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Matheus dos Santos Correia 1

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PROBLEMA 05 – CUIDADO COM AS VACINAS!

01. Estudar o desenvolvimento do sistema imunológico.


A maior morbidade e mortalidade relacionada ao RN apresenta uma íntima relação com o
desenvolvimento e maturação do sistema imunológico do mesmo. O amadurecimento do
sistema imunológico inclui o desenvolvimento de uma resposta imune inata, a indução de
uma resposta antígeno-específico e memória imunológica para patógenos, em paralelo ao
desenvolvimento e à manutenção de tolerância aos antígenos próprios, à flora saprófita e
aos antígenos alimentares.

A principal função do sistema imunológico é a proteção contra os agentes infecciosos e


parasitários. Ele atua no controle do desenvolvimento de neoplasias malignas, no processo de
tolerância imunológica e na homeostase de órgãos e tecidos.

A primeira linha de defesa é constituída por uma barreira física através da pele e mucosas.
As células epiteliais compõem essa barreira e produzem substâncias antimicrobianas. Uma vez
que um patógeno atravessa essa “barreira” os componentes da resposta imune inata e
adaptativa entram em ação para conter essa possível infecção.

 Imunidade maturação, inata ou inespecífica

Constitui a primeira linha de defesa do organismo, sendo formado por sistema genéricos ou
não direcionados a um patógeno específico. Sua composição como foi dita acima é através
das barreiras mecânicas (pele e mucosas), barreiras fisiológicas (secreções das glândulas
sudoríparas e sebáceas, ação de muco nas mucosas e atuação de cílios, principalmente, no
trato respiratório), flora microbiota (impede a colonização maciça por germes patogênicos),
fatores séricos e teciduais (imunoglobulinas secretórias IgA, lizoenzima, citocinas e sistema
complemento).

A ação desse tipo de resposta inespecífica é realizada através das células fagocíticas,
sistema complemento e pelos interferons.

a) As células fagocíticas são compostas pelos monócitos, neutrófilos polimorfonucleares,


macrófagos e células natural killers (NK). Todas essas células realizam sua função
através da interação com os microrganismos invasores, internalizando-os para seu
citosol e, posteriormente, destruindo-os através das suas enzimas presentes dentro dos
lisossomos. É importante destacar que uns números considerados de bactérias
apresentam uma cápsula com propriedades antifagocíticas o que asseguram uma
certa resistência frente a esse mecanismo de fagocitose. Sendo assim, os
polimorfonucleares apresentam em sua superfície receptores para imunoglobulinas e
sistema complemento o que os permitem internalizar esses invasores “especializados”.
b) O sistema complemento é um conjunto de proteínas presentes no soro sanguíneo que
são enumeradas de 1 a 9 (C1 a C9). Esse sistema apresenta três tipos de ativações a via
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clássica (requer a interação com complexos antígeno-anticorpo da classe IgM ou IgG),


a via da lectina e via alternativa (ativação através da presença de lipopolissacarídeos,
toxinas ou outras substâncias). Quando se trata de uma resposta mais inespecífica a via
alternativa prevalece. A síntese das proteínas do complemento pelo RN é detectada
através da 6 a 14 semanas de gestação. Os recém-nascidos apresenta uma
acentuada deficiência na produção de C9, proteína importante para realização da
lise de determinadas bactérias Gram-negativas. Além disso, eles possuem deficiência
funcuinal no componente C3b, o que pode resultar no comprometimento da
capacidade de opsonização e, por conseguinte, o comprometimento da fagocitose.
c) O interferons é uma substância proteica que é sintetizada por células de defesa em
resposta a uma infecção viral. Sua função é minimizar a replicação viral.

Os neutrófilos denominados de polimorfonucleares são células de defesa que exerce uma


importante função na defesa do organismo. Embora essas células apresente uma importante
capacidade de fagocitar microrganismos, sobretudo bactérias e fungos, nos neonatos
apresenta um déficit na resposta neutrofílica a infecções. Esse déficit é acompanhando
devido a redução da capacidade de migração desses neutrófilos para os sítios de infecção,
devido a presença de defeitos de adesão ao endotélio vascular, de quimiotaxia. Outro ponto
importante que reduz a eficiência da resposta imune desses neutrófilos é a dificuldade da
capacidade de opsonização.

 Imunidade adquirida, adaptativa ou específica

A imunidade adquirida é àquela que apresenta a produção de anticorpos específicos


contra um determinado agente agressor e estimula uma memória imunológica. As principais
células envolvidas nesse mecanismo são os linfócitos B e T. As duas principais características
que asseguram sua maior eficácia em relação à resposta inata é a presença de uma maior
especificidade e desenvolvimento memória imunológica.

A ativação dessa resposta requer a primeira exposição ao antígeno. O antígeno é uma


partícula do agente agressor a qual o organismo a classifica como “estranha”. Para que esse
antígeno seja exposto ao organismo é fundamental que ele consiga ter atravessado todas as
barreiras e componentes presentes na resposta inata. Sendo assim, uma vez presente eles são
fagocitados por macrófagos ou por células Apresentadoras de Antígenos (APC) as quais
tornam-se maduras e processam os antígenos para que sejam exibidos em sua superfície para
que desencadeie a resposta específica.

Os linfócitos T são células de defesa que são maturadas no timo e exercem uma importante
função imunológica. Esse tipo de célula exerce o que denominamos de uma resposta imune
celular a qual é fundamental para eliminação de infecções intracelulares e células aberrante,
além de participar do processo de destruição de células alogênicas (doença do enxerto
versus hospedeiro). As células T apresentam em sua superfície receptores para o
reconhecimento de antígenos peptídicos ligados aos complexos de histocompatibilidade
(MHC) na superfície das células APC.
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O contato desses receptores com os antígenos apresentados pelas células APC permite
que os linfócitos T “escaneiam” a informação a realize a ativação dessa resposta imune que
resulta no aparecimento de várias subpopulações celulares: linfócitos T auxiliares, linfócitos T
supressores, linfócitos T citotóxicos (apresentam a capacidade de lisar a célula que exibe em
sua superfície um produto antigênico), linfócitos T responsáveis pela reação de
hipersensibilidade tardia, T Killers (apresenta a capacidade de lisar as células infectadas
quando estas estão recobertas por imunoglobulinas, esse linfócito apresenta receptores Fc
dos anticorpos da classe IgG em sua superfície, por isso, consegue interagir com essa
imunoglobulina) e linfócitos T de memória (asseguram a preservação da memória, podendo
reativar a cascata mediante a um novo contato).

Os linfócitos B quando ativados leva a formação de duas linhagens: linfócitos B de memória


e plasmócitos – responsáveis pela secreção de imunoglobulinas. A principal arma de defesa
dos linfócitos são as imunoglobulinas séricas (IgA, IgG e IgM). O primeiro contato com o
antígeno há um período de latência de alguns dias para que sejam detectados os primeiros
anticorpos IgM. No segundo contato, a resposta secundária, haverá uma produção de
imunoglobulinas de forma imediata, sem período de latência, garantindo a proteção e o não
desenvolvimento da doença. A IgA atua principalmente nas mucosas impedindo a
aderência e a penetração de microrganismos, a IgM é a primeira imunoglobulina a ser
encontrada no sangue, a IgG passa a predominar na resposta secundária, após nvoa
exposição ao mesmo antígeno. A produção de IgG é fundamental para que haja memória
imunológica, isto é, após nova exposição ao mesmo antígeno, haja resposta rápida com
elevada concentração de anticorpos.

Algumas particularidades são importantes de serem destacadas quanto às


imunoglobulinas. Os anticorpos da classe IgM não atravessam a pacenta, motivo pelo qual o
recém-nascido tem dificuldades em se defender contra determinados microoganismo cuja
proteção depende dessa classe, por exemplo, as bactérias Gram-negativas. Os anticorpos
da classe IgG atravessam a placenta e conferem proteção passiva ao recém-nascido contra
muitas infecções virais e bacterianas que refletem a experiência imunológica materna. Essa
proteção por IgG vai caindo gradualmente ao longo dos primeiros meses de vidas e
desaparece até os 15 meses de idade. Os anticorpos IgA não atravessam a placenta, de tal
modo que a proteção intestinal do recém-nascido depende da IgA secretora presente no
leite humano, sobretudo no colostro. O IgE não atravessa a placenta, sendo uma
imunoglobulina importante para proteção contra doenças parasitárias e afecções alérgicas.
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 Barreiras cutânea e gastrointestinal

Após o nascimento a pele do recém-nascido é colonizada pela flora microbiana. A pele


neonatal é frágil e pequenas lesões podem afetar a sua integridade. Sendo assim, o verniz
caseoso, presente no nascimento, é secretado através das glândulas sebáceas fetais,
contendo proteínas e peptídeos antimicrobianos com atividade microbicida e neutralizante
de toxinas microbianas. É interessante destacar que o neonato apresenta um aumento na
expressão de peptídeos antimicrobianaos quando comparado com crianças maiores e
adultos. Esses sistemas de defesas são importantes para conferir proteção contra
microrganismos na fase inicial de transição do ambiente intrauterino estéril para o meio
externo rico em microrganismos.

