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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

Tópico: Execução Penal – Lei n. 7.210/84

A leitura da lei aqui é essencial. Leia a lei de forma integral. Muitos pontos chaves você concluirá
apenas com a leitura da lei, como quais são as atribuições gerais dos principais órgãos da execução
penal e quais são os estabelecimentos penais e para que se destinam.

Importante fazer também a leitura da Lei n. 12.037/09.

Além disso, importante saber os julgados, atente-se aos julgados de Execução Penal, pois sempre
aparecem!

Pontos chaves:

I. Do condenado

è EXAME CRIMINOLÓGICO
O exame criminológico está previsto no art. 8º da LEP, in verbis:

Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime


fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos
necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da
execução.

Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o
condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semi-
aberto.

Importante: até 2003, o exame criminológico era obrigatório quando se tratava de execução da
pena no regime fechado, para fins de progressão de regime, mas facultativo no caso de regime
semiaberto, máxime em caso de crime doloso praticado com violência ou grave ameaça. Mas hoje
ele é tido como facultativo, qualquer que seja o regime de cumprimento de pena, pois o art. 112 da
LEP não o traz mais como requisito para a progressão de regime!

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è SÚMULAS SOBRE O TEMA:


Súmula n. 439 do STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que
em decisão motivada.
Súmula Vinculante n. 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2o da Lei n.
8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os
requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.

è IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL GENÉTICO (LEP) x COLHEITA DE MATERIAL BIOLÓGICO (Lei de


Identificação Criminal)
O art. 9º-A da LEP exige que os condenados por crime contra a vida, contra a liberdade sexual ou
por crime sexual contra vulnerável se submetam, obrigatoriamente, à identificação do perfil
genético, por meio da extração de DNA. Se está diante de uma identificação compulsória mediante
extração de DNA. A recusa do condenado em submeter-se ao procedimento de identificação do
perfil genético caracteriza falta grave.

Art. 9º-A. O condenado por crime doloso praticado com violência grave contra a
pessoa, bem como por crime contra a vida, contra a liberdade sexual ou por crime
sexual contra vulnerável, será submetido, obrigatoriamente, à identificação do
perfil genético, mediante extração de DNA (ácido desoxirribonucleico), por técnica
adequada e indolor, por ocasião do ingresso no estabelecimento prisional

§ 1o A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados


sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo.

§ 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar garantias mínimas de proteção de


dados genéticos, observando as melhores práticas da genética forense.

§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz


competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de
identificação de perfil genético.

§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéticos o acesso aos seus dados
constantes nos bancos de perfis genéticos, bem como a todos os documentos da
cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira que possa ser contraditado
pela defesa.

§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput deste artigo que não tiver sido
submetido à identificação do perfil genético por ocasião do ingresso no

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estabelecimento prisional deverá ser submetido ao procedimento durante o


cumprimento da pena.

coletada só poderá ser utilizada para o único e exclusivo fim de permitir a


identificação pelo perfil genético, não estando autorizadas as práticas de
fenotipagem genética ou de busca familiar.

§ 6º Uma vez identificado o perfil genético, a amostra biológica recolhida nos


termos do caput deste artigo deverá ser correta e imediatamente descartada, de
maneira a impedir a sua utilização para qualquer outro fim.

§ 7º A coleta da amostra biológica e a elaboração do respectivo laudo serão


realizadas por perito oficial.

§ 8º Constitui falta grave a recusa do condenado em submeter-se ao procedimento


de identificação do perfil genético

Atenção aqui para não confundir com a Lei de Identificação Criminal (Lei 12.037/09), que prevê que
poderá ocorrer a identificação criminal quando for essencial às investigações policiais, segundo
despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação
da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa. Neste caso, a identificação criminal
poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético. Muito importante
a leitura integral desta lei para não confundir as duas previsões legais.

è ASSISTÊNCIA DO PRESO
Por estar o condenado sob os cuidados do Estado quando ingressa no sistema penitenciário, o Poder
Público é obrigado a garantir assistência ao preso (definitivo e provisório), ao internado (aquele
submetido à medida de segurança) e ao egresso (liberado definitivo, pelo prazo de 1 ano a contar
da saída do estabelecimento e o liberado condicional durante o período de prova – art. 26 da LEP).

