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Revista Brasileira de Gestão Ambiental e Sustentabilidade (2020): 7(17): 1543-1562.

ISSN 2359-1412
https://doi.org/10.21438/rbgas(2020)071732

Desafios para o concreto sustentável


Danillo de Almeida e Silva* e Carlos Eduardo Luna de
Melo
Universidade de Brasília. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Campus
Universitário Darcy Ribeiro. Asa Norte. Brasília-DF, Brasil (CEP 70842-970).
*E-mail: arq.danillo@gmail.com.

Resumo. O presente artigo busca referenciar a problemática do


uso do agregado reciclado para concreto e os mecanismos Recebido
relacionados à sua produção e qualidade, fatores que são 22/09/2020
preponderantes no desempenho do concreto reciclado. Os
Aceito
critérios elaborados para esse estudo têm como base os fatores
06/12/2020
que influenciam nas propriedades físicas, mecânicas e ambientais
do agregado reciclado, tais como conscientização da mão de obra, Disponível on line
processo de coleta, processo de beneficiamento e produção do 07/12/2020
concreto reciclado. O uso dos resíduos de construção e demolição
como agregado para produção de concretos reciclados, blocos Publicado
estruturais, blocos de vedação e outros componentes construtivos 31/12/2020
são uma realidade promissora, e estão sendo difundidos e
implementados em vários países com potenciais ganhos Acesso aberto
ambientais. Bons estudos estão sendo realizados em vários países
sobre o uso do agregado reciclado para concretos sustentáveis. Os
mecanismos para mitigar a problemática do uso deste material
tão abundante tem difundindo cada vez mais o potencial deste
material sustentável. A pesquisa teve como alvo periódicos de
pesquisas realizadas no Brasil e no exterior, normas brasileiras e
portarias que normatizam o uso do resíduo de construção e
demolição como agregado para concreto e materiais construtivos,
tendo como enfoque a produção com sustentabilidade. O
processo de beneficiamento do resíduo de construção e
demolição tem forte influência nas propriedades mecânicas dos
agregados, tais como granulometria, forma, textura e densidade, e 0000-0001-6402-8086
Danillo de Almeida e
podem ser controladas melhorando o desempenho do concreto Silva
reciclado e potencializando o seu ganho ambiental.
0000-0003-2160-6776
Carlos Eduardo Luna
Palavras-chave: Resíduo; Demolição; Concreto; Sustentabilidade. de Melo

Abstract. The challenge for sustainable concrete. This article


seeks to refer to the problem of the use of recycled aggregate for
concrete and the mechanisms related to its production and
quality, factors that are preponderant in the performance of
recycled concrete. The criteria developed for this study are based
on the factors that influence the physical, mechanical and
environmental properties of the recycled aggregate, such as:
awareness of labor, collection process, beneficiation process and
production of recycled concrete. The use of construction and

ISSN 2359-1412/RBGAS-2020-0138/2020/7/17/32/1543

Rev. Bras. Gest. Amb. Sustent.


http://revista.ecogestaobrasil.net
1544 Silva e Melo

demolition wastes as an aggregate for the production of recycled


concrete, structural blocks, sealing blocks and other construction
components is a promising reality, and is being disseminated and
implemented in several countries with potential environmental
gains. Good studies are being carried out in several countries on
the use of recycled aggregate for sustainable concrete. The
mechanisms to mitigate the problem of using this abundant
material have increasingly spread the potential of this sustainable
material. The research was aimed at periodical research carried
out in Brazil and abroad, Brazilian standards and ordinances that
regulate the use of construction and demolition waste as
aggregate for concrete and construction materials, with a focus on
sustainable production. The process of processing the
construction and demolition waste has a strong influence on the
mechanical properties of the aggregates, such as granulometry,
shape, texture and density, and they can be controlled by
improving the performance of recycled concrete and enhancing
its gain environmental.

Keywords: Waste; Demolition; Concrete; Sustainability.

Resumen. El desafío para el hormigón sostenible. Este artículo


busca referirse al problema del uso de agregado reciclado para
concreto y los mecanismos relacionados con su producción y
calidad, factores que son preponderantes en el desempeño del
concreto reciclado. Los criterios desarrollados para este estudio
se basan en factores que influyen en las propiedades físicas,
mecánicas y ambientales del agregado reciclado, tales como
conocimiento de la mano de obra, proceso de recolección, proceso
de beneficio y producción de concreto reciclado. El uso de
residuos de construcción y demolición como un agregado para la
producción de hormigón reciclado, bloques estructurales, bloques
de sellado y otros componentes de la construcción es una realidad
prometedora, y se está difundiendo e implementando en varios
países con beneficios ambientales potenciales. Se están
realizando buenos estudios en varios países sobre el uso de
áridos reciclados para hormigón sostenible. Los mecanismos para
mitigar el problema del uso de este material abundante han
extendido cada vez más el potencial de este material sostenible.
La investigación tuvo como objetivo la investigación periódica
realizada en Brasil y en el extranjero, las normas y ordenanzas
brasileñas que regulan el uso de residuos de construcción y
demolición como agregado para hormigón y materiales de
construcción, con un enfoque en la producción sostenible. El
proceso de procesamiento de los residuos de construcción y
demolición tiene una fuerte influencia en las propiedades
mecánicas de los agregados, tales como granulometría, forma,
textura y densidad, y pueden controlarse mejorando el
rendimiento del hormigón reciclado y aumentando su ganancia
ambiental.

Palabras clave: Residuos; Demolición; Concreto; Sostenibilidad.

