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Extensão

Construindo vivências,
Transformando a realidade

Curso:
Mentes Perigosas e Psicopatia

Professor responsável:
Profa. Ma. Juliana Leonel
SEJAM
BEM- Cursos de extensão
possuem curta duração
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São ministrados por
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Promovem interação
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MENTES PERIGOSAS
E PSICOPATIA
PROFA. Ma. JULIANA LEONEL
Curso de Extensão
CARGA HORÁRIA: 20 HORAS
21 de Outubro a 25 de Novembro
HORÁRIO: 9:40 ÀS 11:20

21/10/2023 – Início - História da Psicopatia e Definição


28/10/2023 – Diferença entre Psicopatia, Sociopatia e Transtorno
de Personalidade Antissocial
04/10/2023 – Não haverá aula
11/11/2023 – Mentes Criminosas - Criminalidade
18/11/2023 – Perícia Psicológica / Instrumentos de Avaliação
25/11/2023 - Estudo de caso - Encerramento
“Ele vai te escolher, te desarmar com as suas
palavras e te controlar com sua presença. Vai se
deleitar com a sua genialidade e os seu planos. E
depois de acabar com você, vai te abandonar e
levar com ele a sua inocência e o seu orgulho.”

Robert Hare
Ementa
O curso tem por objetivo discutir a
psicopatia como uma das formas de
apresentação do transtorno de personalidade
antissocial. Visa a problematizar os conceitos
e percepções populares sobre a psicopatia,
revelar as evidências científicas sobre as
influências biológicas e ambientais em seu
desenvolvimento, além de apresentar
questões atuais dentro da temática.
AULA 1 HISTÓRIA DA PSICOPATIA E MENTES CRIMINOSAS

MENTES
PERIGOSAS E
PSICOPATIA
Psicopatia
DE ORIGEM GREGA, a palavra
PSICOPATIA, significa “ALMA E
DOENÇA” ( Psykhé e Pathós).

Descrita como transtorno de personalidade antisocial, de


acordo com o CID e o DSM-5-TR e/ou também referida como
sociopatia.

P ROFA.MS. JULI AN A LEON EL


História da Psicopatia

Durante anos de estudos a psicopatia foi


designada por várias teorias, sendo elas
confrontadas ao longo do século XIX e tendo uma
visão mais padronizada a partir do final do
século XX e do começo do século XXI.

Os primeiros estudos realizados para se descobrir a psicopatia partiram de pessoas que


apresentavam insanidade mental, mas não apresentavam sintomas delirantes, deficiências
ou até mesmo alucinações.
História da Psicopatia

O primeiro conceito a surgir foi


“manie sans delire”, Servia para
denominar estes pacientes que
apresentavam insanidade mental,
mas sem qualquer tipo de
alucinação.
História da Psicopatia

1801 1822 1880 1888 1904

Pinel descrevia pacientes Prichard apresentou o Lombroso relacionou as Koch alegava que essas Kraeplin descreve
com “mania sem delírio” novo termo como primeiras características características perversas “personalidde
“loucura racional” “insanidade moral” morfológicas corporais vinham da natureza psicopática”
nas pessoas que teriam congênita, considerando
propenção ao crime o autor não como
doença, mas sim, como
predisposição genética

P ROFA. MS. JUL I AN A L EON EL


História da Psicopatia

1941 1943 1996 1999

Hervey Cleckley propõe a Schineider, Robert Hare descreve como um Stone dizia que os
descrição de perfil do personalidade anormal transtorno de personalidade definido psicopatas não
psicopata que sofre com sua por um conjunto específico de entendiam os
condição ou que faz comportamento e de traços de significados sociais,
sofrer personalidade inferidos, a maioria deles sofrendo logo de
vista pela sociedade como pejorativa “demência semântica”

P ROFA. MS. JUL I AN A L EON EL


Psicopatia no DSM

DSM I - 1952 DSM II - 1968 DSM III- 1980 DSM IV -1994


Classificava as doenças por sintomas,
Era definida como: Surge então o termo Transtorno da Com um número maior de mas agregou características de gênero,
“indivíduos cronicamente Personalidade Antissocial (TPAS), doenças especificadas. O DSM- culturais, de idade e padrão familiar.
antissociais que constantemente citando os seguintes sintomas: III foi revisado em 1987,
causavam problemas e seriam ausência de culpa; egoísmo; Tratava o TPAS como:
passando a se chamar DSM-III-R,
incapazes de aprender com os ausência de socialização; “um padrão invasivo de desrespeito e
erros, com punições sociais e não impulsividade retirando do Transtorno de
Personalidade, a personalidade violação dos direitos dos outros, que
seriam leais com pessoas, grupos
ou normas. Eles eram Citavam ainda a insensibilidade sádica e depressiva, pois não inicia na infância ou começo da
frequentemente insensíveis, apesar do indivíduo saber o que havia provas empíricas para adolescência e continua na idade adulta.
hedonistas, emocionalmente está fazendo e que os mesmos não isso
imaturos, irresponsáveis, com fraco Este padrão também é conhecido como
aprendiam com a experiência de
juízo crítico e racionalização dos vida Psicopatia, Sociopatia ou Transtorno de
seus comportamentos”
Personalidade Dissocial”.

P ROFA. MS. JULI ANA LEONEL


Psicopatia no DSM

DSM V -2013 DSM V TR -


2022
Um padrão difuso de
desconsideração e violação dos
direitos das outras pessoas que
ocorre desde os 15 anos de Mesma definição
idade, conforme indicado por anterior
pelo menos três (ou mais) dos
seguintes sintomas.

P ROFA. MS. JULI ANA LEONEL


Conceito de Psicopatia

O Transtorno da Personalidade Antissocial, mais


conhecido como Psicopatia é um transtorno que
altera o comportamento do indivíduo, de forma a
se tornar antissocial, agressivo, não concordando
com as regras de convívio em sociedade, o que leva
a cometer os atos ilegais.
Psicopatas não sentem remorso pelos seus atos, eles sabem
que estão fazendo algo errado, mas convivem
tranquilamente com a consciência.

Diferentemente dos que não sofrem desse transtorno, em


que a culpa os atormenta e traz desconforto a pessoa.
Psicopatia e suas características

AUSÊNCIA DE
AUSÊNCIA DE CULPA E AUSÊNCIA DE Psicopatia
MORAL E ÉTICA REMORSO EMPATIA
Os psicopatas não sentem remorso
ou culpa sobre seus atos, a mentira Eles são desprovidos dos Os psicopatas sabem que estão
Os psicopatas não têm não os traz um sentimento negativo julgamentos internos e infringindo regras sociais,
essa consciência, que Por não terem remorso eles não
constrangimentos. sabem que suas condutas são
medem esforços para passar por
nos faz ter cima dos outros em beneficio erradas, mas como eles têm
responsabilidade ética. próprio. São frios e calculistas, são ao deficiência no campo dos
mesmo tempo, sedutores e afetos e emoções, não geram
Além de possuírem um potencial dissimulados.. nenhum tipo de sentimento
para serem violentos e agressivos. negativo em relação a isso.

