O homem, durante toda a história da humanidade, nunca passou por um
problema de perda de sentido tão grande. Diante disso, qual o sentido da vida se se perde o sentido de amor? O homem é um “ens amans” (ser amante); porque, se não experimenta a experiência do amor, não conseguirá encontrar o sentido da vida. Desse modo, o homem experimenta um vazio existencial. Como resposta para tal problema, apresentamos o personalismo, que coloca a pessoa como algo essencial para a antropologia. O personalismo traz uma ideia de “ser simpático”; mas o que será tal termo? Se apresenta como a capacidade de sofrer com o outro, porque será completamente diferente do utilitarismo, que visa apenas a utilidade do outro. E quem é o outro? O homem é uma liberdade que tem a necessidade de ser realizada. Existe, desse modo, um contraste com o outro, que também é livre, levando a um confronto com tal encontro de duas liberdades. Até o século XVIII não se fala de uma filosofia do homem, mas da alma do homem e da psicologia racional. Tal psicologia era tida como empírica, que buscava conhecer o homem pela experiência para chegar ao conhecimento da pessoa em sua integralidade. A antropologia filosófica é a disciplina que estuda o homem em sua integralidade (material), e estabelece seu agir (formal), mediante uma reflexão crítica dos próprios atos. O homem, sendo um ser relacional por natureza, busca uma relação com o outro, com o mundo e com as coisas. O homem, por meio das relações, vai se descobrir e realizar os atos humanos (atos voluntários), diferenciando daquilo que são os atos do homem (atos involuntários). São João Paulo II, quando falou de uma antropologia, tratou os “atos humanos” como “atos da pessoa”, e afirmou que são um meio para conhecer a pessoa de modo integral. Com isso, a antropologia trata dos aspectos fundamentais do ser humano para chegar ao conhecimento daquilo de mais essencial em sua natureza. Ademais, o homem não é apenas uma “suppositum” - substância individual ou coisa particular -, mas ela se define em cada ação. Portanto, além do homem como um ser relacional, é preciso entendê-lo como um ser que possui uma dignidade de ser vivente, diferentemente daquela visão mecanicista, que afirma não existir uma diferença essencial entre o vivente e o não vivente, sendo apenas a estrutura que os diferencia. Entretanto, o viver é um conjunto dos atos que caracterizam os seres viventes. Desse modo, no plano do ser temos o próprio vivente, enquanto que no plano do agir temos o viver. Enfim, a antropologia buscará estabelecer a importância do estudo acerca do homem, bem como os meios para assegurar sua dignidade, dado que existem ferem a dignidade humana, como: a clonagem, homosexualidade, anticoncepção (fere a realidade da pessoa enquanto reprodução de um ser imanente auto-aperfeiçoante), a pedofilia (contrátio a ação imanente autoaperfeiçoante, porque não ocorre uma entrega de um ao outro, mas uma dominação). Sendo assim, a necessidade da antropologia filosófica encontra-se no caminho de entendimento do homem em sua essência, assegurando sua dignidade e seu bem viver.
REFERÊNCIAS
FÉLIX, Paulo de Matos. Apostila de Antropologia Filosófica.