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MATERIAL DE GEOGRAFIA

3º ano de Ensino Médio

PROF. LÚCIO FLÁVIO

ASPECTOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA


Nas úl mas décadas, o Brasil vem passando por significa vas mudanças estruturais em sua composição
demográfica, com uma tendência ao envelhecimento populacional. Isso se dá, sobretudo, em razão da redução da
taxa de fecundidade e do aumento da expecta va de vida. Essas transformações provocam grandes impactos na
sociedade e na economia.

CRESCIMENTO VEGETATIVO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA


Até a década de 1990 as taxas de fecundidade eram altas, o que contribuía para que a maior parte da população
fosse jovem. Atualmente, a quan dade de filhos por mulher – taxa de fecundidade - diminuiu de forma
expressiva. Em 2015 a taxa chegou a 1,8 filhos por mulher que é inferior a 2,1 considerado pela ONU como nível
de reposição da população.

FATORES PARA A DIMINUIÇÃO DA TAXA DE FECUNDIDADE!

● Vida urbana – com a saída da população do campo “Êxodo Rural” a maior parte da população passou a
viver nas cidades (Espaço Urbano) que trouxe a transformação no comportamento da população que
consequentemente influencia a taxa de natalidade e a taxa de fecundidade.
● Acesso da mulher ao mercado de trabalho – com a vida urbana ocorre o aumento da par cipação das
mulheres no mercado de trabalho e em conjunto o aumento das mulheres que se dedicam ao desenvolvimento
de suas carreiras, o que leva ao adiamento da maternidade ou mesmo a opção por não ter filhos.
● Acesso aos métodos contracep vos – com o acesso aos métodos que permitem o controle da gravidez
como a pílula an concepcional e outros métodos, ocorreu a liberdade das mulheres para decidirem quando e
quantos filhos gostariam de ter. Esse processo passa a ter mais sen do quando as mulheres buscam o
planejamento familiar.
● Custo de vida mais alto – nas cidades o custo de vida é mais alto, pois inclui gastos maiores com
alimentação, moradia, transporte, educação, que influencia no custo para a criação dos filhos. O combinado
desses custos pode fazer com que as famílias diminuam a quan dade de filhos e recorram ao planejamento
familiar.

Paralelamente à redução acentuada da natalidade, a esperança de vida ao nascer tem aumentado, como mostra o
primeiro gráfico. Esse aumento se dá em razão da melhoria das condições de vida da população e dos avanços na
área da medicina e saúde. Por causa desse movimento paralelo, dizemos que o Brasil se encontra na terceira fase
da transição demográfica, que se intensificou a par r dos anos 1980.
O que vemos acontecer com o Brasil é o período chamado de Bônus Demográfico, onde ocorre um predomínio da
população adulta que compõe a PEA – População Economicamente A va. Isso aumenta o número de pessoas em
idade produ va e diminui a quan dade de dependentes, favorecendo o desenvolvimento econômico. É a
população capaz de contribuir para o desenvolvimento do país, desde que essa população seja qualificada e
ocorra o desenvolvimento das a vidades econômicas com a geração de emprego e renda.

Observe como o padrão de crescimento da população brasileira vem diminuindo nos úl mos anos e a projeção
indica que a par r dos anos 2041/2050 ocorrerá uma diminuição da população absoluta, caso não ocorra a
entrega de imigrantes no país.
É diante desse cenário de mudanças nas caracterís cas da população brasileira que se pode fazer inves mentos
por parte dos governos nos setores que terão maior demanda. Por exemplo, saber que a população idosa vai
aumentar expressivamente em relação à PEA, leva à necessidade de o governo rever as regras da previdência
social, uma vez que haverá menos trabalhadores contribuindo e um número maior de pessoas u lizando o
sistema previdenciário (aposentados e pensionistas). No ano de 2019 foi, inclusive, votado a Reforma da
Previdência no país, que re rou direitos dos trabalhadores e aumentou o tempo de contribuição enquanto
aumenta a idade mínima para a aposentadoria.

