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Protozoários Teciduais: Leishmaniose e Toxoplasmose
Protozoários Teciduais: Leishmaniose e Toxoplasmose
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Revisão Técnica:
Prof.ª Dr.ª Niara da Silva Medeiros
Protozoários Teciduais:
Leishmaniose e Toxoplasmose
• Introdução;
• Leishmaniose;
• Toxoplasmose;
• Outros Coccídios de Importância Clínica.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender os mecanismos de transmissão, epidemiologia, ciclo de vida, diagnóstico e
tratamentos das doenças causadas por estes parasitos.
UNIDADE Protozoários Teciduais: Leishmaniose e Toxoplasmose
Introdução
Nesta unidade, iremos tratar dos protozoários que causam infecções no tecido de
hospedeiros vertebrados, incluindo os seres humanos.
Leishmaniose
Existe uma grande controvérsia sobre a origem das leishmanioses: uma teoria pro-
põe que a enfermidade surgiu na região mediterrânea efoiintroduzida nas Américas e,
consequentemente, no Brasil pelos fenícios ou sírios, que supostamente chegaram ao
nordeste brasileiro ainda na Antiguidade, muito embora tais viagens na antiguidade ja-
mais tenham sido provadas historicamente ou arqueologicamente.
Já a segunda teoria é de que a doença tem origem andina. Muitos acreditam que esta
seja mais aceita, pois há peças de cerâmica pré-colombiana, denominadas huacos peru-
anos (Figura 1), que retratam figuras humanas com deformidades faciais que remetem à
leishmaniose mucocutânea.
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Agente Etiológico e Epidemiologia
A leishmaniose está presente em 88 países localizados nas regiões tropicais e sub-
tropicais e pode ser considerada uma doença espectral, que varia desde uma simples
ferida no local da picada do inseto até acometimento de diferentes órgãos, dividindo-
-se em dois grandes grupos: as leishmanioses tegumentares e as leishmanioses vis-
cerais ou sistêmicas. O primeiro denomina-se assim porque afeta principalmente a
estrutura da pele e, excepcionalmente, das mucosas das vias aéreas superiores, sendo
reconhecidas clinicamente três apresentações: a leishmaniose cutânea (LC) (Figura 2),
a leishmaniose mucosa (LM) e a leishmaniose cutânea difusa (LCD), conhecidas por
diversas denominações. No entanto, as formas sistêmicas afetam órgãos internos,
como baço, fígado, linfonodos e medula óssea, sendo denominadas de calazar ou
febre de dum-dum.
Diferentes formas da doença podem ser causadas por diferentes espécies de leishmanias,
como pode ser observado no Tabela 1 a seguir.
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Tabela 1 – Relação entre as espécies do gênero Leishmania e o acometimento aos seres humanos
Espécie Lesões causadas no homem Distribuição geográfica
L. (Viannia) América Central e do Sul até
Cutâneas e mucosas
braziliensis o norte da Argentina
Altos vales andinos e encosta
(V.) peruviana Predominante cutâneas
ocidental dos Andes
Noroeste e Norte da América do
L. (V.) guyanensis Predominante cutâneas
Sul até o rio Amazonas
América Central e costa pacífica
L. (V.) panamensis Predominante cutâneas
da América do Sul
L. (V.) lainsoni Casos raros com lesões cutâneas Norte do Estado do Pará
L. (V.) shawi Casos raros com lesões cutâneas Região Amazônica
L. (V.) naiffi Casos raros com lesões cutâneas Região Amazônica
L. (V.) colombiensis Cutâneas e mucosas Colômbia Panamá e Venezuela
L. (Leishmania) Cutâneas eventualmente
México e América Central
mexicana mucosas difusas
América Central, Norte, Nordeste,
Cutâneas eventualmente
L. (L.) amazonenses cutâneas difusas
Centro Oeste, Sudeste e Sul do
Brasil
Cutâneas eventualmente
L. (L.) pifanoi cutâneas difusas
Venezuela
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Dentro destes insetos, o parasita do gênero Leishmania apresenta-se como célula
afilada, possuidora de um único flagelo e uma estrutura celular na porção posterior
localizadapróxima ao corpo basal do flagelo, chamada cinetoplasto (forma promasti-
gota) (Figura 4).