P ROFA. MS. JUL I AN A L EON EL


Psicopatia e suas características

Para eles tanto faz passar por


cima de alguém para conseguir
seus objetivos, mesmo que essa Eles são considerados psicopatas
pessoa seja íntima, mesmo que não pelo fato de ter a mente fria
participe do seu convívio. para cometer tais crimes, mas pela
Possuem um poder hipnotizante,
ausência da consciência, o que os
dominando as pessoas mental e
Seu gênio maquiavélico faz com que seus torna ainda mais assustadores.
psicologicamente, inventam histórias
crimes sejam inteligentes e competentes. e nos tornam seus admiradores.

O que importa é impressionar a vítima. Para eles tanto faz passar por cima de alguém para
conseguir seus objetivos, mesmo que essa pessoa seja
íntima, mesmo que participe do seu convívio.
Psicopatia e suas características
Os psicopatas usam desse Os psicopatas falam bem, Procuram sempre falar
poder encantador, sedutores, costumam ter sobre diversas áreas afim
utilizam sua simpatia e conversas divertidas e de impressionar, contando
confiança prestada para agradáveis. algumas histórias que nos
iludir as pessoas. parecem até pouco
prováveis.
O “jogo da pena” também é
utilizado pelos psicopatas. Eles Toda essa tentativa de
Por ter a facilidade de dominar
usam do nosso sentimento dominar vários assuntos faz
vários assuntos, eles falam
mais nobre e solidário, pois com que eles sejam
sobre poesias, literaturas, arte
funciona muito melhor que o superficiais, e quando testados
e até mesmo áreas
medo, nos tornamos ainda profundamente sobre
especializadas como medicina.
mais vulneráveis determinada área que ele
emocionalmente. alega dominar acabam se
entregando.
Psicopatia e suas características

EGOCENTRISMO EMPATIA
Empatia é quando se respeita os sentimentos dos
Para eles o mundo gira ao redor dele.
outros, coisa que um psicopata não faz.
São sempre vistos como arrogantes
pelo fato de se sentirem superiores Para eles as pessoas são como
aos outros, o que lhes dá o direito de objetos, usadas para alcançar
pensar que as regras impostas não Quanto aos seus parentes a seus objetivos, para alcançar o
devem ser cumpridas. ausência de empatia também seu prazer
é presente, para eles, mulher,
filhos, mãe, são meros
objetos, a relação não é de Pessoas sensíveis são vistas
afeto, mas sim de como fracas para os psicopatas
possessividade. possessividade.
História da Mente
Criminosa
Relações entre Psiquiatria x Direito;
Psiquiatria – higiene mental;
Medicina – Psiquiatria : define o que é “bom ou mau” –
cabia ao médico impeder o seu aparecimento – bem estar
físico e moral;
Medicina Social – higiene e combate aos problemas mentais;
Psiquiatria acreditava que os males vinham dos vícios,
ociosidade e miscigenação racial.
História da Mente
Criminosa

Epidemiological Catchment Area (ECA) –


viver na podreza está associado a risco 2 x
maior de apresentar transtorno mental
Psiquiatria transcultural e etnopsiquiatria
História da Mente
Criminosa
Comportamento Criminoso – violação da ética, da lei e da moral

✓ Roubo
✓ Furtos
✓ Homicídio
✓ Estupro
✓ Sequestro
✓ Fraudes
✓ Tráfico de entorpecentes
✓ Crime organizado
História da Mente
Criminosa
Comportamento Criminoso
✓ Parâmetros biológicos: fatores genéticos, fatores bioquimicos, fatores neurológicos,
fatores psicofisiológicos;
✓ Parâmetros psicológicos: anomalia moral e psíquica, lesão ética, personalidade;
✓ Parâmetros sociais: crescimento demográfico, desequilibrio na distribuição de renda,
desemprego, ócio juvenil, desestruturação familiar, tráfico de drogas
e alcolismo.
“O psicopata é como o gato, que não
pensa no que o rato sente. Ele só
pensa em comida. A diferença entre o
rato e a vítima do psicopata, é que ele
( o rato) sempre sabe quem é o gato”
Robert Hare
AULA 2 DIFERENÇA ENTRE PSICOPATIA, SOCIOPATIA, MENTE
CRIMINOSA E TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL

MENTES
PERIGOSAS E
PSICOPATIA
PSICOPATIA = TRANSTORNO DE
PERSONALIDADE ANTISSOCIAL - TPA

Primeiro trasntorno de personalidade


(Bierket, Smith e Davis, 1998)

PSICOPATIA ≠ COMPORTAMENTO
CRIMINAL

Psicopatia – trasntorno socialmente devastador


(Hare,R. 1996)

P ROFA. MS. JUL I AN A L EON EL


Transtorno de Personalidade
SEGUNDO DSM

A. um padrão persistente de experiência interna e comportamento


que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do
individuo. Esse padrão manifesta-se em duas (ou mais) das seguintes
áreas:
1. cognição – formas de perceber e interpretar a si mesmo, outras
pessoas e eventos
2. afetividade – variação, intensidade, labilidade e adequação da
resposta emocional
3. funcionamento interpessoal
4. controle dos impulsos
Transtorno de Personalidade
SEGUNDO DSM

B. o padrão persistente é inflexível e abrange uma faixa ampla de situações


pessoais e sociais
C. o padrão persistente provoca sofrimento clinicamente significativo e prejuízo
no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do
individuo
D. o padrão é estável e de longa duração, e seu surgimento ocorre pelo menos a
partir da adolescência ou do inicio da fase adulta
E. o padrão persistente não é m ais bem explicado como uma manifestação ou
consequência de outro transtorno mental
F. o padrão persistente não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância
ou a outra condição médica
Transtorno de Personalidade

GRUPO A GRUPO B GRUPO C


T.P. Paranoide T. P. Antissocial
T.P. Evitativa
T. P. Esquizoide T. P. Borderline
T. P. Dependente
T. P. Esquizotípica T. P. Histriônica
T. P. Obsessivo-compulsiva
T. P. Narcisista
Prevalência
125

