quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024 lope W]
— PORRA! — Jakellyne gritava repetidas vezes. Seu
coracdo angustiado e partido doia mais que tudo
naquele momento. Lagrimas escorriam
descontroladamente. Sua cabega parecia um baldo tao
cheio de ar que estava prestes a explodir.
Ela socava o chao, as paredes e qualquer coisa sem
importancia que ela encontrasse.
Os machucados em suas maos nao importavam.
O sangue escorrendo de seus punhos nao importavam.
A sensagao era agonizante, se sentia incompleta. Vazia.
Aquela que mais amara havia partido. Sua outra
metade. Aquela com quem compartilhou tudo desde
Tle
Dandara estava morta.
Dandara estava mesmo morta.
Os olhos de Jakellyne varreram o local. Ela viu Maria no
chao, a morena se encontrava sentada ao lado do corpo
de Dandara. Maria acariciava a mo fria da filha de
Poseidon. Seu rosto estava impassivel, completamente
fit -1e coy
— Como... Como vocé consegue ser tao... Ugh! —
Jakellyne reclamou com a amiga. Nao entendia como a
garota podia estar tao estavel diante daquilo. —
Caralho, Maria! ACORDA! ELA SE MATOU! A DANDARA
TA MORTA!
Jakellyne gritava sem parar. Aquilo sem duvidas piorava
sua dor de cabeca, mas ela de fato nao se importaria
com aquilo.
— Justamente. Ela esta morta, do que adianta vocé
quebrar tudo? Isso nao trara ela de volta. — Maria disse
baixo, a voz absolutamente controlada.
Apesar de sua expressdo neutra e calma, sua cabeca
estava um caos. Maria chegou a usar seu poder
para tentar ressuscitar Dandara. Obviamente, sem
sucesso.
— Nao, nao. Isso nao esta certo. Eu sabia, mas eu me
forcei a acreditar que nada aconteceria! Eu nao deveria
ter deixado ela sozinha. A culpa é minha. — Jakellyne
tentou limpar as lagrimas que insistiam em descer com
as costas da mao, mas apenas conseguiu sujar seu rosto
de sangue e uma ardéncia nos nds dos dedos.
— Para de ser maluca. — Maria resmungou sem
paciéncia. — Se recompée, Jakellyne.
A filha de Afrodite estava séria. Ela levantou do chao,
mas nao sem antes deixar um selar na mao de Dandara.
— Nao tem o que fazer...
— Tem que ter! Eu vou até a porra do tartaro, se for
preciso. — Jakellyne rosnou frustada. — Ela nado merece
morrer. Nao agora, ndo tao jovem. Nao assim...
— VOCE! — Jakellyne gritou e apontou o dedo indicador
para Poseidon. — SEU DEUS DE MERDA!
— Jakellyne! — Apolo tentou advertir, mas a furia de
sua filha era grande demais. Nada a pararia.
Poseidon permaneceu calado. Seu olhar duro
observando Jakellyne avidamente. O Deus dos mares
sabia exatamente o motivo da semideusa estar ali.
— Veja bem como fala com um superior, crianga. —
Zeus avisou. A expressdo fechada e impecavel.
Ares ria baixinho da cena, se divertindo com a raiva
explosiva da semideusa.
— Por que... Por que ela bebeu aquele vinho?! Vocé
sabe o motivo, ndo sabe? — Jakellyne tentou maneirar
o tom de voz, mas era quase impossivel. —
RESPONDA. — Ela exigiu.
O corpo de Jakellyne tremia de raiva, seus olhos
arregalados e as veias azuis-claras mais aparentes que o
normal em seu rosto.
— Eucreio que vocé precisa se acalmar. — A voz de
Poseidon retumbou pela sala. Fria como as geleiras do
polo norte e firme como barras de ago. — E... Bom, se
vocé veio apenas para gritar sobre a morte da minha
filha, receio que nao encontrara respostas aqui.
O corpo de Jakellyne tremeu de raiva, dore
principalmente, saudade.
— Por favor... — Os joelhos da filha de Apolo fraquejam
e ela caiu no chao frio de marmore. — Eu nao posso...
