos ensinamen-

R

tos do Mestre Pintado do Bongô e da criação do

Timbalada, consegui criar instrumentos, levar
il

a percussão a outros espaços, ir ao mundo e fa-

as

lar do país que amo.

Br

Você foi alvo de preconceito vinte anos atrás, du-

rante um show no Rock in Rio, quando arremes-
saram garrafas em sua direção. Sua atitude foi de
dizer “nada me atinge” e seguir cantando. Hoje fa-
ria igual? Sim, claro. Existem inúmeros tipos de pre-
conceito e racismo. O maior deles é com a figura do
negro bem-sucedido, como se isso não fosse possível.
Muitos disseram que eu estava no dia errado, mas não.
No final das contas, sou agradecido pelo que aconteceu.

Por quê? O que, afinal, venceu: o preconceito ou a exposição do

problema? A exposição, sem dúvida. Foi ela que me pôs a refle-
tir, nos fez discutir, me jogou no mundo e me tornou o maior
detentor de direitos autorais daquele ano, com A Namorada,
justamente a música que cantava enquanto jogavam as garrafas
em mim. Eu não estava sozinho no palco, tinha Brasil demais
junto comigo, e houve um choque. Isso também influenciou o
Rock in Rio, que hoje é muito mais brasileiro do que era.

Do que tem medo? De voltar à pobreza, e é por isso que acor-

do todo dia para trabalhar. No meu celular tem 3 568 músi-
cas inéditas. ƒ

Veja Rio dezembro 2022 7

 HISTÓRIAS CARIOCAS
Paula Autran

COMO SERÁ
O AMANHÃ?
As cerca de 2 000 pessoas que vão passar o réveillon
na festa White Rooftop 2023, que nesta próxima edi-
ção acontecerá na área externa do Museu do Amanhã,
desenhado pelo celebrado Santiago Calatrava, terão
respostas diferentes para dar, após a primeira grande
comemoração de passagem de ano ali, no coração da
Zona Portuária já revitalizada. “Ninguém nunca esteve
em uma virada no museu, será uma surpresa para todo
mundo, uma experiência única, pois não vamos repetir
o local no futuro”, observa André Barros, diretor criativo
e idealizador do evento, que ocorre no Rio desde 2014.
As perspectivas do festejo em tão precioso endereço

s
são as melhores. A previsão é de oito minutos de fogos
após a contagem regressiva, com direito a mapping, as ta
is
chamadas projeções mapeadas, além de muito cham-
panhe. Será possível circular sobre um piso instalado
ev

sobre o espelho de água, como uma passarela, e um

animado palco receberá apresentações de DJs e do
R

grupo Fica Comigo. O plano é entrar para a história.

il
as

CSI Rio, a nova temporada

500 000...
Br

Após vinte anos fornecendo

luminol à Polícia Civil do Rio,
para detecção de sangue em ...é o número de turistas que devem desembarcar no
cenas de crimes, o Departa- Píer Mauá durante a temporada de cruzeiros 2022/2023.
mento de Química Analítica É o maior dos últimos dez anos e traz de volta
da UFRJ iniciou uma nova tem- embarcações que, depois de muito tempo, marcarão
porada com ares de CSI na par- presença em datas importantes, como 25 de dezembro
ceria entre os cientistas foren- e 1º de janeiro. Ao todo serão 37 gigantes, dos quais 26
ses e os agentes da lei. Está em internacionais e onze nacionais. Dez deles atracarão pela
DIVULGAÇÃO

uso pela corporação um kit que
permite diferenciar a maconha
medicinal da recreativa — e ilícita. Isso porque o reagente fica azul ao ser exposto
ao CDB (usado no tratamento de doenças como Parkinson e Alzheimer) e viole-
ta ao ser misturado à THC, substância com ação psicotrópica. O produto, cuja
patente se encontra em fase de comercialização pela Inova UFRJ, agência recém-
criada para gerir a política de inovação da universidade, é uma substancial novi-
dade tecnológica, pois não se restringe ao uso em laboratórios bem refrigerados:
ele pode ser levado a lugares quentes, em operações de apreensão de drogas,
por exemplo. “Não queremos prender ninguém, mas dar segurança terapêutica
a quem usa o óleo de Cannabis de forma medicinal”, explica Claudio Cerqueira
Lopes, do Laboratório de Síntese e Análise de Produtos Estratégicos.
primeira vez na Cidade Maravilhosa. Entre eles o MSC
Seaview, inspirado em condomínios de Miami, com
seus 323 metros de comprimento, 74 metros de altura e
capacidade para 5 300 hóspedes. O impacto previsto
na economia fluminense é de 557 milhões de reais,
mas, se entrarem nas contas itens como combustível
para operação dos navios, consumo em restaurantes,
compras e passeios, os efeitos positivos ultrapassam
1 bilhão de reais. “Com quase seis meses de duração,
esta temporada consagra o turismo como segmento-
chave na retomada da economia do estado”, comemora
o secretário de Estado de Turismo, Sávio Neves.

8 Veja Rio dezembro 2022

 SOBE
ÁREAS VERDES. Aos 36 anos, o
Refloresta Rio, programa da prefeitu-
ra, atingiu a marca de 3 600 campos
de futebol de área recuperada. São
mais de 10 milhões de mudas planta-

DIVULGAÇÃO
das, especialmente em regiões onde
as características topográficas favore-
BOA VIZINHANÇA cem a ocupação desordenada.
Faz cerca de um mês que um pequeno caminhão de ROTA CULTURAL. Será aberto em
mudanças se instalou sob o Viaduto Engenheiro Noro- janeiro o Museu do Holocausto. No
nha, que liga a Rua Pinheiro Machado ao Túnel Santa topo do Morro do Pasmado, em Bo-
Bárbara, em Laranjeiras. Tais mudanças estão vindo a tafogo, o memorial terá atrações co-
reboque do food truck da marca São Bartolomeu, que, mo fotos e frases de personalidades
além de sanduíches e cervejas artesanais, vem trazendo que foram perseguidas pelo nazismo
vida nova ao local. O espaço, uma espécie de praça, an- em um painel de LED.
dava abandonado há anos e acaba de ser adotado e
reformado pelo dono do negócio, Denis Monsores. A PRAIA DE GRUMARI. O site de
viagens Big 7 Travel incluiu esse paraí-
obra, que incluiu iluminação, restauração de pisos e ins- so da Zona Oeste do Rio entre as
talação de banheiros, pega carona no programa Econo- cinquenta melhores praias do mun-

s
mia sobre Rodas — Truck Rio, da prefeitura, cujo objetivo do. Cercada por uma cadeia de mon-
ta
é não apenas formalizar empreendedores, mas revitali- tanhas e com vegetação exuberante,
is
zar áreas públicas e assim proporcionar mais segurança ela aparece na 38ª posição, e é a úni-
à vizinhança. O empresário vem ampliando as ações ca brasileira no ranking, que é anual.
ev

também para o lado social. Ao deparar com moradores

RAUL ARAGÃO

de rua, iniciou uma aproximação. “Um deles passou a

R

trabalhar conosco e já conseguiu alugar um quartinho”,

DESCE
il

conta. Política de boa vizinhança é isso aí.

as

RENDA FAMILIAR. Mais de 4 mi-

Kobra em casa
Br

lhões de pessoas vivem abaixo da li-

nha da pobreza no estado, de acordo
com dados do IBGE. Entre elas, 1,2
A Região Portuária vem se tornan- milhão estão em situação de extrema
do um museu a céu aberto de arte pobreza, ou seja, vivem com menos
urbana. De doze anos para cá, mais de 12 reais por dia. Um aumento de
de 100 painéis passaram a valorizar 36% em relação a 2020.
muros e paredes de edificações.
Muito desse trabalho se deve a ini- HOSPITAIS FEDERAIS. Nas seis
ciativas da Visionartz, agência de unidades que funcionam no Rio, o
VISIONARTZ/DIVULGAÇÃO

requalificação urbana responsável, número de leitos fechados, segundo

por exemplo, por três edições da
feira Art Rua e pelo Rua Walls, que
coloriu mais de 1,5 quilômetro de
murais espalhados pela Avenida Rodrigues
Alves, transformando o local num corredor
artístico. Só ali foram grafitados 35, entre
2020 e 2021. Todo esse conjunto de ações foi
inspirado no Wynwood Art District, de Mia-
mi, na Flórida. “Embora efêmera, nossa arte
é importante para o momento, pois tem o
papel de provocar mudanças”, observa o
o Censo Hospitalar Público do Rio,
chega a 455 (27,9% dos 1 630 existen-
tes), grande parte por falta de médi-
cos ou enfermeiros.
empreendedor cultural Caíque Torresão,
um dos sócios da agência. As obras ganha- PATRIMÔNIO PÚBLICO. Segundo a
ram perenidade com o Museu de Arte Ur- ONG SOS Patrimônio, 90% dos monu-
bana do Porto (Maup), plataforma digital mentos da cidade estão destruídos ou
que permite visitas virtuais guiadas por ro- parcialmente danificados. Entre janei-
teiros pelo Santo Cristo, Gamboa e Boule- ro e junho de 2022, o Disque Denúncia
vard Olímpico. Eis uma maneira de admirar recebeu 236 denúncias de ferros-ve-
um exemplar do famoso Kobra em casa. lhos receptadores de sucatas, mais
que o dobro do igual período de 2021.

Veja Rio dezembro 2022 9

 BEIRA-MAR
Melina Dalboni

GOL DE VISUAL
Com um look mais criativo e reduzido que o outro,
todos desdobramentos do tradicional (e sem graça)
uniforme azul e bege dos jornalistas esportivos da
Globo, Deborah Secco foi um dos nomes mais fala-
dos da Copa. Durante um mês, as roupas usadas
pela atriz na bancada do programa Tá na Copa, do
SportTV, foram parar nos trending topics do Twitter.
“Moda é empoderamento e arte. Queria traduzir
através da imagem o fato de que eu não sou jorna-
lista e sim atriz, que trabalho com entretenimento”,
diz Deborah, que gostou da experiência e vem pen-
sando na possibilidade de se arriscar como apresen-
tadora. Por enquanto, segue na dramaturgia: em
MAURICIO FIDALGO/TV GLOBO

2023, estreia sua primeira série internacional, Codex

632, produção da emissora portuguesa RTP com a

s
Globoplay, gravada em Lisboa. “Foi muito bom tra-
ta
balhar fora do meu país. Só não invisto mais na car-
is
reira internacional porque eu tenho a barreira da
língua, não domino o inglês a ponto de me colocar à
ev

RISADAS prova num trabalho artístico. Mas quem sabe eu não

paro um tempo e foco no estudo.”
R

ENTRE AMIGAS
JORGE BISPO

il

Mal estreou a nova temporada do

as

programa Lady Night, no Mul-

tishow, e Tatá Werneck já voltou
Jazz para poucos
Br

para os sets de filmagens, desta

vez de cinema. Ao lado de Ingrid Sócio de uma leva de premiados bares cario-
Guimarães, uma de suas melho- cas, como Quartinho, Pope e Chanchada,
res amigas, ela começou a gravar Jonas Aisengart entra em 2023 com mais
a comédia Minha Irmã e Eu, filma- duas casas no portfólio. Ele abre neste mês o
da em Goiás e no Rio.. “A gente é Velvet, um clube de jazz no subsolo do seu
muito intuitiva na hora de atuar, recém-inaugurado Dias Bar e Mar, na Rua Dias
e igualmente obsessivas e disper- Ferreira. A ideia é oferecer coquetelaria clássica
sas”, diz Tatá, que interpreta Mi- e autoral, desde a escolha dos ingredientes até
relly, influenciadora digital que o preparo e apresentação. “O Velvet é um gran-
exibe nas redes uma vida glamo- de tesão pra mim. E a possibilidade de criar um
rosa que, na verdade, não passa segundo bar no subsolo foi fundamental na
de fachada. “O lado bom de tra- escolha do ponto no Leblon”, conta o restau-
balhar com amigos é a intimida- rateur, que é também mixologista e artista
de, porque a gente entende qual- plástico. O espaço é reduzido, o que faz dele
quer coisa. E o lado ruim é não ter um ambiente superintimista para apenas 22
mais filtro”, brinca. As gravações pessoas, e vai funcionar de quinta a sábado.
terminam só em meados do pró- A programação musical passa pelo jazz stan-
ximo mês, mas o longa já tem dard e moderno, mas vai além. “Teremos bos-
data prevista de estreia: chega às sa nova também. Particularmente, sou muito
VINI BORDALO

telonas em janeiro de 2024. fã e acho muito pouco utilizada, considerando

o pilar histórico que é na cultura carioca.”

10 Veja Rio dezembro 2022

 Primeira
e última
Veterano do surfe, Ricardo
Bocão alcançou um feito
histórico neste fim de ano.
Em novembro, ele colocou
sua prancha pela primeira
vez na temida Praia do Nor-
te, em Nazaré, onde surfou
aquela que pode ter sido a
maior onda da temporada.
Estima-se que tenha chega-

AUTORRETRATO
do a 60 pés, o equivalente a
18 metros, ou um prédio de
seis andares. “Foi uma que-
bra de paradigma, sim, pelo fato de eu ter 68 anos. Meus amigos dizem

s
que eu zerei a vida depois disso”, conta. A aventura não foi planejada. Ri-
ta
cardo estava em Portugal para produzir conteúdo com o surfista Lucas
is
Chumbo para a campanha de verão da Surfland Brasil, clube e resort com
piscinas de ondas em Garopaba, do qual se tornou sócio recentemente.
ev

Ele não pretende repetir o feito. “Cumpri bem essa missão inesperada,
mas meu foco no trabalho é outro atualmente”, diz o carioca, que navegará
R

por novos mares em 2023 com o lançamento de um podcast de entrevis-

il

tas com músicos e atletas.

as

ELA ESTÁ DE VOLTA

Br

Completando 45 anos de carreira, Lilia Cabral volta a

se apresentar para a plateia carioca: ao lado da filha
Giulia Bertolli, estreia em janeiro o espetáculo A Lista,
escrito por Gustavo Pinheiro. “A peça é sobre um
olhar de esperança e determinação”, diz a atriz
sobre a improvável amizade que surge no lock-
down entre Dona Laurita e Amanda, sua vizinha
em um edifício em Copacabana. “Minha persona-
gem diz que quando se mudou para o bairro con-
seguia ver o mar por uma fresta. Até que um dia
ergueram um prédio, o mar simplesmente sumiu
e ela só pode escutar o som dele”, adianta. A tem-
porada será no Teatro dos Quatro, palco onde
Lilia já encenou grandes sucessos como Baile de
Máscaras, Unha e Carne e Maria do Caritó. “É um
lugar que está no meu coração e também a dez
minutos de distância da minha casa”, festeja a
atriz, que passou 2022 na ponte naérea para uma
PINO GOMES

longa e lotada temporada em São Paulo.

Veja Rio dezembro 2022 11

TURMA
DE 2022
Os fãs da fina flor da música popular
is
ta
s
brasileira foram brindados com a bela turnê
ev

A Última Sessão de Música, que percorreu

R

cidades de todo o país, da Europa e dos

il
as

Estados Unidos marcando a despedida

Br

de Milton Nascimento dos palcos. Aos 80

anos, o tijucano de berço é uma das treze
personalidades cariocas, de nascimento ou
por adoção, que ilustram as páginas a seguir
com suas ideias extraordinárias e iniciativas
transformadoras. Com os pés fincados nas
mais diversas áreas — ação social, educação,
esporte, internet, TV, teatro e mais —, eles
fizeram história neste 2022, sempre agitando
importantes bandeiras e ajudando a fazer
do Rio uma cidade melhor para viver. Com o
maior orgulho, eis os nossos Cariocas do Ano.
MARCOS HERMES

Carol Zappa, Marcela Capobianco e Renata Magalhães

12 Veja Rio dezembro, 2022

 especial

MILTON
NASCIMENTO
Carioca de berço e mineiro de coração,
o cantor, compositor e multi-instrumentista
de 80 anos, uma das maiores vozes da música
brasileira, levou aos palcos sua última turnê

anúncio causou comoção: prestes a completar 80 anos, Milton Nasci-

O is mento decidiu sair de cena. após mais de seis décadas de uma carrei-
ta
s
ra fértil e consagrada em que conquistou a admiração de artistas do
mundo inteiro, de sting a Björk, produziu 43 álbuns e amealhou cinco prêmios
Grammy, ele reuniu o público num encontro que era também despedida.
ao potente rufar de Os Tambores de Minas, o músico nascido na Tijuca, filho
ev

de uma empregada doméstica, e criado na mineira Três pontas pela famí-

lia adotiva, subiu ao palco do Mineirão, em Belo Horizonte, em 13 de no-
R

vembro, para encerrar a derradeira turnê A Última Sessão de Música, de-

il

pois de passar por diversas cidades no Brasil e no mundo. “eu jamais po-
as

deria pôr um fim a tantos anos na estrada sem homenagear aqueles que
me acompanham esse tempo todo: os fãs”, disse com a voz — uma das
Br

mais poderosas que este país já ouviu — emocionada.

O ano foi mesmo especial para Bituca, como é chamado pelos
amigos. além do octogésimo aniversário (marco cravado junto com
outros alicerces da MpB — caetano Veloso, Gilberto Gil e paulinho da
Viola) e do adeus aos palcos, seu clássico Clube da Esquina, de 1972, com-
pletou meio século e foi eleito, em maio, o melhor álbum brasileiro de to-
dos os tempos por 162 profissionais ligados à música, em uma votação do
podcast Discoteca Básica. “É o disco de cabeceira da minha vida”, declarou.
Gravado com lô Borges e uma turma de mineiros sob a paisagem oceânica
de Mar azul, praia de Niterói, o cultuado e visionário lp combinou rock, jazz
e música de concerto com influências dos Beatles.
Dedicado à amiga Gal costa (que morreu poucos dias antes e levou aos
palcos neste ano o show As Várias Pontas de uma Estrela, em que celebrava
a obra de Milton) e com direção-geral do filho adotivo augusto Kesrouani
Nascimento, o espetáculo final foi uma grande celebração que reuniu anti-
gos amigos e parceiros e envolveu o público com hinos atemporais do artis-
ta, doutor honoris causa pela Berklee college of Music — entre eles, Ponta
de Areia, Travessia, Cais, Cio da Terra e Coração de Estudante. Reverencia-
do como dono da “voz de Deus” por outra grande e saudosa amiga, elis
Regina, Milton Nascimento garante que se despede dos palcos, mas não da
música. “Vou parar de fazer shows, não de compor nem de cantar”, esclare-
ce. Uma saída triunfal, do tamanho de sua obra.

