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02 DE JULHO DE 2016

Como vender melhor e mais rápido

Caro leitor,

Aprender a vender seu imóvel não requer que você tenha um PhD em nenhuma área,
muito pelo contrário, é relativamente simples, porém, existem erros e truques que
podem atrapalhar ou facilitar o processo de venda.

A maior parte do material disponível sobre venda de imóveis é voltado para o corretor
e envolve muitos pontos que não importam a você, como captar imóveis para venda.

Outros materiais são feitos por corretores muito mais para tentar convencer você a
contratá-los do que efetivamente ensiná-lo a realizar o processo.

Não tenho outra intenção a não ser repassar um conhecimento valioso para que você
tome as decisões corretas. Não me importa se você contrate ou não um corretor ou
qualquer outro profissional.

Só quero que, com esta série, você consiga vender seu imóvel pelo melhor preço e da
forma mais rápida possível.

Para chegar a esse objetivo, dividimos esta série em seis relatórios semanais:

1. Sete indicadores essenciais para entender o mercado residencial;


2. Preparação jurídica e documental para uma venda rápida;
3. Técnicas avançadas de negociar melhor;
4. A melhor forma de precificar seu imóvel;
5. Como atrair a maior quantidade de compradores interessados;
6. House staging: preparação do imóvel para uma venda rápida.

Ao final dos seis relatórios faremos uma monitoria ao vivo para tirar dúvidas.

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Com a programação definida, antes de irmos em frente, vamos analisar se você
realmente deve vender seu imóvel agora.

Você realmente deve vender agora?

Existem alguns itens importantes que precisamos avaliar antes de vender seu imóvel.

1. Necessidade vs. vontade

As razões que o estão levando à decisão de venda caem em duas categorias:


necessidade ou vontade.

Se você tem um imóvel que abriga muito bem sua família, porém, não tem garagem
disponível. É desagradável para você porque o carro fica muito quente no verão e
exposto a chuvas, também.

Apesar de todas as vantagens, ter uma garagem é um desejo e não uma necessidade.
A mudança pode ser evitada! É só se conformar com o fato de não possuir uma
garagem.

Se, por outro lado, você teve uma queda da renda familiar e não consegue mais
honrar o financiamento imobiliário, estamos diante de uma necessidade. É uma
situação insustentável, e, a mudança, inevitável.

Sendo uma necessidade verdadeira, não há o que discutir! Vamos só avaliar o


impacto financeiro da transação para que você tenha uma analise completa.

Caindo na categoria vontade, recomendo que você avalie se é possível resolver o


problema em questão de outra forma. No caso da garagem, por exemplo, não seria
possível construir uma no seu imóvel atual?

Se ainda não for possível resolver o problema, avalie se a mudança traz realmente
garantia que haverá solução. Se o que o incomoda é o barulho, avalie com cuidado se
o próximo imóvel não apresentará o mesmo problema.

Certa vez mudei para um apartamento que tinha muito barulho somente nas tardes
de sábado. Detectei esse problema só depois de mudar!

2. Custos envolvidos na transação

Havendo certeza que a mudança, fique sabendo que entre vender para algo mais caro
e não vender, manter o imóvel será sempre mais vantajoso financeiramente.
Sua vontade terá um preço muito concreto!

São dois custos que precisarão ser levados em conta. O primeiro é o custo da
transação em si. Muito possivelmente você incorrerá no custo de corretagem da venda

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(entre 2% e 8% do valor da transação) e no imposto sobre o ganho de capital (15%
de imposto sobre o ganho).

Você terá custos sobre a aquisição do novo imóvel, incluindo o imposto sobre
transmissão de bens imóveis (ITBI), escritura e registro (entre 3% e 5% do valor do
imóvel).

Os custos envolvidos podem atingir facilmente entre 5% e 20% do valor imóvel.

