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20212026, 20:57 (© xamanismo e suas maliplas manifestagtes e abordagens OpenEdition NY Journals Horizontes Antropol6gicos SEARCH Todo OpenEdition 51 | 2018 Sistemas xamAnicos e novos xamanismos Apresentagao O xamanismo e suas miultiplas manifestagdes e abordagens SERGIO BAPTISTA DA SILVA, EMERSON GIUMBELLI Y PABLO QUINTERO p75 Texto integral + Este mimero de Horizontes Antropolégicos dedicado aos sistemas xamanicos ¢ novos jismos apresenta um conjunto diversificado de artigos, que bem expressam 0 amplo e variado espectro de suas ocorréncias e caracterizagoes, e as miiltiplas possibilidades de abordagem que o campo da antropologia vem proporcionando, 2 Historicamente, a prépria constituigao desse campo encontrou nos estudos sobre 0 xamanismo nas chamadas sociedades tradicionais uma atraente, desafiadora e, a0 mesmo tempo, difusa referéncia para reflexdes ¢ interrogagoes (Langdon, 1996). Até ha bem poucas dé “méeicas” e “tradicionais”. novas abordagens tém evidenciado sua forga e presenga em xamat idas considerada como uma instituigio arcaica e plena de priticas d@ 1 uma étima ilustrag@o na histéria dos termos que na palavra originéria de linguas do leste da Sibéria, culo XVII foram abjetos de relatos. Mas é s6 no século ‘anismo” para dar uma expresso translocal a certas materiais e espirituais. As Gltimas décadas do século ) de outra ordem, que projeta o termo para além da 's0s. No século XXI, ao mesmo tempo em que parece »ja xamanismo, constatamos a poténcia da palavra — e scompanhar realidades muito variadas, compostas de s surpreendentemente heterogéneos. rializadas nos 12 artigos que compdem o presente a contemporaneidade do xamanismo, o qual tem Personalizar ies de abordagens voltadas ao entendimento de x01; Lima, 2005; Vilaca, 2000; Viveiros de Castro, te acompanhar sua disseminagéo, reconfiguragio e Magnani, 2005). hitps:iourals.openedtion orghorizontes/20877lang=es 16 20212026, 20:57 (© xamanismo e suas maliplas manifestagtes e abordagens A partir desses novos modelos de entendimento, 0 xamanismo, como sistema cosmolégico, implica a manifestagao de diversas praticas socioculturais associadas com as relagdes de atuacio e mediagao simbélica, que colocam em jogo saberes especificos € préticas rituais, vinculadas a concepgdes cosmo-ontolégicas (Baptista da Silva, 2014), a modalidades de poder e de medicina, & produgao de maleficios ea manifestagoes de arte (Lagrou, 2007). Além disso, o repertério do xamanismo pode inctuir também diversas expresses como a religiio, a adivinhagio, a comunicagio onirica e as praticas animistas, entre muitas outras. Essas miiltiplas experiéncias denotam um xamanismo aberto, heterogéneo e as vezes contraditério, que cada vez parece estar mais atravessado or conexdes e influéncias muito diversas (Feriegla, 2011). A recente aparigo de novos discursos ¢ praticas de xamanismo vinculadas a tendéncias contempordneas como as religiosidades Nova Era, bem como a incorporagio de xamas indfgenas a circuitos urbanos ¢ transnacionais, voltam a situar no debate antropoldgico a instituigéo do xamanismo em novos e dindmicos contextos. presente mimero de Horizontes Antropolégicos traz.a tona justamente as miiltiplas expresses do xamanismo e do que poderfamos denominar de novos sistemas xamanicos. O diverso e heterogéneo acervo de artigos que ora publicamos demonstra diferentes contribuigdes tedricas e variadas etnografias que ressaltam as semelhancas € diferengas que ocorrem nas miitiplas manifestagdes do fendmeno xaminico, das cosmo-ontologias a ele associadas aos diversos possiveis papéis exercidos pelos xamas em variados contextos, Como