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Introdução

A indústria da construção civil é a atividade humana com maior impacto sobre o


meio ambiente. Estudos realizados pelos pesquisadores Ribeiro e Dias (2013), Brasileiro e
Matos (2015), Cortese et al. (2019) estimam que 50% dos recursos naturais extraídos
estão relacionados à atividade de construção. Esta é, ainda, a responsável por
aproximadamente 15% do produto interno bruto (PIB) brasileiro, pela geração de 62
empregos indiretos para cada 100 empregos diretos e pela redução do déficit habitacional
e da infraestrutura, indispensáveis ao progresso (Karpinsk et al., 2009).
É natural que, tendo um papel tão representativo na economia mundial, a
construção civil seja também um dos grandes problemas ambientais. Cerca de 80% da
energia utilizada na produção de um edifício é consumida na produção e transporte de
materiais. Além disso, gera poluição em quase todos os seus processos, desde extração de
matérias-primas, à produção de produtos como cimento e concreto. Até mesmo na fase de
uso dos edifícios os impactos ambientais são inúmeros. Dados mostram que o volume de
recursos consumidos na fase de manutenção da edificação é praticamente igual ao
consumido durante a construção do edifício (Cabral et al., 2009).
As atividades de construção demandam uma notável quantidade de materiais
inertes, tais como areia e cascalho, que usualmente são fornecidos por meio da extração de
sedimentos aluviais. A extração desses sedimentos modifica o perfil dos rios e o seu
equilíbrio, além de introduzir problemas ambientais como a modificação em sua estrutura
hidrológica e hidrogeológica. A extração de material inerte de formações rochosas em
áreas acidentadas e montanhosas também é uma danosa atividade ao meio ambiente, uma
vez que altera a paisagem e provoca problemas de instabilidade ambiental (Lintz et al.,
2012).
A Indústria da Construção Civil constitui-se numa grande fonte geradora de
resíduos. Cerca de 30% de todo material empregado por ela é descartado como Resíduos
de Construção e Demolição (Brasileiro e Matos, 2015). Com relação à geração de resíduo,
no Brasil, algumas estimativas indicam valores da ordem de 230 kg-¹.hab¹.ano a
760 kg-¹.hab-¹.ano (IPEA, 2012) e outros apontam para valores próximos a 68,5 Mt/ano
(Silva et al., 2015). Conforme Brasileiro e Matos (2015), o RCD constitui uma importante
parcela dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), correspondendo em torno de 50% dos
resíduos gerados nos grandes centros urbanos.
A falta de gerenciamento desses resíduos afeta as cidades nos aspectos sociais,
econômicos e ambientais. Desta forma, ações no sentido de enfrentar este problema
tiveram início no final da década de 1980 em alguns países da Europa, enquanto que no
Brasil, somente no início do século XXI. O Brasil, até 2002, não tinha políticas públicas para
os resíduos gerados pelo setor da construção civil. Em 5 de Julho de 2002, entrou em vigor
a Resolução CONAMA nº 307/2002 (Brasil, 2002), a qual estabelece diretrizes, critérios e
procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, visando a proporcionar
benefícios de ordem social, econômica e ambiental. Em 16 de agosto de 2004, entrou em
vigor a Resolução CONAMA nº 348/2004 (Brasil, 2004), que altera o art. 3º, item IV, da
Resolução CONAMA nº 307/2002 (Brasileiro e Matos, 2015).
Segundo Brasileiro e Matos (2015), o crescente consumo de agregados naturais
juntamente com a crescente produção de RCD e as diretrizes da Resolução CONAMA nº
307/2002 (Brasil, 2002) e da Lei nº 12.305/2012 (Brasil, 2012), que instituiu a Política
Nacional de Resíduos Sólidos PNRS, têm levado à consolidação de técnicas de
reciclagem. O uso de agregados reciclados em misturas asfálticas tem sido um tema
interessante para a proteção do ambiente e desenvolvimento sustentável.

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De acordo com Buttler (2007), menos de 10% do resíduo gerado na construção e


demolição tem um tratamento adequado como: coleta, separação, processamento e
destinação para confecção de novos produtos. Estes podem ser: blocos estruturais, blocos
para vedação, blocos para piso, telhas, agregado graúdo e agregado miúdo artificial para
concreto e argamassa.
Estudos realizados por Santana et al. (2011) mostram que o concreto reciclado já
vem demonstrando uma boa atuação numa série de usos em obras urbanas, com a
obtenção de custos bastante benéficos. É possível programar sua utilização em concretos
para bases de pavimentos, estruturas residenciais com Fck < 20 MPa e produção de
artefatos pré-moldados em concreto (tubos, lajes, blocos).
Tendo em mente a grandiosidade da cadeia produtiva da Indústria da Construção
Civil, fica claro que não é possível alcançar o desenvolvimento sustentável sem que a
indústria da construção também se torne sustentável (Brasileiro e Matos, 2015).

Resíduos de construção e demolição

As origens dos Resíduos da Construção e Demolição (RCD) advêm de várias fontes


da construção civil, entre as quais temos estruturas de concreto, argamassas, elementos de
vedação e revestimentos, que podem ser compreendidos em determinadas fases de uma
obra. A reciclagem de entulho de obras de construções tem o objetivo de preservar o meio
ambiente, suprindo a demanda de novos materiais e dando destinação sustentável aos
resíduos, que seriam descartados em aterros ou despejados de forma irregular às margens
de rios e córregos.
Estudos examinaram o uso de resíduos de concretos e resíduos cerâmicos
advindos da construção como fontes de matéria prima para uso como agregados graúdos
para concreto (Gomes e Brito, 2007; Amorim e Brito, 2012; Silva et al., 2014). Outras
pesquisas abordaram o uso destes resíduos como agregado graúdo e agregado miúdo para
concreto (Alves et al., 2014; Stroher et al., 2017). Pesquisadores como Gomes e Brito
(2007), Amorim e Brito (2012), Bravo et al. (2015), Martins et al. (2016) possuem uma
ampla pesquisa no uso do agregado de concreto reciclado para produção de concretos
sustentáveis.
Neste contexto, pesquisas têm sido realizadas sobre a alternativa de
aproveitamento de resíduo de cerâmica vermelha, proveniente de tijolos e blocos
cerâmicos, em compósito de cimento Portland. Este tema tem sido o objeto de alguns
trabalhos, como os de Senthamarai e Devadas Manoharan (2005) em que foram
comparadas propriedades, como resistência à compressão, tração por compressão
diametral, resistência à flexão, módulo de elasticidade, absorção de água, retração,
porosidade aparente e variações dimensionais por oscilação de umidade. As comparações
sempre são feitas entre concretos com agregados oriundos de resíduos reciclados e
concretos moldados com agregados comumente utilizados, provenientes da britagem de
rocha.

