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Propriedades dos Gases Quais sio as ideias importantes? Podemos predizer as propriedades fisicas de qualquer 43 usando o conjunto de equagées conhecido como “leis dos gases”. Essas equagies po dem ser explicadas em termos de um modelo de gis em que as moléculas estio em mo- vimento randémico permanente e estdo tio separadas que no interagem umas com as outras, exceto durante breves colisées. Por que precisamos estudar este assunto? Tratamos, nos primeiros trés capitulos, da natureza dos dtomos, moléculas e fons. A matéria é composta de um mimero muito gran: de dessas particulas e é preciso estudar as propriedades da matéria para ver como elas cemergem das propriedades das particulas que a formam, Como 0s gases sio 0 estado mais simples da matéria, as ligages entre as propriedades das moléculas e da matéria sio relati- vamente simples de identificar. Usaremos esses conceitos em outros capitulos para estudar a termodinimica, 0 equilibrio ¢ as velocidades de reagdes quimicas. (© que devemos saber para entender 0 capitulo? Precisamos estar familiarizados com as unidades SI (Apéndice 1B) e os conceitos de forga e energia (Segio A). Este capitulo também. desenvolve as técnicas da estequiometria das reagdes (Segoes Le M }, estendendo-as aos gases gravidade A superficie da Terra. Metade de sua massa permanece abaixo da altitu- de de 5,5 km. Se estivéssemos longe, no espago, em um ponto onde a Terra ficasse do tamanho de uma bola de futebol, a atmosfera pareceria ter apenas 1 mm de espessura (Fig. 4.1). No entanto, essa camada fina e delicada é essencial para a vida: ela nos protege da radiagio de alta energia e fornece substincias necessérias 4 vida, nitrogénio, o didxido de carbono e a gua ‘Onze dos elementos sio gases nas condigBes normais (Fig. 4.2). © mesmo acontece 1m muitos compostos de massas moleculares baixas, como o diéxido de carbono, 0 clore: O ‘gis mais importante do planeta é a atmosfera, uma camada fina de gases presa pela Zomo 0 oxigénio, 0 drogénio e compostos organicos como o metano, CH,, do gés natural, e 0 propano, CH, do gis de fogio. Todas as substncias que slo gases nas temperaturas ordindrias si0 moleculares, exceto o$ seis gases nobres, que $0 monoatdmicos (isto é, suas moléculas sio formadas por um s6 étomo). FIGURA 4.1 A fina camada da atmosiera tereste vista do espaco. CAPITULO m) NATUREZA DOS GASES 4.1 Obsensagto dos gases 42 Pressio 4.3 Unidas alterna pressio Lets DOs Gases 4.4 Observagbes experiments 4.5 AplicagBes da lei dos gases 6 Densidade dos gases MOVIMENTOS DAS MOLECULAS Distibuigso de velocidades de Maxwell GASES REAIS 2 Desvios da idealidade 3 Liqueago dos gases 134 Principios de Quimica FIGURA 4.2 Os 11 elementos que so gases nas condicdes normals. Note que eles ficam na part supe- rior & dceta da Tabela Periddica. pause Art | oe ‘imac om as paredes do sours reheat Sees ease Seguiremos, neste capitulo, um roteiro cientific tipico. Vamos coletar, inicialmente, observagies experimentais sobre as propriedades dos gases e resumi-Ias matematicamente Em seguida, formularemos um modelo molecular qualitativo simples para os gases, sugeri- do por essas observagdes, que, depois, expressaremos quantitativamente. Por fim, utlizare- ‘mos observagdes experimentais mais detalhadas para refinar o modelo, de modo a incluir as propriedades dos gases reais. NATUREZA DOS GASES ‘Uma notével caracteristica dos gases € que muitas das suas propriedades fisicas si0 muito semelhantes, partcularmente em pressdes baixas. Por isso, em vez de descrever as proprie- ddades dos gases uma de cada ver, podemos descrevé-las todas ao mesmo tempo. 4.1 Observagao dos gases ‘As amostras de gases suficientemente grandes para serem estudadas sio exemplos de ma- téria em grosso (“bulk”), isto é, matéria formada por ntimero muito grande de moléculas, Suas propriedades si consequéncia do comportamento coletivo dessas particulas. Quan do, por exemplo, fazemos uso de uma bomba de bicicleta, podemos ver que o ar € compres- sivel, isto €, que ele pode ser confinado em um volume menor do que 0 volume original. ato de reduzir 0 volume de uma amostra de gis é chamado de compressio. A observacio de que os gases sio mais compressiveis do que os sdlidos e liquidos sugere que existe muito espago livre entre as moléculas dos gases. Também sabemos, a partir da experiéncia didria, por exemplo, deixando escapar o ar de um balio inflado, que um gis também se expande rapidamente para encher o espaco disponivel. Essa observagio sugere que as moléculas se movem rapidamente ¢ respondem prontamente a mudangas do volume que podem ocupar. Como a pressio do balio é a mesma em todas as diregdes, podemos inferir que © movi mento das moléculas é ca6tico, sem que qualquer diresao seja favorecida. Nossa primeira imagem primitiva de um gas poderia ser, entéo, a de uma colegio de moléculas amplamente espagadas que passam umas pelas outras em incessante movimento aleat6rio € que mudam de direcio e velocidade somente quando colidem. Usaremos, adiante no capitulo, observa~ ‘sdes mais quantitativas para refinar esse modelo simples. fato de os gases serem facilmente compressiveis e preencherem o espaco disponivel sugere que suas moléculas estdo muito afastadas wmas das outras e em movimento cabtico incessante. 4.2 Pressao Se vocé jd encheu um pneu de bicicleta ou apertou um balio cheio de ar, experimentou uma forsa oposta vinda do ar confinado. A pressio, P, de um gis é a forsa, F, exercida pelo gis, dividida pela érea, A, sobre a qual a forga se aplica: (1) Anunidade SI de pressio € 0 pascal, Pa: 1 Pa = teem! ‘Um pascal é uma unidade pequena de pressio: a atmosfera exerce cerca de 100.000 Pa (100 kPa) de pressio ao nivel do mar; 1 Pa é a pressio que seria exercida por uma camada de gua de 0,1 mm de espessura. Em termos do modelo dos gases que estamos desenvolven- do, a pressio que um gis exerce sobre as paredes do recipiente que 0 contém € 0 resultado das colisdes das moléculas com a superficie do recipiente (Fig. 4.3). Quanto mais forte for a “tempestade” das moléculas sobre a superficie, maior serd a forga e, consequentemente, a pressio. Qualquer objeto na superficie da Terra ¢ afetado por uma tempestade invisivel de moléculas que o atinge continuamente ¢ exerce uma forca sobre ele. Até mesmo em um dia aparentemente tranquilo, estamos no meio de uma tempestade molecular. ‘A pressio exercida pela atmosfera pode ser medida de varias manciras, mais comu- mente com manémetros. Quando usamos um manémetro para medi a pressio do ar em tum pneu, estamos, na verdade, medindo a “pressio do manémetro”, a diferenga entre a Capitulo 4 * Propriedades dos Gases. 