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Direito Romano

O Direito romano é um conjunto de normas que vigoram em Roma.


Desde cerca de 1900 a 1950, verifica-se uma profunda crise do ensino e dos estudos do Ius Romanum.
Crise esta que foi superada em 1956, após que o Direito se transformou numa parte integrante e
essencial da formação de todo e qualquer juris .
Hoje entende-se que, quanto mais intenso for o conhecimento do Ius Romanum, mais nítida e mais
firme será a consciencialização do nosso atual Direito.

No
Noçãoo de Ius
Como tende a acontecer com coisas difíceis, ainda hoje não se sabe concretamente a origem da
palavra Ius:
✓ Iussum (ordenar, preceituar): O Ius significaria que está preceituado ou ordenado.
✓ Yung: O Ius significaria aquiro que foi determinado pelos juízes em Assembleia, visto serem
estes a expressarem o pensar da comunidade.
✓ Ious:: Significaria que o Ius tenha a sua origem como algo procedente da divindade
✓ Iustum:: O Dr. Sebastião Cruz inclina-se para esta vertente. Logo Ius é tudo o que tem especial
relação com o justo.

Periodiza
Periodizaçãoo do Ius Romanum
Ao longo dos 13 séculos de existência do Direito Romano, destacam-se 4 etapas históricas.
Identificada a fase do seu nascimento ou da sua formação, que se apelida da fase arcaica, segue-se a
fase do seu desenvolvimento e auge que se chama fase clássica, à qual sucede a fase da sua
decadência e vulgarização denominada por pós-clássica. Por último, a fase da sua codificação, a
Justinianeia.

Inicia-se em 753 a.c e termina em 130 a.c.


É a fase da formação das instituições jurídico-romanas e, por isso, a sua característica é a imperfeição,
sendo de referir que esta fase se subdivide em 2 etapas:
1) 753 a.c até 242 a.c, denomina-se de período exclusivo do Ius Civile
2) 242 a.c até 130 a.c, esta fase é caracterizada pela coexistência do Ius Civile e do Ius Perigrini ou
Gentium

Inicia-se em 130 a.c até 230 d.c.


É o período de desenvolvimento e apogeu, pelo que a sua característica é a perfeição e exatidão.
Segundo o historiador Álvaro D’ors, esta época subdivide-se em 3 etapas:
1) Fase pré-clássica que é um período de grande desenvolvimento do Ius Romanum
2) Fase clássica central é o período de maior esplendor e perfeição do Ius Romanum
3) Fase clássica tardia, período em que já se nota uma certa decadência do direito romano
Inicia-se em 230 d.c e termina em 530 d.c.
É um período sem individualidade própria, pelo que se caracteriza pela decadência do Ius Romanum,
devido a diversos fatores, dentro dos quais se destaca a perda do énio criativo dos Jurisconsultos que
deixam de produzir obras novas, para passar a elaborar resumos das mesmas.
A característica desta fase é a confusão jurídica.

Muito importante No Império Romano do Ocidente, o processo de decadência do Direito


Romano atinge um nível tal que se fala mesmo numa vulgarização deste
Direito. Posto isto, o Direito que nele vigorou, até à queda do Império Romano do Ocidente, foi o
Direito Romano Vulgar.
Como fatores decisivos para esta vulgarização encontram-se:
✓ A circunstância de nos territórios que constituíam o Império Romano do Ocidente, já
existirem povos, os quais dispunham de um Direito de antigo uso, ou seja, consuetudinário.
✓ Ao facto de que neste lado do Império não existirem escolas de direito, o que justificava a
impreparação dos seus juristas. Estes que utilizavam traduções, cópias e resumos imperfeito
e muitas vezes contraditórios.
✓ Ao facto de que parte do Império ter sido muito invadido por vários povos.
✓ A vulgarização do Direito foi uma expressão de um fenómeno generalizado de
vulgarização cultural, que se refletiu também na utilização do latim vulgar.

Diversamente no Império do Oriente, o Direito pós-clássico não conduziu ao direito vulgar, porque
devido à atividade do Imperador Justiniano, se travou o processo de decadência do Direito Romano.

Inicia-se em 530 d.c e termina em 565 d.c, aquando da morte do Imperador.


Esta época apenas existe para o Império Romano do Oriente, caracterizando-se por um esforço de
codificação do Direito Romano, criando o Corpus Iuris Civile.

Períodos Políticos do Direito Romano


Fases Políticas

Quando, em 753 a.c, Roma se constituiu como uma cidade, adota o modelo de organização chamado
Estado-Cidade.
Nascendo como Estado-Cidade, colocava-se de imediato o
Estado-Cidade:
É um agrupamento de homens problema da representatividade desse poder, que se encontrava
livres, estabelecidos sobre um repartido pelos vários membros da comunidade.
pequeno território, todos
dispostos a defendê-lo sobre
qualquer interferência estranha e O Rei
sobretudo onde igualmente A solução que se encontrava para este
todos detêm uma igual parcela problema constituiu a criação do cargo do Rei. Este cargo era vitalício,
do poder. ou seja, não era hereditário. No entanto, este só seria Rei após a
investidura pelo Populus Romanus, que se chamava Comitia Curiata.

O Povo O Populus Romanus (povo) era integrado por 2 camaras distintas:


1) Uma mais aristocrata, os Patrícios
2) Uma mais humilde, os Plebeus
O Populus Romanus exercia os seus poderes sempre e só na medida em que se reunisse em
comícios ou Assembleias Populares.

O Senado Quanto ao Senado, era, durante a fase da Monarquia, um órgão consultivo do


Rei.
Inicialmente esta junta consultiva era constituída pelos Patres, fundadores da
Civitas e mais tarde pelos homens experimentados da vida que eram escolhidos apenas entre os
Patrícios.
O Senado, nesta fase, tinha os seguintes poderes:
1) Nomear o Interrex, ou seja, aquele que desempenharia o cargo do Rei, no lapso de tempo
desde a morte do antigo Rei até à investidura do novo Rei.
2) Conceder a aprovação às leis votadas pelo povo nos comícios mediante a Auctoritas Patrum
(aprovação).
3) Imanar pareceres que funcionavam, sem parecer vinculativo, perante as consultas que lhes
eram feitas e os quais se chamavam Senatusconcultum.