A assistência descrita na LEP será das seguintes espécies: material, à saúde, jurídica, educacional,
social, religiosa, e ao egresso (art. 11 da LEP). O objetivo dessa assistência é prevenir a prática
criminosa, bem como orientar o retorno à convivência em sociedade. Observa-se a preocupação
com a finalidade ressocializadora da pena.

§ Assistência material: arts. 12 e 13

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§ Assistência à saúde: art. 14


§ Assistência jurídica: arts. 15 e 16
§ Assistência educacional: arts. 17 a 21
§ Assistência social: arts. 22 e 23
§ Assistência religiosa: art. 24
§ Assistência ao egresso: arts. 25 a 27

II. Direitos do Preso


Os direitos, deveres e disciplina do preso estão contemplados no título II, capítulo IV da LEP. É
necessária uma leitura atenta ao artigo 38 e seguintes. Um dos mais importantes é o art. 41 que
estabelece os direitos do preso, veja-se:

Art. 41 - Constituem direitos do preso:

I - alimentação suficiente e vestuário;

II - atribuição de trabalho e sua remuneração;

III - Previdência Social;

IV - constituição de pecúlio;

V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a


recreação;

VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas


anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;

VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;

VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;

IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;

X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;

XI - chamamento nominal;

XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da


pena;

XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;

XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;

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XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura


e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons
costumes.

XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da


responsabilidade da autoridade judiciária competente.

Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos


ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento.

è TRABALHO DO PRESO

O trabalho, em sede de execução penal, tem caráter híbrido, pois a LEP estabeleceu o trabalho
interno do condenado como um dever (art. 39, V) um direito (art. 41, II), fazendo jus a uma
remuneração.

A regra é o trabalho interno, a exceção é o trabalho externo.

Podem exercer o trabalho externo tanto os presos do regime fechado como os do semiaberto.

Obs. O trabalho externo do condenado em regime fechado se dá mediante o


cumprimento de requisitos objetivo e subjetivo:

• Requisito Objetivo – Cumprimento mínimo de 1/6 da pena.


• Requisito Subjetivo – demonstração de aptidão para o trabalho, disciplina
e responsabilidade.

Essa autorização para o trabalho externo em regime fechado dispensa autorização


judicial, sendo suficiente a concordância do diretor do estabelecimento penal.
Todavia, eventual negativa do diretor do presídio pode ser questionado no Poder
Judiciário, em homenagem ao princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 5o,
XXXV, da CF)

Os presos no regime fechado somente podem exercer trabalho externo em serviço ou obras
públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde
que adotadas as cautelas contra fugas e mantida a disciplina. Todavia, o limite máximo de número
de presos será de 10% do total de empregados na obra.

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Caberá ao órgão da Administração, à entidade ou à empresa empreiteira a remuneração desse


trabalho.

O trabalho externo também é possível aos condenados ao regime semiaberto. E diferentemente do


que ocorre para os apenados em regime fechado, no presente caso não é necessário o cumprimento
do requisito objetivo (cumprimento mínimo de 1/6 da pena), basta o preenchimento do requisito
de cunho subjetivo (verificadas as condições pessoais favoráveis pelo Juízo da Execução Penal). Esse
é o entendimento atual do STJ e do STF.

Obs. ocorrerá a revogação da autorização do trabalho externo ao preso que vier a


praticar fato definido como crime (não necessitando sequer da instauração do
processo), for punido por falta grave ou apresentar comportamento incompatível
com a medida.

Importante ressaltar, ainda, que segundo o STJ, não há qualquer obstáculo para que os condenados
por crimes hediondos exerçam o trabalho externo.

è REMIÇÃO DA PENA – REQUISITOS E PERDA

Remição, significa a possibilidade conferida ao reeducando de reduzir o tempo de cumprimento da


pena se desenvolver atividade ligada ao trabalho e/ou ao estudo.

O condenado que cumpre pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou
por estudo, parte do tempo de execução da pena, o que se aplica também aos presos provisórios.

Obs: Não há que se falar em remição de pena por trabalho ao apenado no regime aberto ou em
gozo de livramento condicional, uma vez que o trabalho é motivo de ingresso no regime aberto
(art. 114, I da LEP) e condição para o livramento condicional (art. 132, §1o, “a”, da LEP).

v Para trabalho – Para cada 3 dias de trabalho regular, nos termos do art. 33 da LEP, o preso fará
jus ao desconto de 1 dia de pena. Tanto faz se esse trabalho ocorrer no interior do
estabelecimento penal ou fora dele, conforme autoriza a súmula 562 do STJ. A comprovação do
trabalho deve ser feita através de atestado do diretor do estabelecimento.