Todas as vezes que você aumentar o valor do seu imóvel, aumentam os custos da
propriedade do imóvel. Em outro artigo fizemos um exemplo no qual esses custos
chegaram a 11% do valor do imóvel por ano.

Se comprar algo em torno de R$ 100.000 mais caro, serão cerca de mais R$ 11.000
de custos que você deverá incorrer.

Em resumo, qualquer que seja o motivo – desejo ou necessidade – significará um


custo de 5% a 20% do valor imóvel mais 11% do aumento de valor do imóvel
realizado.

Tanto a necessidade como a vontade irão gerar mudanças em seus custos que
precisarão ser avaliados.

3. Situação financeira e objetivos

Um imóvel mais caro significa maior custo da propriedade e será necessário que você
avalie se caberá em seu orçamento. Pode haver também mudanças em despesas
importantes como transporte, educação, saúde e alimentação.

Se o deslocamento for para um novo emprego, será necessário verificar se a nova


remuneração, nova moradia e novas despesas irão deixá-lo com mais ou menos
dinheiro no fim do mês.

Verificar se o novo orçamento caberá no seu bolso é importante, mas, além disso
você precisa saber se as necessidades de longo prazo estão sendo atendidas,
especialmente a aposentadoria e outros objetivos que você tenha.

Isso é importante especialmente para quem nunca fez um levantamento de despesas


nem um planejamento de longo prazo de finanças pessoais.

Queremos evitar que você invista tempo e dinheiro (de 5% a 11% do valor do imóvel)
para descobrir que não deveria se mudar.

Este é o momento ideal para se vender um imóvel residencial?

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O sonho de todo vendedor de imóveis é fazer a venda num mercado com forte
demanda e certa escassez de produtos. Até imóveis “mais ou menos” são “perdoados”
pelo mercado, que os compra apesar de não serem os ideais.

Não há tanta preocupação em vender rápido, porque a cada vez pode-se aumentar o
preço, fazendo com que o custo de oportunidade se reduza. São bons momentos para
se carregar um imóvel.

Transações de imóveis de qualidade são realizadas em semanas e não meses, e


vendem-se prédios novos inteiros em um fim de semana.

Esse é o caso clássico de um mercado vendedor, no qual recomendamos as seguintes


táticas:

– No início do ciclo do mercado vendedor não é preciso ter pressa para vender. É mais
vantajoso manter uma quantidade maior de imóveis por mais tempo, pois existe forte
probabilidade deles se valorizarem muito acima da inflação;

– Do meio para o final do ciclo, recomendo realizar operações de trade down, ou seja,
de vender um imóvel mais caro para comprar um mais barato, desde que se encaixe
ao seu novo estilo de vida, com a saída dos filhos de casa, por exemplo;

– Desde o início do ciclo até o meio do ciclo as operações de compra de apartamentos


na planta são altamente recomendáveis, pois têm potencial de retorno de mais de
100%. Repare que essa operação precisa ser planejada com cuidado, pois,
geralmente, são dois ou três anos até ver o lucro acontecer e, nesse meio-tempo, o
ciclo pode ter virado;

– No fim do ciclo, é a hora de se ter pressa para vender; não precisa nem caprichar
tanto na negociação, porque os preços já estão esticados e os resultados foram
excelentes.

Ciclo comprador

Um mercado comprador é fácil de se detectar. Começam a aparecer liquidações de


incorporadoras, nos famosos feirões. Existe uma profusão de placas de vende-se e
aluga-se. Aqueles imóveis mais ou menos encalham.

Nunca mais se vende um prédio inteiro num fim de semana. Os estoques de imóveis
começam a subir, mesmo que não haja mais lançamentos.

Esse ambiente geralmente é acompanhado de aumento na taxa de juros e/ou


diminuição da renda per capita, geralmente por desemprego e negociações de
reajustes abaixo da inflação.