De forma semelhante, a colonização do trato gastrointestinal ocorre de forma imediata aos


o parto e implica o desenvolvimento de tolerância e homeostase imunológicas. O sistema
imune gastrointestinal necessita do desenvolvimento da tolerância através de um processo
ativo que se inicia na vida intrauterina e continua após o nascimento, especialmente nos dois
primeiros anos de vida.

A mucosa intestinal apresenta um papel importante no sistema imunológico do neonato,


pois ela apresenta a capacidade de estabelecer equilíbrio entre a ativação e a
supressão da resposta imune. Para tanto, a mucosa produz citocinas, fatores de
crescimento e proteínas de membrana que ativam as células dendríticas.

O aleitamento materno mecanismo para o estabelecimento de um rápido


amadurecimento do epitélio gastrointestinal e do sistema imune do lactente, conferindo
proteção, não somente para infecções, bem como para a sensibilização aos alérgenos
alimentares.

02. Determinar os fatores que influenciam na maturação do sistema


imunológico.

03. Compreender o calendário vacinal (indicações, contraindicações, efeitos


colaterais, mecanismos).

Para compreendermos o calendário vacinal, suas vacinas, indicações, contraindicações,


efeitos e mecanismos é importante falar primeiro o que imunidade e definir suas formas.

 Imunização passiva
A imunização passiva é uma alternativa a fim de garantir a imunidade de um indivíduo
através da administração diretamente de anticorpos já formados, por isso, esse tipo de
proteção é classificado com transitória contra determinado agente. A origem desses
anticorpos podem ser heteróloga ou homóloga. A primeira consiste na obtenção de
anticorpos através de animais previamente vacinados, por exemplo os equinos na obtenção
de soros. A segunda origem pode ser obtida através do plasma de seres humanos. Sobre essa
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última cabe destacar que a imunoglobulina obtida através de humanos é menor reatogênica
que aquelas derivadas de animais. Os soros, obtidos através de animais como equinos,
podem desenvolver uma resposta imune no hospedeiro contra os anticorpos exógenos, sendo
eles reconhecidos como proteínas estranhas. Dessa forma, reações alérgicas (anafilaxia) ou
reação de hipersensibilidade, com depósito de complexos imunes.

Existem basicamente dois tipos de imunoglobulinas. (1) imunoglobulina normal padrão ou


standard, ela é obtida através de doadores voluntários não selecionados, sendo assim,
apresenta um espectro de proteção maior e com pouca especificidade. Dessa forma, há
baixa concentração de anticorpos para algumas doenças. (2) imunoglobulina adquirida
através de doadores selecionados apresenta uma alta concentração de anticorpos
específicos contra determinada proteína ou toxina, prevenindo doenças como tétano,
hepatite B, raiva e varicela.

As imunoglobulinas adquiridas por um agente externo apresentam um período de


atividade entre 21-28 dia. Para o uso desse tipo de imunização passiva o indivíduo deve
apresentar duas situações. (1) indivíduos com imunodeficiência congênita que cursem com
disfunção de linfócitos B o que acarreta em um déficit na síntese de anticorpos, ou (2)
indivíduos que necessitem de anticorpos de forma rápida, sendo que não há tempo suficiente
para aguardar o desenvolvimento de resposta protetora prós-vacinação antes do
desenvolvimento da doença. As imunoglobulinas específicas ficam disponíveis nos CRIEs
(Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais).

 Imunoglobulina Humana Antivaricela-Zóster


 Imunoglobulina Humana Anti-Hepatite B
 Imunoglobulina Humana Antirrábica
 Imunoglobulina Humana Antitetânica

 Imunização ativa

A imunização ativa é o processo através do qual induzimos uma resposta imunológica


celular e humoral duradoura contra determinado agente infeccioso para prevenir o
adoecimento. Definimos então vacinação como a administração de qualquer vacina ou
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toxoide (toxina inativada) que vise prevenção de uma doença. A vacinação apresenta um
importante impacto na redução da morbimortalidade para várias doenças infecciosas,
podendo inclusive contribuir para erradicação de algumas doenças, como, por exemplo, a
varíola e o sarampo no Brasil. Ressaltar o impacto negativo das campanhas anti-vacinas no
Brasil, apresentando um paradigma em que até que ponto uma decisão individual pode
sobrepor os interesses coletivos.

A resposta contra uma vacina pode ser dividida entre primária (inespecífica) ou secundária
(específica). A primária nada mais é do que o primeiro contato entre o antígeno e o
organismo hospedeiro que visa induzir uma imunidade. Nesse sentido, ainda não é possível
observar uma memória imunológica. Uma vez que esse primeiro contato acontece é comum
um intervalo de tempo entre a inoculação do antígeno e a produção de anticorpos contra o
mesmo. Dessa maneira, esse período é definido como período de latência que apresenta
uma duração de média entre 7 a 10 dias. Após esse período, podemos identificar uma fase
que definimos como período de crescimento (após 28 dias da inoculação do antígeno) o
qual se caracteriza pela acentuada produção de anticorpos, sobretudo, um importante prico
de IgM. Após esse pico, podemos observar uma
fase de declínio em que a concentração das
imunoglobulinas pode ficar menores, mais ainda
com a capacidade de imunidade (vacinas que
não necessitam de reforço), ou, valores
indetectáveis que não conferem uma proteção
(vacinas que necessitam de reforço). Após o
primeiro contato, o segundo denominado de
resposta secundária é caracterizado por uma
resposta específica e intensa, sobretudo, sem o
período de latência. Nessa resposta secundária o
IgG é o anticorpo predominante.

 Natureza das vacinas

VACINAS VIVAS ATENUADAS X NÃO VIVAS

As vacinas vivas atenuadas são obtidas através de cepas naturais (selvagens) em que os
microrganismos são atenuados em meios de cultura especiais. Nesse sentido, as vacinas desse
tipo induzem uma infecção parecida com a infecção natural do microrganismo, porém mais
branda. Sendo assim, a imunidade decorrente desse processo de vacinação é forte e intensa,
sendo que não há a necessidade de doses de reforço. São exemplos desse tipo de vacina a
BCG, sarampo, rubéola, caxumba, febre amarela, poliomielite oral, rotavírus e varicela.
Exceções dessa regra são a poliomielite oral e a tríplice viral. A primeira induz imunidade
através de uma interação entra a mucosa do trato gastrointestinal do hospedeiro com o
antígeno. Sabemos que existem três tipos de vírus para uma dose de VOP, desse modo, sua
repetição visa induzir a imunidade contra essas variantes. Por outro lado, a tríplice viral visa
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reduzir as falhas na indução da imunidade contra os três tipos de vírus presente na mesma
dose.

Por outro lado, as vacinas não vivas ou inativadas apresentam diversos modos: (1)
microrganismos inteiros inativas através de técnicas físico-químicas pela passagem pelo
formaldeído – vacina celular contra coqueluche e vacina inativada contra poliomielite; (2)
toxinas inativas, por exemplo, toxoides tetânico e diftérico; (3) fragmentos ou subunidades do
agente, por exemplo, vacina contra influenza; (4) vacinas obtidas por engenharia genética
em que um gene responsável pela síntese de um antígeno é inserido em um vetor,
normalmente, um vírus, induz a síntese de grandes quantidades de antígeno proteico nas
células do hospedeiro e, assim, induzem uma resposta imunológica – vacina contra hepatite
B; (5) vacinas obtidas através de polissacarídeos induzem uma fraca resposta imunológica –
vacina antipneumocócica 23-valente; (6) vacinas glicoconjugadas que são a união entre
polissacarídeos com proteínas na tentativa de induzir uma resposta imunológica mais
adequada e duradoura.
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VACINAS CONJUGADAS E COMBINADAS

As vacinas conjugas são aquelas que o antígeno pouco potente, polissacarídeo, é


anexado a outro de maior poder imunogênico (peptídeos e proteínas) com a finalidade de
induzir uma resposta imunológica T-dependente duradoura e eficaz. Os antígenos que
utilizam dessa técnica são os toxoides tetânicos e diftérico e a proteína de membrana externa
do meningococo. Embora essa técnica possibilite o aumento da atividade imunológica, as
vacinas desse tipo não induzem uma proteção adicional a vantagem em sua utilização é a
proporção do que definimos de imunidade de rebanho. Isso por meio da redução do número
de portadores e imunidade de mucosa a qual impede que os indivíduos infectados
transmitam o agente infeccioso.