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v Para o estudo – Para cada 12 horas de frequência escolar divididas, no mínimo, em 3 (três) dias,
o preso fará jus ao desconto de 1 dia de pena. As atividades de estudo poderão ser desenvolvidas
de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas
autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados.

Atenção para a hipótese de PERDA dos dias remidos:

A prática de falta grave autoriza o juiz revogar até 1/3 do tempo remido (limite máximo), observado
o art. 57 da LEP, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar. Assim, levando
em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências do fato, bem como a pessoa
do faltoso e seu tempo de prisão, o magistrado pode revogar no máximo até 1/3 do tempo remido
em caso de falta grave.

Julgados importantes:
• Súmula n. 562 É possível a remição de parte do tempo de execução da pena quando o
condenado, em regime fechado ou semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda que
extramuros
• A atividade musical realizada pelo reeducando profissionaliza, qualifica e capacita o réu,
afastando-o do crime e reintegrando-o na sociedade. No mais, apesar de se encaixar
perfeitamente à hipótese de estudo, vê-se, também, que a música já foi regulamentada
como profissão pela Lei n. 3.857/1960 (REsp 1.666.637/ES, j. 26/09/2017).
• É possível a concessão de remição ficta, com extensão do alcance da norma prevista no art.
126, §4º, da LEP, aos apenados que estavam impossibilitados de trabalhar ou estudar em
razão da pandemia da Covid-19
• Nos termos do art. 126, § 2º, da LEP, a remição de pena pelo estudo somente é possível
quando o curso for oferecido por instituição devidamente autorizada ou conveniada com o
Poder Público para esse fim
• O tempo excedido, na frequência escolar, ao limite legal de 12 horas a cada 3 dias deve ser
considerado para fins de remição da pena
• É possível a remição do tempo de trabalho realizado antes do início da execução da pena,
desde que em data posterior à prática do delito.
• Trabalho cumprido em jornada inferior ao mínimo legal pode ser aproveitado para fins de
remição caso tenha sido uma determinação da direção do presídio.

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• O fato de o estabelecimento penal onde se encontra o detento assegurar acesso a atividades


laborais e à educação formal, não impede que ele obtenha também a remição pela leitura,
que é atividade complementar, mas não subsidiária, podendo ocorrer concomitantemente,
havendo compatibilidade de horários.

III. Falta grave

Um dos temas mais importantes aqui, de forma que merece uma especial atenção.

As condutas contrárias às normas disciplinares recebem o nome de faltas disciplinares. Pune-se a


tentativa com a sanção correspondente à falta consumada (Vejam que não é o mesmo raciocínio da
tentativa do CP - art. 14).

As faltas disciplinares são divididas em leves, médias ou graves.

As faltas médias e leves, assim como suas sanções correspondentes, são descritas em estatutos
penitenciários (legislação estadual). Já as faltas graves estão descritas em rol taxativo no art. 50 da
LEP, não admitindo interpretação extensiva.

Além das hipóteses do art. 50 da LEP, é também previsto como falta grave a prática de fato definido
como crime doloso (art. 52, caput, da LEP).

Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:

I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;

II - fugir;

III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de


outrem;

IV - provocar acidente de trabalho;

V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;

VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.

VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou


similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente
externo.

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VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso


provisório.

Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que:

I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;

II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta;

III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.

Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e,
quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso
provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal,
ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características [...]

Para a apuração da falta grave é imprescindível a instauração de procedimento administrativo


disciplinar, com observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa, sendo ainda
assegurado ao preso a assistência de um advogado (constituído ou dativo) ou um integrante da
Defensoria Pública para a realização de sua defesa técnica.

è Mas, afinal, no que a falta grave interfere na execução penal?

§ Progressão de regime – Súmula 534 do STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem
do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir
do cometimento dessa infração. Destaco ainda que a contagem do novo período aquisitivo
do requisito objetivo (quantidade de pena a ser cumprida) iniciar-se da última falta grave e
incidirá sobre o remanescente da pena e não sobre a totalidade da pena.
§ Remição – A prática de falta grave acarreta a perda dos dias remidos (a revogação, por sua
vez, atinge apenas 1/3 do tempo remido, iniciado a contagem a contar da data da infração
disciplinar) – art. 127 da LEP.
§ Livramento condicional – Súmula 441 do STJ: A falta grave não interrompe o prazo do
livramento condicional. Com advento da Lei no 13.964/19, nota-se que o livramento
condicional não pode ser concedido caso haja o cometimento de falta grave nos últimos 12
(doze) meses, conforme aponta o art. 83, III, “b”, do Código Penal.