135 pressio dentro do pneu e a pressio atmosférica. Um pneu vazio tem pressio zero, porque a pressio dentro dele ¢ igual & pressio atmosférica. Um manémetro ligado a um equipamen- to cientifico, entretanto, mede a pressio verdadeira no aparelho. ‘A pressio da atmosfera pode ser medida com um bardmetro, um instrumento inven- tado no século XVII por Evangelista Torricelli, um aluno de Galileo. Torricelli (cujo nome significa, por coincidéncia, “torre pequena” em italiano) fabricou uma torre pequena de rmercirio liquido, que € muito denso. Ele selou um tubo longo de vidro em um dos lados, encheu-o com merctrio ¢o inverteu em um bécher (Fig. 4.4).A coluna de mercirio caiu até que a pressdo que ela exercia sobre a base se igualasse & pressio exercida pela atmosfera, Para interpretar as medidas fetas com um barometro € preciso saber como a altura da co- luna depende da pressio atmosférica. COMO FAZEMOS ISSO? Desejamos encontrar a relagio entre a altura, b, da coluna de mercirio ea pressio atmosférica, . Suponhamos que a érea da secio transversal da coluna é A. O volume de mercirio da coluna € a alrura do cilindco multiplicada pela drea da secio transversal, V = bA. A massa, m, desse volume de mereirio é 0 produto da densidade, d, pelo volume, ou m = dV = dhA. Essa massa dde mercirio é empurrada pela forga da gravidade ea forga total que esta cima exerce sobre sua base € 0 produto da massa pela acelerasio da queds livre (a aceleraglo devido a gravidade), g, (oa F = mg. Entdo, a pressio na base da coluna, a forga dividida pela rea, & De P= HAeP= mg: Essa equagio mostra que a pressio,P, exercida pela coluna de mercirio é proporcional &aleura a coluna. O mercério colocado em um tubo selado em uma das extremidadese invertido em uma piscina de mercrio card até que a pressio exercida pelo merciro equilibre a pressio atmosférica, Altura da coluna, portant, pode ser usada como uma medida da pressio atmosfrica. Mostramos que a pressio de um gis pode ser relacionada & altura h de uma coluna de liquido e a sua densidade por P= dbg @ fem que g é a aceleragio da queda livre. A pressio é obtida em pascals quando a densidade, a altura da coluna € 0 valor de g sio expressos em unidades SI. Ponto para pensar: Sera que voct poderia usar um barémetro de mercério para medir a pressio em uma estagio espacial? Calculo da pressao atmosférica a partir da altura de uma coluna de liquido ‘Suponhamos que a altura da coluna de mercirio em um bardmetro 760. mm em 15°C. ‘Qual €a pressio atmostérica em pascals? Em 15°C, a densidade do mercirio € 13,595 gem ’ (que corresponde a 13.595 kgm’) ¢ a aceleragio da gravidade na superficie da ‘Terra é9,80565 ms Antecipe Vimos que a pressio atmosférica estd perto de 100 kPa, logo, esperamos um valor préximo a este. PLANEJE Usaremos: 2: neste caso, tudo que precisamos fazer é usar os dados e lem- bbrar que 1 kgm”'s= = 1 Pa. Continua + FIGURA $4 Um bardmeto & ‘ado para mei a presse da tmoslra, A presioatmosirca 6 ‘qulibrada pela press execda pel colora de mercsio que cal 286 ala aproprida,dexando ‘um vivo acima dela. Aatora da ‘colon 6 proporcionalpressio Simostvica, 136 Principios de Quimica ‘Ala oy FIGURA 45 (a) Mantmetro de tubo aberto. A pressio no interior 0). A lei dos gases ideais, portanto, é um exemplo de ‘uma lei-limite isto é, uma lei que 6 € vélida dentro de certos limites — neste caso, quando P—0. Embora a lei dos gases ideais seja uma lei-limite, ela , na realidade, razoavelmente correta em presses normais; logo, podemos usi-la para descrever © comportamento de muitos gases nas condigdes normais. A lei dos gases ideais, PV = nRT, é uma equacio de estado que resume as relagaes que descrevem a resposta de um gés ideal a mudancas de pressio, volume, temperatura e ‘quantidade de moléculas. Ela éum exemplo de lei-limite. 4.5 Aplicagies da lei dos gases ideais Vimos como usar as leis, separadamente, para predizer novas condigdes quando uma s6 varidvel € alterada, como, por exemplo, o aquecimento de uma quantidade fixa de gis sob volume constante A lei dos gases ideais permite prediges quando duas ou mais varidveis sio alteradas simultaneamente, Para fazer 0s célculos, levamos em conta que, se as condigdes in P,, V,€ Ta Eq, 6 permite escrever P,V, = n,RT,, 03 P,Vyn,T, = R- Depois da mudanca, ‘condigdes passam a ser n,,P,, V,€ T,- Como a lei dos gases ideas ainda se aplica, sabemos que P,VJn,T, = R. Como R é uma constante, podemos igualar P,V/n,T, ¢P;ViT para obter PV _ PaVa mT ssa expresso € chamada de lei dos gases combinada. Ela é uma consequéncia direta da lei dos gases ideais nao uma nova Ie. de um gis sio my am @ recunnase a e Se. atone oe eet womeeeeere Sa eaesor ee iieaperse imrimeabaeys Coe soma wer cee eaaes = ae TABELA 4.2 Constante dos gases, R 8205 74x 107 LatmK “mol! 831447 x 10° LbarK:“mol 831447 LiPa Knol 331447 }K'mol* 62,364 Lore ‘mol! 142 Principios de Quimica BASE CONCEITUAL Alei dos gases ideas, Eq. 6 (PV = RT), resume a observagio deque o volume é inversamente proporcional a pressio e dire- tamente proporcional a quantidade de pis e i temperatura ab- soluta. Ela pode ser usada para gases reais em pressdes baixas. PROCEDIMENTO Calculo da pressio, volume ou temperatura de uma dada Etapa 1 Expresse a temperatura em kelvins e a quantidade em mols. Etgpa 2 Para usar diretamente a Eq. 6, rearranje a equagio PV = nT para colocar a quantidade desejada a esquerda ¢ ‘as demais quantidades a direita. Ezapa 3 Substitua os dados. Se necessério, converta a massa ‘em gramas para quantidade de mols. Selecione o valor de R na “Tabela 42 que corresponda as unidades de pressio e volume ‘que vocé vai usar. Se preferir,converta as unidades de pression para corresponder ao valor de R que vocé prefere usa (© procedimento esti ilustrado no Exemplo 4.2. CCilealo da resposta de um gis a mudangas de condigdes [As condigies inciale final de um gis que sofre uma dever- rinada mudanga estio relacionadas na Eq. 7 (P,Vi/n,T, = VJ). Para usar essa relagio: Exapa I Rearranje arelagio de modo que a quantidade dese- jada estea esquerda e a demais a diceta, Cancel as quan fidades que nfo sofrecam alteragdo. Etapa 2 Substitua os dados everfique seo resultado esi de acordo com o que vor’ esperava. © procedimento esti ilustrado nos Exemplos 4.3 ¢ 4.4. EXEMPLO 4, Cilculo da pressio de uma determinada amostra Em um tubo de raios catédicos, que até recentemente era muito sado em apareihos de ‘TV e monitores de computador, o feixe de elétrons é dirigido diretamente a uma tela que ‘mite luz a0 ser atingida. Voc® alguma vez desejou saber qual & a pressio dentro do tubo? Estime a pressio (em atmosferas), levando em conta que 0 volume do tubo é 5,0 L, sua temperatura é 23°C, e que ele contém 0,10 pg de gis nitrogénic. Antecipe Podemos suspeitar que a pressio & muito pequena. Se nio fosse assim, as coli- Bes do feixe de elérons com as moléculas de gis iriam borrar a imagem. PLANEJE Converta massa em quantidade de N, ¢ transforme a temperatura em kelvins. Proceda como sugerido na Caixa de Ferramentas 4.1. RESOLVA Evapa 1 Converta a massa em quantidade (n= mi/M) ea tem- peratura de graus Celsius em kelvins adicione 273,15). 08 _ OX WE _ 10x07 °° peat! zea T= 3 + 273,18)K = 26K Etapa 2 De PV = aT, P= nRTIV. Etapa 3 Substitua os dados, com R em L-atm-K™ mol, 17 agen ye 8:206 % 10°? Lat Klmol) (296 K) SOL 7 10-%atm Awalie A pressio de 1,7 x 10 atm corresponde a 1,7 mPa, uma pressio muito baixa ‘como antecipamos. A maior parte dos tubos de raios cat6dicos era desenhada para traba- thar perto dessa pressio. Capitulo 4 * Propriedades dos Gases. 