Nesse ambiente, as melhores táticas do ponto de vista do vendedor são:

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– Se o ciclo ainda estiver se configurando – portanto, no início – venda o mais rápido
possível. É preciso ter pressa. Quanto mais você tiver imóvel, pior para você, porque
os preços vão render menos do que a inflação;

– Do meio para o final do ciclo, são recomendadas operações de trade up, ou seja,
operações em que você tem a necessidade de aumentar o valor do imóvel que você
possui. Os preços estão deprimidos e você pagará menos pela diferença.

– Do início até quase o fim do ciclo, as operações de compra na planta são totalmente
desaconselhadas, pois darão retornos muito ruins. Nesse momento de mercado, você
precisa exigir descontos monstruosos para fazer valer a pena.

– No fim do ciclo, posicione-se novamente em imóveis, e, para aqueles que querem


vender, é recomendável esperar a reação do mercado.

Em que momento estamos?

Mostrar quais são as táticas mais indicadas para cada período não vai adiantar nada
se eu não indicar em qual parte do ciclo nos encontramos.

No momento em que esta série está sendo escrita, meados de 2016, estamos
chegando ao fim de um período de mercado comprador que se iniciou em 2014 e que
deve se estender por mais alguns meses.

Estamos presenciando uma transição, e saber exatamente qual é a data em que


haverá essa inversão de tendências está fora das minhas capacidades – e das de todo
mundo.

As tendências para os próximos cinco anos são relativamente fáceis e óbvias de


indicar. Entraremos em um mercado vendedor novamente, possivelmente começando
no segundo semestre de 2017, com a redução da taxa de juros sendo o principal
catalisador dessa mudança.

A melhor estimativa é que ainda teremos um período fraco de preços pela frente,
possivelmente até o fim de 2016 e, aos poucos, uma reação da velocidade de venda
de imóveis acontecerá no primeiro semestre de 2017.

O começo será lento porque os bancos ainda estarão muito restritivos para a
concessão de crédito e redução de taxas, então haverá uma reação mais rápida em
mercados que não precisam ou que já tenham concessão de crédito garantida.

Estamos falando de uma reação mais rápida na alta renda, que não precisa de crédito
e que realiza operações com permuta e dinheiro, e na baixa renda, que já tem crédito
garantido pelo programa Minha Casa Minha Vida.

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E presenciaremos o início de um mercado vendedor em algum momento do segundo
semestre de 2017, sendo a redução da taxa de juros o principal catalisador dessa
mudança, e, assim, teremos reações de preço para todos os segmentos de renda.

Para um mercado assim, vale as recomendações táticas que resumimos a seguir:

– É hora de fazer um trade up, se você realmente necessita de um imóvel mais caro e
tem condições financeiras;

– Se não tem nenhum impedimento para esperar 18 meses ou mais, imóveis têm uma
alta probabilidade de render bem acima da inflação nesse período;

– É um momento ideal para fazer apostas em imóveis na planta com projetos de alta
qualidade.

Se você precisa mesmo vender agora, não tem problema! Há ainda toda uma série
pela frente para sua orientação.

Como formar cenários?

Mais do que simplesmente entregar de bandeja um cenário pronto, tenho a intenção


de ensinar você a aprender a ler os indicadores de mercado e começar a traçar os
próprios cenários.

Esse é o tipo de conhecimento que não se perde e você poderá usá-lo para análises
para o resto de sua vida.

O restante deste primeiro relatório é uma reprodução de um relatório que já estava


disponível para assinantes do Valor Imobiliário que ensina quais são os indicadores
que você precisa monitorar para entender as tendências do mercado residencial.

Para quem já leu, não é necessário revisitar. Para quem não leu ainda é uma leitura
obrigatória para entender melhor o mercado residencial.

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7 indicadores essenciais para entender o
mercado residencial
Fizemos um extenso artigo sobre a tendência dos imóveis residenciais de acompanhar
a inflação no longo prazo.