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§ Comutação e Indulto – Súmula 535 do STJ: A prática de falta grave não interrompe o prazo
para fim de comutação de pena. Motivo: Ausência de previsão legal.

Jurisprudência:
v Súmula n. 526 do STJ - O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato

definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de


sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.
v Comete falta grave o apenado que viola a zona de monitoramento eletrônico
Apenado que está em prisão domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica, e viola o perímetro
(zona) do monitoramento: esta conduta configura falta grave, nos termos do art. 50, V, da LEP.
(STJ. 6ª Turma. HC 481.699/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 12/03/2019.)
v Reeducando que rompe a tornozeleira eletrônica ou mantém a bateria sem carga suficiente

para o uso normal, isso configura falta grave? SIM. Configura falta grave, seja durante a saída
temporária, seja durante o cumprimento da pena no regime aberto. O STJ entende que, neste
caso, configura falta grave, com base no art. 50, VI c/c art. 39, V, da LEP:

è REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO

O regime disciplinar diferenciado (RDD) é uma sanção disciplinar aplicável aos presos condenados
ou provisórios, nacional ou estrangeiro. O RDD tem cabimento em 3 situações:

• com a prática de fato previsto como crime doloso, que constitui falta grave, desde que ocasione
subversão da ordem ou disciplina internas, sem prejuízo da sanção penal correspondente (art. 52,
caput, da LEP);

• quando o preso apresentar alto risco para a ordem ou a segurança do estabelecimento penal ou
da sociedade (art. 52, §1o, da LEP).

• quando existirem fundadas suspeitas de envolvimento ou participação do preso provisório ou


condenado, a qualquer título, em organizações criminosas, associação criminosa ou milícia privada,
independentementeda prática de falta grave (art. 52, §2o, da LEP, com redação dada pela Lei no
13.964/19).

Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa, associação criminosa
ou milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, o

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regime disciplinar diferenciado será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional


federal (art. 52, §3o, da LEP, com redação dada pela Lei no 13.964/19). Nessa situação, o regime
disciplinar diferenciado deverá contar com alta segurança interna e externa, principalmente no que
diz respeito à necessidade de se evitar contato do preso com membros de sua organização
criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais.

O RDD somente pode ser aplicado pelo juiz da execução penal, em decisão fundamentada, no prazo
de 15 dias, após prévia manifestação do MP e da defesa.

CARACTERÍSTICAS DO RDD:

1. Duração máxima de 2 anos, sem prejuízo de repetição dessa sanção em caso de


cometimento de nova falta grave da mesma espécie.
2. Recolhimento em cela individual.
3. Visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações equipadas
para impedir o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de
terceiro, autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas. Essa visita será gravada
em sistema de áudio ou de áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por agente
penitenciário. Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar diferenciado, o preso
que não receber essa visita poderá, após prévio agendamento, ter contato telefônico, que
será gravado, com uma pessoa da família, 2 (vezes) por mês e por 10 (dez) minutos.
4. Direito do preso de sair da cela por 2 horas diárias para banho de sol, em grupos de até 4
(quatro) presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso.
5. Entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações
equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização
judicial em contrário;
6. Fiscalização do conteúdo da correspondência;
7. Participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência, garantindo-se
a participação do defensor no mesmo ambiente do preso.

§ Prorrogação do RDD – É possível a prorrogação sucessiva do RDD, por períodos de 1 ano,


existindo indícios de que o preso: I - continua apresentando alto risco para a ordem e a
segurança do estabelecimento penal de origem ou da sociedade; II - mantém os vínculos

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com organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, considerados também


o perfil criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação
duradoura do grupo, a superveniência de novos processos criminais e os resultados do
tratamento penitenciário.
§ É possível a inclusão preventiva do preso no regime disciplinar diferenciado (RDD), no
interesse da disciplina e da averiguação do fato, por decisão do juiz competente, sem a
necessidade de ouvir o MP para deferir essa medida cautelar baseada no fumus boni iuris e
periculum in mora, conforme autoriza o art. 60 da LEP. Tanto o isolamento como o tempo
de inclusão preventiva no RDD serão computados no período de cumprimento da sanção
disciplinar. Decorrido o prazo de 10 dias, se não for decretada a inclusão definitiva no RDD,
o preso retorna ao cumprimento normal da pena no cárcere. Não confunda a inclusão
preventiva no RDD com o isolamento preventivo, que pode ser determinado pelo diretor do
estabelecimento, pelo prazo de 10 dias.

