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2. O SOCIAL E A PSICOLOGIA SOCIAL 2.1, Breve historia da construcdo da Psicologia social Apesar da posigao defendida por Wundt com telagao a defi nicao da Volkerpsychologie, a construgao da psicologia social teve sua institucionalizagao nos Estados Unidos, como discipli- na aplicada, a partir da representacdo comportamental da psi- cologia e de uma orientagao experimental descritiva em nivel metodologico, que teve como figura central Floyd Allport. Ape- sar das diferengas tedricas que tinha com Floyd, seu irmao Gor- don, que posteriormente faria contribuigdes importantes a criti- ca ao predominio positivista na psicologia, uniu-se a ele na de- finigdo individualista que acabou sendo a base da psicologia social norte-americana. A plataforma individualista daquela psicologia apoiava-se em uma visdo do individuo como agente e nao como sujeito do com- portamento. Por esse motivo, a verdadeira contradigao nao era que a psicologia social levasse em consideragao 0 individuo e sim amaneira como ele era considerado, algo que nem sempre foi le- vado em consideracao pelos opositores dessa posigao. Isso contri- buiu para a dicotomia entre o social eo individual que esteve pre- sente na psicologia social até nossos dias. A orientacao comporta- mental a que nos referimos na psicologia social norte-americana fica clara na seguinte referéncia de F. Allport (1924): Nao ha nenhuma psicologia de grupos que nao seja essencial e totalmente uma psicologia de individuos. A psicologia social nao deve ser apresentada como em contraposigao a psicologia dos in- dividuos, ela é uma parte da psicologia do individuo, cujo com portamento ela estuda com relacdo aquela parte do ambiente que compreende seus semelhantes |...]. Da mesma forma, nao existe consciéncia que nao seja a dos individuos. A psicologia, em todas suas ramificacdes, é uma ciéncia do individuo (p. 4) Digitalizado com CamScanner Esta claro que, além de situar 0 objeto no individuo, Alle Considera 0 comportamento dos individuos central. Essa 4 tits das diferengas entre seu pensamento @ 0 do seu immo Gordon, A definigao original de Floyd Allport manteve-se Viva ate hoje, send, Teforgada por uma definicaéo descritivo-instrumental propria qq metodologia positivista. Assim, diz McGuire (1992): Uma estrategia é definir a psicologia social por suas variaveig jn dependentes como “o ramo da psicologia que estuda 0 pensa mento, sentimentos e agdes humanas na medida em que eles sig afetados por outras pessoas". No entanto, esse critério deixa de fora alguns topicos arquetipicos que estariam incluidos se nés de finissemos 0 campo em termos de variaveis dependentes, ber assim como das independentes, algo como 0 estudo dos pensa- mentos, sentimentos e agdes humanas, na medida em que elas afetam ou sao afetadas por outras pessoas (p. 558). O panorama historico da psicologia social como disciplina que foi desenvolvido por esse autor é bastante interessante; na reali- dade trata-se basicamente de um panorama da psicologia com- portamental, de base positivista. Vemos que sua defini¢ao de psi- cologia social continua centrada no individuo, na medida em que esse afeta o comportamento dos outros, ou é afetado por eles; ou seja, o social fica reduzido ao estudo do comportamento nas rela- ces, nao existe em nivel simbdlico, nem tem qualquer outro nivel de institucionalizagdo que nao seja comportamental. Assim, 0 so- cial se limita a um conjunto de variaveis externas que atuam sobre co individuo e, com isso, nao representa um sistema constituido em seus proprios termos. Isto é, de acordo com essa perspectiva, 0 SO- cial nao tem sequer uma definigao ontoldgica propria, ele é apenas a expressao de conjuntos de comportamentos em processos de re- lagao. Nao existe uma construgao teérica que especifique o social com relagaéo ao comportamento. Essa tendéncia que se volta para 0 estudo de varidveis contri- buiu para a hegemonia do experimento e da medigao na psicolo- gia social norte-americana. Alias, esses processos dominavam na- quele momento 0 espago da psicologia como ciéncia-mae que, por sua vez, estava dominada