1 a 5 % DA POPULAÇÃO
100

GÊNERO MASCULINO 75

BORDERLINE 75% FEMININO


50

25

TPA MEDIANA 3,6%


DA POPULAÇÃO
0
Item 1 Item 2 Item 3 Item 4
TRANSTORNO DE
PERSONALIDADE
ANTISSOCIAL
DSM
TRANSTORNO DA
PERSONALIDADE ANTISSOCIAL
A. Um padrão difuso de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas
que ocorre desde os 15 anos de idade, conforme indicado por três (ou mais) dos
seguintes:
1. fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais,
conforme indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção
2. tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes
falsos ou de trapaça para ganho ou prazer pessoal
3. impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro
4. irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou
agressões físicas
5. descaso pela segurança de si ou de outros
TRANSTORNO DA
PERSONALIDADE ANTISSOCIAL
6. irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida
em manter uma conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações
financeiras
7. ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou
racionalização em relação a ter ferido, maltratado ou roubado outras
pessoas
B. O individuo tem no mínimo 18 anos de idade
C. Há evidências de transtorno da conduta com surgimento anterior
aos 15 anos de idade
D. A ocorrência de comportamento antissocial não se dá
exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou transtorno bipolar
Perfil do psicopata por Hervey Cleckley, 1941

1. Charme superficial e boa inteligência


2. Ausência de delírios e outros sinais de pensamento irracional
3. Ausência de nervosismo
4. Não confiável
5. Falsidade ou falta de sinceridade
6. Ausência de remorso ou vergonha
7. Comportamento antissocial inadequadamente motivado
8. Julgamento deficitário e falha em aprender com a experiência
9. Egocentrismo patológico e incapacidade de amar
10.Deficiência geral nas reações afetivas principais
11.Perda especifica de insight
12.Falta de resposta nas relações interpessoais
13.Comportamento fantástico e desagradável com bebida e, às vezes, sem
14.Suicídio raramente concretizado
15.Vida sexual e interpessoal trivial e deficitariamente integrada
16.Fracasso em seguir um plano de vida
TIPOS DE PSICOPATIA

PRIMÁRIA/ PSICOPATIA SECUNDÁRIA/


SOCIOPATIA
Psicopatia prototípica Não é inerente, mas causada
pela “desvantagem social”
Atos antissociais, Inteligência baixa
irresponsável e não tem
empatia

Superficialmente charmoso Ansiedade neurótica


Ausência de ansiedade Impulsividade advinda da
ansiedade
Aspectos interpessoais/afetivos:

• Déficits interpessoais e emocionais são centrais no


psicopata;

• Impedem a capacidade de interagir em longo prazo


com os outros;

• Linguagem x psicopatia = entendem o significado


claro de uma palavra, mas não entendem o
significado emocional dela;

• Não fazem conexão emocional das palavras;

P ROFA. MS. JULI AN A LEON EL


Aspectos interpessoais/afetivos:

• Psicopatas tem dificuldade de processar ou entender as


emoções;

• São incapazes de sentir o ritmo de uma música e não


conseguem dançar;

• Emoções fraudulentas = pseudoemoções – utilizadas


para controlar um individuo ou situação, e não para
expressar uma emoção genuína.

P ROFA. MS. JULI AN A LEON EL


Aspectos interpessoais/afetivos:

• Questões afetivas e interpessoais;

• Ter um pai ou mãe com vínculo afetivo frágil enquanto


criança: indiferença ou negligencia com pobre supervisão e
disciplina; punição física inconsistente e imprevisível.

• Características comportamentais antissociais

• Supervisão inadequada na juventude

• Famílias numerosas – aumento de conflitos

P ROFA. MS. JULI AN A LEON EL


Aspectos relacionais:
• Ausência ou morte parental, ou ter sido criado por outras pessoas que não os genitores.

• Déficit de amor e cuidado na primeira infância (por morte, separação ou depressão materna) prejudica o
desenvolvimento do apego nessas crianças. Isso pode alterar a resposta fisiológica ao estresse e
proporcionar níveis anormais de cortisol.

• Destaque para a falta de cuidados maternos durante os primeiros 5 anos de vida da criança, o que leva a
uma deficiência de desenvolvimento e de socialização.

• Pai alcoólatra, antissocial ou psicopata

• Ter um dos genitores com histórico criminal ou ter um irmão mais velho infrator

• A presença de antecedentes criminais parentais é o fator mais fortemente associado com psicopatia em
delinquentes juvenis, significando uma combinação de fatores genéticos e ambientais, com exposição a
desajustes familiares, pobreza e aprendizagem de comportamentos antissociais.

P ROFA. MS. JULI AN A LEON EL


Aspectos Neuropsicológicos

Déficits neuropsicológicos – padrões anormais Incapacidade de desenvolver senso de


de aprendizagem e atenção moralidade

Ausência de reatividade emocional


Déficits de evitação passiva – expostos a
estímulos aversivos – não respondem ao
Dificuldade ara processar estímulos emocionais medo – não aprendem com a experiência
negativos- expressões emocionais tristes negativa
Aspectos Biológicos
Cérebro

• Anormalidade no hipocampo-
• Epigenética
processamento da memória
• 80% de hereditariedade de curto prazo
• Genes relacionados a serotonina e • Déficits no funcionamento do
dopamina lobo frontal-menor
capacidade de inibição de
• Enzima MAOA - monoaminoxidase A
estimulo das áreas corticais
• Dependência química maternal na
do cérebro – agressão
gestação
• Falhas na ativação do sistema
• Subnutrição no inicio da vida límbico – processamento
emocional
Aspectos Biossociais

• Glenn & Raine (2014) descrevem duas teorias sobre como o ambiente social viria interagir com fatores de
risco genéticos e biológicos.

• 1ª - fatores biológicos e ambientais, quando (ambos) presentes, potencializam um ao outro e aumentam


a chance de psicopatia; diz também que, quando há fatores de risco biológicos, mas o ambiente é
saudável, a chance de desenvolver psicopatia diminui.

• 2ª - a determinação biológica só́ tem peso significativo no desenvolvimento da psicopatia quando o


ambiente é saudável, e que, em ambientes patológicos, os fatores sociais camuflariam os biológicos,
deixando-os com peso mais fraco na determinação do transtorno.

P ROFA. MS. JULI AN A LEON EL


Aspectos Cognitivos e de
Aprendizagem

• Incapazes de aprender com seus erros;

• Sem alteração de inteligência;

• Aprendizagem passiva da evitação – incapacidade de aprender


com os comportamentos punitivos;

• Foco emocional e de atenção restritos.

P ROFA. MS. JULI AN A LEON EL


Criação problemática ou experiências infantis adversas desempenham papel importante na modelagem
da genética e biologia, afetando a evolução da psicopatia e como ela se manifesta em termos
comportamentais.