è ATRIBUIÇÕES GERAIS DOS PRINCIPAIS ÓRGÃOS DE EXECUÇÃO PENAL


Aqui, é necessário passar pela lei seca, art. 61 e seguintes.

è ESTABELECIMENTOS PENAIS
v Penitenciária (arts. 87 a 90): destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime fechado.
v Colônia Agrícola, Industrial ou Similar (arts. 91 e 92): destina-se ao cumprimento da pena em
regime semi-aberto.
v Casa do Albergado (arts. 93 a 95): destina-se ao cumprimento de pena privativa de liberdade,
em regime aberto, e da pena de limitação de fim de semana.
v Centro de Observação (arts. 96 a 98): No Centro de Observação realizar-se-ão os exames gerais
e o criminológico, cujos resultados serão encaminhados à Comissão Técnica de Classificação.
v Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (arts. 99 a 101): destina-se aos inimputáveis e
semi-imputáveis referidos no artigo 26 e seu parágrafo único do Código Penal.
v Cadeia Pública (arts. 102 a 104): destina-se ao recolhimento de presos provisórios.

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IV. Regimes de Pena

è PROGRESSÃO DE REGIME
O artigo 112, LEP é de suma importância para o seu concurso, in verbis:

Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com
a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando
o preso tiver cumprido ao menos:

I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido
cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;

II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido
sem violência à pessoa ou grave ameaça;

III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver
sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;

IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime


cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;

V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de
crime hediondo ou equiparado, se for primário;

VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:

a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte,


se for primário, vedado o livramento condicional;

b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização


criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou

c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;

VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de
crime hediondo ou equiparado;

VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime
hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.

§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se


ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento,
respeitadas as normas que vedam a progressão.

§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre


motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor,

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procedimento que também será adotado na concessão de livramento condicional,


indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas
vigentes.

§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou


pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são,
cumulativamente:

I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;

II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;

III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;

IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do


estabelecimento;

V - não ter integrado organização criminosa.

§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação


do benefício previsto no § 3º deste artigo.

§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime


de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto
de 2006.

§ 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de


liberdade interrompe o prazo para a obtenção da progressão no regime de
cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo
terá como base a pena remanescente.

§ 7º O bom comportamento é readquirido após 1 (um) ano da ocorrência do fato,


ou antes, após o cumprimento do requisito temporal exigível para a obtenção do
direito.

Como se vê, são 2 requisitos para a promoção carcerário: objetivo (tempo) e subjetivo (mérito). A
ausência de qualquer dele inibe a progressão de regime. Vale dizer, deverá estar presente as duas
condicionantes: tempo e mérito.

a) Requisito objetivo: Diz respeito a um determinado de tempo de pena


cumprida
b) Requisito subjetivo: refere-se ao mérito para a progressão. Esse requisito é
comprovado por atestado de boa conduta carcerária firmado pelo diretor do
estabelecimento prisional em que se encontrar, respeitadas as normas que
vedam a progressão de regime.

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Além desses requisitos, o condenado para ser promovido ao regime aberto também deverá atender
os requisitos do art. 114 do CP: a) deverá estar trabalhando ou demonstrar a possibilidade de
trabalhar imediatamente; b) apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a
que foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de
responsabilidade, ao novo regime. OBS: Em razão de condições humanitárias, o art. 117 da LEP
dispensa essas obrigações das seguintes pessoas: condenado maior de 70 anos; condenado
acometido de doença grave; condenada gestante e condenada com filho menor ou deficiente físico
ou mental.

A LEP ainda estabelece condições para o apenado que cumpre pena em regime aberto. São
condições gerais e obrigatórias descritas no art. 115 da LEP: a) permanecer no local que for
designado, durante o repouso e nos dias de folga; b) sair para o trabalho e retornar, nos horários
fixados; c) não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização judicial; d) comparecer a juízo,
para informar e justificar as suas atividades.