Vai desde 510 a.c até 27 a.c, sendo o seu elemento caracterizador os Magistrados, pelo que
desaparece o cargo do Rei.

Magistrados O termo “Magistratus”, etimologicamente significa quer o cargo de governar


(magistratura), quer a pessoa que exerce esse cargo (magistrado).
✓ Magistratura- O poder supremo não reside, nesta época, num só Rei, mas sim em 2 cônsules,
que são magistrados e exercem o seu poder por 1 ano e são eleitos pelo povo.

✓ Magistrados- Eram de 2 tipos, consoante pertencessem ou não a uma espécie de carreira


diplomática, a que se chamavam Cursus Honorum. Os que pertenciam aos Cursus Honorum
designavam-se Magistrados Ordinários e os restantes chamavam-se Magistrados Extraordinários.
Quanto aos Magistrados Ordinários, estes encontravam-se dentro desta cadeira diplomática
hierarquicamente organizados segundo um critério mais de dignidade do que propriamente de poderes.
No topo da hierarquia encontrava-se o Censor; em segundo lugar estava o Cônsul; em terceiro o
Pretor; em quarto lugar o Edil Curul; por último o Questor.
Estes magistrados possuíam os seguintes poderes:
1) Poder de Potestas, ou seja, o poder de representar o Populus Romanum mediante a
elaboração de projetos de lei, cujas votações eram rogadas pelo Magistrado proponente, no
povo reunido em comícios. Se essa lei fosse favorável e se o Senado concedesse a
aprovação, nascia a Lex Rogata.
2) Poder de Imperium, que era o poder de soberania que os magistrados elaboravam e ao qual
nenhum cidadão se poderia opor. Este poder permitia ao Pretor emanar ordens que eram
acatadas pelas partes envolvidas nesse litígio.
Este poder continha as seguintes faculdades (que anteriormente caberia ao Rei):
- Comandar o Exército;
- Convocar o Senado;
- Convocar a Assembleia Popular;
- Administrar a Justiça.
No entanto, este poder é limitado por 3 circunstâncias muito importantes:
- Temporalidade, uma vez que cada magistratura durava apenas 1 ano;
- Pluralidade, dado que o poder se encontra repartido por várias magistraturas;
- Colegialidade, visto que dentro de cada magistratura existia mais do que um magistrado.
3) Poder Iurisdictio, que era o poder de administrar a justiça de forma normal e corrente.
Era o poder principal do Pretor. Este que competia, igualmente, ao Edil Curul, mas apenas para
organizar os processos litigiosos, e também ao Questor, para administrar a justiça em causas
criminais.
O segundo tipo de magistrados, na época da República, eram os Magistrados Extraordinários, assim
chamados por não pertencerem aos Cursus Honorum e eram 3:
1) Tribunos da Plebe, que eram normalmente chefes das rebeliões levadas a cabo pelos
Plebeus. Os tribunos da plebe possuíam, de uma forma exemplar, o Ius Intercessionis, porque
podiam vetar até anular qualquer decisão ou projeto de norma elaborado por um qualquer
magistrado ordinário.
Para além deste poder, detinham outro que consistia em elaborar projetos de normas relativas a
interesses próprios dos Plebeus que depois eram apresentados e cuja votação era rogada a
esses mesmos plebeus reunidos num tipo especial de comícios chamados de Concilia Plebis.
2) Governantes da Província- Provincia significa “cargo confiado a um magistrado”, e
especialmente “administração de um território conquistado”. Mas, em rigor, só os territórios
sob o domínio de Roma situados fora da Península Itálica e conquistados por um general é
que obtinham o nome de “províncias”.
Os governadores das províncias, além de imperium, tinham iurisdictio. Publicavam igualmente o
seu edictum. Em ordem à administração da justiça, a provincia estava dividida em distritos que o
governador visitava periodicamente.
3) Ditador- Fazia parte de uma magistratura que, para além de extraordinária, era excecional
pois não fazia parte da vida normal e permanente de Roma.
Nascia com a Ius Titum, isto é, com a suspensão do ordenamento civil devido a calamidades
públicas, motivadas por uma crise política interna ou externa.
O Ditador concentrava em si todos os poderes da civitas e, assim, o seu poder de Imperium era
um poder sem qualquer limitação.
O Pretor Em 367 a.c. foi criada a magistratura dos pretores e, portanto, a palavra “Pretor”
passa a significar o Magistrado especialmente encarregue de administrar a justiça, de
uma forma normal e corrente, nas causas civis.
O Pretor presidia à primeira fase do processo jurídico romano, a chamada fase In Iure onde se fazia a
análise dos aspetos jurídicos da causa.
Na segunda fase do processo, chamada Apud Iudicem, era feita a análise da questão de facto, a
prova/sentença. Esta fase era presidida pelo Iudex, ou seja, um particular diferente do Pretor.

A partir do ano de 240 a.c., a administração da justiça foi distribuída por 2 pretores:
✓ Pretor Urbano, que tinha a seu cargo a organização dos processos cives, nos quais apenas
interviessem cidadãos romanos, ou seja, apenas se aplicava o Ius Civile.
✓ Pretor Peregrino, tinha a seu cargo a organização dos processos em que, pelo menos uma das
partes era Peregrini, ou seja, apenas se aplicava o Ius Gentium.