As vacinas combinadas são aquelas em que em um mesmo frasco há vários tipos, por
exemplo, a tríplice viral e a tetra (tríplice + anti-hemófilos). Sobre isso cabe ressaltar que em
um mesmo frasco nunca se combina uma vacina atenuada com uma vacina não viva.

Após o conhecimento dos variados tipos de vacinas podemos entender que algumas
podem ser administradas simultaneamente (no mesmo dia), enquanto outras dependem de
um intervalo mínimo para que não haja interferência na indução da resposta imunológica.
Como regra geral, as vacinas inativadas podem ser aplicadas simultaneamente ou em dias
consecutivos sem que haja nenhum prejuízo para indução da imunidade protetora. Por outro
lado, as vacinas atenuadas apresenta uma regra totalmente diferente, sendo que,
normalmente, esse intervalo é de 30 dias entre uma vacina e outra. Esse intervalo é
importante para que não haja interferência na indução de imunidade.

 Vias de administração
a) Administração por via oral: essa via é utilizada pelas vacinas da poliomielite tipo Sabin
(VOP), febre tifoide, cólera oral e contra rotavírus.
b) Administração por via intramuscular: os locais utilizados são o vasto lateral da coxa e o
músculo deltoide. Há contraindicação na utilização da via da região glútea. Essa via
deve ser evitada pela presença de distúrbios hemorrágicos herdados ou adquiridos em
seu uso. Vacinas como a hepatite B não devem ser administradas nessa via. As vacinas
que são elaboradas para serem administradas pela via intramuscular apresentam em
sua composição alumínio o qual é um importante composto responsável pela liberação
de antígenos de forma lenta o que intensifica a resposta imune. As vacinas que utilizam
essa via são da DTP, DT, dT e hepatite B.
c) Administração por via subcutânea: essa via é utilizada por vírus vivos atenuados (não
necessitam do alumínio. As vacinas que são administradas por essa via são da tríplice
viral, febre amarela e varicela.
d) Administração intradérmica: a vacina que utiliza essa via é a BCG (cepas atenuadas).
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AO NASCER

 VACINA BCG

A BCG é uma sigla decorrente da expressão Bacilo de Calmette e Guérin em resposta da


cepa de Mycobacterium bovis atenuada por glutamato de sódio. Esse tipo de vacina é
responsável por induzir uma resposta humoral e celular. Cabe salientar que o Ministério da
Saúde não recomenda a realização rotineira do teste tuberculínico após a vacinação com
BCG.

O Ministério da Saúde/PNI 2017 indica a vacinação por BCG para todas as crianças abaixo
de 5 anos (4 anos, 11 meses e 29 dias). A vacina não previne o adoecimento em indivíduos já
infectado, por isso, é interessante que sua aplicação seja após o nascimento,
preferencialmente ainda na maternidade. A BCG não foi capaz de diminuir a incidência da
doença em geral, mas apresentou importante resultado contra a disseminação
hematogênica do bacilo, reduzindo significativamente a incidência das formas graves como
menigoencefalite e tuberculose miliar.

 Atualização de 2020 reforça a não revacinação em casos da ausência de cicatriz.


 De acordo com MS não há mais indicação de revacinação com BCG para
profissionais de saúde.

A vacina da BCG deve ser conservada à temperatura de 2-8°C, devendo ser protegida da
luz solar direta. Sua administração pode ser feita pela dose de 0,1 mL ou 0,05 mL, a depender
do laboratório, sendo realizada por via intradérmica na inserção do deltoide.

CONTRAINDICAÇÕES:

As contraindicações podem ser subdividas entre relativas e absolutas.

As contraindicações relativas são àquelas que deverá ser adiada até a resolução da
situação, sendo elas: (1) recém-nascido com peso menor que 2 Kg; (2) afecções
dermatológicas extensas no local de aplicação; (3) uso de imunodepressores como doses
altas de corticosteroides, quimioterapia, radioterapia, sendo a vacinação adiada até três
meses; (4) presença de neoplasias malignas; (5) RN de mães bacilíferas.

Quanto as contraindicações absolutas tornam inviáveis a utilização desse tipo de vacina,


por exemplo, em crianças HIV positivas sintomáticas e com imunodeficiência congênitas ou
adquiridas.

EFEITOS ADVERSOS E EVOLUÇÃO VACINAL

Sobre os efeitos adversos após a administração dessa vacina, a família deve ser orientada
para lavar o local apenas com água e sabão e avaliar a evolução desses achados. Na
primeira a segunda semana é possível observar uma mácula avermelhada a qual evolui para
uma pústula na terceira e quarta semana. Após isso evolui para uma úlcera e logo em
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seguinte para uma cicatriz entre a quarta e décima segunda semana. É importante que não
se deve cobrir a úlcera ou colocar qualquer tio de medicamento.

Durante a evolução é normal o surgimento de ínguas, sobretudo na região axiliar, supra ou


infraclavicular. Além disso, 95% das crianças vacinas apresentam a cicatriz, cabe ressaltar que
a sua ausência não é indicativa de uma revacinação.

REAÇÕES LOCAIS

 Formação de abscessos subcutâneos frios e quente. O primeiro deve ser tratado com
isoniazida 10 mg/kg/dia (máximo de 400 mg) até a regressão da lesão, enquanto os
abscessos quentes é indicado o uso de antimicrobianos apropriados para germes de
pele.
 Presença de úlceras grande (>1 cm) a conduta é notificar e acompanhar. Na ausência
de cicatrização pode usar isoniazida 10 mg/kg/dia (máximo 400 mg) até a completa
regressão.
 Linfonodos grande (>3 cm) tratar com isoniazida na dose 10 mg/kg/dia (máximo de 400
mg). Contraindicado a punção do gânglio.

REAÇÕES SISTÊMICAS

As reações sistêmicas mimetizam o quadro clínico de uma forma de tuberculose


disseminada com hepatoesplenomegalia, febre e linfadenite generaliza. Em pacientes
imunocomprometidos pode evoluir para óbito.

A revacinação é indicada em situações de quimioprofilaxia


contra hanseníase para contactantes assintomáticos
intradomiciliares de casos paucibacilares ou multibacilares.

 VACINA DA HEPATITE B

A vacina da hepatite B é uma vacina que utiliza a técnica genética de recombinação em


que é produzida através da inserção do plasmídeo contendo o gene HbsAg no interior de
leveduras. Essas células são responsáveis pela produção de antígeno recombinante de
superfície (rHBsAg) o qual é purificado e inserido na vacina. Em pessoas imunocompetente é
possível verificar elevados níveis de anticorpos protetores em 90% dos adultos jovens
vacinados com 3 doses, e em mais de 95% dos lactentes e crianças vacinadas. O avançar da
idade é um fator que prejudica a eficácia vacinal, principalmente após os 40 anos.

É sabido que a sorologia de hepatite B não é solicitada em rotina, apenas em indivíduos


que se apresentam no grupo de risco: pacientes com nefropatia crônica, hepatopatia
crônica, transplantados, imunodeprimidos, pacientes politransfundidos e profissionais de
saúde. Apenas esses indivíduos em casos de uma baixa produção de anticorpos devem ser
revacinados com mais três doses. Aqueles que permanecem anti-HBs negativos após dois
esquemas completos com três doses devem ser considerados respondedores e suscetíveis
em caso de exposição. Essa vacina deverá ser mantida entre 2 e 8°C.
A proteção conferida pela vacina da hepatite B é superior a 12 anos,
sendo vitalícia quando o indivíduo é imunocompetente.
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INDICAÇÕES

Todo o recém-nascido deve realizar a vacinação após o nascimento, sobretudo nas


primeiras 12 horas devida, recebendo uma dose da vacina anti-hepatite B. Nesse sentido,
essa ação por si só já reduz o risco de infecção. Nesse caso, a vacina é administrada de
forma isolada ao nascer, e aos 2, 4, e 6meses em combinação com DTP + Hib sob forma da
pentavalente. O esquema geral deve conter um total de 3 doeses.

