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XIII CONGRESSO ABRACOR

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CONSERVADORES


RESTAURADORES DE BENS CULTURAIS

Preservação do Patrimônio Cultural: Ética e Responsabilidade Social

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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
Promoção
Associação Brasileira de Conservadores – Restauradores de Bens Culturais

Realização
ACOR – Associação
ACOR-RS dos dos
– Associação Conservadores – Restauradores
Conservadores do Rio
– Restauradores doGrande do Suldo Sul
Rio Grande

Organização
Specialitá Eventos

ABRACOR
Caixa Postal 6557 - CEP.: 20030-970
Rio de Janeiro - RJ - 55 (21) 2262 25 91
www.abracor.com.br

DIRETORIA ABRACOR - BIÊNIO DE 2007-2008

Presidente
Solange Zúñiga
Vice-Presidente
Daniela Cristina Silva Camargo
Primeiro Secretário
Maria Julia Faissal Cardoso
Segundo Secretário
Solange Rocha
Primeiro Tesoureiro
Mariana Silva Santana
Segundo Tesoureiro
Mônica Paixão
Coordenador Técnico
Sandra Baruki
Coordenador para Assuntos Internacionais
Luiz Antonio Cruz Souza
Conselho Fiscal
Norma Cianflone Cassares
Franciza Toledo
Lourdes Rossetto
Conselho Administrativo
Ivan Coelho de Sá
Naida Maria Vieira Corrêa
José Carlos Andreoli
Conselho Administrativo
José Dirson Argolo
Jayme Spinelli
Suplentes do Conselho Fiscal
Márcia Regina Pereira Lessa
Suely Deschermayer
Lygia Guimarães
Colaboradores Internacionais
Katriina Simila
M.Silvio Goren

EXPEDIENTE

Coordenação Editorial: Diferencial Comunicação e Marketing


Projeto Gráfico: Rogério Nolasco Souza
Capa: Specialità Eventos
Diagramação: Marco Antônio Leite
Revisão: Dirlene Possani

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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
Apresentação
No momento em que se debate o reconhecimento da profissão de conservadores e
restauradores de bens culturais, sua formação profissional e seu papel no vasto espectro
de áreas onde atua, será certamente bem-vinda a publicação das comunicações apresenta-
das no XIII Congresso ABRACOR, que vem registrar o estado da arte da preservação de
bens culturais sob o ponto de vista das inovações tecnológicas e científicas, próprias do
fazer e pensar preservacionistas, e salientar o nível de maturidade alcançado nesses 27
anos de existência da Associação.

Este evento, ora realizado em Porto Alegre em parceria com a Associação de Conserva-
dores e Restauradores de Bens Culturais do Rio Grande do Sul (ACOR-RS), representa o
mais importante encontro de pesquisadores, profissionais e estudantes das áreas do
Patrimônio Cultural atuantes no Brasil e na América Latina. Realizá-lo no Rio Grande do
Sul – cenário mundial de discussões sociais – reforça o pioneirismo deste Estado na
realização de projetos que abrangem componentes culturais e sociais do desenvolvimento
sustentável, além de possibilitar um estreitamento de laços com os demais profissionais
atuantes nos países integrantes do MERCOSUL.

As comunicações aqui apresentadas refletem o tema eleito como objeto central deste
Congresso – Ética e Responsabilidade Social na Preservação do Patrimônio Cultural -
possibilitando a reflexão sobre os parâmetros de atuação do conservador e restaurador na
preservação do patrimônio histórico e artístico e convidando ao debate sobre a necessida-
de do conhecimento multidisciplinar para a preservação dos bens culturais. Refletem,
ainda, os demais objetivos do Congresso, quais sejam possibilitar a discussão e dissemi-
nação de pesquisas e estudos de caso nas áreas relacionadas à ciência da conservação,
apontar para a necessidade de adequação da profissão de conservador-restaurador – cujo
projeto de reconhecimento tramita no Congresso Nacional - às normas de biossegurança
e segurança do trabalho e propiciar o debate de políticas direcionadas à conservação do
patrimônio cultural brasileiro, com ênfase naquelas voltadas à segurança contra o tráfico
ilícito de bens culturais.

Por fim, deixa-se registrado um imenso agradecimento à ACOR-RS, às Comissões –


local e nacional – responsáveis pela organização deste evento, à Comissão Científica, à
Comissão Cultural e Social, à Comissão de Viabilização e de Divulgação, aos patrocina-
dores e instituições parceiras, por terem possibilitado, com seu apoio e dedicação, a
realização deste XIII Congresso.

Solange Zúniga
Presidente da ABRACOR

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COMISSÃO ORGANIZADORA

Comissão Organizadora Nacional


Profª. Drª. Solange Zuñiga - Coordenação Geral
Profª. Msc. Adriana Cox Hollós - CONARQ
Daniela Camargo - Museo - Museologia e Museografia
Elise Goulart - Arquivo Nacional
Prof. Dr. Luiz Antonio Cruz Souza - UFMG
Lygia Guimarães - IPHAN
Maria Julia Faissal Cardoso - CCPF/FUNARTE
Mariana Silva Santana - Museo - Museologia e Museografia
Mônica Paixão - Tempo Glauber
Esp. Naida Maria Vieira Corrêa - MARGS
Profª. Msc. Sandra Baruki - CCPF/FUNARTE
Solange Rocha - MAST

Comissão Organizadora Local


Esp. Naida Maria Vieira Corrêa - MARGS/ACOR-RS - Coordenação Geral
Msc. Andréa Lacerda Bachettini - UFPEL/ACOR-RS
Esp. Keli Cristina Scolari - Autônoma/ACOR-RS
Drª. Lucimar Inês Predebon - Autônoma/ACOR-RS
Prof. Dr. Luiz Fernando Rhoden, arquiteto - IPHAN/ACOR-RS
Esp. Lorete Mattos - UFRGS/ACOR-RS
Dr. Markus Wilimzig - Autônomo/ACOR-RS
Msc. Roberto Luiz Sawitzki - IPHAE/ACOR-RS

Comissão Científica
Prof. Dr. Sérgio Conde de Albite Silva - UNIRIO/RJ - Coordenação
Profª. Msc. Adriana Cox Hollós - CONARQ
Profª. Drª. Franciza Toledo - Consultoria em Tecnologia de Conservação Ltda.
Prof. Dr. Luiz Fernando Rhoden, arquiteto - IPHAN/RS
Prof. Dr. Marcus Granato - MAST/RJ
Profª. Drª. Maria Regina Emery Quites - UFMG/MG
Dr. Markus Wilimzig - ACOR/RS
Prof. Dr. Plínio Santos Filho - AERPA
Profª. Msc. Silvana Bojanovski - Biblioteca Nacional/RJ
Profª. Drª. Yacy-Ara Froner Gonçalves - UFMG/MG

Comissão Cultural e Social


Arq. Marina Vieira Corrêa/RS
Comissão de Viabilização
Msc. Andréa Lacerda Bachettini/RS
Drª. Lucimar Inês Predebon/RS
Esp. Naida Maria Vieira Corrêa/RS
Comissão de Divulgação
Flávio Gil/RS

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Mensagem
A Associação de Conservadores e Restauradores do Rio Grande do Sul – ACOR-RS
realiza o XIII Congresso ABRACOR juntamente com a Associação Brasileira de Conserva-
dores e Restauradores de Bens Culturais – ABRACOR, no Salão de Atos da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, na cidade de Porto Alegre – RS, nos dias 13 a 17
de abril de 2009.
A temática “Preservação do Patrimônio: Ética e Responsabilidade Social” vem sendo
amplamente debatida, porém nunca esgotada. Os objetivos deste evento bem definem o
momento peculiar e decisivo no fazer do conservador-restaurador em que uma série de
questões se abrem à discussão. Ao debater-se a ética e responsabilidade social na preser-
vação do patrimônio cultural busca-se enfatizar as ações que privilegiem o desenvolvi-
mento sustentável do meio ambiente por meio da articulação da preservação do patrimônio
cultural com seus diversos atores: o poder público, os profissionais da área e a comunida-
de. Pretendemos apresentar um panorama geral do estado da arte da conservação e restau-
ração de bens culturais no Brasil e no exterior ao divulgar e discutir pesquisas e estudos de
caso nas áreas relacionadas à ciência da conservação e restauração, enfatizando a necessi-
dade de sua adequação às normas de biossegurança e segurança do trabalho.
Ao aprofundar as discussões sobre a regulamentação da profissão de conservador-restau-
rador associamos o debate sobre a formação profissional a fim de propiciar um diálogo
com outros profissionais como arqueólogos, arquitetos, engenheiros, arquivistas,
museólogos e curadores, entre outros, para que se reconheçam os diferentes perfis profis-
sionais atuantes na área favorecendo o diálogo inter/multidisciplinar. É com este espírito
que debateremos as políticas direcionadas à conservação do patrimônio cultural brasilei-
ro enfatizando aquelas voltadas à segurança contra o tráfico ilícito de obras.
Receber o XIII Congresso ABRACOR em Porto Alegre nos possibilita estimular o desen-
volvimento da área no Sul do País e proporcionar o intercâmbio com países do MERCOSUL
e o fortalecimento do ensino e pesquisa na área favorecendo a atuação do profissional
conservador-restaurador.
A ACOR-RS enfrentou muitos obstáculos para a realização deste evento, foi com muita
garra e determinação que conseguimos superá-los graças a parcerias e reconhecimento do
nosso trabalho. Este desafio nos tornou mais confiantes e com absoluta certeza da nossa
identidade. Neste momento em que a discussão sobre o reconhecimento da nossa profis-
são se faz latente, o congresso será um palco oportuno e esperamos que decisivo para o
entendimento, o consenso e a harmonia nas decisões.
BEM-VINDOS AO XIII CONGRESSO ABRACOR – BONS TRABALHOS!

Porto Alegre, abril de 2009

Naida Maria Vieira Corrêa


Presidente da Comissão Organizadora - ACOR-RS

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Programa
13 DE ABRIL - SEGUNDA-FEIRA

09h00min Atividade Pré-Congresso:


Oficina sobre Sistematização dos Procedimentos para Exposições Temporárias
Charo Fernández Garcia – GEIIC/Espanha
14h00min Início do credenciamento
19h00min Cerimônia de Abertura
19h30min Concerto Pianista Olinda Alessandrini
20h00min Conferência Inaugural:
A ética e a responsabilidade social na preservação do patrimônio cultural
Beatriz Mugayar Kühl - USP
21h00min Confraternização de abertura

14 de abril – terça- feira

08h30min Mesa-redonda:
Preservação do patrimônio edificado – ética e sustentabilidade
Coordenador/ Mediador: Luiz Fernando Rhoden – IPHAN - RS
Técnicas atuais das edificações de terra
Luis Fernando Baca – México
Arquitetura de madeira no Paraná
Rosina Parchen – ICOMOS/PR
Argamassas e rebocos tradicionais para a conservação e preservação do
patrimônio edificado
Maria Isabel Kanan – IPHAN/SC
10h15min Debate
10h45min Intervalo p/ café
Lançamento do livro Preservação do patrimônio arquitetônico da
industrialização: problemas teóricos de restauro
de autoria de Beatriz Mugayar Kühl.
11h00min Conferência:
Preservação do patrimônio recente: aspectos éticos, temas e problemas
Claudia Carvalho – Fundação Casa de Rui Barbosa/RJ
11h45min Debate
12h15min Intervalo p/ almoço
14h00min Mesa-redonda:
Ciência da conservação
Coordenador/ Mediador: Markus Wilimzig/RS
A abrangência social da ciência da conservação
Luiz Antonio Cruz Souza – EBA-UFMG
El estúdio y la conservación del patrimonio cultural a la vista del público.
Mario Omar Fernandez Reguera – Laboratório de Ciencias Naturales Universidad
Externado/Colômbia
15h30min Debate
16h00min Intervalo p/ café
16h15min Comunicações

15 DE ABRIL – QUARTA-FEIRA

08h30min Mesa-redonda:
Políticas de segurança e combate ao trafico ilícito
Coordenadora/Mediadora: Lygia Guimarães – IPHAN/RJ
Os desafios para a implementação de uma política eficaz
de segurança em instituições culturais