Eu nao consigo viver sem ela. Tragam-na de volta!
— Acha que estou feliz com a morte da minha filha? —
A voz dele continua seca e firme, seu rosto
inexpressivo. — Foi necessario, mas ndo acho que vocé,
uma simples e fraca semideusa, entenderia.
— N&o seja ingénuo, Poseidon. — Atena pontuou com a
atengdo presa em Jakellyne. — Vocé sabe que ela e os
amigos nao sao fracos e muito menos simples.
Jakellyne abaixa a cabega, sentindo seu pescoco e rosto
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vergonha. Apesar da raiva, sentia-se honrada por Atena,
a Deusa da Sabedoria, nao lhe considerar fraca.
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para ela. — Poseidon de forma brusca e impaciente.
A filha de Apolo negou com a cabega, se recusava a
chorar na frente dos Deuses.
— Tanto faz. Se vocé nao vai me dizer, eu mesma
procuro saber. — Ela se levantou frustada e se virou
para sair, mas nado sem antes mostrar dedo do meio
para Poseidon.
Ela nao se importava mais. Tinha até mesmo esperanga
que alguém a matasse, assim ela poderia encontrar
Dandara.
Dandara...
Foi tempo apenas de Jakellyne virar as costas. As.
lagrimas chicotearam seu rosto de maneira bruta e
descontrolada.
Havia passado apenas alguns dias e a falta de sua amiga,
sua cumplice, era corrosiva. Sentia que a qualquer
momento, Dandara apareceria do seu lado, dizendo que
foi apenas um pesadelo.
A filha de Apolo se agarrava a isso as vezes.
Mas, 0 lado racional de sua cabega ainda funciona de
vez em quando, avisando-a que de: nao, ela nao vai
voltar.
E somente seu interior sabia como ela faria de tudo
para trazé-la de volta.
Jakellyne estava fora de si. Torturou homens e
mulheres, monstros e semideuses e qualquer um que
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crimes que jamais pensou possivel.
WISE
Meses tentando.
Até que demorou para irem atras dela.
Os Deuses a levaram contra sua vontade ao Olimpo.
Talvez, tenham cogitado finalmente mata-la.
— Vocé esta fora de si. — Zeus diz com a voz friamente
controlada. — Esta torturando pessoas, matando
inocentes. Nao que eu me importe muito, mas é
antiético.
— E dai? — Olheiras fundas e escuras cercavam os.
olhos de Jakellyne. Seu corag¢ao batia forte no peito. Seu
Unico medo era morrer e nao encontrar Dandara. —
Achou mesmo que eu desistiria?
Ela deu uma risada amarga, seu timbre demonstrando o
qudo fora de controle ela estava.
— Filha.. — Apolo tentou dizer, mas ela o cortou
rapidamente.
— Vocés realmente acharam que me trazer aqui
abalaria meu amor? Ou que me levariam até o limite?
Eu nao tenho escrupulos, nao ha limite para mim.
A filha de Apolo se sentia solitaria e vazia por dentro.
Aquela com quem podia contar nao entendia seu
Roald a-lalnen
Maria.
Maria tinha perdido uma amiga. Ela nado entendia a dor.
Jakellyne perdeu sua metade, sua familia.
Zeus ndo gostou nem um pouco do tom de voz da
semideusa. Um raio caiu bem ao lado de Jakellyne.
Ela nem se mexeu, olhou desdenhosa para o chao
chamuscado ao seu lado e riu enquanto revirava os
olhos.
— Como vocé péde pensar, — Jakellyne olhou
fixamente para Zeus com um sorriso presuncoso. — que
eu me assustaria tao facilmente?
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Algumas ela respondeu, outras nao.
Se eles queriam brincar com ela, ela transformaria
aquilo em um jogo de sobrevivéncia.
Que venca o melhor.
— Minha filha, prometa que ira parar com essas
atrocidades. — Apolo pediu, sua expressdo passando
seriedade. Mas Jakellyne nado conseguia enxergar seu
pai como autoridade, nado aquela altura do campeonato.
— N&o. — Ela respondeu seca e lhe deu as costas.