por uma psicologia comportamental de base positivista. Devido a essa orientacao, proliferavam na psico- logia social na metade de 1930 as investigagOes voltadas para 0 estudo das atitudes, e as que tinham como base a medigao de ati- Digitalizado com CamScanner tudes orientadas para espa¢os diferentes de pratica e rela ciais, tais como as atitudes com relagdo a raga jos os 6 go trabalho ete. A categoria atitude aparecia assim on cretiza¢ao do enfoque comportamental cujo objetivo ere a comportamentos de individuos com relagao aos demais “Oeundy das atitudes esteve em moda por mais de uma década e velar uma quantidade infinita de definigoes do termo com suas a . de medicao correspondentes. ame Na década de 1930, ocorre uma importante migragao de psi- cdlogos e cientistas sociais europeus para os Estados Unidos e isso vai ter uma influéncia profunda no desenvolvimento da psico- Jogia social daquele pais. Assim, autores tao relevantes quanto Lazarsfeld, Adorno, Marcuse e Fromm emigram para os Estados Unidos, influenciando de uma maneira geral o desenvolvimento das ciéncias sociais no pais. Talvez a migragao mais importante tenha sido a dos psicdlogos da gestalt, que nao faziam psicologia social na Europa mas que, ao confrontar-se com 0 behaviorismo predominante nos Estados Unidos, acabaram sendo responsaveis pelo movimento da psicologia social cognitiva norte-americana, que tanta importancia teve nos Estados Unidos e no mundo todo na segunda metade do século XX. A guerra, como acontecimento social, causou um grande im- pacto no desenvolvimento da psicologia da época mas, especial- mente, definiu a orientagao ao estudo de grupos pequenos dentro da psicologia social norte-americana (Farr, 1998). O estudo dos grupos pequenos esteve em moda durante a década de 1950, e re- cebeu um forte estimulo com o trabalho de K. Lewin. Também nes- sa época sao desenvolvidos conceitos como lideranga, coesao gru- pal etc. McGuire identifica duas tendéncias com rela¢ao a investiga- ¢ao no desenvolvimento da psicologia social norte-americana: 0 estilo convergente e o divergente. A primeira, voltada para o fend- meno, é eclética, tem amostras extensas, multiplas variaveis inde- Pendentes; a segunda, voltada para a teoria, tem amostras peque- 1aS, variaveis independentes tnicas e medidas individuals. Como exemplo da primeira tendéncia temos as investigacoes de Hov- land e da segunda as de Festinger com relaga0 a dissondncia cog- que o autor define como orientagao teorica se orienta a verificagao de um conceito ena Digitalizado com CamScanner oes giram em torno desse conceito, embo vestigagao esteja totalmente on ao vee Premisgi, positivistas de verificagao, controle e predigao. De qualquer forma isso é interessante, porque o autor destaca um empirismo, cego, alheig a qualquer definigao de partida e guiado 7 corel de vary, veis que estdo além de qualquer reflexao teonca. Esse €, Dor exem plo, 0 caso do estilo convergente, enquanto que, dentro do mesiny espaco epistemolagico, desenvolve-se a tipo de investigagig que ja tenta seguir uma definigao teorica sobre aquilo que 6 estudg. do. Embora essa defini¢éo possa ser pontual, @ Suscetivel de ger acompanhada diretamente por evidéncias empiricas, na verdade j4 expressa uma preocupa¢ao com a produgao de conceitos capazes de gerar espacos estaveis de investigacao. Muitos autores, assim como McGuire, ignoram completamen- te a psicologia social que se produziu dentro da sociologia e que, nos Estados Unidos, teve sua raiz em G. Mead. Foi essa divisao que inspirou a diferenga entre as psicologias sociais sociologica e a psicologica, defendida por R. Farr. Embora essa diviséo tenha uma base nesses dois rumos tomados pela psicologia social em um momento historico concreto, hoje ela pode, a meu ver, inspi- rar um sociologismo errado, agora que ja temos a oportunidade de conciliar aqueles dois rumos dentro do espa¢o de uma psicolo- gia social que vai mais além da definigao individualista e compor- tamental que inspirou o rotulo de psicologia social psicolégica. No entanto, o germe da dicotomia entre o social e o individual nao vem unicamente da psicologia