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Serge Leroux – Ministério de Cultura e Comunicações/França
A cooperação internacional contra o tráfico de bens culturais
Luiz Antonio Custódio IPHAN – RS - ICOM-LAC
Aspectos jurídicos sobre circulação interna e externa de bens culturais
Carlos Magno – Universidade Federal de Ouro Preto/MG
10h10min Debate
10h45min Intervalo p/ café
11h00min Conferência:
As possibilidades de atuação do Ministério Público na preservação do
patrimônio cultural
Ana Maria Marchesan – Promotora de defesa do meio ambiente/RS
11h45min Debate
12h15min Intervalo p/ almoço
14h00min Mesa-redonda:
Preservação de Acervos – Compromisso ético e social
Coordenadora/ Mediadora: Maria Luisa Ramos de Oliveira Soares - FCRB - RJ
A conservação de xerografia na coleção de Arte Postal.
Isis Baldini Elias – Diretora da Divisão de Acervo, Documentação
e Conservação - CCSP
A necessidade de normas e requisitos técnicos para a preservação
do acervo documental
Adriana Cox Hollós – CONARQ/RJ
Implantação de sistemas de climatização e aquisição de mobiliário para
a reserva técnica do Museu Nacional de Belas Artes
Jacqueline Assis - Museu de Belas Artes/IPHAN
15h30min Debate
16h00min Intervalo p/ café
16h15min Comunicações
18h45min Assembléia da ABRACOR

16 DE ABRIL – QUINTA-FEIRA

08h30min Mesa-redonda:
Ética na conservação e restauração de bens culturais
Coordenadora/ Mediadora: Ana Meira – IPHAN – RS
La restauración de Ejercicio Plástico de Siqueiros. Un proyecto Bi-nacional
Néstor Barrio - CEICAB- TAREA /Universidad Nacional de San Martin/Argentina
O tempo e as mudanças de significado na arte contemporânea: novos critérios para
uma nova arte
Edson Motta – Escola de Belas Artes – UFRJ
Ética na conservação de objetos culturais em metal
Virginia Costa – CONSERVARE/França
Ética e cidadania na preservação do patrimônio cultural da UNESCO para o
século XXI
Yaci Ara Froner – UFMG
10h30min Debate
10h45min Intervalo p/ café
11h00min Mesa-redonda:
Patrimônio Imaterial
Cultura Imaterial e Responsabilidade Social
Cleodes Piazza – Universidade de Caxias do Sul
Patrimônio imaterial do chimarrão: O chá da amizade
Flávio Luis Seibt - Presidente do Núcleo de Cultura de Venâncio Aires e da
Associação Amigos do Museu de História da Medicina no RS
12h00min Debate
12h30min Intervalo p/ almoço
14h00min Comunicações
15h45min Intervalo p/ café
16h00min Mesa-redonda:

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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
Reconhecimento da profissão
Coordenadora/Moderadora: Katriina Simila – ICCROM/Itália
A experiência européia no reconhecimento
da profissão do conservador/restaurador
Mônica Martelli Castaldi/Itália
Projeto de Lei enviado ao Senado “Regulamentação
da Profissão do Restaurador”
Marylka Mendes/RJ
Perspectivas do projeto de reconhecimento da profissão de conservador e
restaurador, encaminhado ao Congresso Nacional pelo Fórum das Associações
Norma Cassares – ABER
17h45min Debate
18h30min Lançamento dos livros:
A Preservação da Informação Arquivística Governamental nas
Políticas Públicas do Brasil de autoria de Sergio Conde de Albite Silva
Bibliografia em álbum de família: A sistematização da
coleção JCM do arquivo fotográfico da
Câmara Municipal de Lisboa de autoria de Francisca Ferreira Michelon
21h00min Jantar de confraternização Churrascaria Galpão Crioulo (por adesão)

17 DE ABRIL – SEXTA-FEIRA

08h30min Mesa-redonda:
Formação profissional
Coordenadora/Moderadora: Gina Gomes Machado/SP
Formação de aprendizes: Inclusão e responsabilidade social
Plínio dos Santos Filho/PE
A contribuição do Mestrado em Museologia e Patrimônio (UNIRIO/MAST) para
a estruturação da Museologia como área acadêmica no Brasil e suas interfaces
com a conservação de acervos culturais
Marcus Granato – MAST/MCT
LATAM - Programa de longo termo do ICCROM voltado para a América Latina e
Caribe, visando à capacitação de conservadores
Luiz Antonio Cruz Souza – EBA-UFMG
La conservación-restaurácion: aportes para el conocimiento del patrimônio cultural
David Cohen Daza – Programa de conservación y restauración de
bienes muebles – Universidad Externado/Colombia
10h15min Debate
10h45min Intervalo p/ café
11h00min (cont. mesa-redonda Formação Profissional)
CECOR/UFMG
Bethânia Reis Veloso/MG
UFPEL
Maria Letícia Mazzucchi/RS
UNICAMP
Marcos Tognon/SP
12h00min Debate
12h30min Encerramento
13h30min Intervalo p/ almoço
15h00min
I Fórum da ACOR: Políticas de preservação para o Rio Grande do Sul
Ana Meira – IPHAN/RS
Ana Maria Marchesan – MP/RS
Maria Beatriz Medeiros Kother – IPHAE/RS
Débora Regina Magalhães da Costa – EPHAC
André Luiz Martinewski – SPH/UFRGS

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Sumário
COMUNICAÇÕES

Arquitetura e Bens Integrados

• Restauração das pinturas murais do hall de acesso do “Palacinho” Gabinete da Vice-Governadora do


Estado do Rio Grande do Sul. Andréa Lacerda Bachettini, Naida Maria Vieira Corrêa. 19
• Proposta cromática para a restauração da talha da Igreja Nossa Senhora do Carmo - antiga Sé. Claudia
Regina Nunes. 19
• Contribuição para identificação dos principais agentes e mecanismos de degradação em edificações da
Vila Belga. Denise de Souza Saad, Francisco Queruz. 20
• Estudo de diversos métodos de reconstituição de traços de argamassa e sua aplicação na Vila Belga -
estudo de caso. Denise de Souza Saad, Paula Nader. 21
• Condicionantes que interferem nas prospecções cromáticas: Palácio Itaboraí em Petrópolis (Rio de Janei-
ro). Bettina Collaro G. de Lourenço, Inês El-Jaick Andrade. 21
• A preservação e a conservação das igrejas setecentistas de origem portuguesa no Rio Grande do Sul. Luiz
Fernando Rhoden. 21
• Diagnóstico do estado de conservação de retábulos com estrutura em madeira. Ângela do Valle, Maria
Anilta Nunes, Sérgio Castelo Branco Nappi. 22
• Da autenticidade nas cartas patrimoniais ao reconhecimento das suas dimensões na cidade. Flaviana Lira,
Rosane Piccolo Loretto, Sílvio Mendes Zancheti. 22
• Elementos artísticos sob séculos de história – velar ou revelar? Ana Cláudia Vasconcellos Magalhães,
Mario Francisco Swenson. 22
• Restauro da tela retrátil do altar-mor da antiga Igreja da Sé do Rio de Janeiro. Antonio Visco Bruno, Juba
Mello, Márcia Braga. 23
• Autenticidade e arquitetura: as repinturas antigas e as restaurações recentes da casa nº 1 da rua Roberto
Simonsen, São Paulo. Regina A.Tirello. 23
• O uso da madeira em edificações no período colonial paranaense. Silmara Dias Feiber. 24
• Estudo cromático da antiga sede da Faculdade de Medicina da UFRGS. Daniele Baltz da Fonseca, Natália
Naoumova. 24
• Restauro, revitalização e intervenção arquitetônica – UFRGS. Edison Alice. 25
• Proteção de pinturas murais em edificações históricas: o caso da estação Guanabara (Campinas, SP). Eliana
Ribeiro Ambrósio, Marcos Tognon. 25
• Grande Hotel de Belém – PA: preservação e memória. Dulcilia Maneschy Corrêa Acatauassú Nunes,
Larissa Corrêa Acatauassú Nunes Santos. 26
• Metodologia para a reconstituição histórica das intervenções da Catedral Metropolitana de Florianópolis.
Ângela do Valle, Márcia Regina Escorteganha Laner, Sérgio Castello Branco Nappi. 27
• Restauração e reabilitação do conjunto histórico do Hospital Psiquiátrico São Pedro. Renata Galbinski
Horowitz. 27
• Identificando bens patrimoniais em cidades do Baixo São Francisco, metodologia e caracterização. Ana
Rita Sá Carneiro, Rosane Piccolo, Silvio Mendes Zancheti, Virginia Pontual. 28
• Os limites do restauro: impasses projetuais. Franciza Toledo, Jorge Eduardo Tinoco, Marina Russel,
Rosane Piccolo, Silvio Zancheti. 28
• Divulgação e interpretação do patrimônio: o pátio de São Pedro no Recife. Magna Milfont, Mônica
Harchambois, Renata Cabral, Rosane Piccolo, Virginia Pontual. 29
• Projeto Monumenta Porto Alegre. Doris Maria Saraiva, Luiz Merino de Freitas Xavier. 29
• Conservação preventiva da cobertura do Museu Casa de Rui Barbosa. Jorge Astorga Garro. 30

ARTES VISUAIS

• Conservação do suporte lycra na obra de Alex Flemming. Andréa Lacerda Bachettini, Naida Maria Vieira
Corrêa. 30
• Restauração das obras de Iberê Camargo para exposição Pintura Pura. Andréa Lacerda Bachettini, Naida
Maria Vieira Corrêa. 31

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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
• Protocolos de estudio de colecciones de nuevas tecnologias: arte eletrónico, vídeo instalaciones y art net
en el departamento de conservación-restauración del MNCARS. Arianne Vanrell Vellosillo. 31
• Descobrindo o passado (a remoção da camada de verniz oxidado de uma aquarela de 1859). Juçara
Quinteros de Farias, Mar Gomes Lobão. 32
• A conservação e restauração de acervos em suporte de papel no Brasil: uma abordagem à luz da história
cultural. Aloisio Arnaldo Nunes de Castro. 32
• Considerações acerca da possibilidade de conservação de arte contemporânea. Humberto Farias de
Carvalho. 33
• Arte Sacra Catarinense: a “fuga para o Egito” e a identificação anatômica da madeira. Ângela do Valle, João
de Deus Medeiros, Márcia Regina Escorteganha Laner. 33
• Conservação-restauração de imagens de vestir: conceitos, critérios, estado de conservação e causas de
deterioração. Maria Regina Emery Quites. 33

BIBLIOTECAS E ARQUIVOS

• MCSHJC e AHRS: Relato de experiências nas áreas de conservação e restauração de documentos manuscri-
tos e impressos. Evangelia Aravanis, Silvia M. J. Breitsameter. 34
• Desinfestação do acervo da Biblioteca Barbosa Rodrigues, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ingrid
beck. 34
• Plantas arquitetônicas: um estudo de caso no Museu de Astronomia e Ciências Afins. Ozana
Hannesch. 34
• A adoção da encadernação flexível em pergaminho em obras raras restauradas na Biblioteca Nacional do
Rio de Janeiro. Tatiana Ribeiro Christo. 35
• Estruturas de encadernações “brasileiras” do século XIX na Coleção Rui Barbosa: um estudo para a
preservação de acervos raros. Edmar Moraes Gonçalves, Luiz Antonio Cruz Souza, Yacy Ara Froner. 35
• Restauração de livros do século XVII da Faculdade de Direito da USP: critérios. Hélade da Rocha Corrêa,
Patrícia de Almeida Giordano. 36

CIÊNCIA DA CONSERVAÇÃO

• Investigações sobre argamassas mistas de revestimento cromáticas em fachadas históricas. Bettina Collaro
G. de Lourenço. 37
• Colorimetria em obra de arte. Renata Casatti, Elvo Calixto Burini. 37
• Desacidificação de documentos impressos em papéis de pasta mecânica parte II: propriedades físico-
mecânicas. Alessandro Wagner Alves Silva, Alice Jesús Nunes, Antonio Gonçalves da Silva, Maria Luiza
Otero D’Almeida. 38
• Estudo comparativo de desempenho de tintas à base de cal e silicato. Marília de Lavra Pinto. 38
• Metodologia para a identificação e autenticação do patrimônio cultural: o caso do Istmo de Recife e
Olinda - PE. Flaviana Lira, Magna Milfont, Mônica Harchambois, Renata Cabral, Rosane Piccolo Loretto,
Silvio Mendes Zancheti, Virginia Pontual. 39
• Reconhecer o risco - estratégia utilizada no arquivo fotográfico da rádio nacional. Gabriela de Lima
Gomes, Luiz Antonio Cruz Souza. 39
• Gerenciamento de riscos para acervos museológicos. Kleumanery de Melo Barboza, Luiz Antônio Cruz
Souza. 40
• Análises de problemas pós-restauração. Markus Wilimzig. 40
• O estudo da adição da mucilagem de cactos às argamassas históricas no município de Piratini/Rio Grande
do Sul, Brasil. Roberto Luiz Sawitzki. 40