estratégia de apresentacio e discussio dos textos presentes neste mimero de Horizontes Antropolégicos, eles foram aglutinados ao redor de trés eixos que enfatizam trés_modos analiticos de compreensio, no totalmente distintos, dos fenémenos estudados. primeiro eixo reiine os artigos que centralmente discutem o xamanismo a partir de seus especialistas e de suas reflexdes, com grande conotagao etnografica, partindo desde ‘uma visio interna, desde dentro. segundo eixo analitico agrupa aqueles textos cuja principal intengao, nos parece, foi a de abordar o xamanismo através de sua relagdo com diversas alteridades, apresentando interfaces e refletindo sobre suas transformagées. Por sua ver, 0 terceiro ¢ tiltimo eixo organiza em seu entorno artigos que enfatizam em suas andlises conexdes ¢ conflitos cosmo-ontolégicos, abordando aspectos como a agéncia cosmopolitica e a decolonialidade. Entretanto, esses trés eixos propostos para esta apresenta¢io constituem-se mais como uma estratégia metodolégica, uma vez que, certamente, hé textos, discussées e abordagens que transbordam essas fronteiras arbitrérias e focos de anélise e compreensio, transitando entre os eixos e estabelecendo entre si uma continua >rimeiramente os artigos que incorporamos ao eixo é@ tra na compreenséo do xamanismo segundo seus ani Kuin image-songs, an Amerindian relational a partir de uma longa e intensa interlocugio com inawa, uma série de imagens-cangées (huni meka) » potente eipé amazdnico cuja ingestdo implica, nas Jo proceso de devir-outro onde saber significa ver ntar através da voz do Outro e ser coberto pela consumidos” e na “aquisigao de capacidades agentivas sssas imagens-cangGes revelam todo um proceso de visio, miisica, som, ritmo e sensagdes corporais porcionam cura e conhecimento. a, em seu artigo de titulo “Técnicas de estragar os, fronteira Brasil-Guiana”, apresenta-nos a modalidade mo do macigo guianense ocidental, conhecida como egional pluriétnico, o autor discute elementos cosmo- htips:jourals.openaton orgfhorizontes!20877lang=es 26 20212026, 20:57 (© xamanismo e suas maliplas manifestagtes e abordagens ontolégicos que configuram relagdes entre humanos e plantas, diseutindo, a partir de seus especialistas, a ética do xama eo estatuto do humano. Finalizando a apresentagéo dos artigos deste cixo analitico que enfatiza a ‘compreensao do xamanismo a partir das reflexdes de seus especialistas, Bruno Huyer, em “Dos alienfgenas A jurualogia: reflexes de um provavel xam& guarani-mbya”, acompanha as “exegeses filoséficas” de um jovem guarani que procura entender quem so os nao indigenas e os demais habitantes do cosmos, 20 mesmo tempo em que ‘etnografa e analisa sua iniciagao xamfnica, A seguir, vém as apresentacdes dos artigos agrupados no segundo eixo. Nele, a énfase dos autores concentra-se em compreender o xamanismo em sua relagio com alteridades, abordando suas interfaces ¢ transformagées. Em “Derrota interna, sucesso exterior: a patrimonializagéo do xamanismo entre os Baniwa (Alto Rio Negro ~ Amazonas)”, Elise Capredon busea entender os novos usos do xamanismo considerado como parte de dindmicas mais amplas de revitalizagdo cultural. Na regio do Alto Rio Negro, o xamanismo local sofreu impactos por conta de discursos cristdos ¢ da implantagdo exitosa do protestantismo. Por algum tempo, passou por uma simplificagéo € marginalizagdo. Mais recentemente, a situagdo vem mudando, como mostram duas iniciativas de revitalizagao da pajelanga: a criagio de uma “Escola de Xamis” e a realizagio de um documentario sobre a mtisica baniwa incluindo cenas relativas a um ritual de iniciagao. ‘Tal revitalizagéo depende de dinamicas que