Veja Rio dezembro, 2020 13

 TELEVISÃO
MARCOS PALMEIRA
O ator e ambientalista, que participou da primeira versão de Pantanal,
foi o grande protagonista do bem-sucedido remake exibido em 2022
m tempos de streaming, com uma profusão de séries ofereci-
E das ao público, o Brasil parou para assistir ao remake de uma
novela exibida há três décadas pela extinta TV Manchete. Fenôme-
no de público, a releitura da Globo de Pantanal bateu sucessivos
recordes de audiência, foi assunto permanente nas redes e reuniu
diferentes gerações em frente à TV. Parte de tamanho sucesso se
deve ao protagonista da trama dirigida por Bruno Luperi (neto de
Benedito Ruy Barbosa, autor da obra original): na pele do fazendei-
ro José Leôncio, Marcos Palmeira, que atuou na primeira versão do
folhetim, soube trazer um frescor ao personagem antes vivido por
Cláudio Marzo. Ele considera o papel “um presente”. “Foi uma gui-
nada na minha vida profissional, quase uma renovação, mostran-
is
do que fiz a escolha certa lá atrás, quando decidi ser ator”, avalia.
ev
Tal escolha seguiu o curso natural, já que Palmeira vem de uma
família com os pés fincados nas artes visuais. Filho do
R
cineasta Zelito Viana, sobrinho de Chico Anysio e pri-
il
mo dos também atores Bruno Mazzeo e Nizo Net-
as
to, o artista de 59 anos, premiado com dois Kiki-
tos de Ouro, entre outras láureas, estreou no
Br
cinema aos 5, participando do curta Copaca-
bana Me Aterra, de Artur da Távola.
14 Veja Rio dezembro, 2022
Desde então, já estrelou mais de quarenta filmes, dezenas
de novelas — como Amazônia, Vale Tudo, Celebridade, Velho
Chico e Renascer (outra de Benedito, da qual confessa querer
participar, quem sabe um dia, de uma regravação), além de
séries e minisséries. Depois do sucesso pantaneiro, Marcos re-
vistou essa e outras regiões brasileiras para narrar o impacto
da ação do homem nas mudanças climáticas, para a série A Era
dos Humanos, com estreia prevista para o início de 2023, no
Globoplay. No mesmo ano, retoma a série científica Manual de
s
Sobrevivência para o Século XXI. Em outra frente, continua fir-
ta
me como produtor de alimentos orgânicos (seu queijo frescal
foi premiado como um dos melhores do país) e como proprie-
tário de duas Reservas Particulares de Patrimônio Natural na
região serrana do Rio, que ele vai reflorestar com 200 000 mu-
das nativas da Mata Atlântica. Ele vive atento às questões
ambientais desde a adolescência, quando foi morar
em comunidades indígenas, aos 16 anos. “Ter pas-
sado esse tempo com eles me trouxe um outro
olhar”, conta o ator, que quer ajudar a construir
políticas voltadas para a tão emergencial ques-
tão do meio ambiente.
LEONARDO AVERSA/AGÊNCIA O GLOBO
 CINEMA
M aior porta de entrada de africanos escravizados nas Américas, a Zona
Portuária do Rio foi escolhida como o principal cenário de Medida

LÁZARO Provisória, filme que superou 500 000 espectadores após quatro lança-
mentos adiados em meio à pandemia e aos labirintos burocráticos da
Ancine — neste caso sem qualquer explicação. A obra trata do racismo,

RAMOS apresentando ao público um thriller político eletrizante que marcou a es-

O ator dirigiu seu primeiro filme —
a produção nacional que ficou mais tempo
em exibição no ano —, atraindo 500 000
espectadores, e atuou em mais três películas
treia de Lázaro Ramos no papel de cineasta. A sinopse dá uma boa provi-
nha da ousadia do enredo: em um Brasil do futuro, o governo aprova uma
medida que obriga cidadãos negros a se mudar para a África na intenção
de retomar suas origens em uma descabida reparação histórica. “É uma
trama que, de repente, se tornou um espelho da nossa sociedade”, apon-
ta o diretor, feliz com a bem-sucedida trajetória da película em um mo-
mento tão desafiador para a sétima arte. O filme rodou mais de vinte fes-
tivais mundo afora e, em breve, entra em cartaz nos Estados Unidos, em
Portugal, Angola, Moçambique e Cabo Verde. “Um feito e tanto para uma
produção nacional, com a maioria da equipe formada por pessoas ne-
gras”, diz o baiano de 44 anos, nascido em Salvador e “carioca de coração”
há mais de duas décadas.

s
Na frente das câmeras, Lázaro também brilhou em diversas modalida-
ta
des. Foi da comédia com Paolla Oliveira em Papai É Pop ao drama em
is
As Verdades, e ainda filmou a aguardada sequência de Ó Paí Ó, comédia
musical com atores do Bando de Teatro Olodum, cujo sucesso deu origem
ev

a uma série da TV Globo. A emissora deixou de ser a casa de Lázaro em

2021, quando ele assinou contrato com a Amazon Prime Video, indo atrás
R

de novos horizontes e linguagens. “O jogo do streaming está sendo jogado

il

e vivemos um período de aprendizado, em que muitas janelas se abrem”,

as

aposta. Uma delas se anuncia logo para o primeiro semestre de 2023, o fil-
me Um Ano Inesquecível, voltado para jovens — público com quem o artis-
Br

ta já se conecta na seara da literatura. “Não importa a plataforma, o que eu

busco é estabelecer uma comunicação direta e verdadeira com as pes-
soas”, conta ele, que também já dirigiu uma peça, O Topo da Montanha, na
qual contracenava com a esposa, Taís Araújo. Ela, aliás, é protagonista de
Medida Provisória ao lado de Seu Jorge e do ator americano Alfred
Enoch, que, em uma das primeiras cenas, questiona: “Será
que a gente nota quando a história está aconte-
cendo?”. Para Lázaro, a resposta é sim.
PEDRO NAPOLINARIO

Veja Rio dezembro, 2022 15

 TEATRO
FABIO PORCHAT
Depois de um período longe dos palcos, o humorista estreou seu novo show
de stand-up, que bateu recorde de público e ganhará sessões internacionais
este ano, a comemoração do aniversário de Fabio Porchat
N teve um sabor especial. O ator completou 39 anos em ce-
na, com direito a bolo, na estreia do stand-up Histórias do
Porchat, que marcou seu retorno aos palcos depois de cinco
anos. A temporada, sempre com sessões lotadas, foi sendo
prorrogada e chegou a quase cinco meses, levando mais de
66 000 pessoas ao Teatro Casa Grande, no Leblon. “O público
estava precisando rir, e rir junto. Em coletivo, a gargalhada é
diferente, daquelas que lavam a alma e contagiam”, diz o hu-
morista, naturalmente fazendo piada. “Assim, o boca a boca
acabou voltando. Até porque antes, com o uso da máscara,
is
isso ficava mais difícil.” Ele foi assistido (e elogiado) por es-
pectadores ilustres, como Fernanda Montenegro e Gilberto
ev
Gil. Todo o material era inédito e envolvia divertidos casos de
suas viagens, desde a ameaça de um gorila em Ruanda a uma
R
massagem “quase” erótica na Índia, passando pela hilária ex-
il
periência com um bolinho “batizado” em Amsterdã.
as
Br
16 Veja Rio dezembro, 2022
Curioso é que a produção da peça decidiu contabilizar o
número de risadas ao longo da apresentação — deu 280 por
pessoa, ou uma a cada catorze segundos. Aconteceu em mo-
mento propício. “Fomos soterrados por notícias ruins, o clima
no mundo estava pesado, por isso sabia que era a hora certa de
estrear algo novo”, afirma o ator e apresentador, um dos fun-
dadores do Porta dos Fundos, produtora de vídeos de humor
para a internet. À frente ainda do programa Que História É Es-
sa, Porchat?, um dos maiores sucessos do canal GNT, exibido
s
também na grade da TV Globo, ele levará o espetáculo em fe-
ta
vereiro para uma turnê europeia, rodando países como Portu-
gal, França e Inglaterra. Em março, estreia na capital paulista,
onde permanece em cartaz até o fim do ano. “Em 2022, voltei
ao meu lugar de origem e estou me sentindo engraçado nova-
mente”, comemora ele, que ingressou no primeiro grupo de
stand-up comedy do Brasil, o Comédia em Pé, em 2006. Al-
guém duvida de que virão muitos e muitos risos por aí?
DANELA DACORSO
 MÚSICA

ANITTA
Incansável, a cantora viveu o
melhor ano da carreira, acumulando
prêmios e conquistando de vez
o mercado internacional

“N ãosuamementeimporto se você gosta ou não, estou na

/ Você quer todas as versões de mim?”
Traduzido do inglês, o refrão de Versions of Me, que
batiza o álbum lançado por Anitta em abril, resume a
intensidade dos últimos meses. Foram muitas ver-
sões da poderosa, todas bem-sucedidas, no ano que
marcou o voo definitivo da garota de Honório Gurgel

s
para o topo das paradas internacionais. Em poucas
horas, o disco se tornou o primeiro de um artista bra- ta
is
sileiro alçado ao Top 50 no iTunes dos Estados Uni-
dos e, em outubro, cravou 1 bilhão de reproduções
ev

no Spotify, feito jamais alcançado por uma estrela do

pop brasileiro. Um mês depois, mais uma conquista
R

inédita: Anitta pôs no bolso o troféu de melhor artista

il

latina no American Music Awards 2022, uma das mais

as

célebres premiações globais da música. “Quero agra-

decer a mim mesma, trabalhei duro por isso”, gabou-
Br

se a cantora, em inglês impecável.

E teve mais. Quadris em movimento, bumbum pa-
ra cima, rosto colado ao chão. A desafiadora coreogra-
fia de Envolver, single de março que também escalou
ao primeiro lugar mundial das plataformas de strea-
ming, inundou as redes acompanhada da marcação
El Paso de Anitta. Foi ao som da música, aliás, que ela
rebolou à vontade entre dois políticos conservadores
em uma premiação espanhola. O vídeo, de pouco mais
de cinco segundos, rodou o mundo, evidenciando a
perícia da artista em viralizar. “Pareço confiante, mas
estou sempre preocupada com todos à minha volta.
Assim, jamais esqueço de onde vim”, declarou em en-
trevista ao cantor colombiano J Balvin. “Uso essa perso-
nagem invencível para promover as mudanças que
quero ver no planeta. Sou uma pessoa muito política”,
arrematou a cantora, que neste ano usou seus poten-
tes canais de comunicação (só no Instagram são mais
KEVIN MAZUR/GETTY IMAGES

de 63 milhões de seguidores) para anunciar que pre-

tende pendurar as chuteiras daqui a uns seis anos. Não
sem antes investir na carreira de atriz — em Hollywood,
evidentemente. Quem duvida de que vai dar certo?

Veja Rio dezembro, 2022 17

 ARTE

KEYNA ELEISON
A diretora artística do MAM Rio é responsável pela
sacudida na tradicional instituição, que se aproxima do
público ao propor discussões sobre diversidade e inclusão

filósofa e ativista americana Angela Davis costuma dizer:

A “Quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura da
sociedade se move com ela”. E vem sendo assim no caminho de
Keyna Eleison, 43 anos, que, na adolescência, chegou a pensar em
ser freira, mas desistiu ao descobrir que jamais poderia rezar uma
missa. Sua vocação era outra. Até alcançar o posto de diretora artís-
tica do MAM Rio, porém, ela percorreu uma trilha em que enfren-

s
tou o racismo encravado na sociedade e foi, bem aos poucos, culti-
vando a autoconfiança. “Eu não sabia que poderia ser curadora, ta
mas entendi, gradativamente, que na minha trajetória de educado-
is
ra e contadora de histórias já desempenhava tal papel”, afirma Key-
ev

na, que teve passagens à frente da Escola de Artes Visuais do Par-

ANA BRANCO/AGÊNCIA O GLOBO

que Lage (antes dela, a única mulher negra a ocupar um cargo de
R

direção havia sido Lélia Gonzalez, quatro décadas antes) e do Cas-

il

telinho do Flamengo. “Uma mulher negra ocupando um cargo im-

as

portante numa instituição tradicional não acaba com o racismo,

mas abre diálogos para combater o preconceito”, enfatiza.
Br

Em 2020, auge da pandemia, ela se juntou ao espanhol Pablo

Lafuente para concorrer ao cargo de direção artística na primeira
chamada pública da história do MAM Rio. A dobradinha sur-
preendeu ao desbancar uma centena de concorrentes. Ao lado
dele, Keyna é responsável por um sacolejo substancial no mu-
seu, que aboliu a cobrança de ingresso, integrou diversos
setores e vem questionando os chamados padrões euro-
cêntricos: Estado Bruto, de 2021, exposição-xodó de Key-
na, é um exemplo concreto disso. Definida como um
“jardim de esculturas”, a mostra reuniu 126 obras de
107 artistas — algumas jamais haviam sido exibidas.
Neste ano, a programação seguiu deslocando
olhares e propondo novas reflexões, como evi-
dencia a coletiva Atos de Revolta: Outros
Imaginários Sobre Independência, em
cartaz até fevereiro. “Estamos num país
em que museus pegam fogo e fecham as
portas por não conseguir pagar as con-
tas. Queremos construir uma instituição
que seja relevante para o público”, resu-
me Keyna, cujo trabalho, segundo ela,
está só começando.

18 Veja Rio dezembro, 2022

 INTERNET
CASIMIRO
Primeiro youtuber do mundo a transmitir os jogos da Copa, o jovem
comentarista esportivo ainda bateu o recorde de audiência da plataforma
P ela primeira vez, uma Copa do Mundo foi pen-
sada para o público digital, com uma linguagem
própria e personalidades pinçadas a dedo para
cumprir tal objetivo. É o caso de Casimiro Miguel, o
primeiro de todos os influenciadores digitais a ob-
ter da Fifa o direito de transmitir oficialmente os jo-
gos pelo seu canal no YouTube — aposta que deu
certo. Durante o segundo jogo da seleção brasilei-
ra, enquanto seu quase xará, o jogador Casemiro,
marcava o gol contra a Suíça, o streamer batia o re-
corde mundial da plataforma ao conquistar 4,9 mi-
is
lhões de espectadores simultâneos. E não demo-
rou muito para que ele superasse a própria marca,
ev
na disputa seguinte contra a Coreia do Sul, chegan-
do aos 5,2 milhões de usuários. Aos 29 anos, o nar-
R
rador começou a ganhar destaque ao comentar
il
com altas doses de humor, carisma e franqueza as
as
partidas de futebol — assunto predominante em
seus vídeos na internet. Vascaíno inveterado, afir-
Br
mou certa vez que o time “ainda
acabaria” com a sua vida,
quando perdeu o primei-
ro jogo que daria aces-
so à Série A.
TNT/DIVULGAÇÃO
Mas nem só de esportes vive o comunicador
digital, mais conhecido pelo primeiro nome — ou
simplesmente como Cazé. Em suas transmis-
sões, ele comenta de tudo um pouco: fala de
reality shows às mansões de famosos, sempre
com tiradas ácidas que passaram a integrar o
dicionário da web. Também não se esquiva de
temáticas sérias. Deu destaque para a tragédia
ocorrida em decorrência das chuvas na cidade
s
de Petrópolis, no início do ano, e foi comparti-
ta
lhado pelo prefeito Eduardo Paes. Tratava-se de
um vídeo em que endossava a recomendação
para que a população tomasse a dose de reforço
da vacina contra a Covid-19. Outro dia, o youtuber
chamou um professor de relações internacionais,
Tanguy Baghdadi, para explicar o intrincado con-
flito entre Rússia e Ucrânia. Ele só foge mesmo é
das entrevistas. “Não gosto do endeusamento
que criaram em torno de mim. Sou um cara nor-
mal, não sou mais do que ninguém”, dis-
se em um de seus vídeos, acompa-
nhados por seus mais de 17 mi-
lhões de seguidores espalhados
por todas as redes.
Veja Rio dezembro, 2022 19
 ENTRETENIMENTO

ROBERTA MEDINA
Apostando no entretenimento como uma potente ferramenta
de mobilização social, a vice-presidente do Rock in Rio
comandou a maior edição do festival em 2022

oberta Medina mal tinha aterrissado na casa dos 20 anos quando encarou
R o eletrizante desafio de pôr de pé, ao lado do pai, Roberto, e do irmão,
Rodolfo, o primeiro Rock in Rio como produtora. Ela relutou. “Para ser fran-
ca, eu não gostava nem um pouco do festival, porque cresci vendo seu lado
não glamoroso. Meu pai só conseguiu me convencer ao dizer que o objetivo
era usar os espetáculos para divulgar causas socioambientais”, revela. Em
2001, pouco se falava em sustentabilidade, e o Rock in Rio, na vanguarda,

s
se comprometeu a reciclar 80% do lixo e doar 2,8 milhões de reais a pro-
ta
jetos sociais. Duas décadas mais tarde, Roberta, hoje vice-presidente
is
do grandioso encontro de músicos de toda parte, ainda está eufórica
por ter acabado de realizar a maior edição de todos os tempos, uma
ev

DIVULGAÇÃO
trégua depois que o pior da pandemia havia passado e um respiro
no auge da polarização política, logo antes das eleições. “A mis-
R

são do entretenimento é levar alegria ao público, sobretudo em

il

momentos difíceis. O país está rachado, mas a gente conse-

as

guiu promover sete dias de festa”, comemora.

A crise pandêmica impôs desafios à gigantesca logística
Br

envolvida no festival. Houve escassez de certas matérias-pri-

mas, e os preços subiram. Roberta, então, precisou orques-
trar uma corrida contra o relógio na montagem das estrutu-
ras da Cidade do Rock. Deu certo. Entre as boas lembranças,
ela cita o show da banda britânica Coldplay. Debaixo de
chuva, 100 000 pessoas com suas pulseiras coloridas fo-
ram parte essencial da performance. Outro destaque fi-
cou com o palco Sunset, idealizado por ela em Lisboa,
em 2008, em uma frutífera parceria com o curador Zé
Ricardo. Neste ano, o descolado espaço contou com
apresentações icônicas de Gilberto Gil, Ludmilla e Gloria
Groove, disputando holofotes com a ribalta principal.
“Pela primeira vez, eu vi menos gente concentrada
em frente ao palco Mundo durante a tarde,
porque as pessoas aproveitaram as diver-
sas atrações. Nos esforçamos muito para
transformar o festival num grande parque
temático”, diz a executiva de 44 anos, que
já trabalha a pleno vapor para levar a São
Paulo o The Town, em setembro de 2023
— tudo, claro, erguido sob os bons pila-
res da sustentabilidade. Ela não para.