Uma das conclusões importantes daquele artigo é que o momento de entrada e saída
do mercado de imóveis residenciais pode ser mortal.

Quem ingressou nesse mercado na década de 1990 amargou mais de uma década de
preços de lado; e quem entrou em 2004 está dando risada sozinho até agora.
Entender o momento do mercado é essencial para o investidor conseguir retornos
diferenciados.

E, gostando ou não, quando você adquire um imóvel, mesmo para uso próprio, você
está entrando no mercado imobiliário.

O imóvel é a principal decisão de consumo que você terá na sua vida. É sua obrigação
tomar essa decisão da melhor forma possível.

Saber, por exemplo, que a confiança do consumidor no pico de sua série histórica é
um indicativo de que o mercado de imóveis pode estar aquecido – e você terá menos
margem de manobra em negociações.

Ou entender que, se existe uma tendência para a queda das taxas de juros, ela pode
significar que você deve se apressar para comprar, aproveitando preços de ocasião.
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São cinco indicadores de demanda e dois de oferta que precisam ser analisados para
se ter uma visão completa desse mercado no Brasil.

Nunca é bom analisar somente um desses itens separadamente, sendo necessário um


entendimento das relações entre todos.

Os 5 indicadores essenciais de demanda

1.Preço de imóveis

O histórico de preço de imóveis é a melhor medição da temperatura de mercado. No


mercado brasileiro, contamos com dois índices principais: IVG-R e FipeZap.

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IVG-R

O Índice de Valores de Garantia de Imóveis Residenciais Financiados (IVG-R)


acompanha o preço de avaliação dos imóveis cujos compradores tenham recorrido ao
financiamento imobiliário.

A vantagem desse índice é que ele tem um histórico maior – desde 2001 –, porém, o
fato de usar a avaliação de terceiros, em vez do preço efetivo da transação, dá
margem a distorções em relação ao preço efetivo de mercado.

Outra desvantagem é que ele só computa as transações em que houve financiamento.


Qualquer operação com consórcio, permuta ou à vista fica fora do índice.

Minha forma preferida de estudar esse índice é quando retiramos o efeito da inflação
dos números.

O IVG-R deflacionado irá nos apontar quanto os preços subiram (ou caíram) em
termos reais, ou seja, expurgando o efeito da inflação.

Fonte: Banco Central do Brasil e Empiricus

Vimos que existe uma tendência de os imóveis se valorizarem igualmente ao índice de


inflação no longo prazo.

Um longo período com preços corrigidos acima da inflação só será sustentável se


houver alguma mudança estrutural da capacidade de pagamento.

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Essas mudanças estão relacionadas à criação de riqueza do país, com aumento da
renda per capita acima da inflação ou reduções estruturais de juros e dilatação de
prazos.

No caso brasileiro, ocorreu uma mudança estrutural no começo dos anos 2000 que
facilitou a recuperação de imóveis financiados cujo comprador estivesse inadimplente,
por meio da alienação fiduciária.

Essa mudança de legislação animou as instituições financeiras a emprestarem mais


por terem uma facilidade muito grande de recuperar um imóvel de um devedor.
Além disso, os juros dos financiamentos caíram lentamente com a melhora dos
fundamentos econômicos do País. Também tivemos o efeito positivo de prazos de
pagamento mais dilatados.

Por último, a renda real teve aumentos expressivos nesse período.

Foi uma mudança radical da capacidade de pagamento.

O desempenho de 2004 a 2013 reflete essa mudança estrutural. Quem estava na


ponta compradora nesse período não poderia esperar que os preços parassem de
subir enquanto não ocorresse uma redução da capacidade de pagamento.

Nunca tente lutar contra uma mudança estrutural de mercado. O melhor curso de
ação para compradores num período como esse é comprar o mais rápido possível.