Além dessas condições gerais e obrigatórias, o juiz ainda pode estabelecer condições facultativas
(especificas) para os apenados em regime aberto, que deveram estar em perfeita sintonia com sua
natureza e finalidade. Essas condições podem ser modificadas, conforme as peculiaridades do caso
concreto, de ofício pelo magistrado, a requerimento do Ministério Público, da autoridade
administrativa ou do condenado.

Lembre-se que que o ingresso do condenado em regime aberto supõe aceitação do seu programa
e das condições impostas pelo juiz (art. 113 da LEP).

è REGIME ESPECIAL PARA MULHERES

Com o advento da Lei 13.769/18 surge uma progressão especial para mulher gestante ou que for
mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, segundo determina o art. 112, §3o,
da LEP. Cuida-se de promoção carcerária que exige requisitos mais brandos e destinada
exclusivamente a mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com
deficiência, ainda que se trata de crimes hediondos. São esses os requisitos para essa progressão
especial de regime:

a) não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;

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b) não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;


c) ter cumprido ao menos 1/8 da pena no regime anterior;
d) ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do
estabelecimento prisional;
e) não ter integrado organização criminosa.

Estamos diante de requisitos cumulativos, ou seja, a ausência de qualquer desses requisitos inibe a
concessão desse benefício em sede de execução penal. De acordo com o art. 72, VII, da LEP, com
redação dada pela lei 13769/18, caberá ao Departamento Penitenciário Nacional acompanhar a
execução das penas das mulheres beneficiadas com a progressão especial, monitorando sua
integração social e a ocorrência da reincidência, específica ou não, mediante a realização de
avaliações periódicas e de estatísticas criminais.

è PRISÃO ALBERGUE DOMICILIAR

Prisão albergue domiciliar nada mais é do que permitir o cumprimento da pena em regime aberto,
em residência particular. Essa situação somente é permitida nos casos expressos em lei.

Os casos descritos em lei estão elencados no art. 117 da LEP. O apenado deve estar cumprindo pena
no regime aberto e encontrar-se numa das seguintes situações:

I - condenado maior de 70 (setenta) anos;

II - condenado acometido de doença grave;

III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;

IV - condenada gestante.

De acordo com o artigo 146-B, da LEP, com dispositivo inserido pela Lei no 12258/10, o juiz poderá
definir a fiscalização por meio de monitoração eletrônica quando determinar a prisão domiciliar.

Não confunda a prisão albergue domiciliar com a prisão domiciliar substitutiva da prisão preventiva,
eis que essa última terá natureza cautelar e será regida pelos artigos 317 e 318 do Código de
Processo Penal, in verbis:

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Art. 317 do CPP: A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou


acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial.
Art. 318 do CPP: Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando
o agente for:

I – maior de 80 (oitenta) anos;

II – extremamente debilitado por motivo de doença grave;

III – imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de


idade ou com deficiência; IV – gestante;

Jurisprudência importante:

v Súmula n. 718 do STF - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não
constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo
a pena aplicada.
v Súmula n. 719 do STF - A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena
aplicada permitir exige motivação idônea.
v Súmula n. 269 do STJ - É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a quatro anos, se favoráveis as circunstâncias judiciais.
v Súmula n. 440 do STJ - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de
regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas
na gravidade abstrata do delito.
v Súmula Vinculante n. 26 - Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por
crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art.
2o da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou
não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de
modo fundamentado, a realização de exame criminológico.

V. Autorizações de saída

A autorização de saída é gênero, que comporta 2 espécies: permissão de saída (art. 120 e 121 da
LEP) e saída temporária (arts. 122/125 da LEP).

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è PERMISSÃO DE SAÍDA

A permissão de saída pode ser concedida aos presos definitivos, que estiverem no regime fechado
ou semiaberto, e aos presos provisórios (prisão temporária e preventiva). É cabível por razões
humanitárias, que será deferida pelo diretor do estabelecimento, mediante escolta, quando
presente uma das seguintes hipóteses a seguir:

• falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente,


descendente ou irmão;

• necessidade de tratamento médico. Inclui também atendimento odontológico


de urgência.

A LEP não estipulou o prazo, porém a permissão de saída é ligada ao motivo que autorizou a sua
saída do estabelecimento penal. Ou seja, encerrado o motivo, o apenado deve retornar ao
estabelecimento penal.