Psicopatas de famílias instáveis cometem atos muito mais violentos do que os provenientes de famílias
estáveis.
40 a 60% da variância tem sua origem genética
• fatores genéticos e ambientais contribuem aproximadamente igualmente para o transtorno
• papel significativo das influencias ambientais

Os fatores ambientais podem, ainda, influenciar os fatores ditos biológicos, de diversas maneiras. Por
exemplo: influências ambientais no útero ou na infância precoce podem, por sua vez, alterar o
desenvolvimento do cérebro, determinando mudanças em sua estrutura e funcionamento.

P ROF A. MS. JULI AN A LEON EL


Aspectos Socioculturais

• Disciplina adequada pode diminuir o risco em crianças cujos pais são antissociais.

• Famílias mais coesas e com estruturas fortes constituem fatores protetores contra o desenvolvimento da psicopatia.

• Baixa renda familiar

• Classe social baixa

• Moradia pobre

• Violência contra a criança

• Abuso e negligencia na infância têm associação com psicopatia na idade adulta

• Fatores ambientais que podem ter efeito mais direto sobre a via biológica e sobre o cérebro e seu funcionamento, podendo também ser
considerados biológicos:

• traumatismo cranioencefálico, exposição a toxinas (chumbo, tabaco e álcool) durante a gestação, complicações no nascimento (uso de
fórceps, cesárea de emergência, parto vaginal com vácuo extrator e parto pélvico)

P ROFA. MS. JULI AN A LEON EL


Comportamento Criminal x Violência x Psicopatia

• Violência instrumental x violência reativa;

• Instrumental = objetivo claro definido ou planejada;

• Reativa = perpetrada a partir da emoção;

• Psicopatas cometem mais violência instrumental;

• Psicopatas agem por vingança mais do que por autodefesa;

• Matam menos do que não psicopatas – ausência de emoção (pouco


reativos);

• De 25 a 30 % dos criminosos, somente 1% é psicopata.

P ROFA. MS. JULI AN A LEON EL


Violência Sexual

• Promiscuidade e ausência de responsividade emocional aumentam o risco de


violência sexual por parte do psicopata;

• Psicopatia é preditiva de recidiva sexual entre estupradores e molestadores de


crianças;

• 10 a 15% dos molestadores e 40 a 50 % dos estupradores provavelmente também


são psicopatas;

• Psicopata – mais estupro do que moléstia;

• Psicopata sexual.

P ROFA. MS. JULI AN A LEON EL


Violência Sexual

• Promiscuidade e ausência de responsividade emocional aumentam o risco de


violência sexual por parte do psicopata;

• Psicopatia é preditiva de recidiva sexual entre estupradores e molestadores de


crianças;

• 10 a 15% dos molestadores e 40 a 50 % dos estupradores provavelmente também


são psicopatas;

• Psicopata – mais estupro do que moléstia;

• Psicopata sexual.

P ROFA. MS. JULI AN A LEON EL


Violência em pacientes psiquiátricos civis e violência doméstica

• O risco de violência entre pacientes psiquiátricos civis é mais baixo do que nos agressores em geral;

• Psicopatia é um constructo útil na predição de violência doméstica, porém os estudos não


verificaram a violência doméstica per se, mas os agressores que haviam cometido violência
doméstica como dentre muitos crimes potenciais;

• Pouca relação preditiva entre psicopatia e violência doméstica.

P ROFA. MS. JUL I AN A L EON EL


A psicopatia e relação ao gênero

• Existem diferenças na prevalência, incidência, curso, comportamentos e idade de


manifestação entre os sexos;

• Um modelo evolucionário-desenvolvimentista recente fornece hipóteses sobre como a


psicopatia pode se desenvolver e por que ela é mais comum em homens do que em
mulheres;

• O construto da psicopatia é semelhante para mulheres e homens;

• As mulheres apresentam pontuações mais altas para narcisismo e os homens para


antissocialidade;

• A prevalência e a incidência de mulheres psicopatas são menores que a dos homens,


chegando a menos da metade de mulheres com este diagnóstico.

P ROF A. MS. JULI AN A LEON EL


P ROFA. MS. JULI AN A LEON EL
Menores Crianças
psicopáticos;
podem apresentar sintomas

Psicopatas Crianças psicopatas são conhecidas pelas


agressões em animais de estimação, ou uso da
violência exagerada;

A explicação seria a natureza fria e psicopática;

São psicopatas, só que ainda não cresceram a


ponto de provocar medo.
Menores Mesmo que o meio social ajude a ter uma boa
educação social, algumas crianças já apresentam
Psicopatas ausência de culpa ou algum tipo de remorso quando
fazem algo ilícito;

Antes dos 18 anos de idade os menores não são


chamados de psicopatas, por nomenclatura diz que
são pessoas sofredores de Transtorno de Conduta.
As características do Transtorno de
Conduta são as mesmas de um
psicopata:
✓ Mentiras frequentes; Menores
✓ Maltrato à animais de estimação;
✓ Frieza emocional;
Psicopatas
✓ Dificuldade em ficar em casa mesmo
que em período noturno;
✓ Dificuldades em manter amizades;
✓ Uso de álcool precocemente;
✓ Desenvolvimento da sexualidade.
AULA 3 MENTES CRIMINOSAS - CRIMINALIDADE

MENTES
PERIGOSAS E
PSICOPATIA
História da Mente
Criminosa
Comportamento Criminoso – violação da ética, da lei e da moral

✓ Roubo
✓ Furtos
✓ Homicídio
✓ Estupro
✓ Sequestro
✓ Fraudes
✓ Tráfico de entorpecentes
✓ Crime organizado
História da Mente
Criminosa
Comportamento Criminoso

✓ Parâmetros biológicos: fatores genéticos, fatores bioquimicos, fatores neurológicos, fatores


psicofisiológicos;
✓ Parâmetros psicológicos: anomalia moral e psíquica, lesão ética, personalidade
✓ Parâmetros sociais: crescimento demográfico, desequilibrio na distribuição de renda,
desemprego, ócio juvenil, desestruturação familiar, tráfico de drogas
✓ e alcolismo.
Parâmetros biológicos
EPIGENÉTICA – NEURODIREITO - NEUROÉTICA

50% de fatores genéticos Monoamina-oxidase A Gene → cérebro →


(MAO-A) comportamento antissocial
Mas qual gene ?
Codifica os transtornos
cerebrais – provoca alterações Assassinos apresentam
na estrutura do cérebro redução no nível de
glicose no cortex pré-
frontal ↑ impulso
violento
Ra i ne ,2 0 0 8
Parâmetros biológicos
EPIGENÉTICA – NEURODIREITO - NEUROÉTICA