ESTRUTURA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA


O aumento da esperança de vida da população brasileira ao nascer e a queda das taxas de natalidade e
mortalidade vêm provocando mudanças na pirâmide etária. Está ocorrendo um significa vo estreitamento em sua
base, que corresponde aos mais jovens, e o alargamento do meio para o topo, por causa do aumento da
par cipação percentual de adultos e idosos.

Observe que a Pirâmide Etária do Brasil em 2004 já demonstra uma redução na taxa de natalidade, pois a base,
principalmente a faixa de 0 a 4 anos está reduzida, mesmo assim a população jovem (0 – 19 anos) é
representa va. A PEA já se apresenta com elevado número e uma expecta va de vida baixa no topo, faixa acima
dos 60 anos.
A Pirâmide Etária de 2014 evidencia as transformações da população brasileira, com o aumento da população
adulta – PEA e com o aumento da expecta va de vida, acompanhado da redução da taxa de natalidade.

A PEA E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NO BRASIL


Observe atentamente o gráfico a seguir que demonstra a distribuição da População Economicamente A va no
Brasil

Observe que 14,2% da população brasileira se encontra empregada no setor primário, na agricultura, o que é um
número representa vo, mesmo com os avanços no uso de tecnologia e mecanização do campo. O setor
secundário brasileiro concentra 22,3% da PEA, considerando aí a Indústria e a Construção Civil.
Agora o setor que mais emprega a população brasileira é o setor terciário, com 63,5% da população, somados aí as
a vidades de Serviços, Comércio e Reparação. É importante destacar que esse setor agrupa também as a vidades
informais (camelôs, flanelinhas, vendedores ambulantes etc.) que são as a vidades onde os trabalhadores não
têm garan as trabalhistas, como férias e décimo terceiro salário.
Esse processo de concentração da a vidade produ va e geração de emprego no setor terciário é que chamamos
de hipertrofia do setor terciário, já tratado em aulas anteriores.

PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES


No Brasil ocorre uma desproporção da composição da PEA quando avaliado a questão do Gênero, ou seja, os
homens são 56,8 % da mão de obra, enquanto as mulheres somam 43,2% da mão de obra. A par cipação da
mulher no mercado de trabalho é algo mais recente, ocorrendo a par r dos anos 1970 com forte atuação de
movimentos feministas. Assim, hoje muitas mulheres respondem pelo sustento da família, exercendo ainda dupla
função, no trabalho e nos cuidados da casa.
Apesar de, no Brasil, as mulheres apresentarem médias mais elevadas de anos de estudo em relação aos homens,
ainda hoje muitas vezes elas recebem salários menores. Em 2014, as trabalhadoras recebiam, em média, 74,5%
dos rendimentos dos trabalhadores do sexo masculino. E atualmente esses valores não mudaram muito, por isso
ainda se torna necessário um maior reconhecimento das mulheres no mercado de trabalho.
Nas sociedades em que a democracia está mais consolidada e a cidadania mais desenvolvida, existe maior
igualdade de oportunidades de trabalho entre homens e mulheres. A redução da discriminação por gênero é um
importante fator de combate à pobreza.

PARTICIPAÇÃO DE AFRODESCENDENTES
Segundo o IBGE, em 2012, as pessoas que se classificavam em pretas ou pardas recebiam cerca de 54% do
rendimento da população que se classificava em branca, revelando uma grave dis nção social entre grupos de cor
ou raça no país, além da falta de equidade entre gênero, como vimos no item anterior.
Um dado que demonstra essa desigualdade está no fato de uma grande parcela da população que se classifica
como pretas ou pardas não conseguirem concluir seus anos de estudo. Isso agrava ainda mais o problema, pois
terão menor condição de se enquadrar no mercado de trabalho que demanda cada vez mais trabalhadores
qualificados.
Embora as desigualdades entre gêneros e entre cor ou raça tenham sido reduzidas desde a década de 1970, elas
ainda são muito acentuadas, e combater essas diferenças é uma das ações fundamentais para diminuir a pobreza
no país.
DESIGUALDADE SOCIAL
O Brasil apresenta uma das piores distribuições de renda do mundo. Além da herança histórica da escravidão e da
concentração de terras, esse mecanismo de desigualdade social, com resultados perversos para a maior parte da
população. Esse quadro se agrava quando observamos os indicadores econômicos, como a inflação, que provoca o
aumento do preço dos produtos básicos, o alimento, moradia, vestuário etc. que compromete a qualidade de vida
da população.