143 “Teste 4.7 Calcule a press (em quilopascals)exercida por 1,0 g de dixido de carbono ‘em um baliio de volume 1,0 Lem 300. °C. Resposta: 1,1 x 10° kPa} ‘Teste 4.78 Um motor de automével mal regulado, em marcha lenta, pode lberar até 1,00 mol de CO por minuto na atmosfera. Que volume de CO, ajustado para 1,00 atm, é cemitide por minuto em 27°C? Uso da lei combinada dos gases quando uma varidvel se altera Imagine que ao se empurra 0 piso de uma bomba de bicilea, o volume dentro da ‘bomba diminui de 100. cm’ para 20. cm’ antes que o ar comprimido flua para o pneu. Suponka que a compressio€ isotérmica,Caleule a pressdo do ar comprimido na bomba, sea pressio inicial€ 1,00 atm. Antecipe O volume se reduz por um ftor de 5, logo podemos esperar um volume cinco LANGE Siga o segundo procedimento da Caixa de Ferramentas 41. Somente a pressio 0 volume mudam, logo todas as demas vardvessecancslam e tem-se a lei de Boyle. RESOLVA Etapa 1 Rearranje PyV\/mTy = PVInsT ‘multiplicando ambos 0s lados por :7./V» (sem mudanga de quantidade) e T, = T, (sem mudanga de temperatura). PM MTF PV mT % Ms WM an Ve mT Ve Etapa 2 Substitua os dados, = (1.00 atm) x 0st 2a = S0atm ‘Avalie A pressio final, como esperado, é maior por um fator de $ (mais precisamente 5,0). ‘Teste 4.8A Uma amostra do gis arginio de volume 10,0 mL. em 200. Torr se expande isotermicamente em um tubo sob vicuo de volume 0,200 L. Qual & a pressio final do argonio no tubo? [Resposta: 10,0 Tort] ‘Teste 4,8B Uma amostea de ar seco no cilindro de um motor de teste de 80..m? 1,00 atm € comprimida isotermicamente até 3,20 atm sob a acio de um pistdo, Qual €0 volume final da amostra? Uso da lei dos gases combinada quando duas variéveis se alteram Em uma expridncia para ivestigar as propredades do gAs refrigerant usado em um Seunis peda decision pices oasoes ete ane em 92,0 kPa de previo, Que pressio exerceré a amostra quando for comprimida até 5300, mi. eestriada até 5,0? Antec Nosso problema ¢ jugar sea compressio, que aumena a pressio, domina 8 rio ocfito do restriamento, que a abaixa, Na eal Kelvin, a madanga de temperatrs € ‘oui peqoens, loge podemes sucpekar que a compressa ie dominar, Continua + 144 Principios de Quimica FIGURA 4.15 O cubo azul 60 volume @5 L) ocupado por 1 mot ‘de moléculas de gis ideal em 25°Cet bar PLANEJE Siga o procedimento sugerido na Caixa de Ferramentas 4.1. RESOLVA Etapa 1 Converta a temperatura em kelvins. Ty = Q7318 + 280) K = 301 Ty = Q731S ~ 5,0)K = 2682 (Temperatura (K) ») Etapa 2 Rearranje P\Vi/m\T) = mas escreva somente 1, = 1s. V/s para encontrar P,,como no Exemplo 4.3, PV x mT rT t Tr vs x Va Etapa 3 Substitua os dados. $00. mL. 268.2 K 300. mi. 301,2 K P, = (92,0 kPa) x = 137 kPa Avalie © resultado € 0 aumento de pressio. Neste exemplo, a comp! ‘major do que a diminuiglo da temperatura, como suspeitamos. ‘Teste 4.9A Uma parcela (termo técnico usado em meteorologia para uma pequena regio da atmosfera) de ar cujo volume € 1,00 X 10° L em 20.°C e 1,00 atm se eleva em um dos lados de uma montanha, No alto, onde a pressio € 0,750 atm, a parcela de ar esfriow até °C, Qual é 0 volume da parcela nesse ponto? {Resposta: 1,20 10" L} “Teste 4.98. Um balio atmosférico esté cheio de gis hélio em 20.°C ¢ 1,00 atm. O volume do balio 250. L. Quando 0 balio sobe até uma camada de ar onde a temperatura ~30.°C, o volume se expande até 800. L. Qual é a pressio da atmosfera nesse ponto? A lei dos gases ideais também pode ser usada para predizer o volume molar de um gis ideal sob quaisquer condigdes de temperatura e pressio. Para fazer isso, combinamos as Equages Sa (V., = Vin) 6 (como V = nRTIP), escrevendo V_nRTP _ RT . eR a @) Em condigdes normais de temperatura e pressio (CNTP), isto 6, exatamente 25°C (298,15 K) €¢1 bar, as condigdes normalmente usadas para relatar dados quimicos, 0 volume molar de ‘um gis ideal é 24,79. Lmol ', que é aproximadamente o volume de um cubo com 30,48 cm de aresta (Fig. 4.15). expressio temperatura e pressio padroes (STP ~ standard temperatura ‘and pressure) significa exatamente 0°C e 1 atm, as condig6es que eram usadas para relatar 0s dados © que ainda sio muito usadas em alguns cculos. Nas STP, 0 volume molar de um gis ideal € 22,41. L-mol '. Observe o valor ligeiramente menor: a temperatura é mais baixa ¢ a pressio ligeiramente maior, logo a mesma quantidade de moléculas de gs ocupa um volume menor do que nas CNTP. ‘A Tabela 4.3 dé os volumes molares de um gis ideal sob varias condigdes comu- mente encontradas. Para obter o volume de uma quantidade conhecida de gés em uma temperatura e pressio especificadas, basta multiplicar 0 volume molar naquela tempe- ratura e pressao pelo nimero de mols. Outra maneira € usar a lei dos gases ideais para caleular 0 volume. Capitulo 4 * Propriedades dos Gases TABELA 4.3 Volume molar de um gis ideal “Temperatura Volume molar (L-mol_) OK 0 0 oc Late 22,4140 oc bar 22,7110 2c Lam 24,4654 25°C bar Teste 4.10 Caleule o volume ocupado por 1,0 kg de hidrogénio em 25°C ¢ 1,0 atm. [Resposta 1,2. 10°L) ‘Teste 4.10B Caleule o volume ocupado por 2,0 g de hélioem 25°C ¢ 1,0 atm. A ei dos gases combinada descreve como um gas responde a mudancas de condigdo. ‘As condigdes normais de temperatura e pressao (CNTP) sdo 298,15 Ke 1 bar. As con- digées de temperatura e pressio padres sao O°C (273,15 K) e 1 atm. 4.6 Densidade dos gases Como vimos na Segio G, a concentrago molar de uma substancia é a quantidade de moléculas (n, em mols) dividida pelo volume que elas ocupam (V). Da lei dos gases ial eee ern we ph Oe rent al pen ede er n=PVRT), quantidade nm | PRT _P Concentragio molar = eee a = RE 0) Ponto para pensar: Voct deveria estar surpreso de que a concentragio molar de um gis é © inverso do seu volume molar? Essa expresso mostra que, para uma dada pressio ¢ temperatura, a concentragio molar € a mesma para todos os gases. Em outras palavras, duas amostras de gas de mesmo volume nas mesmas temperatura e pressio devem conter a mesma quantidade de mo- lkculas de gis, sem levar em conta a identidade dos gases (isto é, claro, 0 principio de Avogadro). Entretanto, se as massas molares sio diferentes, as amostras de gas terdo massas diferentes. ‘A densidade de um gs, d, como a de qualquer substincia, é a massa da amostra dividida pelo seu volume, d= m/V. As densidades dos gases sio muito pequenas e, por isso, elas so normalmente medidas em gramas por litro (g-L_').Como a massa da amos- tra 6 igual A quantidade em mols multiplicada pela massa molar, m = nM, = PVIRT, tem-se que: Densidade = Mast. #M _(PVRTM _ MP volume" V" Vi" VO "RT cme Pode-se ver que: ‘+ Em pressio e temperatura fixas, quanto maior for a massa molar do gis, maior € a densidade. + Quando a temperatura é constante, a densidade de um gis aumenta com a pressio. Neste caso, a pressio aumenta por adicio de mais material ou por compressio (redu- io de volume). ++ 0 aguecimento de um gis livre para se expandir sob pressio constante aumenta 0 volume ocupado pelo gis e, portanto, reduz sua densidade. ‘+ Ag, 10 € a base do uso de medidas de densidade para determinar a massa molar de tum gis ou vapor. Ponto pans pensar: Por que os baldes de ar quente flutuam no ar? 145 146 Principios de Quimica Calculo da massa molar de um gas a partir de sua densidade (© composto orginico volitl geraniol, um componente do dleo de rosas, é usado em per- fumaria. A densidade do vapor em 260.°C ¢ 103 Torr € 0,480 g-l. Qual €a massa molar do geraniol? Antecipe Como 0 compost é volt, podemosantecipar que ele teré massa molar pequena, PLANBJE Liste as informagées dadas e converta a temperatura em kelvins. Depois, rear- ranje a Eq. 10 para uma expressio em M, selecione um valor de R com as unidades apro- priadas esubsttua os dados. RESOLVA Junte os dados: d= 0,480 gL ', P= 103 Tone ‘T= (273,15 + 260,0)K = 533K = 155 mol" ‘Avalie Este valor, 155 pmol, etd perto do valor calculado a pantie da férmula molecu- lar (154,1 gmol ' ea a ilutragio). Teste 4.11A 0 leo obtido de folhas de eucalipto contém 0 composto orginico voliil cxcaliptol. Em 190.