Figura 4
Fonte: Adaptado de NEVES, 2009
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Ciclo de Vida
Os protozoários do gênero Leishmania passam por diferentes estágios evolutivos ao
longo do seu ciclo de vida. Dentre esses estágios, três são importantes para a compreen-
são deste ciclo evolutivo. No trato digestório do inseto vetor, o parasita apresenta-se na
forma promastigota, que evolui para a forma promastigota metacíclica na região equiva-
lente à faringe do inseto, e finalmente na forma amastigota no interior dos macrófagos
do hospedeiro vertebrado, para quem é transmitido durante o repasto sanguíneo das
fêmeas hematófagas, veja no link a seguir.
Diagnóstico
O diagnóstico inicial se dá pelo exame clínico, onde o médico suspeita de leishmaniose
tegumentar pela história do paciente e também pelas características da lesão.
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baixa de glóbulos brancos e plaquetas. Metodologias que utilizam a amplificação do DNA
do parasita também podem ser úteis nos casos em que há poucos parasitas.
Importante!
Tanto no diagnóstico da Leishmaniose tegumentar como visceral, é importante a obser-
vação das amastigotas internalizadas nos macrófagos.
Tratamento
O tratamento para todas as formas da leishmaniose é feito com injeções de uma dro-
ga chamada antimonial pentavalente, medicamento descoberto por Gaspar Vianna em
1913 e aplicado na forma de pomada nas lesões dos pacientes (Figura 6). Comercializa-
do atualmente como antimoniato de meglumina e estibogluconato de sódio com o nome
de Glucantime® e Pentostan®, é a principal forma de combater o parasita. As aplica-
ções acontecem diariamente durante um período que varia de 20 a 40 dias, conforme o
protocolo adotado, entretanto seu uso deve ser bem controlado, pois os efeitos colaterais
apresentam efeito de toxicidade para o rim, fígado e pâncreas e, sobretudo, para o co-
ração, levando a arritmias que podem ser graves e até fatais.
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Profilaxia
Os métodos preventivos para esta doença são básicos e se relacionam com o combate
ao mosquito e evitar sua picada por meio do uso de repelentes e inseticidas.
Manter os cães longe do inseto transmissor também é um método importante de
prevenção, com uso de coleiras e por meio de vacinas já disponíveis comercialmente.
Não há vacinas para seres humanos.
Toxoplasmose
A toxoplasmose, também conhecida como “doença do gato”, é causada por um
protozoário coccídeo intracelular denominado Toxoplasma gondii e apesar de ter alta
prevalência mundial (podendo variar de 25% até 80% em alguns países), costuma ser
grave apenas em algumas situações de baixa imunidade, como nos pacientes com AIDS,
infectados previamente com Toxoplasma ou no caso de gestantes infectadas durante
o período gestacional. A infecção pode ter como hospedeiros intermediários vários
animais, entre aves, répteis e mamíferos, sendo que o principal é o homem. Qualquer
felino pode ser transmissor da doença por meio de suas fezes, entretanto o de maior
importância clínica é o gato, visto que ele é um animal domesticado e frequentemente
transmite o protozoário ao homem.
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Você Sabia?
Apesar de o gato ser considerado o grande vilão na toxoplasmose, isso só acontece por
ser o hospedeiro definitivo. A maior parte das transmissões de toxoplasmose ocorre por
ingestão de carne crua ou mal cozida contendo cistos com bradizoítos ou pela ingestão
de água ou outros alimentos contaminados por oocistos, sendo que o contato direto com
o gato não é o fator de risco principal. Saiba mais em: https://bit.ly/2Lt5AMK
A ingestão do oocisto constitui uma das formas de infecção dos hospedeiros inter-
mediários na toxoplasmose. O oocisto se rompe no intestino, liberando os esporozoítos,
que invadem as células intestinais. Lá, cada parasita é denominado taquizoíto. O taqui-
zoíto (Figura 7) se divide várias vezes, de forma assexuada, até o rompimento da célula
hospedeira. Esse processo se repete várias vezes, liberando grande número de parasitas
para a invasão de novas células, no sangue e nos tecidos que recobrem diferentes órgãos.