Concreto e argamassas
Os entulhos de concretos e argamassa são classificados como classe A, pela
Resolução CONAMA nº 307/2002 (Brasil, 2002), e são passíveis de reciclagem, podendo
ser classificados como agregados graúdos e miúdos “areia e brita”. E dentre dos materiais
do RCD, os concretos são os mais promissores para a reciclagem e produção de agregados
para a Indústria da Construção Civil.

Cerâmica vermelha
Segundo a Resolução CONAMA nº 307/2002 (Brasil, 2002) material cerâmico é
classificado como classe A de entulho (resíduos recicláveis), podendo ser aproveitados

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como agregados miúdos e graúdos “areia e brita” para a Indústria de Construção Civil.
Compreende aqueles materiais com coloração avermelhada empregados na construção
civil (tijolos, blocos, telhas, elementos vazados, lajes, tubos cerâmicos e argilas
expandidas) e também utensílios de uso doméstico e de adorno. As lajotas muitas vezes
são enquadradas neste grupo, porém o mais correto é que sejam colocadas em materiais
de revestimento (ABCERAM, 2019).

Revestimentos e placas cerâmicas


São os materiais na forma de placas usados na construção civil para revestimento
de paredes, pisos, bancadas e piscinas de ambientes internos e externos. Recebem
designações tais como: azulejo, pastilha, porcelanato, lajota, piso (ABCERAM, 2019).

Uso do RCD-R como agregado para construção civil

A necessidade de desenvolver concretos com agregados não convencionais é


urgente por razões ambientais e econômicas. Pesquisas realizadas mostram que os
resíduos industriais e outros subprodutos como escória, filer e pozolana foram
adicionados na fabricação de cimentos “aglomerantes hidráulicos” utilizados para
fabricação de concretos com o objetivo de melhorar as propriedades do concreto e reduzir
seu custo (Bastos et al., 2016). Atualmente, o intuito de incorporar o RCD-R como
agregado no concreto estrutural e não estrutural, não é uma alternativa e sim um objetivo
para a sustentabilidade da construção civil (Brasil, 2002; Katz, 2004; Bastos et al., 2016).
Conforme Mesquita et al. (2015) a reciclagem na construção civil pode gerar
muitos benefícios, com reflexo direto na redução do consumo de recursos naturais não
renováveis. Alternativas sustentáveis têm sido avaliadas em relação à utilização dos
resíduos de construção e demolição reciclados como agregados em obras de
pavimentação, na produção de argamassas, blocos e artefatos de concreto, em sistemas de
drenagem e muros de peso em obras de contenção, entre outros.
A forma mais difundida de tratamento dos RCDs consiste na segregação da fração
mineral, que é triturada até a granulometria desejada, e, utilizada na própria Indústria da
Construção Civil (Mesquita et al., 2015). Com este objetivo, novos estudos de Campos et al.
(2018), El-Dieb e Kanaan (2018), Saeedi et al. (2018), Thomas et al. (2018), Wong et al.
(2018) e Shaban et al., (2019a) têm sido implementados na utilização do RCD para
concretos sustentáveis. Além de reduzir a destinação irregular desses resíduos, evitando a
poluição do meio natural, também poderão trazer razoável economia para as obras de
engenharia.
As plantas de reciclagem para o processamento desses resíduos são constituídas
essencialmente de um alimentador vibratório, britador primário/secundário e peneirador
vibratório. Tais instalações são classificadas como plantas de reciclagem de primeira
geração. No país, existem apenas 18 instalações de reciclagem públicas e privadas com
escala de produção pequena (cerca de 100 toneladas/dia de resíduos processados).
Algumas estimativas indicam um montante de 68,5 toneladas a 106 toneladas de resíduos
de construção e demolição por ano, sendo que, com as instalações em operação no país,
apenas 1% desse montante poderá ser reciclado (Buttler et al., 2006). Com esses dados
pode-se aferir que o Brasil apresenta um déficit de pelo menos 2.600 usinas de reciclagem
que seriam necessárias para processar o volume de resíduos gerados diariamente (Buttler
et al., 2006).
Devido ao déficit de instalações de reciclagem e ao elevado custo de transporte,
algumas empresas privadas e fábricas de pré-moldados estão investindo na aquisição de
equipamentos de reciclagem, com o intuito de reciclar os resíduos de concreto na própria
fonte de geração (Buttler et al., 2006; Brasileiro e Matos, 2015). Desta forma, a triagem dos
resíduos pode ser melhor aplicada, eliminando os contaminantes tão indesejáveis. E

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1548 Silva e Melo

influenciando o principal agente causador do RCD, a mão de obra da indústria da


construção civil, pode-se iniciar uma corrente de sustentabilidade na construção.