Em 2014, diante do aumento de preço dos imóveis, da alta das taxas de juros, do
aumento da entrada requerida e da redução do prazo de pagamento, a única
tendência possível seria uma lenta queda em relação à inflação, que pode ser
verificada no período de 2014 a 2015.

Relacione preços com capacidade de pagamento e você conseguirá explicar grande


parte das mudanças de preços de imóveis.
Não havendo mudanças estruturais, a tendência de longo prazo é de evolução pela
inflação.

FipeZap

O Índice FipeZap de Preços de Imóveis Anunciados (FipeZap) é uma pesquisa de preço


com base nas ofertas de imóveis pela internet.

A vantagem é que ele engloba imóveis anunciados, considerando até aqueles que são
comercializados sem a utilização de financiamento. A desvantagem é que o valor
anunciado geralmente é diferente do valor negociado. Sempre existe um desconto!

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Mesmo imóveis que ficaram anos a fio sendo anunciados por preços fora da realidade
correm o risco de integrar esse índice, distorcendo-o.

O FipeZap é divulgado nacionalmente e os preços da cidade de São Paulo são


coletados desde 2008.

Estão disponíveis levantamentos de: Rio de Janeiro/RJ, Belo Horizonte/MG,


Brasília/DF, Recife/PE, Fortaleza/CE, Salvador/BA, Santo André/SP, São Bernardo/SP,
São Caetano do Sul/SP, Niterói/RJ, Vitória/ES, Vila Velha/ES, Porto Alegre/RS,
Curitiba/PR, Florianópolis/SC, Campinas/SP, Osasco/SP, Guarulhos/SP, Santos/SP,
Guarujá/SP, São Vicente/SP, Praia Grande/SP, Goiânia/GO e Contagem/MG.

A recomendação é que o FipeZap sempre seja usado em conjunto com o IVG-R. O


FipeZap é mais ágil, é divulgado rapidamente e reflete melhor os desejos de preços
dos vendedores, porém, o IVG-R detecta melhor a tendência de preços efetivamente
fechados.

2. Concessão de crédito

Infelizmente não existe um levantamento nacional de volume de vendas que englobe


vendas de imóveis novos e usados, financiados ou pagos à vista.
Nossa sorte é que a maioria esmagadora dos compradores utiliza financiamento para
concretizar negócios imobiliários, assim, o volume de concessão de crédito é um
excelente indicador do nível de vendas do país.

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A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip)
divulga regularmente o número de unidades e o volume em reais financiados no País.

Fonte: ABECIP

O problema desse indicador é que ele só leva em conta os recursos advindos da


poupança e o mercado tem outras formas de se financiar.

Para computar essas outras fontes, o Banco Central realiza um levantamento de todos
os financiamentos imobiliário realizados no País, independentemente da fonte de
recursos. A desvantagem é que essa pesquisa não tem um histórico longo.

Fonte: Bacen - Concessões de crédito com recursos direcionados - Pessoas físicas -


Financiamento imobiliário total
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Analisando as duas estatísticas em conjunto temos uma excelente ideia do nível geral
de negócios imobiliários residenciais do País.

E tiramos uma rápida conclusão: 2015 representou um retrocesso para os níveis de


negócio de 2012. É um mercado em retração.

3. Taxas de juros de financiamentos imobiliários

A tendência das taxas de juros praticadas nos financiamentos imobiliários afetará a


capacidade de pagamento de potenciais compradores.

Lembre-se que um aumento dos juros empurra o comprador para um imóvel menor
ou para uma longa espera, reduzindo a demanda agregada do mercado.

Qualquer pequena diferença de 0,5% ao ano tem um forte impacto nas possibilidades
de compradores e, portanto, não deve ser considerada pequena ou trivial.

Fonte: Bacen - Taxa média de juros das operações de crédito com recursos
direcionados - Pessoas físicas - Financiamento imobiliário com taxas de mercado e
com taxas livres.