comportamental de orientagao individualista, mas também da sociologia positivista de Durkheim, que afirmou: “Nao temos nenhuma objegao a que se caracterize a sociologia como um tipo de psicologia, desde que tenhamos 0 cui- dado de acrescentar que a psicologia social tem suas proprias leis, que nao sao as mesmas da psicologia individual” (Apud R. Fart, 1998, p. 152). Dessa perspectiva, o individual e o social represen- tam dois tipos de fendmenos diferentes e portanto tém que estat integrados em dois objetos também diferentes para as quais se orientam duas ciéncias também diferentes: a psicologia e a socio- logia. O espago simbdlico reificado na divisdo da psicologia social psicologica e na psicologia social sociologica perpetuou uma di- cotomia que s6 teve valor em um determinado contexto historico e sob uma determinada representagéo da ciéncia, a positivista. No qualas investiga¢ Ta a in Digitalizado com CamScanner entanto, se extraida dacuele contexto e daquela visio, essa dico- romia pode dificultar o desenvolvimento de um espago integrador da psicologia, cujo desafio sera 0 tema de nosso terceiro capitulo A figura deG Mead foi central para o desenvolvimento da psi- cologia social sociologica nos Estados Unidos. Mead chegou a Chicago para trabalhar como professor a convite de J. Dewey que em 1894, foi designado chefe do Departamento de Filosofia daque. Ja Universidade. Permaneceu nela até 1931, ano de sua morte. A influencia de Mead produziu-se sobretudo na area de sociologia, porque seu pensamento foi totalmente ignorado pelos psicdlogos que se desenvolviam dentro do imaginario naturalista e ambienta- lista do condutismo watsoniano que, alias, tinha obtido um extra- ordinario poder politico-institucional com a eleigao de Watson para presidente da APA no periodo entre 1912 e 1915 O trabalho de Mead reivindica a importancia da linguagem como forma de interagao simbolica, algo que tinha passado des- percebido até para Skinner. A partir dai, a linguagem passa a ser considerada como um aspecto importante no desenvolvimento daquela psicologia social sociologica, fortemente voltada para o estudo dos processos de comunica¢ao. Mead da um passo impor- tantissimo ao reconhecer que 0 self € socialmente produzido como expressdo da interagao social. No entanto, 0 outro aparece em uma dimensao externa com relagao ao sujeito, esse outro aparece na dimensao do role assumido pelo individuo. Ao assumir os roles do outro, nos vamos convertendo em um objeto para nds mesmos E interessante que essa visdo social da mente vai se desenvolven- do paralelamente aos trabalhos de Vygotsky com relacao as crian- cas com necessidades especiais entre 1924 e 1930 e que a concep- cao do social naquele primeiro Vygotsky, como ja vimos no capi- tulo anterior, é também a de um transito de fora para dentro, atra- ves da interiorizagao. Para Mead os outros sao a via de desenvolvimento do self, ¢ esse transito se da através da comunicagdo. Assim, em 1934, Mead escreve: Nao conhego nenhuma outra forma de conduta, além da linguisti- ca, na qual o individuo seja um objeto para si e, até onde posso ver, onde o individuo nao é uma pessoa no sentido reflexivo, a menos que seja um objeto para si. E esse fato que confere uma im- icaga , pois trata-se de um tipo de con- teage frente a si proprio (p. 173). Digitalizado com CamScanner ‘Mead analisa 0 self no processo ‘da ago eda Comunicg at mana. No entanto, essa comunicagao sempre encontra gy, = i. ria-prima fora, nos gestos e significados produzidog Delog otra Isso 86 ocorre em uM determinado momento da ontogénes a nao na generalizagao produzida por Mead com relagao 4 ‘ie lag ciéncia do significado que sempre implica uma resposta Que p is. supée a existéncia do outro. Nesse sentido, a Comunicagag 5e ie solutiza como meio de produgao do psicologico 0 self anaten como um epifenémeno do processo comunicativo, sem nenh capacidade geradora. Em certa medida isso aparece també Vygotsky da primeira fase. No entanto, Vygotsky escapa dg Ted. cionismo sociologico de Mead gragas ao conceito de fungao Z quica superior que ja configura um sistema com capacidadg one dora que, embora produzido