20 Veja Rio dezembro, 2022

 ESPORTE

GABIGOL
O ídolo da torcida rubro-negra liderou o
time na conquista do tri na Libertadores e
da Copa do Brasil, em uma das temporadas
mais vitoriosas da história do Flamengo

N os acréscimos de um primeiro tempo sem grandes

emoções no Estádio Monumental de Guayaquil, no
Equador, a bola encontrou os habilidosos pés de Gabriel
Barbosa. Era o detalhe que faltava para o gol que garan-
tiu ao Flamengo o tricampeonato da Copa Libertadores
da América, em uma campanha quase impecável, com

s
doze vitórias e um empate. Mais uma vez, Gabigol foi o
herói na conquista de tão almejado título — já havia mar- ta
is
cado, em 2019, os dois gols contra o River Plate que deci-
diram a final em Lima, no Peru, fazendo jus ao apelido.
ev

A temporada de 2023 lhe reserva, logo na largada, mais

uma conquista: ele vai herdar a camisa 10 depois da saí-
R

da de Diego Ribas, a mesma usada com toda a maestria

il

por Zico. Conta, inclusive, com todo o apoio e admiração

as

do ídolo: “O que ele vem fazendo dentro do campo é ca-

da vez mais honrar o manto sagrado, se dedicando com
Br

raça e luta”, elogiou Zico. “É uma honra grande demais

representar a Nação e vestir agora a camisa do nosso
Rei”, devolve o jogador.
Dias antes do tri, Gabigol fez o que sabe melhor: incen-
diou a torcida ao marcar o pênalti contra o Corinthians que
ajudou a levar para casa o troféu da Copa do Brasil, em
uma das temporadas mais vitoriosas do clube. “Foi um ano
intenso de conquistas, mas ser campeão no Maracanã é
sempre especial”, declara. Com isso, o maior artilheiro do
Flamengo no século XXI segue quebrando recordes e crava
seu nome no mais elevado panteão dos craques do time.
Revelado pelo Santos, o atacante de 26 anos, nascido em
uma comunidade pobre de São Bernardo do Campo, no
ABC Paulista, teve passagens um tanto apagadas pelo fute-
bol europeu até ser emprestado ao Flamengo, com o qual
assinou em definitivo em 2020 por 18 milhões de euros —
uma das aquisições mais caras da história do futebol brasi-
leiro. O próximo desafio é voltar a disputar o Mundial de
Clubes em 2023, em que o principal adversário será o Real
Madrid, e abocanhar o único título que não tem pela equi-
PEDRO MARTINS

pe rubro-negra. “Vamos brigar por essa taça”, promete.

A torcida agradece e aplaude.

Veja Rio dezembro, 2022 21

 representatividade
MAJU DE ARAÚJO
Entre um desfile e outro, a modelo com síndrome de Down atropela preconceitos
e conquista fãs ao compartilhar, com humor, o dia a dia nas redes
residente dos estados Unidos no início do século XX, theodo-
P re roosevelt costumava dizer que “a comparação rouba ale-
grias”. adriana araújo, mãe da modelo com síndrome de down
Maju de araújo, aprendeu na marra que comparar a filha de 20
anos com outras pessoas só a faria acumular frustrações.
a jovem, que hoje é embaixadora de marcas globais como L’Oréal
paris e Lancôme e desfilou esbanjando autoconfiança na semana
de Moda de Milão, só deu os primeiros passos aos 3 anos.
“eu queria muito que ela tivesse se formado na escola, porque via
outros adolescentes com síndrome de down conquistando um
is
diploma”, conta adriana. “Custei a entender que deveríamos in-
vestir nas habilidades da minha filha e respeitar o tempo dela.”
ev
a desenvoltura de Maju com as câmeras vem da infância,
R
quando ela usava guardanapos para criar mo-
delitos fashionistas nos retiros da igreja
il
que a família frequentava. em 2019,
as
aos 17, Maju ficou entre a vida e a
morte ao contrair uma meningite
Br
22 Veja Rio dezembro, 2022
bacteriana e, contrariando o prognóstico dos médicos, curou-
se. Quando a filha deixou a Uti, adriana decidiu que faria de
tudo para ajudar a impulsionar o sonho que ela tanto acalenta-
va, de ser modelo. Matriculou-a em um curso e tratou de dispa-
rar e-mails para todos os eventos de moda do Brasil pedindo
uma chance e contribuindo para pavimentar um debate até en-
tão incipiente sobre a diversidade nas passarelas. deu certo.
a estreia foi na Osasco Fashion Week, em que Maju precisou
s
trocar de roupa quarenta vezes, das 7h às 23h. ao fim da jor-
ta
nada, mãe e irmã estavam exaustas, enquanto a novata mo-
delo era só sorrisos. “Chorei muito naquele dia, de felicidade.
e fico ainda mais contente por saber que minha existência
abre portas para pessoas com deficiência”, diz ela, que, em
três anos de carreira, já trabalhou em portugal, inglaterra,
França e Catar. as viagens são registradas em divertidos ví-
deos que edita e posta no instagram. nos planos para
2023, estão uma temporada em nova York e um passeio
pela disney. tudo com humor e leveza.
instagraM @MajUdearaUjO
 EDUCAÇÃO

MARCO FISBHEN
O professor de física que criou o Descomplica,
hoje a maior plataforma de ensino on-line do país, bateu
neste ano a extraordinária marca de 300 000 alunos

pandemia impôs a professores e alunos um desafio como nunca

A antes: ensinar e aprender a distância. Foi nesse ambiente de inten-
sa sacudida que plataformas de educação on-line deram um salto iné-
dito — caso do Descomplica, hoje o maior do Brasil. Fundado há uma
década pelo professor de física Marco Fisbhen, 43 anos e egresso da
Tijuca, o negócio começou de forma caseira — ele gravava aulas em ví-
deo em casa e colocava na internet. A ideia surgiu de sua própria

s
trajetória de vida: aluno de escola pública, cursava engenharia
de produção e dava concorridas aulas em um cursinho pré- ta
is
vestibular caro, quando sentiu falta de uma solução mais
acessível. “Não é justo que você tenha de pagar tanto para
ev

entrar em uma faculdade pública”, diz. O desafio maior era

alcançar cada vez mais gente e produzir bom material — o
R

que ele conseguiu com sua edtech, atualmente com 4 mi-

il

lhões de inscritos no canal de YouTube e cerca de

as

300 000 alunos matriculados entre o curso preparatório

para o Enem e os braços de graduação e pós (lançados
Br

em 2020 com parte presencial). As mensalidades, a partir

de 20 reais, são coerentes com o lema impresso na parede
do escritório: “Aprender é pra todos”.
A plataforma, que já recebeu aportes de 117,5 milhões
ROGÉRIO ALBUQUERQUE/EDITORA GLOBO

de dólares de investidores como Softbank, Chan Zucker-

berg (fundo do Facebook) e do guitarrista The Edge, do
U2, alcança mais de 2 milhões de pessoas por mês com
aulas pré-gravadas e ao vivo, monitorias, simulados, fó-
runs, posts e download de e-books grátis — tudo embala-
do com linguagem dinâmica e interativa, constantemente
atualizada por redes sociais como TikTok. Eis um aperitivo:
no lugar da tradicional imagem de um vetor no quadro,
Marco e outro professor de história saltaram de para-
quedas com uma GoPro enquanto falavam sobre
peso e resistência em queda livre e sobre a brigada
paraquedista na II Guerra Mundial. Neste ano, o Des-
complica selou parcerias com grandes empresas co-
mo o Nubank, que financia uma iniciativa para treina-
mento de 10 000 mulheres na área de desenvolvimento.
“Quero bater 1 milhão de alunos simultaneamente e en-
tender o que mais posso fazer pela educação dos brasi-
leiros”, afirma. Palavra de mestre.

Veja Rio dezembro, 2022 23

 AÇÃO SOCIAL
RODRIGO AFONSO
O diretor-executivo da Ação da Cidadania arregaçou as mangas para dar
continuidade ao trabalho de Betinho na cruzada contra a fome na cidade
cozinha solidária aos pés do Morro da Providência chegou à
A marca de 1 000 refeições servidas diariamente a pessoas em
situação de vulnerabilidade. O cardápio é balanceado e nutriti-
vo, e já recebeu assinatura de chefs como Claude Troisgros. Por
lá também fica a maior horta comunitária da região, que abaste-
ce as quentinhas doadas a famílias da vizinhança e muitos mais.
As iniciativas se desenrolam na nova sede da Ação da Cidadania,
prestes a completar trinta anos de um notável trabalho de com-
bate à fome sob a direção-executiva de Rodrigo Afonso, o Kiko.
Segundo ele, ainda criança, foi “picado pelo bichinho do traba-
is
lho social”. Pudera. Seu pai, Carlos Afonso, ajudou a fundar, jun-
to com o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho (a quem conhe-
ev
ceu no período em que ambos se exilaram no Chile), o Instituto
Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, o Ibase. Era
R
1981, e estava plantada ali a semente da ONG que ele hoje
il
conduz, assim como a de várias outras. “Ganhei bastante
as
dinheiro no setor privado, mas não era feliz. Acompa-
nhando desde cedo essas lutas, sentia que precisava fa-
Br
zer mais”, lembra Kiko, que passou a infância no Canadá
e veio para o Rio aos 7 anos.
24 Veja Rio dezembro, 2022
Em 2014, quando o Brasil finalmente saiu do Mapa da Fome,
ele prestou uma consultoria para pensar novos rumos para a
Ação da Cidadania. Mas logo o cenário mudou, infelizmente,
retrocesso revelado em dados: quatro anos depois, o número
de brasileiros em insegurança alimentar grave havia dobrado.
Atualmente, só no Rio, o problema com contornos de drama
humanitário atinge 15% da população. “A fome foi agravada pe-
la pandemia e políticas públicas desarticuladas nos últimos
s
tempos”, pontua. É o que faz Kiko, aos 49 anos, trabalhar duro.
ta
Ele retomou o Natal Sem Fome, maior campanha de arrecada-
ção de alimentos da América Latina, e criou um braço pandêmi-
co chamado Brasil Sem Fome, que arrecadou 20 000 toneladas
de alimentos em 2021. Também vai atrás de empresas, apre-
sentando modelos de parceria e captando recursos, e
leva iniciativas da Ação Cidadania a cidades que en-
frentam desastres naturais, como aconteceu com Pe-
trópolis nas enchentes do início do ano. “O terceiro
setor está evoluindo, se profissionalizando e, apesar de
LEO LEMOS
toda a dificuldade, remamos no lado certo da maré”,
sentencia, embalado pelo otimismo.
 PATRIMÔNIO

ANA LUIZA PIZA

À frente do Instituto Carioca Cidade Criativa,
a administradora se inspira em bem-sucedidos modelos
no exterior para recuperar áreas públicas da cidade

O s urbanistas costumam dizer que mães de bebês, idosos e donos de cachorro

DAN COELHO

são os cidadãos que mais entendem das áreas públicas, justamente por anda-
rem a pé por aí. Durante uma pausa na carreira para se dedicar ao nascimento das
filhas, a administradora Ana Luiza Piza, 52 anos, entrou para o rol dos andarilhos
urbanos e levou um susto ao esbarrar com calçadas esburacadas e pracinhas coa-
lhadas de brinquedos caindo aos pedaços. O sentimento de frustração aumentava
quando ela viajava e comparava a situação do Rio com a de grandes capitais da

s
Europa e dos Estados Unidos. Ao fim da primeira gestão de Eduardo Paes, Ana
ta
Luiza resolveu então bater à porta da Secretaria Municipal de Conservação munida
is
de uma lista de melhorias que vislumbrava. E acabou chegando ao cargo de sub-
secretária de Relacionamento com o Cidadão. Eram tempos pré-olímpicos no
ev

Rio, e a administradora rodou os quatro cantos de uma cidade pulsante,

recuperando praças e calçadas. “Trabalhando na prefeitura tive cons-
R

ciência de que era uma falsa carioca, porque vivia no eixo Lagoa-Ipa-
il

nema. Também entendi que as mudanças acontecem mais rápido

as

quando há união entre os setores público e privado”, relata.

Em 2017, ela se uniu a Heitor Wegmann Jr., ex-subprefeito da
Br

Zona Sul, para fundar o Instituto Carioca Cidade Criativa

(ICCC), que se propõe a revitalizar espaços públicos. O mo-
delo é baseado em parcerias público-privadas, fórmula
que permitiu, por exemplo, a completa recuperação do
Central Park, em Nova York. Assim saíram do papel as
reformas do Parque da Catacumba, na Lagoa, incluin-
do o restauro das 32 esculturas ao ar livre, o portão
do Parque Guinle, em Laranjeiras, e, mais recente-
mente, a Praça General Osório, em Ipanema. Em
seis meses, a um custo de 1,3 milhão de reais, o
projeto deu vida nova ao chafariz das Saracuras,
de Mestre Valentim, além de um trato nas estrutu-
ras de lazer. “O carioca exalta a Fontana di Trevi, em
Roma, mas não valoriza o que tem aqui. Aos poucos,
vamos mudar essa percepção”, garante. E a missão está só
no princípio. Em 2023, um parque, um museu e uma praça
de diferentes bairros vão ganhar um belo banho de loja. “O de-
safio é convencer os empresários a devolver uma parte do que a
cidade lhes dá. Uma área revitalizada traz segurança e ótimos ventos
para o comércio local”, arremata a administradora, que aposentou o
salto alto para caminhar de tênis com uma pastinha debaixo do braço.
Um périplo que, como se vê, trouxe bons frutos. ƒ

Veja Rio dezembro, 2022 25

 VEM CHEGANDO O VERÃO
A praia, para onde os cariocas caminham em
bandos na agitada temporada de calor, está
repleta de novidades em terra e mar Luiza Maia

O trecho de areia em frente à Rua Teixeira de Melo, outrora conhe-

cido como Dunas de Gal, agora é Patrimônio Cultural de Nature-
za Imaterial do Rio. Era lá que a cantora, que morreu em novem-
bro, costumava se reunir com amigos nos anos 1970, em meio às
montanhas de areia que brotaram ali durante as obras de construção do
emissário submarino de Ipanema. Um novo ponto turístico para a cidade
que entra na estação de termômetros nas alturas, levando os cariocas às
ruas — e claro, às praias. De bons drinques a atividades esportivas, atra-

s
ções culturais e quiosques recém-abertos, as novidades por lá são um
convite a aproveitar esta maravilha de cenário como nunca antes. ta
is
DISCUTIR HORA DE ADERIR AO BEACH TENNIS
ev

FILOSOFIA O esporte se espalhou pelo Rio e ganhou popularidade entre os ca-

NA PRAIA riocas. “É só dar um passeio pelas praias para ver pessoas de todas
R

Nem só de mergulhos as idades jogando”, afirma a atleta Samantha Barijan, que abriu há
il

no mar e atividades pouco mais de um ano o Basa Beach Tennis (www.basabt.com.br),

as

esportivas vive quem hoje com 900 alunos e seis centros de treinamento de Ipanema à
frequenta a praia. O Barra. Em breve, novas redes chegarão ao Recreio e à Freguesia.
Br

quiosque Espaço A,
no Leme, recebe o ADRENALINA AO SABOR DO VENTO
DIVULGAÇÃO

projeto Filosofia na Outra modalidade esportiva que vem com tudo para o verão é o
MINHA ACADEMIA É NA AREIA Praia (@filosofiana- wing foil, praticado com uma prancha de foil, de quilha comprida e
De 15 de janeiro a 13 de março, a Praia de praia), que acontece fina e asa inflável no formato de asa-delta, direcionável com as mãos.
Ipanema vai receber a Rio Academia quinzenalmente com Com a ação do vento, o praticante pode se sentir como se estivesse
Amstel, com atividades gratuitas no entrada gratuita, reu- voando pelo mar. Na escola náutica CL Vela (☎ 99365-1669), na Ma-
Posto 10 — de equipamentos de muscu- nindo interessados rina da Glória, as aulas são individuais e duram uma hora.
lação a aulas de ioga, crossfit, dança, em discutir e refletir
meditação, alongamento, slackline e alti- sobre questões exis- HOJE É DIA DE SKA, BEBÊ
nha. Nos fins de tarde, de sexta a domin- tenciais. As aulas são Uma vez ao mês, o Alalaô Kiosk, no Arpoador, recebe uma roda
go, rola outra novidade: atrações musi- transmitidas ao vivo que não é de samba. No lugar de cuícas e tamborins, instrumentos
cais e ações de bem-estar. As inscrições no perfil no Facebook como cajón, tuba e trombone produzem o ritmo que mistura ele-
devem ser feitas pelo aplicativo Mude. e no YouTube. mentos das músicas caribenha, jamaicana e outros estilos. Até o
vocalista do Coldplay, Chris Martin, quando veio se apresentar no
PIZZA E SAMBA À BEIRA-MAR Rock in Rio, foi ver — e ouvir — de perto. “Já estamos planejando o
Com os fornos ligados desde agosto, o Barthô Pizza (@bartho_ ‘Skarnaval’, nos dias que antecedem a folia”, adianta o músico Léo
praia) une duas paixões dos cariocas, numa extensão do Barthô Villa Verde. Programe-se pelo perfil @rodadeska, no Instagram.
Praia, também em São Conrado. A primeira pizzaria butique à beira-
LUDMILA FIGUEIREDO

mar traz cardápio de petiscos, massas, sobremesas e, claro, as re-

dondas como carro-chefe, servidas a partir das 18h. Às sextas, uma
animada roda de samba arremata o programa.