O Senado Este é o órgão político por excelência da República, chamam-se Senatus


Populusque Romanus. Era constituído pelas pessoas mais importantes e influentes
Romanus. Era constituído pelas pessoas mais importantes e influentes da civitas e
tinha um verdadeiro carácter aristocrata.
O Senado não possuía poder de Imperium, mas tinha a Auctoritas, ou seja, o prestígio, gozando de
grande influência na sociedade.
As suas decisões jurídicas, os chamados Senatusconsultos, apesar de terem a forma de meros
conselhos, na prática eram verdadeiras ordens. No entanto, a sua função mais importante era de
conceder a Auctóritas Patrum para que as leis, depois de votadas e aprovadas nos comícios, tivessem
validade.

O Povo É o terceiro elemento da constituição da constituição política republicana.


Reuniam-se em Assembleia ou Comícios com os seguintes poderes:
✓ Eleger os magistrados
✓ Votas as leis por eles propostas
✓ Funcionar como tribunal de última instância quando tinha lugar o Provocatio
ad Populum, que surgiria quando qualquer cidadão, nos casos mais graves,
apelava para a Assembleia do povo (Comitia Centuriata) contra as decisões
dos Magistrados

Vai desde 27 a.c. até 284 d.C.


Se a Monarquia teve como elemento característico o Rei e a República, por sua vez, os magistrados,
o Principado, quando plenamente instalado, teve como elemento caracterizador o Imperador/Prínceps.
Certa altura a constituição política republicana torna-se insuficiente para as novas realidades e entra
em crises sucessivas, devido a diversos fatores, dentro os quais:
✓ Alargamento extraordinário do poder
✓ Aparecimento de novas classes sociais
✓ Revolta dos escravos que pretendem liberdade

O povo romano, desmoralizado com os seus políticos, volta-se para Octávio César Augusto, pois
entendiam ser este o mais indicado para estabelecer a paz, a justiça, a moral, a política e a economia,
retirando o país do caos que se encontrava nos últimos tempos.
Este ficou conhecido historicamente pela sua habilidade política, e em consequência, pelo processo
estratégico que desenvolveu para centralizar em si todos os poderes sem romper abruptamente com
as estruturas políticas da República.
Octávio César, aproveitando-se de todas estas circunstâncias, instaura uma nova forma constitucional,
o principado.

4ª época política de Roma que decorre desde 284 d.C. até 476 d.C.
Corresponde ao período historicamente conhecido de baixo-império e é instalado em Roma pelo
Imperador Diocleciano.

Diocleciano subiu ao poder em 284 pois era um soldado severo, enérgico e autoritário. Este
inaugurou um novo regime político proclamando-se Dominus, senhor único de Deus. Auto intitulava-se
de Deus porque entendia que o poder provinha de uma investidura divina e não de uma Lex Curiata
D’Imperium.
Estabelece-se uma forte rivalidade entre este Imperador e o chefe da Igreja, em virtude do qual
Diocleciano ordenou uma violenta perseguição aos cristãos.

Factos importantes da época do Absolutismo:


✓ Reforma político-administrativa de Diocleciano
✓ Reconhecimento de manter todo o império sob o seu comando, havendo, portanto, tendência
para dividi-lo entre 2 imperadores (Diocleciano no Oriente e Maximiniano no Ocidente)
✓ Dá-se o reconhecimento do cristianismo como religião oficial a partir do tempo de
Constantino.
✓ O Absolutismo é também marcado pelas invasões bárbaras.

Fontes do Ius Civile


As fontes de Direito do Ius Civile podem classificar-se em:
✓ Existendi, órgãos produtores
✓ Manifestandi, modos de manifestação
✓ Cognoscendi, textos ou documentos escritos

Fontes Manifestandi

O costume é a primeira fonte manifestandi, onde a sua fonte existendi é o populus romanum.
Existem 2 conceitos de costume que deve de ser distinguidos:
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✓ Conceito romano, que corresponde aos mores maiorum
✓ Conceito moderno, onde o costume é o consuetudo

Em Roma, até ao século IV d.C., o Costume era entendido na aceção de Mores Maiorum com o
seguinte sentido: “tradição de uma comprovada moralidade”. Assim, para os romanos, não existiam
bons ou maus costumes, dado que estes eram sempre honestos, morais e dignos de serem imitados.
A partir do século IV d.C., devido ao importante fenómeno e consequente automatização do Direito,
cria-se um novo conceito de costume enquanto fonte de Direito. A esse conceito chamava-se
consuetudo, que é uma palavra que surge na terminologia jurídica mais ou menos na época pós-
clássica, para traduzir a ideia de costume como observância constante e uniforme de uma regra de
conduta pelos membros de uma comunidade devido à convicção da sua obrigatoriedade jurídica.
Existe ainda o Usus, que é mais empregue com o significado de hábito de agir, sem que
isso constitua uma obrigação ou até um simples dever.

A lei assumia duas aceções distintas consoante se fundasse numa declaração solene baseada num
compromisso entre os sujeitos, ou num compromisso entre o órgão que elaborava a lei e a própria
comunidade.
À primeira chamava-se Lex Privata e ela consistia na base de diversos negócios jurídicos celebrados
enquanto vigorava o princípio de que aquilo que os sujeitos diziam valeria lei.
A segunda era a Lex Publica que era a lei comicial, isto é, a mais votada pelo povo reunido em
comícios.

Lex Rogata
como Lei Pública Terá sido a espécie mais usual de lei pblica e traduzia uma deliberação
Solene com valor normativo, proposta por um magistrado ordinário no
Poder de Potestas, votada após a respetiva votação pelo povo reunido
nos comícios das centúrias e depois aprovado pelo Senado.
Denominava-se Lex Rogata porque para se converter em autêntica lei necessitava de ser
favoravelmente votada pelo povo.

