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2 ‘Ato de curriculo: formagao em ato? 2.4 Aformagio como experiéncia de sujeitos ¢ um ato de eurrculo Esse & um encontra tenso se Ievarms em consideragio a radigdo da histéria do curriculo centrada na prescrgio e na restrigi, e a formagio como uma emergéncia de projetos hu- ‘manos experianciais, como tal ndo expiesveis por modelos 04 leorias educacionais modelizadas. E assim que partimos da vremissa que formagio no se explics, compreenclese. Se a {ormagdo no for experencial nfo formagio, nos diz aepiste tnlgn da formacio Marie-Christine Joss. sso quer dizer que | formagio ¢ irremediavelmente do ambito da experiéncia de em, como sult soca,encontra-se na aventura pensadta que ‘aprender, subjetivande-s, valorando-. Até porque, sempre, ota alguéen, em alguns lugar, nem toda aprenizagem & boa. ‘Se imaginarmos que o currculo é um texto complexo em onstante est €reeserila, mesmo que os tecicistas nfo quei= um vé-o assim, © que os discursos antindmicos, que acabam mbotando analiticamente seu acontecimento eminentemente ‘elaciona, perderam de ver essa pertinénca e relevancia, a iia de perspectivasistimica e acionalista por nés cunhada de ato de currculo vem justamente potencialzarocaréter sci ‘eosrucionsta erelacional deste potente disposi de formato. ‘Ademals, a perspectiva aqui projtada concebe como ato- reslautorescurrculares todos aquelesimplicads enn suas agbes| tesituras, enretecidas na experéncia formative, ou sj, pla rejadores, professors, gestores, alunos, funciondrios, pais fa- mili, comunidade, mavimentos sociais ec. Os tos de curricula instituem a pris formative trazem o sentida de ndo se encer rar a formagio deforma equivocada, num fendmeno puramen teexterodeterminado, num dispositivo educacionsl, Aideia de at de currcul no vislumba 0s formandos e quaisquer outros atores da cena curricular e da formagio como meros atenden- tes de demandas educacionais, nem como aplicadares de mo- delos e padres pedagégics. A poténcia prxica do conceito e ato de currculoimplicado & formagio &, a0 mesmo tempo, ‘uma maneira de resoluho epistemolégica e pedagégica para compreendermos a relagio profundamente imbricada entre curticulo e formagio, bem como um modo de enpoderariad- calzar, em termos acionaistas e de maneira multireferencal, a compreensio de curriculo como algo vineulado aos émbitos da intmiade, ou sea, dos interesses de pessoas e segmentos socials. Coerente, entio, €imaginarmos o curricula ea forma- 0 como realizagies vinculadas, entetecidas,implicadas 40s Ambit da intmidade eda negciagio, como pensa Pau Bélanger (2004), porque produzidos por atores, segmentos soca, suas hhistrias, intengies e interesses, onde o que emerge & a mo- vente lua por sgnifcantes e, portanto, por realizagies opcio-| nadlas, Nestes termos, a compreensio do processo instisinte| curricular esténa dindmica socioformacional dos ato de cur ricuo, lugar da construgio de pontos de vstee da constituicéo de atitudes, de agdescarregadas de hegemonias e recistéucias, Instituidas por processos de contextuaizasSo,recontextuaize 4, territrilizagio, desteritoralizagio e reteritorializago, rv espacstepos de opgbes sobre o que & formativo. € nestes lermos que compreendemos que a formagio nes exnirios das rrganizagies educacionais se realiza de forma importante na lindmica dos aio de curiculo, onde, aliés,contetidoe forma, ltinerdncias e errincias aprendentes,insituido e insitunte otmativos so concebidos e refletidos de maneira ni apart ti, relacional portant, com todas as contadigées, opacidades, umbivancias eparedosos que as priticas humanas constituem ‘expressam, Levando em conta que a formagso io é uma agio simples, stetodeterminada, no é um