26 Veja Rio dezembro 2022

 REMAR NO PÔR DO SOL
esta é uma das prazerosas experi-
ências que os alunos do clube de
canoa polinésia Vagalume Va’a
(☎ 98272-0447) podem vivenciar.
as saídas ocorrem às terças e quin-
tas, das 16h30 às 18h30, e também
atraem remadores de outras esco-
las. Para realizar apenas um pas-
seio, o clube oferece saídas avulsas
de duas horas na Baía de guana-
bara pela va’a Tour (☎ 98539-
8691), passando por pontos como
o Pão de açúcar e a Fortaleza de
São João. “e caso a pessoa queira
começar a praticar, damos aulas
experimentais”, acrescenta letícia
lana, dona do clube junto a sua

divulgação
companheira giselle leal.
ta
is
DJS E COMIDINHAS EM SÃO CONRADO COMEÇAR O DIA FAZENDO IOGA
ev

Nos fins de semana de sol, as Até julho de 2023, o projeto Mude com a Yoga (@instadamude)
tardes na Praia do Pepino, em promove aulas gratuitas em pontos da orla do Leme, Arpoador, São
R

São Conrado, são embaladas Conrado e Barra. Quinze professores conduzem as atividades matu-
il

pela trilha musical do So.Ga tinas apoiadas em duas vertentes: a hatha e a vinyasa yoga. Para
as

Sunset (@soga_beach). Debai- participar, é necessário baixar o aplicativo Mude, fazer o cadastro e
xo de uma tenda de tecidos, reservar dia e horário com antecedência.
Br

numa combinação exótica de

estampas e cores, DJs marcam
presença e atraem a turma jo-
vem que adotou o espaço co-
mo ponto de encontro, regado
a açaí, sucos, smoothies, brus-
divulgação

chettas e cerveja gelada.

SURFAR COM UM CAMPEÃO
A casa do bicampeão mundial
Carlos Burle, o Burle Experience
(@burleexperience), na Barra,
promove ações voltadas à susten-
tabilidade e oferece cardápio de
divulgação

comidinhas saudáveis, além de

modalidades como stand up, ca- PEDALAR COM A VISTA DO MAR
noa havaiana, beach tennis, fute- Primeiro estúdio de spinning ao ar livre do Brasil, o Beach Cycle
vôlei, ioga e kitesurf para distintas tem despertado a atenção de cariocas que querem movimentar
idades. Em janeiro, a novidade o corpo ao ar livre e com a bela vista da Praia de Ipanema. Neste
será a colônia de férias para crian- verão, a iniciativa traz também atividades na Praia da Barra e aulas
ças de 8 a 14 anos, com a partici- gratuitas em parceria com a Mude. Agendamento no site www.
ari Kaye

pação do ídolo das ondas. beachcycle.com.br.

Veja Rio dezembro 2022 27


ISTOCK/GETTY IMAGES
DESCOBRIR NOVOS
POINTS NA ORLA
Até o fim de 2022, uma série de
novos quiosques aportam no
is
calçadão: do Outbêco, inspirado
na famosa rede de temática aus-
ev
traliana, que chega à Barra, pró-
ximo ao posto 8, ao Quiosque
R
do Cristo, com direito a réplica
il
da estátua na altura do Posto 11
as
do Recreio. E a lista não para por
aí. Enchendo Linguiça e Dumar
Br
inauguram em Copacabana, e o
Exquina da Praia, no Recreio.
Mais uma novidade da estação,
o Beach Club Sel D’Ipanema fica
DIVULGAÇÃO
defronte ao hotel da Rede Accor
UM POUCO DE IOGA, que funciona no Posto 9.
UM POUCO DE PASTEL
Desde o início do ano, na orla CURTINDO O SOM DO REGGAE
do Leme, o Ginga (@ginga.rio) Além das apresentações de jazz às sextas, o La Carioca (@lacarioca-
está cheio de novidades: cevicheria), especializado na culinária peruana, passou a contar às
diferentes atrações musi- quintas com uma programação voltada ao reggae. Batizado de Quin-
cais passaram a embalar as ta Jah, o evento no Leblon tem a participação do cantor e DJ Marce-
noites no quiosque, a carta linho da Lua. Oferece ainda aulas de ioga com café da manhã aos
de drinques ganhou novos sábados e roda de samba e capoeira no calçadão aos domingos.
coquetéis do mixologista
MATHEUS RAMOS
Thiago de Teixeira para
acompanhar acepipes co-
mo o pastel de polvo com
paio (R$ 18,90) e, aos sába-
dos, há um momento mais
zen, com os aulões de ioga
pela manhã.
28 Veja Rio dezembro 2022
BARCO NA PALMA DA MÃO
Presente em mais de trinta cida-
des e catorze estados do país, o
Fleetss é um aplicativo que co-
necta quem quer oferecer e alugar
barcos. No Rio, a plataforma digi-
tal já conta com 376 embarcações
e 2 233 usuários cadastrados.
O serviço permite que o usuário
avalie os locatários e faça reserva
das embarcações com seguro de
acidentes pessoais já incluso. Bas-
ta baixar o app gratuitamente pe-
los sistemas iOS e Android.
COM O PÉ NA BOLA
Três vezes campeã mundial
s
de futevôlei e dona de seis
ta
títulos no campeonato brasi-
leiro, Natalia Guitler (@na-
taliaguitler) abriu na Praia da
Barra, na altura do Posto 6, o
centro de treinamento que
leva seu nome. “Minha me-
todologia mistura tudo que
aprendi ao longo desses
anos”, diz a atleta. As aulas
acontecem diariamente,
sempre de manhã. Detalhe:
mesmo quem nunca tocou
numa bola pode aprender a
LEO LEMOS
dar os primeiros voleios.
NAVEGAR PELA
HISTÓRIA DA BAÍA
Opção de bom custo-benefício, o
passeio realizado pela Marinha
do Brasil começa no espaço cul-
tural no Porto, onde o visitante
pode ver atrações como o Sub-
marino-Museu Riachuelo. A em-
barcação passa por pontos histó-
ricos do Rio e de Niterói. Com
duração de 1h30, a viagem é con-
duzida por um guia que compar-
tilha curiosidades sobre cada lo-
cal. A partir de R$ 21,00 no www.
ingressocomdesconto.com.br.
Br
as
il
R
ev
is
ta
s

No centro da disputa
Dois grandes grupos elaboram propostas para ocupar o Jardim de Alah, que será
Br
todo reformado para abrigar shows, exposições e restaurantes Paula Autran
rojetado em estilo art déco pe-
P lo urbanista francês Alfred
Agache e batizado com o título
de um filme americano com
ares orientais estrelado por Marlene
Dietrich, o Jardim de Alah é difícil
de explicar mesmo para cariocas da
gema. No coração da Zona Sul, en-
tre Ipanema e Leblon, é como uma
grande alameda que ladeia um canal
navegável ligando a Lagoa Rodrigo
de Freitas à praia. Mas, desde 1938,
quando foi inaugurado com seus de-
ques, caramanchões românticos e
bancos, o parque nunca teve prota-
gonismo no dia a dia da cidade nem
recebeu especial atenção de seus
administradores. Pois a região que
engloba as praças Almirante Salda-
nha da Gama (próximo à praia, en-
30 Veja Rio dezembro 2022
s
ta
is
ev
R
il
as
tre as avenidas Prudente de Morais,
Ataulfo de Paiva e a Rua Visconde
de Pirajá) e Grécia (perto da Lagoa)
agora é alvo de uma disputa de vizi-
nhos empreendedores que preten-
dem fazer o local ganhar vida.
Estimulada pelo empresário (e
ipanemense) Alexandre Accioly, do-
no da rede de academias Bodytech e
um dos sócios da casa de shows
Qualistage, a prefeitura do Rio ini-
ciou em julho a avaliação dos estu-
dos para a concessão do uso do Jar-
dim de Alah por 35 anos. “O prefeito
Eduardo Paes sempre teve a ideia de
fazer algo ali. E fomos provocados
por Accioly, que formalizou sua pro-
posta para a região”, conta o secre-
tário municipal de Coordenação
Governamental, Jorge Arraes. Não
Área nobre: são
7 000 metros
quadrados na
divisa entre Lagoa,
Leblon e Ipanema
demorou, e logo chegou outra pro-
posta, desta vez do investidor Gus-
tavo Agostini, morador das redon-
dezas e presidente do grupo Magus,
que atua no desenvolvimento de
shopping centers. Os dois projetos
serviram de base para a nortear a
licitação, a ser lançada em janeiro,
que prevê que o vencedor deverá
ampliar a área do parque, transfor-
mar os estacionamentos atuais em
subterrâneos (com 200 vagas) e dar
novos usos ao jardim, com a instala-
ção de lojas e restaurantes, além da
promoção de eventos e exposições.
Tudo isso mantendo o lugar como
um parque público, com ainda mais
áreas verdes.
Quem vencer o certame assumi-
rá os custos da revitalização, esti-
 mado em 100 milhões de reais. Em Registro histórico:
contrapartida, poderá explorar a alameda em estilo
art déco ganhou
áreas delimitadas nos 7 000 metros vida em 1938
quadrados para a oferta de serviços
privados. A estimativa é de que os
resultados apareçam cerca de 180
dias a partir da assinatura do con-
trato. A manifestação de interesse
privado em área pública (MIP) —
procedimento comum na imple-
mentação de parcerias público-pri-
vadas como esta — que deu origem
ao processo reúne quatro empresas
lideradas pela Accioly Participações
e tem como base um projeto que en-
volveu nomes como os arquitetos
REPRODUÇÃO

Miguel Pinto Guimarães e Sérgio

Caldas, o empresário de Roberto

s
MARCOS DE PAULA

Carlos, Dody Sirena, e o engenheiro

especialista em meio ambiente Car-
los Favoreto. “Dez cabeças começa-
ram a pensar, todas cariocas. Esta-
ta
terização do lugar. “Todo mundo foi anunciada. “Nosso esforço é pa-
concorda que o jardim não pode ra revitalizá-lo como um jardim bo-
is
ficar assim, mas a prefeitura só fala tânico, cheio de brinquedos”, expli-
ev

mos há dois anos debruçados nisso, em extremos: ou o total abandono ca Karin. O município decidiu que
para seduzir as autoridades”, relata ou a total descaracterização do lo- na modelagem da concessão vai
R

Accioly, sem adiantar detalhes. cal. Tem de haver um meio-termo”, unir propostas das duas MIPs já re-
il

A concorrência também não diz Karin Morton, presidente da cebidas — e incorporar contribui-
as

abre o jogo. Em nota, a Magus, do Associação de Moradores e Defen- ções enviadas durante consulta pú-
investidor Gustavo Agostini, infor- sores do Jardim de Alah. blica. “Foram mais de trinta, que
Br

ma que fez estudo preliminar com o Criada recentemente partiram tanto de moradores iso-
escritório belga de urbanismo para viabilizar a proposta lados quanto de associações, co-
BUUR, da multinacional Sweco, de adoção do hoje desbo- mo a da Cruzada São Sebastião,
“para tentar contribuir com exce- tado cartão-postal que foi e de empresas e funcionários pú-
lência para a viabilidade do espaço apresentada ao prefeito blicos, entre eles os da Comlurb
que está entre os mais nobres do Eduardo Paes em agosto, e da Secretaria de Meio Ambien-
Rio”. Novos interessados em parti- a associação chegou a or- te”, lista Arraes, prometen-
cipar da disputa ainda podem surgir ganizar um abraço em do fazer reuniões com
a fim de ocupar a região, que inco- torno do parque que todas as partes para
moda e mobiliza muita gente pelo juntou cerca de azeitar o projeto an-
flagrante abandono. Mas tanto mis- 400 pessoas, jus- tes de bater o mar-
tério e expectativa andam deixando tamente quando telo. “É evidente
vizinhos e frequentadores do par- a i n t e n ç ão de que a gente quer
que — boa parte donos de animais concedê-lo à ini- ganhar, mas o
que passeiam por aquelas bandas ciativa privada mais importante é
— apreensivos. Entre as maiores que vença o me-
preocupações estão o impacto que O empresário lhor projeto para
as mudanças podem trazer ao trân- Alexandre o bem da cida-
sito e o potencial de barulho vindo Accioly: projeto de”, torce Accio-
de áreas futuramente reservadas começou a ser ly. A sorte está
para shows e eventos pagos. Fala-se desenhado lançada. E o Rio
há dois anos
também em uma possível descarac- só tem a ganhar. ƒ
LEO LEMOS

Veja Rio dezembro 2022 31

A MAGIA DOS COGUMELOS
Encontrada em alguns fungos e alvo de pesquisas científicas,
a psilocibina vem sendo usada em tratamentos psiquiátricos
e para fins recreativos na noite carioca Renata Magalhães
ançada em julho deste ano pe- eficácia para males como distúrbios

L la Netflix, a série Como Mudar

Sua Mente, inspirada no best-
seller do jornalista americano
Michael Pollan, conta em quatro
episódios a história do renascimento
das pesquisas sobre o uso medicinal
de psicodélicos como o LSD e o
alimentares, pós-traumáticos, ansie-
dade, transtorno obsessivo-compul-
sivo e até mesmo dependência quí-
mica. No fim de agosto, cientistas da
Universidade de Nova York compro-
varam que apenas duas doses da
substância — combinadas com psi-

s
MDMA, depois de anos no limbo da coterapia — levaram à redução de
ciência. Outra droga em destaque ta
83% na ingestão excessiva de álcool
is
trazida à cena é a menos conhecida entre os participantes. “O tema ain-

ISTOCK/GETTY IMAGES
Versão desidratada:
(ao menos por esse nome) psilocibi- da é tabu no país, que costuma frear
ev

fácil de encontrar
na: encontrada em 116 espécies de o curso de pautas consideradas pro- em sites de vendas
cogumelo, ela já teve seus dias de gressistas, mesmo diante de conjun-
R

glória na década paz-e-amor de 60, tos robustos de evidências”, afirma

il

quando era vastamente consumida o pesquisador Stevens Rehen, auto- cos, uma vez que a prescrição é proi-
as

na forma de chá nas comunidades ridade nos estudos sobre os efeitos bida no Brasil. Alguns psiquiatras do
hippies. Pois os fungos que carre- de psicodélicos e canabinoides Rio, porém, já acompanham pacien-
Br

gam a substância, chamados hoje de
cogumelos mágicos, voltaram a ga-
nhar popularidade. Vendidos em
cápsulas ou desidratados, com fácil
acesso (apesar das restrições impos-
tas pela Anvisa) em sites de vendas,
eles passaram a ser procurados por
cariocas que buscam amenizar sin-
tomas de doenças psiquiátricas e/ou
usufruir seus efeitos psicodélicos.
“Com essa droga, recreação e tera-
pia podem andar juntas”, diz a neu-
rocientista Luiza Mugnol-Ugarte.
Durante um período difícil de
sua vida, em 2015, a neurocientista
vislumbrou, após a leitura de artigos
acadêmicos, a possibilidade de tra-
tar um quadro depressivo com a aju-
da de psicodélicos. “Os impactos
foram muito positivos”, conta. No
caso da psilocibina, são diversos os
estudos sérios que demonstram sua
(compostos extraídos da planta da
maconha) no cérebro humano.
Dentro dos laboratórios do Insti-
tuto D’Or de Pesquisa e Ensino, em
Botafogo, e na Universidade Federal
do Rio de Janeiro, as descobertas de
Rehen ajudam a ir desmistificando
tais substâncias à luz da ciência.
Atualmente, ele conduz uma investi-
gação com o objetivo de identificar
os genes e proteínas alterados não só
pela psilocibina, mas também pelo
DMT (ingrediente do chá psicoativo
ayahuasca) e pelo LSD (droga sinté-
tica criada em laboratório) — e suas
reações no corpo humano. “Os psi-
codélicos são uma classe de molécu-
las parecidas com a serotonina, ati-
vando os mesmos receptores e de-
sencadeando estados alterados de
consciência”, explica. O tema é rece-
bido com reserva nos meios médi-
tes (e isso é permitido) que optaram
pela microdosagem — o consumo de
quantidades bem baixas que não
causam efeito alucinógeno, como fez
o produtor cultural Maurício Spinel-
li, 45 anos. “Melhorou meu sono,
minha disposição e meu humor”, diz
ele, que, depois da pandemia, optou
por novos caminhos para tratar um
antigo quadro de depressão e asso-
ciou os cogumelos ao canabidiol.
Em meio a startups e empresas
globais de tecnologia do Vale do Si-
lício, o efervescente naco da Cali-
fórnia onde a venda e o consumo
dos psicodélicos são liberados, eles
atraem por seu potencial de fazer
aumentar a criatividade e a produ-
tividade, de acordo com recentes
pesquisas. Seu uso, no entanto, po-
de acabar representando certos pe-
rigos. “Existem riscos graves na in-

32 Veja Rio dezembro 2022

 quisas científicas sobre seus poten-
ciais benefícios à saúde. “A conse-
quência foi um atraso estimado em
meio século nos estudos”, estima
Stevens Rehen. Mas a roda girou, e
os especialistas voltaram a se de-
bruçar sobre o tema. No Brasil, ain-
da é proibido produzir, distribuir e
comercializar substâncias desse ti-
po, embora as plantas e os fungos
alucinógenos vendidos on-line se
encontrem em uma situação curio-
sa: não constam na lista de proibi-
ções da Anvisa, mas a psilocibina
contida nelas sim, é vetada. A exce-
ção à regra, segundo a agência re-
guladora, é o uso para fins “etnobo-
tânicos” (para estudo) ou religiosos

s
(como é tradição desde os tempos
ta dos incas) — algo que os sites ad-
is
vertem, sem, porém, deixar de ven-
der qualquer que seja a situação.
ev

Nos últimos tempos, o clamor

de uma ala de cientistas parece es-
R

tar conduzindo a discussão a outro

il

teração dessas drogas Pesquisas em patamar. “Estamos cada vez mais

as

com outras substâncias, curso: Stevens próximos de uma regulamentação,

como os remédios tarja Rehen estuda e o nosso argumento é que traba-
Br

os efeitos da
preta, por exemplo, e substância no lhamos em prol da saúde pública”,
também para quem pos- Instituto D’Or diz Emílio Figueiredo, fundador da
sui algum problema car- e na UFRJ Rede Jurídica pela Reforma da Po-
díaco, hepático ou tenha lítica de Drogas (que também se
histórico pessoal ou fa- mexeu a favor da legalização do
miliar de psicose”, alerta canabidiol) e advoga-
a psiquiatra carioca De- do de uma fazenda
bora Tavares. Pelas mes- produtora dos cogu-
mas razões, também ins- melos psicoativos no
PAULO MARRUCHO

pira cautela seu uso re- interior do Rio. Em

creativo, hoje em expan- maio, a Anvisa deu
são. “Gosto de tomar em autorização para o tes-
ocasiões especiais, que es- O produtor te dos “cogumelos má-
Maurício
timulem o desenvolvimento dos Spinelli: a gicos” no desenvolvi-
meus sentidos. Dá uma sensação de microdosagem mento do primeiro me-
bem-estar e liberdade, sem a rebor- ajudou no dicamento brasileiro à
dosa de outros entorpecentes”, re- tratamento da base de psilocibina. E
lata um advogado de 44 anos. depressão assim, com todos os cui-
Na década de 70, a cruzada con- dados que a discussão
tra as drogas encabeçada pelo en- requer, ela vai deixando
DIVULGAÇÃO

tão presidente dos Estados Unidos, o rol dos assuntos impro-

Richard Nixon, desacelerou as pes- nunciáveis. ƒ

Veja Rio dezembro 2022 33

LUZ, CÂMERA E
MUITA AÇÃO
Uma turma que busca trégua do mundo
hiperconectado troca as fotos de celular
pelo hobby de ir atrás de boas imagens
com aparelhos retrô Marcela Capobianco

Í
cone da pop art americana, Andy Warhol
(1928-1987) disse, certa vez, que “a ideia de

s
esperar por algo o torna mais excitante”. Nu-
ma era pré-redes sociais, o já alardeado con- ta
ceito de sociedade do espetáculo não havia se-
is
quer tido uma provinha do imediatismo dos stories
ev

do Instagram e dos vídeos-relâmpago do TikTok.