Ela tinha o seu próprio processo de formação:


1) Promulgatio – era a fase da afixação da proposta de lei, durante 3 semanas, num lugar
público para que o povo a lesse e tomasse conhecimento do seu conteúdo. A partir desta
afixação, a proposta tornar-se-ia inalterável.
2) Conceciones – decorridas as 3 semanas, podiam convocar-se reuniões sem carácter oficial
nem jurídico. A estas chamavam-se conceciones porque, para que alguém nelas falasse, era
necessário que o magistrado lhe concedesse a palavra. Os discursos favoráveis ao conteúdo
eram denominados de suasiones; os que fossem desfavoráveis eram as dissuasiones.
3) Rogatio – celebradas, ou não as conceciones, o magistrado, findo o prazo da promulgatio,
rogava ao povo reunido nos comícios a votação da proposta da norma. Esta fase era
verdadeiramente importante à validade do processo de formação da Lex Rogata, uma vez
que permitia ao povo o exercício do seu poder legislativo que se traduzia na faculdade de
poder votar a favor, contra, ou abster-se de votar a proposta de lei.
4) Votação – caso o povo, reunido nos comícios das centúrias, votasse favoravelmente a
proposta de lei, esta converter-se-ia numa autêntica lei que, ainda assim, necessitava da
aprovação do Senado para entrar em vigor.
5) Aprovação pelo Senado – depois de ter sido votada favoravelmente pelo povo, a lei era
levada ao Senado para que este também a aprovasse, mediante a conceção da Auctoritas
Patrum. Aqui torna-se, então, perfeita e apta para entrar em vigor.
6) Afixação – este processo de formação da Lex Rogata conclui-se aqui, com a afixação da Lei
no Fórum Público.

Esta lei tinha a sua própria estrutura:


1) Praescriptio - espécie de prefácio, que contém o nome do magistrado que a propôs, a
assembleia que a votou e a data, o nome do primeiro agrupamento que abriu a votação e o
nome do primeiro cidadão que votou.
2) Rogatio – parte dispositiva da lei que contém o seu conteúdo normativo.
3) Sanctio – continha a sanção que pendia sobre aqueles que não acatavam o conteúdo da lei.

Quanto ao tipo de Sanção-


- Leis Perfeitas, que são atos
contrários às leis absolutamente inválidos
- Leis menos perfeitas, são os actos
contrários às leis não eram
completamente inválidos, mas implicava
aos infractores uma coima, uma multa.
- Leis Imperfeitas, os atos contrários às
leis não eram inválidos nem implicavam
uma sanção

Leges Datae Estas leges admitem-se como segunda espécie de leges publicae.
São leis proferidas pelo magistrado, em virtude de um poder especial que
o povo, para esse feito, lhe conferiu.

Leges Dictae São leis proferidas por um magistrado em virtude do seu próprio poder.

Lei das XII Tábuas


Para o Dr. Sebastião Cruz, a Lei das XII Tábuas terá sido a primeira lei pública e comicial do Direito
Romano.
Trata-se de uma lei elaborada por volta do ano 450 a.c., por um organismo especialmente eleito para
este feito, sendo depois votada pelo povo reunido nos Comicios das Centurias e afixada no Fórum
Público e publicada em XII tábuas de madeira.

O seu valor, divis


divisãoo e conte
conteúdo
do
Quanto à sua divisão interna, tal como o nome indica é uma lei formada por XII partes e cada uma
dessas partes subdividia-se em diversas Vis ou Fragmentos:
1ª à 3ª tábua – Processo Civil
4ª à 5ª tábua – Direito da Família e Sucessões
6ª tábua – Negócios Jurídicos
7ª à 12ª tábua – Direito Penal

Importante
Na sua tábua III regulamentavam-se as consequências resultantes do não
Cumprimento voluntário da obrigação jurídica de pagar por parte do sujeito
responsável pela divida.

Esta terceira tábua versa sobre as consequências decorrentes do incumprimento voluntário da


obrigação jurídica de pagar, que da válida celebração de uma Stipulatio nascia para o sujeito
responsável pela divida.
Ela dividia-se em 6 leis:
1) Segundo o disposto nesta primeira lei, sempre que o responsável pela divida não cumprisse
voluntariamente com a sua obrigação jurídica de pagar, o credor levava-o a tribunal, dando-se
início à chamada Ação Declarativa. Esta tinha por finalidade declarar a existência da divida e,
consequentemente, do direito do sujeito credor e a obrigação do sujeito responsável pela
divida.
Introduzindo o pedido em tribunal, iniciava-se o processo jurisdicional. Este processo romano
admitia 2 fases:
a) Fase In Iure – era presidida pelo Pretor e nela se desenvolviam as principais atividades que
sustentavam a resolução do litígio, designadamente a análise da natureza jurídica do pedido
e a recolha e produção da prova
b) Fase Apud Iudicem – era presidida por um particular, o Iudex, ao qual cabia emanar a
sentença
Durante a ação declarativa podiam ocorrer uma das seguintes 2 situações:
a) Os responsáveis pela divida confessava-a, obtendo-se, assim, uma Confessio in Iure logo na 1ª
fase do processo e não se transitando, portanto, para a fase Apud Iudicem
b) Não existindo qualquer confissão após a produção da prova na fase Apud Iudicem, o Iudex
emanava uma sentença condenando o responsável pela divida, obtendo-se uma Iudicatio.
2) Após a Confessio in Iure ou a emanação da Iudicatio, é concedido ao responsável pela divida
um período de 30 dias para que este pague. Seria um verdadeiro período de tréguas, desde
logo porque se proibia qualquer espécie de vingança privada. Findo este prazo, e não
ocorrendo pagamento, o credor podia agarrar na pessoa responsável pela divida levando-o,
de novo, a tribunal para se dar início à fase executiva.
3) Esta terceira lei dispunha que, uma vez em tribunal, o responsável da divida visse a sua
pessoa ser adjudicada à pessoa do credor por força da Manius Iniectio que o Pretor proferia.
Esta Manius Iniectio permitia o apoderamento físico da pessoa ao responsável pela divida, pelo
credor, que o levava para a sua casa onde o mantinha em cárcere privado.
4) Aqui referia-se uma situação de quase escravidão em que o responsável pela divida se
passava a encontrar e, em consequência, a limitação do núcleo essencial dos seus direitos de
personalidade. No entanto, também se referia nesta lei que, uma vez que o responsável da
divida ainda conservava a sua condição de Sui Iuris, ele mantinha a capacidade de gozo e de
exercício de Direito sobre o seu património.
5) De acordo com a 5ª lei, o responsável pela divida, de forma a evitar a fase inicial da ação
executiva, que traduzia a perda da sua condição Sui Iuris e a consequente conversão em
escravo, podia exercer com o sujeito credor o Direito de pactar mediante uma das
seguintes:
a) Decidia e comunicava tal decisão ao credor, pagar o montante da divida, assim se auto-
libertando
b) Era resgatado por alguém
c) Decidia entregar-se ao credor como seu serviçal e criado para qualquer tipo de função
até que a divida se considerasse paga, momento em que se libertaria. Se, contudo, não
fosse exercido este Direito de pactar, o responsável pela divida manter-se-ia preso
durante mais 60 dias, período pelo qual seria levado a 3 feiras públicas consecutivas, onde
o valor da sua divida era anunciado pelo Pretor na expectativa de algum familiar ou amigo
pagar a divida, resgatando-o.
6) Se nada do acima referido ocorre-se, a 6ª lei traduzia-se na conversão do sujeito em
escravo e, consequentemente, na sua transferência para o domínio do Direito de
propriedade do credor que podia fazer dele o que bem entendesse.