socialmente, se expressa de forma gi. ferenciada em nivel psicoldgico na historia dos sujeitos singulares, Por outro lado, no contexto historico da obra de Mead, con- ceito de self é de grande importancia, uma vez que a Mcorporacéig de um significado ao self resulta de uma relac&o com 0s outros e isso supera a mera consciéncia de uma estimulagao que termina por se concretizar em uma conduta. Ressaltar a importancia dos processos de significacdéo socialmente produzidos como aspecto central na constituigéo do self representa, sem duvida, um mo- mento marcante no desenvolvimento de uma visao social da men- te, que rompeu com o naturalismo predominante na psicologia da €poca. No entanto, de certa maneira, isso também aumentou cada vez mais a distancia entre uma visdo social e uma visdo psicoldgi- ca da mente, jé que a visdo social enfatizava os processos simbdli- cos e de significagao, mas nao incluia outros processos mais pes- Soais e individuais, de carater emocional. Embora esses proces- sos fossem também sociais por sua génese, nao podiam ser 1e- presentados através da Significagao e dos rumos conceituais da nascente psicologia social sociolégica. Esses sao os process0s que Vygotsky conceitualizou como sentidos, como vimos no pt meiro capitulo deste livro. Nessa segdo, analisaremos Mead apenas como um momento importante no desenvolvimento historico da psicologia social, po Sua obra significou um giro na diregio de um novo tipo de psico” 1a social: a psicologia social sociologica que, de uma forma ou 4 Digitalizado com CamScanner pals correntes do pensamento da Palco ain Outro aspecto importante na def elt genta a caracteristica processual desge sistema pete 4 ge ao carater estatico e descritivo que car, Nace Cue aG tinidades ee a Se em um: icologia social comportamental (atit Fr nropOsta de psicologia social oan siesta sua continuacao na Sociologia, com o interacionig ny istution Para Mead, como indica Robert Farr (1998), “o ato ogo ne a unidade de analise basica da psicologia ‘social” dr ap 3 qual se inicia, a meu ver, a exclusao logressiva co : indi dual da psicologia social, substituindo-o, dessa Outra aoe sociologica, pelos processos de comunicagao. Isso Pips es congruente com a afirmagao feita por Moscovici, muitos 2 mais tarde (1986), quando disse: ; ene tra, esté presente, Como Veremos n; segao, na: 70, nas princi- lOgia social até nossos dias. finigdo do Se Como ¢ facil de imaginar, nao existe unanimia: esse : aid lade nesse ponto, Mas creio que na atualidade, apés 0 abandono do condutismo, o numero daqueles que estariam de acor ) do coma definicao que es- tabeleci em 1970 seria mais elevado; e eu formularia, ae entao, como objeto central, exclusive da Psicossociologia, todos os fendmenos relacionados coma ideologia e a comunicagao, or- denados segundo sua génese, estrutura e fungao (p. 19). Essa psicologia social sociologica, na qual se coloca Moscovi- ci, reivindica a importancia dos processos que tém sua génese no social, e critica a psicologia social individualista classica, que con- cebe as “causas” do comportamento em nivel intrapsiquico. Com telagao a isso, escreve Blumer (1969): No esquema psicoldgico tipico, da mesma maneiza, fatores como motivos, atitudes, complexos ocultos, elementos de organizagao psicolégica e processos psicolgicos séo usados para explicat a conduta, sem nenhuma necessidade de considerar a interagao social. A interagao social passa a ser 0 mero forum atraves do qual os determinantes psicolégicos ou sociolégicos estimulam a ex pressao de formas determinadas de conduta humana (p. 7). ace e1 10 Blumer resgata 0 espago ativo da interagao, no Saar que se refere as formas de constituigao do tecido ine ee an tam por todos os espacos de interagao e que nao sa gi Digitalizado com CamScanner car a importancia da interagao, Bh, is: Apoeet ovo dos participantes nessas interags at nhece enti don thy carater ativo a um processamento de sentidgs ia Prag ae Com referencia a isso, ele escreve (1968): Em virtude desse processo de comunica¢ao consigg Mesing terpretagdo se converte em um caso de manipulagio dg an in autor seleciona, checa, suspende, reagrupa e transforma te kay tidos a luz da situagdo em que se encontra € das diregieg de. en. agao [...]