— N&o dé as costas para mim, crianga. — A voz
melodiosa e ao mesmo tempo cortante de Apolo ecoou
pelo salao de marmore. — Sua raiva ndo lhe da o direito
de me desrespeitar.
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com tudo e todos.
— O que vocé quer? Que eu pega desculpas por lutar
para trazé-la de volta? — Ela perguntou exasperado,
seu olhos arregalados transbordavam desespero.
— Essa nao é a questao...
— ESSA E JUSTAMENTE A QUESTAO! — Gritou
enraivecida. — Nao ha absolutamente nada que eu
mudaria. Minha vida foi uma tempestade desde que
nasci. — Seu tom de voz baixou levemente. A cabeca da
loira girava e doia. — Como eu poderia temer qualquer
furacao?
Ela riu sem humor e dessa vez, virou as costas para
Apolo e saiu do salao de marmore.
— Nico? — Jakellyne chamou. A voz rouca e arrastada,
evidentemente ela andou chorando.
— O que foi? — Nico respondeu, seu tom mais calmo ao
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— Sera que vocé pode tentar falar com a Dandara? —
Perguntou baixo. Nunca havia pedido isso para Nico. —
Vocé é minha ultima esperanga.
O que ela nado disse, é que sua verdadeira ultima
esperanca era se matar e tentar encontrar Dandara nos
campos do inferno.
— Posso tentar. — Ele disse em um fio de voz. — Olha,
nao confia tanto, ta bom? A Bianca nao atendeu aos
meu chamados quando tentei.
Ele decidiu avisar, tinha medo que sua amiga ficasse
ainda pior caso Dandara nao aparecesse.
— Tudo bem. Eu sei que ela vai aparecer. — Jakellyne
afirmou convicta, Nico franziu o cenho. — Eu sinto que
ela vai aparecer.
Nico confirmou com a cabega e eles foram atras dos
elementos que fariam sentido oferecer a ela.
Milkshake de morango, presilhas de cabelo, alguns
livros que Jakellyne sabia que ela amava.
— Vocé vai chamar a Maria? — Nico pergunta em tom
baixo e com os ombros encolhidos. Jakellyne nao tinha
tocado nisso ainda.
Ele observou a filha de Apolo pensar e ponderar.
— Nao.
— Tem certeza...? Sabe, elas eram amigas. Vocé nao
acha que ela deveria estar aqui? — Ele tentou usar as
palavras certas.
— Vocé nao percebeu? Ela ja superou. Quando.
encontramos a Dandara no chao, ela nem chorou. Ficou
la sentada no chao, de mado dada com o corpo sem vida
dela. — Jakellyne disse, tentando nao demonstrar tanta
irritagao.
— Certo, ndo esta mais aqui quem falou. — Nico disse
levantando as mdos em sinal de rendigao.
Eles ndo conversaram mais apos isso, Jakellyne ajudou
Nico com os preparativos. Cavaram uma cova rasa e
ajeitaram os elementos dentro dela. A filha de Apolo
tomou cuidado para os milkshake's ndo tombarem
emcima dos livros.
Demorou um tempo até que Dandara aparecesse.
Jakellyne nao viu exatamente quando aconteceu pois
estava sentada em um tronco enquanto encarava 0
chao.
— Me chamaram? — A voz de Dandara ecoou pelo local
e Jakellyne sentiu seu peito doer. Ela levantou
abruptamente e correu até a cova de onde a filha de
Poseidon estava pairando.
Jakellyne nao respondeu. Estava ocupada demais se
ajoelhando e pedindo inumeras desculpas.
Seu corpo chacoalha violentamente com seus fortes
solucos devido ao choro.
— Por favor, me desculpe, me desculpe! Eu... Eu ndo
devia — ela soluga — ter deixado vocé sozinha, a culpa
Coe
Dandara nega com a cabega e se ajoelha em frente da
Jakellyne.
— Aculpa nao é sua, foi necessario. — A filha de
Poseidon diz a mesma coisa que seu pai.
"Foi necessario."
Por que?
Por que ela?
Por que ela e nado eu?
Sua cabeca martelava sem parar, pensamentos
confusos e desconexos se misturando com a pequena
parte racional de sua mente.