SenatusConsultos
Desde a criação de Roma como cidade, as estruturas políticas romanas contavam com o Senado
como um dos órgãos titulares do poder de soberania. Todavia, até à fase do Principado, este não
dispunha de poder legislativo, pelo que os Senatusconsultos, até à referida fase, tinham a aceção de
respostas dadas pelo Senado às consultas que lhes eram feitas sobre determinadas matérias.
Foi na transição da fase da monarquia para a república que os Senatusconsultos deixaram de consistir
meros conselhos para se converterem em ordens.

A partir do século I a.c., a aceção de Senatusconsultos é, pois, a de leis produzidas pelo Senado.
À medida que as estruturas próprias do Senado se vão consolidando (1º Praefacio que contém o
nome do magistrado convocador e o nome dos senadores que intervieram na redação, e o lugar e a
data em que se celebrou a reunião do senado; 2º Relatio que narra os motivos e a proposta
apresentada, e ainda a sentença, resolução ou decisão aprovada), passam estes também a ser
manifestações da vontade do Imperador, posto que este, sempre que pretendia ver alguma matéria
convertida em lei, expunha oralmente as suas intenções ao Senado e as leis eram, por este órgão,
aprovadas quase sem prévia discussão.
O senatusconsultos tertullianum concede à mãe consanguínea, que realizou um matrimónio sine manu
(não estava submetida ao pater), ou que não é casada, o direito de suceder iure civile na herança dos
seus filhos, masculinos ou femininos, legítimos ou naturais (antes a mãe só herdava iure praetorium).
Uma questão prévia ao Direito sucessório é o Direito da família romana, pois o Direito sucessório está
feito à imagem da família romana.

Direito da Segundo o Ius Civile:


Familia Romana 1) Familia Agnastícia próprio Iure (em sentido próprio) – as pessoas são
Familiares umas das outras na medida que estiverem juridicamente
Submetidas ao pater. O pater tem um poder exclusivo, denominado de
Patria Potestas, que possui 2 dimensões: 1 dimensão jurídico-pessoal, que que o Páter tem poder
pessoal sobre todos os membros agregados e tem poder de correção; e a dimensão jurídico-
matrimonial, em que o Pater é o titular de todo o matrimónio e dos membros da família.
Membros desta família:
✓ Conjunto de membros submetidos juridicamente ao pater:
- Natura Subjectae (filhos e filhas / netos)
- Iure Subjectae
- Adaptio (adotados, os que ingressam na família por força de um ato jurídico)
- Uxor In Manu (Conventio in Manu, ou seja, contrato matrimonial em que a mulher se
declarava ficar num regime jurídico submetida ao pater. O seu contrário é Uxor Sine Manu)
- Adrogatio (adrogados, em que o pate submete um contrato e o outro fica submetido ao
pater)
2) Família Agnatícia em sentido amplo – nesta família a única coisa que
pertence da família agnatícia em sentido próprio é o nome da família.
3) Família Genticia – permanência dos mortos na memória dos vivos

Segundo o Ius Praetorium:


1) Família Cognatícia – o que liga os membros da família é o critério jurídico da sanguinidade
(comunhão de sangue). Fazem parte os que têm descendência direta ou ascendência comum.
2) Affinitas – fazem parte da família aqueles que ligam um conjugue ao parente do outro.

Direito Sucessório Prevalência fundamental entre a sucessão testamentária, quando


existe um testamento válido, e a sucessão ab intestata, quando não
existe testamento. A sucessão no Direito romano só pode ser uma
das duas.
A ordem da sucessão pode ser:
1) Testata (quando existe um testamento válido):
- Critérios para fundamentar a validade dos testamentos:
a) Príncipio da Instituição de Herdeiros: não há testamento válido se o autor de um
testamento não instituir um herdeito (ARTIGO 2039/Nº1 CC)
b) Não praticar o Praeteritio: o testador (aquele que faz o testamento), para manter o
testamento válido, tem de deserdar os que, se não houvesse testamento, eram herdeiros.
2) Ab Intestata (quando não existe testamento):
- Segundo o Ius Civile:
a) os herdeiros sui (filho, filha e mulher casada submetida juridicamente ao pater) herdam, por
igual, a herança, repartindo-a sem distinção
b) os outros agnados (irmão e irmãs), se estiverem no mesmo grau, a herança é dividida; se
estiverem em grau diferente o parente mais próximo exclui o mais distante
c) gentilis, se os concorrentes estiverem no mesmo grau, a herança é dividida; se estiverem
em grau diferente o parente mais próximo exclui o mais distante.
- Segundo o Ius Praetorium:
a) Liberi (heredes sui e os emancipados e seus descendentes)
b) Legitimi, se os concorrentes estiverem no mesmo grau, a herança é dividida; se estiverem
em grau diferente o mais próximo exclui o mais distante
c) Cognati (parentes consanguíneos até ao 6º grau e os adotados), caso estejam no mesmo
grau, a herança é dividida; se estiverem em graus diferentes o parente mais próximo exclui o
mais distante
d) Uxor, desde que se trate de um matrimónio celebrado segundo o ius civile e dissolvido por
morte e não por divórcio