Gene → cérebro → TPA apresenta uma Entender → violência na


anormalidade → redução de 11% na sociedade
emocional, cognitivo e substância cinzenta na
comportamental região pré-frontal

Redução nos nível de estresse


Córtex pré-frontal social/ não responde ao
estresse –criação de emoções
secundárias

Ra i ne , 2 0 0 8
Parâmetros sociais
AMBIENTAL

As alterações ambientais Modificação da estrutura Ambiente → Gene →


provocam alterações na do DNA Cérebro → Anormalidade
expressão do gene → emocional, cognitivo e
comportamental

Alterações no funcionamento
Gene não é fixo – estático - neural
imutável

Ra i ne , 2 0 0 8
Parâmetros sociais
AMBIENTAL

Alterações no mecanismo
neural → alteração na
NASCIMENTO 1a. infância área de tomada de
decisão moral

Anoxia neonatal Até os 3 anos de idade


Rejeição materna Deficiência Alimentar Causa Neurobiológica do
Uso de drogas na gestação Alimentação carente de crime
Desnutrição materna vitaminas
Principalmente ômega 3
Culpa
Punição
Livre arbítrio

Ra i ne , 2 0 0 8
“SE OS CRIMINOSOS APRESENTAM
CÉREBROS COM DEFEITO, COMO ELES
PODEM SER CONCERTADOS ?”
Criminologia
Ciência que estuda o crime, a vítima, o criminoso e as
formas de controle social, analisando as causas e
consequências do crime para a sociedade

O crime como fator inerente a convivência humana em


sociedade

Crimes cometidos por pessoas portadoras de psicopatologias levaram


os estudiosos a elaborarem técnicas que pudessem ajudar a identificar
o criminoso através de seu comportamento diante da vítima, tal
como: o seu modus operandi; sua assinatura; a escolha da vítima; o
local escolhido; etc.

P ROFA.MS. JULI AN A LEON EL


Criminologia
Conhecimentos específicos em Psicologia Criminal e
Criminologia surgiram da necessidade de incrementar a busca
de dados e informações que levem à identificação da autoria,
materialidade e circunstâncias em que ocorreu o crime.

A preservação do local do crime é importante para a colheita de dados


iniciais e informações que podem conduzir a elementos de convicção
que ajudarão a localizar e capturar o delinquente. Vestígios (exemplo:
saliva, esperma) são importantes porque colocam o criminoso no local
do crime, bem como possibilitam a sua identificação. As declarações
trazidas pela(s) testemunha(s) e vítima(s) do crime ajudam a elaborar
o perfil do agressor, bem como a confecção do seu retrato falado.

Todo esse conhecimento pode ser utilizado para elaboração


do perfil do criminoso.

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Mas como a justiça vai entender as
patologias, os criminosos, a escolha
por agir violentamente, o perfil, a
personalidade ????
IMPUTABILIDADE
PENAL
Imputar é atribuir a alguém a responsabilidade de
alguma coisa. Imputabilidade penal é o conjunto de
condições pessoais que dão ao agente capacidade
para lhe ser juridicamente imputada a prática de um
fato punível. (JESUS, 1995, p. 409)

⌲ Portanto, imputabilidade é o fato do agente ter


capacidade de entender o caráter ilícito do fato
que cometeu. Exige que o sujeito tenha o
entendimento de que o ato que cometeu é ilícito.
Ininputabilidade Penal

✓ Defesas justificadas por inimputabilidade são comuns na área jurídica;


✓ Forma de defesa que resulta na remoção da responsabilidade legal por
um crime;
✓ Inocente por motivo de inimputabilidade (NGRI);
✓ Não responsável por motivo de inimputabilidade (NRRI);
✓ Presença de doença mental que pode remover a responsabilidade
criminal;
✓ Estado mental no momento do crime;
✓ Sempre considerar possibilidade de simulação;
✓ Inimputabilidade não é sinônimo de doença mental e sim o termo legal.
Ininputabilidade Penal

Segundo o Código Penal, será considerado inimputável


todo aquele que for inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato e não conseguir assim
determinar-se, ou seja, controlar suas condutas de
acordo com seu entendimento.

⌲ Só será considerado inimputável aquele que, em


decorrência de doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto, não possuir capacidade de
compreender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com essa compreensão.
Ininputabilidade Penal
Alteração da inimputabilidade Intenção da alteração

Teste da besta selvagem, 1724 Inimputabilidade como privação total de compreensão, memória e falta
de entendimento do que está fazendo, não mais do que um bebê, um
irracional ou uma besta selvagem

M’Naghten, 1843 Inimputabilidade como defeito da razão, doença da mente, a ponto de


não conhecer a natureza ou qualidade do ato ou não saber que está
agindo erroneamente

Durham ou regra do produto, 1954 Inimputabilidade se aplica se o crime for produto de doença mental

ALI ou regra de Brawner, 1972 Falta de capacidade para avaliar a criminalidade de sua conduta devido
a doença ou defeito mental

Lei da reforma da defesa por inimputabilidade, 1984 Removido aspecto volitivo, proibido o testemunho final, transferido o
ônus da prova para defesa e mudado o padrão de prova para evidência
clara e convincente

Culpado porém mentalmente doente, 1975 Mentalmente doente no momento do delito


Responsabilidade
Criminal
✓ Automatismo: reconhece que existem atos criminais que podem ocorrer
involuntariamente. Acusado não tem consciência integral porque está
dormindo, sofreu traumatismo cerebral ou sofre de epilepsia ou
dissociação; é diferente da inimputabilidade porque o automatismo não é
doença mental;
✓ Capacidade diminuída: problemas do estado mental sem estar
inimputável;
✓ Intoxicação: pessoa não consciente por consumo de álcool ou drogas -
causa alteração de comportamento e aumenta o risco de perpetuar um
crime.
Capacidade Civil e
Criminal
✓ Capacidade é definida como à aptidão geral do individuo de tomar decisões e entender a natureza
dos procedimentos legais; competência para confessar ou submeter a julgamento;
✓ Capacidades legais:
✓ Capacidade criminal ou capacidade adjucativa: um acusado deve ser capaz para confessar, defender-
se, ser sentenciado e ser executado;
✓ 12% dos encaminhados para exame de capacidade estavam simulando;
✓ Recuperação da capacidade: processo por meio do qual a capacidade do acusado incapaz é
restaurada, de modo que o processo legal possa continuar. A recuperação pode ser alcançada pelo
uso de medicação psicotrópica, psicoterapia e intervenções psicoeducacionais.
Inimputabilidade Capacidade