°C e 60,0 Tors, uma amostta do vapor de eucaliptol tem densidade 0,320 gL". Caleule a massa molar do eucaliptl. [Resposta: 154 g-mol] Teste 4.11B © Codex Ebers, um papiro médico egipcio, descreve o uso de alho como ntisséptico. Os quimicos de hoje descobriam que 0 Gxido do dissulfeto de dalla ( com- posto volt responsivel pelo odor do alho)& um agente bacteicda poderoso. Em 17°C + 200, Tors uma amostra do vapor de dissulfto de dail tem densidade 1,04 gL", Qual a massa molar do disslfeto de dalla? A densidade da atmosfera varia muito de lugar a lugar, como também sua composigio ‘e temperatura. A Tabela 4.4 mostra a composigio média do ar seco (ar do qual se removeu © vapor de égua). Uma das razdes da nio uniformidade do ar é 0 efeito da radiagio solar, TABELA 4.4 Composigio do ar seco a0 nivel do mar ‘Componicao (%) Consiuinte Massa molar* (gol) Volume Massa ‘itrogéaio, Ny 2802 78,09 75,582 oxigénio, 0; 32,00 20,95 23,18 argénio, Ar 3995 093 129 Aidxido de carbono, CO, 44001 003 0.05 “A massa molar média de moléculas do ar levando-seem conta a diferentes abundincias,€28,97 gol". [A percestagem de vapor de dgua no ar comum varia com a umidade. Capitulo 4 * Propriedades dos Gases. 147 {que faz com que ocorram reages quimicas diferentes nas diversas altitudes. A densidade do ar também varia com a altitude. Por exemplo, a densidade do as fora de um avido que viaja uma altitude de 10 km é somente 25% da densidade ao nivel do maz. As concentracées molares ¢ as densidades dos gases aumentam quando eles so com- brimidos, mas diminuem quando eles sao aquecidos. A densidade de um gds depende de sua massa molar 4,7 Estequiometria das reagdes de gases Podemos usar a lei dos gases ideais em combinagao com as raz8es molares para caleular 0 volume de gis consumido ou produzido em uma reasio, Como exemplo, poderiamos pre- cisar saber 0 volume de didxido de carbono produzido quando um combustivel queima, ou © volume de oxigénio necessério para reagic com uma determinada massa de hemoglobina nos gl6bulos vermelhos do sangue. Para responder esse tipo de pergunta, temos que com nar 0 célculos de mol a mol, do tipo descrito nas Segdes Le M, com a conversio de mols de moléculas de g4s a0 volume que elas ocupam. O diagrama em (1) estende a estratégia de estequiometria introduzida na segio L de modo a incluir o volume de um gis. Calculo da massa de uma substincia que reage com um dado volume de gas © digxido de carbone gerado pelos tripulantes na atmosfera artifical de submarinos © espagonaves deve serremovido do ar € 0 oxigenio, recuperado. Grupos de projetistas de submarinos investigaram o uso do superdxido de potissio, KO,, como purificador de ar, Porque esse composto reage com o dibxido de carbono elibera Oxigenio Fig. 4.16): 4KOy6) + 2CO,lg) —+2 K,CO\s) + 3 0,18 SEerN CCaleule a massa de KO, que reage com 50. L de diéxido de carbono em 25°Ce 1,0 atm. Antecipe © volume de $0 L nas condigées normais corresponde a cerca de 2 mols de ‘CO, e a estequiometria da equacio indica que cerca de 4 mols de KO, seriam necessirios. ‘Como a massa molar do KO, é de cerca de 70 g-mol', podemos suspeitar que a resposta serd perto de 280 g, PLANEE E preciso converter 0 volume do gis em mols de moléculas (usando 0 volume ‘molar), depois em mols de moléculas de reagente ou mols de unidades de f6rmula (usando 4 razio molar), e entio em massa de reagente (usando a massa molar).Se o volume molar, nas condigies fornecidas, nio estiver disponivel, pode-se usar a lei dos gases ideais para calcular a quantidade de moléculas de gis. RESOLVA Encontre o volume molar nas condigBes dadas a partir de uma tabela ou por céleulo. ATabela 4.3 di V,, = 24,47 Lmol”*, Bi, 2447 Laat! Volume mol, Vr Trento, Encontre a relaglo estequiométrica entre CO, e KO, obtida da equagio quimica. 2 mols CO, © 4 mols KO, ou 1 mol CO, © 2 mols KO, Encontre a massa molar de K (Seto E). 39,10 + 2(16,00) gol" = 71,10 gmol"* Continua» FIGURA 4.16 Quando didxido de carbon passa através de superéxi- do de patissio (0 s6lido amarelo), reage para formar carbonato de ptissioincolor (o sélido branco ‘que cobre as paredes do tubo) e {is oxigénio, A reacio 6 usada ‘para remover didxido de carbo- ‘odo ar em ambientes fechados habitiveis. 148 Principios de Quimica FIGURA 4.17 Explosio causada pela ignigdo de po de carvio, Cria-se uma onda de choque na ‘enorme expansio de volume que resulta da formagio de grandes _quantidades de moléculas de gis. Comores Caae exo, a) he) TS é& Bi Continuagio \ Avalie A resposta,290 g, esté préxima dos 280 g que antecipamos. ‘Teste 4.12A Calcul 0 volume de diéxido de carbono, ajustado para 25°C e 1,0 atm, que as plantas utilizam para produzir 1,00 g de glicose, C,H,,0,, por fotossintese na reagio 6COs(g) + 6 HO") + GH 2045) + 6 Oxi [Resposta: 0,81 1] “Teste 4.128 A reaglo entre os gases H, ¢ O, para produzit 0 liquido H,0 € usada em célu- las a combustivel de naves espaciais para a producio de eletricidade. Que massa de égua é produzida na reagio de 100,0 L de oxiggnio armazenado em 25°C e 1,00 atm? Quando liquidos ou sélidos reagem para formar um gs, o volume pode aumentar mithares de vezes. Os volumes molares dos gases estio préximos de 25 L-mol ' nas condigSes normais (temperatura e pressio comuns da sala), porém, os liquidos e slides s6 ocupam algumas dezenas de millitros por mol. O volume molar da égua liquida, por exemplo,é 18 mL-mol ’. Em outras palavras, 1 mol de moléculas de gs em 25°C e 1 atm ocupa um volume aproxima- damente mil vezes maior do que 1 mol de moléculas de um liquido ou séido tipico. ‘© aumento do volume durante a formagio de produtos gasosos em uma reagio qui- mica é ainda maior se varias moléculas de gis sio produzidas por molécula de reagente, como no caso da formasio de CO e CO, a partir de um combustivel sido (Fig, 4.17). azida de chumbo, Pb(N;);, um detonador para explosivos ibera um volume grande de gis nitrogéaio por choque: p Uma explosio do mesmo tipo, com azida de s6dio, NaN, € usada em baldes de ar (air bags) de auoméveis (Fig. 4.18). A liberacio explosiva de nitrogénio & detonada eletrica- ‘mente quando o veiculo desacelera abruptamente durante uma colisio. © volume molar (na temperatura e pressdo especificadas) é usado para converter a quantidade de um reagente ou produto de uma reagao quimica em um volume de gas. IN3)a(8) — Pb(s) + 3 Nate) 4.8 Misturas de gases ‘Muitos dos gases que encontramos na quimica ~ ¢ na vida cotidiana ~ sio misturas. A atmosfera, por exemplo, é uma mistura de nitrogénio, oxigénio, argOnio, diéxido de car- FIGURA 4.18 A decomposiclo ripida da azida de sSdio, NaN,, leva 3 formagio de um grande volume de gés nitogénio.A reagio éativadaeletricamente no air bag. Capitulo 4 * Propriedades dos Gases. 