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Ensinamento do Culto Mensal

Nobre é quem tem seu pensamento dirigido, a todo momento, para


a Causa Divina, orando pelo bem do mundo e do próximo.
Tempos atrás, escrevi um artigo intitulado "Eu, visto por mim mesmo".
Diferentemente dele, que foi escrito sob um ponto de vista objetivo, desta vez,
pretendo descrever, subjetivamente, meu estado de espírito tal como ele é.

Atualmente, creio que não existe uma pessoa tão feliz quanto eu, e minha
gratidão a Deus é constante e profunda. Qual será a causa da minha
felicidade? De fato, eu não sou uma pessoa comum, sobretudo porque Deus
me atribuiu uma grandiosa missão, e esforço-me dia e noite para cumpri-la.
Todos os membros da Igreja sabem que, através dela, um incontável número
de pessoas está sendo salvo. Todavia, existe um segredo da felicidade que é
fácil de ser praticado por qualquer pessoa, ou melhor, por quem não tem uma
missão especial como eu. Primeiramente, desejo abrir meu coração,
mostrando aquilo que é uma tônica em meu íntimo.

Desde jovem gosto de dar alegria ao próximo, a ponto de isso se tornar


quase um hobby para mim. Sempre estou pensando no que devo fazer para
tornar as pessoas felizes. Por exemplo, quando acordo pela manhã, minha
primeira preocupação é saber o estado de ânimo dos meus familiares. Se
houver uma só pessoa mal-humorada, já não me sinto bem. Na sociedade,
ocorre justamente o contrário: os familiares é que se preocupam com o
estado de ânimo do chefe da casa. Como procedo de forma oposta, acho isso
estranho e até fico um pouco triste. Portanto, para mim, é muito penoso
escutar xingamentos, gritos de raiva, reclamações e lamentações. Também
me é difícil ouvir repetidas vezes um mesmo assunto. Sou sempre pacífico,
feliz e abomino o apego. Esta é a minha natureza.

O resultado do que acabo de expor é um dos fatores determinantes da minha


felicidade. Por esse motivo, eu sempre afirmo: "Se não fizermos a felicidade
do próximo, não poderemos ser felizes." Acredito que meu maior objetivo - o
Paraíso Terrestre - estará concretizado quando meu estado de espírito
encontrar ressonância e expansão no coração de todos os homens.

Sinto-me constrangido por este artigo parecer um autoelogio, mas, se depois


de sua leitura, ele puder levar algum benefício às pessoas, ficarei satisfeito.

Por Meishu-Sama, em 30 de janeiro de 1950


O pão nosso de cada dia, vol. 2, poema 106
Ensinamentos para estudo

1- O Pragmatismo Religioso
O pragmatismo, apresentado inicialmente pelo conhecido filósofo norte-
americano Charles Sanders Peirce, tornou-se uma filosofia de âmbito mundial
propagada por William James que, hoje, chega a ser considerado seu criador.
No Japão, o termo pragmatismo é comumente traduzido como utilitarismo ou
praticismo; no entanto, parece-me mais adequado chamá-lo de "teoria em
ação".

Penso ser desnecessário falar minuciosamente a esse respeito, porque se


trata de uma teoria que todos que se interessam por filosofia já conhecem. No
momento, desejo discorrer sobre o pragmatismo religioso. Já me referi
anteriormente a seu respeito, mas torno a abordá-lo, para uma compreensão
mais aprofundada.

Quando se menciona pragmatismo religioso, temos a impressão de que todas


as religiões tradicionais o estejam adotando. Sabemos que elas realizam, por
exemplo, a divulgação por meio de textos, sermões, orações, rituais,
abstinências e práticas ascéticas. Lamentavelmente, não chegam a
influenciar o cotidiano, que é o mais importante.

Falando francamente, elas não passam de uma espécie de aprimoramento


espiritual, distante da vida real. Já o pragmatismo filosófico busca introduzir a
filosofia na vida prática, objetivando torná-la útil, o que demonstra claramente
o estilo americano. Pretendo fazer algo semelhante; porém, mais do que
introduzir a religião na vida prática, desejo estabelecer entre ambas uma
relação indissociável.

Ao contrário dos religiosos tradicionais, deixemos de ser intolerantes, isolados


ou idealistas. Abandonemos a visão de distanciamento do mundo e sejamos
iguais às pessoas comuns, buscando eliminar qualquer indício de fé que
cheire a mofo. Ajamos sempre de acordo com o senso comum em todos os
aspectos, tornando nossa fé imperceptível aos outros. Creio que a fé deva ser
incorporada a esse ponto. Ou seja, trata-se de agir com flexibilidade e
adequação.