Foco no estado mental no momento Foco no estado mental em qualquer


do delito ponto ao longo do processo de
adjudicação

Requer presença de doença mental Não é necessário haver doença mental

Defesa legal para acusações criminais Adia o processo de adjudicação

Requer admissão do crime Não requer admissão do crime


Capacidade para submeter-se a
julgamento - CST
✓ Um réu não pode estar ausente do seu próprio julgamento – in absentia – necessidade de estar
fisicamente presente ao próprio julgamento para exigência de estar mentalmente presente no momento
do julgamento;
✓ Advogados tem dúvida da capacidade do cliente em 15% dos casos criminais;
✓ 20% dos avaliados são considerados incapazes;
✓ Para que serve a CST: aumenta a precisão do julgamento porque o réu é capaz de comunicar os fatos,
assegura justiça permitindo que o réu exerça seus direitos, integridade do processo caso o réu seja
incapaz e propósito da punição não será atingido se o réu for incapaz;
Tipos

Inimputabilidade
Restrição Civil Capacidade

Requer a presença de
Requer a presença de doença mental; Não requer a presença
doença mental; de doença mental;
Tem foco no passado;
Tem foco no futuro e no Tem foco no presente;
presente; Ação criminal
Ação civil e criminal
Ação civil

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Doença mental e
periculosidade
• Presença de doença mental é critério para • Periculosidade é critério para restrição
restrição civil;
civil;
• DSM;
• Perigo para si mesmo ou para outros;
• Retardo mental, abuso e dependência de
substancia, transtorno de personalidade • Dano corporal, danos emocionais, risco
antissocial e outros transtornos de
iminente de suicídio;
personalidade são excluídos do critério de
restrição; • Dificuldade em predizer ou avaliar o risco

• Estigmatização. de violência.
SEMI-IMPUTABILIDADE PENAL

Capacidade penal reduzida por


A pena pode ser reduzida de O parágrafo único do artigo 26 diz que a
perturbação da saúde mental - As pessoas portadoras de um
pena “poderá” ser reduzida de um a dois transtorno de personalidade
um a dois terços se o agente, TJPR: “A perturbação da saúde
terços. Este “poderá” deve ser entendido
em virtude de perturbação da mental, prevista no parágrafo psicopática são consideradas semi-
como “deverá”, ou seja, ficará o juiz
saúde mental ou por imputáveis pelo fato de terem
obrigado a reduzir a pena. único do art. 22 (art. 26 vigente)
discernimento entre o certo e o
desenvolvimento mental do Código Penal, não constitui
Não haveria razão para se esclarecer errado, sendo, portanto,
incompleto ou retardado, não a redução mínima se pudesse ser causa de isenção da responsáveis. Entretanto,
era inteiramente capaz de nenhuma. Ademais, como ocorre responsabilidade, uma vez que apresentam pouca capacidade ou
entender o caráter ilícito do invariavelmente quando o legislador não suprime totalmente a ainda nenhuma capacidade de
penal emprega o termo “pode”,
fato ou de determinar-se de capacidade de entender o caráter discernimento ético-social em
entende-se que se trata de direito do
acordo com esse réu, não da faculdade do juiz criminoso do fato ou de virtude da perturbação da saúde
entendimento. (CÓDIGO (FUHRER, 2000, p.160). determinar-se de acordo com mental, pois são portadores de uma
PENAL, parágrafo único, art. anomalia psíquica que interfere em
esse entendimento. Ademais
O juiz está obrigado a reduzir a pena seu núcleo moral, por isso estarem
26) quando se tratar de um indivíduo semi- considera enfraquecida, enquadradas como indivíduos
imputável. No entanto, ele decidirá o diminuída, subsistindo a fronteiriços.
quanto a pena será reduzida, levando em responsabilidade, facultado ao
consideração a periculosidade do agente e
a segurança da sociedade.
julgador a redução da pena” (RT
391/350).

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AULA 4 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA / PERÍCIA PSICOLÓGICA /
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

MENTES
PERIGOSAS E
PSICOPATIA
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA – PERÍCIA
PSICOLÓGICA – PERFIL PSICOLÓGICO

Perfil Psicológico – Perfilamento Psicológico

Exame Criminológico – criminal Profiling

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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
PERÍCIA PSICOLÓGICA
• PERÍCIA: Exame realizado por profissional especialista que
visa verificar ou esclarecer um determinado fato ou situação;

• SAÚDE MENTAL: Capacidade cognitiva e/ou emocional para


manter uma qualidade de vida; ausência de doença mental;

• PERÍCIA PSICOLÓGICA: Exame realizado por psicólogos para


verificar a presença ou ausência de doença mental;

• QUEM REALIZA? Perito ou assistente técnico ?

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Perito Assistente Técnico
Presta assistência na decisão judicial; Assessora uma das partes nas questões
técnicas;
Responde solicitações;
Analisa procedimentos e laudos;

Formula quesitos ao perito;


Técnico de confiança do juiz; Psicólogo contratado ou psicólogo indicado
pelo Ministério Público;
Na Perícia Psicológica – psicólogo;

Pode ou não fazer parte dos técnicos do Laudo crítico quando não estiver de acordo
tribunal. com o perito.

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Avaliação de
inimputabilidade
✓ Avaliações difíceis;
✓ Doutrina legal pouco clara;
✓ Natureza da doença mental;
✓ Avaliações retrospectivas- reconstruir o estado mental do acusado;
✓ Informações de terceiros;
✓ 3 componentes: entrevista, uso de instrumentos de avaliação forense e coleta de informações de terceiros;
✓ Relatórios devem conter: história psiquiátrica, estado mental atual, exame formal o estado mental, uso atual de
medicação, testagem psicológica, registros médicos, informações da polícia, presença ou ausência de
diagnóstico anterior, presença/ausência e grau de abuso de álcool/substancia, descrição do delito pelo acusado
e descrição do delito por terceiros.
Avaliação de
inimputabilidade
✓ Pesquisas sugerem que os profissionais de saúde mental raramente consideram um acusado como
inimputável;
✓ Cochrane e col, 2001- 12 % de 719 encaminhamentos para avaliação;
✓ Instrumentos disponíveis:
✓ Avaliação do Estado Mental no Momento do Delito – medida de exame semiestruturada para avaliar aspectos
relacionados à responsabilidade criminal – histórico psiquiátrico, fincionamento psicológico e cognitivo;
✓ Escalas de Avaliação de Responsabilidade Criminal de Rogers (R-CRAS)- medida de 30 itens elaborada com o
objetivo de ser usada para padronizar as informações obtidas em uma avaliação – confiabilidade do paciente,
organicidade, psicopatologia, controle cognitivo e controle comportamental.
Avaliações e Medidas
✓ Avaliações parecidas com as de inimputabilidade, mas não existem padrões;
✓ Psicólogos utilizam de testes psicológicos em 51 % dos casos;
✓ Medidas objetivas da personalidade, testes neuropsicológicos, instrumentos de capacidade (MacCAT-CA) e testes projetivos;
✓ Entrevista clínica, exame do estado mental, testes psicológicos, exame de informações colaterais e testes específicos de
capacidade;
✓ Avaliações devem conter: descrição funcional das habilidades específicas, uma explicação causal dos déficits em habilidades de
capacidade, o significado interativo dos déficits em habilidades de capacidade , opiniões conclusivas sobre a capacidade e
incapacidade legal e uma reparação prescritiva dos déficits em habilidades de capacidade;
✓ Objetivo causal: explicação da base do déficit funcional - doença mental ou falta de conhecimento ou fadiga ou simulação;
✓ Objetivo interativo: identificar os aspectos específicos do julgamento que podem ter impacto nas dificuldades funcionais –
habilidades diferentes para diferentes julgamentos.
Conhecimentos Necessários