CONSERVAÇÃO PREVENTIVA

• Identificação, documentação, armazenamento e gestão do acervo na reserva técnica do Museu de Arte


Sacra da UFBA. Griselda Pinheiro Klüppel, Maria Hermínia Oliveira Fernandez, Ana Vitória Mello de
Souza Gomes. 41
• Tratamento climático da sala da reserva técnica e definições ambientais para o acervo armazenado do
Museu de Arte Sacra da UFBA. Griselda Pinheiro Klüppel, Ana Vitória Mello de Souza Gomes. 41
• Conservação e restauração do acervo armazenado na reserva técnica do Museu de Arte Sacra da Univer-
sidade Federal da Bahia. João Carlos Silveira Dannemann, Griselda Pinheiro Klüppel, Ana Vitória Mello de
Souza Gomes. 42

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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
• Sistema de controle climático para a Biblioteca Rui Barbosa: preservação da coleção e melhoria das
condições de conforto dos visitantes. Claudia S. Rodrigues de Carvalho, Franciza Toledo, Shin Maekawa,
Vincent L. Beltran. 42
• Embalagens de obras de arte – arte em trânsito. Karen Cristine Barbosa. 43
• La interdisciplinariedad paralela y compuesta en la conservación preventiva. Rosemary Zenker
Alzamora. 44
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

• Por uma articulação entre teoria e prática no triângulo mineiro: o caso de Uberaba (MG). Adriana Capretz
Borges da Silva Manhas, Adriano Luis de Souza, Max Paulo Giacheto Manhas. 44
• Patrimônio cultural, educação patrimonial e responsabilidade social: o núcleo de estudos do patrimônio
e memória da UFSM. André Luis R. Soares. 45
• Educação patrimonial ou uma questão de cidadania? Laura di Blasi. 45

ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

• Ética da conservação e o patrimônio aeronáutico - os processos de restauração e conservação de


aeronaves no Museu Aeroespacial. Felipe Koeller Rodrigues Vieira, Marcus Granato. 46
• Arte na obra: uma experiência de responsabilidade social em obra de restauro. Filomena da Mata Viana
Longo, Myrian Leal Maia. 47
• Nova arquitetura e preexistências: a contribuição contemporânea ao patrimônio da cidade. Maria de
Betânia Uchoa Cavalcanti-Brendle, Natália Miranda Vieira. 47
• Os órgãos estaduais de preservação e a constituição das identidades regionais através dos tombamentos.
Nivaldo Vieira de Andrade Júnior. 48
• Marouflages do paço municipal de Curitiba: uma reflexão sobre a re-restauração no contexto da teoria
contemporânea da conservação. Angela Zampier, Renata Domit. 48
• A documentação de conservação e restauro: ética e responsabilidade profissional. Valéria de Mendonça. 49
• Memória e direitos autorais na dança: a notação do movimento na preservação da informação coreográ-
fica. Ana Lígia Trindade. 50
• Utilização de matéria-prima reciclável empregada na confecção de moldes no restauro de prédios tomba-
dos pelo patrimônio histórico. Marcelo Cerceau. 50
• E a memória urbana? Alguns aspectos do processo de proteção do bairro carioca do Leblon. Cláudio
Antonio Santos Lima Carlos. 50
• Rodoviária de Porto Alegre e seu entorno como patrimônio. Carmen Nunes, Marilei Piana Giordani,
Roberto Bechstedt, Rossanna Prado. 51

RECONHECIMENTO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL

• La formación del arquitecto restaurador de monumentos - Ethos, Deontología Profesional, Ética Política
y Responsabilidad Social. Juan Eduardo de Orellana Rojas, Rossana Eli Miranda North, Ana María Lebrún
Aspílliaga. 52
• Conservação e história: a contribuição do conservador-restaurador de documentos gráficos para a preser-
vação da memória nacional”. Maria Luiza Ramos Soares, Márcia Valéria de Souza. 52

SEGURANÇA E POLÍTICA INSTITUCIONAIS

• A segurança contra incêndio como uma abordagem de conservação do patrimônio histórico edificado.
Fabíola Bristot Serpa Gouveia, João Carlos Souza. 53
• Prevenção contra incêndios em edifícios históricos: a importância do projeto. Fabíola Bristot Serpa
Gouveia, João Carlos Souza. 53
• Política de preservação e acesso: considerações e resultados de projeto desenvolvido no Museu de
Astronomia e Ciências Afins. Fabiano Cataldo de Azevedo, Lucia Cataldo de Azevedo, Ozana Hannesch. 54
• Tratamentos químicos aplicados à biodeterioração de acervos documentais na cidade do Rio de Janeiro.
Thais Helena de Almeida, Silvana Bajanoski. 54
• Reflexiones sobre la actividad de los microorganismos en las instituciones que atesoran bienes culturales.
Milagros Vaillant. 55

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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
RESUMOS DOS PÔSTERES

ARQUITETURA E BENS INTEGRADOS

• Praça Batista Campos: uma análise da importância histórica de seus elementos arquitetônicos. Aline Neves
Gomes, Daniel Calebe Silva Rosário. 56
• Um estudo de caso: a restauração da Igreja do Bom Jesus da Coluna. Claudia Regina Nunes. 56
• A preservação resgatando a história: o caso da sede da Associação Italiana de Santa Maria. Hélvio José
Mello Junior. 57
• Museu de Arte Sacra de Belém: Impactos do projeto. Filomena da Mata Viana Longo, Myrian Leal
Maia. 57
• Umidade em paredes: diagnóstico de argamassas de revestimento afetadas por eflorescências. Paulo
Roberto Cabana Guterres. 58
• Complejo Fortificado del Pacifico Sur. Valdivia. Susana Mariela Muñoz Le Breton. 58
• Diretrizes de mobilidade para o bairro da Cidade Velha: uma condição para a preservação e conservação
do patrimônio arquitetônico. Paulo de Castro Ribeiro, Vanessa Renê C. Ribeiro. 58
• Avaliação da contaminação microbiana em prédios históricos e do patrimônio no RS. Denise de Souza
Saad. 59
• Fábricas européias de azulejos em Belém: identificação de marcas a partir da coleção dos azulejos da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPA. Andréa Nazaré Barata de Araújo, Thais Alessandra Bastos
Caminha Sanjad. 59
• Palacete Pinho: permanências e transformações do patrimônio símbolo da belle epoque. Djanira Cabral
Viégas Borges da Cruz, Thaís Alessandra Bastos Caminha Sanjad. 60
• Antigo chalé de ferro da Imprensa Oficial do Estado do Pará: passado, presente e perspectivas futuras. Flávia
Olegário Palácios, Thaís Alessandra, Bastos Caminha Sanjad. 60
• Arquitetura sepulcral em Belém: Cemitério Nossa Senhora da Soledade. Juliana Gonçalves Fortes, Raul
Ventura da Silva Filho, Raul Ventura da Silva Neto, Thais Alessandra Bastos Caminha Sanjad. 61
• Largo do Carmo: preservação e transformações. Aline Neves Gomes, Juliano Pamplona Ximenes Ponte,
Monique Bentes Machado Sardo Leão, Thaís Alessandra Bastos Caminha Sanjad. 61
• Inventário da azulejaria de exterior de Belém. Carolina de Souza Leão Macieira Gester, Thais Alessandra
Bastos Caminha Sanjad. 62
• O restauro da escola de música. Márcia Braga. 62

ARTEFATOS

• Diagnóstico e restauração do identificador de astros - acervo MAST. Gesa Witt, Marcus Granato. 63

ARTES VISUAIS

• A panorâmica de Valerio Vieira. Ilo Codognotto. 64


• Banco de dados do laboratório de conservação e restauração de pinturas e esculturas do MAC USP. Ariane
Soeli Lavezzo. 64

BIBLIOTECAS E ARQUIVOS

• Técnicas de reconhecimento de faces no apoio à indexação de pessoas em fotografias históricas. Ana Paula
Brandão Lopes, Arnaldo Albuquerque Araújo, Camillo Jorge Santos Oliveira. 65
• ABER: 20 anos de compromisso com a conservação e preservação de documentos bibliográficos. Arsomina
Orieta Vasquez Vilugron, Celina Luiza de Oliveira, Luisa Tamaki Hirayama. 66
• Recuperação do acervo bibliográfico da Fundação Museu da Imagem e do Som - de Henrique Foreis Domingues
“Almirante”. Adriana Ferreira da Silva Amaro, Rita Esteves. 66
• A importância histórica dos selos pendentes, sua conservação e acondicionamento no acervo da Biblioteca
Nacional. Fernando Menezes Amaro, Thais Helena de Almeida. 66

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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
• Conservação preventiva do Setor de Obras Raras em Bibliotecas Universitárias: um estudo de caso com a
Biblioteca da Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília. Aline Gonçalves Sebes. 67
• A importância da conservação e preservação das fontes documentais. Márcia Maria Palhares, Salatiel
Santos de Freitas. 67
• O Laboratório de Conservação do Acervo: uma experiência na Biblioteca Central da Universidade de
Uberaba (MG). Márcia Maria Palhares. 68
• Caminhos da história: uma reflexão sobre a conservação do acervo documental de Paraty. Clarice Muhlethaler
de Souza, Fátima A. de S. Justiniano. 68
• Acervo arquitetônico do Palácio Quitandinha. Marcelo Lima, Márcia Valéria de Souza. 68

CIÊNCIA DA CONSERVAÇÃO

• Materiais e Técnicas Pictóricas no Brasil do Século XX: Lygia Clark como estudo de caso. Alice Goulart
Heeren de Oliveira, Luiz Antônio Cruz Souza. 69
• Recuperação de informação visual no Projeto Guignard. Ana Paula Brandão Lopes, Arnaldo de Albuquerque
Araújo, Camillo Jorge Santos Oliveira, Rodrigo Silva Oliveira, Thatyene Louise Alves de Souza Ramos. 69
• Raios de prata sobre um luar: um vestido de 1808. Claudia Regina Nunes. 70
• Plano de manejo para a conservação preventiva do acervo de indumentária do Museu Casa de Rui
Barbosa. Isamara Lara de Carvalho. 70
• Critérios éticos de intervenção em bíblia do séc. XVIII. Cristina Sanches Morais, Ellen Maganini, Fernanda
Mokdessi Auada, Ligia Maria Camillo. 71
• Laboratorio de conservacion preventiva y restauracion de colecciones en papel de CNEA. - Interaccion
con la planta de irradiación, informática y los laboratorios relacionados. Ana Maria del Carmen Calvo,
Maria Elisa Gonzalez. 71
• Azulejo histórico: busca da temperatura de queima a partir da mineralogia do biscoito. Cristiane Pereira
da Silva. 72
• Classificação automática de imagens do acervo de obras de Candido Portinari. Antonio da Luz Júnior,
Arnaldo de Albuquerque de Araújo, Daniel Pacheco de Queiroz. 73
• Núcleo de preservação do Museu De Arte Murilo Mendes – UFJF. Aloisio Arnaldo Nunes de Castro,
Lauro Luiz Batista Bohnenberger, Leonardo Alexander Venuto Souto, Valtencir Almeida dos Passos. 73
• São Manuel: conservação - restauração de uma escultura em madeira dourada e policromada. Keli
Cristina Scolari. 73

CONSERVAÇÃO PREVENTIVA

• Relato das atividades de salvaguarda do acervo proveniente da massa falida do Banco Santos: salvamento
emergencial e preservação. Alessandra Andrade França Barbosa, Thais da Cunha Gomes. 74
• Núcleo de preservação do patrimônio histórico e cultural da Universidade de Taubaté. Maria Dolores
Alves Cocco. 75
• Patrimonio – Museología – Formación – Universidad. Gabriela Morales Larraya. 75

ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL


• Preservação da memória historiográfica e literária brasileira: conservação da Coleção Especial Sergio
Buarque de Holanda : Biblioteca Central César Lattes – UNICAMP. Tereza Cristina Oliveira Nonatto de
Carvalho. 76

RECONHECIMENTO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL


• Código de ética de la Asociación Gremial de Conservadores-restauradores de Chile. Angela Benavente,
Lilia Maturana. 76

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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
Comunicações
Arquitetura e Bens Integrados