Com essa explicação, creio que puderam entender, em linhas gerais, o que
vem a ser o pragmatismo religioso.
Alicerce do Paraíso Vol.4, 30 de maio de 1951
2- Sermão
Como é do conhecimento de todos, desde os tempos antigos, sem nenhuma
exceção, as religiões sempre se basearam em mandamentos, transmitindo-os
através de sermões. Na Igreja Messiânica, quase não se utiliza esse recurso,
e os nossos membros sabem disso. Vou explicar isso, levando em conta que
algumas pessoas têm dúvidas a esse respeito, e também, no caso de alguém
perguntar aos membros, estes poderem dar os devidos esclarecimentos.

O objetivo da religião é fazer com que o ser humano se arrependa de seus


erros, se modifique e passe a praticar o bem e, para tal, é necessário eliminar
as nuvens espirituais da alma. Quando esta se torna pura, a pessoa deixa de
praticar más ações, torna-se integra e passa a fazer o bem em prol do
próximo e do mundo.

Os sermões são meios de purificar a alma através da audição, uma vez que
os ensinamentos são ouvidos. Já a Bíblia, os sutras budistas e os
ensinamentos da Oomoto e de várias religiões evidentemente são meios de
purificação através da visão e do espírito da palavra. Nossa religião também
se utiliza desses meios, mas os considera secundários, tendo o Johrei como
seu principal meio de purificação.

Isso porque os métodos de purificação realizados por meio dos cinco sentidos
são indiretos e, naturalmente, seus efeitos são limitados já que se visa atingir
algo invisível, como a alma, através de meios materiais. O Johrei da nossa
religião projeta a Luz espiritual diretamente na alma, purificando-a, e seu
efeito, portanto, nem se compara ao dos métodos materiais, Isso também
pode ser visto no que se refere às doenças. Mesmo aquelas que não são
curadas após diversos tratamentos são debeladas com facilidade e em curto
espaço de tempo com o nosso método.

Dessa forma, como venho sempre dizendo, não somos uma religião, mas sim
uma ultrarreligião.

Religião, em japonês, significa "ensinamento do fundador" e tem por princípio


salvar as pessoas através do ensinamento. Todavia, em nossa religião,
conforme já afirmei, os ensinamentos são considerados segundo ou terceiro
recursos, pois transformamos as pessoas em indivíduos do bem por meio do
Johrei. Com ele, obtemos cem por cento de eficácia, poupando tempo e
trabalho. Portanto, não seria exagero dizer que somos mais do que uma
religião. Visto que não encontrei uma denominação apropriada, chamei-a
Igreja Messiânica provisoriamente. Pelo fato de até hoje não ter existido uma
salvação tão maravilhosa como essa, é inevitável que não exista um nome
para ela. Creio que não há alternativa, senão chamá-la de "Luz da Salvação".
Alicerce do Paraíso Vol.1, 25 de agosto de 1952
3- Leiam o Maia possíveis os Escritos Divinos

Como todos sabem, até agora viemos nos valendo do Johrei e das
publicações para divulgar nossa religião. Daqui em diante, vamos difundi-la
também em diversas localidades por meio de mesas-redondas, palestras etc.,
ou seja, por meio da audição. Até agora, tínhamos a difusão por meio da cura
de doenças e da visão. Daqui em diante, acrescentaremos a difusão por meio
da audição. Esperamos obter resultados significativos com esse método "três
em um".

Naturalmente, a difusão por meio da audição significa que explicaremos tudo


sobre nossa religião por meio da palavra, demonstrando que se trata de uma
religião extraordinária. Entretanto, para conduzirmos as pessoas a tal
compreensão, é necessário que nós mesmoS tenhamos vasto conhecimento
sobre a fé. Afinal de contas, precisamos despertar-lhes o sentimento de
desejar ingressar na fé messiânica por sentir que é realmente boa e
maravilhosa.

Muitos dizem que não sabem falar bem e que são péssimos oradores.
Todavia, esse é um pensamento equivocado, pois não é com belas palavras
que conseguimos tocar o coração do próximo. Como sempre digo, o que
move as pessoas é o nosso makoto. É com ele que tocamos a alma do
ouvinte, ou seja, nós a despertamos e a movemos. É só isso. Logo, falar bem
ou não é uma questão de segunda ordem.

Mesmo para sensibilizar as pessoas com nosso fervor e makoto, precisamos


ter entendimento suficiente para tal. Assim sendo, faz-se necessário
aprimorar o próprio conhecimento e, acima de tudo, ler os escritos divinos.