. A interpretagao nao deve ser considerada como Sug mera aplicagao de sentidos estabelecidos esim como um as Img s0 formativo no qual os sentidos sao usados € revisados come trumentos para 0 roteiro e a formacao da aco (p. 5). Ins, Como podemos observar, 0 autor refere-se aos Sentidos, mag esses sentidos antecedem 0 sujeito da comunicagao. Ou Sja, ele os usa, mas nao os produz. O carater ativo de sujeito Teduz-se 3 “usar e revisar os sentidos como instrumentos para 0 roteiro ¢ 3 formagao da agao”. No entanto, nota-se que a questo da prody. co de sentidos é algo contraditorio para ele que, em sua obra, nig chega a resolver o problema, inclusive porque nao esclarece a que se refere quando fala de sentido. Assim, tentando preservar 0 ca- rater singular do sentido, ele indica, em outro momento da mesma obra: “O sentido dos objetos para uma pessoa se desenvolve fun- damentalmente fora da maneira em que eles (os objetos) sao defi nidos para ela pelos outros com quem interage” (p. 11). Aqui se observa a tentativa de manter a especificidade da pessoa na pro- dugéo do sentido, mas também a impressao que temos é que Blu- mer usa 0 termo “sentido” como significado, ja que, para ele, 0 sentido é uma producao relacional e/ou pessoal que nunca se defi- ne explicitamente de fora, e que 6 sempre parte de um process0 que envolve as pessoas de forma diferenciada Blumer tenta articular a pessoa ea producgao social em uma s! tuagao interativa. Posteriormente, essa articulagao se perde na psicologia social sociolégica, pois o sujeito vai ficando fora de sta produgao ¢ também ficam fora os processos subjetivos que catac terizam os espagos sociais. Segundo Farr, em uma interpretaga? que compartilho (1998): een entre Mead e Blumer sao tao grandes que ¢ aif a bi tiltimo tenha alcangado uma compreensao pete? icado da obra do primeito, Mead propos uma filosof Digitalizado com CamScanner completa da ago, Blumer estava mais j i Boar seeode aoenantine eee Interessado na interpreta- naviorista social (p. 157). Talvez seja essa diferenca indicada por F, re i ‘ alr que faz plumer preocupe-se muito mais com g ine a fs com que cao no contexto interativo, lesenvolve a Apsicologia social sociolégica te as encialmente através da comunica mais tarde sera agregado Oideolgic. na citagao de Moscovici. No entanto, a meu ver, fica : : , ficam f tentativa tanto a defini¢éo do Social como sistema comes i to 0 lugar ativo e contraditorio do sujeito individual dentro on sistema. Essa tendéncia adotada pela Psicossociologia em um dete minado momento hist6rico é muito bem ilustrada em uma citar oe de Femandez Christlieb que, alias, tomou-se emblematica nos inate varios trabalhos sobre o tema, pois expressa com toda clareza o rumo que marcou a evolucao desse movimento Nos anos 80 € 90. O autor escreve (1990): | nta Tesgatar 0 valor do social Cao e do Telacional, aos quais ©, Como vimos anteriormente Ja que os fenomenos sociais nao estao estritamente dentro dos individuos, qualquer explicagao psicologica que deles se dé tam- pouco pode estar; dai o fato de a colocarem no vinculo, nexo ou Intera¢ao sociais, com énfase em sua instancia simbdlica ou sub- jetiva. E por isso que a comunicagao passa a ser 0 objeto da psi- cossociologia (p. 171). Na minha opiniao, o fendmeno relacional se organiza em um spa¢o social vivo, portador de uma historia e de uma forma atual de organizacao. Mas niza-se também através das acées dos m, que trazem suas proprias historias na Essas historias constituem suas agdes produzindo, assim, novos focos de isiveis em termos da organizagéo Subjetivacao que SAC desses espacos As posigdes sustentadas pelos autores mencionados acima Som relacao a psicologia social sociolégica s4o totalmente con- Muentes com a posicao defendida por Mead, ou seja, que 0 ato co- Municativo é a unidade basica de andlise da psicologia social, pi- Digitalizado com CamScanner das situagoes interativas mas deg CONS da as de organizagao © 0S PIOCESSOS que poy ry toggugo de insta > recat ya complexos, como as instituigoes, a