RESTAURAÇÃO DAS PINTURAS MURAIS DO HALL DE ACESSO


DO “PALACINHO” GABINETE DA VICE-GOVERNADORIA DO ESTADO
DO RIO GRANDE DO SUL
Andréa Lacerda Bachettini - Naida Maria Vieira Corrêa
Este trabalho refere-se à recuperação das pintu- vos do hall de acesso estavam muito danificadas,
ras murais do forro e paredes do hall de acesso necessitando com urgência intervenção de res-
do “Palacinho” Gabinete da Vice- Governadoria tauro sob pena de desaparecerem. A camada pic-
do RS. tórica estava em processo de degradação devido
O “Palacinho” está localizado à Rua Cristóvão à incidência de luz, manchas devido ao depósito
Colombo, Nº 300 em Porto Alegre. Construído de umidade do ar e ainda pela ação humana por
para servir de residência do Sr. Santo Meneguetti1 falta de critérios em intervenções anteriores. As
em 1924, que solicitou o projeto e a construção pinturas encontravam-se com sujidades generali-
ao arquiteto Armando Boni, com o objetivo de zadas, com craquelês, perda de policromia, ca-
hospedar em sua residência o empresário mada pictórica pulvorulenta e em desprendimen-
Galeazzo Ciano (na época Ministro de Relações to, alterações cromáticas, grande quantidade de
Exteriores do Governo Benito Mussolini). manchas generalizadas esbranquiçadas e
A edificação conta em seu interior com origi- amarelecidas, proliferação de fungos e bactérias,
nais pinturas murais e ornamentos arquitetônicos salinidade, as molduras em gesso estavam em
policromados de requinte e alta qualidade técni- processo de esfarelamento com camadas espes-
ca. sas de repinturas.
O objetivo geral do projeto era restauração das Tratamento realizado: exames microscópicos
pinturas murais do hall de acesso do Palacinho a estratigráficos para identificação das camadas que
fim de recuperar e preservar o patrimônio históri- compõem a pintura mural; coleta de amostras
co, artístico e social deste importante prédio per- microscópicas para identificação dos materiais
tencente ao acervo estadual. constitutivos da pintura mural, argamassa, base
Objetivos específicos: Levantamento, regis- de preparação, pigmentos da camada pictórica;
tro gráfico e laudos de avaliação do estado de testes de solubilidade para escolha do solvente
conservação dos pinturas e elementos decora- mais apropriado para limpeza e remoção de
repinturas.
tivos; avaliação dos locais onde estão situadas
Tratamento emergencial das pinturas consistiu
as pinturas e suas condições climáticas e de na fixação da policromia com adesivos adequa-
iluminação; realizar registro fotográfico das dos e faceamento com papel japonês das áreas
pinturas antes, durante e após a restauração; onde a camada pictórica estava com desprendi-
redigir laudos técnicos das pinturas antes, du- mento acentuado. Depois de saneados os pro-
rante e após a restauração; examinar os materi- blemas arquitetônicos, iniciou-se o tratamento de
ais e técnicas constitutivas das pinturas mu- restauro das pinturas murais: Fixação e tratamen-
to dos craquelês; higienização das pinturas; lim-
rais; analisar os materiais constitutivos das pin-
peza da camada pictórica com pincel macio,
turas murais; registrar em fichas catalográficas enzimas naturais e solventes; desalinização e tra-
todo o processo de restauração; pesquisar o his- tamento em manchas de umidade das paredes
tórico das pinturas a fim de obter ou confirmar através de banhos com esponja natural com água
informações das mesmas; elaboração do rela- deionizada com medição dos sais; consolidação
tório final do processo de restauração. das fissuras e rachaduras; nivelamento da lacu-
Estado de Conservação: As pinturas murais do nas; reintegração cromática; aplicação de cama-
forro, painéis das paredes e ornamentos decorati- da de proteção.(Footnotes)

PROPOSTA CROMÁTICA PARA A RESTAURAÇÃO DA


TALHA DA IGREJA NOSSA SENHORA DO CARMO – ANTIGA SÉ
Claudia Regina Nunes
A Igreja Nossa Senhora do Monte do Carmo tedral; tornando-se esta Capela Imperial du-
– Antiga Sé, localizada no Centro da Cidade rante o Império e durante a República foi Cate-
do Rio de Janeiro (Praça XV) é um dos mais dral por um longo período, até 1976, quando
significativos monumentos de nosso é construída a nova Catedral Metropolitana.
Patrimônio Histórico. Passou a ter grande im- Este trabalho teve início em 2005 quando
portância com a chegada da Família Real em um relatório de prospecções estratigráficas re-
1808, pois D. João, então Príncipe Regente, alizado na Igreja, foi-me encaminhado para
eleva a Igreja à categoria de Capela Real e Ca- que fosse analisado e emitisse parecer sobre
19
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
qual período histórico da Igreja ( Colonial, Real, XIX sobre a Igreja da Ordem Primeira de Nos-
Imperial, Republicano) deveria ser resgatado sa Senhora do Monte do Carmo, conferindo
se a talha da Igreja fosse restaurada. embasamento histórico ao IPHAN em suas
O resultado das prospecções revelou que decisões sobre os trabalhos de restauração,
todas as fases que a Igreja passou continua- além de auxiliar a equipe contratada para ela-
vam presentes e passíveis de serem resgatadas. boração de um histórico completo sobre a re-
O que difere às vezes de outros monumentos, ferida Igreja. As fontes utilizadas incluem rela-
aonde encontramos somente vestígios de épo- tos de viajantes estrangeiros do século XIX,
cas anteriores. Em agosto de 2006, fomos sur- além de diversos estudos publicados ao lon-
preendidos com a assinatura de um convênio go dos últimos três séculos. Os trechos de in-
pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Fun- teresse foram transcritos e divididos cronolo-
dação Roberto Marinho, IPHAN e Arquidiocese gicamente em Capela Real (1808 – 1822) e
do Rio de Janeiro com a finalidade de restaurar a Capela Imperial (1822 – 1889), a fim de facili-
Igreja para as comemorações do Bicentenário tar a compreensão das diversas transformações
da Chegada da Família Real ao Brasil. A partir sofridas pela igreja ao longo de sua história.
deste, tínhamos agora, um período estabelecido Criando-se uma listagem de todas as obras
para dirigir nossos questionamentos, que eram consultadas ao longo da pesquisa, organiza-
muitos a serem respondidos, e que somente al- das de forma em que possam ser transforma-
guns conseguimos elucidar com a iniciação dos das em fichas remissivas, facilitando o traba-
trabalhos de restauração da Igreja tais como a lho de futuros pesquisadores.
higienização da talha e a pesquisa arqueológi- Este trabalho contou com a consultoria do
ca. Este trabalho descorre sobre todas as fases Prof. Almir Paredes e da Prof Myriam Ribeiro,
que a Igreja passou desde o período Colonial, ambos doutores em História da Arte, com a
até o Republicano, e mostra como soluciona- participação de Jussara Mendes, Historiadora
mos a restauração da talha evocando o período da Arte do IPHAN, e com o auxílio de vários
Rococó, que era a fase da Igreja quando D. pesquisadores voluntários, destacando-se
João aqui chegou. Fernanda de Rosa, Juliana Assis Nascimento,
Com a pesquisa histórica realizada para dar Pedro Rocha Fleury Curado, Eliane Antunes,
embasamento a este trabalho reunimos infor- e Julita Azevedo sem os quais seria impossível
mações textuais publicadas a partir do século a realização do mesmo.

CONTRIBUIÇÃO PARA IDENTIFICAÇÃO DOS


PRINCIPAIS AGENTES E MECANISMOS DE DEGRADAÇÃO
EM EDIFICAÇÕES DA VILA BELGA
Francisco Queruz - Denise de Souza Saad,
O desenvolvimento de ações e políticas de ções patológicas a que poderiam ser expostas, o
preservação patrimonial adquire cada vez que possibilitou montar uma classificação pró-
mais importância para as sociedades que bus- pria de agentes e mecanismos de degradação.
cam preservar as suas heranças, seus bens. Os estudos de caso elaborados por meio
Este trabalho apresenta um estudo de caso de levantamentos de campo permitiram que
múltiplo elaborado nas edificações da Vila se obtivesse um panorama geral dos proces-
Belga, de Santa Maria, para identificar os prin- sos patológicos mais frequentes e, assim, que
cipais agentes e mecanismos envolvidos na se inferisse sobre as possíveis causas envol-
deterioração dessas edificações, tombadas e vidas nesse processo. Os resultados obtidos
importantes para a comunidade. mostraram que existe um grande conjunto de
A proposta apoiou-se na premissa de que, patologias que incidem sobre as edificações
somente com o conhecimento dos fatores que e que são, em sua maioria, atuantes nas ca-
incidem sobre as edificações, seria possível madas superficiais das elevações. Também
planejar sua manutenção. Tendo iniciado com se pôde observar que os danos originados
a revisão dos conceitos de conservação e res- nos condicionantes climáticos e ambientais
tauração do patrimônio cultural, por meio de não possuem, em sua maioria, dependência
uma retrospectiva histórica, chegou-se às atu- com algum tipo específico de patologia, o que
ais definições, plurais e multifacetadas. evidencia as ações de negligência, interven-
Também foram estudadas as características ções indevidas e falta de manutenção pre-
das edificações, a reabilitação e as manifesta- ventiva nas edificações.

ESTUDO DE DIVERSOS MÉTODOS DE RECONSTITUIÇÃO DE TRAÇOS DE


ARGAMASSA E SUA APLICAÇÃO NA VILA BELGA – ESTUDO DE CASO
Paula Nader - Denise de Souza Saad,
O objetivo deste trabalho é um estudo com- também uma discussão teórica sobre o assunto,
parativo de alguns métodos empregados para a além da reconstituição de traço da Vila Belga,
reconstituição de traços de argamassa, tais como que é um conjunto de edificações construídas
o método IPT, técnicas de campo desenvolvi- no início do século XX para abrigar os trabalha-
das por Biggs e Forsberg, entre outros, analisan- dores da Viação Férrea, sendo patrimônio tom-
do suas convergências e divergências. Faz-se bado pelo Estado do Rio Grande do Sul.
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
CONDICIONANTES QUE INTERFEREM
NAS PROSPECÇÕES CROMÁTICAS:
PALÁCIO ITABORAÍ EM PETRÓPOLIS (RIO DE JANEIRO)
Bettina Collaro G. de Lourenço - Inês El-Jaick Andrade
Este artigo tem o objetivo de abordar sas prospecções cromáticas das pinturas mu-
conceitualmente os diversos parâmetros que rais artísticas. A segunda fase, com o escopo
guiam os trabalhos de prospecções cromáticas de complementar a primeira, foi realizada pelo
em bens culturais edificados. Para este estudo DPH. Nesta, foram realizados desenhos com
serão analisadas as diversas metodologias e a representação gráfica das cores e suas loca-
resultados aplicados nas prospecções pictóri- lizações, além de compatibilizar as cores ante-
cas realizadas no Palácio Visconde de Itaboraí riormente catalogadas. Durante a compilação
(Petrópolis, Rio de Janeiro). Considerando ser da primeira fase, identificou-se uma série de
esta uma edificação eclética, foram registrados condicionantes que interferiram numa leitura
inúmeras referências de cores nas esquadrias, clara dos resultados levantados. Dentre estes:
paredes, forros, ornamentos e fachadas. a alteração do catálogo de referência de tintas
Os trabalhos de prospecções são guiados – na primeira fase utilizou-se o catálogo de
por condicionantes que interferem direta e in- cores da Internacional. Enquanto que na se-
diretamente nos resultados do levantamento. gunda fase, as referências foram os Catálogos
Estas podem ser desde a exposição às intem- da Ypiranga e o da Ibratin; a terminologia do
péries do substrato prospectado, as reações registro das camadas; a nomenclatura dos
químicas de vernizes e selantes sobre as ca- compartimentos distinta; a terminologia de ele-
madas de pintura, a mudança de catálogo de mentos arquitetônicos (portas, esquadrias e or-
cores pelo mercado comercial, até a termino- namentos das fachadas); os condicionantes cli-
logia aplicada para compartimentos e elemen- máticos que interferem na avaliação da umi-
tos arquitetônicos. A fim de compatibilizar as dade (ascendente e/ou descendente); as
cores das camadas de pintura originais com condicionantes da técnica de preparação dos
tintas comerciais, foram realizados estudos grá- suportes para pintura de acabamento (verni-
ficos e avaliações constantes entre os restau- zes ou seladores aplicados sobre as camadas
radores e os resultados encontrados. de pinturas originais que reagiram quimica-
Os serviços de intervenção foram realiza- mente causando alterações cromáticas).
dos na edificação tombada pelo IPHAN em O artigo conclui que é necessária a criação
duas etapas, ambas coordenadas pela equipe de uma norma ou que critérios sejam estabe-
do Departamento do Patrimônio Histórico lecidos, a fim de gerar uma metodologia de
(DPH), da Casa de Oswaldo Cruz, da Funda- prospecções cromáticas em edificações histó-
ção Oswaldo Cruz, no período de março 2006 ricas. Os profissionais/ restauradores poderão
à outubro 2007. A primeira fase dos serviços ampliar o discurso entre seus pares e analisar
foi executada pela equipe da empresa Arte Me- criticamente os resultados obtidos, apenas atra-
mória Restaurações LTDA. Nesta fase foram vés da compatibilização dos parâmetros que
realizadas, identificadas e catalogadas diver- guiam estes trabalhos especializados.

