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Ano letivo: 2023-24 Disciplina: Português, 9ºano

Episódio de Praia das Lágrimas

(Despedidas em Belém)

Plano da Viagem – Canto IV, est. 84-93

Neste episódio, Luís de Camões enaltece os Descobrimentos e a dor, o sofrimento e o sacrifício das
pessoas envolvidas direta (marinheiros) ou indiretamente (familiares, amigos) nesse feito. O Poeta exprime
estes sentimentos através da narração que Vasco da Gama faz ao rei de Melinde, narrando a partida da
armada para a viagem de descoberta do caminho marítimo para a Índia, em analepse, dando particular
relevo às despedidas dos navegadores portugueses em Belém (Canto IV, est. 88-93). Há um particular
destaque para o grande sofrimento e dor dos Portugueses no momento da partida das naus, sendo referido
o doloroso sacrifício e desespero de quem ficava em terra.

Síntese do episódio
Narrador: Vasco da Gama

Narratário: Rei de Melinde

Estrutura do episódio
Est. 84 - 89

Depois de relembrar a História de Portugal, Vasco da Gama narra ao rei de Melinde a partida da
armada para a viagem de descoberta do caminho marítimo para a Índia, em analepse. No porto de Lisboa,
preparam-se as naus para a viagem. Os nautas aprontam-se também espiritualmente, pedindo a Deus
orientação e apoio para a viagem. Vasco da Gama refere que quando recorda o momento da partida, cheio
de dúvida e de receio, tem dificuldade em conter as lágrimas. Naquele dia, o povo da cidade de Lisboa
juntou-se na praia de Belém para assistir à partida das naus e para se despedir dos amigos e parentes que
iriam embarcar. Acreditava-se que a viagem seria longa e perigosa. Os homens não conseguiam esconder a
emoção e as mulheres choravam com desespero e medo de não os voltarem a ver.

 Estância 84 - Vasco da Gama situa a ação, referindo que as naus estão quase a partir de Lisboa.

 Estância 85 - Descrição geral dos soldados e das naus.


 Estância 86 - Preparação espiritual dos marinheiros (missa, comunhão e procissão) e pedido de
proteção e ajuda a Deus.

 Estância 87 - Emoção do narrador pela longa e perigosa viagem que o afastará da pátria e da família.
Estabelecimento de relação entre o nome do local que os marinheiros se encontravam e a cidade da
Palestina onde nasceu Jesus (Belém).

 Estância 88 - Vasco da Gama e os companheiros vão em procissão para as naus, enquanto a gente da
cidade os esperava.

 Estância 89 - Aos suspiros dos homens junta-se o choro das mulheres, por temerem não voltar a ver
os familiares que partiam.

Est. 90-93

 Estância 90 – A mãe tenta dissuadir o filho a embarcar levando-o a refletir sobre a decisão tomada.
Argumentos usados:

-o filho vai deixar a mãe desamparada na velhice, sem sustento material e efetivo;

-o filho vai morrer no mar.

 Estância 91 – A esposa dirige-se ao esposo realçando o seu amor e culpando-o de pôr em causa as
suas vidas. Argumentos usados:

-não consegue viver sem o amor do marido;

-morrendo ele, também ela morrerá;

-o marido troca o amor pela incerteza do mar;

-o marido vai destruir a relação amorosa.

 Estância 92 – A natureza testemunha a tristeza vivida e partilha os sentimentos dos mais velhos e dos
mais jovens (personificação dos montes). Acentua-se o sofrimento provocado pela dor da separação, através
da hipérbole que compara o número de lágrimas com o número das crianças e dos mais velhos.

 Estância 93 – Vasco da Gama decide o embarque imediato sem despedidas, evitando mais
sofrimento ou uma mudança de ideias.
Caracterização psicológica das personagens do episódio:

Vasco da Gama

-dúvida;

-receio;

-emoção.

Navegadores portugueses

-ânsia de partir em busca de novos mundos;

-ousadia e coragem;

-determinação.

Mulheres (mães e mulheres)

-desesperadas;

-emocionadas.

Velhos e jovens

- Não conseguem conter as emoções.

Atitude face ao empreendimento dos Descobrimentos

Apesar de todo o sofrimento, dor e sacrifícios a que este empreendimento obrigou, Luís de Camões
enaltece os Descobrimentos. No seu discurso ao rei de Melinde, Vasco da Gama confidencia-nos como
impediu os seus homens de fazerem a última despedida tal era o estado de comoção naquele momento,
dando os que ali estavam como certa a sua morte: "Por perdidos as gentes nos julgavam" (est.89, v.2). A
missão a cumprir sobrepunha-se a qualquer sentimento, por mais forte que ele fosse: "Por não nos
magoarmos, ou mudarmos/ Do nosso propósito firme começado" (est. 93, vv.3-4)

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