EM SUMA – a herança distribui-se por grupos, nunca se passa por um grupo se estiver pelo menos 1
representante. Se for o único representante, recebe toda a herança; se houver vários representantes,
caso estejam todos no mesmo grau, ela é dividida, caso estejam em graus diferentes, o parente mais
próximo exclui o mais distante.

Este Senatusconsultum é assim denominado por ter sido porposto pelo côncul Velleus.
Proibiu a todas as mulheres a prática de intercessio a favor de qualquer homem. Isto é, proibi que elas
se responsabilizassem pelas dividas contraídas por um homem.
Existem 3 espécies de Intercessio:
Intercessio-
1) Intercessio Comulativa – quando alguém se
Em Direito Privado significa a
responsabiliza pela dívida de um terceiro conjuntamente
intenção favorável de intervir a
com ele.
A) Obrigação Correal, em que a intercessio favor de outrem.
Em Direito Público significa
comulativa consistia na prestação de uma garantia,
proibição.
um aumento da segurança de que uma dívida
será cumprida e de que o credor será satisfeito. É Neste caso, tratamos do
significado em Direito Privado
o reforço do cumprimento de uma obrigação e
esta garantia pode ser Pessoal ou Real.
- Garantia Pessoal dava ao credor uma garantia
do património do fiador e da sua própria pessoa.
Esta reúne-se em 2 grupos:
Adpromissio: surge um novo devedor (fiador) que se junta ao devedor principal,
existindo assim duas obrigações. As formas de adpromissio são:
- sponsio – forma solene de promessa, só própria dos cidadãos romanos, feita com
invocação dos deuses das partes negociantes
- fidepromissio – promessa feita com a invocação da deusa fides, admitida a cidadãos
quer sejam romanos ou não
- fideiussio – é um aordem que garantia qualquer espécie de obrigações, até mesmo as
obrigações naturais e futuras
Expromissio: surge um novo devedor, que substitui o devedor inicial, ao contrário da
adpromissio, só existe uma obrigação
- Garantia Real é o direito sobre uma coisa concedida a um credor para assegurar o
cumprimento da obrigação.
Esta reúne-se em 3 grupos:
Fiducia: verifica-se uma datio (tranferencia de propriedade) da coisa a favor do credor,
propriedade que deverá cessar assim que se efetue o cumprimento da obrigação
Pignus (penhor): verifica-se uma traditio (transferência de posse) da coisa a favor do
credor. O pignus é o direito que o credor tem de reter uma coisa alheia, para forçar o
devedor a cumprir a sua obrigação, quando é cumprida essa obrigação o devedor
recupera o que foi penhorado.
Hyphoteca: traduz-se numa especial afetação da coisa, ao cumprimento de uma
obrigação.
B) Privativa, quando alguém se coloca no lugar do devedor inicial, cuja obrigação se extingue
(expromissio)
C) Tácita, quando alguém se obriga para que outra pessoa, que naturalmente deveria ser o
devedor principal, não se obrigue.

A justificação da proibição da intercessio às mulheres foi baseada no facto delas serem ingénuas e
terem falta de experiência. Assim, os homens abusavam da sua ingenuidade e falta de experiência,
levando-as a ficar intercedentes das dividas contraídas por eles sendo obrigadas a pagar e, eram raras
as vezes que conseguiam reaver o seu dinheiro. Assim surgiu o senatusconsulto Velleianum, cuja
verdadeira finalidade era a proteção das mulheres contra o risco em que ficavam sendo intercedentes
dos homens.
A proibição da intercessio não anulava o negócio de intercessão feito pela mulher, ou seja, a
intercessão não era nula, e era válida, só que era totalmente ineficaz. Isto porque o pretor podia
inutilizar o pedido do credor ao mandar a mulher intercessora e até a própria mulher podia opor-se
quando mandada pelo marido. Se ela pagasse, ignorando a existência deste senatusconsultum, ou
fossem levadas a pagar, podia reclamar o que pagou, uma vez que a mulher não era obrigada, dado
que o negócio de intercessio era totalmente ineficaz.

Este Senatusconsulto não se aplicava na seguinte situação:


✓ Este senatusconsultum não proibiu às mulheres o pagamento de uma divida alheia, nem as
doações, desde que se fizesse com espírito de liberdade pois o que ele proibiu foram as
obrigações.
No entanto existem 2 exceções:
✓ Se se provava que ela tinha agido com algum interesse patrimonial
✓ Se se demonstrava que ela tinha intercedido com intenção de prejudicar o credor
Trata-se de uma lei produzida pelo Senado que se pensa ter entrado em vigor no ano 75 d.C.
Teve na base da sua formação o seguinte:
✓ O filiusfamilia Macedónio, devido ao endividamento em que se colocou por ter celebrado vários
empréstimos em dinheiro, com vista à prática de atos de imoralidade, acabou por matar o
páter-famílias, visando tornar-se ele próprio páter-famílias, e a poder, assim, dispor livremente
dos seus bens e pagar as suas dividas.