A PRESERVAÇÃO E A CONSERVAÇÃO DAS IGREJAS SETECENTISTAS


DE ORIGEM PORTUGUESA NO RIO GRANDE DO SUL
Luiz Fernando Rhoden
A arquitetura religiosa do século XVIII produzi- vais dentro do próprio território sulino. Deste fato
da no Rio Grande do Sul é muito pouco conheci- derivaram duas consequências diretas: a primei-
da. Além disso, com exceção de quatro exempla- ra foi que aqui só se estabeleceram ordens religi-
res, tombados em nível nacional, e que embora osas depois da segunda metade do século XIX,
tenham sofrido intervenções ao longo do tempo, quando a sociedade rio-grandense estava mais
ainda mantém características originais, as demais pacificada.
ou foram destruídas, ou foram descaracterizadas, A segunda foi a forte presença de militares em
principalmente no seu interior. Não se está falan- seu território e, junto com eles, dos engenheiros
do de muitos exemplares, mas de apenas oito militares que foram responsáveis pelas constru-
igrejas setecentistas, que ainda restam no Estado. ções mais importantes, inclusive as igrejas, e pe-
Hoje só se conhece o risco e a autoria da igreja los traçados urbanos de nossos primeiros povoa-
de São Pedro de Rio Grande, que foi encontrado dos.
nos anos 70, do século XX, nos arquivos de Por- Este trabalho pretende mostrar essa produção
tugal. Apesar disso, todos os autores que estuda- e o estado de conservação e de preservação em
ram essa arquitetura são unânimes em afirmar, que se encontram, pois se algumas delas têm sido
que os projetos das igrejas desse período foram preservadas pelas instituições estadual ou federal
feitas pelos engenheiros militares, que aqui se que cuidam do patrimônio, outras têm sofrido
encontravam. pelo descaso em suas intervenções, que as tem
A história do Rio Grande do Sul é marcada, descaracterizado.
desde o início, por longos períodos de beligerân- Estamos falando do patrimônio mais antigo
cias com nossos vizinhos espanhóis num primei- do Rio Grande do Sul, ainda em pé, mas pou-
ro momento e, posteriormente, entre facções ri- co reconhecido e valorizado.
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
DIAGNÓSTICO DO ESTADO DE CONSERVAÇAO
DE RETÁBULOS COM ESTRUTURA EM MADEIRA
Maria Anilta Nunes - Ângela do Valle - Sérgio Castelo Branco Nappi
Os bens culturais de caráter material são da a partir do tempo de propagação do pulso
constituídos por forma e matéria, de origem e da distância existente entre os transdutores.
orgânica e inorgânica, passíveis de degrada- A velocidade de propagação é influenciada
ção. O objetivo deste trabalho foi diagnosticar por parâmetros tais como o teor de umidade
o estado de conservação da estrutura em ma- da madeira e o estado de sanidade do materi-
deira de retábulos de igrejas protegidas por al. As medidas foram realizadas ao longo da
legislação municipal e estadual, em direção longitudinal da fibra da madeira e na
Florianópolis, Santa Catarina. Considera-se que direção transversal.
o retábulo seja a estrutura ornamental que se Dos resultados obtidos na avaliação do es-
eleva em posição posterior ao altar e caracteri- tado de conservação com as diferentes técni-
za-se por ser um bem integrado à arquitetura cas, constatou-se que algumas peças estrutu-
com função estética e religiosa. rais encontravam-se atacadas por insetos
Apesar do estudo do sistema construtivo de xilófagos e também por fungos, acarretando o
retábulos abranger questões pertinentes à aparecimento de manchas e perdas parciais
policromia, neste artigo serão apresentados os do suporte. Na aplicação do ultrassom obser-
materiais e métodos relacionados ao diagnósti- vou-se a diminuição da velocidade de propa-
co do estado de conservação da estrutura em gação de ondas ultra-sônicas em áreas degra-
madeira, os quais incluem: coleta de amostras dadas, sendo mais acentuada nos pontos onde
de madeira e identificação das espécies; levanta- o teor de umidade na madeira encontrava-se
mento gráfico e fotográfico dos problemas pato- elevado. O uso do ultrassom favoreceu a con-
lógicos existentes, métodos tradicionais tipo ins- firmação da extensão da deterioração das pe-
peção visual, auscultação e perfuração, e méto- ças. Os resultados obtidos com a pesquisa
do não destrutivo não tradicional como a veloci- auxiliaram a identificação das alterações reali-
dade de propagação de ondas ultrassônicas. zadas ao longo de sua existência. Estas infor-
Nesta técnica, as vibrações ultrassônicas são mações são de fundamental importância para
enviadas pelo transmissor e são captadas pelo a elaboração de um plano de conservação que
receptor, sendo a velocidade da onda calcula- vise à preservação dos retábulos.

DA AUTENTICIDADE NAS CARTAS PATRIMONIAIS AO


RECONHECIMENTO DAS SUAS DIMENSÕES NA CIDADE
Sílvio Mendes Zancheti - Flaviana Lira -
Rosane Piccolo Loretto - Catarina Dourado - Fábio Cavalcanti
Na conservação urbana, o entendimento da para a compreensão e reconhecimento dessa
autenticidade pauta-se no fato dos bens culturais noção no complexo espaço da cidade, este tra-
serem produtos da criatividade humana e deles balho propõe uma reflexão sobre a autenticidade
emanar uma verdade, a qual está relacionada ao a partir de duas dimensões reconhecíveis no es-
seu processo de construção e transformação no paço urbano: a objetiva e construtiva.
espaço e tempo. A condição de ser autêntico é A dimensão objetiva se refere à criação enquanto
requisito fundamental para atribuição de interes- matéria reconhecida como documento, onde está
se patrimonial ao bem cultural. gravada sua condição de existência e se relaciona
Nesse sentido, evidenciam-se esforços para en- ao “ato criativo encarnado na matéria e inscrito na
tender como a autenticidade se manifesta e como história” (PHILLIPOT, 2002). A dimensão construti-
ela é reconhecida e tratada. As “cartas patrimoniais” va se refere à capacidade de reprodutibilidade de
refletem uma busca pela compreensão teórica e sua dinâmica construtiva-inventiva, ou seja, à ma-
operacional deste conceito, visando à preserva- neira como a cidade se realiza, relaciona e repro-
ção do patrimônio cultural. Mesmo já tratada na duz. A dimensão construtiva autenticidade sempre
Carta de Veneza (1964) e no Guia Operacional da se refere a um processo e não a um estado, onde o
UNESCO (1978), é apenas na Carta de Nara (1994) sujeito é o motor dessa dinâmica.
que foram definidos marcos balizadores para a A percepção dessas dimensões da autenticida-
discussão sobre autenticidade. de, todavia, está inteiramente vinculada à capaci-
Todavia, mesmo observando avanços na cons- dade expressiva da cidade, ou seja, a medida em
trução de entendimentos teóricos e que seus atributos físicos e os processos que o
metodológicos, é latente a necessidade de geraram têm de expressar sua verdade e
aprofundamento conceitual e operacional da genuinidade, sendo reconhecida intersubjetiva-
noção de autenticidade. No intuito de contribuir mente por uma determinada sociedade.

ELEMENTOS ARTÍSTICOS SOB SÉCULOS


DE HISTÓRIA – VELAR OU REVELAR?
Ana Cláudia Vasconcellos Magalhães - Mário Francisco Swenson
Esta comunicação se propõe a apresentar e conduzida, especialmente em relação aos as-
discutir como a obra de restauração do Con- pectos conceituais, no que se refere à instância
vento de Santa Maria Madalena vem sendo estética que o conforma, haja vista sua condi-
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
ção de obra de arte, sem, entretanto, desprezar arquitetura (retábulos, sanefas, púlpitos, can-
as marcas que o tempo histórico lhe conferiu. taria, etc). Tal intervenção, pautada nos princí-
O edifício conventual, construído na cida- pios da ciência da restauração tem possibilita-
de de Marechal Deodoro, em Alagoas, após do acessar áreas antes sequer imaginadas.
séculos de intensa atividade junto à popula- Nesse sentido, foram descobertas, sob sécu-
ção, viu esgotadas suas funções religiosas e los de história, pinturas murais, assinaturas e
passa a ser ocupado pra diversos usos: quar- datações, elementos subjacentes a outros,
tel, abrigo para desabrigados da seca, seminá- além de janelas e portas entaipadas.
rio, orfanato e, finalmente, a partir de 1984, é Considerando que quase não há documen-
ali instalado um museu de arte sacra. tos gráficos e/ou iconográficos relativos às eta-
Construído entre os séculos XVII e XVIII, apre- pas de construção do convento, todas essas
senta uma tipologia típica da chamada “Escola descobertas vêm acrescentando dados ao co-
Franciscana do Nordeste” e é formado por igre- nhecimento de sua tipologia original bem
ja, capela da Ordem Terceira e convento.Devido como tem permitido compreender como o
à ausência de rotinas de conservação preventi- edifício era utilizado em sua função antiga.
va acumulou uma série de degradações que Diante da evidência da existência de tais ele-
comprometeram sua estrutura física e estética. mentos, a equipe envolvida na obra tem pro-
Atualmente está sofrendo um processo curado valorizar as descobertas em seu cará-
restaurativo que envolve desde seu arcabouço ter histórico-documental sem, entretanto, des-
físico (coberta, alvenarias, esquadrias, pisos, prezar as questões estéticas ali envolvidas já
etc), até os elementos artísticos integrados à que se está tratando de uma obra de arte.

RESTAURO DA TELA RETRÁTIL DO ALTAR-MOR DA IGREJA DE


NOSSA SENHORA DO CARMO DA ANTIGA SÉ DO RIO DE JANEIRO
Antonio Visco Bruno - Juba Mello - Márcia Braga
O restauro da tela retrátil do altar-mor da igreja confecção de próteses e aplicação do adesivo
de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé do Beva 371 para o reentelamento.
Rio de Janeiro foi executado de dezembro de O reentelamento foi feito com o equipamento
2007 a março de 2008, em conjunto com o gentilmente cedido pelo Museu Nacional de Be-
restauro de toda a igreja, cuja coordenação foi las Artes do Rio de Janeiro, constando de duas
da Fundação Roberto Marinho e do Sedrepahc1. caixas modulares de iluminação e sistema de
A igreja é tombada pelo Iphan e pelo Sedrepahc. vácuo para confecção de envelope.
A tela possui 7,00 x 2,50 metros e está fixada Paralelamente foram executados serviços no
numa moldura que corre horizontalmente para chassi e no linho novo. No chassi foram preen-
encobrir o altar-mor em eventos especiais. Sua au- chidas as fissuras, foi executado reforço estrutu-
toria é desconhecida, mas em sua borda inferior ral, desbaste superficial de travas e
existe uma inscrição ROMA ANNO JUBILÆT MCM. arredondamento de quinas. O linho novo foi
A técnica é de óleo sobre tela, com espessura tensionado com aplicação de fungicida, gelati-
bastante delgada em ambos os estratos, base pre- na e adesivo Beva 371.
paratória e camada pictórica. Seguindo com os procedimentos na tela, fo-
Seu estado de conservação era precário com ram executadas as seguintes etapas: retirada do
inúmeros rasgos, perdas de suporte, manchas faceamento, tensionamento no chassi tratado,
diversas, verniz oxidado, alterações cromáticas finalização da limpeza, nivelamento, aplicação
de repinturas, remendos e sujidades. de vernizes de isolamento e de bruma, reintegra-
A intervenção de restauro teve como desafios ção pictórica e por fim, o verniz final.
o prazo de dois meses e meio, a remoção e sua Para que o resultado fosse excelente, sem de-
recolocação no altar, bem como o reentelamento. trimento de qualquer parâmetro técnico, foi ne-
Os procedimentos preliminares incluíram o cessário um grande esforço de toda a equipe
levantamento do estado de conservação e diag- para que o prazo fosse cumprido.
nóstico, testes de limpeza e fotografias com filtro Todo o processo foi documentado e vistoria-
infravermelho, quando não foi identificada qual- do pelos órgãos competentes.
quer marca de pintura subjacente. Trabalharam neste restauro o restaurador res-
Seguiram-se os procedimentos na tela de lim- ponsável Antonio Visco Bruno, dois restaurado-
peza superficial, faceamento, remoção do altar, res co-responsáveis (Juba Mello e Márcia Braga),
confecção de cama e tratamento do verso com: um restaurador convidado (Margareth Vidal) e
retirada do chassi, higienização, planificação, quatro auxiliares (Pablo Aníbal, Edimilson Brito
desacidificação com medição de pH, suturas, Gomes, Alex Pitanga e Oyama).