ADMINISTRAÇÃO

A administração da vacina da hepatite B é realizada por via intramuscular no vasto lateral


da coxa ou na inserção do músculo deltoide.

REAÇÕES ADVERSAS

Os eventos adversos são raros e resumem-se a reações locais, febre, mal-estar leve
ocorrendo nas primeiras 48 horas após a aplicação.

CONTRAINDICAÇÕES

Esse tipo de vacina deve ser contraindicado em situações em que houveram reação
anafilática após a administração de uma dose ou na presença de púrpura trombocitopênica
imunilógica após a aplicação.

IMUNUGLOBULINA

A utilização da Imunoglobulina Humana Anti-Hepatite B, obtida através do plasma de


indivíduos doadores selecionados, pode ser feita em recém-nascidos e em adultos, sendo
administrados na região glútea. O soro é indicado para prevenir a infecção perinatal, na
presença de vítmas de acidentes com material biológico positivo, comunicantes sexuais de
casos agudos, vítimas de abuso sexual e imunodeprimidos.
Matheus dos Santos Correia 12
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2 MESES 4 MESES
 VACINA DA POLIOMIELITE

A poliomielite apresenta dois tipos de vacinas, uma inativada (Vacina Inativada de


Potência aumentada –VIP) e outra atenuada (Vacina Oral contra a Poliomielite – VOP).

- VIP

A vacina inativada é muito segura e eficaz, sendo importante destacar que ela não causa
poliomielite vacinal. Sua utilização não é de larga escala, devido ela ser injetável e não
impedir a circulação do vírus selvagem por via intestinal, não protegendo assim os
comunicantes. Essa vacina se apresenta na forma trivalente contendo os três principais
sorotipos dos vírus, sendo cultivadas em meio celular e inativadas pelo formaldeído.

A vacina é indicada para as crianças de 2 meses até os 5 anos. O esquema proposto pelo
Ministério da Saúde é de 2, 4 e 6 meses, sendo as demais doses, os reforços, completados
através da VOP. Em indivíduos imunocompetetes a VIP apresenta uma eficácia de 95% após
a 1ª dose, com o desenvolvimento de altos títulos de anticorpos e também é possível observar
uma discreta imunidade de mucosa (em menor proporção em relação a VOP). Por outro
lado, pacientes que apresenta imunodeficiência grave sua eficácia é reduzida.

EM PESSOAS QUE APRESENTAM RISCO PARA HEMORRAGIA DEVE SER ADMINISTRADO POR VIA
SUBCUTÂNEA.

EFEITOS ADVERSOS

Os efeitos adversos desse tipo de vacina são pouco importantes, sendo eles locais
(hiperemia) e sistêmicos (febre).

CONTRAINDICAÇÕES

As contraindicações dessa vacina são apenas na presença de reação anafilática em uma


aplicação anterior.
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 PENTAVALENTE

- DTP CELULAR

A vacina DTP é a associação de difteria, tétano e coqueluche, sendo essa vacina aplicada
através da famosa pentavalente. Essa vacina é composta por toxoides purificados de difteria
e tétano, bem como a presença da bactéria inativa Bordetella pertussis – responsável pelo
acometimento da coqueluche. Essa vacina leva também um adjuvante alumínio em sua
composição. Essa vacina deve ser conservada a uma temperatura entre 2 a 8°C e nunca
poderá ser congelada. Ela também é indicada para todas as crianças a partir de 2 meses até
os 7 anos de idade.

O esquema de vacinação é a partir dos 2 meses de idade com a aplicação de 3 doses (2,
4 e 6 meses de vida) com intervalo de 60 dias com o mínimo de 30 dias. Cabe destacar que
esse esquema de 3 doses é fundamental para induzir a imunidade do indivíduo, sendo assim,
pessoas que apresentam calendário vacinal incompleto deverão ser submetidas a esse
esquema de 3 doses. Após a aplicação das três doses, segue com 2 reforços um de
preferência nos 15 meses e outro aos 4 anos. Um indivíduo com mais de 7 anos deverá ter
reforços com a dT com intervalo de 10 anos.

EFEITOS ADVERSOS

Os efeitos locais são eritema e induração, devido a presença do alumínio o qual induz um
efeito irritativo. Por outro lado, os efeitos sistêmicos são mais relevantes e variados.

CONTAINDICAÇÂO

As contra indicações para seu uso giram em torno da presença do componente pertussis o
qual é responsável pelas reações neurológicas, por isso, a existência de uma vacina acelular,
com a sua ausência. Os eventos adversos que não deixam sequelas são indicados o uso da
forma acelular, por outro lado, os eventos adversos que causam sequelas a vacina são
contraindicados. Sendo assim, esse tipo de vacina é contraindicado em casos de reação
anafilática à dose anterior e em presença de encefalopatia.
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- DTP ACELULAR

A vacina acelaular contém a toxina pertussis com a adição de outros componentes


antigênicos, bem como os antígenos toxoides diftéricos e tetânicos. Esse tipo de vacina está
disponível apenas nos centros de referência para imunobiológicos especiais para casos
selecionados. Ela é menos reatogênica em relação à DTP celular e é muito eficaz. Deve ser
mantida entre 2 a 8°C e não pode ser congelada.

A sua utilização é apenas entre os 2 meses de idade até os 7 anos, na presença de


convulsão febril ou afebril nas prmeiras 72 horas ou na presença de síndrome hipotônica
hiporresponsiva nas primeiras 48 horas após a vacinação. Além disso, crianças com doenças
convulsivas crônicas, cardiopatias, pneumopatias, doenças neurológicas crônicas, crianças
com neoplasias, situações de imunodepressão, RN internado em unidade neontal ou RN
prematuro extremo (menor que 1000 gramas) deverão fazer o uso desse tipo de vacina.

O esquema vacinal para esse tipo ocorre da mesma forma para a forma celular, uma dose
de 0,5 mL de aplicação intramuscular profunda com 3 doses com intervalo de 60 dias ou no
mínimo 30 dias.

EFEITOS ADVERSOS

Os eventos adversos locais e sistêmicos são semelhantes à forma celular, no entanto


apresentam um frequência e intensidade menor.

CONTAINDICAÇÂO

Essa vacina é contraindicada em casos de resposta anafilática e na presença de


encefalopatias.

- VACINA DUPLA (DT/dT)

Essa vacina pode ser infantil (DT) ou adulta (dT), o que muda entre elas é a redução da
quantidade do componente diftérico na vacina adulta. Ambas devem ser mantidas a uma
temperatura entre 2 a 8°C e nunca congeladas.

Ambas são classificadas como vacinas de reforço, sendo a infantil aplicada nos 15 meses e
nos 4 anos de idade, enquanto a adulta deve ser aplicada a cada 10 anos.

Essa vacina é contraindicada em casos de reação anafilática durante a administração da


DTP, DTPa, DT ou dT.

OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE E PROFISSIONAIS QUE ATUAM NAS MATERNIDADES, INCLUSIVE


PARTEIRAS, RECEBEM EM SEU REFORÇO A DTPa A FIM DE SE PROTEGER CONTRA A COQUELUCHE
E, SOBRETUDO, OS NEONATOS
Matheus dos Santos Correia 15
UniFG - Medicina

 HEMOFILOS

É uma vacina não viva conjugada, o antígeno utilizado é um polissacarídeo capsular o


qual é conjugado com uma proteína carreadora. A vacina deve ser mantida entre 2 e 8°C e
não deve ser congelada. A vacina confere elevada proteção contra doenças invasivas por
Heamophilus influenzae tipo B o que diminui o número de portadores assintomático e protege
as pessoas não vacinas (imunidade de rebanho).

O esquema de vacinação é através de três doses de 0,5 mL intramuscular presente na


pentavalente aos 2, 4 e 6 meses de vida, com intervalo de 60 dias ou com 30 dias no mínimo.
Matheus dos Santos Correia 16
UniFG - Medicina

REAÇÕES ADVERSAS

Esse tipo de vacina não apresenta efeitos adversos relevantes, apenas dor local e eritema,
e as vezes, há o aparecimento de febre, irritabilidade e sonolência.

CONTRAINDICAÇÕES

Essa vacina apresenta contraindicação em casos de anafilaxia.