Haverá muitas oportunidades em que as pessoas nos farão perguntas e,


obviamente, elas não ficarão satisfeitas se as respostas não forem
convincentes. Por conseguinte, por mais difíceis que sejam essas perguntas,
precisamos dar-lhes respostas convincentes. Devemos nos acautelar o
máximo, pois há pessoas que, sob pressão, respondem com mentiras. Às
vezes, diante de perguntas difíceis, há quem se esquive por meio de
respostas evasivas, mas isso não deve ocorrer de maneira nenhuma. Aos
seguidores de Deus mentir é imperdoável. Se não souberem responder,
deverão dizê-lo francamente. No entanto, pelo receio de que, agindo assim,
serão desprezados, costumam fingir que sabem. Procedendo dessa forma, o
efeito será sempre o oposto. Por outro lado, quando se admite
desconhecimento, a confiança se estabelece graças à sinceridade do outro.
Por mais inteligente que alguém seja, ninguém sabe tudo. Assim sendo,
desconhecer algo não é nenhuma vergonha.

Às vezes, as pessoas me fazem perguntas sobre assuntos que já estão


publicados nos Escritos Divinos. Isso se verifica porque elas estão faltando
com sua leitura no cotidiano. Portanto, os Escritos Divinos devem ser lidos
tanto quanto possível. Quanto mais os fiéis os lerem, mais aprofundarão sua
fé e mais polida se tornará sua alma. Aqueles que negligenciam sua leitura,
vão perdendo a força gradativamente. À medida que a fé se aprofunda, mais
a pessoa terá vontade de ler. É bom que o faça repetidas vezes, até que os
escritos se tornem parte do seu ser. Evidentemente, quanto mais leitura.
realizar, mais nítida será a compreensão da Vontade Divina.

Gostaria de aproveitar a oportunidade para acrescentar outro ponto. Muitas


vezes, no caso do Johrei, há ministrantes que, embora não saibam a causa
da doença, fazem ares de quem a conhece, o que é o mais repreensível. Tais
pessoas, em especial, tendem a usar o subterfúgio de dizer que algo é
espiritual quando não ocorre a cura esperada. Na verdade, é difícil determinar
se a causa de uma doença é material ou espiritual. Originariamente, o
homem é uma unidade espírito-matéria; logo, não há tal distinção no caso do
Johrei. Isto porque, se o espírito se cura, o mesmo ocorre com a matéria, e
vice-versa. Por outro lado, quando o praticante de Johrei vê que há
recuperação rápida através deste, acha que se trata de uma purificação
comum; se ocorre o contrário, pensa que a causa é espiritual, mas isso é um
grande erro. Tal postura assemelha-se à do médico que atribui características
de tuberculose a uma doença de difícil cura.
Alicerce do Paraíso Vol.4, 29 de novembro de 1950
4- Poema 93 - Ainda que não represente nem a milésima parte das
bênçãos que me concedestes, recebei esta oferta como símbolo de
minha sincera gratidão.

"Vou curá-lo, por isso tenha gratidão" ou "Se eu for curado, quero ter a
permissão de ingressar na fé" - dizer isso ainda é tolerável. Há também quem
diga: "Se eu sarar, farei o favor de ingressar na fé." Nesse caso, não se sabe
quem é superior.

Na verdade, agradecer depois de ser curado é o mesmo que utilizar Deus


como empregado, pagando-Lhe um salário: "Fez esse trabalho, por isso
vou-lhe pagar determinada quantia." Com tal procedimento, até mesmo Deus
virará as costas. Esse é um ponto realmente difícil.

Por outro lado, a oferta monetária não deve ser recomendada a quem não
tem sido muito agraciado. No passado, dentre os missionários de certa
religião, alguns costumavam dizer às pessoas que estavam sofrendo com
doenças que elas seriam salvas se oferecessem certa quantia. Houve casos
em que a pessoa ofertava a quantia pedida, não sarava e acabava morrendo.
Nessas ocasiões, eu dizia que aquilo não era obra de Deus, mas dos Seus
mensageiros, os quais estavam cometendo fraudes.

O correto é a pessoa, após ter recebido a graça, oferecer o donativo com


verdadeiro sentimento de gratidão. Não se deve levá-la a fazê-lo de forma
automática ou por imposição.

Esquecer as graças alcançadas, inclusive a vida salva, e gastar muito


dinheiro em coisas fúteis, oferecendo pequenas quantias como
agradecimento, está fora de lógica. Conforme afirmei outro dia, é preciso
estar de acordo com a lógica.
Coletânea de Ensinamentos, vol. 22, 27 de maio de 1953
5- Poema 144 - Sinto-me imensamente feliz, pois estou no caminho do
Paraíso. Meu passado, que parecia um inferno, desvaneceu-se como um
sonho.