conciliam manuteng&o ¢ inova¢do; atores locais e remotos; logicas internas ¢ externas. Tem-se assim um caso de “xamanismo de interface”, no qual as praticas e os saberes xamfnicos foram “transferidos” para a area piblica das relagoes exteriores, onde séo mobilizados para atrair visitantes, ganhar visibilidade no cenério politico regional e captar recursos. Glauber Loures Assis e Jacqueline Alves Rodrigues, em “Uma bebida, muitas visoes: apontamentos sociolégicos sobre a II Conferéneia Mundial da uma série de questées que percorrem a constituigéo das assim chamadas “redes neoxamanicas contemporaneas”. A referéncia principal para a abordagem dessas redes 6 a caracterizagio de um campo ayahuasqueiro, do qual participam e interagem diversas vertentes: povos indigenas, religides tradicionalistas, linhas expansionistas que geram variadas formas de apropriago, além dos estudiosos ¢ organizagées que visam acompanhar ¢ promover os usos da ayahuasca. Os autores dedicam-se a andlise de varios aspectos da realizagao de uma conferéneia ocorrida no Acre em 2016 e que reunin diferentes agentes e visdes sobre a ayahuasca. Enfatizam a diversidade, as tensGes e conflitos que pereorrem o campo ayahuasqueiro, com foco no Brasil, mas sem deixar de apontar dimensdes transnacionais. A conferéncia, tal como abordada no texto, demonstra a emergéncia de diversos atores que tém se tornado relevantes nas redes autores, “construindo um verdadeiro pluralismo no wahuasca”, discutem é@ outros da festa: um sobrevoo por festivais yawanawa e os de uma intensa circulacdo de agentes, focando em os pano do Acre que realizam rituais xamanicos nas a receberem visitantes nao indigenas. Essa circulagao as passagens: nao indigenas cujas visées espirituais, vos; indigenas eujas visGes espirituais incorporam 10 0s Andes, a América do Norte e mesmo o Oriente. s entre religiosos ayahuasqueiros e indigenas, levando tazdnicos e & introdugao neles de elementos religiosos os festivais encenam rituais tradicionais para almente, nogdes (como a de espiritualidade) so mesmo entendimento - um proceso de tradugio que te consoantes e dissonantes. xaménicas entre Brasil ¢ Guiana Francesa’, o gltimo autor, Ugo Maia Andrade, explora as dindmicas de conteira Brasil-Guiana tendo como centro a cidade de htips:jourals.openaton orgfhorizontes!20877lang=es 36 20212026, 20:57 (© xamanismo e suas maliplas manifestagtes e abordagens a 2 2s Oiapoque e a populagdo karipuna, galibi-kali‘na, galibi-marworno e palikur, que so apresentadas no texto, relacionando as suas interagGes com outras populagdes coletividades nao indigenas. Assim, o texto esté centrado em um trabalho etnografico que aprofunda a anélise das dinamicas de contato e dos “novos aportes de conhecimentos ao xamanismo regional’, enfatizando esse campo de relagdes refletindo sobre as transformagGes desse xamanismo e o surgimento de novas modalidades. Por fim, apresentamos os artigos relacionados ao tereeiro e iltimo eixo analitico por nds proposto e que diz respeito aos textos que nas suas abordagens analisam o xamanismo a partir de suas conexdes € conflitos cosmo-ontolégicos, ressaltando seus aspectos cosmopoliticos em um contexto decolonial. primeiro deles tem por titulo “Medicinas da floresta: conexGes e conflitos cosmo- ontolégicos", no qual Guilherme Pinho Meneses acompanha os deslocamentos de xamas huni kul (kaxinaw4) e de tais “medicinas”, principalmente a ayahuasca, entre contextos “de floresta” ¢ urbanos. Inspirando-se na proposigio cosmopolitica de Isabelle Stengers, 0 autor sugere que o nixi pae (ayahuasea) aparece como “tecnologia de conectividade” entre coletivos diversos ontologicamente, possibilitando