 ROTAVÍRUS

A vacina é destinada para crianças menores de 6 meses de idade para proteger de forma
antecipada contra esse tipo de vírus. A vacina contém apenas um sorotipo do vírus,
necessitando de ser mantida entre 2 a 8°C não podendo sofrer congelamento. Sua eficácia
foi identificada após a aplicação de duas doses.
Matheus dos Santos Correia 17
UniFG - Medicina

A vacina oral é indicada para menores de um ano, a primeira dose é administra aos 2
meses e a segunda dose aos 4 meses.

Os efeitos adversos é a obstrução intestinal em lactentes de 4 a 9 meses provocada pela


entrada de uma alça dentro da outra, sobretudo a valva ileocecal.

Essa vacina é contraindicada de forma passageira na presença de doença febril


moderada a grava, doença diarreica ou vômitos. A contraindicação absoluta ocorre na
presença de imunodeficiências primárias ou secundárias, em crianças com uso de
corticosteroides, em situações de alergia e na presença de doença gastrointestinal crônica.

 PNEUMOCOCO

Existem quatro tipos de vacinas antipneumocócicas disponíveis no mercado a 23 valente, 7


valentes, 10 valentes e 13 valentes. A preconizada pelo Ministério da saúde é a 10 valentes.
Essa vacina é composta por 10 sorotipos de Streptococus pneumoniae e conjulgados com a
proteína D. Ela exerce proteção contra a doença invasiva pneumocócica (pneumonias,
menigites, artrites e sepse) e otites medidas. Sua eficácia é alcançada com mais de 90% após
a realização do esquema vacinal completo.

O esquema proposto para a Pn10 são duas doses – 2, 4 e um reforço aos 12 meses de
idade. Crianças com 1 anos até 4 anos nuca vacinadas deverão ser administradas apenas
uma dose. Por outro lado, a Pn23 (induz uma resposta T independente de curta duração com
ausência de memória imunológica) é recomendada para indígenas e idosos com mais de 60
anos acamados ou que vivem em instituições fechadas.

3 MESES
 MENINGOCOCO

Vacina produzida desde a década de 1970 utilizando polissacarídeos dos menigococos A


e C. Recentemente, foi criada uma vacina com polissacarídeos capsulares do menigococo C
conjulgados com proteínas o qual induz uma resposta T-dependente, memória imunológica e
proteção de longa duração. Sua eficácia é maior que 95%.

O PNI define como esquema dessa vacina duas doses da MnC conjugada: 3 e 5 meses com
reforço aos 12 meses (podendo ser feito até os 4 anos). Crianças de 1 ano aos 4 anos de
idade que nunca receberam uma dose, deverão receber apenas uma dose única.

4 MESES

 PENTAVALENTE + VIP + ROTAVÍRUS + PNEUMO10V


Matheus dos Santos Correia 18
5 MESES UniFG - Medicina

 MENINGOCÓCICA C

6 MESES

 PENTAVALENTE + VIP

9 MESES

 FEBRE AMARELA

A vacina contra febre amarela é constituída por vírus atenuados, sendo eles cultivados em
ovos embrionados de galinha pela Fundação Oswaldo Cruz. A conservação dessa vacina
deve ser feita a temperatura entre 2 e 8°C. A vacina é muito imunogênica, bem tolerada e
raramente associada com eventos adversos graves.

De acordo com o Ministério da Saúde a vacina da FA deve ser indicada a partir dos 9
meses de idade e um reforço aos 4 anos. Crianças com 5 anos que já receberam uma dose
deverão receber apenas um reforço, enquanto pessoas com 60 anos deverão receber a
vacina apenas após prescrição médica, pelo risco de desenvolver efeitos adversos em
consideração da presença de comorbidades. A aplicação deve ser feita na região do
deltoide por via subcutânea.

Estados endêmicos da região norte e centro-oeste, bem como os estados do nordeste,


sudeste e sul passaram a serem cobertos por essa vacina em 2017 após o surto de FA.
Viajantes que vão para áreas endêmicas deverão ser vacinados pelo menos 10 dias antes, no
caso da primeira vacina, enquanto em situação de revacinação não necessita de prazo.

EFEITOS ADVERSOS

Os efeitos adversos locais é apenas a dor. Enquanto os efeitos sistêmicos são febre,
mialgias, cefaleia e presença de reação de hipersensibilidade.

CONTRAINDICAÇÕES

Essa vacina é contraindicada em crianças menores de 6 meses, imunodeprimidos,


gestantes e indivíduos que apresentam reação anafilática a dose anterior ou a ingestão de
ovo.

12 MESES

 VACINA TRÍPLICE VIRAL

Essa vacina é composta por vírus atenuados, sendo pouco reatogência, mas com uma
boa eficácia. Os vírus do sarampo e caxumba são cultivados em células de embrião de
galinha, enquanto o vírus da rubéola é cultivado em células diploides humanas. Essa
diferenciação é importante, pois é bastante comum a presença de casos que relatem a
Matheus dos Santos Correia 19
UniFG - Medicina

presença de reação de hipersensibilidade quando há a aplicação desse tipo de vacina. Essa


vacina deve ser conservada entre 2 a 8°C e protegida contra a luz.

O esquema vacinal proposto para essa vacina são duas doses uma aplicada aos 12 meses
e a segunda aos 15 meses. A primeira normalmente deve ser a tríplice viral, enquanto a
segunda a tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela). A tetra pode ser administrada
até a idade de 2 anos, após isso a segunda dose deve ser feita com a tríplice viral.

A vacina tríplice viral é disponibilizada para indivíduos de até 29 anos. Sendo assim,
indivíduos de 2 a 29 ano que nunca foram vacinados, deverão receber 2 doses de tríplice
viral. Por outro lado, indivíduos de 30 a 59 anos deverão receber 1 dose.

EFEITOS ADVERSOS

Os efeitos adversos locais são pouco frequentes, podendo haver a presença de edema,
hiperemia e limitação dos movimentos. Quanto aos efeitos sistêmicos podemos observar a
febre, cefaleia, irritabilidade, elevação da temperatura, sintomas catarrais e conjuntivite,
exantema, linfadenopatia, meningite, artrite, reações de hipersensibilidade e encefalite.

CONTRAINDICAÇÕES

As contraindicações para o adiamento da vacina se dão na presença de doença febril de


moderada a grave e após o uso de sangue, hemoderivados e imunoderivados. Enquanto as
contraindicações absolutas são anafilaxia, gravidez, imunodeficiências adquiridas ou
congênitas, pessoas com uso de corticosteroides, uso de quimioterapia e transplantados de
medula óssea.

15 MESES

 DTP
 VARICELA

A vacina contra varicela é confeccionada a partir de víruso vivos atenuados provinietes de


cepa. Indivíduos imunocompetentes induz a proteção em 97% ou mais dos casos vacinados.
Matheus dos Santos Correia 20
UniFG - Medicina

O Ministério da Saúde indica a sua utilização através da forma tetra viral (SRC + caxumba)
aos 15 meses de vida, podendo ser utilizada até aos 4 anos de idade. A vacina pode ser
aplicada a partir dos 12 meses até aos 12 anos por via subcutânea em dose única aos 15
meses.

Os efeitos locais são dor, hiperestesia ou rubor, bem como erupção semelhante à varicela.
Os efeitos sistêmicos são febre, exantema variceliforme e, mais raros, encefalite.

A vacina é contraindicada em pacinetes imunodeprimidos, indivíduos que fazem uso de


terapia imunossupressora, gestantes e na presença de resposta anafilática.

 VACINA HEPATITE A

A vacina inativada contra hepatite A é eficaz apresentando taxa de 94-100%. A protençao


é de longa duração após a aplicação de duas doses. A vacina utiliza o vírus atenuado com a
presença de adjuvante de hidróxido de alumino. O esquema é feito com uma dose IM aos 15
meses.

A presença de efeitos adversos é muito rara.

As contraindicações são para pessoas com resposta anafilática e gestantes.

 VACINA DA POLIOMIELITE

- VOP

A VOP é composta por dois sorotipos de vírus atenuados (1 e 3), bem como a presença de
substâncias como cloreto de sacarose, neomicina, estreptomicina, canamicina ou polimixina.
Uma vez administrada o agente interage com a mucosa intestinal induzindo uma imunidade
local (mucosa) e sistêmica (humoral). Ocorre assim a competição do víruso vacinal com o
selvagem no meio ambiente, podendo ser empregado no controle de epidemias –
imunização coletiva.

Sua utilização pode apresentar risco maior em pessoas imunossupimidas ou que fazem uso
drogas imunossupressoras. Desse modo, ela pode causar o que denominamos de poliomielite
vacinal – paralisia aguda flácida.