sociedade vista em ni cro, os processos politicos etc. hy Coma psicologia social sociolégica surge uma Psicolg ida verdadeiramente para 0s fatos e processos SoCiais, No ene to, sua énfase na comunicagao a val dirigindo para um noyg “ que deixa de lado importantes produgoes Sociais de catty cologico, pois, em termos psicologicos, nao fica claro a a tipo de unidade utilizada, ja que a comunicagao éum cape 0 estudo de todas as ciéncias socials. Apesar disso, a repr sent comportamental da psicologia centrada nos individuos foj fy. te que o proprio conceito de Representagao Social - através dg se foi apresentando um conjunto de fenomenos € prOcessos op produces sociais — também surgiu na investigagao empiricg ge forma totalmente descritiva, uma forma semelhante & que ocorray com outras categorias que também foram utilizadas pela psicologi, social, tais como a da atitude e a da opiniao (Wagner, 1998) A separacao entre psicologia social psicolégica e psicologia sociolégica nao permitiu que essa ultima se alimentasse das te. presentagdes e processos que vinham se desenvolvendo nas varias tendéncias que vinham evoluindo na ciéncia psicologica. Com efeito, é interessante observar que quando os proprios psicdlogos sociais resgataram Vygotsky para 0 campo da psicologia social, o colocaram ao lado de Mead, ou muito relacionado com as posi¢des de Mead (Farr, Blanco, Wagner, Moscovici). Mas, na verdade, a grande diferenga entre Mead e Vygotsky é que Mead se concentla na comunicagao, na linguagem e na agao, enquanto Vygotsky vol ta-se para a producao de uma teoria psicolégica na qual a lingua gem, a comunicagao e a ago sao importantes sim, mas importalt tes para o desenvolvimento de uma teoria psicologica geral, (ue vai adquirindo formas diferentes ao longo de seu trabalho _Na construgao de seu objeto, a psicologi tenta tambem delimitar sua especificidade, eee A cers ps Pe Considerados como sociais que, com0 vimos " desta se¢a0, vio desde o comportamento em si'U® 1 aie socialmente produzidos, onde? vs expressam neles aparece mais ©” Digitalizado com CamScanner ‘at resultado do que como um elemento con os, como a comunicagao, a ideologia @ pttiuinte daseee pro: , 4S representacdes so- « No entanto, a sociedade e seus yar; se ciais. : Vatios espagos, processos 3 rganizagoes nao fez parte da constmgao historica ne pl a cial, 0 que talvez se explique pela notori 7 pes psicologicas na economia, na Se aarees ce Sampos afins das ciencias sociais. Chegou-ge ao paradi _ ae gescola, que é um campo historico da chamada Pelco Sans iar, nao era estudada como problema da Psicologia Gat ee jaera objeto de outro campo da ciéncia psicologica. Essa foe apoiou na defini¢ao fenoménica de objeto dominante na eae co da psicologia como consequéncia da heranga positivista que dominou esse campo epistemologicamente. Outro dos aspectos que influenciaram essa fragmentagao da psicologia foi a divisao entre psicologia basica e psicologia aplica- da. Essa diviséo nao permitiu que se compreendesse a relacao ne- cessaria entre teoria, investigagao e pratica que caracteriza qual- quer campo de gaber. O resultado foi que, tanto na psicologia so- cial, como em outras areas consideradas aplicadas, foram incorpo- rados problemas que nao eram acompanhados de nenhum nivel de construcao tedrica e se associavam com prdaticas que automati- cae irrefletidamente eram aditadas a um campo ou a outro. Exem- plos disso foram 0 aprendizado como area da psicologia escolar, ou o estudo dos grupos pequenos como campo da psicologia so- cial, quando, na verdade, essas questdes podem ser simultanea- mente problemas dessas duas areas da psicologia 2.2. A psicologia social em sua passagem de significado a discurso - De Mead ao construcionismo social 2.2.1. As consequéncias do pensamento de Mead para a evolu ¢4o da psicologia social le 7 Como ocorre com todas as teorias, a de Mead inftuencen varias maneiras 0 cendrio da psicologia social. Nesta sect” ; omu- abordar com mais detalhe apenas como 0 significado eoato best a i asic m aicass a nwivilocriado na construgeo CP Digitalizado com CamScanner

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