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— et stau a) Podemos dizer que a filosofia se constitui quando os 4 See te a teers Met etree ei eee ee ae Tne Cee eerey eres Hees eae ae Cre Recerca soa te oy re Bee nena ea tee esteem debatido e compreendido; Sen nce est tet tee oe tects: ote queremos conhecer as condicées e os pressupostos de De etek otic Pe oe Peters life Meco a eeesge ats te: Ge Oe er tetany um debate tenham sentido. Deste modo, é possivel Ce eeu beens thee discutidas, aceitas e respeitadas por outros. A primeira caracteristica da atitude filosofica é ne- gativa, isto é, um dizer nao aos “pré-conceitos’, aos “pré-julzos’, aos fatos e as ideias da experiéncia coti- diana, ao que “todo mundo diz e pensa’, 20 estabele- ido, Em outras palavras, é tomar distancia de nossas ‘crengas para poder interrogar quais sao suas causas e qual é seu sentido, A segunda caracteristica da atitude fllosdfica é posi- tiva, isto & uma intertogacao sobre o que sio as coisas, asideias, 0s fatos, as situagdes, os comportamentos, os valores, nés mesmos. € também uma interrogacio so- bre 0 porqué e 0 como disso tudo e de nés proprios. + “Oqueer” “Por que é" + “Comoe” Essas so as indagagbes fundamentais da atitude filosofica A face negativa ea face positiva da aticude filosofica constituem o que chamamos de atitude critica. Por que critica? Em geral, julgamos quea pelavracritica significa ‘ser do contrat dizer que tudo vai mal, que tudo esta errado, que tudo é feio ou desagradavel. Critica lembra ‘mau humor, coisa de gente chata ou pretensiosa que acha que sabe mais que 0s outros. Mas nao é isso que essa palavra quer dizer Critica provém do grego e tem trés sentidos prin- cipais: ‘capacidade para julgar, discernir ¢ decidir corretamente; ‘exame racional, sem preconceito e sem prejulgamento de todas as coisas; ‘atividade de examinar e avaliar detalhadamente uma ideia, um valor, um costume, um comportamento, uma obra artistica ou cientifica A atitude filosdfica é uma atitu- de critica porque apresenta esses trés significados da ogo de critica. Esta, por sua vez, é inseparavel da no- ‘¢do de racional, que vimos anteriormente. A filosofia comeca dizendo nao as crencas e aos preconceitos do dia a dia para que eles possam ser 2valiados racional e criticamente. Para a filosofia, nao sabemos 0 que imaginavamos saber ~ ou, como dizia SOcrates, comegamos a buscar 0 conhecimento ‘quando somos capazes de dizer: "6 sei que nada sei”. que a flosofat Para Platio, discipulo de Socrates, filosofia comeca com a admiragdo.Jé Aristételes,ciscipulo de Plato, e5- creve quea filosofia comeca com oespanto. Admirago @ espanto signficam que reconhecemos nossa ignoran- cia e, exatamente por isso, podemos supers-la 'Nés nos espantamos quando usamos 0 pensamento para tomar distancia do nosso mundo costumeiro,olhan- do-0 como se nunca o tivéssemos visto antes. Seria como se tivéssemos acabado de nascer para 0 mundo e para 1nés mesmos e preciséssemos perguntaro queé por que é ecomoéomundo, etambémo que somos, por que somos como somos. ‘A filosofia inicia sua investigacéo num momento ‘muito preciso: naquele instante em que abandonamos nossas certezas cotidianas € no dispomos de nada para substitui-las. Em outras palavras a filosoia se inte- ressa por aquele instante em que a realidade natural (0 mundo das coisas) ea realidade historico-social (o mun- do dos seres humanos) tornam-se estranhas, espanto- sas incompreensiveis e enigméticas, quando as opi estabelecidas jé no nos podem satisfazer. ator than Hawke como o estudante Todd Anderson em cena do filme Sociedade dos poetas mortos (Estados Unidos, 1985), do airetor Peter Weir Incentivado por um nove professor, John Keating Robin Wiliams), Tad passa a questionar as crengascotidianas caries 2 omer 8 iota, Ouseja,a filosofia se volta preferencialmente paraos momentos de crise no pensamento, na linguagem e na a0, pois éneles que se torna mais clara a exigéncia de fundamentar ideias,discursos e priticas, Cada um de nés, quando tem desejo de saber, vai em dliresao a atitude filosfica ao perceber contradigées, incoeréncias, ambiguidades ou incompatibilidades entre ossas crencas cotidianas. Também a flosofia tem espe- cial interesse pelos momentos de crise ou momentos «titicos. Nesses momentos, os sistemas teligiosos, éticos, Politicos, cientificos e artsticos estabelecidos apresen- ‘tam contradigdes intemas ou contradizem-se uns 20s (outros. Para superar esse impasse, buscam transforma. bes emudangas cujo sentido ainda nao esta claro e pre- isa ser compreendido, PARA QUE FILOSOFIA? Ora, muitos fazem outra pergunta: “Afinal, para que filosofiat”. € uma pergunta interessante, Nao vemos hem ouvimos ninguém perguntar, por exemplo, “Para ue matemética ou fisica?’, “Para que geografia ou Seologia?’ “Para que biologia ou psicologia’, “Para que astronomia ou quimica?’, ‘Para que pintura, literatura, milsica ou danga?". Mas todo mundo acha muito natural perguntar: "Para que filosofia”. Em geral, essa pergunta costuma receber uma res- posta iténica, conhecida cos estudantes de filosofia; A filosofia € uma ciéncia com a qual e sem a qual o mun- do permanece tal e qual": Ou sea, filosofia nao serve Para nada, Por isso, costuma-se chamar de *filésofo” alguém sempre distraido, com a cabeca no mundo da lua, pensando e dizendo coisas que ninguém entende e ‘que so completamente inieis, Essa pergunta, “Para que filosofiay’, tema suarazio de ser. Em nossa cultura e em nossa sociedade, costuma- ‘mos considerar que alguma coisa sé tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prética muito visivel ede utilidade imediata. Quando se pergunta “Para Qué?" 0 que se pergunta é: “Qual a utildade?”, “Que uso Proveitaso ou vantajoso posso fazer disso?” Eis por que ninguém pergunta “Para que as cién-

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