encontros com a alteridade e a “composigio de espagos de coexisténcia”. Juan Suro, em “(Neo)chamanismo. Aspectos constitutivos y desafios analiticos”, apresenta uma documentada discussio analitica sobre continuidades e rupturas entre xamanismos ¢ neoxamanismos, através de referéncias tebricas, historicas e etnolégicas, objetivando orientar a identificagio e abordagem antropolégicas do fendmeno, com énfase na compreensio das “plantas maestras”. O artigo constréi também uma paisagem dos principais debates antropolégicos contemporaneos sobre os novos xamanismos. Em “Xamanismo e neoxamanismo no circuito do consumo ritual das medicinas da floresta’, Saulo Conde Fernandes caracteriza o que chama de contemporaneo”, estruturado a partir do consumo ritual de medicinas da floresta, um conjunto de psicoativos em que se destaca a ayahuasca. Alimentando-se das elaboragies culturais do Santo Daime, de tradigdes indigenas amazénicas e de espiritualidades urbanas, esse circuito abre-se para articular um conjunto amplo e heterogéneo de atores, experiéneias e propostas. Nele se encontram neoxamas (urbanos tradicionalizados) e neonativos (indfgenas em cireuitos urbanos). ‘Trata-se de um lerritério repleto de (re)invengdo de tradigdes, onde elementos culturais de diversas culturas so mesclados, reelaborados, ressignificados. Culturas xaménicas ancestrais se ‘unem ao universo Nova Era, dando origem a novos arranjos rituais, Diego Madi Dias, em seu artigo “Entre a infincia e 0 sonho: pedagogia guna da autonomia (Panamé)”, destaca, entre esse coletivo, 0 contexto ou ‘moldura’ para a pritica pedagégica”. O sistemologia guna o conhecimento é concebido como é@ » entre o “modelo onfrico de inculeagao” (cangées de ica, chamando nossa atengio para a relagio entre ‘© de autonomia, sono, sonho, processos de aquisicio, amanismo entre os Guna, artigos deste terceiro ¢ iltimo eixo analitico, temos 0 réchal e Herbert Walter Hermann, “O xamanismo onizadora”, no qual seus autores propdem seu »smopolitica nos processos histéricos eoloniais”. Nele, tamanicas kaingang ¢ seus venk péti (sonhos) como zadoras que fazem parte dos recentes processos de ‘circuito xaménico sstatuto do sonho como a entrevista que Ailton Krenak, destacada lideranga ussef Daibert Salomao de Campos, em 15 de abril de altural e o protagonismo indigena na Constituinte de htips:jourals.openaton orgfhorizontes!20877lang=es 46 20212026, 20:57 (© xamanismo e suas maliplas manifestagtes e abordagens 9 Por diltimo, apresentamos a capa deste mimero de Horizontes Antropolégicos. Ela exibe a pintura do russo Wassily Kandinsky (1866-1944) denominada Auf Weif IT, de 1923, De acordo com Weiss (1986), estudiosa de sua obra, Kandinsky foi eleito muito Jovem, em 1889, membro da Sociedade Imperial Russa de Amigos da Histéria Natural, Antropologia e Etnografia, quando ainda estudante na Universidade de Moscou. ‘mesmo ano, foi selecionado por esta mesma sociedade para uma missio de pesquisa pelo norte de seu pats (regio de Vologda), onde entrou em contato com xamas do povo zytian, também conhecidos como Komi, Essas experiéncias etnogréficas ¢ esse encontro com 0 xamanismo e seu universo foram marcantes para o jovem estudante e decisivos para seu entendimento de arte, suas influéncias tendo persistido em sua obra até sua morte, tanto como pintor como escritor. Weiss enfatiza o grande interesse do pintor, em seu ensaio sobre os Zyrian, em relagdo & “dupla {@” desse povo (0 entrelagamento entre os sistemas xamAnico e eristao) e seu potente universo iconogréfico, no qual o xama siberiano, ao deixar seu corpo, viaja por outros mundos, auxiliado por seu tambor, que durante o transe transforma-se