Analisando os dados percebemos que as taxas de juros em 2015 voltaram a níveis de


2011/2012, afetando de forma relevante a capacidade de pagamento do consumidor.

Essas taxas de financiamento são derivadas da taxa básica de juros do País,


conhecida como Selic. Quanto mais a Selic sobe, maior é a pressão para os bancos
aumentarem as taxas de financiamento bancário.

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Você confere as expectativas de mercado em relação à taxa Selic pelo relatório Focus
do Banco Central.

Outro ponto importante para as taxas de financiamento imobiliária são as captações


(ou saques) da poupança. Como importante fonte de recursos para financiamento
imobiliário e sendo o recurso mais barato, quanto menor a participação da poupança
nas fontes de recursos, mais cara deve ser a taxa de financiamento.

A participação da taxa de poupança tem relação direta com a atividade de captação ou


saque que estão disponíveis nesse relatório.
https://s3.amazonaws.com/criandoriquezaimagens/Poupanca_Diaria.xls

4. Confiança do consumidor

Não adianta o desejo de comprar, a capacidade de pagamento e o financiamento


disponível, se o potencial comprador tem medo de perder o emprego ou se desconfia
do desempenho de seu negócio.

A confiança do consumidor precisa estar em níveis civilizados para que haja um


patamar saudável de vendas de imóveis.

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) realiza um levantamento mensal do nível da


confiança do consumidor.

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Fonte: Fundação Getúlio Vargas / IBRE

Um índice situado na sua mínima histórica indica que muitas pessoas estão em modo
de espera para realizar transações. E também sinaliza uma possível oportunidade para
compradores.

Quando o índice atinge o seu máximo, o mercado está indicando uma possível
oportunidade para vendedores.

5. Expectativa de preços

Chega a copa do mundo e nos transformamos nos melhores técnicos de futebol.


Discutimos táticas e questionamos os convocados, mesmo não sendo nossa
especialidade.

Então, não vai surpreender ninguém que todo comprador tem uma opinião sobre a
tendência futura dos preços do mercado de imóveis, mesmo que ele não tenha
passado mais do que alguns minutos pensando sobre isso.

Como aprendi com os economistas, a própria expectativa é um fundamento


importante de qualquer mercado.

O fato de a maioria dos potenciais compradores esperar uma queda de preços pode
resultar em dois cenários: (i) efetiva queda dos preços dos imóveis ou (ii) paralisia do
mercado, com os vendedores rejeitando reduzir preços.

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Já o fato de a maioria dos compradores esperar um aumento de preços só pode
significar um efetivo aumento de preços em um mercado muito líquido.

O FipeZap realiza uma pesquisa trimestral para pessoas que querem comprar um
imóvel em três meses chamada Raio X FipeZap. Ela estima a expectativa de preços
desses participantes para os 12 meses seguintes e também para 10 anos.

Reprodução Raio-X FipeZap – FipeZap

Conjunto da obra

Uma análise inteligente das questões de demanda dará pistas preciosas para modular
nossa atuação no mercado de imóveis, nem que seja para uma única e simples conta.
Se o conjunto de indicadores mostra falta de confiança, expectativa de queda de
preços e capacidade de pagamento diminuída, a balança do poder de negociação está
do lado do comprador.

É possível identificar períodos em que o mercado está claramente pendendo para o


vendedor e poderemos atuar com a necessária rapidez para não pagar mais caro ou
esperar para vender mais caro.

Sabendo-se dos fundamentos de capacidade de pagamento, será possível antecipar


mudanças que possam acontecer na relação entre renda, taxa de juros, prazos de
pagamento, disponibilidade de crédito e preços de imóveis que, consequentemente,
indiquem uma mudança estrutural do mercado, como aquelas que presenciamos em
2005 e 2013.