Não há necessidade de autorização judicial. É o diretor do estabelecimento penal (autoridade


administrativa) que concede a permissão de saída. Caso a negativa da autoridade administrativa
não encontre respaldo legal, o juiz da execução pode ser acionado para resolver a questão.

è SAÍDA TEMPORÁRIA

Já a saída temporária necessita de autorização judicial, que será tomada após prévia manifestação
do Ministério Público e do diretor do estabelecimento penal. Nesse sentido:

Súmula 520 do STJ: O benefício da saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional
insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.

É um benefício previsto apenas para os apenados que cumprem pena no regime semiaberto. A saída
temporária, que será concedida sem vigilância direta (sem escolta policial), será admitida nos
seguintes casos:

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• visita à família;

• frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do segundo grau ou


superior, na comarca do juízo da execução;

• participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social

Embora não exista escolta policial, destaca-se que o Juízo da Execução pode fiscalizar essa saída
temporária por meio da monitoração eletrônica (art. 146-B, inciso II, da LEP).

Deferido o benefício em questão pelo juiz, o condenado será instruído acerca dos cuidados que
deverá adotar com o equipamento eletrônico e dos seguintes deveres: I – receber visitas do servidor
responsável pela monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir suas orientações;
II – abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer forma o dispositivo de
monitoração eletrônica ou de permitir que outrem o faça.

A violação comprovada dos deveres previstos para a monitoração eletrônica poderá acarretar, a
critério do juiz da execução penal, ouvidos previamente o Ministério Público e a defesa, a revogação
da autorização de saída temporária, caso a advertência, por escrito, não for suficiente na situação
concreta (art. 146-C, VII, da LEP).

REQUISITOS PARA SE OBTER A SAÍDA TEMPORÁRIA:

• comportamento adequado;

• cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário,


e 1/4 (um quarto), se reincidente;

• compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.

O prazo na saída temporária é por tempo determinado. Este prazo não pode ser superior a 7 dias,
podendo a concessão desse benefício ser de 5 (cinco) vezes ao ano, com intervalo mínimo de 45
dias entre uma e outra.

Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre outras
que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e situação pessoal do condenado:

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I – fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá


ser encontrada durante o gozo do benefício;

II – recolhimento à residência visitada, no período noturno;

III – proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos


congêneres.

O artigo 125 da LEP estabelece hipóteses de revogação automática da saída temporária, ou seja,
sem a necessidade de prévia oitiva do condenado. As hipóteses são:

• praticar fato definido como crime doloso (não se exige o trânsito em julgado);
• for punido por falta grave (o diretor do estabelecimento penal representará ao juiz da execução
para revogar o benefício – art. 48, parágrafo único, da LEP);

• desatender as condições impostas na autorização;

• revelar baixo grau de aproveitamento do curso.

Todavia, o condenado tem o direito de recuperar à saída temporária. A recuperação do direito à


saída temporária dependerá da absolvição no processo penal (na hipótese de fato definido como
crime), do cancelamento da punição disciplinar (no caso de ter sido punido por falta grave) ou da
demonstração do merecimento do condenado (para os casos de desatender as condições impostas
na autorização de saída e de revelar baixo grau de aproveitamento do curso).

Não terá direito à saída temporária o condenado que cumpre pena por crime hediondo com
resultado morte. Por cochilo o legislador não vedou a saída temporária ao crime equiparado ao
hediondo, com resultado morte (exemplo: tortura com resultado qualificador morte). Logo,
pensamento diverso representaria verdadeira analogia in malam partem, o que é vedado em Direito
Penal.

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VI. Livramento condicional

Aqui, essencial a leitura da lei seca, pois aparece muito nas provas, dos artigos 131 ao 146.

è REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS

Os requisitos objetivos são referentes à qualidade da pena e à reparação do dano. Já o requisito


subjetivo diz respeito ao aspecto pessoal do condenado. Para a concessão do livramento condicional
é necessária a presença de todos os requisitos (objetivos e subjetivos).