Logo após a invasão de uma nova célula por um taquizoíto, o ciclo assexuado pode levar
à formação de uma outra forma do parasita, denominada bradizoíto intracelular.
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Diagnóstico
O diagnóstico, via de regra, é realizado por meio de sorologia (testes imunoenzimá-
ticos, como o teste de ELISA e o de aglutinação direta ou indireta). Pode ser realizado
também o método direto, que consiste na identificação do parasita em líquidos orgâni-
cos, como líquido cefalorraquidiano e lavado brônquico. Outras técnicas menos usuais
são a biópsia, o PCR (sigla em inglês para Reação em Cadeia da Polimerase) e o isola-
mento em animais de laboratório.
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Sorologia
IgG e IgM
Baixa avidez Avidez intermediária Alta avidez PCR (–) PCR (+)
Profilaxia
A contaminação pelas fezes de gatos normalmente ocorre em locais onde os gatos
depositam suas fezes contendo os oocistos (Figura 10). Assim, uma das formas de evitar
a infecção é não manter caixas de areia em escolas e parques infantis. Mas a infecção
também pode ser adquirida ao ingerir carne mal cozida, sendo esta a causa mais comum
de toxoplasmose. Portanto, deve-se evitar o consumo de alimentos nestas condições,
dando preferência sempre pelas carnes fritas ou cozidas e de origem conhecida.
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Para saber mais sobre a Toxoplasmose, sua transmissão, ciclo de vida, epidemiologia, progres-
são e sintomas, diagnóstico e tratamento, acesse: https://bit.ly/3pXKTaF
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Conheça melhor o ciclo de vida do parasita. Disponível em: https://bit.ly/2XlIH0l
Isospora belli
Outra enteroprotozoonose de importância clínica em pacientes imunocompro-
metidos, especialmente aqueles com AIDS, é a Isospora belli, coccídeos intestinais
encontrados em fezes humanas. Podem ainda pertencer a outra espécie do mesmo
gênero: Isosporahominis.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
O Ciclo de Vida da Leishmania no Inseto
https://youtu.be/kRRlapcxDFs
O Ciclo de Vida da Leishmania no Homem
https://youtu.be/AUUYsYNl-AY
Ciclo de Vida do Toxoplasma gondii
https://youtu.be/uNyF1Js6g48
Leitura
Parasitologia Clínica – Protozoários de Interesse Médico
ARRUDA, E. Escola Superior da Amazônia – ESAMAZ. Parasitologia clínica –
protozoários de interesse médico.
https://bit.ly/3bigbVO
Toxoplasmose
https://bit.ly/2L3TQka
Tratamento da Neurotoxoplasmose com a Associação Sulfametoxazoil-trimetoprim
https://bit.ly/3bfoNfF
Caracterização Molecular de Isolados Clínicos de Leishmania braziliensise Leishmania guyanensise sua
associação com a Respostaterapêutica ao Antimoniato de Meglumina no Brasil
TORRES, D. C. Caracterização molecular de isolados clínicos de Leishmania
braziliensise Leishmania guyanensise sua associação com a respostatera-
pêutica ao antimoniato de meglumina no Brasil. Instituto Oswaldo Cruz. Dis-
sertação de mestrado. Orientadores: Elisa Cupolillo e Alberto M. R. Dávila. Rio de
Janeiro, 2009.
https://bit.ly/3s0lNtz
Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento
de Vigilância Epidemiológica. Manual de vigilância da leishmaniose tegumentar
americana. 2ª ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007. 182 p. Série A.
Normas e Manuais Técnicos.
https://bit.ly/3s35xrT
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Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-geral
de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de vigilância em saúde. Vo-
lume 3. 1ª ed. atual. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: <https://www.
hc.ufu.br/sites/default/files/tmp//volume_3_guia_de_vigilancia_em_saude_2017.pdf>.
Acesso em: 18/11/2019.
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