Observe como no Brasil ocorre uma concentração de renda muito grande, e é importante dizer, bem acima do que
ocorre nos países desenvolvidos ou em países emergentes como o Brasil. Ao longo do tempo é possível perceber
que os 20% mais pobres ainda conseguiram aumentar sua par cipação na renda, mas os 10% e 20% mais ricos
concentram a maior parte da riqueza produzida no país.

IDH DO BRASIL
O IDH – Índice de Desenvolvimento Humano leva em consideração três indicadores (Longevidade, Educação e
Renda). Sendo que a Educação foi a variável que contribuiu mais para que o IDH do país melhorasse,
principalmente porque ocorreu um aumento do número de matriculados e de concluintes nas escolas.
Veja no gráfico acima que os dados de Educação são sempre melhores que os dados de Renda e Longevidade. No
gráfico é apresentado o IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal.

Exercícios com gabarito, para auxiliar em seus estudos:

Questão 01 – (FUVEST SP) Introduzido nos anos 1990, o fator previdenciário vinculou o acesso à aposentadoria ao
envelhecimento da população, visando à sustentabilidade financeira da previdência. Assim, cada aumento da
expecta va de vida implica em aumento do tempo necessário de contribuição para manutenção do mesmo valor
do bene cio. (...) Ao desconsiderar as diferenças raciais em relação à expecta va de vida, o fator previdenciário é
um fator de discriminação racial no Brasil. Tal evidência não pode ser ignorada pelas polí cas públicas, sob o risco
de ficar cada vez mais distante a meta de alcançar um país mais justo.

Disponível em h p://dssbr.org/site/2012/01/fator-previdenciario-fator-de-discriminacao-racial/.

a) Numa pirâmide etária, que aspecto visual (em relação à sua forma) permite es mar a proporção da população
idosa em relação ao total da população?
b) Cite e explique dois fatores de natureza socioeconômica que contribuem para a diferenciação entre as
pirâmides etárias.

c) Usando dados da comparação entre as pirâmides etárias, explique por que o texto afirma que “o fator
previdenciário é um fator de discriminação racial no Brasil”.

Respostas:

a) Na análise de uma pirâmide etária, a população idosa – com 60 anos ou mais – corresponde a sua parte
superior, portanto o estreitamento do topo de uma pirâmide etária evidencia um reduzido número de idosos,
reflexo de uma baixa expecta va de vida, rela va à população preta e parda. Ao contrário, uma pirâmide etária
que apresenta sua parte superior mais larga indica um maior número de idosos, o que permite concluir que é
maior a expecta va de vida, reflexo de melhores condições socioeconômicas, observáveis na pirâmide etária
rela va à população branca.

b) Os fatores socioeconômicos que podem designar a diferenciação entre as duas pirâmides destacadas são:

Na primeira temos uma expecta va de vida superior a segunda, esse fator está in mamente ligado ao acesso à
informação, educação, sistema de saúde em geral, acesso a vacinação e saneamento básico, esses fatores são
decisivos para altos índices de natalidade e mortalidade, países que resolvem essas questões dão a sua
população maior longevidade. Não obstante, temos que atentar que as duas pirâmides mostradas são sobre o
Brasil em 2008 e possuem diferenças importantes quanto à expecta va de vida da população branca e negra
nesse país, o que marca forte desigualdade existente no país.

c) As pirâmides etárias indicam que a população branca apresenta melhor padrão socioeconômico, portanto
apresenta maior expecta va de vida. A menor longevidade da população parda e preta, decorrente de seu
menor padrão socioeconômico, faz com que a reforma do sistema previdenciário pese mais sobre esses
segmentos da população, os quais apresentarão menor percentual de indivíduos que conseguirão desfrutar da
aposentadoria.