Este senatusconsultum proibiu o empréstimo de dinheiro a todo o filiusfamilia, mesmo que ele
ocupasse um alto cargo, uma vez que se pressupõe que esse empréstimo seria para fins imorais. A
sua finalidade era a de evitar a devassidão dos filiusfamilias e protegê-los contra esse perigo.

Aplicava-se às seguintes situações:


✓ Negócios jurídicos que consistiam em empréstimos em dinheiro (Stipulatio)
✓ O sujeito devedor ser um filiusfamilia
✓ A divida contraída visava permitir ao filiusfamilia a prática de atos de imoralidade.
Uma vez verificados estes requisitos, a consequência que este Senatusconsulto produzia era: A
Stipulatio não fazia nascer, para o sujeito devedor, a obrigação jurídica de pagar, mas tão só uma
obrigação natural (ARTIGO 402º CC)
Contudo, também poderia não se aplicar:
✓ A qualquer outro negócio jurídico celebrado pelo filiusfamilia, e ainda que a finalidade também
fosse obter dinheiro para a prática de atos de imoralidade
✓ À stipulatio que o filiusfamilia celebrasse, usando para tal de má-fé
✓ A toda a stipulatio que o filiusfamilia celebrasse com vista à prossecução de outros fins que não
a prática de atos de imoralidade

Uma vez demandado a pagar, o filiusfamilia, por estar protegido por esta lei, podia recusar-se a tal
pagamento, invocando uma exceptio senatuscinsulti macedoniani. Com efeito, aqui, o pretor podia, logo
desde inicio, não conceder a actio ao credor, ou caso concedesse, poderia, mais tarde, conceder-lhe
uma exceptio que inutilizava a pretensão do demandante/credor (o filiusfamilia).

Constitui
Constituições
es Imperiais
As constituições imperiais eram leis do Direito Romano produzidas diretamente pelo Imperador e
podiam ser decisões de variadas matérias.

Evolução do seu valor jurídico


O Imperador ou Princeps surge dentro da estrutura política de Romna na fase do Principado.
Inicialmente, e de acordo com a estratégia adotada por Octávio César Augusto, o Imperador não
detinha poder legislativo.
Com efeito, preparando o caminho para a centralização na sua pessoa de todos os poderes, este
Imperador retirou o poder legislativo aos comícios populares, e atribui-o ao Senado. Surgem então as
primeiras leis emanadas por este órgão, os chamados Senatusconsultos, que em breve se
transformaram em verdadeiras expressões da vontade do Imperador.
Durante o Sec. I, e até ao Sec. III d.C., as Constituições Imperiais não têm valor de Lei., sendo na prática
ordens dadas pelo Imperador, e acatadas sem qualquer oposição pelo Populus Romanum.
As Constituições Imperiais foram, a mando do Imperador Justiniano, compiladas no Codex e nas
Novellae do Corpus Iuris Civilis.

Tipos de Constituições Imperiais do século I – século IV d.c e do


século IV – século VI d.c
Durante o século I e até ao século IV d.c, existiam 4 grandes tipos de Constituições Imperiais:
1) Edicta, que eram constituições imperiais de carácter geral, emanadas pelo Imperador no uso do
seu importante poder de Ius Proconsulare Maius
2) Rescripta, que eram Constituições Imperiais que consistiam em respostas dadas por escrito pelo
Imperador aos pedidos ou perguntas que lhe eram feitas, designadamente por elementos do
povo e por magistrados.
No primeiro dos referidos casos, as Rescriptas chamavam-se Subscriptio, e quando o Imperador
respondia a perguntas que lhes eram feitas pelos Magistrados chamavam-se Epistolas
3) Mandata, eram Constituições Imperiais que consistiam em ordens ou instruções dadas pelo
Imperador ou Governadores de Provincia e a outros funcionários seus, pelo que revestiam a
natureza de circulares sobre problemas administrativos
4) Decreta, eram Constituições Imperiais que consistiam em decisões judiciais proferidas pelo
Imperador na sua qualidade de Presidente dos Tribunais especiais que, neste período, existiam
em Roma.

Após o século IV e até ao século VI d.c, período que historicamente ficou conhecido por Baixo-
Império, surgem mais 2 novos tipos de Constituições Imperiais:
1) Adnotaciones, eram Constituições Imperiais que consistiam numa nova forma de o Imperador
responder aos pedidos que lhe eram feitos, inscrevendo nesses mesmos pedidos um rescrito,
pelo qual concedia determinados favores, como o da isenção de impostos
2) Pragmaticar Sanctiones, que terão sido Constituições Imperiais de carácter regional.

Iusprud
Iusprudência
ncia
O Direito Romano era entendido como um problema prático em continuo processo de realização.
Com efeito, sendo um Direito profundamente comprometido com a Praxis social, realizava-se através
da resolução dos casos concretos. É neste contexto que deve entender-se o sentido de
Iurisprudêntia para os romanos.
Na verdade, a Iurisprudêntia romana, sendo a ciência do Direito, era também uma técnica, devido à
sua natureza de ciência pratica.
Cabia também à Iurisprudêntia ensinar os homens como alcançar o justo e evitar o injusto, pelo que
era uma ciência de natureza pratica.
Evolução da Iusprudência como Fonte do Ius Civile
Inicialmente a Iurisprudêntia romana tinha por função nuclear a chamada Interpretatio.
Com efeito, cabia aos estudiosos do Direito indicar quais as matérias que deviam ser juridicamente
reguladas, interpretar as normas existentes, indicar o seu carácter moral ou ético, e referir quando é
que a norma jurídica já não tinha qualquer razão de ser. Sendo assim, a Iurisprudêntia foi na realidade a
primeira fonte do Direito Romano.
Contudo, durante a fase da República, a atividade da Iurisprudêntia não era oficialmente uma fonte de
Direito, porque os responsa dos Iurisprudentes romanos nesta fase não tinham carácter obrigatório
nem vinculativo.
É com Octávio César Augusto que esse responsa ganham pela primeira vez um carácter
obrigatório e vinculativo.
Dado isto, dentro da sua estratégia de centralização de todos os poderes na sua pessoa, este
Imperador chamou para junto de si, e colocou ao seu serviço, os Magistrados mais inteligentes,
concedendo-lhes o prestígio que eles não dispunham anteriormente. Tal ocorreu através da atribuição
do Ius respondendi ex autoritates prínceps.

