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ae ee) 32 cat @ Competéncias Com o estudo desta unidade, vocé serd capaz de: = Percebet que hé diferentes interpretagdes das relagbes CIS e compreender suas implicacoes. = Compreenderas ideias de modernidade, pés-modernidade e globalizacao, a fir de ser capaz de caracterizar o mundo atual. = Entender como ocorrea insercao das relagbes entre CISno sistema produtivo e em uma légica de mercado. = Posicionar-se criticamente em relacdo ao papel dos meios de comunicagio de massa (MCM) na sociedade e em re- lagio a eles proprios como tecnologia « Discutir criticamente o papel da tecnologia no cotidiano e a nogio de dependéncia tecnolégica 2 Temas em CTS Caro) estudonte, ‘Nesta unidade opresentaremios através do pensamento de Milton Santos € Wiebe Biker, alguns temas em CTS. A partir dos meios natural, técnico e tenico-cienttco-informacional de Miton Santos, propomos a dscussde das noses de moderidade, ps-modenidade e globalizacdoe, ainda, una and- lise da fégica de mercado edo nosso sistema produtivo(abordandsetores da «economia, teoraseconémicas, mudancas no emprego edesem)prego).Apartt da teora de Biker, discutiemros acerca de como os meios de comunicagao de ‘massa (MCM) esto inseridos na sociedade e eles mesmios come tecnologia Discutiremos também o papel da tecnologia no cotidiano, na sociedade ata «a nog de dependéncia tecnoligica. 2.1 Interpretacées das relages CTS Neste item, apresentaremos,sucintamente, duas importantes con- tibuigées sobre as possiveis interpretacdes das relaées entre Ciéncia, Tec- nologia e Sociedade. As duas so do fildsofo e engenheiro holandés Wiebe Bijker (1951-) e do geégrafo brasileiro Milton Santos (1926-2001), Estas duas explicacdes no so, necessariamente, as melhores, mas so interessantes para pensarmos alguns temas em CTS. 2.1.1 Milton Santos e os meios Em uma perspectiva histérico-crtica, Milton Santos discute 0 espago @ 0 processo da sucesso de formas de relagSo homem e natureza e da organizagio humana ~ principalmente sob o aspecto econémico. Aponte, entio, que. histéria do espaco geogréfico pode ser dividida em trés etapas: a} meio natural; b) meio técnico; c) meio técnico-cientifco-informacional ca engined 33 Lela, @ seguir, um trecho do livio A natureza do espaco” em que o autor apresenta estes meios: meio natural (Quando tudo era meio natural o homem escohia da natureza aquelas suas partes ou aspectos consideradosfundamentaisao exec da vida valorando,dferentemente, segundo os lugares e as cultura, e555 condlges naturals que constitulam a base rmateral da exstincia do grupo, Esse meio natural ganeralizado era utlizado pelo homem sem grandes transforma Bes, As tdnicas eo taba se casavam com as dédvas da natureza, com 2 qua se relacionavam sem outa mediagio. CO quealgunsconsideram camo perode prétécnicoexcluiuma defini restriva As twansformagdesimpostasis coisas natura jeram téricas entre as quaisadomestca . de plantas e animals aparece como um momento marcante:0 hemem mudardo aNatwreza,impondoshe kis Asso também se chara técica "Ness petiodo os sistemas tcnicas no tinham exisnciaauténoma |.) Aharmonia socioespacial assim estabeleciéa era, desse mode, respeitosa da natureza herdada, no processo de ciagdo de uma nova natureza. Produzindo-a, 2 sociedad tertoral produzia, também, uma série de comportamentos, ca razio & a preservaclo e a comtinuidade do meio de vida. Eemplo disso sho, entre outros, 0 pousi, a rotaeio de teas a agicultura Itinerane, que consttuer, a mesmo tempo gras sacas © regyastertitorias tendentes a cori 0 uso e aconservaco' da natureza: para que cela possa ser outta ver, utiizada, ses sterasenicos sem