Meio ambiente sustentável


Tereza et al. (2020) relata que o estudo da sustentabilidade justifica-se diante da
realidade de que as futuras gerações do planeta sofrerão os impactos da contínua
exploração de recursos naturais.
O fenômeno de urbanização das cidades e o consequente adensamento das
mesmas, levaram a uma mudança no sentido da palavra progresso, quando se passou a
perceber que o mesmo só acontece em sua plenitude quando também são consideradas as
questões ambientais. Em 1987, com o surgimento do conceito de desenvolvimento
sustentável no Relatório de Brundtland, como um modelo de desenvolvimento que visa a
não apenas o momento atual, mas também garante condições às próximas gerações de se
desenvolverem, fez com que grande parte da sociedade se tornasse cada vez mais exigente
em relação ao meio ambiente (Carneiro, 2005).
No Brasil, a partir de 2002, diretrizes foram estabelecidas pelo Conselho Nacional
do Meio Ambiente (CONAMA), através da Resolução CONAMA nº 312/2002 (Brasil, 2002),
com critérios e procedimentos para o descarte de resíduos de construção e demolição.
Desde então, a fiscalização quanto a essa problemática tornou-se efetiva por parte do
governo (Bastos et al., 2016). A Resolução considera que: “[...] é dos geradores a
responsabilidade sobre os resíduos produzidos pelas atividades de construção, reforma,
reparos e demolições, bem como daqueles oriundos da remoção de vegetação e escavação
de solos” (Brasil, 2002).
Estudo realizado por Tereza et al. (2020) evidencia que a seleção de materiais e
componentes visando à redução do consumo de energia e outros recursos, das emissões
de poluentes como o CO2 e da toxidade devem ser uma das prioridades para a
sustentabilidade da construção. Também não devem ser deixadas de lado questões
relacionadas aos custos e aos socioculturais destes impactos materiais e componentes.

Problemática do uso do resíduo de construção e demolição reciclado como


agregado para concreto
Uma política cultural está sendo introduzida nos canteiros de obras, com a
finalidade de conscientização dos profissionais, com o objetivo de minimizar o descarte
inadequado destes materiais (Bastos et al., 2016). Outro fator preponderante está ligado a
qualidade do agregado produzido como: forma do agregado, granulometria, quantidade de
finos, e dentre este, a quantidade de argamassa aderida “argamassa velha’’ como fator
influente na porosidade, e durabilidade do concreto.
A maior problemática relacionada ao uso do RCD-R na construção civil está ligada
à sua qualidade e o processo de britagem é o fator primordial deste resultado. Contudo, a
argamassa aderida ao agregado reciclado torna-se o elo fraco no concreto reciclado
(Katkhuda e Shatarat, 2017; Guo et al., 2018; Kim et al., 2018; Shaban et al., 2019a, b).
Estudos realizados por Hansen (1986) relatam que o “elo fraco” do concreto
utilizando agregado reciclado é a argamassa aderida (argamassa velha), que tem forte
efeito sobre a resistência do concreto com agregado reciclado.
Estudos realizados em concretos produzidos com agregados reciclados RCD-R
apresentam uma perda de trabalhabilidade e aumento do consumo de cimento devido à
alta absorção da água desse material (Malešev et al., 2010). Essa característica ocorre em
função do aumento da relação água/cimento, redução da massa específica, permeabilidade
e composição dos agregados reciclados (Frotté et al., 2017; Tenório et al., 2012).
Pesquisas realizadas por Hansen (1986) fazem referência à problemática do uso de
agregados reciclados para produção de novos concretos, sendo o “elo fraco” entre
agregado reciclado/pasta aderida e argamassa nova. Estudos recorrentes fazem referência

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Desafios para o concreto sustentável 1549

ao “elo fraco” e a argamassa aderida do agregado reciclado, segundo Hansen (1986), bem
como pesquisas realizadas por Gomes e Brito (2009), Poon et al. (2004), Tam et al. (2005).
Grandes pesquisas vêm sendo conduzidas a respeito da tecnologia do concreto
reciclado. Estudos realizados por Poon et al. (2004) investigaram o efeito da
microestrutura da Zona de Transição (ZT) e a influência da pasta de cimento/agregado na
resistência à compressão do concreto com agregado reciclado (Poon et al., 2004). Uma
análise da micro propriedade do concreto, em um microscópio eletrônico de varredura,
revelou que a zona interfacial da matriz agregado/cimento do concreto reciclado (CR)
consistia principalmente de hidratos soltos e porosos, enquanto a zona interfacial da
matriz agregado/cimento do concreto convencional com agregado natural, consistia
principalmente de hidratos densos. Tam et al. (2005) constataram que a microestrutura
do concreto com agregado reciclado é mais complicada que a do concreto convencional. O
CR possui duas ZT’s: uma entre o agregado reciclado (AR) e a nova matriz de argamassa, e
uma segunda entre a AR e a argamassa velha (velha ZT), (Le et al., 2017; Leite e Monteiro,
2016). A argamassa velha do AR forma o elo fraco no concreto reciclado, que é composto
por uma vasta rede de poros e rachaduras. A Figura 1 apresenta o detalhe da argamassa
aderida ao agregado reciclado.
Os experimentos realizados por Vieira et al. (2016) constatam que a argamassa
velha adere inerentemente às superfícies do agregado original e torna-se parte do
agregado reciclado. Devido à natureza da argamassa, que é menos densa e mais porosa
que o agregado, essa argamassa antiga cria um sistema mais leve no agregado reciclado
(Verian et al., 2018). A presença dessas argamassas velhas acabam aumentando a
capacidade de absorção e diminuindo a massa específica do agregado reciclado, em
comparação com a maioria dos naturais (Kisku et al., 2017).

Figura 1. Detalhe agregado reciclado com argamassa velha/nova - microfissuras.

Uma abordagem mais confiável para determinar o desempenho desejado do


concreto com agregado reciclado, só pode ser feita esclarecendo as possíveis mudanças
microestruturais trazidas pelo processo de reciclagem em cada componente do agregado
reciclado de concreto (Nagataki et al., 2004).
Um estudo de Vieira et al. (2016) examinou a seção transversal de um agregado
reciclado imerso em líquido epóxi para determinar a porcentagem de argamassa aderida
às suas superfícies, usando um microscópio óptico. O resultado indicou que a porcentagem
de argamassa aderida a superfície do agregado reciclado é de até 28,9%. Outros estudos

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1550 Silva e Melo

abordam a quantidade de argamassa aderida ao agregado reciclado. Etxeberria et al.


