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Ramires (2020)
Ramires (2020)
que, por não serem resolvidos entre o próprio casal, foi judicializado. Após uma
separação litigiosa, é comum que algumas crianças resistam ao contato com um dos
genitores. Isso não necessariamente significa a presença de alienação parental.
A resistência pode se dar por motivos tais quais: um estilo parental rígido (bravo,
inflexível com a criança), uma forma de diferenciação do adolescente de seus genitores,
uma preferência da criança ficar com o genitor percebido como mais fragilizado
emocionalmente pelo divórcio, pela ansiedade de separação de um dos genitores
presente em crianças mais jovens, resistência a uma nova relação conjugal de um dos
genitores ou por abusos e violências sofridos na família. (Ramires, 2020).
Além dos mais, Vera Ramires (2020) elenca três outros fatores que podem gerar
resistência nos filhos(as). São eles um vínculo frágil e distante com um de seus
genitores, a ausência de sensação de segurança durante a estadia com o genitor e a
percepção, por parte da criança, que não há desejo dos pais para vê-la.
De acordo com Kelly e Jhonson (2001 apud Ramries, 2020), as crianças mais
vulneráveis á alienação estão na faixa etária de 9 a 15 anos de idade – por apresentarem
noção de julgamentos e valores. Entretanto, Ramires (2020) destaca que existem
crianças de 5 a 9 anos de idade com intensa rejeição a um dos genitores, sem evidências
racionais para tal. Do mesmo modo, crianças entre 7 e 8 anos apresentam dificuldades
de apego e ansiedade de separação podem desenvolver comportamento alienado se nada
se alterar. As crianças mais vulneráveis à alienação são aquelas que apresentam
ansiedade, baixa autoestima, teste de realidade prejudicado e problemas
cognitivos. Em todos os casos, é fundamental analisar o motivo da resistência ao
contato que a criança apresenta.
Citando algumas pesquisas da área, Ramires (2020) destaca que nas entrevistas
com crianças, há uma perda da espontaneidade, revelada por discursos prontos de falar
mal dos pais. Há conflitos de individuação, apresentando uma relação simbiótica com a
mãe e ambivalência em relação a ela. Nos testes projetivos, as meninas se retratam bem
semelhante às mães, com desenvolvimento abaixo do esperado para idade. Os meninos
desvalorizam si mesmos e tendem a omitir os pais nos desenhos. O estilo de apego de
crianças afetadas pela alienação parental é inseguro.
Com os pais, os testes mais utilizados são o HTP, Rorschach, TAT, Inventario de
estilos parentais (IEP), teste de zulliger, WAIS adultos e o inventário de expressão de
raiva. Com as crianças, são usados o HTP, desenho da figura humana, o teste de fábulas,
escala de inteligência (WISC), IEP (estilos parentais), escala de traços de personalidade
para crianças (ETCP), Rorschach e escala de stress infantil (ESI – de 6 a 14 anos).
Por fim, Ramires (2020) destaca que a avaliação deve promover uma
discriminação das razões por que as crianças apresentam a recusa ou resistência ao
contato parental, avaliar o que da dinâmica do relacionamento dos pais com os filhos
causa o afastamento, além de compreender as características dos genitores e da criança
tendo em vista seu papel e suas dificuldades. Vale lembrar que o laudo e a sentença não
esgotarão o sofrimento pela qual passa a família.