Curioso notar que, justamente em meio a esse frené-
R

tico universo, uma turma vem navegando em direção

il

oposta e deixando, por uns instantes que seja, o celular

as

de lado. Não estranhe se esbarrar em uma dessas mo-

derninhas pistas de dança da noite carioca com alguém
Br

com uma câmera analógica ou com uma Sony Cyber-

ARQUIVO PESSOAL

shot a tiracolo — modelo digital de estrondoso sucesso

do início dos anos 2000. Consideradas obsoletas por
muita gente, essas maquininhas do tempo estão de vol-
ta na maré de itens guindados do baú sob o impulso de
um sentimento de nostalgia que teve origem na pande-
mia. “O celular virou uma extensão da mão, e a gente
passou a registrar tudo o tempo todo. Com minha câ-
mera digital, eu paro, respiro e escolho um momento
especial para clicar”, diz a criadora de conteúdo
Amanda Britto, 36 anos, que resgatou o aparelho retrô
das profundezas do armário e faz questão de carregá-
lo na bolsa para onde vai.
A onda nostálgica fez sobretudo os millennials, a
geração nascida entre os anos 80 e 90, buscarem con-
forto na memória da adolescência. As calças de cintura
baixa e a hashtag Y2K (“year 2000” ou “ano 2000”,
em português), que pipoca ao milhões pelas redes, são
um indício disso. A ala ainda mais jovem, que não co-
nheceu um mundo sem internet nem sem conexão,
superados pelas câmeras profissionais de última gera-
ção e até pelos smartphones. Pois a bossa agora é exa-
tamente a imprevisibilidade no processo de fotografar.
A produtora cultural e fotógrafa Bárbara Rosalinski,
33 anos, é uma das que agitam a bandeira analógica,
fincando o pé para convencer os clientes a optar pela
linguagem, digamos, artesanal. “Muitas pessoas têm
medo de confiar no filme, como se um cartão de me-
mória não pudesse dar problema e deixar o profissio-
nal na mão”, observa. “É um exercício de paciência
aceitar o tempo das coisas. Não tenho total controle
sobre o que vai ser revelado e é uma delícia descobrir
as surpresas que o filme traz”, relata.
Vez ou outra, a atriz Bruna Marquezine, 27 anos e em
fase hollywoodiana, publica em suas redes algum regis-
tro feito com uma câmera antiguinha. Ela é uma entre
REPRODUÇÃO

também é afeita às fotos tremidas e com flash estoura- várias celebridades. “Todo mundo está à procura de
do. Tais defeitos da captação digital foram há muito uma identidade própria e, como é difícil inovar o tempo

34 Veja Rio dezembro 2022

 ES
Y IMAG
/GET T
todo, a nostalgia surge como um caminho possível para

ISTOCK
impactar novos públicos e, claro, vender”, explica a pro-
fessora de pesquisa de mercado da ESPM Rio Karine
Karam. “É interessante ver como os elementos que
marcam uma conexão com o passado vão ga-
nhando força através dos influenciadores digi-

SSOAL
tais em um mundo hiperconectado”, arremata.

ARQUIVO PE
Quem quiser investir no hobby que prepare o
bolso: os preços das câmeras digitais que reme-
tem aos saudosos anos 2000 partem de 1 000
reais na internet. Já as pessoas que pretendem
explorar o terreno da fotografia analógica de-
vem, antes de tudo, saber que um bom filme de
36 poses não sai por menos de 100 reais. Além
disso, a busca por bons estúdios de revelação,
Bandeira analógica:
Bárbara Rosalinski quase escassos, exige empenho.
gosta das surpresas O alemão Rudolf Arnheim (1904-2007), por
que o filme traz Celular de lado: décadas professor de psicologia da arte em Har-

s
ao ser revelado Amanda Britto usa vard, dizia que a fotografia consiste no fato de que
uma câmera digital ta
“algo real deixa rastros em uma mídia de arquiva-
mento”. Não importa se o equipamento é analógico
is
dos anos 2000
para fotografar ou digital. Diante das altas definições de imagens
ev

oferecidas pelos ultramodernos celulares, repletos de

filtros, regressar ao passado promove um respiro. Pa-
R

ra o fotógrafo Lucas Bori, 44 anos, figurinha assídua

il

nos blocos de Carnaval, a quantidade de megapixels

as

numa imagem não importa, desde que ela traduza a

intensidade do momento. “Há doze anos comprei uma
Br

Canon G11 que já era ultrapassada. Eu precisava de um

modelo básico, leve, que me permitisse entrar no meio
dos foliões sem parecer invasivo”, conta Bori. “Com essa
câmera, que sobrevive a chuva, cerveja e purpurina,
acabei desenvolvendo uma série sobre a folia
com um olhar muito particular. É minha fiel
escudeira.” Ele lembra que, quando começou a
clicar as noitadas cariocas, era um dos únicos
a portar uma máquina digital estilo “point &
shoot” (modelo compacto que não permite tro-
ca de lente). Hoje, muita gente empunha câme-
ras parecidas. “Um vazamento de luz numa foto
custava um emprego antigamente. Agora, é um
charme. O que era intolerável se transformou em
expressão artística”, avalia Bori. “Encostar o olho
na câmera permite uma outra dimensão a quem
está fotografando. A gente passa a enxergar o
mundo através da lente, algo que um celular, mes-
mo se valendo da tecnologia mais apurada, nunca
A atriz Bruna
Marquezine: vai proporcionar”, enfatiza Bárbara Rosalinski. E,
uma das várias desconectada das redes, essa turma se conecta ao
celebridades mundo ao vivo e em cores. ƒ
que aderiram

Veja Rio dezembro 2022 35

 DECORE
Renata Magalhães

3 FEZ-SE A LUZ
“Claraboias, aber-
turas zenitais (feitas na
ISTOCK/GETTY IMAGES

cobertura da constru-
ção) e grandes janelas
que valorizam a luz natu-
ral estão em alta.”

4 ARTE POR

E+/GETTY IMAGES
TODA PARTE
Apostas para 2023 “Intervenções nas pare-
des e objetos em posição
É inegável quanto a pandemia mudou a relação da humanidade com o lugar em que de destaque resgatam a
habita e norteou escolhas dentro de casa. A busca por cada vez mais conforto segue tradição modernista de
firme como tendência para o próximo ano, junto com algumas novidades desta- aliar arquitetura a arte.”
cadas por João Panaggio, de 27 anos, nome que desponta no meio da arquitetura e o
profissional mais jovem a participar do CASACOR. Fique por dentro.
5 APOSTA NO
INUSITADO
1 COM A CARA DO DONO
“Plantas mais livres, onde os 2 QUANTO MAIS NATURAL, MELHOR
is
cômodos podem mudar de função, ganham relevância, com foco na brasilidade.
ta
s
“Texturas relacionadas à natureza
“Móveis lúdicos,
desconstruídos
e com design

ISTOCK/GETTY IMAGES
têm sido mais frequentes, no lugar Madeiras quentes, como o cumaru e o pau- ousado serão
ev

de layouts muito engessados.” -ferro, valem ser consideradas.” protagonistas.”

R

Aquarela do Brasil
il

JEITINHO CARIOCA
as

Há poucas semanas, durante uma visita ao CCBB, Ma-

Uma paleta neutra que per- rieta Severo amealhou uma rara escultura do artista
Br

corre do branco ao bege, pas- mineiro Antônio Julião para sua coleção de arte popu-
sando pelo cinza e preto, lar. A atriz se encantou pela peça na loja Mão Brasilei-
pontuados por tons de terra- ra, recém-aberta no museu do Centro e que também
cota e verde em sutil referên- funciona como galeria. “O acervo conta com mais de
cia ao meio ambiente. Já os 6 000 itens sob uma curadoria pautada na originalida-
móveis escolhidos, muitos de, que valoriza a nossa cultura e reflete o pulsar do
com detalhes em madeira Brasil”, explica o pesquisador Luiz Fernando Pontes, à
clarinha, revelam tanto linhas frente também de um ponto no centro cultural de
retas como formas orgânicas, Brasília. Assim, tornam-se acessíveis ao
também inspiradas na natu- público trabalhos feitos por associa- MÃO BRASILEIRA/DIVULGAÇÃO
reza, tendência tão em voga. ções, coletivos indígenas e quilombolas
Esse foi o resultado da missão de várias regiões. De peças de design
ANDRÉ NAZARETH

dada a onze escritórios de ar- contemporâneo a joias, passando

quitetura e decoração que
participam da mostra Viver o
Rio, promovida pela loja ca-
rioca Vivence. “Todos os profissionais
adotaram uma linguagem estética
atemporal, livre de excessos, inspirada
no lifestyle carioca”, pontua o empre-
sário Murilo Marreco, que celebra os
vinte anos da marca no CasaShopping.
por acessórios e livros, a maior parte
dos produtos é única e exclusiva —
como as xilogravuras de Gilvan Sa-
Em cartaz até 19 de janeiro, na Barra, a mico, que podem chegar a
exibição é gratuita e revela ambientes 28 000 reais. Dona Izabel, Ma-
residenciais que vão desde uma cozi- nuel Eudócio (foto) e Mestre
nha gourmet funcional assinada por Vitalino são outros artistas re-
Paulo Valente até a confortável sala nomados em exposição.
de Carol Diez (na foto).

36 Veja Rio dezembro 2022

Br
as
il
R
ev
is
ta
s
 A aposta natalina
da Kopenhagen:
Língua de Gato e
chocolate branco
(R$ 129,90)

s
ta
is
ev

Eu só quero chocolate
R
il
as

Secular tradição à mesa natalina, o panetone adere de vez às versões

Br

achocolatadas, à base de matéria-prima da mais alta qualidade Pedro Landim

m tal padeiro italiano chamado Toni provavel- o nariz. Já os incontáveis apreciadores da sublime

U mente não tem nada a ver com a trama, mas é

divertida mesmo assim a lenda segundo a qual
ele teria, numa bela noite de Natal em que ha-
via queimado a sobremesa, improvisado a iguaria na
corte de Ludovico, o Mouro: nascia então o “pão de
Toni”. Como ocorre com tantas guloseimas de apre-
ciação global, essa não é a única, mas apenas uma das
teorias do diverso rol de enredos por trás da criação
do hoje tão tradicional panetone. Sabe-se que é um
costume medieval natalino a presença de pães ricos e
enfeitados à mesa, mas a receita de fermentação na-
tural e massa aerada só seria mencionada pela pri-
meira vez em manuscrito de 1470, em Milão, região
onde surgiu. Fato é que as frutas cristalizadas esta-
vam na fórmula desde os primórdios, mas, aos pou-
cos, foram cedendo espaço a outros recheios — até
que, no presente evento natalino, cedeu o protagonis-
mo ao chocolate, fazendo os mais puristas torcerem
mescla de cacau e leite agradecem.
Segundo dados do Instituto Kantar, as versões
achocolatadas representaram 41% das vendas de pa-
netone no Rio, ante os 33% das receitas com frutinhas
coloridas no Natal que passou. Natural, portanto, que
tenham ingressado de vez nas linhas das grandes mar-
cas de chocolate com lojas na cidade. A Lindt, de ma-
triz suíça, abraçou a massa italiana e, seis anos depois
de assar seu primeiro panetone, lançou o sexto sabor
que leva cacau. Há quase um século no mercado, a Ko-
penhagen fez da Língua de Gato, um de seus mais pro-
curados itens, o tema dos pães natalinos que compõem
uma linha de nove sabores. A venda dos seis deles à
base de chocolate cresceram 35%, ante 8% dos demais.
“O chocolate é a força motriz desse mercado. Virou um
presente disputado”, diz Renata Vichi, CEO do Grupo
CRM, que engloba as marcas Kopenhagen e Brasil Ca-
cau. A premiada Dengo também atrai cada vez mais

38 Veja Rio dezembro 2022

 Dengo tem versão Empório Jardim:
recheada com receita produzida
chocolate 50%, com matéria-prima
laranja e cupuaçu: da belga Callebaut
R$ 119,90 (R$ 69,50)

s
ta
is
FOTOS DIVULGAÇÃO

ev
R
il

Creme de avelã e Novidade da Casa

as

gotas de chocolate Bauducco: chocotone

(R$ 139,90): um dos em parceria com a
Br

seis sabores da Lindt italiana Baci (R$ 119,90)

gente interessada nos exem-
plares que contêm, por exem-
plo, pedacinhos com 50% de cacau, laranja e cupuaçu.
Segundo Estevan Sartorelli, CEO da rede presente em
seis estados, a procura só avança: “Ao comprar o pane-
tone, o cliente quer levar junto um chocolate de pri-
meira linha”, explica.
Estudioso da história da alimentação, o escritor En-
rique Rentería lembra que as adaptações foram sendo
elaboradas ao longo do tempo. “Desde que o senhor
Bauducco trouxe a receita para o Brasil, cresceu a ideia
de colocar ingredientes diversos na massa e deixá-la
menos seca, para atender ao gosto nacional”, conta.
Nascida nos anos 1950 e hoje a maior produtora de
panetones do planeta, com mais de 200 000 toneladas
produzidas por ano, a Bauducco tem no Chocottone
um item fundamental em sua estratégia natalina. “Ele
é líder na preferência e nos faz presente em lares mais
jovens, o que é essencial para alcançar mais consumi-
dores e rejuvenescer nosso público”, afirma a gerente
de marketing Juliana Corá. Para este fim de ano, a Ca-
sa Bauducco, rede de cafés e empórios, selou parceria
com a marca Baci no lançamento da versão de massa
escura com gotas de meio amargo e avelãs picadas.
No trabalho artesanal das boas padarias e confeita-
rias também se avistam novidades significativas. De
origem belga, a Callebaut lançou, entre suas matérias-
primas, quadradinhos batizados de chococubes, pen-
sados especialmente para os panetones, com resistên-
cia ao calor, para não derreter e se espalhar pela massa.
Quem está usando, assando e aprovando é a chef Paula
Prandini, do Empório Jardim, que estreia o ingrediente
em seus chocotones. “As frutas cristalizadas são tipo
as passas no arroz: as pessoas amam ou odeiam. Já o
chocolate tem mais apelo comercial, psicológico e lú-
dico para atender ao paladar de adultos e crianças”,
avalia. Com todo o respeito à tradição milanesa, é di-
fícil discordar depois da primeira mordida. ƒ

Veja Rio dezembro 2022 39

 VIDA LEVE
Renata Magalhães

AH, O VERÃO!
Com a chegada das altas
temperaturas (e tudo de bom
que vem junto), é hora de
redobrar os cuidados com
a pele e o cabelo. Confira os

novos tratamentos criados
por três spas especialmente
para a estação do calor.
MILANO BEAUTY SPA. De portas recém-
abertas no Hotel Laghetto Stilo, oferece o paco-
te Santuário de Verão (foto), com hidratação do
cabelo, massagem terapêutica contra estresse,
esfoliação corporal com máscara de argila bran-
NACIONAL SPA. Idealizada para ajudar a
pele no calorão, a terapia Vem, Verão une
esfoliação corporal com sementes de da-
masco, ativos antioxidantes que estimulam
a circulação e uma hidratação para ajudar a
MILANO/DIVULGAÇÃO
SPA FASANO. Fabricia Nogueira criou uma
massagem com ingredientes naturais que
ajudam a hidratar e iluminar a pele, além de
segurar o bronzeado. Leva mamão, cenoura
e mel, e dá até para escolher uma versão

s
ca e escalda-pés. Dura duas horas e custa de prevenir o envelhecimento. Por 285 reais, com descoloração dos pelos, por 1 158 reais
800 (individual) a 1 500 reais (em dupla). ta
em promoção até o fim de janeiro. (180 minutos).
is
Pedaladas em casa
ev

Criado pelo atleta sul-africano Jonathan Goldberg TOMA LÁ DÁ CÁ

R

no fim da década de 80, o spinning reduz a pres- Foi durante um trabalho com uma institui-
il

são arterial, melhora a frequência cardíaca e aju- ção do Reino Unido que a empreendedora
as

da a emagrecer — em 45 minutos, dá para quei- carioca Fernanda Junqueira conheceu a

mar mais de 600 calorias. Com benefícios inegá- plataforma Shareitt, lançada em Israel há
Br

veis, a modalidade é a especialidade do estúdio dois anos, e decidiu trazê-la para o Brasil.
Velocity, dono de duas unidades no Rio, uma na Trata-se de um aplicativo de e-commerce
Barra e a outra no Leblon, com quase 4 000 visi- social no qual as pessoas oferecem artigos
tantes semanais. Agora, também é possível fre- novos ou de segunda mão e acumulam
quentar a academia sem sair de casa: o grupo pontos para resgatar na forma de outros
lançou uma bicicleta integrada itens, sem movimentação financeira. Des-
com a plataforma on- de o lançamento, em abril, foram mais de
-line Sweatify, 3 000 usuários cadastrados e cerca de
onde estão dis- 2 500 transações concluídas. “Mais da
poníveis mais metade das ofertas é de moda feminina,
DIVULGAÇÃO

de 1 000 aulas, enquanto na seara infantil as roupinhas

reproduzidas em chegam a 80% do total”, calcula Fernan-
telas integradas ao da. É possível ainda usar o app para fazer
equipamento de 15 o bem, ao doar as mercadorias dire-
ou 21,5 polegadas. tamente à instituição
“Ela é altamente beneficente Rede Abri-
compacta e traz funcionali- go. Para acessar a rede,
dades, como a interação com que depende do convi-
professores e outros usuários”, te de outro usuário, o
explica o CEO Shane Young. As bikes indoor leitor pode usar o códi-
FLÁVIA ZAGURY

estão à venda a partir de 10 490 reais. go “vejario”.