(2007) relataram que nos agregados de RCA utilizados em seu estudo, os contaminantes
da argamassa antiga são cerca de 20% e 40% para duas frações diferentes de agregado
reciclado. Afroughsbet et al. (2017) quantificaram a argamassa acoplada em até 24% e
38% em dois tipos de agregado reciclado utilizados em seu estudo.

O resíduo de construção e demolição reciclado e seu processo de


beneficiamento
As escolhas do processo de fragmentação (britagem) são cruciais para estabelecer
as condições mais favoráveis e viáveis economicamente para a reciclagem de RCD e para a
utilização do RCD-R na produção de concretos estruturais e não estruturais (Gomes et al.,
2015).
O processo de beneficiamento pode também ser uma alternativa para se obterem
agregados reciclados com características apropriadas. Gomes et al. (2015) demonstraram
que a fragmentação de agregados por diferentes processos reduz a porosidade do material
e, muitas vezes, favorece a obtenção de características similares às do material natural
(Cordeiro et al., 2017). A massa específica dos agregados graúdos provenientes de RCD-R
reciclado podem variar entre 2,675 g/cm³ e 2,740 g/cm³ conforme estudos realizados por
Silva e Arnosti (2005) e esta unidade pode ser influenciada pelo processo de britagem
(Silva e Geyer, 2018a).
Em estudos de Gomes et al. (2015), Silva e Melo (2020) demonstraram que os
agregados de concreto reciclados possuem pasta de cimento porosa aderida à superfície
dos grãos reciclados, demonstrado esquematicamente na Figura 2. Os agregados utilizados
para o experimento sobre agregado reciclado não obtiveram a forma original, não sendo
possível visualizar a forma dos agregados naturais utilizados no concreto original após o
processo de britagem, devido à alta quantidade de argamassa aderida (argamassa velha).

Figura 2. Detalhe: agregado reciclado/argamassa aderida. Fonte: Silva e Melo (2020).


Podemos deduzir, com base nos estudos de Silva e Geyer (2018b), sobre a
influência da forma do agregado graúdo britado natural. O referido estudo apresenta
informações pertinentes sobre o processo de britagem e sua relação com a forma das

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Desafios para o concreto sustentável 1551

partículas. Quanto menor a massa unitária do agregado, maior o percentual de partículas


irregulares (partículas indesejadas para a produção de concreto) (Silva et al., 2020a).
Britadores de eixo vertical apresentam resultados mais satisfatórios em relação à
forma adequada das partículas tanto para agregado natural e reciclado, como para
produção de concretos, conforme experimento apresentado por (Silva, 2012). Com relação
às misturas dos materiais em britadores com eixo vertical, Cordeiro et al. (2017)
apresentou resultados semelhantes. Seus estudos mostram que ocorreu desagregação de
partículas nas misturas realizadas em misturador de eixo vertical, para análise do
comportamento entre o agregado natural e reciclado. Para a betoneira de eixo inclinado, a
granulometria permaneceu praticamente inalterada, tanto para a ordem de mistura
tradicional, quanto para a ordem de mistura modificada.
Podemos inferir, com base nos estudos de Silva (2012), que essa desagregação,
relatada por Cordeiro et al. (2017), é proveniente de argamassa aderida (argamassa velha)
que se desprende do agregado reciclado. Como resultado da energia aplicada na betoneira
de eixo vertical e o atrito com outros agregados, é produzida uma maior quantidade de
agregados finos.
Segundo Nagataki et al. (2004) e Silva et al. (2020b), a tecnologia de reciclagem
influencia significativamente as propriedades do agregado. Nos estudos de Nagataki et al.
(2004) foi utilizada uma combinação de britador de mandíbula e britador de impacto para
processar o material triturado duas vezes, com um equipamento mecânico de moagem, a
fim de minimizar a argamassa aderida (AD).
Em uma análise microscópica de varredura, em concretos produzidos com várias
fases de britagem, verificou-se que reduziu consideravelmente a densidade das
rachaduras no agregado reciclado, eliminando as partículas com microdefeitos e vazios
irregulares, processando até novas fissuras insignificantes reintroduzidas. Apenas uma
quantidade muito pequena de rachaduras pôde ser detectada na argamassa aderida ou na
zona de transição interfacial. Consequentemente, os agregados de concreto reciclado,
obtidos de vários estágios de processo de reciclagem, não apresentaram perda de
integridade. Além disso, a extensão do processo de reciclagem até aumentou
eficientemente o desempenho físico do agregado de concreto, reduzindo a argamassa
aderente (Nagataki et al., 2004).
A fragmentação por diferentes estágios dos britadores remove parcialmente a
antiga pasta de cimento aderida dos agregados reciclados e, assim, reduz a porosidade do
concreto produzido com agregado reciclado (Tam et al., 2005; Ulsen et al., 2013).
Estudos realizados por Nagataki et al. (2004) mostraram que o uso de três estágios
de britagem levou a uma redução da absorção de água do concreto com agregado graúdo
britado em torno de 35% a 50%, comparando com concretos produzidos com agregados
britados em primeiro e segundo estágios de britagem.

O resíduo de construção e demolição e o avanço tecnológico no concreto


Um abrangente trabalho experimental foi realizado por Hansen (1986); Xiao et al.
(2012) no uso do agregado reciclado. Nesse trabalho descobriu-se que, em geral, o
procedimento de dosagem de concretos com agregados reciclados não difere muito
daquele para o concreto convencional. No entanto, é necessária adição de mais água para
atingir uma trabalhabilidade adequada, devido à alta absorção de água do agregado
reciclado. Tam et al. (2005) propuseram uma abordagem de mistura de dois estágios para
melhorar a resistência à compressão do concreto com agregados reciclados e diminuir a
variabilidade de resistência. Outros pesquisadores em outros países, como Cordeiro et al.
(2017) e Etxeberria et al. (2007), também descobriram que os agregados reciclados que
eram usados em condições úmidas, mas não saturados, podiam controlar as propriedades,
a trabalhabilidade do concreto e a razão efetiva entre a relação água/cimento.