149 bono € muitos outros gases. O ar que inalamos é uma mistura €o ar que exalamos € outra mistura. Muitos anestésicos gasosos sio misturas cuidadosamente controladas. Precisamos ampliar 0 modelo de gés que estamos desenvolvendo para inclu as propriedades das mis- turas de gases. Para estender 0 modelo, € preciso perceber que, pelo menos em presses baixas, todos (0s gases respondem da mesma maneira a mudangas de pressio, volume e temperatura. Por isso, para célculos do tipo que estamos fazendo neste capitulo, nao é importante que todas as moléculas de uma amostra sejam iguais. Uma mistura de gases que nao reagem entre si comporta-se como um gis simples. Podemos, por exemplo, tratar 0 ar como um gis simples se quisermos usar a lei dos gases ideais para predizer suas propriedades. John Dalton foi o primeiro a mostrar como calcular a pressio de uma mistura de gases. Seu raciocinio era mais ou menos assim. Imagine que introduzimos certa quantidade de oxigénio em um recipiente, atingindo uma pressio igual a 0,60 atm. Entio, evacuamos 0 recipiente e, em seguida, admitimos gis nitrogénio suficiente para chegar a pressio de 0,40 atm, na mesma temperatura. Dalton queria saber qual seria a pressio total se as mesmas quantidades dos dois gases estivessem simultaneamente no recipiente. Ele fez algumas me- didas pouco precisas ¢ concluiu que a pressio total exercida pelos dois gases no mesmo recipiente era 1,00 atm, soma das presses individuais, Dalton restimiu suas observagies em termos do que ele chamou de pressio parcial de cada gis, ito é a pressio que o gis exerceria se somente ele ocupasse 0 recipiente. Em nos- so exemplo, as pressdes parciais de oxigénio e nitrogénio na mistura sio 0,60 ¢ 0,40 atm, respectivamente, porque essas sio as pressdes que os gases exercem quando cada um est sozinho no recipiente. Dalton, entio descreveu 0 comportamento de misturas gasosas pela lei das presses parciais: [A pressio total de uma mistura de gases é a soma das presses parciais de seus com- ponentes. Se escrevemos as pressdes parciais dos gases A,B, ... como Pyy Py.» mistura como P, entio a lei de Dalton pode ser escrita como: P=P.+P,+ a pressio total da cus A Fig, 4.19 ilustra essa lei. Ela s6 € exata para gases de comportamento ideal, mas é uma boa aproximagio para quase todos os gases, sob condides normais. Allei de Dalton é coerente com nossa descriglo dos gases adiciona uma informagio. A pressio total de um gas surge, como vimos, do choque das moléculas contra as paredes do recipiente. Os choques vm de todas as moléculas da mistura. As moléculas de A exercem pressio e as moléculas de B também. A pressio total €a soma dessas pressdes individuais. A informagiio que podemos adicionar a nosso modelo é que se a pressio total €a soma das contribuigdes individuais, as moléculas de A nao sio afetadas pelas moléculas de Bee vice- versa. Em outras palavras, nio existe nenhuma interagio ~ atragées ou repulsdes ~ entre 08 dois tipos de moléculas. Veremos adiante que a inexisténcia de interacoes é uma das caractersticas de um gis ideal. Podemos usar as pressdes parciais para descrever a composiglo de um gis timido. A pressio total do ar imido em nossos pulmdes & P= Powe Em um recipiente fechado, que ¢ uma boa comparagio com um pulmio, a Agua se vaporiza até que sua pressio parcial alcance certo valor, chamado de pressao de vapor. A pressio de vapor da dgua na temperatura normal do corpo ¢ 47 Torr A pressio parcial do ar seco em noss0s pulmdes é, entio, Pos =P ~ Prersctgn = P~ 47 Torr Em um dia tipico, a pressio total ao nivel do mar é 760. Torr; logo, a pressio em nossos pulmdes, devido a todos os gases, exceto 0 vapor de gua, é 760. ~ 47 Torr = 713 Tore. Ponto para pensar: O ar imido € mais denso ou menos denso do que o ar seco, nas mes- ‘mas condighes? + Pray cigst Este é 0 mesmo Dalton cuja contribuigéo para a teoria ‘atdmica vimos na Segio B. Re ye Phy 06am "04am = 10am FIGURA 4.19 Representacio do ‘experimento que Dalton executou ‘em uma mistura, De acordo com lei de Dalton, a pressio total, de uma mistura de gases 6a ‘soma das presses parciais Pye dos gases Ae 8. Ess presses parcial s80as presses que os {gases exerceriam se estivessem Sozinhos no recipiente (na mesma temperatura). 150 Principios de Quimica vena = OS venesio™ FIGURA 4.20 A fagio mola, x, nos diz qual éa fragio de molé- ‘culas de um determinado tipo em ‘uma mistura de dois ou mais tipos ‘de moléculas, Nesta ilustagio, a fragio molar das moléculas ‘de A coloridas em vermetho, & ‘dada abaixo de cada mistra. As ‘moléculas de B tém cor amarela. ‘Armistura pode ser sla, liquida ‘ou gasosa. saturada com vapor de égua. Nesta temperatura, a pressdo de vapor da dgua é 24,38 Torr. Qual é a peessio parcial do oxigénio? [Resposta: 721 Tore} ‘Teste 4.13B Alguns estudantes que coletavam os gases hidrogénio e oxiggnio da elerolise da gua nio conseguiram separar os dois gases. Se a pressio total da mistura seca é 720. | ‘Teste 4.13A Uma amostra de oxigénio foi coletada sobre gua em 24°C € 745 Torr e fica “Tors, qual €a pressio parcial de cada gis? s8es parciais de seus componentes ¢ usar a fracio molar, x, de cada componente A, By.» isto €, 0 niimero de mols de moléculas do gis expresso como uma fragao do niimero total dde mols de moléculas da amostra. Se as quantidades de moléculas de gas presentes slo ny, iy € assim sucessivamente, a fragio molar de qualquer um dos gases é at me (ay € 0 mesmo acontece para as fragBes molares dos demais componentes. Essa expressio & uusada para calcular a frasio molar de cada componente da mistura. Em uma mistura bind- ria (dois componentes) dos gases A e B, sheng ah tym + my (13) Quando x, = 1,a mistura ¢ feta de A puro e, quando x, = 1, de B puro. Quando x, = x = 0,50, metade das moléculas ¢ do gis A e metade do gés B (Fig. 4.20), ‘Nossa tarefa é achar a relagio entre a pressio parcial de um gas e sua fragio molar. Ticomo Fazemos isso? Para encontrar a relagio entre a presso parcial de um gs em wma mistra e ua fragio mols, € preciso expressar a pressio parcial, P, do gis em termos da quantidade de moléculas presentes, nyo volume, V, que elas ocupam, ea temperatura, T: MRT ome Como m, = ms, em quem & a quantidade total de todos os gases) P= aRTIV, mnkT 6 A relagio que obtivemos para a pressio parcial do gis A é PyaaP «aye em que P € pressio total ex, € fragdo molar de A na mistura. Em aplicagdes modernas, Eq. 14 € considerada a definigdo da pressio parcial de um gas, ideal ou real Caleulo das pressdes parciais © ar é uma fone de reagentesem muitos procesos quimicos. Para determinar a quan- tidade necessiria desses gases nessas reagbes, € preciso conhecer as presses parciais dos ‘components. Certaamottra de ar seco com massa toal 1,00 gcomplese quate comple- tamente de 0,76 g de nitrogénio e 0.24 g de oxigeno, Calcul as presdesparcins esses gases quando a pressio total é 0,87 atm. Capitulo 4 * Propriedades dos Gases Antecipe As massas molares de N, ¢ O, so muito préximas e podemos esperar que as 4quantidades de N, e O, estejam mais ou menos na mesma razio das massas presentes, 0,76:0,24.As presses parcias deveriam estar mais ou menos na mesma razio, 3:1. PLANEJE Para usar a Eq. 14, precisamos da pressio total (que € dada) eda fragdo molar de cada componente. A primeira etapa é calcular a quantidade (em mols) de cada gs presente a quantidade total (em mols) Em seguda, € preciso calcul as fagdes molares usando a Eq, 12, Para obter as presses parciais dos gases, basta mulkiplicara pressio total plas fragdes molares dos gases na mistra (Eq. 14). RESOLVA ‘Use as massas molares para obter as quantidades (em mols) de cada gis: mol (= 0,027 mol) Seas mol (= 0.0075 mol) Encontre a quantidade total de moléculas de gis de m =m, + me: iat, = 28 + 2 etm son GaGiwaaniel Garam am. *N. * O7 628,02 + 0,247 500 = 78 Xo, anne OMI 0.22 "628,02 + 0,24132,00 ‘Maliplique cada frag molar pela pressio total, Py = x,P: Py, = 0,78 X (0,87 atm) = 0,68 atm a Po, = 0,22 X (0,87 atm) = 0,19 atm lea eo ‘Aualie Como esperado, Px, & cerca