objeto técnicos no eram, ols, agressivos, pelo fato de seer indssollvels em relacio 3 Natureza que, ern sua ‘operago, ajudavem areconstituit meio téenico O periodo técnica wea emerg2ncia do espazo mecanizado. Os abjetosqueformamo melo no sto, apenas, cjetoscutuas eles so culturaise écricos,ao mesmo tempo. (Quanto ao espaco, o companente material & crescenternenteformado do“natural’e do “arifical Maso romero e 2 qual dade de artefatos vara. A Seas, os espagos, as, reajées, os pales passem a se dstinguit em funcio da extensio e da densidade da substtugio,neles, dos cbjetos naturals e dos objtos cults, por objeto téenicos Csajetosfcnicos, maquiicos,juntar azo natural sua prépriarazio, uma légca inscumertal que dessin as blcas natu, cr'ando, nos gars atingleos, mstos ou ibidos confitwos Os ohetostcnicos eo espaco maquinzado sé locus deacbes"su erires' grag sue superposiio triunfane as orgas natura. as aes so, também, consideradas superiors pela crenga de que ao homem atiibuern novos poderes ~ 6 ‘maior dos quais 3 prerogatva de enfrentaaNaturez, natural ou socialized vinda do periedo antarior, com instrumentos que dno sio prolongamenta do seu corpo, ‘as que representam prolongamentos do tetra, vedadevas préteses.Utlzando novos materia e wansgredindo a distancia, o homem come & fabricar um tempo novo, ne trabalho, no intercmbio, no lar Os tempos soca tendem a se superpor @ contrapor aos tempos naturals. [1 ‘O meio técnico-centiico-informacional (© tercer petiodo comege praticamente 204s a segunda guerta mundial, sua fie masio, incluindo os paises de tercero mundo, va realmente dar-se nos anos 70.2 fase a que R fichta (1958) chamcu de petiodo écnico-cientfico, e que sedistingue dos anteriores pel ate da profunda interagdo da cidncia eda técnica ata panto que certs autores preferem falar de tecnoclénca para realgara inseparabidaceatual dos dois concetos e das duasprtias, ssa unido ene tenica © circa val dar-se sob a ide do mercado, £ © mercado, ‘graces exatamented ceive ténica, toma seum mercado global. Adela de céncia, _aldeia de tecnologia eadela de mercado glabal ever serencaradss conjuntamente ‘edesse modo podem oferecerumanovainterpetacio 8 questo ecolégica,jé que as mudangas que ecorten na natureze tambim se subordinam a esa lagi Neste petioda, os abjetos técnicos tendem a ser 0 mesmo tempo tecnicos ein formacionals, que, gracas& extrema intencionalidade de sua produsio e de sua localizagSo, les jd surgem como informacéo; na verdade, a energa principal de seu ‘uncionamenta é também a informacia. 1 hee, quando nos referimos 3s manifesta bes geogrticas decorrentes dos noves progresses, rio é mais ce meo técnico que serrata Estamos dante da produgio de algo nove, aque estarneschammando demio tdcnicoclentiea- informacion Da mesma forma comoparticipam dacriago de navos processos vais eda produc sdenovasespécies (animals e vegtas).a ciéncia ea tecnologia, unto coma informa ‘io, esto na propria base da predugdo da utlizao e do funcionamento do espace cetendem a consti o seu substrato 1 Podemos ent alr de uma cientficiasio e de uma vecnicieagio da paisagern Por ‘outro lado, a informacio nso apenas esta presente ras coisas, nos bjetostécicos, {que foram 0 espaca, como wa & necesita a agdo reaizada sobre essas cosas. A Informacio &< veto fundamental do processo socal eos teritétoss30,desse modo, ‘equipados parafacitara sua crcuacéo ( espagos asim requalficados atendem sobretudo aos intereses dos ators he _geménicos da economia, da cultura e da politica eso incorporados plenamente as novas crrentes mundi. meio téenco-centficosnformaconal é3cx'a geoarsfca da globalizacéo, (SANTOS, 2006, p, 157-161, A teoria de Milton