A partir do Imperador Adriano, Sec. II d.C., a Iurisprudentia cresce de importância, tornando-se


oficialmente fonte imediata de Direito, porque os responsa dos Iurisprudentes passam a ser
considerados como Leges, visto possuírem uma natureza vinculativa, quer relativamente ao caso
concreto em sede do qual foram emanados, quer relativamente a futuros casos.

Evolu
Evoluçãoo Histórica da Iurisp
Iurisprud
rudêntia
Inicialmente, no período que vai até o Seculo IV a.C. em Roma o estudo do Direito era entendido
como um verdadeiro sacerdócio, porque era desprovido de qualquer carácter lucrativo.
Compreende-se, pois, que neste período inicial a Iurisprudêntia fosse uma atribuição exclusiva dos
sumos pontífices, apenas estes podiam ser Iurisprudentes. A partir do referido século. IV a.C., opera-se
o processo de laicização da Iurisprudêntia, devido essencialmente aos seguintes 3 fatores:
✓ Ao surgimento da Lei das XII Tábuas, que foi a primeira lei escrita do Direito Romano, e nasceu
de uma reivindicação dos plebeus por um regime de igualdade de tratamento com os patrícios.
✓ Ao ensino público do Direito Romano que ficou a dever-se ao primeiro plebeu a ter o cargo de
Pontífex Maximus (Tibério Coruncaneo).
✓ Ao chamado Ius Flaviano, isto é, à primeira colectânea de fórmulas processuais redigida em
Roma por um plebeu de nome Flávio, e que era escriva de um sumo pontífice de nome Apio
Cláudio.

Ius Praetorium
Aqui o Pretor é intérprete da Lei, mas sobretudo defensor do Ius e da justiça, interpretando o Ius Civle e
também corrigindo as suas aplicações injustas.
Ordens do Pretor (em poder d’imperium)
1) Stipulatio Praetoriae - A Stipulatio Praetoriae era uma ordem dada pelo Pretor para a resolução
de um litígio emergente de uma Stipulatio em cuja celebração não se havia observado algum ou
alguns dos requisitos de validade deste negócio jurídico exigidos pelo Ius Civile.
a) Ob Dolum
b) Ob Metum
C) Ob Aetatem
d) Ob Fraudem
e) Ob Errorem
2) Restituitiones inintegrum (RII) - É uma ordem dada pelo Pretor com base no seu poder
d’Imperium e que significa restituir por inteiro, ou seja, era uma ordem contrária à Stipulatio
Praetoriae, pois há um negócio jurídico injusto, mas válido.
a) Ob Dolum
b) Ob Metum
c) Ob Aetatem
d) Ob Fraudem
e) Ob Errorem
Ob Dolum-
Era a ordem que o pretor dava sempre que um negócio
jurídico tivesse deliberadamente induzido a outra à emanação da
sua declaração negocial com intuito de a prejudicar.

Ob Metum-
Era a ordem que o Pretor emanava, com vista a desfazer um
negócio jurídico celebrado sob coacção.

Ob Aetatem-
Era a ordem que o Pretor dava, com vista a desfazer um
negócio jurídico em que o sujeito lesado era um menor de
idade (24/25 anos).

Ob Fraudem-
É uma ordem emanada pelo Pretor com base no seu poder
dos bens do devedor.

Ob Errorem-
Era a ordem que o Pretor dava, com vista a desfazer o negócio
jurídico que um dos sujeitos tivesse celebrado porque se havia
enganado. Contudo, esse erro ou engano tinha de classificar-se
como desculpável, o que só acontecia se não tivesse existido
qualquer má-fé por parte do sujeito que se enganou.
3) Missions in possessuines - Era uma ordem dada pelo Pretor, com base no seu poder
D’Imperium e que funcionava como um modo de sancionar o cidadão romano que houvesse
desrespeitado uma outra ordem que lhe tivesse sido dirigida pelo Pretor.

4) Interdicta - Tratava-se de ordens dadas pelo Pretor, com base no seu poder D’Imperium que
se distinguiam das demais por terem um carácter provisório.

A principal função deste Magistrado consistia na resolução dos litígios concretos em que ambas as
partes eram Cives. Sempre que a sua intervenção fosse solicitada pelo sujeito, cujos interesses haviam
sido lesados na celebração do negócio jurídico, tratando-se de litígios em que ambas as partes tinham
cidadania romana, tal significa que o ordenamento jurídico, no seio do qual se encontrava a
regulamentação destes litígios era o Ius Civile.
Sendo assim, ao resolver o litígio sujeito à sua actuação, o Pretor, após análise dos factos, concedia
ou negava, ao sujeito, faculdades ou prerrogativas jurídicas que estavam consagradas no Ius Civile.

Importante O que acaba de dizer-se é essencialmente válido para a atuação do


Pretor até ao ano 130 a.c., posto que, a partir desse ano, e devido a uma
importante lei do Direito Romano, o Pretor passa a ter o poder de, em
determinados litígios, e para a sua resolução, concede ao sujeito Actiones Praetoriae, ou
seja, Direitos, poderes ou faculdades jurídicas que ele próprio cria.
Até ao ano de 130 a.C. na resolução dos litígios sujeitos à sua apreciação, o Pretor lançava mão de 4
expedientes, ou seja, emanava 4 tipos de ordens com vista à resolução do litígio e fundamentava-as
no seu poder D’Imperium.
Um poder de soberania ao qual nenhum cidadão de Roma se podia opor. Compreende-se que em
regra, as ordens do Pretor fossem acatadas pelos seus destinatários.

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