40 Veja Rio dezembro 2022

Veja Rio Recomenda
42 Restaurantes 44 Bares 46 Comidinhas 48 Crianças 50 Exposições 52 Teatro 54 Shows 57 Cinema

s
ta
is
ev
R
il
as
Br

GERARD GIAUME
E VAI ROLAR A FESTA
Adiado em 2022 por causa da Covid-19, o Universo
Spanta chega à Marina da Glória com mais de 200
shows de 6 a 29 de janeiro. A vasta programação
terá 250 horas de música e vai reunir um time de
peso, que vai de Gilberto Gil, Ney Matogrosso,
Paulinho da Viola, Ivete Sangalo, Zeca Pagodinho,
Iza, Pabllo Vittar, L7nnon e Jorge e Mateus a escolas
de samba e blocos de Carnaval. Leia mais na pág. 55.
 RESTAURANTES
Pedro Landim
RODRIGO AZEVEDO
ACEITA CARTÃO
E CRIPTOMOEDA
Com cozinha aberta à entrada da
Hashdex, empresa de criptomoe-
das que fez parceria com o chef
Rafa Costa e Silva, o Crypto Kitchen
leva os comensais às mesas entre
telões com arte em NFTs e painéis
digitais. Um ambiente corporativo
que traz para os garfos a notícia
boa da presença de receitas do
Lasai, com o premiado trabalho do
cozinheiro democratizado à la car-
te. O tartare de atum (R$ 56,00;
foto) ganha avocado em creme,
amendoim e cebolinha, sob “nu-
vem” de crocante de arroz. E o pei-
xe do dia (R$ 89,00) tem o segre-
do de um leve dourado de missô,
com palmito assado na manteiga,
couve frita e molho de limão. A ra-
banada (R$ 38,00), alta, macia e
úmida, não é frita e ganha leveza
sob calda caseira de morangos e
divino chantilly. Quer pagar em
criptomoedas? Fique à vontade.
Avenida Ataulfo de Paiva, 1120, Le-
blon, ☎ 96620-0016 (48 lugares).
12h/16h e 18h/22h (qui. até 23h; sex.
e sáb. 12h/23h30; dom. 12h/17h).
42 Veja Rio dezembro 2022
Sua majestade, o bacalhau
A versatilidade do peixe natalino em receitas que vão além dos clássicos
DIVULGAÇÃO
1 No mar de bacalhaus do Cadeg,
o mercado municipal em Benfi-
ca, o Espetáculo (Rua Capitão Fé-
lix, 110, loja 55, ☎ 3995-3676) traz
de tira-gosto a cremosa empada
aberta de bacalhau (R$ 13,50), co-
roada com azeitona portuguesa.
2 Entrada bonita e gostosa do
Rancho Português (Rua Ma-
ria Quitéria, 136, Ipanema, ☎ 2287-
1
0335), a tigela de bacalhau verde
(R$ 54,00) leva creme de espinafre
ao bechamel, purê de batatas, fare-
s
lo de pão e azeitonas portuguesas.
ta
3
is
O bacalhau à bráz 2.0 (R$ 85,00)
é releitura turbinada do clássico
ev
na Tasca Miúda (Rua Humberto de
Campos, 827 B, Leblon, ☎ 3518-
R
0810). Um ovo “perfeito” de gema
il
mole cai sobre bacalhau confitado,
as
batata palha feita na casa e cebolas
2
caramelizadas.
Br
Sotaque italiano
Clássicos italianos com alguma bossa nas apresen-
tações e preços interessantes descem às mesas da
Parla! Trattoria, no time das animadoras novida-
des de Copacabana. O salão comprido tem panelas
penduradas, ilustrações no teto e estante imponen-
te de madeira com livros e objetos antigos, mistu-
rando o clássico a toques atuais como o nome em
neon. Há entradas como a berinjela à parmigiana
(R$ 38,00), empanadas e servidas com mussarela
de búfala e molho de tomate. Além da seleção de
massas artesanais como a lasanha à bolonhesa
(R$ 64,00; foto), o cardápio do chef italiano Paolo
Salvadori tem entre os pratos o ossobuco com riso-
to de açafrão (R$ 58,00). A adega bem fornida em
todas as faixas de preço inclui garimpagem de vi-
nhos italianos de alta gama, e o tiramisu (R$ 25,00)
conforta ao final. Rua Aires Saldanha, 98, Copaca-
bana, ☎ 3439-9188 (120 lugares). 11h30/23h (sex. e
sáb. até 0h; fecha dom.).
 4 no Gajos d'Ouro (Rua Pru-
dente de Morais, 1008, Ipane-
ma, ☎ 3449-1583), o bacalhau à
josé bonifácio (r$ 245,00) home-
nageia o cliente dos tempos em
que a equipe estava no antiqua-
rius. são postas em crosta de broa

TOMÁS RANGEL
de milho e pistache sobre queijo
5 da serra e purê de baroa trufado.

TOMÁS RANGEL

5 novidade no Baixo Bota-

fogo, a Tasca da Mercearia
(Rua Assis Bueno, 26, Botafogo,
3 ☎ 3556-1425) mostra a que veio
com seu bacalhau à lagareiro
(r$ 109,90), assado sobre bata-
tas ao murro, cebola-roxa, toma-
te-cereja, azeitona preta e salsa.

s
ta
6 Categórico na construção
TOMÁS RANGEL

is
de sabores, o Chez Claude
(Rua Conde de Bernadotte, 26,
ev

Leblon, ☎ 3579-1185) apresenta

bacalhau em lascas com batatas
R

ao murro (r$ 148,00), mais cebola

il

caramelizada, ovo mole, aïoli e

TOMÁS RANGEL
as

rodelas de chorizo espanhol, um

4 6
toque de mestre.
Br

TOMÁS RANGEL

novidades
no terraço
a varanda com vista para as ruas arbo-
rizadas do Jardim Botânico chega aos
sete meses de vida animada do
Malkah, que apresenta também uma
série de novidades criadas pela inquie-
ta chef Ludmilla soeiro. reformado
com esmero, o 3º andar da casa foi
inaugurado como terraço charmoso
para confraternizações, cercado de
janelões na altura das árvores. e um menu de novas chantilly e café tostado. tem mais: a chef lançou um
receitas pode começar pelo harumaki de cordeiro menu degustação harmonizado de seis passos, sob
com molho de hortelã (r$ 49,00), seguir com o ravióli reserva feita com 48 horas de antecedência (de
de abobrinha com boursin gratinado e camarão de r$ 290,00 a r$ 350,00). ideia tentadora. Rua Viscon-
RODRIGO AZEVEDO

alto-mar grelhado (r$ 139,00), e trazer na sobremesa de de Carandaí, 2, Jardim Botânico, ☎ 3580-3386 (45
DIVULGAÇÃO

o grand macaron (r$ 36,00), de caramelo salgado, lugares). 12h/23h (dom. até 17h; fecha seg.).

Veja Rio dezembro 2022 43

 BARES
Pedro Landim

Drinques que
borbulham
Em alta no fim do ano,
o espumante refresca
a coquetelaria de verão
O verão pode vir quente no Vian
(Rua Paul Redfern, 32, Ipanema,
☎ 97490-0078) que o la frida
(R$ 38,00) climatiza o ambiente
com rum branco, hortelã, mix de
cítricos e espumante. O drinque é
defumado a frio com canela.

s
ta No Garoa (Rua Prudente de Moraes,
is
1810, Ipanema, ☎ 3264-7760), o mado-
na (R$ 36,50) é um clássico que merece
ev

a visita, onde o espumante em lata Arya

Prosecco tem a companhia de gim, mo-
R
DIVULGAÇÃO

rango e licor limoncello feito na casa.

il
as

Entre aquisições recentes do Quartinho

Brasa renovada (Rua Arnaldo Quintela, 124, Botafo-
Br

Da cozinha instalada em uma antiga creche da go, ☎ 2179-6447), o miss dynamite,

Taquara ao ambiente do shopping mais luxuo- meu amor (R$ 32,00) traz açúcar ex-
so da cidade, onde acaba de chegar com todos plosivo na borda, além de gim rosé,
os louros conquistados à base da qualidade da morango, Aperol, Lillet, vermute
cozinha, o dB House faz da brasa o início de branco com cítricos e espumante.
um repertório “pornográfico” de pratos, petis-
cos e sobremesas, que ganham novos sabores
na recém-aberta casa do Village Mall. Entre os
cortes para compartilhar, incluindo uma guar-
nição como o gostoso arroz maluco, a disputa-
da fraldinha (R$ 199,00, 350 gramas; foto) ga-
nhou a companhia do chorizo de tira para três
bocas (R$ 299,00, 600 gramas, com três acom- Combina com o anima-
panhamentos). O imenso torresmo de pancet- do Maguje (Rua Jardim
ta (R$ 69,00, 400 gramas), premiado em VEJA Botânico, 1003), gastro-
RIO COMER & BEBER, está presente com mo- bar de vista bonita den-
lho barbecue, e o bolo quente de chocolate na tro do Jockey Club, o
panela (R$ 42,00, para quatro pessoas) agrega coque tel cajumarú
fãs de todos os cantos da cidade. Village Mall. (R$ 34,00), que reúne
Avenida das Américas, 3900, piso L3, Barra espumante brut e xaro-
(86 lugares). 12h/23h (dom. até 22h). pe de caju com cumaru.

44 Veja Rio dezembro 2022

 FOTOS RODRIGO AZEVEDO; TOMÁS VELEZ; JOSÉ RENATO ANTUNES; VINI BORDALO; BRUNO DE LIMA; DIVULGAÇÃO

TOMÁS RANGEL
TRAÇADOS DE BOTEQUIM
Cachaça com Campari, Cynar (o aperitivo à base de alcachofra), Brasilberg e “segredos
do bar” (R$ 20,00), conforme diz Thiago Teixeira, sócio e bartender. É a receita do
Traçado, nome do drinque popular nas tascas portuguesas e também do adorável
Na linha de sabores mediterrâneos do Bottega boteco inaugurado recentemente em um dos efervescentes polos boêmios de Co-

s
Gastrobar (Rua Visconde de Caravelas, 121, Bo- pacabana. No salão estreito quem manda é o balcão, e nas mesinhas da calçada
tafogo, ☎ 97662-5691), o rubro alexandria ta
desce uma inesquecível carne-seca (R$ 31,00), suculenta e servida em cubos com
is
(R$ 34,90) leva vodca Ketel One com açafrão, cebola, pimentões e farofa crocante. Para beliscar, o mix com queijo prato temperado,
uvas verdes, tintura de hibisco, manjericão, licor azeitonas, caponata e picles (R$ 29,90; foto) é boa pedida. Salivou? Hora do cafezin,
ev

de tâmaras e espumante. coquetel com vodca infusionada em casca de laranja, caramelo salgado, café, bitter
de laranja e gota de chocolate (R$ 24,00). Só surpresa boa. Rua Ronald de Carvalho, 154 C,
R

☎ 3734-3248 (55 lugares). 18h/0h (sex. até 1h; sáb. 16h/1h; dom. 16h/0h; fecha ter.).
il
as

Olha a onda
Br

Há um certo tempero de ilha grega

com pitadas de Posto 10 no ambien-
te solar que tem cadeiras de praia
listradas de branco e amarelo na
calçada, e parede alva com nichos
abrigando objetos de antiquário.
Vamos de coquetel de camarão,
o clássico na taça ao molho golf
(R$ 64,00), ou o espeto surf and turf
de polvo, camarão, bacon e cebola
caramelizada (R$ 54,00)? As pedidas
VINI BORDALO

que ilustram a foto ao lado estão no

mosaico de ideias marítimas do Dias
Bar e Mar, cuja carta de drinques foi
feita pelo sócio e mixologista Jonas
Inspirações italianas acompanham o Gusto Aisengart, em parceria com o bar-
Cucina Bar (Rua Dias Ferreira, 78, Leblon, tender Rod Werner. O empreendi-
☎ 2512-6526), onde surge o spritzolini (R$ 38,00), mento traz o selo de criatividade dos
feito com Aperol, espumante brut, Campari, cas- donos de Pope e Chanchada, e nas
ca de tangerina e manjericão. taças há opções como o chaves em
acapulco (R$ 38,00): rum com espe-
ciarias, Bacardi 8, tamarindo, limão e
xarope de amêndoas. No subsolo,
vem aí o Velvet, um clube de jazz no
estilo speakeasy. Maior onda. Rua
Dias Ferreira, 410, Leblon (78 luga-
res). 12h/1h (dom. até 22h; fecha seg.).

Veja Rio dezembro 2022 45

 DIVULGAÇÃO
Comidinhas
Pedro Landim

GABRIEL ÁVILLA
TOMÁS RANGEL
Rabanada o ano todo DIVULGAÇÃO

s
Seis endereços onde o quitute natalino tem lugar cativo ta
is
Café de qualidade com rabanada é É marca doce da Mercearia da Casa de acento italiano e bossas sobre
uma ideia possível a qualquer mo- Praça (Rua Jangadeiros, 28, Ipane- petiscos e sobremesas, o Bocca del
ev

mento no Dark Coffee (Rua Bene- ma, ☎ 3986-1400) a rabanada dos Capo (Rua Rainha Guilhermina, 95,
ditinos, 22, Centro, ☎ 2516-0370), sonhos (R$ 28,90), de massa que Leblon, ☎ 3592-0881) apresenta uma
R

onde o quitute é feito no pão Pe- lembra um sonho, recheada de cre- rabanada de tiramisu (R$ 47,00), embe-

AUÊ FOTOCONCEITO
il

trópolis com açúcar e canela me de confeiteiro. Peça um vinho bida em café e coberta com mascarpo-
as

(R$ 17,00, duas fatias). do Porto para acompanhar. ne, cacau e nozes.
Br

Café na ponte aérea

Comidinhas para todas as horas do dia e blends de
grãos especiais de café aterrissam no shopping Leblon
diretamente de são Paulo, onde o Café Zinn conta
com duas unidades. o negócio fundado por daniela
Coelho, que utiliza cafés da fazenda mineira da família,
tem ambiente em madeira sobre parede cor-de-rosa,
e serve toasts como o hommuzinn (R$ 32,00), com pão
de fermentação natural, hommus, relish de couve-flor
e pesto de rúcula. há bowls salgados e de frutas como
o verde (R$ 24,00; foto), que leva avocado, banana, la-
ranja, espirulina, kiwi e granola doce. nas imagens ao
lado, temos ainda o bolo fofinho de chocolate com
calda de brigadeiro (R$ 18,00), carro-chefe local, e o
macchiato (R$ 9,00, 60 mililitros), com espuma de leite,
um dos cafés servidos em diferentes métodos de ex-
tração. de noite entram em cena drinques e vinhos,
FOTOS DIVULGAÇÃO

momento de relaxar. Shopping Leblon. Av. Afrânio de

Melo Franco, 290, piso 1 (36 lugares). 10h/22h.

46 Veja Rio dezembro 2022

 DIVULGAÇÃO
Feita com brioche amanteiga-
do que é embebido em leite e
especiarias, e depois grelhada
na manteiga, a rabanada
(R$ 14,00) macia está sempre a
postos na Artesanos Bakery
(Avenida Genaro de Carvalho,
1435, Recreio, ☎ 96691-0169).
DIANA CABRAL

A tentadora rabanada de brio-

che cítrico (R$ 8,00) da Grâu
Artesanal (Rua Conde de Ber-
nadotte, 26, loja 211, Leblon,
☎ 2487-3083) é cremosa por
dentro, como um pudim, ser-
vida com geleia de morango,
açúcar e canela.

s
ta
Há rabanadas tradicionais
DOCE TENTAÇÃO
is
(R$ 9,00) e recheadas de cho- Depois de nove anos adoçando
colate ou doce de leite festas e casamentos luxuosos, e
ev

(R$ 10,00) na Casa das Natas oferecendo por encomenda as es-

(Av. Nossa Senhora de Copaca- trelas de sua produção, a confeitei-
R

bana, 995, ☎ 3449-2750, mais ra Raphaela Severiano Ribeiro abriu

il

seis unidades), além da versão em casarão branco e imponente

as

com sorvete de nata (R$ 21,00). do Jardim Botânico a primeira loja

física da Raph’s Pâtisserie. O ca-
Br

fé de tempero art déco em tons

Hambúrguer de quatro cantos de rosa e lilás, com sofá, poltroni-

nhas e quadros vintage na pare-
de, está na entrada do imóvel
Alguém já comeu o clássico sanduba americano quadra- onde funciona a fábrica, e no car-
do? É a última notícia das chapas cariocas. Com um furo dápio de gostosuras há bolos in-
no meio, ele é moldado além da forma na Santowish, dividuais como os de laranja e de
que abriu as portas na Tijuca anunciando um blend de cenoura com calda de brigadeiro
carne angus e a tática de adicionar caldo de carne ao quente (R$ 15,00). Os creamy po-
preparo a fim de aumentar a suculência. A casa, que per- tes (R$ 38,00, 180 gramas; foto)
tence ao grupo da rede de pizzarias Suburbanos, tem são copos de sabores variados e
salão espaçoso, sofá de couro e neons coloridos pelas exemplo da massa branca com re-
paredes. No cardápio há pedidas como o santowich bur- cheio de brigadeiro de Ninho e Nu-
guer (R$ 32,00), com carne de 125 gramas, american tella. E o sundae promete abalar as
cheese, alface, tomate, cebola-roxa, picles e maionese de estruturas, feito com sorvete da
cebolinha artesanal; e o trufadinho (R$ 35,00; foto), que Momo Gelateria, calda de brigadei-
além da carne leva american cheese, queijo tipo grana ro, doce de leite, farelo de brownie
padano ralado e maionese trufada. A batata frita crinkle e crocante de amêndoas (R$ 25,00).
(R$ 16,00, 150 gramas), frisada, é opção para acompa- De tirar o fôlego. Rua Jardim Botâni-
GRUPO NEBRASKA

nhar, e os nuggets de frango vêm com molho secreto à co, 126, ☎ 99919-8808 (16 lugares).
base de carne (R$ 19,00, seis unidades). Rua Dona Zulmi- 9h/19h (fecha dom. e seg.).
ra, 130, Tijuca (30 lugares). 11h30/4h.