de tts vezes maior do que Po,..O célculo mostra que 0,68 + 0,19 atm = 0,87 atm, como nos dados. ‘Teste 4.14A. Um bebé, acometio de infecso brénquica severa, esté com problemas resp- ratérios,O anestessta administra hliox, uma mistura de elo eoxigénio, com 92,3% de ‘©, em massa. Qual € a pressio parcial do oxigénio na mistura que ets sendo administra- da a0 bebé ea pressio atmosférica €730 Tort? [Resposta: 4,4 X 10° Tore} ‘Teste 4.148 Alguns mergulhadores estio explorando um naufrigio e desejam evitar a narcose associada 3 respiragio de ntrogénio sob ata pressfo. Els passaram a usar uma ‘mistura neGnio-oxigénio que contém 141,2 g de oxigénio e 335,0 g de neBnio. A pressio nos tanques de gis € 50,0 atm. Qual € a pressio parcial de oxigénio nos tanques? A pressio parcial de um gis é a pressio que ele exerceria se ocupasse sozinho 0 reci- Diente. A pressao total de uma mistura de gases é a soma das pressdes parciais de seus Componentes. A pressio parcial de um gs esté relacionada a pressdo total pela fragio molar: P, = x,P. 151 152 Principios de Quimica Tempo FIGURA 4.21 Na difusio, as rmoléculas de uma substincia es- parramam-se pela regido ocupada por moléculas de outa substincia ‘em uma série de etapasaleatrias softem colisSes enquanto se FIGURA 4.22 Na efusdo, a molé- ‘culas de uma substincia escapam [por um orifcio pequeno em uma Dareira para 0 vicuo ou para uma regio de baixa pressio. MOVIMENTOS DAS MOLECULAS (s resultados empiricos resumidos pelas leis dos gases sugeriram um modelo em que um ‘gis ideal € formado por moléculas amplamente espagadas (na maior parte do tempo), que no interagem entre si (exceto durante colisdes) e que estio em movimento incessante, com velocidades médias que aumentam com a temperatura, Nas proximas trés seq&es, refinare- ‘mos este modelo em duas etapas. Primeicamente, veremos como as medidas experimentais da velocidade com que os gases viajam de uma regido para outra permitem uma melhor ‘compreensio das velocidades médias das moléculas. Em seguida, usaremos as velocidades médias para expressar quantitativamente nosso modelo. 4.9 Difusio e efusio A observagio de dois tipos de processos, a difusio € a efusio, fornece resultados que mos- tram como as velocidades médias das moléculas dos gases e elacionam com a massa molar ‘ea temperatura. A difusio é a dispersio gradual de uma substdncia em outra substincia, ‘como, por exemplo, criptOnio se dispersando em uma atmosfera de nednio (Fig. 4.21). A difusio explica a expansio dos perfumes e dos ferom6nios(sinais quimicos que os animais trocam entre si) pelo ar Ela também ajuda a manter aproximadamente uniforme a composi- ‘gio da atmosfera. A efusio é a fuga de um gis para 0 vicuo através de um orificio pequeno (ig. 4.22). Ocorre efusio sempre que um gis esté separado do vacuo por uma barreira po- rosa ~ uma barreira que contém orificios microsc6picos ~ ou por uma tinica abertura muito pPequena, como um pneu furado. O gis escapa pela abertura porque ocorrem mais “colisbes” ‘com 0 ofificio do lado de alta pressio do que do lado de baixa pressio c, em consequénci ppassam mais moléculas da regido de alta pressio para a regido de baixa pressio do que na diregio oposta. A efusio € mais facil de tratar do que a difusio, e por isso nos concentrare- ‘mos nela, porém observagdes semelhantes se aplicam também a difusio. ‘Thomas Graham, um quimico escocés do século XIX, fez. uma série de experiéncias sobre a velocidade de efusio de gases. Ele descobriu que ‘Quando a temperatura 6 constante, a velocidade de efusio de um gis éinversamente roporcional a raz quadrada de sua massa molar: 1 1 Velocidade de efusio x —— ou Velocidade de efusto x —1— (15s) ‘massa molar va "50 Essa observagio é hoje conhecida como a lei da efusio de Graham. A velocidade de efusio proporcional a velocidade média das moléculas do gas porque ela determina a velocidade ‘com que as moléculas se aproximam do furo. Portanto, podemos concluir que (asb) Esta relagio é uma pista importante sobre 0 movimento das moléculas de um gis ¢ vamos usé-la muito em breve. Porém, vejamos primeiro algumas aplicagoes priticas da lei de Graham. Se tivéssemos de escrever a lei de Graham para dois gases, A e B, com massas molares ‘M,¢ Mye dividir uma equagao pela outra, obteriamos Velocidade de efusio das moléculasde A UVMy [Mp M, Velocidade de efusio das moléculas de BB” 1/\/My, oe ‘Como os tempos que levam a mesma quantidade das dias substincias efundicem por uma pequena abertura sio inversamente proporcionais as velocidades com que efundem, uma declaracio equivalente € ‘Tempo para a difusio de A [My ‘Tempo para a difusio deB — V My (16b) Esta relagio pode ser usada para estimar a massa molar de uma substincia comparan- do o tempo necessério para a efusio da substincia desconhecida com 0 tempo necessirio para a efusio da mesma quantidade de uma substancia de massa molar conhecida. Capitulo 4 * Propriedades dos Gases. 153 ‘Teste 4.15A 30. ml de argénio levam 40. s para efundir por uma barreira porosa. O mes- smo volume de vapor de um composto volitil extrafdo de exponjas do Caribe leva 120 5 para efundir pela mesma barreira nas mesmas condigées. Qual é a massa molar desse composto? (Resposta: 3,6 x 10° gmol”'} ‘Teste 4.15B Certa quantidade de étomos de héio leva 10. para efundir por uma barreira porosa, Quanto tempo a mesma quantidade de moléculas de metano, CH, levaria para cfandie pela mesma barzeea nas mesmas condigges? Vimos que a efusio mostra que a velocidade média das moléculas de um gés éinversamente proporcional 3 raiz quadrada da massa molar. Em experimentos de efusio em temperaturas diferentes nota-se que a velocidade de efusio aumenta quando a temperatura cresce. Espe- «ificamente, para um dado gis, [A velocidade de efusdo aumenta com a raiz quadrada da temperatura: Velocidade de efusio em T3 i Velocidade de efusio em Ty” VT; Como a velocidade de efusio & proporcional a velocidade média das moléculas, pode-se deduzir que A veloci peratura: Velocidade média VT (176) Essa relago muito importante comega a revelar o significado de um dos conceitos mais dificeis de compreender em ciéncia: a natureza da temperatura, Pode-se ver que, quando nos referimos a um gs, a temperatura € uma indicagio da velocidade média das moléculas que, quanto mais alta a temperatura, maior serd a velocidade média das moléculas. Podemos combinar as duas relagdes que encontramos. Como a velocidade média das moléculas de um gis é proporcional a raiz quadrada da temperatura ¢ inversamente pro- porcional a raiz quadrada da massa molar (Eq. 156), podemos escrever [F Vv Isto é, quanto mais alta éa temperatura e menor a massa molar, maior &a velocidade média das moléculas de um gis. A velocidade média das moléculas de um gas é diretamente proporcional & ruiz qua~ drada da temperatura e inversamente proporcional a raiz quadrada da massa molar. 4.10 Modelo cinético dos gases ‘Temos, agora informagées suficientes para transformar nossas idcias qualitatvas sobre os ga- ses em um modelo quantitativo que pode ser usado para predigies numéricas. O modelo ciné- tico (“teoriacinétca molecular”, KTM) de um gis bascia-se em quatro hipOteses (Fig. 4.23): 1 Um gis € uma colegio de moléculas em movimento aleat6rio continuo. 2 As moléculas de um gis sito pontos infinitesimalmente pequenos. 3. As particulas se movem em linha reta até colidirem. 