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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE MEDICINA, PSICOLOGIA E TERAPIA OCUPACIONAL


CURSO DE PSICOLOGIA

Alice Rosa do Amaral


Caroline Witzoreki Ávila
Elis Cardoso Gomes
Kalléu Schmidt Mendes
Leonardo Islabao da Silveira
Luísa Palmero Lorenzon

O DESAFIO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NA SAÚDE INDÍGENA NO BRASIL

Pelotas, 2023
O artigo inicia apontando que segundo o IBGE, os indígenas correspondem a 0,4% da
população brasileira, e isso significa que hoje, aproximadamente, eles representam cerca de
890 mil indivíduos. Sabe-se que estas diferentes tribos foram alvo de violência e
principalmente negligência durante toda a história do país, e o foco do artigo é falar sobre a
política de inclusão do indígena na saúde e suas intersecções.
Somente após a promulgação da Constituição Cidadã de 1988 se tornou viável a
criação de políticas públicas que visassem o reconhecimento do indígena como um cidadão de
direitos, principalmente a garantia de Atenção Diferenciada à Saúde. A Conferência
Internacional de Alma-Ata (1978) foi um importante marco para o desenvolvimento da
Atenção Primária à Saúde que tem como base diminuir as desigualdades entre a população e
promover a saúde como um direito de todos. Afirma-se que o SUS, num primeiro momento,
não conseguiu contemplar a população indígena, e com isso foram sendo criadas outras
propostas como o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASI).
Em resumo, o objetivo do artigo é discutir como se dá a Política Nacional de Atenção
à Saúde dos Povos Indígenas no Brasil, sua trajetória e principalmente as dificuldades que vão
se estabelecendo no curso desse sistema.
A partir da 1ª Conferência Nacional de Proteção à Saúde Indígena (CNPSI), as
lideranças indígenas ganharam voz neste âmbito e puderam discutir propostas para a
formulação de algumas diretrizes. Dessa forma, o que antes era desenvolvido de modo muito
amplo e com ações pouco impactantes, passou a assumir uma posição focada nas
especificidades da Atenção Primária à Saúde (APS). Assim, buscando uma atenção
diferenciada, ocorreram muitas mobilizações em concordância com a proposta da CNPSI de
vincular a gerência da atenção à saúde indígena ao Ministério da Saúde.
Em 1999, passando a gestão da saúde indígena para a Fundação Nacional de Saúde
(FUNASA), foi instituído o SASI, que buscava atender cada povo com qualidade, respeito e
integração à sua cultura. Além disso, trabalhadores indígenas passaram a ocupar novas
funções, como agentes de saúde e de saneamento.
A partir do SASI, criou-se então a PNASPI que, prezando pelos princípios do SUS,
tinha o objetivo de descentralizar as ações e recursos.
Como modelo organizacional, foram criados os Distritos Sanitários Especiais
Indígenas (DSEI), que contam com a participação local e distrital, a partir de discussões que
se ampliam nas Conferências Nacionais de Saúde Indígena.
Durante a 4ª Conferência Nacional de Saúde dos Povos Indígenas, em 2006, houveram
demandas por melhorias na saúde e questionamentos sobre a gestão da FUNASA, alvo de
críticas e denúncias de corrupção. Garnelo e Maquiné destacaram a existência de múltiplas
fontes de denúncias, resultando na formação de grupos de trabalho que levaram à criação da
Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) em 2010. Essa secretaria foi uma novidade ao
ser o primeiro órgão exclusivamente responsável pela saúde indígena, embora enfrentasse
desafios operacionais, sendo a única a abranger tanto a gestão como a execução das ações de
saúde.
Na 5ª Conferência em 2013, após a criação da SESAI, as principais demandas
incluíam garantir assistência integral, além da atenção básica, e fortalecer a atenção primária
de acordo com os saberes tradicionais indígenas. Contudo, críticas importantes surgiram,
apontando limitações no controle social, na participação dos representantes indígenas e
questionando aprovações de propostas consideradas contraditórias.
Conclui-se que a implementação das políticas nacionais de atenção à saúde dos povos
indígenas tem sido pouco produtiva, apesar dos ganhos alcançados, o impacto positivo gerado
foi limitado. Felizmente são inegáveis os progressos principalmente na questão do acesso à
saúde em regiões mais remotas, onde este acesso era inexistente.
Apesar dos avanços ainda existem problemas a serem resolvidos, principalmente a
grande rotatividade dos profissionais, que prejudicam a continuidade do atendimento e
cuidado da população indigena. Além disso, um dos problemas se encontra na formação de
profissionais interétnicos, o que contribuiria na comunicação e articulação dos saberes
tradicionais.
Ainda persiste uma distância inaceitável entre os indicadores de saúde indígena e da
população em geral, ou seja, a Atenção Primária à Saúde (APS) não se afetiva.

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