método, no € uma técnica, nio um processa de maturagio, no pode ser confundida sim- Jestnente com educagio, nem com ensino ou aprendizagem, ambém néo € a capacidade de guatdar informagSes rem de vrmazenagem/difusio de um corps de conhecimentos, prepa raglo ou capacitagio,e que os sores humurosexistem em forma faz-se necessrio colocat em termos conceituas que afor- ‘agi, mio sendo uma propriedade privada da pedagogia, “é “periencal ou ento no & formagio” J055O, 1953). Realize naexstncla de um 7 sca que, 0 tans formar em experiécissigifictvasosseonteiar tos nfomages econhecimentos quo ervolvem, nas sts itnericise ern aprendents ao aprendcr om outro, suns dferenas edenicagies (hetero- frmacitrasformagioconsgo mesmo (autorm- {Go} com as cosas cs ote sre ents (20> foemago)emergins"ormado” na su icompletude infnta (MACEDO, 200), Faz-se necessrio acrescentar que, para serem formativos, ts de curricula terdo que vir implicados a um pont de isto, uma atte, a uma gio reflexiva, a um procestoineliminavel le valoragio. Para Pietre Dominicé (2007), a formagio & um abjeto mo- vente, que implica ser compreendido por melo dos seus pro ‘estos, das suas dindmicas, das evolugées, em geral,contradi ‘orias. “A formagio é sempre singular, mas esta singularidade se consti pelos percursos socilizades, habitados por heran- «as coletivas” (DOMINICE, 2007: 1. ‘Como consequéncia, para Dominicé, nomear a formagio & skesignara ec pla vin das reaps, docontto.Actescento das subjetivagBes na relago com o saber. Igualmente, a perspectva instrumentalista, quem “forma’ tem o poder de construire destruir, de fabricar e sucaear, Est aqui, portanto,em termos de formagho, o reno da raza instr rental denunciada pels figsofos critcos de Frankfurt. [Em meio a essa visio de formagio, podemos nos indagar [As pessoas que se formam poslem ser perspectivadas apenas por indicadores? Ao se submeterem a essa perspectiva de fr ‘ago elas poslem ser consideradas acabadas, inalizadas, co luda, s0b a ago de modelos educacionais predeterminados ‘eadministragbes racionaizadas? O homem, a mulher, ojover, ccadulto, a crianca,otrabalhador, por exemple, marcados peas suas referencias, si susceptveis de tomar uma forma, de se construir conforme ou apenas por um modelo preconcebide por alguém? Osujeito, ue neste caso &assumido como objeto, se deixaria totalizar por uma arquitetira curricular? Reconhecemos que determinadas Iogicas, vistes de mun- do e determinados conhecimentos podem impor 20 n0s80 processo de formagio coma sim habitus, relativamente a0 que Bourdieu demonstrou. Temos que afirmar,entretanto, toman- do como referéncia o proprio conceito bourdieusiano, que is ‘6 acontece em relaco a um sujeito em formagio gue tem ne {ntricdaie, ou sea, um ser que se coloca diante do outa camo Iferenga, € que, portant, teria as condigGes de revstir 20 vstrangimento de ser transformado em um pretenso produ= lwexterodeterminado, até porque possul 2 cndigao de desfa- or 0 jogo do out. Justamente porque a formagio nio se ajusta 4 fabricagio, 4 previsdo que se quer perfita, ao controle de produtos fina, "la no pode ser concebida como tal. formagio € um assunto io Ambito dos atos de sujeitos humanos, portanto, é do dmbito lumlsém do impreviso © do inasitado (MACEDO, 2010). Sendo assim, a centalidade etna agi, no sett ena pré- is, prertogativas exclusivas do set humane ¢ no dos objetos. ror ese eaminho, chegamos & conclusdo de que a formagso lamibgm uma prerrogativa exclusiva dos seres humanos, Por ue ligada a exstncia em atos e que encontra sua origem no seéprio ser human, ressalta Ducoing (2006: 206). Dai a pet ‘neia de entretecermos,a parti do nosso contexto de interes-

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