em cavalo, ¢ relata & humanidade, no seu retorno, 0 conhecimento ¢ as imagens que viveneiou e viu na sua jornada, Desse modo, Kandinsky relaciona o tambor xamanico com a tela do pintor, enquanto veiculos de “renascimentos” e eriagdo de “mundos”, e autoidentifica seu papel como pintor com o do xama, considerando a arte como um meio através do qual “man speaks to mankind about the supernatural” [o ser humano ‘manifesta-se para a humanidade acerca do sobrenatural] (Weiss, 1986, p. 8-9, 13). Considerado o “pai da arte abstrata’, Kandinsky, em sua pintura reproduzida em nossa capa, leva-nos ao universo iconogrifico xaménico, com seus tambores, cavalos, circulos, montanhas césmicas, espirito de péssaros e nuvens, que atestam os voos do xama para outros mundos. Bibliografia BAPTISTA DA SILVA, S. Cosmo-ontologia ¢ xamanismo entre coletivos kaingang. In: FLECK, F. C. D. (Org). Religiées e religiosidades no Rio Grande do Sul: manifestacoes da religiosidade indigena. Sio Paulo: ANPUH, 2014. v. 3, p. 69-96. (Colegio Meméria & Cultura NEMEC/PPGI1). FAUSTO, C. Inimigos fis: historia, guerra examanismo na Amazbnia. Sao Paulo: Edusp, 2001, FERICGLA, J. M. Los chamanismos a revisién: de la via del éxtasis a internet, Barcelona: Kairos, 20u., LAGROU, E. A fluidez da forma: arte, alteridade agéncia em uma sociedade amazinica (Kaxinawa, Aere). Rio de Janeiro: Topbooks, 2007. Gise m: 0 povo yudja e a perspectiva. Séo Paulo: Editora Unesp: p2i8-227 fe outro? Xamanismo ¢ contato interétnico na Amazénia + Sio Paulo, v.15, n. 44, p. 56-72, oUt. 2000. 100003 ‘vismo ¢ multinaturalismo na América indigena. In: ‘neia da alma selvagem: e outros ensaios de antropologia, 399. ia": an ethnographic exploration. Syracuse Scholar (1979- . Acesso em: mbelly Pablo Quintero, «© xamanismo e suas miiplas intes Antropolégicos, 51 | 2018, 7-15, htips:jourals.openaton orgfhorizontes!20877lang=es 56 20212026, 20:57 (© xamanismo e suas maliplas manifestagtes e abordagens Referencia electronica ‘Sergio Baptista da Silva, Emerson Giumbelll y Pablo Quintero, «O xamanismo ¢ suas mitiplas manifestagdes e abordagens», Horizontes Antropoldgicos [En linea], §1 | 2018, Puesto en linea ‘el 11 octubre 2018, consultada el 19 febrero 2024. URL: htto:sjournals.openedition orginorizontes/2087 Autores/as ‘Sergio Baptista da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Sul — Porto Alegre, RS, Brasil sergiobaptistadasiiva@gmail.com Emerson Giumbelli Universidade Federal do Rio Grande do Sul — Porto Alegre, RS, Brasil ‘emerson giumbelli@yahoo.com.br Articulos del mismo autor Public spaces and religion: an idea to debate, a monument to analyze [Texto integral] fo en Horizontes Antropolégices, 52 2018 Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Porto Alegre, RS, Brasil pablo.quintero@utrgs.br Articutos del mismo autor Para uma antropologia histérica dos povos indigenas: reflexées criticas e perspectivas [Texto integral For a historical anthropology of indigenous peoples: critical reflections and perspectives Publicado en Horizontas Antropotégicas, $8 | 2020 Populacées kaingang, processos de territorializagao e capitalismo colonialimoderno no Allto Urugual (1941-1977) (Texto integral] Kaingang people, territoralization process and colonialimodem capitalism in Alto Uruguay (1941-197) Publicado en Horizontas Antropolégicas, $8 | 2020 Derechos de autor Unicamente e! texto se puede utilizar bajo licencia CC BY 4.0. Salva indicacién contraria, los demas elementos (iustraciones, archivos adicionales importados) son "Todos los derechos reservados" htips:jourals.openaton orgfhorizontes!20877lang=es ae

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