Avaliação Instrumentos Psicopatologia Contexto


Psicológica

Metodologia da Avaliação Instrumentos de Avaliação Psicopatologia: critérios de Contexto Pericial:


Psicológica: desde o Psicológica (projetivos, jurídico/ forense,
normalidade e patologia e
procedimento em si e as psicométricos, escalas e
trabalhista, clínico,
os critérios diagnósticos; etc.
diretrizes do Conselho Federal inventários) autorizados pelo
de Psicologia; SATEPSI;
Avaliação psicológica é um procedimento teórico,
técnico e rigoroso;

Investigação do funcionamento mental;

Com instrumentos específicos e padronizados de


coleta, registro e análise dos dados.
Avaliação Psicológica

A avaliação psicológica é um instrumento de uso exclusivo


do profissional psicólogo

Realizado por meio de entrevistas iniciais e devolutivas, podendo


envolver a participação do interessado e de seus familiares, bem
como outros informantes

Uso de testes psicológicos

Permite um diagnóstico compreensivo

Observações em contextos naturais, por meio de visitas domiciliares


Avaliação Psicológica
• Construir argumentos consistentes da observação de fenômenos psicológicos;

• Empregar referenciais teóricos e técnicos pertinentes em uma visão crítica, autônoma e eficiente;
No time for self
• Atuar de acordo com os princípios fundamentais dos direitos humanos e ética profissional;

• Garantir atenção à saúde;

• Respeitar o contexto ecológico, a qualidade de vida e o bem-estar dos indivíduos e das

coletividades, considerando sua diversidade.

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Psicopatologia
CRITÉRIOS DE PATOLOGIA

•Significância clínica – grau de prejuízo mensurável;


•Comportamento reflete uma disfunção dos processos psicológicos, biológicos ou do
desenvolvimento;
•Está associado com sofrimento ou incapacidade significativas nas esferas importantes da vida;
•Religião, política ou sexualidade NÃO são critérios de patologia;
•Os conflitos entre o sujeito e a sociedade não são considerados transtornos psicológicos a menos
que reflitam uma disfunção do indivíduo (antes pessoas diagnosticadas por governos opressores).
Psicopatologia – CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS

• O perito psicólogo deve utilizar critérios diagnósticos em


Psicopatologia;
• Confiáveis e de Validade: diagnostic caracterizar com precisão e
clareza o estado psicológico de uma pessoa;
• DSM-5: Manual diagnóstico desenvolvido pela APA (Associação
Americana de Psiquiatria) que fornece diagnósticos consistentes entre
pessoas como base na presença e ausência de um conjunto de
sintomas específicos;
• CID (Classificação Internacional de Doenças): desenvolvido pela
Organização Mundial de Saúde utilizado como um sistema diagnóstico
comum para as 110 nações membro.
Passo a passo da Perícia Psicológica

Passo 1 Passo 2 Passo 3


ENTREVISTA (s): Identificação, queixa
APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS Passo 4 Passo 5
EXAME PSICOLÓGICO: principal, postura, história da doença atual,
( observação, visitas
sintomatologia, antecedentes pessoal e familiar,
investigar a personalidade domiciliares, entrevista a
hábitos, relacionamentos e dinâmica familiar,
do periciando – estrutura outros, análise de
história de vida e exame psíquico, simulação e ANÁLISE DOS DADOS ELABORAÇÃO DO LAUDO
e dinâmica, inteligência, documentos) e
dissimulação; PSICOLÓGICO – seguir
maturidade mental e INSTRUMENTOS
emocional, funções
O Exame do Estado Mental (EEM) é o processo
rigorosamente a
por meio do qual o profissional que trabalha PSICOLÓGICOS ( testes Resolução CFP no.
neurodinâmicas e com saúde mental examina sistematicamente o psicológicos, escalas de
sintomas psicopatológicos 06/2019.
estado mental de um paciente autopercepção,
.
inventários)
INSTRUMENTOS MAIS REFERIDOS NA
LITERATURA PARA AVALIAÇÃO
DE T. P. ANTISSOCIAL
PSICOPATIA/SOCIOPATIA

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PCL-R

Robert Hare - Criação da medida da psicopatia mais utilizada – Psychopathy Checklist (PCL) e a atual Psychopaty Checklist-
Revised (PCL-R) – avaliar psicopatia;
Instrumento validado para o Brasil - Morana H. Escala Hare PCL-R: critérios para pontuação de psicopatia revisados. Versão
brasileira. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2004.
As análises estatísticas mostraram que o PCL – R é capaz de distinguir os indivíduos que apresentam traços prototípicos de
psicopatias daqueles que apresentam outros transtornos menos graves, e ainda, estes do grupo de controle, que não
apresentam qualquer tipo de desvio de conduta. Esses resultados foram corroborados pela prova de Rorschach, segundo a
avaliação de vários especialistas, demonstrando a concordância por meio do índice Kappa de 0,83.
Instrumento de uso exclusivo do psicólogo.

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Mulheres, Etnias,
Culturas
Mulheres – taxa mais baixa do que em homens, não chegam a pontuar 30 no PCL-R, sintomas
expressos de maneira diferente e associado a outros transtornos de personalidade, tais
como, borderline, somatização e histriônico;
Maioria dos estudos com PCL-R são com homens brancos, estudos com afro-americanos não
conclusivos;
Diferenças transculturais importantes, mas pouco estudadas.