Veja Rio dezembro 2022 47

 CRIANÇAS
Luiza Maia
Prepara a pipoca...
...que a temporada de férias está recheada
com ótimos lançamentos de filmes
Matilda: o Musical. Inspirado
no livro clássico de Roald Dahl,
que já virou um filme de suces-
so nos anos 90, o longa conta
a história de uma garota extra-
ordinária e criativa, mas des-
prezada pela própria família.
Enviada para uma rígida escola, ela vai se impor
contra a diretora Agatha Trunchbull e mudará sua
trajetória. Estreia na Netflix em 25/12.
Gato de Botas 2: o Último Pe-
dido. O querido personagem
do universo de Shrek descobre
que sua paixão por aventuras
teve seu preço: ele gastou oito
vidas e agora só tem mais uma.
Para restaurar todas as nove
vidas, o felino embarcará em uma jornada pela Flo-
il
resta Negra na companhia da sua ex-parceira Kitty
as
Pata Mansa. Estreia nos cinemas em 5/1.
ALEXANDRE MACHADO
Br
Perlimps. Claé e Bruô são
agentes de reinos rivais, um do
Sol e outro da Lua. Mas para
salvar a floresta mágica onde
habitam, que está ameaçada
por máquinas mortíferas, am-
bos terão de unir forças. Eles
vão atrás dos Perlimps, criaturas misteriosas que
podem deter o perigo e ajudar a encontrar um
caminho para a paz. Estreia nos cinemas em 5/2.
BR.FREEPIK.COM
48 Veja Rio dezembro 2022
AS FÉRIAS CHEGARAM
Parque, museu, trilha e mais novidades
para a criançada curtir durante o recesso
Piscina de marshmallows, sala imersiva, doces gigantes-
cos e espaços com elementos divertidos e instagramáveis
aguardam os visitantes no Museu Mais Doce do Mundo.
De volta ao Rio com recintos mais interativos, tecnológicos
e com novas degustações, a atração passa por quinze am-
bientes como a sala Qual É a Cor da Felicidade?, onde é
possível customizar o chão e as paredes com carinhas fe-
lizes de diferentes cores. Shopping VillageMall. Avenida
das Américas, 3900, Barra. Ter. a sex., 12h/20h; sáb.,
10h30/21h; dom., 12h30/20h. R$ 35,00 a R$ 70,00. Ingressos
pelo aplicativo Multi com desconto. Até 15 de janeiro.
Boa dica para conhecer mais sobre a biodi-
s
versidade do Jardim Botânico, a Trilha das
ta Árvores Nobres é novidade para o mês de
is
janeiro. No passeio guiado, que acontecerá
sempre às sextas, são apresentadas 27 espé-
ev
cies oriundas da Mata Atlântica e da Amazô-
nia. Pau-brasil, andiroba, cedro-rosa, as ame-
R
açadas de extinção, como o palmito-juçara e
o jequitibá, entre outras, fazem parte do rotei-
ro. As visitas são gratuitas, com pagamento da
entrada no parque (R$ 17,00). Rua Jardim Bo-
tânico, 1008. Sex., 10h. Inscrição pelo ☎ 3874-
1808/3874-1214 ou no e-mail cvis@jbrj.gov.br.
Aquela velha história
Textos de grandes autores ganham novas montagens nos teatros
Parte da obra de Ana Maria Machado, Era
Uma Vez um Tirano começa narrando a
história de um país colorido e com habitan-
tes felizes. Tudo muda quando um ditador
sobe ao poder, proibindo cores, músicas e
ideias. Nesse novo país cinza e triste, quem
tenta se manifestar contra a situação é pre-
so ou expulso pelo Tirano. Ele vai enfrentar
a resistência de três crianças cheias de ima-
ginação que vão em busca de resgatar a
alegria e as cores daquela nação. Centro
Cultural Justiça Federal. Avenida Rio Bran-
co, 241, Centro. → Sáb. e dom.,
16h. R$ 20,00 a R$ 40,00. In-
gressos na bilheteria. Até
15 de janeiro.
 Unindo tecnologia com diversão pa-
ra a criançada, o Parque da Magia é a
novidade no ParkJacarepaguá, onde
ocupa 2 600 metros quadrados a céu
aberto com mais de vinte atrações lúdi-

DIVULGAÇÃO
cas e sensoriais. Inspirada em parques
da Europa, a atração traz brinquedos
Recém-aberta no espaço do antigo Teatro Tom Jobim, a Ecovila Ri inéditos ao Brasil, dividido entre quatro
Happy foi inaugurada com uma agitada programação de oficinas e “mundos” onde crianças de até 12 anos
brincadeiras a espetáculos e shows. Durante as férias do início do podem se aventurar. Durante o percur-
ano, o local terá diferentes atrações, começando com a colônia com so, é possível descer em um megaes-
o grupo Fabulosos, para crianças de até 6 anos, de 9 a 27 de janeiro. corregador, girar numa xícara, pular no
As atividades se estendem a música, arte, contação de histórias, trampolim, andar por um túnel secreto
culinária, ioga, capoeira, além de passeios voltados à garotada de 2 e muito mais. ParkJacarepaguá, Estra-
LANA PINHO

a 8 anos, entre 16 e 27 de janeiro. Jardim Botânico, Rua Jardim Botâ- da de Jacarepaguá, 6069, Anil. 10h/22h.
nico, 1008. Inscrições pelo e-mail ferias@ecovilla.art.br. Grátis. Ingressos pelo aplicativo Multi.
DIVULGAÇÃO

Vale uma viagem em família até Miguel Pereira,

s
município do centro-sul fluminense, para conhe-
cer a Terra dos Dinos. São mais de quarenta ta
is
réplicas dos animais com tamanhos, movimen-
tos e sons realísticos. Um deles é o Argentinos-
ev

sauro, um dos maiores animais que já existiram,

R

com mais de 30 metros de comprimento. Entre

as atrações do novo parque, também estão uma
il

trilha suspensa com mais de 200 metros de ex-

as

tensão e uma enorme tirolesa de 100 metros de

altura. Estrada Miguel Pereira, 1900, Miguel Pe-
Br
DIVULGAÇÃO

reira. Qui. a ter., 9h/17h. R$ 59,00 a R$ 119,00. In-

gressos pelo www.terradosdinos.com.br.

RENATO MANGOLIN/DIVULGAÇÃO
EDU RODRIGUES/DIVULGAÇÃO

Adaptada da TV para o teatro em 1977 por Domingos Oliveira, Brin-
quedos Consertados apresenta a história de três brinquedos que-
brados que fogem da casa onde viviam para ser consertados. Após
ganhar aparência renovada, eles não voltam para o menino pobre que
cuidava deles. O novo dono, um garoto rico, os trata muito mal, pro-
vocando a reflexão do que é realmente importante. Teatro XP. Avenida
STEPHANY LOPEZ
O texto de Maria Clara Machado Pluft, o Fantasminha, ganha mais
uma adaptação. Apresentada pela premiada Cia PeQuod, a peça
surge em nova roupagem com elementos do teatro de bonecos e
recursos especiais de iluminação. Além disso, a companhia acrescen-
ta referências do universo dos mangás e dos animes à história, com
personagens de desenhos como A Princesa Mononoke, Ponyo e Meu

Bartolomeu Mitre, 1110, Leblon. → Sáb. e dom., 16h. R$ 35,00 a R$ 70,00. Amigo Tororo. Sesc Tijuca. Rua Barão de Mesquita, 539, Tijuca. →
Ingressos pelo www.sympla.com.br. 14 de janeiro a 12 de fevereiro. Sáb. e dom., 16h. R$ 15,00 a R$ 30,00. 14 de janeiro a 12 de fevereiro.

Veja Rio dezembro 2022 49

 EXPOSIÇÕES
Kamille Viola

3 obras para
ver na mostra
Palavras Cruzadas,
Sonhadas, Rasgadas,
Roubadas, Usadas, MIGUEL RIO BRANCO

Sangradas
O fotógrafo Miguel Rio Branco revela A série New York
mais de 200 trabalhos feitos desde o Sketches foi pro-
começo da carreira até os dias atuais duzida entre 1970 e

s
1972, quando o ar-
ta tista morou na ci-
MIGUEL RIO BRANCO

is
dade e conviveu
com nomes como
ev

Hélio Oiticica, Anto-

nio Dias e Rubens
R

Gerchman
il
as

Parte da série Babel

Blues (2005), a fo-
Br

to foi tirada nas pes-

quisas para as fil-
magens de Babel
MIGUEL RIO BRANCO

O políptico Maldicidade #3 integra a série em desen- (2006), do cineasta

volvimento contínuo que une imagens em metrópo- Alejandro González
les como São Paulo, Nova York e Cidade do México Iñárritu
IMS. Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea. → Ter. e sex., 12h às 18h. Sáb., dom. e fer., 10h/18h. Grátis. Até 26 de março de 2023.

MAR DE MOSTRAS negro baiano durante sua carreira. São trabalhos

que resgatam seus múltiplos interesses nas for-
Do francês Ludovic Carême, Margens é uma das mas, temas e referências. No foyer da Escola do
três novas exposições que chegaram ao Museu Olhar, a mostra Clara Nunes, gratuita, revela ao
de Arte do Rio. Apresenta fotografias em preto e público uma leitura contemporânea da cantora e
branco que documentam a dura realidade dos sua trajetória. Museu de Arte do Rio. Praça Mauá,
brasileiros em suas vivências em São Paulo, no 5, Centro. → Qui. a dom., 11h/18h (entrada até 17h).
Acre e no Rio. Já Agnaldo Manuel dos Santos R$ 10,00 a R$ 20,00. Margens: até 26 de março de
SÉRGIO GUERINI

— A Conquista da Modernidade (foto) reúne 2023. Agnaldo Manuel dos Santos: até 26 de feve-
esculturas de madeira produzidas pelo artista reiro. Clara Nunes: até 26 de fevereiro.

50 Veja Rio dezembro 2022

 Tradição
festiva
Quando seu patrono
morava por lá, a Casa
Roberto Marinho re-
cebeu peças de tea-
MARCOS SERRANO
tro, apresentações
musicais, saraus lite-
rários e projeções de
filmes. Celebrando essa tradição festiva, o espaço recebe Alegria
Aqui É Mato — 10 Olhares sobre a Coleção Roberto Marinho,
com curadoria geral de Lauro Cavalcanti. Dez personalidades de
diversas áreas — entre elas Fernanda Montenegro, Adriana Calca-
nhotto e Paulinho da Viola — foram convidadas a conhecer a coleção
do espaço e se dedicaram por meses a esse estudo. O resultado são
as cerca de 200 obras que compõem a exposição, com trabalhos
selecionados por elas, de artistas como Anita Malfatti, Heitor dos
is
Prazeres, Salvador Dalí, Tomie Ohtake, Beatriz Milhazes (foto), entre
outros. Instituto Casa Roberto Marinho. Rua Cosme Velho, 1105. →
ev
Ter. a dom., 12h/18h. R$ 5,00 a R$ 10,00. Grátis às quartas.
R
il
as
Br
ARTE DO POVO
A temática indígena pode ser vista
em diferentes mostras pela cidade
> Nakoada: Estratégias para a Arte Moderna dialoga com as dis-
cussões geradas pelo centenário da Semana de 22. Obras modernistas
se misturam a trabalhos do Museu do Índio, do Movimento dos Artis-
tas Huni Kuin (foto) e do artista Jaider Esbell (1979-2021). MAM. Avenida
Infante Dom Henrique, 85, Aterro do Flamengo. → Qui. e sex., 13h/18h.
Sáb., dom. e fer., 10h/18h. Contribuição sugerida: R$ 10,00 a R$ 20,00.
> Nhande Marandu — Uma História de Etnomídia Indígena
traça um panorama da comunicação dos povos indígenas mostran-
MARIA ANTÔNIA/REPRODUÇÃO
Sete em um
São nada menos que sete novas exposições no Paço Imperial,
incluindo Trama/Objeto Pintura, de Xico Chaves, que exibe tra-
balhos inéditos produzidos a partir da série Índios Extintos, de
1989, em alusão a aldeias dizimadas no processo de colonização,
e Cores da Paisagem — Nápoles-Rio no Olhar de Artistas Italia-
nos do Século XIX, com cinquenta pinturas italianas e brasileiras
datadas de 1844 a 1899, além de fotografias do século XIX.
A mais recente é Arte pela Vida das Mulheres, que reúne 23
s
artistas que trabalham para arrecadar recursos e dar visibilidade
ta
à luta pelos direitos reprodutivos das mulheres no Brasil. Entre
elas, Agrade Camíz, Débora Bolsoni, Juliana dos Santos, Maria
Antonia (foto) e Moara Brasil Tupinambá. As obras falam de si-
tuações que aprisionam as mulheres. Paço Imperial. Praça XV
de Novembro, Centro. → Ter. a sáb. e fer., 12h/17h. Grátis.
FABIO SOUZA/MAM RIO
do expressões do passado até os dias de hoje com o uso de tecnolo-
gias digitais. A mostra reúne fotos, programas de TV, filmes, artes vi-
suais, acervos de rádios e livros. Museu do Amanhã. Praça Mauá, 1,
Centro. → Ter. a dom., 10h/18h. R$ 15,00 a R$ 30,00. Ingressos pelo
www.sympla.com.br. Até 26 de fevereiro.
> Trama Canoé tem como inspiração a canoa, símbolo da união da
cultura indígena e ribeirinha, utilizada como principal veículo no en-
contro dos rios Negro e Solimões, nas proximidades de Manaus
(AM). A mostra traz ainda objetos utilizados pelos povos da região
amazônica produzidos com matérias-primas da floresta. Centro Se-
brae de Referência do Artesanato Brasileiro (Crab). Praça Tiraden-
tes, 69, Centro. → Ter. a sáb., 10h/17h. Grátis.
Veja Rio dezembro 2022 51
 TEATRO
Kamille Viola

O circo chegou TRÊS VEZES COMÉDIA

O universo encantado e colorido do Cirque du Soleil está de volta: a trupe mul- O gênero domina a agenda de
tinacional apresenta seu novo espetáculo, Bazzar. Escrita e dirigida por Susan
Gaudreau, a 43ª produção da companhia se passa em um bazar e tem como estreias nos palcos cariocas
personagens acrobatas, dançarinos e músicos que se apresentam ao vivo. Di- Cinco anos após a estreia no Rio, Minha
vidida em seis atos e espaços cenográficos que mudam de forma, a apresen- Vida em Marte, de Mônica Martelli, está de
tação é também homenagem aos primórdios da companhia, criada há 38 anos. volta. Na trama, ela é Fernanda, casada há
Parque Olímpico. Avenida Embaixador Abelardo Bueno, 5001, Barra. → Ter., oito anos e em crise no casamento. A prota-
21h; qua., a sex., 17h e 21h; sáb., 13h, 17h e 21h; dom., 16h e 20h. De R$ 61,50 a gonista tenta encontrar saídas para os pro-
R$ 1 090,00. Ingressos pelo www.eventim.com.br. Até 31/12. blemas que a rotina traz, como a falta de libi-
do, o acúmulo de mágoas e as expectativas
frustradas. É nas sessões de análise que ela
narra as alegrias e os muitos problemas do
seu relacionamento. Teatro Casa Grande.
Avenida Afrânio de Melo Franco, 290, loja A,
Leblon. → Qui. a sáb., 21h. Dom, 19h. R$ 50,00

s
a R$ 180,00. Ingressos pelo www.eventim.
ta com.br. A partir de 12/1.

CAMILA CARA
is
ev
JULIANO PALMA
R
il

Tragédia real
as
Br

Em Como Posso Não Ser Mont-

gomery Clift?, com texto do
premiado dramaturgo espanhol
Alberto Conejero López, inédito
no Brasil, Gustavo Gasparani ce-
lebra quarenta anos de carreira,
em que atuou em mais de ses-
VICTOR-IEMINI

senta espetáculos, fundou a Cia

dos Atores e escreveu e produ-
ziu musicais premiados. A peça Embalada por músicas de Caetano Veloso,
é inspirada na trágica história do Molière faz duas únicas apresentações, mostran-
ator Montgomery Clift (1920- do a luta entre a Comédia, simbolizada por seu
1966), que sofria por esconder a mais ilustre autor, Molière (Matheus Nachtergae-
homossexualidade, ficou com le), e a Tragédia, personificada pelo poeta Jean
cicatrizes no rosto após um aci- Racine (Elcio Nogueira Seixas). Catorze atores e
dente de carro e se afundou no músicos narram o embate, enquanto o Arcebispo
álcool e nas drogas. Espaço Cul- de Paris, Monsenhor Péréfixe (Renato Borghi),
tural Municipal Sérgio Porto. tentará banir o teatro e seus artistas, endurecer a
Rua Humaitá, 163. Sex. e sáb., censura e lançar o país na era de obscurantismo.
20h. Dom., 19h. R$ 20,00 e Teatro Riachuelo. Rua do Passeio, 38, Centro. →
ERIK ALMEIDA

R$ 40,00. www.sympla.com.br. 20 e 21/1, 20h. R$ 25,00 a R$ 120,00. Ingressos pelo

De 7/1 a 12/2. www.sympla.com.br.

52 Veja Rio dezembro 2022

 ZELO DE MÃE
De volta ao Rio, a comédia ácida
Quando Eu For Mãe Quero Amar
Desse Jeito conta a história da aristo-
crata septuagenária Dulce Carmona,
lher desconhecida (Larissa Maciel).
Dulce, então, fica obcecada em dar
ao filho um futuro digno de sua “clas-
se social”. Com texto de Eduardo Bakr

s
interpretada por Vera Fischer, que e direção de Tadeu Aguiar. Teatro
ta
retorna aos palcos aos 55 anos de Prudential. Rua do Russel, 804, Gló-
is
carreira. Ela recebe a notícia de que ria. → Sex. e sáb., 20h. Dom., 18h.
seu único filho, Lauro (Mouhamed R$ 50,00 a R$ 100,00. Ingressos pelo
ev
CARLOS COSTA

Harfouch), vai se casar com uma mu- www.sympla.com.br. De 13/1 a 12/2.