Quando salvamos um grande número de pessoas e somos úteis a Deus,


nossos pecados e impurezas vão desaparecendo. Sem eles, deixamos de
purificar. As diversas calamidades, os sofrimentos, vão acabando. Assim,
começamos a sentir paz interior e entregamos as preocupações a Deus.
Contudo, não é fácil obter a paz interior de uma hora para a outra. É preciso
que a pessoa se purifique o suficiente. Se ela entender isso, acreditar
verdadeiramente e, haja o que houver, não se abalar o mínimo que seja,
significa que alcançou a paz interior. Mesmo que esteja sofrendo um pouco,
encarará isso como purificação e, dessa forma, suas toxinas diminuirão.

É por esse motivo que as pessoas que ingressam na Igreja Messiânica


geralmente têm alcançado a paz interior. No entanto, como a purificação é
muito forte, alguns fiéis vacilam, pensando: "Por que isso está acontecendo
comigo?" É natural que pensem assim, pois são seres humanos. Se, ao
menos, compreenderem a causa, serão capazes de ultrapassar o sofrimento
facilmente. No meu caso, por exemplo, quando fui maltratado pela polícia no
ano passado, cheguei a pensar: "Na realidade, Deus não precisava chegar a
tal ponto." Por outro lado, refleti: "Por ter uma missão grandiosa, é natural que
eu sofra mais que as pessoas em geral."
O pão nosso de cada dia. vol.2, 5 de novembro de 1951
6- O pensamento Daijo e o pensamento Shojo em relação à dedicação

Outra coisa perigosa é acreditar piamente no que as pessoas dizem. Logo,


por mais que ouçam o que foi dito e o considerem correto, devem,
primeiramente, analisar se o que foi mencionado está de acordo com a
Vontade de Deus.

No caso de encontrarem alguns pontos que pareçam estar em. desacordo


com a Vontade Divina, consultem os Escritos Divinos. Dessa forma, como a
maioria dos assuntos é abordada em algum dos Escritos, analisem a questão
e tomem uma decisão. Muitos erros são cometidos, quando [vocês] não agem
assim.

Recentemente, houve um fato que quero mencionar. Um membro começou a


dizer o seguinte: "Como a Igreja Messiânica construirá o Paraíso, os lares
também devem ser paradisíacos. Sendo assim, no que diz respeito ao
dinheiro, somente a quantia que sobrou do. orçamento deve ser doada,
evitando criar dificuldades financeiras." Ainda segundo sua afirmação, este
seria o procedimento correto, pois assim não se sofreria monetariamente.
Doar dinheiro em condições financeiras difíceis significa a criação de outro
sofrimento e isso não estaria de acordo com a Vontade de Deus. É uma
afirmação que se baseia no antigo ditado: "A fé só nasce quando temos
tranquilidade financeira." Um membro, ao ouvir tal argumentação, ficou
impressionado e, então, esse ponto de vista foi- se espalhando. No final,
chegaram a dizer que os lares não se tornavam paradisíacos porque o
dinheiro era doado com sofrimento.

Então, outro membro começou a dizer que Deus está, atualmente, precisando
de muito dinheiro; logo, mesmo passando por um pouco de dificuldade,
devemos ofertá-lo. Diante disso, criou-se uma divergência entre esses dois
discursos. Não sei por que motivo, a primeira sempre ganhava da segunda.
Dado que a situação continuava confusa, chamei as partes e disse-lhes o
seguinte:

"A primeira afirmação de fazer com que o lar não passe por dificuldades está
certa. De fato, é isso mesmo. Também está correta a segunda afirmação que
Deus está precisando de muito dinheiro... e que é preciso ofertar dinheiro a
todo custo, por maior que seja o sofrimento, para construir, o quanto antes, o
Paraíso Terrestre e salvar o mundo. Ambas estão corretas. Só que uma é
daijo e a outra é shojo. A primeira é um pensamento shojo; a segunda, um
pensamento daijo. Então, no segundo caso, será que as pessoas passarão
por dificuldades por ofertarem dinheiro? Obviamente que não. Se for um
Deus que, embora Lhe ofereçam dinheiro, deixa a pessoa no estado de
sofrimento, é melhor deixar de adorá-Lo. Experimente doar em meio a algum
sofrimento. Ofereça com a deliberada intenção de passar por dificuldades. O
valor doado retornará multiplicado por dez. Longe de passar por dificuldades,
o dinheiro retornará a você abundantemente."
Falando-lhes dessa forma, ambas as partes entenderam. Principalmente as
pessoas de pensamento shojo compreenderam bem e, outro dia, vieram
pedir-me desculpas. Estamos sujeitos a esse tipo de acontecimento; por esse
motivo, achando que seria interessante que os senhores também soubessem
da existência de problemas dessa natureza, referi-me a eles aqui.

Coletânea de Ensinamentos, nº 11, 7 de junho de 1952

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