INDICAÇÕES

A VOP é indicada para crianças de 15 meses e 4 anos (reforço), bem como anualmente
nas campanhas nacionais de vacinação. A dose contém duas gostas, sendo ela
administrada por via oral, atendando- se que em casos de regurgitação não devemos refazer
a dose. A eficácia dessa vacina varia de 90-95%, a vacina.
Matheus dos Santos Correia 21
UniFG - Medicina

EFEITOS ADVERSOS

Os efeitos adversos desse tipo de vacina é a possibilidade de causar paralisia aguda


flácida após a sua administração, sobretudo em crianças imunodeprimidas.

CONTRAINDICAÇÕES

A VOP é contraindicada em casos de diarreia ou vômitos gravez, na presença de quadro


clínico compatível com enterovirose e em gravidez. Além disso, na presença de
imunodeficiências congênitas e adquiridas, não deve ser administrada em hospitais pelo risco
em crianças internadas e na presença de alergia do tipo anafilática a antibióticos presentes
na vacina (neomicina, polimixina e estreptomicina).

4 ANOS

 DTP + VOP + VARICELA + FEBRE AMARELA

ANUAL
 INFLUENZA

A vacina é determinada anualmente pela OMS, de acordo com as informações recebidas


de laboratórios de referência sobre a prevalência de cepas circulantes. Sendo assim, a cada
ano se confecciona uma vacina contra gripe com as cepas mais frequentes do ano anterior.
Matheus dos Santos Correia 22
UniFG - Medicina

A vacina é composta por três sorotipos inativados obtidos por cultura em ovos embrionados
de galinha. Ela pode também ser feita através de vírus fracionados ou em subunidades. Além
disso, em sua composição há a presença de antibióticos.

A vacinação deve ser feita para (1) todas as crianças de 6 meses a 5 anos, (2) gestantes,
(3) puérperas, (4) profissionais de saúde, (5) índios, (6) idosos a partir de 60 anos, (7) pessoas
privadas de liberdade e (8) portadores de doenças crônicas.

ADOLESCENTES

 HPV

A vacina do HPV é quadrivalente, apresenta 4 tipos de vírus – 6, 11, 16 e 18. Essa vacina
utiliza a tecnologia recombinante em leveduras, sendo purificada e adsorvida em adjuvante
de sulfato de alumínio. Essa vacina apresenta uma eficácia de 99% na prevenção de
neoplasia cervical.

O PNI determina como esquema vacinal a vacina quadrivalente para meninos e meninas.
Matheus dos Santos Correia 23
UniFG - Medicina

04. Entender a importância da orientação e do acompanhamento vacinal na


infância.
05. Conhecer as doenças de notificação compulsória.
Matheus dos Santos Correia 24
UniFG - Medicina

06. Conhecer as políticas governamentais relacionadas a cobertura vacinal.


REDE DE FRIO

É um sistema amplo, que inclui uma estrutura técnico-administrativa orientada pelo PNI, por
meio da normatização, planejamento, avaliação e financiamento que visa à manutenção
adequada da Cadeia de Frio. Já a cadeia de frio é o processo logístico da Rede de Frio para
conservação dos imunobiológicos, desde o laboratório produtor até o usuário.

A ESTRUTURA DA REDE DE FRIO

A estrutura da rede de frio permeia as três esferas administrativas organizando-se em


instancias com fluxos de distribuição e armazenamento basicamente verticalizados.

1. Instância Nacional
É representada pela Coordenação-Geral do PNI, unidade gestora, estrutura é cinco
administrativa da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS),
sendo responsável pelas seguintes atividades de imunização desenvolvidas pelas equipes
técnicas especializadas:
 Apoio à gestão;
 Gestão de insumos;
 Gestão de incorporação técnica,científica e de normatização;
 Apoio administrativo;
 Sistema de informações.
Matheus dos Santos Correia 25
UniFG - Medicina

2. Instância Estadual

A Instância Estadual organiza-se em 27 centrais estaduais de armazenamento e


distribuição de imunobiológicos, geralmente, localizadas nas capitais das unidades
federadas do Brasil. A Instância Estadual estabelece um planejamento compartilhado das
atividades de vacinação com a Instância Nacional, em função dos Calendários de
Vacinação Nacional e da situação epidemiológica.

3. Instância Regional7
A Instância Regional incorpora as Centrais Regionais de Rede de Frio (CRRFs) que estão
subordinadas às secretarias estaduais de Saúde ocupando posição estratégica para
distribuição.

4. Instância Municipal
Nesta Instância encontra-se a Central Municipal de Rede de Frio (CMRF), incluída na
estrutura organizacional da Secretaria Municipal de Saúde. Tem como atribuições o
planejamento integrado e o armazenamento de imunobiológicos recebidos da Instância
Estadual/Regional para utilização na sala de vacinação.

5. Instância Local
É a instância destinada às atividades operacionais de vacinação, está em contato
direto com o usuário final desta cadeia.

 Sala de Vacinação
Representa a instância final da Rede de Frio, sendo responsável exclusivamente pelos
procedimentos de vacinação de rotina, campanhas, bloqueios e intensificações. Essas salas
localizam-se em unidades da Rede de Atenção Básica de Saúde e hospitais que ocupam
posição estratégica em relação à rede de frio. Para a realização de sua atividade, é
fundamental o armazenamento dos imunobiológicos aplicáveis em suas rotinas em
equipamentos para refrigeração apropriados e dentro de condições ideais.
É recomendando a utilização de freezers, além de climatização da sala de vacinação
para minimizar os riscos indesejados de alterações de temperatura dos imunobiológicos.

 Centro de Referência paraimunobiológicos especiais (Crie)

Os Centros de referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) têm como finalidade facilitar


o acesso à população, em especial dos portadores de imunodeficiência congênita ou
adquirida e de outras condições especiais de morbidade, para a prevenção das doenças
que são objeto do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Os CRIE atendem de forma
personalizada o público que necessita de produtos especiais, de alta tecnologia e alto
custo que são adquiridos pelo PNI.

INSTRUMENTOS PARA MONITORAMENTO E CONTROLE DA TEMPERATURA


Câmeras refrigeradas que operam na faixa entre +2ºC e +8ºC. Caixas térmicas utilizadas
para transporte, atividades de rotina e campanhas. Frezeers utilizados para o
rmazenamento de vacinas em temperaturas negativas e de bobinas reutilizáveis.
Matheus dos Santos Correia 26
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Câmaras frigoríficas positivas e negativas, equipamentos de infraestrutura utilizados nas


instâncias que armazenam maiores quantidades de imunobiológicos e por períodos mais
prolongados. Condicionadores de ar e equipamento de infraestrutura para climatização
dos ambientes. Grupo gerador de energia aplicada às situações emergenciais para
suprimento da energia elétrica. Instrumentos para medição de temperatura.
Obs: Não é permitido o uso de refrigeradores de uso doméstico para armazenar vacinas

07. Estudar as principais doenças exantemáticas, definição, etiologia, quadro


clínico. (Rubéola, eritema infeccioso, síndrome mão pé boca, exantema súbito,
escarlatina, varicela, dengue)
 Sarampo
- Etiologia

O sarampo é causado por um vírus de RNA da família Paramyxoviridae, gênero Morbillibírus.


Antes da vacinação em massa a população mais acometida era a dos 10 anos de idade.
Atualmente é possível encontrar casos de sarampo em adolescentes e em adultos jovens,
pois um percentual importante dessa população não teve contato com vírus selvagem do
sarampo e muito não receberam a vacina antissarampo após um ano de idade. O homem é
um único hospedeiro conhecido do vírus. Sua transmissão ocorre através de gotículas de
saliva eliminadas através da fala, espirros ou tosse. Essas partículas podem permanecer
suspensas e viváveis no ar até uma hora, esse fato possibilita que a doença seja disseminada
de forma que não exija contato direto entre o infectado com o infectante. Dessa forma,
pessoas que apresentam como infectadas dever fazer o isolamento respiratório para evitar a
transmissão da doença.

Os bebês de mães que foram vacinadas ou tiveram a doença antes da gestação


recebem proteção contra o sarampo através da passagem de anticorpos específicos pelo
leito materno até os nove meses de vida, fator que justifica a não administração da vacina
nesse período. Após essa idade a passagem de anticorpos protetores maternos para o feto
diminui, sendo esse mecanismo caracterizado por uma forma de imunidade passiva
transitória. A imunidade ativa pode ser adquirida através do curso natural da doença ou
através da vacinação.