R

Em Um Pai do Outro Mundo, Paulo

A LOBA EM CENA
il

Hernesto (Marcelo Serrado) é um cantor

as

de jingles, pai de uma pré-adolescente,

fruto do seu primeiro casamento, e de gê- Os cinquenta anos de carreira de Alcione chegam ao teatro com o espetáculo
Br

meos, do relacionamento atual. Ao longo
dos anos, sua relação com os filhos vai se
transformando, refletindo as vivências e
mudanças que os pais contemporâneos
enfrentam. No espetáculo solo, o ator se
desdobra em todos os personagens, do pai
aos filhos. Teatro das Artes. Shopping da
Gávea. Rua Marquês de São Vicente, 52,
Gávea. → Sex. e sáb., 21h. Dom, 20h.
R$ 50,00 a R$ 100,00. Ingressos pelo diver-
tix.com.br. De 6/1 a 26/2.
ROGERIO FAISSAL
Marrom, o Musical. Com roteiro assinado por Miguel Falabella, a peça é grandio-
sa: são 23 atores em cena. O fio condutor é a tradicional dança do bumba meu boi,
história de um casal de escravizados, Pai Francisco e Mãe Catirina. Grávida e com
desejo de comer língua bovina, ela leva o marido a matar o boi mais bonito de seu
senhor. Essa história é entremeada com a trajetória da artista e sucessos de sua
carreira, como A Loba e Minha Estranha Loucura. Cidade das Artes Bibi Ferreira.
Avenida das Américas, 5300, Barra. → Sex. e sáb., 20h. Dom.,18h. R$ 40,00 a
R$ 120,00. Ingressos pelo www.sympla.com.br. Até 5/2.

CAIO GALLUCCI

Veja Rio dezembro 2022 53

 SHOWS
Kamille Viola

Festa de Baco
Um dos principais nomes do rap brasileiro na atua-
lidade, Baco Exu do Blues comanda a edição de
pré-réveillon do Baile do Amor, na Fundição Pro-
gresso. Com quatro álbuns lançados — o mais re-
cente deles QVVJFA• *[Quantas Vezes Você Já Foi
Amado?], que saiu no início deste ano —, o artista
baiano apresenta sucessos como Te Amo Disgra-
ONDA OITENTISTA
Ícones do rock nacional revivem os clássicos da carreira
Surgido durante a pandemia, o Frejat Trio reúne, além do vocalista Roberto
Frejat, os guitarristas Rafael, filho do artista, e Maurício Almeida, que toca com o
ex-Barão Vermelho no seu projeto pessoal. O repertório traz músicas que mar-
caram a carreira-solo de Frejat, como Amor pra Recomeçar e Segredos; sucessos
do Barão Vermelho, entre eles Exagerado e Por Você; e músicas de outros artis-
tas com novas roupagens. Boomerang Blues, de Renato Russo, e Fadas, de Luiz
Melodia, são exemplos. Qualistage. Via Parque, Barra. → 19 de janeiro, 21h.
R$ 60,00 a R$ 280,00. Ingressos pelo www.eventim.com.br.

s
ça, Flamingos e Hotel Caro, esta última gravada
com Luisa Sonza. Fundição Progresso. Rua dos ta
is
Arcos, 24, Lapa. → 30 de dezembro, 22h. R$ 100,00
JORGE PORCI

a R$ 500,00. Ingressos pelo www.ingresse.com.

ev
R

DOCES E BÁRBAROS
il
as

Com pouco mais de dois anos de existência, o quar-

teto já passou por importantes festivais no Brasil e no
Br

exterior e tem no currículo um Grammy Latino, de

melhor álbum pop em português, com Sim Sim Sim
(2022), seu disco de estreia. Formado por Dora More-
lenbaum, Julia Mestre, Lucas Nunes e Zé Ibarra, o gru-
po Bala Desejo volta à lona da Lapa com o Bala Baile
Show, onde os quatro recebem convidados e apre-
sentam músicas já conhecidas do público, como Dou-
rado Dourado e Lambe Lambe. Circo Voador. Rua
dos Arcos, s/nº, Lapa. → 14 de janeiro, 22h. R$ 70,00 a
R$ 180,00. Ingressos pelo www.eventim.com.br.
ESTÊVÃO ANDRADE
LEO AVERSA
GRANDE ENCONTRO
Em turnê pelo país com o show Um Par Ím-
par, Zélia Duncan e Paulinho Moska che-
gam à Lapa na véspera do feriado do pa-
droeiro do Rio. A parceria começou quando
os dois compuseram músicas como Carne e
Osso, gravada por Zélia no álbum Pré-Pós-
Tudo-Bossa-Band. Mas a ideia de uma turnê
juntos surgiu mesmo com a canção que dá
título à apresentação. Eles prometem novas
versões das parcerias, sucessos da carreira
de cada um e algumas surpresas. Circo Voa-
dor. Rua dos Arcos, s/nº, Lapa. → 19 de ja-

neiro, 22h. R$ 70,00 a R$ 180,00. Ingressos

GUILHERME LEITE

pelo www.eventim.com.br.

54 Veja Rio dezembro 2022

DIVULGAÇÃO
Juntos há quarenta anos, Herbert Vianna (guitar-
ra e voz), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria)
levam o show Paralamas Clássicos para a
Barra. Acompanhados por João Fera (teclados),
Monteiro Jr. (saxofone) e Bidu Cordeiro (trombo-
ne), que estão com o trio há décadas, eles pas-
ACERVO CIRCO VOADOR
Nascida sob a lona da Lapa, a Blitz volta ao
Circo Voador com Turnê sem Fim, que abre a
programação da casa em 2023. No repertó-
rio, os sucessos da banda que mistura rock,
pop, funk, reggae, samba, soul e blues.
A atual formação do grupo, que permanece
a mesma há oito anos, conta com Evandro
MAYÃ GUIMARÃES
seiam por 31 faixas da trajetória do grupo, numa
REGINALDO TEIXEIRA
viagem que começa pelo disco de estreia, Cine-
ma Mudo (1983), e vai até o álbum mais recente,
Sinais do Sim (2017). Qualistage. Via Parque,
Barra. → 17 de dezembro, 21h. R$ 60,00 a
R$ 290,00. Ingressos pelo www.eventim.com.br.
Festival de verão
Depois de ter sido adiado em 2022 por
causa da Covid-19, o Universo Spanta
chega à Marina da Glória com pratica-
mente a mesma programação que havia
sido anunciada anteriormente. São mais
s
de 200 shows, com mais de 250 horas
ta de música durante o mês de janeiro. No-
is
mes como Gilberto Gil, Ney Matogrosso,
Ivete Sangalo, Emicida, Thiaguinho, IZA,
ev
Zeca Pagodinho, Ludmilla, Jão, Gloria
Groove, Mano Brown, Paulinho da Viola,
R
Mesquita (vocal, guitarra e violão), Billy (te- Jorge e Mateus, Mari Fernandez, Saulo,
il
clados), Juba (bateria), Rogério Meanda (gui- L7nnon, Pabllo Vittar, Mangueira, Cordão
as
tarra), Alana Alberg (baixo), Andréa Coutinho da Bola Preta, Fogo e Paixão e Bateria do
(backing vocal) e Nicole Cyrne (backing vo- Salgueiro passam pelo evento. Marina
Br
cal). Circo Voador. Rua dos Arcos, s/n°, Lapa. da Glória. Av. Infante Dom Henrique,
→ 6 de janeiro, 22h. R$ 60,00 a R$ 160,00. In- s/nº, Glória. → Entre 6 e 29 de janeiro.
gressos pelo www.eventim.com.br. R$ 90,00 e R$ 1.740,00. Ingressos pelo
www.universospanta.com.br.
Programe-se
Seu Jorge e Alexandre Pires voltam ao Rio com
o show Irmãos, dessa vez no Qualistage, em 10 e 11
de fevereiro. Juntos, eles cantam músicas emblemá-
ticas da carreira dos dois, além de clássicos da MPB.
O Capital Inicial apresenta no dia 11 de fevereiro o
novo show, 4.0, que comemora as quatro décadas da
banda. O grupo de Dinho Ouro Preto apresenta su-
cessos, músicas em versões inéditas e novidades.
A turnê que reúne atuais e ex-integrantes dos Titãs
chega ao Rio só em abril, na Jeunesse Arena, na Barra,
mas a primeira data esgotou tão rápido que haverá
um show extra, no dia 28 de abril.
Veja Rio dezembro 2022 55
 SHOWS
SEM SAMBA NÃO DÁ
O ritmo embala a programação
de verão nos palcos cariocas
Em celebração aos cinquenta anos de
carreira, Alcione realiza uma série de
shows gratuitos. Acompanhada pela sua
inseparável Banda do Sol, ela interpreta
clássicos deste meio século de trajetória,
entre eles Meu Ébano, Estranha Loucura
e Você Me Vira a Cabeça (Me Tira do Sé-
rio). Os ingressos antecipados esgotaram,
mas 30% serão distribuídos no dia da
apresentação. Sala Baden Powell. Avenida
Nossa Senhora de Copacabana, 360. →
22 de dezembro, 19h. Grátis. Retirada no
MARCOS HERMES

local com duas horas de antecedência.

s
ta João Cavalcanti apresenta
is
pela primeira vez no Rio o show
MICHELLE CASTILHO/ACERVO CIRCO VOADOR

do disco Ivone Rara — 100 Anos

ev

da Dona do Samba, que celebra

o centenário de uma das maiores
R

compositoras do gênero. Na ho-

il

menagem, o cantor constrói uma

as

narrativa a partir das canções da

artista, agrupando músicas. Al-
Br

Já é tradição: todo primeiro fim de semana de cada ano, lá está guém Me Avisou surge unida a
Mart'nália no palco do Circo. Símbolo de carioquice, a cantora e com- Menino Brasileiro, enquanto Sem
positora lançou no ano passado seu trabalho mais recente, o disco Cavaco Não é emendada com
Sou Assim até Mudar. Mas o repertório inclui sucessos como Cabide Enredo do Meu Samba. Teatro
(de Ana Carolina), Chega (Mart’nália e Mombaça), Pé do Meu Samba Prudential. Rua do Russel, 804,
(de Caetano Veloso) e Pra que Chorar (de Vinicius de Moraes e Baden Glória. → 19 de janeiro, 20h.
Powell). Circo Voador. Rua dos Arcos, s/nº, Lapa. → 7 de janeiro, 22h. R$ 40,00 a R$ 80,00. Ingressos
R$ 60,00 a R$ 180,00. Ingressos pelo www.eventim.com.br. pelo www.sympla.com.br.
LEO AVERSA

Dupla incendiária
No mesmo ano em que completaram 70 anos, Baby do
Brasil e Pepeu Gomes se uniram no show 140 Graus, que
tem direção musical de Pedro Baby, um dos filhos do ex-
casal. Juntos, eles apresentam hits das carreiras de cada
um, como Sem Pecado e sem Juízo (de Baby) e Eu Também
Quero Beijar (de Pepeu), clássicos dos Novos Baianos, seu
extinto grupo, e fazem homenagens a João Gilberto e a
Tom Zé, grandes influências da banda. Fundição Progresso.
Rua dos Arcos, 24, Lapa. → 7 de janeiro, 22h. R$ 60,00 a
DIVULGAÇÃO

R$ 400,00. Ingressos pelo www.ingresse.com.

56 Veja Rio dezembro 2022

 CINEMA
Luiza Maia

BABILÔNIA. Ambientado no fim da década de 20,

o longa retrata Hollywood em um momento de transição
do cinema mudo para os filmes com diálogos — cenário

PARAMOUNT PICTURES
que leva à ascensão e queda de diferentes atores.
Brad Pitt, Margot Robbie e Tobey Maguire estão entre
os nomes do estrelado elenco. Estreia em 19/1.
PRÓXIMAS ESTREIAS
s
EMILY. A escritora inglesa I WANNA DANCE WITH
Emily Brontë (1818-1848) tem ta SOMEBODY. Após Queen, Elton
is
sua juventude imaginada neste John e Elvis ganharem biografia
filme estrelado por Emma no cinema, chegou a hora da
ev

Macke. A trama apresenta a emocionante história de uma das

mente genial por trás de maiores cantoras de todos os
R

O Morro dos Ventos Uivantes. tempos ser retratada. A trama

il

Enquanto contraria o que acompanha a trajetória de

as

esperam dela, a rebelde e Whitney Houston, vivida por

desajustada Emily vive um Naomi Ackie, da escuridão ao
Br

amor doloroso e proibido. estrelato. Estreia em 12/1.

Estreia em 29/12.
DECISÃO DE PARTIR.
Prestigiado em Cannes com
o prêmio de melhor direção,
o longa de Park Chan-Wook é
ambientado em um pequeno
vilarejo da Coreia do Sul, onde
ocorre um possível assassinato.
O detetive à frente das
investigações acaba se
envolvendo com a principal ATERRORIZANTE 2. Após ser
suspeita do crime, a viúva ressuscitado por uma entidade
da vítima. Estreia em 5/1. maligna, o palhaço Art está de
volta ao Condado de Miles. Por
GEMINI: O PLANETA SOMBRIO. Nesta ficção científica, onde passa, ele deixa seu rastro
astronautas são enviados em uma missão espacial para de extrema violência. Agora o
encontrar um planeta habitável, que será a salvação da sinistro malabarista vai caçar
humanidade. Mas eles descobrem que uma força uma adolescente e seu irmão
desconhecida já possui outros planos para o local e a luta mais novo durante a noite de
pela sobrevivência se intensifica. Estreia em 5/1. Halloween. Estreia em 29/12.

Veja Rio dezembro 2022 57

 CRÔNICA
Maria Ribeiro
Oração ao tempo
im, eu estou vendo a Copa. E também The
S Crown, White Lotus, e os reacts do Casimi-
ro. Não, eu não montei a árvore de Natal,
eu sei, tenho que correr, é que dezembro e Gal-
vão Bueno estão em processo de adaptação e
até agora não se entenderam completamente.
Verão? Ah, é, estamos quase lá, preciso
acionar minha versão praiana, mesmo que ela
nunca tendo existido. A esperança é a última
que... você sabe. Um dia ainda me adapto aos
termos e condições das estações do ano e
“Depois de quatro dos seus respectivos eventos, mesmo quan-
do misturados.
anos de bolas Retrospectiva: vamos lá. Não ia torcer pro
s
vindas pela Brasil e estou torcendo pro Brasil, deixei de usar
ta
máscara e voltei a usar máscara, achei que a Gal
esquerda, um
is
era pra sempre e continuo achando, e vi meu
caçula virar adolescente numa terça-feira à tar-
ev
pouquinho de de ao voltar da padaria.
assistência não Aí, como é bom prestar atenção na vida
R
miúda! Eu tinha esquecido. Era um tal de vida
faz mal a ninguém.
il
ou morte, um excesso de consciência do país
as
por baixo de cada camiseta amarela, um de-
Figurinhas sespero cívico vinte e quatro horas por dia e
Br
douradas, oito dias por semana (exatamente, oito dias),
uma angústia tão grande por trás de toda e
vento leste, qualquer ida ao cinema ou viagem de Uber,
que de repente parece que o Brasil ganhou
gols bonitos, seu nome de volta, e que todos nós fomos
palavras de amor” sorteados com o prêmio Richarlison de amor
pela espécie humana.
Eu sei, não posso exagerar, existe um for-
te componente inebriante nessa narrativa do
futebol como sentido da existência, mas a
verdade é que, pra mim, o pombo do Espírito
Santo transformou em realidade os versos do
Rappa: “Paz sem voz não é paz, é medo”. Fu-
tebol sem voz não é futebol, é dinheiro. Ou
melhor, só dinheiro.
O.k., talvez eu esteja sendo ingênua. E até
um pouco hipócrita. Sou, além de carioca e tri-
color, do time da Madonna. Material girl nunca
foi só uma música. E não, não queria morar em
Cuba. Mas não gosto de comer vendo alguém
com fome. Questão de egoísmo, mesmo.
58 Veja Rio dezembro 2022
Escrevo este texto no meio do jogo do
Brasil contra a Croácia. Não penso em mais
nada além da nossa classificação. E talvez es-
tivesse assim, de qualquer forma. Mas a en-
trada em cena de um herói como o atacante
capixaba, deixou, aos meus olhos de torcedo-
ra tola e romântica, a Copa do Catar um tanto
menos injusta.
E como a gente estava precisando! Depois
de quatro anos de bolas vindas pela esquer-
da, um pouquinho de assistência não faz mal
a ninguém. Figurinhas douradas, vento leste,
gols bonitos, palavras de amor.
A duas semanas de 2023, tenho gastado
meus dias fazendo a mudança da minha
mãe. Às vezes a gente começa em dezembro,
festeja em silêncio, canta pra dentro. No
meio de dezenas de caixas, um álbum me
chama a atenção. São recortes antigos de
jornal, páginas de revistas velhas, cartas dos
anos 50, e uma foto em preto e branco do
meu pai com o Pelé.
Sim, meu pai. Com o Pelé. Em 1958. Na
Suécia. O tempo é mesmo o dono de tudo.
Estou ao lado dos meus dois filhos vibrando
com todo o meu peito por um esporte que
consiste em simplesmente correr atrás de
uma bola. Faço isso exatamente como meu
pai fazia, e provavelmente como meus ne-
tos farão.
São 2 horas da tarde do dia 9 de dezem-
bro de 2022. Brasil e Croácia estão há noven-
ta minutos tentando deixar duas nações feli-
zes, o que é impossível. Do meu lado, eu só
quero não ter medo, nem de ganhar nem de
perder. Que no final das contas é sobre isso,
a vida.
Às vezes é zero a zero.
Às vezes vamos pra prorrogação.
Às vezes ganhamos.
Às vezes perdemos.
Mas o gol do Richarlison, suas palavras,
sua postura, isso ninguém nos tira. A isso,
chamamos esperança.
Alguns homens valem por todos os outros. ƒ
Br
as
il
R
ev
is
ta
s
Br
as
il
R
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is
ta
s