Santos nos traz importantes aspectos da relagao entre ciéncia, tecnologia e sociedade. A partir da perspectiva deste autor estas relacdes foram se constituindo historicarnente de modo dialético, Suas formulacées levantam questdes que merecem ser discutidas: a) a histéria e a geografia das relagses CTS, de modoa ser necessério caracterizar amplanente tote 35 36 ‘omundo atal lideias de modemidade, pés-mademidade e globalizacio) (tem 22);eb) a insergio das relagdes entre CTS em uma logica de mercado, o que (os leva arefletir acerca do sistema produtivo como um todo litem 23) 2.1.2 Bijker ea corrente social-construtivista Nas iéncias soca, dentre diversas abordagens, é possivel destacaras formulagées da corrente social-construtivista, que tem como seu principal re- presentante Wiebe Biker, Para que vocé compreenda algumas das principals ideias do teora desse autor lia um trecho do artigo" Tecnologia é Sociedade: contra a nogéo de impacto tecnolégico’ de Tamara Benakouche: Sustentande queosviros elementos envohides no racessode invagdotecnolbgca constituem ums tela continua (seamiss web? ker pretend dar conta dessa real dade através da elaboragio de uma teria que-a} explque tantoa mudanga quanto establidade das écnicas b) sea simétrica, ou sel, possa se apicada tanto as técnicas {que dio certo como 3s que flham:c) consiere tanto as estatégias inovadoras dos atores como ocarstrlimitador des estruturas:e finale, d) evie dstingdes aprion lente o socio técrico,o peltico ou 0 econémica, Dante de tal agenda, ropée o so de alguns concets bésios e opercionas postos inclusive & prove nos vsros lestudos de caso que realzou - dente os quais destacam-se os de grupos soca, relovanies, estruturatecnoldgica (echnologial are’), Nexisildade interpretatva Cloeroreratveflexalty) e establlagio ou fechamento closure’) (0s"grupos sacias relevant” so aqueles mais dretamente relacionados 20 panel mento, desenvolvimento edifusbode um atefato dado:na verdad, seanainteragzo lente os diferentes membros desses grupos que os artefatos so constuides. Nesse processo,os atores no agem aleatoramente mas segundo pad-es esnecicos so ager 2 pari das estuturastecnoldgicas'8s quais esto ligados esta nosso ~cental neste quacto analtico-descriwvo ~ 6 ample osuicente para inchirveoras,conceitos, estatélas,objetvos ou patcasulieados a esolugdo de problemas oumesme nas dcisdes sobre usos, pois no se apica azenas a grunos orafsionas especialzedos, ‘mas adferentes tips de grupos socials Segura Bjker,cxsiram diferentes graus de Inclusio nessas estuturas isto & de envolvimento, [Namedida em que os grupos ariauem oiferenes signticados a um mesmo artefto, sua construsdosupde um exericiode negociagdes entre esses mesmos rupos-onde ‘oso deretsrica éum recurso paderoso~ ou sea ébjetode um exinlsade nter= pretativa’ Quando esa atidade de austs se estabilza € um signficado é rado cu aceto.dzse que oartlato ating uoestégiode'fechamentofjustamentea préticada Nlexisadeiverpretatva que ret dos acefatos sua obturacdade€elaque exclca porgue os mesmos née tém uma identidade ou propriedadesinrnsecas, as quai serlam responsivels por seu sucesso ou o Seu Facasso, sus Tmoactas"postives ou negatives. Em outas paras, ane recenhecimento da importincia dese processo é que leva 3 crenga equivocada do determinismo da técnica ‘Assim équetudo numa tecnologia dada, do seupanejamentoa sev uso esariasueto _vardves sciaiseportanto,estariaaberto 4 andisesocolégica No entanto, pode se perguntar-a0se aiotar essa perspectvando se come orsco dese cai num educonis ‘ma socal? Nao, respondem os pesqulsadoresdentiicados comarmesme,Oreconhe-

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