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REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA PESSOA IDOSA

O QUE É SER IDOSO?


“A vida é um sopro.” (Oscar Niemeyer, 2006)
Fonte:
https://www.rtp.pt/programa/tv/p31779

Video:
https://youtu.be/AYhpFEHJkkI?si=Y2ShEBxv4pzlNjH4
Contributo do meu pai (e avô), por contato telefónico:

“Cá estamos… Vamos levando a vida para a frente.. Com saúde…”

Reflexão sobre o meu pai e todos os pais e avôs com quem tive o privilégio de
me cruzar, ao longo de 45 anos:

Ser idoso é antes de mais uma lição de humildade.


A certeza que o sentimento de semideus já à muito foi purgado dos nossos corpos,
sobrando apenas aquilo que nos resumo à nossa individualidade.
Os anos avançam e a escala do tempo relembra-nos que as nossas ansiedades e
vontade, nada significam em comparação com a escala cósmica.

Ser idoso é também ter a capacidade de valorizar a reflexão e a capacidade de


encontrar a serenidade, que numa qualquer insana busca por uma verdade insofismável,
nos tente justificar a nossa existência e, nos permita elevar e encontrar algum conforto
espiritual.

O tempo deixa-nos muitas vezes ébrios com questões falaciosas… Qual é o meu
legado? Quem sentirá a minha falta? Fui competente como filho, pai, avô?
Todos nós traçamos o nosso percurso, percurso este de continuidade sobre o nosso
legado, vivências de anteriores gerações e transmissão de conhecimentos ao qual nos
acrescentamos. Definimo-nos como construção civilizacional.

O período da história renascentista assume um ponto de viragem, onde a figura


divina e resposta metafísicas, são destronadas pela figura do homem, racional e cientifico.
O homem torna-se o centro do universo.
Evoluímos e vivemos tempos cada vez mais apressados, com metas e objectivos a
cumprir, sem tempo a perder. Mas sempre com a sensação que deixamos algo por fazer.
Algures nestes tempos conturbados, de estado social, algures fomos perdendo alguma da
nossa essência.

Recordo a entrevista dada pela antropóloga Margaret Mead, na qual foi interpelada
com a questão, sobre qual seria para ela, o primeiro vestígio de civilização humana, tendo
respondido, prontamente: “Um fémur com 15 mil anos encontrado numa escavação
arqueológica.”
Aguardava-se que a professora falasse de anzóis, ferramentas ou barro cozido, mas
Mead deu continuidade à sua afirmação inicial deixando todos perplexos, justificando-se:

“O fémur estava partido, mas tinha cicatrizado. É um dos maiores ossos do corpo
humano (liga a anca ao joelho) e demora seis semanas a curar. Alguém tinha
cuidado daquela pessoa. Abrigou-a e alimentou-a. Protegeu-a, ao invés de a
abandonar à sua sorte”.

Este é o nosso dever e direito, refletir sobre os momentos disruptivos da história e,


procurar novamente conectarmo-nos individualmente à nossa memória coletiva, valorizando
todas as nossas múltiplas dimensões, completando-as, através da procura do
entrelaçamento afetivo com aqueles que são vulneráveis, e que necessitam em algum
momento da nossa partilha, apoio, respeito e suporte afetivo.

Somos parte de um todo e para esse todo nada somos. A não ser que, sejamos
recordados por quem um dia, incondicionalmente, nos amou… Este é o nosso real legado…
Conversas e silêncios, com o neto de 6 anos:

“Francisco, anda cá… o que te recordas do avô?

“Ahhhh.. Tenho saudades.


Gostava de ir ao Porto para os ver.
Podemos ir amanhã, Pai?”

… Um dia voltamos.”
RASCUNHO

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