— E-eu sinto tanto, tanto, tanto a sua falta. — Jakellyne
sussurrou, mesmo que tentasse, nao conseguia falar
alto nem mesmo gritar. Sua garganta doja pelo
choro. — Se me perguntassem no final de tudo, eu diria
a eles e ao mundo.
— O que? — Dandara sentou no chao perto de
Leal me aterm Cela eller maaan ale keel ra)
quando. A filha de Poseidon sabia que elas nado tinham
muito tempo.
— Que nao me arrependo de nada. Torturei e matei
para conseguir respostas. — Respondeu convicta. —
Que eu faria tudo de novo, se isso significasse poder te
abracgar. — Prosseguiu falando com a voz baixa e
chorosa.
— Eu também sinto muito a sua falta. — Dandara disse
CUMS acon
— Eu passaria por qualquer coisa para te ter de volta
comigo, sofreria a maior das torturas se isso te
trouxesse de volta a vida. — A filha de Apolo estava
chorando tanto que sua visdo nao passava de um
borrdo. — Apesar de todas as conversas e tudo que foi
dito sobre onde iriamos parar quando nosso corac¢ao
parasse de bater, vocé se foi e eu ainda estou aqui. Mas
meu coracao se foi junto com vocé.
O desejo de Dandara era poder abracar Jakellyne para
sempre, cuidar dela para sempre.
— Nos nunca conheceremos a paz. — Dandara diz e da
ombros, seus olhos estao analisando atentamente o
rosto de Jakellyne. — Do que adianta estar do outro
lado das coisas?
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Mas ainda assim, Jakellyne fez questao de sussurrar
"nada."
— Vocé se foi muito cedo, vocé foi arrancada de mim
com tanta brutalidade. — Jakellyne olha nos olhos
translucidos de Dandara, vendo que ela estava ficando
cada vez mais clara e dificil de enxergar. — A dor é
como um cancer que afeta diretamente meu coracgao e
segue corroendo minhas veias.
Jakellyne suspirou, enfim conformada.
— Embora eu saiba que meu coracdo provavelmente se
partira, poderei falar com vocé outras vezes? — A filha
de Apolo perguntou, um tanto esperancosa.
Dandara olhou para as proprias mdos e entdo levantou
a cabega para olhar nos olhos de sua alma gémea.
— Talvez. — Dandara respondeu sem muita certeza.
Jakellyne se apressou ao perceber que Dandara
comeg¢ara a sumir.
— Dandara, lembre-se sempre que eu te amo. Mais que
tudo e qualquer coisa, eu te amo eternamente. — Disse
com os olhos marejados e os labios tremendo. — Logo
me encontrarei com vocé. — A filha de Apolo disse, mas
Dandara nao ouviu, ela ja havia sumido.
Jakellyne sugou o ar com forca para dentro de seus
pulmées, tentando criar coragem.
De repente, a loira percebeu que Nico nao se
encontrava ali. Uma chave virou em sua cabega e ela
percebeu entdo que tudo seria mais facil.
Ela tirou um bloco de notas e uma caneta de sua
mochila e escreveu uma simples frase
MSC R Niele R donee
Seu cora¢ao palpitou ao deixar o papel no chao, bem ao
seu lado.
"Eu ndo mudaria todas as vezes
Ela sentou no chao, perto da cova.
"OQ céu nao 6 adequado para abrigar um amor como o
seu eo meu (ouvi dizer que nado ddi nada)"
Jakellyne se recosta no tronco.
"Eu nao mudaria todas as vezes"*~
Ela puxa a propria espada.
*“"O céu nao é adequado para abrigar um amor como o
seu e o meu (ouvi dizer que nao doi nada)"*~
O brilho do dia reluz na espada, ela brilha mais que o sol
ea filha de Apolo é capaz de se ver na lamina polida.
*"Eu ndo mudaria todas as vezes'
Ela respira pesadamente.
is
"OQ céu nao é adequado para abrigar
— _Me perdoa, Maria._
"Um amor como o seu e o meu
Jakellyne rasga a propria garganta. Seu ultimo
pensamento é a esperanca de encontrar Dandara.
*"Ouvi dizer que nao ddi nada...