AUTENTICIDADE E ARQUITETURA: AS REPINTURAS ANTIGAS E AS


RESTAURAÇÕES RECENTES DA CASA Nº 1 DA RUA ROBERTO
SIMONSEN, SÃO PAULO
Regina A.Tirello
Este trabalho expõe e discute parte dos resul- servação dos 30 painéis murais artísticos exis-
tados de amplo estudo realizado por solicita- tentes na Casa nº 1 da rua Roberto Simonsen,
ção de órgão preservacionista paulista (DPH- em São Paulo. Integrando proposta de projeto
SP) para diagnóstico do atual estado de con- de restauro arquitetônico, o objetivo das ava-
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
liações especializadas que empreendemos foi versa daquela inicialmente suposta, relacionada
o de subsidiar novas obras de conservação do às mudanças tonais e produtos usados no restau-
edifício como um todo. ro recente. O espectro das modificações notadas
Com data de fundação incerta, o sobrado atual nos murais era muito maior, e de outra ordem. Os
de 3 pavimentos, com fachadas ornamentadas variadíssimos tipos de retoque estético feitos com
com serralheria artística e lambrequins, é tido como tinta acrílica prestavam-se ora a encobrir inteiros
exemplar destacado de habitação oitocentista trechos de pintura integra ora a unificar superfíci-
paulistana, a despeito das supostas alterações físi- es de características texturais e cromáticas bastan-
cas e programáticas que as muitas mudanças de te diversas entre si em prol da unidade estética. O
uso, forçosamente, lhe impingiram ao longo de aprofundamento do trabalho conduziu a exames
sua vida. A potencial excepcionalidade deste edifí- pontuais que confirmaram as hipóteses formula-
cio no contexto histórico construtivo do centro de das sobre a possibilidade de atuação de um nú-
São Paulo fez dele objeto de variadas intervenções mero maior de pintores na casa e da presença
prediais e de iniciativas pioneiras de recuperação não de um, mas de dois ciclos decorativos com-
de murais artísticos ornamentais em décadas re- pletos. Confirmou-se ainda existir uma repintura
centes, quando foram descobertos e restaurados geral muito antiga realizada no corredor térreo e
30 painéis, hoje em mau estado de conservação. na escadaria do primeiro pavimento que, apesar
O trabalho contemplou a análise e apreciação de manter o mesmo motivo decorativo, mudou a
da condição atual destas obras restauradas na paleta geral de cores. Estendendo-se ao segundo
década de 1990, além da requerida realização pavimento na condição de primeira pintura exe-
de novas sondagens prospectivas de superfície cutada diretamente sobre o suporte, mais que uma
para identificar ornamentos parietais ou cores renovação de superfície, esta repintura oitocentista
antigas de interesse em áreas/ambientes que even- constitui-se em importante dado documental para
tualmente pudessem não ter sido contemplados aprofundamento de estudos sobre a ainda incer-
nas intervenções processadas naquela ocasião. ta cronologia físico-arquitetônica da Casa nº1.
No entanto, no decorrer da pesquisa in situ, a Tais constatações evidenciam a necessidade
observação das descontinuidades das superfíci- e urgência de rediscutirmos os padrões de ‘au-
es então consideradas “originais” (em relação a tenticidade’ dos objetos históricos que tem sido
qual fase de integridade arquitetônica do edifí- oferecidos à fruição pública. Afinal, de que tem-
cio?) revelaram que a casuística a avaliar era di- po é tudo isso?

O USO DA MADEIRA EM EDIFICAÇÕES NO


PERÍODO COLONIAL PARANAENSE
Silmara Dias Feiber
O Período Colonial brasileiro sofreu grande num exemplar específico desta arquitetura,
influência das técnicas construtivas portugue- dita colonial, localizado no Sítio Histórico de
sas e, longe de considerar estas técnicas como Morretes litoral do Estado do Paraná. Como a
insipientes em sua manifestação, este artigo integridade física de uma edificação está inti-
busca as raízes do uso da madeira neste perí- mamente vinculada, dentre outros fatores, ao
odo da arquitetura brasileira e a consequente bom estado de conservação de sua cobertura
riqueza de procedimentos que proporciona- se fará um apanhado teórico sobre as técnicas
ram que exemplares, ainda contendo vestígi- de restauro em madeira, patologias e seus tra-
os de autenticidade, chegassem até os dias atu- tamentos e também uma análise crítica sobre
ais em plena integridade física. Embora este a atitude ética no uso de materiais contempo-
fato tenha ocorrido em diversos cenários bra- râneos nas atuais ações de intervenção em
sileiros nossa pesquisa focará as investigações patrimônio cultural edificado.

ESTUDO CROMÁTICO DA ANTIGA SEDE DA FACULDADE


DE MEDICINA DA UFRGS E PROPOSTAS DE PINTURA
Daniele Baltz da Fonseca - Natália Naoumova (coord.)
Este trabalho traz a discussão sobre a colorística anos. Admitir apenas um esquema cromático
de monumentos históricos como medida de como definitivo é contrariar essa característi-
conservação patrimonial através da aplicação ca estética de mudança.
de uma metodologia, ainda em comprovação, É necessário entender, com isso, que os pro-
que leva em conta características históricas e ar- cedimentos de pintura em monumentos histó-
tísticas das edificações através de três atributos ricos são medidas de conservação esteticamen-
cromáticos: paleta, estruturação e dinâmica. te determinantes no resultado da intervenção
O objetivo do estudo foi a elaboração de patrimonial e, portanto, devem ser encarados
propostas de pintura que mantivessem a iden- como problema crítico.
tidade cultural da fachada da antiga sede da A metodologia utilizada consistiu, entre ou-
Faculdade de Medicina da UFRGS. A pintura tras etapas, no levantamento de dados históri-
das fachadas é um procedimento de conser- cos e iconográficos sobre o prédio e serviu
vação dos prédios rebocados, as pinturas cons- para a identificação das modificações físicas e
tantes fazem com que várias camadas de co- sociais da edificação ao longo dos anos.
res diferentes sejam sobrepostas ao longo dos A prospecção da fachada foi a etapa mais
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
relevante e possibilitou identificar as tonalida- ção crítica dos dados levantados. Algumas
des das pinturas aplicadas sobre reboco e or- particularidades que definiram a variedade de
namentos. As cores foram registradas através propostas são: (A) os matizes ditos ‘originais’
de um catálogo do sistema Natural Color possuíam tonalidades diferentes, alteradas ao
System e, de modo geral, as tonalidades mais longo dos anos; (B) o ‘período histórico’ da
antigas encontradas foram de matiz amarelo construção do prédio foi relevante, portanto,
claro de baixa saturação. as tonalidades das segundas e terceiras pintu-
Amostras de pintura foram coletadas e sub- ras também foram consideradas; (C) a varieda-
metidas a análise qualitativa em Microscópio de de elementos decorativos e as diferentes
Eletrônico de Varredura com Espectrômetro possibilidades de agrupamento em cores es-
de Energia Dispersiva (MEV-EDS). Constatou- pecíficas contribuíram para a proposição de
se, com isto, a presença de diferentes elemen- estruturações cromáticas distintas dentro da
tos químicos que indicariam pigmentos de to- mesma paleta; (D) características ambientais
nalidades amarelas, vermelhas e brancas. do entorno como a posição solar do prédio, o
Diversas propostas de pintura, que restau- tamanho da fachada e as visuais abertas ou
ram a imagem cromática da edificação, foram fechadas para o mesmo também foram
elaboradas a partir da avaliação e interpreta- determinantes.

RESTAURO, REVITALIZAÇÃO
E INTERVENÇÃO ARQUITETÔNICA - UFRGS
Edison Alice
O Projeto a ativa participação de estudantes, o que eleva
A Administração Central da UFRGS, sensibi- a Secretaria de Patrimônio a um “laboratório”
lizada com a nítida deterioração e risco de even- de pesquisa e valorização patrimonial.
tuais perdas do seu patrimônio, estabeleceu Para instrumentalizar a elaboração dos pro-
como uma de suas prioridades a recuperação jetos, a Secretaria do Patrimônio Histórico re-
do conjunto arquitetônico do Campus Centro. úne documentos, os quais descrevem a histó-
Assim, em 1999, foi aprovado pelo Ministé- ria das edificações, técnicas e materiais cons-
rio da Cultura, o Projeto Resgate do Patrimônio trutivos, bem como registram as intervenções
Histórico e Cultural da UFRGS, e em 2000, foi contemporâneas.
criada a Secretaria do Patrimônio Histórico, No que tange aos projetos, a Secretaria do
com o objetivo de realizar as atividades de Patrimônio Histórico procura seguir as orien-
conservação, recuperação e revitalização dos tações e preceitos da Preservação de
Prédios Históricos da Universidade. Edificações e Sítios Históricos difundidos atra-
São atribuições da referida Secretaria: vés de Cartas, Declarações e Tratados Nacio-
a) planejar a recuperação, conservação, nais e Internacionais.
revitalização e restauração do conjunto Principais critérios:
arquitetônico do Campus Centro, do prédio da a) preservar as características originais da
Faculdade de Agronomia, no Campus do Vale, edificação; b) agregar novos usos; c) respeitar a
e de outros bens imóveis e móveis que sejam vocação arquitetônica original do prédio; d) res-
pertinentes ao Patrimônio Histórico da UFRGS; peitar a materialidade e a técnica construtiva
b) definir os critérios de preservação do referido original; e) marcar as intervenções pelo uso da
patrimônio, bem como os critérios das interven- materialidade contemporânea; f) proporcionar
ções nas suas áreas e seu entorno; c) planejar e a acessibilidade universal; g) promover e qualifi-
elaborar projetos, bem como acompanhar apli- car a relação entre o prédio e seus espaços ex-
cação de recursos; d) orientar e fiscalizar os ternos; h) projetar as intervenções visando à se-
trabalhos de manutenção; e) promover a for- gurança dos usuários, tanto nos prédios, como
mação acadêmica; f) fomentar a conscientização no seu entorno situado dentro do Campus.
da comunidade pela importância de realizar a Entre as razões para o sucesso do Projeto,
preservação do patrimônio edificado da UFRGS. está a captação de recursos realizada de forma
Desde a sua criação, esta Secretaria vem contínua, a qual obteve rápida resposta da co-
implementando ações que têm dado munidade, bem como a dedicação de todas as
sustentabilidade ao referido projeto, o que pos- pessoas que, de alguma forma, contribuem para
sibilitou a restauração de seis do total de doze a construção desse processo. Soma-se a estes
prédios, os quais já foram entregues à socieda- fatores a credibilidade conquistada através dos
de e estão cumprindo com sua função precípua. resultados obtidos, aliada ao prestígio que a
Os estudos, projetos e obras estão sendo exe- UFRGS detém enquanto instituição perante a
cutados por equipes interdisciplinares de servi- sociedade gaúcha, fatores que têm colaborado
dores da UFRGS e especialistas, contando com para o excelente desempenho da campanha.