- Quadro clínico

O vírus do sarampo penetra o organismo através da mucosa do trato respiratório ou da


conjuntiva. Uma vez no organismo ele migra para os linfonodos regionais onde vão se replicar
e causar intensa hiperplasia. Desse modo, o vírus é capaz de provocar uma viremia primária
caracterizada pela sua disseminação para diversos tecidos e órgãos. Após isso, há uma nova
viremia em que há a propagação do vírus para as superfícies mucosas e epiteliais.

Uma vez no epitélio respiratório o víruso causa necrose celular, vasculite de pequenos
vasos, infiltrados linfocíticos e formação das células gigantes. O vírus do sarampo infecta os
linfócitos T CD4+ podendo levar a uma imunodepressão da resposta Th1.
Matheus dos Santos Correia 27
UniFG - Medicina

1. Período de infecção (7 dias): fase prodrômica com febre, tosse produtiva, coriza,
conjuntivite e fotofobia. Há o desenvolvimento de exantema caracterizado por lesões
puntiformes, esbranquiçadas com halo avermelhado na mucosa jugal dos pré-molares.
Essas lesões são chamadas de manchas de Koplik. Entre o segundo e quarto dia
começa a fase exantemática com exantema maculopapular avermelhado que inicia
na região retroauricular com disseminação para a região frontal seguindo a linha de
implantação capilar, atrás das orelhas e pescoço, disseminando-se para o dorso,
extremidades, palmas e solas. Nesse período podemos observar as fácies sarampenta
caracterizada por hiperemia conjuntival, lacrimejamento, coriza mucopurulenta e rash
facial.
2. Período de remissão (após o 7° dia): os sintomas constitucionais tendem a se reduzir, o
exantema se resolve em sete dias, tornando-se acastanhado e com uma fina
descamação. A tosse é o último sintoma a desaparecer, após dez dias. Em vários casos
é possível observar a linfadenomegalia cervical e occipital.
3. Período toxêmico: marcado por queda da resistência imunológica do hospedeiro e
surgimento de complicações, por exemplo, superinfecções bacterianas e virais,
presentes, sobretudo em crianças menores de 1-2 anos e com presença de
desnutrição.

Como o vírus causa necrose do epitélio de toda a árvore traqueobrônquica são comuns
casos de laringite, traqueíte, bronquite e pneumonia viral. A extensão dessas lesões para a
mucosa intestinal pode levar à diarreia, especialmente, em crianças desnutridas por intesa
perda proteica.

Indivíduos que receberam imuno/hemoderivados possuem anticorpos antissarampo


transmitidos passivamente, e crianças recém-vacinadas pode apresentar níveis baixos
de imunoproteção e desenvolverem o que chamamos de sarampo inaparente. Esse
tipo é mais brando e o rash pode ser fugaz e não existir. Cabe lembrar que esses
indivíduos não transmite o vírus.
Matheus dos Santos Correia 28
UniFG - Medicina

 Rubéola

O vírus da rubéola é constituído de RNA altamente sensível ao calor e ao pH extremo. Os


humanos são os únicos hospedeiros conhecidos. Sua transmissão ocorre através de gotículas
de secreção nasofaríngea das pessoas infectadas que penetram na mucosa respiratória. A
transmissão ocorre entre 5-7 dias, antes disso há o aparecimento do rash. Uma vez no epitélio
respiratório os vírus migram até os linfonodos regionais e cerca de 17 dias ocorre a primeira
viremia. Cabe destacar que o vírus da rubéola também é transmitido ao feto pela via
transplacentária o que pode desencadear efeitos congênitos com manifestações
oftalmológicas (retinopatia e catarata), cardíacas (persistência de canal arterial), auditivas
(surdez sensorioneural) e neurológicas (retardo mental).

- Quadro clínico

O quadro é de febre baixa, mal-estar, anorexia, mialgias, dor de garganta e hiperemia


conjuntival. Há a presença de adenomegalias na região suboccipital, retroauricular e cervical
posterior. O rash é maculopapular puntiforme, róseo que começa no pescoço e dissemina-se
pelo tronco, dorso e extremidades. Junto ao exantema pode haver lesões rosadas (manchas
de Forcheimer) e petéquias em palato mole e amígdalas. O exantema desaparece em
média três dias e sem descamação.

 Eritema infeccioso

O eritema infeccioso é causado por o parvovírus B19 que é um vírus de DNA. Há vários tipos
de vírus, mas apenas o B19 é capaz de infectar o homem. Sua transmissão se dá através de
gotículas de secreção respiratória, via transplacentária ou sanguínea. Esse vírus ataca os
percursores eritroides na medula óssea, devido a presença de um receptor para os antígenos
virais P presente na superfície dessas células.

- Quadro clínico

Os sinais/sintomas são ocasionados pelo efeito citopático do víruso sobre as células


infectadas e sua viremia. O curso da doença há presença de febre, mal-estar e rinorreia. Por
Matheus dos Santos Correia 29
UniFG - Medicina

outro lado, o exantema e a artrite parecem ser fenômenos pós-infeciosos mediados por
imunologicamente. Dessa forma, os pródomos dessa doença é febre baixa, cefaleia, rinorreia
e obstrução nasal. A diferenciação desse tipo das demais doenças é a evolução em
estágios.

1. Estágio 1: o exantema aparece primeiro na face – aspecto bofetada – somado à


palidez perioral.
2. Estágio 2: após um dia do envolvimento da face o exantema se dissemina com
manchas vermelhas simétricas no tronco e parte proximal das extremidades
superiores e inferirores. As lesões desaparecem sem descamar.
3. Estágio 3: o exantema pode reaparecer mediante alterações ambientais, como
mudanças de temperatura e exposição à luz solar.

 Exantema súbito

O exantema súbito é causado pelo Herpesvírus Humano (HHV) do tio 6 e 7 causam esse
tipo de doença. Esse vírus de DNA apresenta a capacidade de permanecer em estado
latente no organismo aos a primo-infecção. O HHV 6 é mais frequente que o 7, eles são
excretados pela saliva de adultos saudáveis portadores e são transmitidos às crianças
pequenas através de pequenas gotículas de secreção. O vírus penetra entra a mucosa nasal,
oral ou conjuntival. Uma vez dentro do hospedeiro ele ataca as moléculas CD dos linfócitos T.
O mecanismo de agressão induz a supressão de todas as linhagens hematopoiéticas da
medula óssea.

- Quadro clínico

O exantema subido é uma doença que acomete lactentes com uma clínica básica com
sintomas típicos de infecção de vias aéreas superiores, rinorreia, hiperemia conjuntival e dor
de garganta. Uma linfadenomegalia cervical e occipital discreta pode aparecer. A febre se
instala de forma alta, podendo acontecer crises convulsivas febris em até 10% das crianças.
Em alguns casos é possível identificar úlceras no palato mole e úvula chamadas de manchas
de Nagayama.
Matheus dos Santos Correia 30
UniFG - Medicina

A evolução após o desaparecimento da febre é a presença de rash, róseo, macular, não


puriginoso, primeiramente no tronco, com disseminação para pescoço, face e extremidades.
O período de exantema é de um a três dias.

A convulsão febril pode ocorrer com certa frequência o que diante de uma criança com
febre alta e irritabilidade pode levar à hipótese de meningite.

 Síndrome mão-pé-boca

Essa doença é uma enfermidade de alta contagiosidade, de transmissão fecal-oral e


respiratória, causada pelo vírus Coxsackie. É uma doença mais frequente em crianças,
especialmente entre os menores de 5 anos. É na grande maioria das vezes, uma doença
benigna, autolimitada e com duração de aproximadamente uma semana.

A maioria das infecções ocorre de pessoa a pessoa, direta ou indiretamente. Indivíduos


infectados podem transmitir o vírus nas fezes ou por secreções respiratórias, desde alguns dias
antes do inicio dos sintomas, continuando a sua excreção nas fezes por semanas depois da
infecção primária. A duração da excreção respiratória geralmente é menor, limitada a 1 a 3
semanas. Considera-se a primeira semana após o início dos sintomas como o período de
maior susceptibilidade da infecção. A síndrome MPB não é considerada de notificação
compulsória, entretanto, a ocorrência de dois ou mais casos relacionados devem ser
notificados como surto.

- Quadro clínico

A doença é causada principalmente pelo vírus coxsackievírus A16 e EV71. A complicação


mais frequente é a desidratação, devido principalmente à dificuldade de ingesta de líquido
Matheus dos Santos Correia 31
UniFG - Medicina

pelas lesões aftosas na cavidade oral que algumas vezes resultam em dificuldade de engolir
a própria saliva.

