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FACULDADE PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA


AMAZÔNIA – FADESA

LEIKA SILVA JUNQUEIRA

APONTAMENTO SOBRE O CONTRATO ALEATÓRIO, CONTRATO


PRELIMINAR E CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR (ARTS.
458 AO 471 DO CÓDIGO CIVIL).

PARAUAPEBAS – PA

2020
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LEIKA SILVA JUNQUEIRA

APONTAMENTO SOBRE O CONTRATO ALEATÓRIO, CONTRATO


PRELIMINAR E CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR (ARTS.
458 AO 471 DO CÓDIGO CIVIL).

Trabalho acadêmico apresentado à FADESA –


Faculdade para o Desenvolvimento Sustentável da
Amazônia, como requisito parcial para composição
de nota do 2° bimestre de Direito, na disciplina de
Direito Civil III, do 4° semestre, matutino.
Orientador (a): Prof.ª Rayssa Mota.

PARAUAPEBAS – PA

2020
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DOS CONTRATOS ALEATÓRIOS

Contrato Aleatório é o bilateral e oneroso em que pelo menos um dos contratantes


não pode antever a vantagem que receberá em troca da prestação fornecida.
Ex: Contrato de seguro, contrato de aposta.
O Contrato Aleatório divide-se em:
Aleatório por natureza: como os contratos de seguro, jogo ou apostas.
Acidentalmente aleatórios: que serão de 2 espécies:
1 – Venda de coisas futuras, em que o risco pode referir-se a própria existência da
coisa (art. 458 cc);
2 – Venda de coisa existente, mas expostas a riscos (art. 460 cc).

 Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros,
cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro
direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte
não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.
Risco concernente a própria existência da coisa (emptio spei): ex: alguém
vende uma colheita futura, sendo que o adquirente assume o risco de o produto
nem existir no momento da colheita (geada, pragas, etc.). Caso o risco se
consume, o vendedor terá direito a receber integralmente o preço, exceto se o risco
se consumou por dolo ou culpa sua, caso em que o contrato será nulo e o valor
deverá ser devolvido.
 Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o
adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também
direito o alienante a todo preço, desde que de sua parte não tiver concorrido
culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
 Parágrafo único: Mas, se dá coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e
o alienante restituirá o preço recebido.
Risco relativo a quantidade da coisa esperada (emptio rei speratae): No exemplo
da colheita futura, se o adquirente assumir risco de existir em qualquer quantidade, o
alienante também terá direito a todo o preço caso a quantidade venha a ser menor.
Porém, se não existir quantidade alguma, o contrato ficará nulo e o alienante deverá
restituir o valor pago.
 Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas
expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante
a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia
do contrato.
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 Art. 461. A alienação a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada
como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava
a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.
Venda de coisas existentes, mas exposta a risco: ex: venda de mercadorias
transportadas por um navio pequeno, cujo risco de naufrágio foi assumido pelo
adquirente; o alienante terá direito a todo preço, mesmo que já tenha até naufragado
na data do contrato (art.460). Porém, se o alienante já tinha ciência da consumação
do risco (naufrágio) e o mesmo assim efetuou a venda, a alienação poderá ser anulada
pelo prejudicado.
DO CONTRATO PRELIMINAR

Contrato preliminar é aquele que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo;
trata-se de uma promessa de contratar, gerando direitos e deveres para as partes que
assumem a obrigação de futuramente contrair o contrato definitivo.
Exemplo: promessa de compra e venda.
Os motivos que levam alguém a não contratar de forma definitiva são diversos, tais
como, porque o pagamento será feito parcelado, por estar no aguardo da liberação de
um financiamento, ou por algum motivo particular ou mera conveniência.
 Art. 462 cc. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os
requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.
O contrato preliminar deve conter os mesmos requisitos exigidos para o contrato
definitivo, tais como capacidade, objeto lícito, possível, determinado ou determinável.
Porém, não se exige que o contrato cumpra os mesmos requisitos do definitivo em
relação a forma.
 Art. 463 cc. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no
artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento,
qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando
prazo à outra para que o efetive.
 Parágrafo único: O contrato preliminar deverá ser levado ao registro
competente.
Como o contrato preliminar não precisa obedecer a mesma forma que o definitivo, não
há necessidade de escritura pública, por exemplo, podendo se dar por instrumento
particular. Portanto, entende-se que a previsão de ser levado a registro competente é
para que tenha efeitos em relação a terceiros, mas não é requisito do contrato.
 Art. 464 cc. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a
vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato
preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação.
 Art. 465 cc. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá
a outra parte considera-lo desfeito, e pedir perdas e danos.
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Se o estipulante não cumprir a promessa, restando inadimplemento na obrigação, a