Rev. Bras. Gest. Amb. Sustent., 2020, vol. 7, n. 17, p. 1533-1541.


1552 Silva e Melo

O fator preponderante da utilização de agregados reciclados em concretos é a


elevada absorção de água e o enfraquecimento da zona de transição agregado/pasta de
cimento e a baixa resistência do agregado cerâmico. Segundo a metodologia apontada por
Gomos e Brito (2009), Tam et al. (2005), a hidratação da pasta divide-se em duas etapas,
sendo que a primeira tem o objetivo de envolver o agregado, possibilitando a sucção da
pasta hidratada aos poros e aberturas do agregado reciclado. Na segunda etapa ocorre a
cristalização, diminuindo a porosidade do agregado e do concreto como um todo. A
segunda adição de água serve para hidratar o resto do cimento necessário para a
composição do concreto, minimizando a porosidade da argamassa aderida ao agregado
reciclado, elemento influenciador na porosidade do concreto com agregados reciclados. Na
argamassa aderida em agregados reciclados (argamassa velha) formam restos de
argamassa, que no processo de trituração não foi possível descolar/separar do agregado
reciclado.
Cordeiro et al. (2017) apresenta um processo de mistura em três etapas. A
primeira visa a umidificar o agregado graúdo reciclado. A segunda objetiva tratar a
superfície do agregado com o cimento, tal qual a proposta de Tam et al. (2005), Tam e Tam
(2008) e Gomes e Brito (2009), além de garantir que o agregado reciclado absorva a água
da mistura. Já a terceira, na qual é adicionado o restante dos materiais necessários para a
produção do concreto, visa a homogeneizar a mistura até atingir a consistência desejada.
Durante o beneficiamento do agregado reciclado, britagem, moagem, desmonte e
processos de trituração, dentre vários outros, uns podem produzir agregados de melhor
qualidade, segundo a forma, quantidade de argamassa aderida, quantidade de impurezas,
entre outras. Com base nos estudos de Gomes et al. (2015), o processo de britagem em
várias fases produz agregados com menor quantidade de argamassa aderida (argamassa
velha). Essa argamassa se desprende devido a moagem do mecanismo de atrito, causando
um aumento na quantidade de finos. Estes finos provenientes da argamassa de concreto e
concreto estrutural, quando reciclados, contem finos em fase anidra (não hidratada). Estes
resultados podem ser relacionados ao alto consumo de cimento nos concretos estruturais
de aproximadamente 350 kg/m³, e que devido à falta de controle tecnológico na produção
do concreto e a relação água/cimento, não consegue hidratar 100% do aglomerante
hidráulico. Dessa forma, fica uma pequena parcela na mistura do concreto em fase anidra.
Estudos foram realizados por Nagataki et al. (2004) com análise microscópica
sobre possíveis padrões de fissuração dentro das partículas de agregados graúdos
reciclados. E com base em seus estudos, foram classificados em três categorias de fissuras:
microaberturas no agregado graúdo, fissuras na argamassa aderida (AD) e rachaduras de
interface da zona de transição (ITZ), entre o agregado e a AD. Foram analisadas
microscopicamente os constituintes da partícula de agregado graúdo reciclado. A
microscopia visual óptica das seções do agregado sob luz fluorescente forneceu
informações úteis sobre os tipos de fissuras no agregado. As partículas tinham
microfissuras com uma espessura de até 30 μm. Além desse microdefeito, algumas
partículas tinham cavidades maiores independentes com 50 μm de diâmetro.
Estudos relatados por Ulsen et al. (2013) confirmaram que mais estágios de
britagem resultam em uma redução da absorção de água do agregado graúdo reciclado em
aproximadamente 10% a 20%, comparados com o uso de uma ou duas etapas de britagem.
Já uma terceira etapa, utilizando um britador de eixo vertical, obteve uma redução de 40%
a 60% na absorção de água do agregado reciclado.
Análises sobre o concreto reciclado CR indicaram que a zona de transição ZT é o
elo mais fraco no concreto, interface entre a pasta de cimento e a AR (Nagataki et al.,
2004). Portanto, a modificação da microestrutura na ZT tem sido uma das grandes
preocupações para melhorar as propriedades do CR (Kong et al., 2010). Estudos de
Nagataki et al. (2004) Kong et al. (2010) têm demonstrado que a ZT entre a AR e a nova
matriz de cimento formam o elo fraco do concreto e afetam diretamente as suas

Rev. Bras. Gest. Amb. Sustent., 2020, vol. 7, n. 17, p. 1533-1541.


Desafios para o concreto sustentável 1553

propriedades mecânicas. Porém, um aperfeiçoamento tecnológico pode ser feito como


melhoria no concreto através de um pré-tratamento do agregado reciclado AR com
solução de sílica ativa, de 10% em peso (Katz, 2004). Segundo estudos sobre o processo de
britagem, demonstra-se que este tratamento pode aumentar em torno de 15% a 30% a
resistência à compressão nas idades de sete e 28 dias. No entanto, o processo de
pré-tratamento, antes da produção de concreto, levará a um custo mais alto, limitando
assim, sua aplicação na construção.
A composição do RCD, oriundo de cada uma das atividades que compõem os
trabalhos da construção civil, é diferente, e também em cada etapa da obra, mas sempre há
um produto que se sobressai, que é diferente em cada região, em razão da diversidade de
tecnologias construtivas e de matérias-primas utilizadas na região (Ferreira, 2013). Sendo
assim, o uso do RCD-R requer estudos continuados que possam contribuir para o avanço
da Indústria da Construção Civil e da sustentabilidade no setor.

