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Pierre Falzon elie) 21 A ergonomia na condugao de projetos de concepg¢ao de sistemas de trabalho Frangois Daniellou 4 ergonomia sempre teve como objetivo influenciar a concep. teios de trabalho. Num primeiro momento, essa contribuigdo assumiu a forma de “re- omendagies”, emitidas pelos ergonomistas apés uma anilise do existente, Levé-las er ;sideragdo ou nio era decisao dos gestores dos projetos e dos projetistas*. Progress!- cimente, ficou claro que a concepcao dos meios de trabalho implicava processos comple- xos, que o ergonomista precisava aprender a conhecer, e dos quais ele precisava participar_ > tempo todo, caso desejasse influencid-los de maneira significativa. O desenvolvimento ‘os conhecimentos sobre a evolucdo real dos projetos e sobre a atividade dos projetistas Terssac e Friedberg, 1996; Giard e Midler, 1993; Bucciarelli, 1988, 1996) facilitou essa integragaio. Do mesmo modo, os ergonomistas pouco a pouco identificaram que seus meto- ios de conhecimento do trabalho nao eram transponiveis, de maneira simples, ao trabalho ‘uturo, e que era preciso desenvolver novos métodos. 9 ola reconcepgao dos © paradoxo da ergonomia de concep¢do |A ergonomia da atividade constitui sua legitimidade a partir da analise do trabalho Mas, em concepedo, 0 trabalho que ¢ objeto da intervengao do ergonomista, no existe ainda, a-atividade nao pode ser “analisada". Além disso, quando existe uma situagao que deve ser objeto de uma transformacao, € impossivel “adaptar os meios de trabalho » atividade observada”, na medida em que toda transformacao dos meios de trabalho induziré a uma transformagao da atividade (Theureau e Pinsky, 1984) Em conseqiiéncia, para intervir em concepgdo, o ergonomista precisa mobilizar méto- dos de abordagem da atividade futura, distintos da andlise do trabalho real. Es ide futur ses mé- Je ser colocam uma questo tedrica fundamental: a ativic todos, por st = Optou-se por nao utilizar a palavra “conceptor” (um neotogismo) como traci \ palavra escolhida é a de projetista, apesar de haver no concelto de cancepeao, empregacio em ‘0 de concepgao ha mceplenr”. -ancés, algo a mais do que no de projeto no seu sentido estrite. No con uma forte caracteristica de desenvolvimento de idéias. ST sitopuodsaxios apopraquanfe sereae urestoaud ‘saodnfos ap kasnq up sgauuqe ‘anb sasoye So ops stenb 9 ‘aurunfon parynjad apojioa ep sazopeyod sasore so ows stenb aeinooad apod pisnuouogia 0 ‘oeddaoto9 ap ossav0d op okdeININAISe BU FEILTOLIO 9S IB “sesAIUTE Se 9 sojafoad $0 aULIOJUOO PSIAATP aTVAUTEUIANIXE 9 S901 op SodnUs Sassop OLEURISEP V soja v eynum] as ogu sew ‘sfeuorssyoud sejstiaford so myout anb ‘,ogddaauco ep sazoye, owe) ojad seossad sessap oyUMfUOD O SOUT o.wufitsaq] “BUTOISIS OD Osh 0 ayUAUUTTPUY a ‘OBSTSUOD Up OOUMA|OALLESap O ‘suripssavou SaaToa que sv ‘seysodoud SaQINTOS Sep OBSETTEAK v OHTOUTETTELTY nas ‘gpaford op soarratqo sop ogssardxa vu seplafoaua ovise stevorssyoud seuOFaqwo seo “(F661 noyueg) 0" smmu|ssyoud seisnaford so seuade vs ou ovddasu09 ap ossadord uM IeIOqEIOD BP BY? eisnuouose 0 sTenb so woo SazOTe sq ~ “opsdaou09 vp sauoW so 2 vISPWOWOHLA O euiaisis op Sojgnsn sop AMM SpEpIane eTEproge wayruid anb sorry SO AAMAr wo aysistioa roTUD9 o“SNUASIOD ‘SajuAUTITEd saodeIOIUT S9[9 WOD Bafoattasap 21> anb annuiiad a ‘oeddaatros ap o8880010 Op Soroqw SoNtarOATp SOB OBDETAI Wo BISTLIOUOB. ¢ © aviforotsod esta jeI0s OBSN.NSUOD Pou} 9 [eos “OvSTUTSuOD ETTNp eum agdnssad opduaatojutens ‘opSdoot09 ap Seujooso SBUoTaTANUT eISTUOUOR. 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Nem sempre o ergonomista mantém contato com 0 empreendedor. 'A busca de solugdes para atingir esses objetivos pressupoc @ mobilizagao de compe- séncias profissionais de concepcao, que podem envolver as freas teenie (engenharia, ‘aformatica etc.), mas também as estruturas organizacionais ou @ formagao. A fungao cc erespondente.é, com freqiiéncia,intitulada coordenador de projeto, mas esta expresso sampouco é empregada sistematicamente. «> “eliente” do ergonomista pode estar ligado ao empreendedor (demanda proveniente a direcao de uma empresa) ou a0 coordenador de projeto (demanda proveniente p. eX.. do setor de engenharia), 0s trabalhos conduzidos pelos sociotécnicos, na década de 1980 (Laplace e Regnaud, 986, Riboud, 1987; du Roy, 1992), para compreender e abordar as dificuldades encontra- cugao de muitos projetos industriais, evidenciaram as freaiientes deficiéncias c= condugio de projeto, que podem ser resumnidas conforme segue. « Uma falta de identificagdo clara do controle do empreendedor ‘ede souresponsivel. + Uma fragilidade na definica jetivos do projeto, com freqiiéncia limitada -cpressio dos desempenhos quantitativos esperados. « Pouca presenga do empreendedor que, apés ter definido (mal) os objetivos, deixa para o coordenador de projeto a sua condugao. Dadas as competéncias técnicas deste, 0 projeio passa a sex “conduzida pela técnica”, e as questoes relativas aos recursos humano: S condigdes de trabalho, organizagao do trabalho e a formagao s como conseqiiéncias das escolhas técnicas. « Pouca associagia dos “usuarios” no projet: os responsavels pela produgao e pela manutencao futuras sao deixados & margem, bem como, a fortiori, os operadores que 4everdo fazer funcionar o sistema. 10 com frequéncia tratadas « Pouca consideraco do papel legal das insténcias de representagio dos trabalhado- res, freqiientemente, pouco informadas dos projetos, o que pode resultar erm conflitos so- sais nao previstos. \s vezes, essas antigas constatagdes foram objeto de medidas corretivas Nis empresas, mas clas permanecem atuais em algumas situagdes. Se esse € 0 ca50, 0 ergonomista que se encontrar num projeto apresentando essas caracteristicas terd enormes dificuldades para Gesempenhar seu papel. Quando ele é contratado pelo empreendedor, o ergonomista € cnean levado a fazer um diagnéstico da estrutura do projeto, e event ualmente a procurar so la evoluir, para reunit condicoes favordveis para a concepcao. Os principais aspectos 4a condugao de projet capazes de produzirem. “uma concepcao de qualidade sao os seguintes: eA implementagdo de um caletivo associado ao empreendedar, reunindo os diferen- es responsdveis portadores das diversas racionalidades pertinenteS (p. ex,, financeira erativa aos produtos, a produgdo, ao meio ambiente, a qualidade, & gestéio de recursos vumanos...). Bsse coletivo procederé & designagao de um representant®, Ct regado durante todo 0 tempo do projeto as relagbes entre 0 empreendedor € 0

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