outra parte poderá, se assim quiser, rescindir o contrato e exigir indenização por
perdas e danos.
 Art. 466 cc. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de
ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou,
inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.
Nesse tipo de contrato há uma promessa unilateral de que somente uma das partes
pode exigir a celebração do contrato definitivo. A parte que pode formula a exigência
é o credor e a parte que deve se sujeitar a essa exigência é o devedor.
Exemplo: Reserva de mesa em um restaurante. O restaurante (devedor) é obrigado
a celebrar o contrato definitivo, porém, a pessoa que fez a reserva (credor) poderá
comparecer ou não ao restaurante e efetivar o contrato definitivo.
O contrato preliminar unilateral poderá ser estipulado com prazo ou sem prazo. Se o
contrato estipular prazo, o credor deve manifestar-se no prazo previsto. Caso o
credor não se pronuncie dentro desse prazo, a operação perderá o efeito jurídico.
Porém, não sendo estipulado prazo para que o credor se pronuncie, cabe ao
devedor assinar um prazo para este pronunciamento. Considera-se desfeito o contrato
na hipótese de o credor não se pronunciar dentro do prazo assinado pelo devedor.

DO CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR (ARTS. 467 A 471 CC)

Nessa modalidade contratual pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar
a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. Essa
avença é comum nos compromissos de compra e venda de imóveis, em que o
compromissário comprador reserva para si a opção de receber a escritura definitiva
ou indicar terceiro para nela figurar como adquirente. Feita validamente, a pessoa
nomeada adquire os direitos e assume as obrigações do contrato que, pela sua
natureza, não demonstre incompatibilidade.
Participam desse contrato: o promitente, que assume o compromisso de reconhecer
o amicus ou elegendo; o estipulante, que pactua em seu favor a cláusula de
substituição; e o electus, que, validamente nomeado, aceita sua indicação, que é
comunicada ao promitente. A validade do negócio requer capacidade e legitimação
de todos os personagens no momento da estipulação do contrato.
Exemplos:
Um condômino que quer adquirir outras quotas da copropriedade sem prejuízo
de revelar-se depois, uma vez realizada a operação, valer-se de um
intermediário que estipula em nome próprio, mas reservando- se a declarar em
favor de quem efetivamente estipulou.
Adquirente pretende adquirir um imóvel e não aparece ao proprietário em
função de sua condição pessoal para evitar elevação do preço.
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Dono de um imóvel, não deseja vende-lo, por motivos pessoais a determinada


pessoa que recorre a outrem para este fim.
Natureza Jurídica: há várias controvérsias em torno da natureza jurídica dessa
modalidade contratual, assim para alguns seria: estipulação em favor de terceiro,
contrato condicional, aquisição alternativa, sub-rogação, representação etc.
Entendimento prevalecente:
Teoria da condição: o contrato apresenta-se como contrato em nome próprio, sob
condição resolutiva e como contrato em nome alheio sob condição suspensiva.
Assim, desdobra-se o contrato em duas fases:
1ª o estipulante comparece em caráter provisório, ao lado de um contraente
certo, até a aceitação do nomeado.
2ª o nomeado (electus) passa a ser o dominus negotti.
O estipulante reserva-se a faculdade de indicar a pessoa (electus), no prazo de cinco
dias (art. 468 cc) que assumirá as obrigações e adquirirá os direitos respectivos (art.
469 cc), em momento futuro.
Se o nomeado não aceita a indicação, ou esta não é feita no prazo assinado, nem por
isso perde a sua eficácia. Continua válido, subsistindo entre os contraentes originários
(art. 479 cc); continua subsistindo ainda entre os contraentes originários se a pessoa
a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação (art. 471 cc).
Institutos Afins:
Temos semelhanças com vários institutos, vejamos alguns:
Estipulação em favor de terceiro:
Semelhança: exceção ao princípio da relatividade dos efeitos dos contratos.
Diferença: na EFT o estipulante e o promitente permanecem vinculados ao contrato
após a adesão de terceiro. No CPD um deles desaparece (estipulante).
Cessão de contrato:
Semelhança: ambas as figuras correspondem ao fenômeno sucessório no contrato.
Diferença: na CC o terceiro entra com efeitos ex nunc. No CCD o efeito é ex tunc (art.
469 cc).
Mandato: diferença: o mandatário declara sempre o nome do mandante que não é
indeterminado.

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