PROTEÇÃO DE PINTURAS MURAIS EM EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS:


O CASO DA ESTAÇÃO GUANABARA (CAMPINAS, SP)
Eliana Ribeiro Ambrósio - Marcos Tognon
A Estação Guanabara, antiga estação ferro- mente objeto de obras de manutenção e recu-
viária inaugurada na década de 1890 e locali- peração de suas estruturas arquitetônicas, es-
zada no município de Campinas, foi recente- pecialmente o prédio administrativo e a gare
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
metálica. Com o objetivo de promover ações ar uma camada isolante entre os substratos
de restauro em um breve futuro, alguns regis- originais e demais camadas de tintas que iriam
tro artísticos foram avaliados para serem sub- revestir as paredes. Dada a fragilidade destas
metidos a um tratamento de proteção até que pinturas, métodos tradicionais descritos na li-
essas obras sejam realizadas. Temos assim re- teratura especializada não foram suficientes
miniscências de pinturas murais decorativas para garantir o nosso propósito e tivemos que
nos ambientes mais antigos do prédio admi- buscar novas soluções. De fato, o inusitado
nistrativo e que foram realizadas entre o final do trabalho foi a utilização de técnicas tradici-
do século XIX e o começo do século XX. Algu- onalmente usadas para o tratamento de pa-
mas dessas paredes apresentam pinturas de- péis na proteção de pinturas murais.
corativas executadas à têmpera e em outros Nesta comunicação comentaremos os resul-
locais, encontramos vestígios de registros pos- tados dos diversos testes realizados para a prote-
teriores realizados a óleo. Todas estas pintu- ção da pintura e a solução adotada, avaliando a
ras acabaram por ser recobertas com novas utilização do Paralaoid B72 e comentando ex-
camadas de tinta e, atualmente, seus vestígios perimentos realizados com Filmoplast e com
estavam aparentes apenas em locais em que, Papel japonês impregnado com Primal, bem
tanto as camadas aplicadas posteriormente, como a problemática e os cuidados que envol-
quanto as camadas originais estavam em pro- vem um trabalho de proteção em um edifício
cesso de desprendimento, ou em lugares em histórico nestas condições. A proteção das pin-
que foram abertas janelas de prospecções. turas faz parte de um conjunto de critérios que
Durante muitos anos o prédio ficou aban- foram previamente aprovados no Conselho de
donado e sofreu constantes depredações; as Preservação Municipal para permitir a realiza-
pinturas apresentavam pulverulência e esta- ção de uma mostra de decoração que viabilizou,
vam em desprendimento. Foram realizados por sua vez, a utilização imediata do prédio até
testes para sua fixação e também para sua pos- as próximas etapas de conservação e restauro.
terior proteção com uma pintura permitindo o Dessa forma, através deste estudo de caso,
uso imediato desses espaços históricos pela pretendemos contribuir para a ampliação das
UNICAMP, responsável pelo conjunto. discussões a respeito do tratamento de pintu-
Primeiramente as pinturas foram fixadas e ras murais e demonstrar a importância da rea-
posteriormente, seguiram-se os testes para cri- lização de novos estudos na área.

GRANDE HOTEL DE BELÉM – PA: PRESERVAÇÃO E MEMÓRIA


Dulcilia Maneschy Corrêa Acatauassú Nunes - Larissa Corrêa Acatauassú Nunes
A morfologia urbana de Belém se transforma do-se no Grande Hotel, de onde escreveu car-
quando o ciclo da borracha na Amazônia teve tas a Manuel Bandeira, destacando o Hotel.
seu apogeu entre os anos de 1870 e 1910. Du- Em 1948, foi vendido para o Intercontinen-
rante a administração do Intendente Municipal tal Hotel Corporation, continuando com as ati-
Antônio José Lemos (1897–1910), a remodela- vidades e tornando-se o primeiro hotel desta
ção da cidade foi intensificada com o capital rede hoteleira no mundo.
oriundo da produção gomífera na região, per- No plano internacional a década de 1970,
mitindo que a Amazônia tivesse acesso direto à foi pródiga na temática de incentivar investi-
cultura e aos avanços tecnológicos da Europa. mentos na preservação buscando incrementar
Em 1913, com a inauguração do Grande o turismo em regiões com tradição histórica e
Hotel, a cidade passa a ter o maior e mais im- cultural. No Brasil, houve um aumento signifi-
portante Hotel construído no Norte do Brasil, cativo de hotéis e a instalação no País de redes
exemplar da arquitetura eclética, projetado hoteleiras internacionais.
para o uso hoteleiro. Porém, em 1971, a Intercontinental vendeu
Ocupando uma quadra, possuía três o Grande Hotel que permaneceu fechado
pavimentos, mansarda, quartos com banhei- aguardando novas negociações de venda. An-
ros, elevador elétrico, gerador de energia, res- tes da conclusão da transação, a demolição
taurante e um teatro para apresentações de foi iniciada, com manifestações contrárias de
companhias nacionais e internacionais. Pela grupos representativos da sociedade, que
proximidade de localização, Teatro da Paz, alertavam para a perda de uma das edificações
Cinema Olympia e Grande Hotel formaram o significativas do patrimônio cultural do Pará,
eixo artístico-cultural de Belém. uma vez que não havia Lei de preservação
No ano seguinte da inauguração do Grande municipal ou estadual. A venda foi efetivada e
Hotel, foi deflagrada a 1ª Guerra Mundial, e os no local foi construída uma nova edificação
reflexos sentidos no Brasil provocaram mudan- hoteleira – Hotel Hilton Belém.
ças no País, pressionando a busca da identida- Em 2007, a Associação Brasileira da Indús-
de nacional. Nesse panorama, em 1922, os tria de Hotéis (ABIH) escolheu 15 destaques
Modernistas organizaram a Semana de Arte Mo- da hotelaria no Brasil, como representativos
derna, com ações que mais tarde resultariam pela diversidade, importância histórica e
nos fundamentos da ideia de patrimônio. arquitetônica, em diferentes épocas. O Gran-
Mário de Andrade, modernista influen- de Hotel, de Belém, figura como o mais antigo
te nessas discussões, realizou viagens pelo Bra- e único edifício demolido, entre os citados.
sil, procurando conhecer as especificidades Desta forma, o Grande Hotel, que por déca-
do País. Em 1927, chegou a Belém hospedan- das foi símbolo de sofisticação e cultura, foi
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
demolido para ser substituído por outro hotel e desapareceu na sua demolição. Porém, re-
com o objetivo de modernizar a paisagem lo- centemente essa história está sendo
cal, com sua “torre” no padrão internacional. reconstruída, para manter na memória um elo
A história do Grande Hotel permaneceu na vivido e fortalecer com a perda, a salvaguarda
memória daqueles que viveram o seu período do patrimônio cultural paraense.

METODOLOGIA PARA A RECONSTITUIÇÃO


HISTÓRICA DAS INTERVENÇÕES DA CATEDRAL
METROPOLITANA DE FLORIANÓPOLIS
Márcia Regina Escorteganha
A Catedral Metropolitana de Florianópolis é adotados. Esse contexto contribuiu esclarecen-
o marco zero na fundação da “Villa de Nossa do dados pouco embasados e influenciando
Senhora do Desterro” no século XVII. Exem- nas atuais intervenções que estão ocorrendo
plar arquitetônico que muito contribuiu no tes- desde 2005.
temunho da historicidade catarinense, não só Este método de pesquisa e organização dos
com seus valores arquitetônicos e acervo sa- dados resultou na identificação da sequência
cro, mas também quanto a seu patrimônio cronológica das alterações arquitetônicas, que
imaterial constituído durante seus quase tre- foram agrupadas em etapas e apresentadas sob
zentos anos de existência. É um ícone que se forma gráfica e de textos relacionados às cir-
mantém como fio condutor da transmissão dos cunstâncias temporais. A partir das análises e
signos e símbolos da Florianópolis de outrora. recomendações apresentadas na dissertação,
A metodologia desenvolvida no Mestrado algumas já foram acatadas pelos órgãos de pre-
de Arquitetura e Urbanismo - PósARQ, da Uni- servação e pela empresa executora das obras,
versidade Federal de Santa Catarina - UFSC, tais como: a ampliação do Largo da Catedral,
de 2005 a 2007, foi utilizada para identificar fechando a rua lateral para o tráfego; a demo-
as alterações arquitetônicas que aconteceram lição do acréscimo de 1948 sobre a sacristia
ao longo do tempo na edificação e propiciou original de 1773, recompondo-a visualmente
a reconstituição histórica das intervenções, per- e melhorando a incidência de luz no interior
mitindo a organização dos fatos sob forma cro- da Capela-Mor, com a valorização dos vitrais
nológica. Teve como fonte fundamental a co- (Casa Conrado -1948) e do ladrilho original
leta de dados nos Livros Tombo, trazendo a do piso; a escolha da pintura externa com base
público fatos inéditos sobre as fases de inter- nos dados documentais; a orientação na
venções e suas respectivas datações. Cita os tipologia e datação dos pisos; a transformação
materiais construtivos utilizados e suas aplica- da escadaria principal; a compreensão espa-
ções, relatórios, contratos, propostas, e a justi- cial referente à redução da capela lateral de
ficativa de intervenções. As entrevistas e as “Nossa Senhora das Dores”, onde estão sen-
pesquisas documentais forneceram importan- do dedicados estudos específicos de arqueo-
tes informações sobre os procedimentos logia e prospecções.

RESTAURAÇÃO E REABILITAÇÃO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO


Renata Galbinski Horowitz
O presente trabalho relata as atividades do mil metros quadrados. Compreende quarenta
Escritório de Restauração e Reciclagem de Uso e quatro edificações, perfazendo um total apro-
do Hospital Psiquiátrico São Pedro, instituído ximado de quarenta e quatro mil metros qua-
pelo Governo do Estado do Rio Grande do drados de área construída, e apresenta como
Sul, destinado a coordenar um projeto de res- bem de maior relevância o “Prédio Centená-
tauração e reabilitação do Conjunto Histórico rio”. Um magnífico exemplar arquitetônico,
do Hospital Psiquiátrico São Pedro, composto com doze mil, trezentos e vinte e quatro metros
por profissionais da Secretaria Estadual da Saú- quadrados, considerado uma das obras mais
de, Secretaria das Obras Públicas e Saneamento notáveis do Governo Imperial na Província de
e Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. São Pedro.
O referido Escritório foi instituído em dezem- O Prédio Centenário foi inaugurado em 29
bro de 2004 e vem trabalhando sistematica- de junho de 1884, com um quarto das obras
mente desde abril de 2005, no sentido de co- concluídas. Após, as obras permaneceram pa-
letar dados, diagnosticar, restaurar, reabilitar e ralisadas até 1889, vindo a ser concluídas em
reciclar o Uso do Conjunto Histórico, incluin- 1903 com o término do 6º pavilhão e implan-
do as edificações centenárias e seu entorno. tação da rede de esgoto. No final dos anos 30,
Na continuidade, apresentaremos um his- passa a ter também função asilar, iniciando-se
tórico do conjunto, mostraremos os encami- uma crise de superpopulação. A partir dos
nhamentos em nível de Inventário, Levanta- anos 50, a superpopulação, um incêndio, e
mento Cadastral, Projeto Arquitetônico e Ações obras mal administradas, levam à desocupa-
de Preservação da Memória Cultural, geradas ção gradual do prédio e ao atual estado de
a partir do trabalho, até o momento. degradação.
O Conjunto Histórico do Hospital Psiquiá- As edificações centenárias foram tombadas
trico São Pedro está localizado no bairro em nível estadual em setembro de 1990, e em
Partenom, centro geográfico da cidade de Por- nível municipal em dezembro de 1993.
to Alegre, numa área de treze hectares e nove O projeto de restauração e reabilitação do
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
Conjunto Histórico do Hospital Psiquiátrico de pontos de diálogo entre as cidades intra e
São Pedro prevê a reciclagem de uso do mes- extramuros, que certamente surgirão a partir
mo, para abrigar o Campus “Província de São da reabilitação global do Conjunto. Romper
Pedro”, da Universidade Estadual do Rio Gran- com o estigma de lugar para a loucura e exclu-
de do Sul. são, capaz de gerar medo, transformando-o
A despeito de sua magnitude e privilegiada num Centro Integrador de diferentes áreas do
localização, o Conjunto Histórico do Hospital conhecimento humano é, sem dúvida, um
Psiquiátrico São Pedro remete à ideia de uma desafio. Um empreendimento desta enverga-
pequena cidade, com uma organização espa- dura poderá ser a médio e longo prazo uma
cial peculiar e hermética. Se o objetivo é in- referência, no entanto, exige grande e cons-
cluir e revitalizar, faz-se necessária a criação tante mobilização do governo e da sociedade.