O concreto produzido com RCD-R

Segundo Leite (2001), Gomes e Brito (2009) e Cordeiro et al. (2017), o agregado
reciclado apresenta características intrínsecas que afetam o desempenho dos concretos
com ele produzidos. O formato irregular do agregado graúdo britado, a menor massa
específica e a maior porosidade influenciam diretamente nas propriedades dos concretos,
tanto no estado fresco, quanto no endurecido (Silva et al., 2020b).
Neste sentido, diversos autores como Leite (2001), Nagataki et al. (2004), Gomes,
Brito (2009) e Cordeiro et al. (2017), vêm desenvolvendo estudos, principalmente em
agregados reciclados de concreto, na tentativa de suprir e, ou, minimizar os efeitos
negativos decorrentes das características desse material, utilizando para isso, tratamentos
mecânicos, térmicos e químicos, que demandam, muitas vezes, custo e tempo, mas que
levam a resultados satisfatórios.
Algumas pesquisas procuram otimizar as características dos agregados reciclados
de concreto a partir da incorporação de finos reativos e não reativos, com o objetivo de
envolver a superfície desse material com um cimento ou uma adição que preencha seus
vazios e refine seus poros (Tam et al., 2005; Tam e Tam, 2008).
Nesta vertente da melhoria do desempenho do concreto com agregado reciclado,
acredita-se que resultados satisfatórios possam ser atingidos relacionando-se, entre
outros fatores, a sistematização de sua produção. Ao executar concretos com resíduos de
construção, deve-se levar em conta suas peculiaridades, como a porosidade e a baixa
resistência ao desgaste, visto que são materiais heterogêneos, que variam a cada lote
coletado. Além disso, os concretos com resíduos apresentam peculiaridades em virtude de
suas condições de mistura, concreto de origem e outros (Cordeiro et al., 2017).
O concreto é uma estrutura composta de três fases em escala microscópica,
compreendendo agregado graúdo, matriz de argamassa com agregado fino e zona de
transição (ZT) entre o agregado graúdo e a matriz de argamassa (Poon et al., 2004). A ZT
tem, tipicamente, 10-50 μm de espessura e influencia significativamente as propriedades
do concreto. Conforme indicado na literatura por Tam et al. (2005); Tam e Tam (2008) a
estrutura do concreto reciclado (CR) é muito mais complicada que a do concreto normal. O
CR possui duas ZTs, uma entre o agregado e a nova pasta de cimento (nova ZT) e a outra
entre o agregado e a argamassa antiga anexada (antiga ZT). A argamassa de cimento ligada
e a ZT do agregado formam o elo fraco no CR, que é composto de muitos minúsculos poros
e fissuras, e afetam criticamente a resistência final do CR. Esses poros e fissuras também
absorvem a água, levando a um alto teor de água na nova ZT do CR. Assim, grandes cristais
de hidróxido de cálcio Ca(OH)2 tendem a se formar no poro do agregado, e também
tendem a se acumular na superfície da argamassa aderida “argamassa antiga” (Kong et al.,
2010).

Rev. Bras. Gest. Amb. Sustent., 2020, vol. 7, n. 17, p. 1533-1541.


1554 Silva e Melo

Dentre os possíveis empregos do agregado reciclado, temos a fabricação de


argamassa, contra pisos, meio-fio, granilite, blocos, tijolos de vedação e estrutural,
pavimentação, pisos intertravados, manilhas de esgoto e outras alternativas (Bastos et al.,
2016).
Uma das possíveis formas de utilização, é o aproveitamento dos resíduos de
concreto na confecção de tijolos prensados de solo-cimento. O uso do solo-cimento na
construção de habitações populares permite economia razoável, com redução de custos
que podem atingir 40% da obra. Contribui para isso o baixo custo do solo, que é o material
usado em maior quantidade, além de menores custos com transporte e energia, existindo
ainda, a possibilidade de redução de custos com mão de obra, pois o processo não requer
grande número profissionais especializados em construção. A ideia de misturar resíduos
de construção na fabricação de tijolos de solo-cimento surgiu em função da possibilidade
de melhorar suas características mecânicas, uma vez que as características físicas dos
resíduos de argamassa e concreto se assemelham às dos pedregulhos (Mesquita et al.,
2015).
Pesquisas realizadas sobre o uso de materiais cerâmicos, como adição ao concreto,
estão sendo realizadas em vários países, como os estudos realizados por Aliabdo et al.
(2014) no uso de RCD-R proveniente de material cerâmico (tijolo de barro) como
agregado graúdo e miúdo para adição em concretos, substituindo 50% e 100% dos
agregados para produção de blocos de vedação. As resistências à compressão dos blocos
de alvenaria de concreto alcançaram resultados satisfatórios de 2,8 MPa e 5,2 MPa. Essas
pesquisas relatam resultados satisfatórios, porém, requerem maiores cuidados e uma
minuciosa análise desta interação entre concreto e material cerâmico.