4 As moléculas nio influenciam umas as outras, exceto durante as colisdes. A quarta hipétese significa que estamos propondo, como parte do modelo, que nio existam forgas de atragio ou repulsio entre as moléculas do gis ideal, exceto durante colisdes. 'No modelo cinético dos gases, imaginamos as moléculas como estando quase sempre ruito separadas e em movimento aleatrio constante. Elas se deslocam sempre em linha (17) lade média das moléculas de um gas é proporcional a raiz.quadrada da tem- ‘Velocidade média o (18) FIGURA 4.23 No modelo cinétco dos gases, as moléculas so consi- deradas pootos infinitesimais que viajam em linha reta até sofrerem colisbes instantineas. Neste contexto, *moléculas” incluem todos 08 tipos de pantculas,sejam stomos, ions ‘ov moléculas. 154 Principios de Quimica fe FIGURA 4.24 No modelo cinético dos gases, a pressio surge da forca ‘exercida sobre as paredes do reci- pente pelo chogve das motéculas, ‘que sio defletidas.€ necessirio determina aforga de cada impac- to eondmero de impactos em um ‘dado intervalo de tempo. reta, mudando de diregao apenas quando colidem com a parede do recipiente ou com outra molécula, As colisdes madam a velocidade e a diregio das moléculas, como bolas em um jogo de sinuca césmico tridimensional. ‘Usamos, na Segio 4.4, um modelo molecular dos gases para explicar qualitatioamente por que a pressio de um gis sobe quando a temperatura aumenta. Em resumo, quando um ‘bis se aquece, as moléculas se movem mais rapidamente e se chocam com mais frequéncia ‘com as paredes do recipiente que as contém. O modelo cinético de um gas permite obter a relagio quantitativa entre a pressio ¢ as velocidades das moléculas. Ticomo Fazemos isso? Os céleulos da pressdo de um gis, baseados no modelo cinétco, descritos a seguir, podem pare- ‘er longos e complicados, mas eles siofeitos em muita etapas pequenas que podem ser inter pretadas fisicamente, Comegamos com a amostra de gis ilustrada na Figura 4.24 supomes, inicalmente, que todas as moléculas movimentam-se com a mesma velocidade. Removeremos esta condiggo mais tarde. As moléculas e chocam com a parede a direta. Se soubermos afrequéncia com que esses impactos ocorcem ¢ que forsa eles exercem contra a parede, poderemos calcular a pressio (que €forga divdida pla dea) resultante Para caleulara fore, podemos usar a segunda lei de movimento de Newton: a forg ¢ igual 8 velocidade de madanga de momento de uma partcula(Segio A). momento & 0 produto da massa pela velocidad, logo, se uma molécula de massa m se movimenta com velocidade v., em diregio paralela aresta da caixa, que chamamos dex, entio seu momento linear antes de tocar a parede a direta ¢ me, Imediatamente ap6s a coisto, o momento da molécula ~mw., porque 4 velocidade madou de v, Estamos supondo que a colsio é “elistca”, isto €, nfo corre tansferéncia de energa para a parede¢, poranto, a velocidade da molécula é a mesma, antes e depois da coisdo. ‘A mudanga de momento de uma molée =“ . 3 A seguir calculamos o niimero de moléculas que podem atingir a parede no intervalo de tempo At. ‘Todas as moléculas que esto a uma distncia igual a v,St da parede e se deslocam em sea diregio atingirio a parede no intervalo de tempo At. Se a érea da parede & A, todas as particulas do volume Av,A¢ alcanga- loa parede, e estiverem se movimentando em sua direcio. SS Suponhamos que o niimero total de particulas no recipiente € N e que o volume do recipiente é V. Como o gis enche todo o recipiente, sabemos que a distribuiglo das moléculas no recipiente a :mesma, Assim, Capitulo 4 * Propriedades dos Gases. 155 (© niimero de moléculas no volume Av,At € esta fragio do volume total V, smultiplicado pelo ntimero total de moiéculas: = as coy. — AvsAt | NAv.At | ye! Merade das moléculas da caixa move-se para a parede 3 direita e metade para a parede & esquer- da. Portanto, (© miimero médio de colisdes com a parede no intervalo At € metade do. snimero de moléculas que esté no volume Av, At: NAvAt av Niimero de colisies = Calculamos 0 momento de uma molécula e o niimero de colisdes durante o intervalo At. Po- demos, agora, reunir as partes do cileulo. A mudanga total de momento naquele intervalo é a sadanga 2m, que uma molécula sore, multiplicada pelo mimero total de colisbes: yet 2 Neste ponto, podemos calcular a velocidade de mudanga de momento, dividindo a mudanga de ‘momento total pelo intervalo At durante o qual ela acontece, ¢ usar a segunda lei de Newton, isto é, que a velocidade de mudanca de momento é igual A forga: a velocidade de madanga de momento = (mudanga de momenso tora, ‘Mudanga de momento total = X 2g = NmAvgSt _ NmAve ‘Velocidad de mudanga de momento = = Da segunda lei de Newton, Node v Forga = velocidade de mudanga de moment i De pressio = forcalirea, _NomAvg? Nin? ee Nem todas as moléculas da amostcaestio se movendo com a mesma velocidade. Para obter a pressio detectada, P, € preciso usar 0 valor médio dev,” em ver dev,’ de cada moléeula. Como as médias sio geralmente representadas por meio de parénteses anguiares, podemos escrever: Neer) v ‘em que (v,") € 0 valor médio de v," para todas as moléculas da amostra. Neste ponto, temos de relacionar raiz quadrada da velocidade quadritica média, vn, = (v,'), a raiz quadrada da smédia dos quadrados das velocidades das moléculas (esta quantidade é explicada mais detalha- 156 Principios de Quimica damente logo depois da derivacio). Primeiramente, deve-se notar que a velocidade de uma énica molécula,v, esté relacionada a velocidade paralela as diregbes x,y ez: Doreorema de Pitigoras, Paviterte? Me eee eee tl =O) = oe + 0? + ue) = lo?) + (uy?) + We) ia cdo pees pp era ea igual A média de 0. Os gases comuns, ue sio chamados de gases reais, tém propriedades diferentes das preditas pela lei dos gases ideais. Essas dife- rengas sio importantes em pressdes clevadas ¢ temperaturas baixas. Exploraremos, inicial- ‘mente, as evidéncias experimentais dessas diferencas e depois relacionaremos 0 comporta- mento dos gases reais com as propriedades de suas moléculas. Depois veremos algumas das implicages do comportamento nio ideal dos gases e como descrevé-lo matematicamente para chegar A versio refinada final de nosso modelo dos gases. 4.12 Desvios da idealidade Dois tipos de observagies, uma qualitativa e a outra quantitativa, deixam claro que nosso modelo de gis deve ser refinado. A observacio qualitativa € que os gases podem se con- densar a liquidos quando esfriados ou comprimidos. Essa propriedade indica fortemente ue, 20 contririo das hipSteses do modelo cinético, as moléculas de gas tém de se atrair ‘mutuamente, caso contririo elas ni coalesceriam (ficariam juntas) para formar o liquido. ‘Além disso, 0s liquidos sio comprimidos com muita dificuldade. Essa observagio sugere que forgas repulsivas poderosas impedem que as moléculas sejam comprimidas a um vo- ume muito pequeno. Novamente, a existéncia de forgas repulsivas significa que o modelo cinético tem de ser refinado. Podemos avaliar 0 efeito das forsas intermoleculares quantitativamente comparando 0 comportamento dos gases reais ao esperado de um gis ideal. Uma das melhores maneiras dde mostrar esses desvios € medi o fator de compressio, Z.,a razio entre o volume molar do ‘i real eo volume molar de um gis ideal nas mesmas condigBes: Vv, viet z-ve 23) © fator de compressio de um gis ideal € 1; assim, desvios do valor Z= 1 significam ndo idealidade. A Figura 4.28 mostra a variagdo experimental de