Requisitos objetivos:

A) A pena imposta deve ser privativa de liberdade (reclusão, detenção e prisão simples).
B) A pena de reclusão ou de detenção deve ser igual ou superior a 2 anos.
No caso de condenação por crimes em concurso, deve ser levado em conta a pena unificada
(somada), na forma do art. 84 do Código Penal. Vale ainda destacar que a pena unificada
para atender ao limite de 30 anos de cumprimento, determinado pelo artigo 75 do Código
Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento
condicional ou regime mais favorável de execução (súmula 715 do STF).
C) Cumprimento de parcela da pena. Se o condenado for reincidente em crime doloso, ele
deverá cumprir mais de metade da pena (livramento condicional ordinário). Se o condenado
não for reincidente, ele deverá cumprir mais de 1/3 da pena (livramento condicional
especial).

Se o agente tem em seu desfavor uma sentença condenatória? Na omissão do Código Penal
sobre o assunto e por ser proibido a analogia in malam partem, o reeducando deve cumprir
mais de 1/3 da pena para obter o livramento condicional.

Por fim, se o reeducando não for reincidente específico em crime hediondo ou equiparado
e tráfico de pessoas, ele deverá cumprir mais de 2/3 da pena (livramento condicional
qualificado).

D) Reparação do dano causado, salvo impossibilidade de fazê-lo.

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OBS: O requisito referente ao tempo exigido para a concessão do livramento condicional diz respeito
à quantidade de pena efetivamente cumprida, que sofre alteração em caso de prática de falta grave,
em razão da nova redação dada ao art. 83, III, “b”, do Código Penal. Vale dizer, nos termos do art.
83, III, “b”, do Código Penal, o livramento condicional não deve ser concedido caso haja o
cometimento de falta grave nos últimos 12 meses. Ante a ausência de previsão legal, a falta grave
não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional (súmula 441 do STJ). Com isso, é
forçoso concluir que não há incompatibilidade entre a súmula 441 do STJ e a nova redação do art.
83, III, “b”, do CP. Assim, o condenado não fará jus ao livramento condicional se houver cometido
falta grave nos últimos 12 meses, porém o prazo do citado benefício de execução penal não volta a
correr do início quando praticada a falta grave.

Requisitos subjetivos

B) Comportamento satisfatório do reeducando durante a execução da pena. Tal


requisito é demonstrado mediante atestado de bom comportamento elaborado pelo
diretor do presídio.
C) Não ter cometido falta grave nos últimos 12 (doze) meses. Esse requisito foi imposto
pela Lei no 13.964/19.
D) Bom desempenhado no trabalho que lhe for atribuído. Tal requisito é demonstrado
mediante atestado de bom comportamento elaborado pelo diretor do presídio.
E) Aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto.
F) No caso de crime doloso praticado com violência ou grave ameaça à pessoa, é
imprescindível a constatação de condições pessoais que façam presumir que o
liberado não voltará a delinquir. Para aferir o cumprimento desse requisito, o
magistrado pode solicitar a realização de exame criminológico, devendo, porém,
fundamentar tal necessidade.

OBS: Apenado, primário ou reincidente, que tiver praticado crime hediondo ou equiparado, com
resultado morte, não fará jus ao livramento condicional, segundo preconiza o art. 112, VI,”a”, e VIII,
da Lei de Execução Penal, com redação dada pela Lei no 13.964/19.

OBS 2: O condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por crime
praticado por meio de organização criminosa não poderá progredir de regime de cumprimento de

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pena ou obter livramento condicional ou outros benefícios prisionais se houver elementos


probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo, conforme determinação imposta
no art. 2o, §9o, da Lei 12850/13, com redação dada pela Lei no 13.964/19.

VII. Monitoração eletrônica

Nesse assunto sempre aparece bastante lei seca, trago aqui os artigos para você:

Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração eletrônica
quando:

II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto;

IV - determinar a prisão domiciliar;

Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cuidados que deverá adotar
com o equipamento eletrônico e dos seguintes deveres:

I - receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder


aos seus contatos e cumprir suas orientações;

II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer forma o


dispositivo de monitoração eletrônica ou de permitir que outrem o faça;

Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres previstos neste artigo


poderá acarretar, a critério do juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a
defesa:

I - a regressão do regime;

II - a revogação da autorização de saída temporária;

VI - a revogação da prisão domiciliar;

VII - advertência, por escrito, para todos os casos em que o juiz da execução decida
não aplicar alguma das medidas previstas nos incisos de I a VI deste
parágrafo.

Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser revogada:

I - quando se tornar desnecessária ou inadequada;

II - se o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver sujeito durante a sua


vigência ou cometer falta grave.

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