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Crianças e Adolescentes
• PCL-R não é aplicado;

• Psychopathy Checklist: Youth Version (PCL:YV aplicado em jovens de 13 a 18 anos;

• Psicopatia x comportamento antissocial;

• Época de enormes mudanças no desenvolvimento e que, para alguns jovens, essa mudança
inclui o acting out de uma maneira antissocial;

• Dificuldade em medir impulsividade e irresponsabilidade diante a possibilidade de


mudança;

• Utilizar outros termos;

• Cautela ao utilizar o termo psicopatia com criança e adolescente.


Método de RORSCHACH

Descrever o funcionamento de personalidade de um indivíduo


buscando compreende-lo enquanto pessoa, ou seja, identificar aspectos
de sua personalidade que lhe são únicos e singulares.

Na prática clínica, é útil quando se faz necessário um diagnóstico


compreensivo e idiossincrático do paciente em questão. Desta forma,
presta-se a entender quais recursos terapêuticos são mais indicados
para um funcionamento de personalidade em particular.

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OUTROS INSTRUMENTOS
CITADOS
✓ Competence Screening Test-CST

✓ Instrumento de Avaliação de Capacidade para se Submeter a Julgamento ( CAI)

✓ Teste de Capacidade da Corte da Geórgia ( GCCT-MSH)

✓ Fitness Interview Test (FIT) e a versão revisada FIT-R

✓ Avaliação Estruturada das Capacidades de Réus Criminais de MacArthur (MacSAD-CD) e suas


demais versões

✓ Avaliação de capacidade para se Submeter a julgamento revisada (ECST-R)

✓ MMPI, WAIS-R

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AULA 5 ESTUDO DE CASO

MENTES
PERIGOSAS E
PSICOPATIA
DISCUSSÃO
DE CASO:
O Paraíso e a Serpente (The Serpent – Netflix)

O Paraíso a serpente é uma série da plataforma streaming


Netflix. Relata a história verídica de Charles Sobhraj, que no
final da década de 70 realizou uma série de crimes e fugas das
autoridades. Seu poder de persuasão o tornou famoso. A série foi
escrita com base na entrevista que concedeu à jornalista Julia
Clarke.

P ROFA. MS. JULI AN A LEON EL


Quais as
principais
características
do
personagem?
Discussão de Caso

AUTOESTIMA MENTIRA AUSÊNCIA DE


FALTA DE
GRANDIOSA PATOLÓGICA REMOSRSO
EMPATIA
OU CULPA
CHARME SUPERFICIAL PODER HIPNOTIZADOR

P ROFA. MS. JULI AN A LEON EL


Quais os principais sintomas do
transtorno de personalidade antissocial ?
(TPA/Psicopatia)

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Discussão de Caso

✓ Fracasso em ajustar-se às normas sociais

✓ Tendência à falsidade

✓ mentiras repetidas, uso de nomes falsos ou de trapaça para ganho ou prazer


pessoal

✓ Impulsividade

✓ Fracasso em fazer planos para o futuro

✓ Irritabilidade e agressividade

✓ Descaso pela segurança de si ou de outros

✓ Ausência de remorso ou culpa


O que podemos concluir sobre o real
personagem?
Profa.Ms. Juliana Leonel

➢ Docente do curso de Psicologia

➢ Psicóloga

➢ Mestre e Especialista em Psiquiatria,


Psicologia da Saúde e Método de
Rorschach, S. C pela UNIFESP

@profa.julianaleonel
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
Referência Bibliográfica
• Cartilha Avaliação Psicológica CFP disponível em www.pol.org.br
• COHEN, R. J.; SWERDLIK, M. E.; STURMAN, E. D. Testagem Psicológica: introdução a testes e medidas. 8.ed.
Porto Alegre: AMGH, 2014.
• DEMARCH, Renan(2014). Psicopatia: Legislação e Exame Pericial Relacionados. Monografia. Universidade do Sul
de Santa Catarina.
• HUTZ, C. S.; Bandeira, D. R.; Trentini, C. M. (Org.) Psicometria. Porto Alegre: Artmed, 2015.
• GONÇALVES, H.S. Psicologia Jurídica no Brasil. Rio de Janeiro: Nau, 2014.
• RAINE,A. crime biológico: implicações para a sociedade e para o sistema de justiça criminal. Rev. psiquiatr. Rio
Gd. Sul 30 (1) • Abr 2008 • https://doi.org/10.1590/S0101-81082008000100003
• RODRIGUES, Antonio Paiva. Psicopatas.
Disponívelem:http://www.artigos.com/artigos/saude/medicina/psiquiatria/psicopatas6384/artigo/#.Uypfsahd
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Referência Recomendada
Pimentel, Déborah. (2010). Psicopatia Da Vida Cotidiana. Estudos de Psicanálise, (33), 13-20. Recuperado em 02 de junho de 2021, de
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372010000100002&lng=pt&tlng=pt.
Gomes, Cema Cardona, Martins de Almeida, Rosa Maria (2010). Psicopatia em homens e mulheres. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 62,
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Natrielli Filho, Décio Gilberto, Enokibara, Mailu, Szczerbacki, Natália & Natrielli, Décio Gilberto (2012). Fatores de risco envolvidos no
desenvolvimento da psicopatia: uma atualização. Diagn Tratamento, 17(1), 9-13.

Bins, Helena Dias De Castro, Taborda, José Geraldo Vernet (2016). Psicopatia: influências ambientais, interações biossociais e questões
éticas. Debates em psiquiatria, 6 (1), 8-16.

Morana, Hilda C P, Stone, Michael H & Abdalla-Filho, Elias (2006). Transtornos de personalidade, psicopatia e serial killers. Revista
Brasilerira de Psiquiatria, 28(Supl II), S74-9.
Referência Recomendada

A máscara da sanidade – Hervey Cleckley


Privação e delinquência – D. Winicott
Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que vivem entre nós – Robert Hare
Psicopata do cotidiano – Katia Mucler
Davoglio,T.R. e Argimon,I.I.L.. Avaliação de comportamentos antissociais e traços psicopatas em
psicologia forense. Avaliação psicológica, 2010,9 (1).pp. 111-118
Dicas
FILMES
● Onde os fracos não tem ● Psicopata Americano
vez ● Ted Bundy, a irresitível
● Precisamos falar sobre face do mal
Kevin ● Instinto selvagem
● Laranja Mecânica ● Ilha do Medo
● O silêncio dos inocentes

SÉRIES
● O Paraíso e a Serpente ● Por dentro da mente do
● Bom dia Verônica criminoso
● Ratched ● Ted Bundy: Conversando
● Por trás da mente do com um serial killer
criminoso

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