Produção de blocos com agregado reciclado

Estudos desenvolvidos por Carneiro (2005) comprovam a viabilidade da utilização


de agregados reciclados de RCD-R na produção de blocos para alvenaria sem função
estrutural. Nos testes realizados, tanto os blocos produzidos com 30% de substituição do
agregado natural pelo agregado reciclado de RCD-R, quanto aqueles com 60% de
substituição, apresentaram resistência à compressão simples superior ao estabelecido
pela ABNT NBR 6136:2014 (ABNT, 2014).
Paula (2010) e Mesquita et al. (2015) estudaram a viabilidade da confecção de
blocos com uso de agregados miúdos reciclados para uso em alvenaria de vedação,
estabelecendo um traço padrão cimento/agregado miúdo de 1:6. Os resultados indicaram
que a substituição de 25%, 50%, 75% e 100% da areia natural por agregados miúdos
reciclados não afetou significativamente as propriedades mecânicas dos blocos cujos
valores de resistência à compressão foram de 3,67 MPa, 2,63 MPa, 2,44 MPa e 2,03 MPa,
respectivamente.
De acordo com Buttler (2007) a resistência à compressão do bloco é o principal
parâmetro de projeto da parede de alvenaria. Portanto, essa propriedade torna-se a
principal variável de controle do processo produtivo do bloco. Além disso, para se garantir
um bom desempenho dos blocos, alguns parâmetros devem ser analisados: matéria-prima,
fator água/cimento, granulometria dos agregados, traço, tempo de mistura, vibração,
prensagem, condições de cura, execução e manuseio do material (Bastos et al., 2016).

Rev. Bras. Gest. Amb. Sustent., 2020, vol. 7, n. 17, p. 1533-1541.


Desafios para o concreto sustentável 1555

Tabela 1. Requisitos para resistência característica à compressão, absorção e retração.


Absorção %
Agregado Normal Agregado Leve
Resistência
Retração %
característica
Classificação Classe Individual Média Individual Média
compressão
axial (MPa)
A fbk > 8,0 < 6,0 < 6,0
Função estrutural
B 4,0 < fbk > 8,0 < 10,0 < 8,0
< 16,0 < 13,0 < 0,065
Sem função
C fbk > 3,0 < 12,0 < 10,0
estrutural
Fonte: Adaptado da NBR 6132 (ABNT, 2014).

Um estudo comparativo foi realizado por Bastos, Cruz e Woelffel (2016) em blocos
para vedação com resistência, conforme Norma NBR 6136 (ABNT, 2014), de
aproximadamente 3,0 MPa, confeccionados com agregados reciclados RCD-R e agregados
convencionais. A Figura 3 apresenta os valores obtidos para o bloco convencional com o
custo de R$ 1,34 e resistência de 2,0 MPa, comparado ao bloco com agregado reciclado,
cujo qual chegou a um custo de R$ 0,65 e resistência de 6,47 MPa.

Bloco Convencional X Bloco Reciclado


35
30
30
25
20 16,62
15
10
10 6,47
5 3,33
2 1,34 0,65
0
Absorção (%) Uminda (%) Resistêncià Custo (R$)
Compressão (MPa)

Bloco Concencional Bloco Reciclado

Figura 3. Comparativo dos blocos. Fonte: Adaptado de Bastos et al. (2016).

Os blocos de concreto produzidos com agregados reciclados de concretos de


construção apresentam uma variabilidade quanto aos resultados da resistência à
compressão. Entretanto, observaram que a melhor mistura é aquela em que o cimento é
misturado com o agregado na condição saturada, superfície seca, seguido pela introdução

Rev. Bras. Gest. Amb. Sustent., 2020, vol. 7, n. 17, p. 1533-1541.


1556 Silva e Melo

e mistura da água de amassamento contendo aditivos incorporadores de ar (Lintz et al.,


2012).
Para Lintz et al. (2012) concreto com porcentagens de até 60% de resíduos de
construção parecem ser os mais indicados para a utilização na fabricação de blocos de
concreto.
Em um estudo realizado com a substituição do agregado natural por agregado
reciclado de RCD-R para produção de blocos estruturais de concreto, foram produzidos
traços com substituição de 0%, 20%, 50%, 80% e 100% do agregado natural, ensaiados
aos 14 e 28 dias de idade. Os blocos apresentaram resistências aceitáveis para a produção
de blocos de concretos, tendo valores de resistência de 8,75 MPa, 7,18 MPa, 5,24 MPa, 4,93
MPa e 4,77 MPa. Os blocos foram submetidos aos ensaios para determinação da
compressão e da capacidade de absorção de água. Os blocos com 20% e 50%
apresentaram os melhores resultados com 94% e 58% do valor apresentado para o
concreto de referência (Lintz et al., 2012).

Conclusões

O fator preponderante do uso deste material é o elo fraco entre agregado reciclado,
argamassa velha (AD) e argamassa nova. Provocada pela alta porosidade das partículas
recicladas e que podem ter essa argamassa porosa eliminada ou reduzida na fase de
beneficiamento do RCD-R. Diversos estudos têm sido desenvolvidos com o objetivo de
fortalecer o “elo fraco” do concreto reciclado, de modo a “reduzir a alta porosidade do
agregado reciclado”. Assim, fortalece-se tecnicamente o referencial teórico-científico, com
base em estudos experimentais, para o uso deste material tão promissor com um custo
baixo e com elevado ganho ambiental.
Britadores de eixo vertical e eixo inclinado, na britagem secundária e terciária,
produzem partículas de forma mais quadrada ou arredondada e um aumento na produção
de agregado miúdo e materiais pulverulentos. Isso ocorre devido ao processo mecânico do
eixo rotor que provoca o atrito das partículas na superfície metálica do equipamento e o
atrito com outras partículas, provocando o desgaste e lapidando o agregado. No caso do
agregado reciclado de concreto, há uma maior retirada da argamassa velha “argamassa
aderida” e nos agregados cerâmicos são extraídas as partes mais frágeis, permanecendo
em sua maior parte, agregados resistentes.
O processo de beneficiamento do Resíduo de Construção e Demolição Reciclado
tem forte influência nas propriedades mecânicas do agregado tais como: granulometria,
forma, textura e densidade. As mesmas podem ser controladas favorecendo o uso do
agregado em concretos sustentáveis e melhorando o desempenho do concreto reciclado
aumentando-se, desta forma, o ganho ambiental.

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

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Rev. Bras. Gest. Amb. Sustent., 2020, vol. 7, n. 17, p. 1533-1541.

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