Z para varios gases. Pode-se ver que todos os gases desviam-se do valor Z = 1 quando a pressio aumenta. Nosso mode- lo tem de acomodar essa diferencas. ‘Todos os desvios do comportamento ideal estao relacionados a existéncia de forgas intermoleculares, isto é, atragbes e repulsdes entre moléculas. As Segdes 5.1 a 5.5 descrevem 2 origem das forgas intermoleculares. Neste momento, precisamos somente lembrar que todas as moléculas se atraem mutuamente quando estio separadas por distancias da ordem de alguns poucos didmetros moleculares, mas (desde que nio reajam) se repelem assim que suas nuvens de elétrons entram em contato. A Figura 4.29 mostra como a energia potencial de uma molécula varia com sua distancia até uma segunda molécula. Quando a separagio nio é muito grande, sua energia potencial é mais baixa do que quando elas estio infinita- mente separadas: a atracdo sempre reduz a energia potencial de um objeto, Quando as mo- léculas entram em contato, a energia potencial comesa a subir, porque a repulsio sempre umenta a energia potencial de um objeto. A existéncia de forgas intermoleculares atrativas explica a condensacio dos gases a liquidos quando eles sio comprimidos ou esfriados. A compressio reduz a separagio média pao i ok ons pio} Fact, fo 00s 0" 100 200 300 #00 S00 600 ‘Velocsdae me) FIGURA 4.27 Novamente a distrbuigSo de Maxwell, porém ‘agora as curvas comespondem is velocidades de uma nica subs- tincia em temperatura diferentes. ‘Quanto mais alta fora temperatu- *2, maior sed a velocidade média ‘eas largo seréo intervalo de velocidades. Fat de compreti Z FIGURA 4.28 Grifico do fator de ‘compressio, Z, de alguns gases ‘em fungio da pressio. Para um gis ideal, Z = 1 em todas as presses. Para alguns gases reais, nos quais a8 atragbes intermoleculares sio ‘muito fracas, como H,, Z 6 sempre maior do que 1. Para a maior parte dos gases, as forgas atratvas ‘dominam em pressBes baixas e Z <1. Em presses alts, as forgas repulsivas dominam e Z > 1 para todos 0s gases. 160 Principios de Quimica Separagio Energia potencial, Ep —+ FIGURA 4.29 Variagio da energla potencial de uma molécula quan 10 ela se aproxima de outra mole ‘ela, A energia potencial aumenta 1, as repul- s8es sio mais importantes do que as atragdes, Seus volumes molares sio maiores do que o esperado para um gis ideal porque as repulsdes tendem a manter as moléculas mais afasta- das. Nos gases que estio sob condigdes de pressio e temperatura tais que Z <1, as atragbes siio mais importantes do que as repulsdes € os volumes molares sio menores do que o espe- ado para um gas ideal, porque as atragdes tendem a manter as moléculas mais préximas, Para melhorar nosso modelo de um gis, temos de adicionaro fato de que as moléculas dos ‘gases reais exercem forgas atrativase repulsivas umas nas outras. Os gases reais sdo formados por étomos ou moléculas sujeitos a atragées ¢ repulsbes intermoleculares. As atragées tém um alcance maior do que as repulsées. O fator de compressio é uma medida da forca e do tipo de forgas intermoleculares. Quando Z > 1, as repulsdes intermoleculares sao dominantes,e quando Z <1, as atragées dominam. 4.13 Liquefacao dos gases Como vimos na Secio 4.12, as moléculas de um gas real movem-se tio lentamente em temperaturas baixas que as atragdes intermoleculares podem levar & caprura de uma molé- ccula pela atragio de outras e a sua aderéncia a elas, cessando 0 movimento livre. Quando a temperatura cai abaixo do ponto de ebuligio da substincia, o gas se condensa em um liquido (Fig. 4.30), (Os gases também podem ser liquefeitos aproveitando-se a relagio entre a tempera- tura ea velocidade molecular. Como velocidades médias baixas correspondem a tempe- raturas baixas, reduzir a velocidade das moléculas equivale a esfriar 0 gis. As moléculas de um gs real podem ter a velocidade reduzida aproveitando-se as atragdes entre elas € permitindo que 0 gas se expands, isto é, as moléculas tém de se separar,trabalhando ‘contra as forgas atrativas. & como uma bola que se afasta da superficie da Terra contra a forga da gravidade (Fig. 4.31). Assim, quando se permite que o gs ocupe um volume maior, ¢, em consequéncia, que a separacio média das moléculas aumente, elas passam a ter velocidade média mais baixa. Em outras palavras, contanto que os efeitos de atragio scjam dominantes, um gis real esfria a0 se expandir. Esse comportamento é chamado de feito Joule-Thomson em homenagem 20s cientistas que primeiro o estudaram, James Joule e William Thomson (que mais tarde se tornou Lorde Kelvin), 0 inventor da escala de temperatura absoluta. feito Joule-Thomson é usado em alguns refrigeradores comerciais para liquefazer ‘gases. O gis a ser liquefeito & comprimido e depois sofre expansio ao passar por um oriff- 1 quando a contribuigio da atragio (a) € tio pequena que o segundo ter- mo a dircita pode ser negligenciado e a contribuigio repulsiva (6) € apreciavel; logo, ‘© denominador do primeiro termo é menor do que 1 € 0 termo em si é maior do que 1. Por outro lado, Z <1 quando a contribuigio repulsiva é pequena (b € pequeno) ¢ a contribuigdo atrativa é grande (a € grande), de modo que o primeiro termo da diceita estd perto de 1 € 0 segundo termo a direita 0 reduz significativamente. s valores de a e b de um gés podem ser determinados experimentalmente ajustando-se a ‘expressio de Z a curvas como as da Figura 4.28. Uma vez determinados os parimetros, ‘eles podem ser usados na equacio de van der Waals para predizer a pressio do gis nas ‘condigoes de interesse. Estimativa da pressio de um gis real Alguns investigadores esto estudando as propriedades fisicas de um gas a ser usado como. refrigerante em uma unidade de ar-condicionado. Uma tabela de pardmetros de van der ‘Waals mostra que a = 16,2 Latm-mol *¢ b = 8,4 X 10° Limol '. Estime a pressiio ob- tida quando 1,50 mol éconfinado em $,00 Iem 0°C. “Antecipe Na maior parte dos gases as condigBes normais, as interagBesatrativas domi ‘nam as repulsivas (a chave est na Fig. 4.28, que mostra que o fator de compressio ¢ infe- flora 1 para a maior parte dos gases). Assim, podemos suspeitar que a pressio que vamos ‘alelar€ inferior & que sera obtida se o gis fosse ideal, porém, que a diferenca deve ser ‘Pequena porque os gases reais se desviam, em geral, pouco do comportamento ideal. PLANEJE Substitua os dados na Eg.26 apés converter a temperatura para aescala Kelvin, se necessrio, R deve estar em unidades compativels com as uiizadas. RESOLVA Zz Eure De P = wRTAV ~ nb) — aniiV, (1,50 mol) % (0,082 06 L-atm-K , 5,00 L = (1,50 mol) X (8,4 x = (16.2-atmmol) x 1,50 X (0,082 06 atm) 2 "500 — 1,50 * 84% = 544 atm Avalie Um gis ideal, nas mesmas condigbes, tem pressio igual a 6,72 atm; logo, a pressio “real” (pelo menos a calculada com a equagio de van der Waals) de 5,44 atm é inferior, ‘como antecipamos. ‘Teste 4.17A Um tanque de 10,0 L que contém 25 mols de O, estéinstalado em uma loja de artigos de mergulho na temperatura de 25°C. Use os dados da Tabela 4.5 e a equagio de van der Waals para calcular a pressio no tanque. [Resposta: $8 atm) ‘Teste 4.170 As propriedades do di6xido de carbono, CO, sio bem conbecidas na inds- tia de bebidas engarrafadas. Em um processo industrial, um tanque de volume 100 L, em 20°C, contém 20, mols de CO,, Use os dados da Tabela 4.5 ea equagio de van dec Waals para calcular a pressdo no tangue.

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