As manifestações clínicas são caracterizadas pela presença de febre, dor de garganta e


recusa alimentar, associadas à presença de lesões vesiculares que aparecem na mucosa
bucal e na língua, e erupção pápulo vesicular localizada nas mãos e pés incluindo as palmas
e plantas. As vesículas são ovaladas com formato de “grão de arroz” e as lesões ulceradas
na cavidade oral podem não estar presentes em todos os casos.

 Escarlatina

A escarlatina é uma das manifestações clinicas provocada pelo estreptococo beta


hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes). É uma doença exantemática mais
encontrada em pré-escolares e escolares, na faixa etária de 3 a 15 anos. Ocorre mais
frequentemente associado À faringite. Essa
infecção é mais incomum no período neonatal, fato que se deve à passagem de anticorpos
protetores maternos.

Os estreptococos do grupo A responsáveis pelo desenvolvimento do exantema típico da


escarlatina produzem uma toxina chamada toxina eritrogênica, que pode ser do tipo A, B ou
C. Como os anticorpos produzidos são também toxinas-específicos, uma criança pode
apresentar escarlatina mais de uma vez, desde que sejam provocados por exotoxinas
diferentes. A transmissão da infecção do trato respiratório parece ocorrer através de gotículas
de saliva e de secreções nasais eliminadas pelo doente. As bactérias se fixam à mucosa da
oro e da nasofaringe, iniciando a colonização e infecção. A aglomeração e o contato
próximo são fatores que favorece a infecção.

O indivíduo infectado deixa de transmitir a infecção 24 horas após o início do tratamento


com antibiótico adequado.

O período de incubação para o surgimento da faringite é de dois a cinco dias e de


impetigo é de sete a dez dias.
Matheus dos Santos Correia 32
UniFG - Medicina

- Quadro clínico

A doença tem início agudo com febre alta (39º a 40ºC), calafrios, vômitos, cefaleia,
prostração, amigdalite e dor abdominal. O exantema surge após 24 a 48 horas, com aspecto
eritematoso e micropapular, dando à pele uma textura áspera semelhante à “lixa”. O rash se
inicia no tórax e se dissemina para pescoço e membros, poupando palmas e plantas.

Na face, a fronte e as bochechas ficam hiperemiadas enquanto a região perioral torna-se


pálida (Sinal de Filatov). Nas regiões flexurais (ex.: prega poplítea, axilas, prega cubital) o
exantema é mais intenso, levando à formação de linhas transversais (Sinal de Pastia). O rash
começa a desaparecer após a 1ª semana, iniciando-se pela face e pescoço, deixando uma
descamação fina. Os pés e as mãos são os últimos a descamar e o fazem de modo mais
intenso. As amígdalas frequentemente estão edemaciadas, hiperemiadas e recobertas por
um exsudato.

A língua, no primeiro dia da infecção, apresenta-se com aspecto “morango branco” em


função das papilas hipertrofiadas e exsudato branco recobrindo sua superfície. No terceiro
dia, a língua adquire aspecto de “morango vermelho” ou “framboesa”, pois o exsudato
desaparece e as papilas linguais avermelhadas tornam-se evidentes.

 Varicela Zóster
A varicela nada mais é do que a catapora. Essa doença tem um curso benigno e
autolimitado na infância. Embora seja uma doença imunoprevinível, continua sendo bastante
comum em nosso meio, uma vez que a vacina foi introduzida no Calendário Básico da
Criança apenas em 2013. A doença é causada pelo Vírus Varicela Zoster e o ser humano é o
único reservatório do agente.

O VVZ é capaz de causar infecção primária, latente e recorrente. A capacidade de


estabelecer uma infecção latente após a infecção primária é uma característica comum de
diversos membros da família dos herpesvírus. A infecção primária leva ao quadro de varicela.
Após a primoinfecção, o vírus estabelece infecção latente nos gânglios sensoriais e a
reativação provoca o quadro de herpes-zóster, mais comuns em indivíduos mais velhos e com
comorbidades. O leigo costuma chamar esse quadro de “cobreiro”.
Matheus dos Santos Correia 33
UniFG - Medicina

O vírus é encontrado nas secreções respiratórias e no líquido das lesões cutâneas do


paciente com varicela e pode disseminar-se por via aérea e pelo contato direto com as
lesões. A transmissibilidade tem início um a dois dias antes do surgimento do exantema e
persiste até o momento em que todas as vesículas se transformaram emcrostas (o que em
geral ocorre de três a sete dias após o início das lesões).

O vírus é inoculado na mucosa do trato respiratório superior e nos tecidos linfoides e


começa a se replicar. Tem início o período de incubação da doença que dura entre 10 e 21
dias. Ocorre uma primeira viremia subclínica, que espalha o vírus pelo sistema
reticuloendotelial. Passam-se alguns dias e ocorre a disseminação cutânea do vírus por meio
de uma segunda viremia, que dura de três a sete dias. Próximo ao fim do período de
incubação, o vírus é novamente transportado para a mucosa respiratória, começando a ser
eliminado antes do aparecimento do exantema.

A doença é autolimitada devido à própria resposta imune do hospedeiro, que é capaz de


conter a replicação viral. Após o controle da doença, o VVZ não é eliminado do organismo.
Ele caminha de forma retrógrada pelos axônios sensoriais e alcança os gânglios das raízes
dorsais, permanecendo em estado de latência por muitos anos.

O vírus latente pode sofrer reativação, se replicar nos gânglios e fazer o caminho de volta
pelos nervos até a área da pele correspondente, levando ao surgimento faz lesões do quadro
de herpes-zóster. É isso que explica a distribuição típica do exantema. O surgimento das
novas lesões na pele também é autolimitado e a formação das crostas ocorre em até duas
semanas.

- Quadro clínico

A doença costuma começar entre 14 e 16 dias após o contágio. As crianças menores


simplesmente não costumam apresentam prodrômos. As manifestações cutâneas costumam
serem as primeiras alterações. As crianças maiores e adultos podem apresente febre
moderada, mal-estar, adinamia, anorexia e dor adbominal. Esses sintomas surgem um a dois
dias antes do exantema.

A lesão inicial consiste em mácula eritematosa e puriginosa, que se converte em pápula,


que evolui em vesícula de conteúdo cristalino. Essa vesícula lembra uma “gota de orvalho
sobre a pétala”. Em 24-48 horas, cada vesícula evolui como pústula com umbilicação central
e formação de crosta.

Uma coisa interessante de se observar, é que ao mesmo tempo em que algumas vesículas
já se tornaram crostas, há novas vesículas surgindo. Por esse motivo, em uma mesma região
do corpo, podemos encontrar lesões em vários estágios evolutivos, que dá origem ao
polimorfismo regional. Essas lesões também se espalham nas mucosas, atingindo orofaringe,
mucosa vaginal e conjuntiva. As primeiras lesões em geral surgem no couro cabeludo, na
face e no tronco.
Matheus dos Santos Correia 34
UniFG - Medicina

O exantema tem uma distribuição centrípeta, ou seja, é mais evidente no centro do corpo.
O surgimento de novas lesões dura em média de 2 a 4 dias. No momento em que todas as
lesões tornam-se crostas e novas lesões param de surgir, sabemos que a viremia foi
interrompida. Isso é fundamental para sabermos o momento em que o indivíduo parou de
transmitir o vírus e pode retomar as suas atividades normais. Todas as crostas irão finalmente
desaparecer entre uma e duas semanas deixando áreas de hipo ou hiperpigmentação. A
formação de cicatrizes permanentes não é comum, exceto quando ocorre a infecção
secundária de uma lesão.

 Dengue

A dengue é uma doença febril exantemática aguda causada por um vírus de RNA do
gênero Flavivírus, que compreende 4 sorotipos conhecidos (DENV 1, 2 , 3 e 4). A transmissão
se dá por meio de picadas de mosquitos femeas do gênero Aedes, sendo o A. aegypt o
principal vetor no Brasil. Entre 2007 e 2009 registrou-se um aumento significativo de casos
graves em crianças com a recirculação do DENV2.

A dengue na criança pode ser assintomática ou manifestar-se como síndrome febril com
sinais e sintomas inespecíficos, como apatia, recusa da alimentação e de líquidos, vômitos,
diarreia sem sinais de localização. Já os menores de 2 anos de idade, os sinais e sintomas de
dor podem manifestar-se por choro persistente, sonolência ou irritabilidade, que pode sugerir
outros quadros infecciosos febris, comuns dessa faixa etária, como o exantema súbito.

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