Não esqueçamos da oferta: dois indicadores a monitorar

A demanda é a mãe de todos os catalisadores de preços e do volume de negócios


concretizados, porém, não podemos esquecer da análise da oferta.
Toda vez que um imóvel é colocado à venda, há um aumento da oferta de imóveis
naquele mercado. Repare que o imóvel pode ser usado – geralmente vendido por

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particulares – ou novo – geralmente vendido por incorporadoras, empresas
desenvolvedoras.

As incorporadoras, por serem profissionais e lidarem com uma grande quantidade de


negócios, acabam funcionando como líderes na determinação de preços e volumes.

A questão é que não há uma coordenação formal das ações das incorporadoras. Elas
não formam um conjunto homogêneo que toma decisões coletivas. Pelo contrário, a
competição entre as incorporadoras é intensa e as pressões por resultados dos
acionistas também.

Podemos contar com exageros dessas empresas em períodos de euforia, quando


colocam mais imóveis à venda do que os consumidores têm condição de comprar.
É perfeitamente possível às incorporadoras enfrentarem problemas de aprovação e
produção, trazendo para o mercado uma quantidade de imóveis que não atende à
demanda dos potenciais compradores.

Em poucas palavras, pode acontecer de o mercado estar passando por um grande


desequilíbrio entre oferta e demanda, que certamente repercutirá sobre os preços.
As incorporadoras estão constantemente testando o mercado com novos produtos. É
possível fazer o lançamento de um empreendimento e cancelar em seis meses se não
vender bem.

A modalidade de venda de imóvel ainda não construído, conhecida como venda na


planta, permite ao comprador desistir da compra a qualquer momento antes da
entrega do produto.

Essa possibilidade aumenta involuntariamente a oferta de mercado em momentos nos


quais o nível de desistência – conhecida como distrato – aumenta.

Grandes desequilíbrios com oferta exagerada foram detectados em anos recentes em


mercados como os de Salvador e Rio de Janeiro.

O nível de informação pública disponível para cada mercado varia muito. O Secovi-SP,
por exemplo, tem uma boa quantidade de informação sobre oferta e nível de vendas
para a região metropolitana de São Paulo.

Uma consulta à regional do Secovi ou da Associação de Dirigentes de Empresas do


Mercado Imobiliário (Ademi) de sua localidade será necessária para obter estes dois
indicadores essenciais.

Estoque

Cada vez que uma incorporadora coloca um empreendimento com imóveis novos à
venda acontece o que é conhecido no jargão de mercado como lançamento.

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O indicador de estoque é o conjunto de todas as unidades do empreendimento
lançadas que ainda não foram vendidas, independentemente de o empreendimento
estar pronto ou não.

Fonte: Pesquisa Mensal Imobiliária – Secovi SP

Estoques altos, ou muito baixos, são indicadores de problemas de desbalanceamento


entre oferta e demanda.

Para entender melhor as razões é que precisamos saber como foi o comportamento
das incorporadoras em relação aos lançamentos de novas unidades à venda.

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Fonte: Pesquisa Mensal Imobiliária – Secovi

Repare o contraste entre o ano de 2010, com maior quantidade de imóveis novos
lançados a mercado e com menor estoque, e 2015, com menos lançamentos e
estoque estável.

Um mercado que lança muito com estoque baixo é um mercado superaquecido; um


mercado que não lança nada e ainda assim o estoque não abaixa é um mercado
paralisado.

Um cenário completo

Independentemente da época em que você ler este artigo, o importante é coletar


essas informações para criar uma visão realista do mercado imobiliário residencial.
Uma dica importante é nunca tomar decisões com base em matérias jornalísticas que
analisem pequenos períodos de tempo ou que se concentram em apenas um
indicador.

Abraço

(*) A reprodução indevida, não autorizada, deste relatório ou de qualquer parte dele sujeitará o infrator
a multa de até 3 mil vezes o valor do relatório, à apreensão das cópias ilegais, à responsabilidade
reparatória civil e persecução criminal, nos termos dos artigos 102 e seguintes da Lei 9.610/98

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