Questão 02 – (UEG GO) A população de um país pode ser caracterizada com base em vários parâmetros, dentre
eles: idade e gênero, conforme se verifica a seguir.

PIRÂMIDES ETÁRIAS: BRASIL (1950 – 2010)


Com base nas pirâmides etárias apresentadas, constata-se o seguinte:

a) na década de 2000, a população era classificada como jovem, pois o número de habitantes com idades entre 0
e 9 anos era o dobro da população nas faixas etárias de 15 a 24 anos.

b) desde os anos 1945, o país passa por intenso processo de envelhecimento, sendo que, em todas as décadas, a
quan dade de homens supera o número de mulheres, demonstrando uma sobrevida maior do sexo masculino
quando comparado ao feminino.

c) iniciou-se o processo de transição demográfica na década de 1970, quando houve a inversão da pirâmide
etária ou o estreitamento de sua base.

d) entre as décadas de 1950 e os anos 2010, o Brasil deixou de ser um país jovem e passou a ser um país com
população madura, visto que passaram a predominar populações nas faixas etárias entre 35 e 49 anos de idade.

e) os dados rela vos ao século XXI demonstram que ocorreu uma queda acentuada na natalidade da população,
visto que a faixa etária de 0 a 4 anos era menos expressiva que as faixas de 5 a 9 e de 10 a 14 anos.

Comentário:

Resposta: Letra E

Questão 03 - (UNIVAG MT) Observe o gráfico abaixo:

Saldo de movimentação de empregados no mercado de trabalho formal brasileiro

(IBGE. Síntese de indicadores sociais, 2016. Adaptado.)


Uma consequência do comportamento apresentado pelo gráfico, no período analisado, foi:

a) a mudança no estatuto do trabalho, o que afetou o valor da mão de obra.

b) a redução do consumo das famílias, o que afetou a especulação de capitais.

c) a redução da transferência de renda, permi ndo viver como desempregado.

d) a desindustrialização do país, o que beneficiou países la no-americanos.

e) o aumento da informalidade, reduzindo o pagamento de impostos.

Alterna va Correta: Letra E

Questão 04 –(PUC RS) Em 2017, o IBGE apresentou uma es ma va a par r do Censo de 2010 segundo a qual a
população brasileira a ngiu a marca de 207.660.000 habitantes. Apesar de apresentar crescimento constante, o
ritmo do incremento populacional do País vem diminuindo ano a ano. O gráfico abaixo mostra os dados rela vos
ao crescimento demográfico brasileiro de 1940 a 2010.

A par r do gráfico, afirma-se:

I. O Brasil apresenta crescimento populacional constante, sendo o pós-Segunda Guerra Mundial (1946-1964) o
período de maior aceleração, mo vada pela polí ca de atração de imigrantes promovida pelo Estado brasileiro.

II. Em 2010, a ngimos a marca de 190,7 milhões de habitantes, indicando o risco que o País corre com a
possibilidade de se tornar superpopuloso no médio prazo.

III. A desaceleração do crescimento populacional iden ficada na úl ma década é resultado da diminuição da taxa
de fecundidade, sem que haja, no País, uma polí ca nacional de controle de natalidade.

IV. A desaceleração do crescimento demográfico, associada a fatores como o aumento da longevidade, tem levado
ao envelhecimento da população brasileira pela queda do percentual de jovens no total de habitantes do País.

Estão corretas apenas as afirma vas

a) II e IV.

b) III e IV.

c) I, II e III.

d) I, III e IV.

Resposta: Letra B.
Questão 05 – (ENEM) No sistema capitalista, as muitas manifestações de crise criam condições que forçam a
algum po de racionalização. Em geral, essas crises periódicas têm o efeito de expandir a capacidade produ va e
de renovar as condições de acumulação. Podemos conceber cada crise como uma mudança do processo de
acumulação para um nível novo e superior. HARVEY, D. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume,
2005 (adaptado).

A condição para a inclusão dos trabalhadores no novo processo produ vo descrito no texto é a

a) associação sindical.

b) par cipação eleitoral.

c) migração internacional.

d) qualificação profissional.

e) regulamentação funcional.

Resposta: Letra D

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