IDENTIFICANDO BENS PATRIMONIAIS EM CIDADES DO BAIXO


SÃO FRANCISCO, METODOLOGIA E CARACTERIZAÇÃO
Virgínia Pontual - Sílvio Mendes Zancheti - Ana Rita Sá Carneiro - Rosane Piccolo
Este artigo apresenta os resultados da identi- sagem do Sertão, enfocando as principais carac-
ficação e caracterização dos bens patrimoniais terísticas paisagísticas da região onde os municí-
materiais, nos municípios de Água Branca, pios se inserem; o segundo apresenta a narrativa
Olho d’Água do Casado e Delmiro Gouveia, histórica, com as principais temáticas identificadas
no Estado de Alagoas, na região oeste do Bai- e componentes da justificativa sobre a importân-
xo São Francisco, além das recomendações cia dos bens culturais; o terceiro consta da identi-
para a sua proteção. ficação final dos bens recomendados para a pro-
Para promover a identificação e caracteriza- teção, e o quarto trata das recomendações finais
ção foi utilizada uma metodologia científica de- para a continuidade do trabalho.
senvolvida pelo Centro de Estudos Avançados Como resultado da aplicação do método, foi
da Conservação Integrada. Esta metodologia identificado e caracterizado um conjunto de
inter-relaciona a pesquisa histórico-documental 29 bens patrimoniais passíveis de proteção.
e a leitura da morfologia urbana in situ. A pes- Os bens patrimoniais identificados encontram-
quisa histórico-documental é calcada no méto- se, em grande parte com suas feições primevas
do histórico, que permite reconhecer as dimen- intactas ou com pequenas alterações que não
sões que definem e caracterizam os bens ferem os princípios de autenticidade estabele-
patrimoniais materiais. Assim, as documentações cidos pelas organizações de salvaguarda in-
manuscritas, bibliográficas e iconográficas, jun- ternacionais. Constituem-se um acervo signifi-
tamente com fontes orais e a leitura das formas cativo e de valor histórico e artístico sem par
urbanas do lugar constituem fontes fundamen- no Nordeste, e quiçá no Brasil. Por isso as in-
tais para recompor a identidade, a memória e a tervenções que porventura venham a ser reali-
transformação física sofrida pelo lugar em suas zadas devem ser norteadas por estudos espe-
dimensões: histórica, morfológica e artística. cíficos de especialistas em conservação de bens
O resultado dos estudos relatados está apre- patrimoniais, em sintonia com a realidade so-
sentado nos quatro itens. O primeiro trata da Pai- cial e política desses municípios.

OS LIMITES DO RESTAURO: IMPASSES PROJETUAIS


Rosane Piccolo - Sílvio Zancheti - Franciza Toledo - Jorge Eduardo Tinoco - Marina Russel
O tratamento das lacunas em uma obra de arte, tacam-se motivos arquitetônicos em perspecti-
seja em objetos arquitetônicos, escultóricos ou va (balaustrada e balcões centrais) e elementos
pictóricos, tem resultado em soluções muito vari- decorativos perimetrais (medalhões nos quatro
adas, por vezes até opostas no campo do restau- cantos, rocalhas e arranjos florais), enquanto
ro. Cesare Brandi1 aponta que tal variedade de que o centro da composição é ocupado por
soluções tem se dado pelo fato das lacunas se- um medalhão representando São Francisco de
rem tratadas empiricamente, quando na verdade Assis recebendo as cinco chagas de Cristo.
deveriam ser objeto de uma decisão teórica. Apesar do valor deste bem cultural integra-
Entretanto, como promover uma aproxima- do, o forro apresentava um precário estado de
ção suficiente da teoria com a prática do restau- conservação, pondo em risco a integridade e
ro, a ponto de se conseguir compatibilizar uma estabilidade dos materiais e das técnicas en-
à outra? Como converter postulados teóricos contradas. A ação de goteiras na coberta e a
em medidas ou diretrizes práticas? Este artigo manutenção precária foram as causas do
se propõe a discutir esta questão, tendo como descolamento e perda da camada pictórica em
ponto de partida um caso específico. partes generalizadas do forro. Os pregos utili-
Será tomado como objeto de reflexão a pin- zados para fixação das tábuas nas traves en-
tura do forro em madeira da sacristia da Capela contravam-se oxidados, ocasionando perdas
de São Roque do Conjunto de São Francisco pontuais da pintura. No intradorso do forro,
em Olinda, que está sendo restaurada pelo detectou-se presença de insetos xilófagos.
Centro de Estudos Avançados da Conservação Frente a esta situação, deu-se início às obras
Integrada, desde fevereiro de 20082. de restauro, sendo realizadas as seguintes
A pintura do forro da sacristia data dos fins ações: mobilização do canteiro de obras e ins-
do século XVIII, e foi executada à têmpera. Des- talações provisórias; documentação gráfica e
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
fotográfica; testes e análises microquímicas; lim- original, com base nos métodos e técnicas abor-
peza superficial; refixação da camada pictórica dadas por Brandi (2004). Estes recursos
e nivelamento de pequenas lacunas. computacionais têm se mostrado essenciais nas
Concluída a refixação da pintura ao seu su- definições a serem tomadas em relação ao
porte (pranchas de madeira), foram iniciados nivelamento e retoque das grandes lacunas.
os estudos para a reintegração da pintura, ou Através destes, é possível a reconstituição de
seja, o preenchimento das lacunas. Esta fase do linhas mestras, particularmente nos elementos
restauro tem exigido grande reflexão teórica e arquitetônicos (retos), assim como algumas co-
prática para chegar novas diretrizes de ação, já res de fundo.
que as lacunas encontradas espalham-se por Deste modo, por meio desta simulação virtu-
mais de 60% da superfície da pintura do forro. al estão sendo avaliadas as alternativas que
No momento, algumas possibilidades de rein- melhor possibilitam manutenção dos valores e
tegração estética da pintura estão sendo anali- da autenticidade da obra, com o objetivo de
sadas, graças à reconstituição virtual da pintura orientar as futuras decisões projetuais.

DIVULGAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DO PATRIMÔNIO:


O PÁTIO DE SÃO PEDRO NO RECIFE
Virgínia Pontual - Magna Milfont - Mônica Harchambois - Renata Cabral - Rosane Piccolo
O Pátio de São Pedro, bem tombado pelo site é o objeto deste artigo.
IPHAN no Recife, tem seu conjunto urbano e A criação do site “Pátio de São Pedro: Tu-
arquitetônico composto pela Igreja de São rismo e Tradição Popular em Pernambuco”
Pedro dos Clérigos e pelo casario obedeceu a uma lógica de construção am-
circundante. A riqueza da igreja, em contras- plamente discutida com a comunidade do
te com a simplicidade das edificações do en- local. O material produzido procurou diluir
torno, forma um conjunto de inestimável be- o conteúdo denso das pesquisas acadêmi-
leza que, além de apresentar grande unidade cas que lhe serviram de fundamento, em tex-
urbanística é um dos conjuntos mais íntegros tos fluidos e interessantes, apresentados aos
do bairro de São José. visitantes por meio de um design elegante e
O Pátio de São Pedro testemunha a diversi- envolvente, capaz de despertar a curiosida-
dade das manifestações populares tradicio- de pelos valores culturais existentes no local.
nais de Pernambuco. Entretanto, apesar do Partindo da idéia de que o planejamento
seu grande potencial atrativo, o mesmo não interpretativo, em parceria com a dinamização
integra os roteiros desenvolvidos pelas agên- econômica de um lugar, pode ser uma forma
cias de turismo. Para isto, a divulgação turís- criativa de atender à demanda pela
tica e interpretação do pátio se colocam como sustentabilidade integral do patrimônio, o site
um caminho à propagação dos valores e con- procura estabelecer interfaces entre o turismo e
servação do espaço urbano e arquitetônico. a preservação patrimonial, harmonizando as
O site “Pátio de São Pedro: Turismo e Tra- necessidades da comunidade e dos visitantes.
dição Popular em Pernambuco” constitui um Informações culturais relevantes, apresentadas
dos produtos do projeto intitulado “Divulga- de forma atrativa e diferenciada, despertam o
ção Turística do Pátio de São Pedro dos Clé- interesse turístico, o que favorece a consolida-
rigos no Recife”, selecionado pelo Programa ção das atividades econômicas e culturais do
MONUMENTA para ser executado pelo Cen- Pátio de São Pedro.
tro de Estudos Avançados da Conservação A estrutura deste artigo ilumina a investiga-
Integrada (CECI). ção realizada para construção do site, onde
Por meio desse site buscou-se divulgar os estão apresentados os resultados da interpre-
valores do lugar de modo a atrair visitantes, tação da cultura atual, da história, da
acrescentando valor à experiência. O con- reinvenção do lugar e da integridade
teúdo e registro de como foi realizado esse morfológica do Pátio de São Pedro.

PROJETO MONUMENTA PORTO ALEGRE


Doris Maria Saraiva - Luiz Merino de Freitas Xavier
O Monumenta é um programa do Ministé- ção abrangendo técnicas diversas.
rio da Cultura que abrange 26 cidades no País. A proposta para o congresso da Abracor é
Tem por objetivo preservar e valorizar áreas apresentar as principais intervenções e ir pon-
urbanas centrais tombadas em nível federal. tuando as experiências do Monumenta acu-
Em Porto Alegre o projeto abrange uma área muladas em diversas situações e interven-
de 24,5 ha composta por ruas, praças, edifí- ções de restauração, apontando especifica-
cios públicos tombados, imóveis privados de mente as decisões de projeto e canteiro de
interesse cultural, assim como ações de for- obras, os procedimentos adotados e os re-
mação em restauração, conscientização e sultados alcançados em cada caso. Serão
sustentabilidade. São oito prédios públicos apresentados estudos de caso, entre outros,
tombados, doze prédios privados, qualifica- de recuperação de revestimentos em cirex,
ção de espaços urbanos tombados. O con- de recuperação de estuques, vitrais, identifi-
junto de obras em Porto Alegre apresenta um cação e estudo de cores para pintura das
rol significativo de intervenções de restaura- fachadas.
29
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
CONSERVAÇÃO PREVENTIVA DA
COBERTURA DO MUSEU CASA DE RUI BARBOSA
Jorge Astorga Garro
Esta pesquisa tratou, sob orientação de um para as coberturas do Museu, colocando siglas
Plano de Conservação Preventiva, os elemen- e numerando os elementos, tornando fácil a
tos de madeira do Museu que foi a casa de Rui identificação quando necessário. Estes nomes
Barbosa. servirão tanto para a direção como para a ma-
“Conservamos un pasado que cumple unas nutenção.
determinadas funciones en el presente, y que Foi preparado um diagnóstico do estado de
debemos transmitir íntegramente a las conservação dos elementos que compõem as
generaciones futuras. coberturas, gerando um mapa geral de danos e
La conservación de los bienes culturales, uma tabela com o estado dos elementos de cada
suele distinguir, con matices particulares, las telhado.
áreas o estadios generales de la preservación: Com este diagnóstico se prepararam as pro-
la conservación y la restauración, ambos postas de intervenção, recomendações e as
correspondientes a un solo proceso, es decir, ações para a Manutenção Conservativa.
el museológico y patrimonial. A Manutenção Conservativa visa proporcio-
La preservación, referida a las condiciones nar um meio fácil de fazer uma inspeção periódi-
favorables del ambiente físico y material en que ca, permitindo avaliar o avanço da deterioração e
deben encontrarse las colecciones, se executar as medidas necessárias para que as mes-
identificaba ya de hecho con la conservación mas possam ser minimizadas ou até estancadas.
preventiva, y se diferenciaba de la restauración Todas as intervenções devem ser com materiais
o proceso interventivo, de lo que es la propia contemporâneos e ter soluções reversíveis, não
conservación patrimonial o museológica. “ alterando a parte estética do edifício e sem criar
Se fez um reconhecimento conjunto com falso histórico. Conta-se com três ações:
restauradoras de papel e tecidos e se ouviu a Preventivas - Estes serviços são basicamente
direção do museu e os técnicos da manuten- de inspeção e preparação de relatórios escritos
ção e limpeza. Desta forma com o uso de fichas e fotográficos para que se tenha um registro
por cômodos, se fez uma apreensão do edifí- dos acontecimentos nos elementos em madei-
cio junto com seu acervo. Perceberam-se inter- ra. Este material servirá de base para a tomada
relações entre as patologias que afetam a arqui- de decisões.
tetura e as consequências no acervo, infiltra- Manutenção - As ações de manutenção são
ções descendentes e ascendentes, desníveis nos referentes às não conformidades encontradas
pisos, as ações do microclima e problemas com nas ações de inspeção rotineiras, Ações Pre-
as instalações prediais. ventivas.
A cobertura, sem dúvida, é uma das partes Reparo - As ações de reparos são um conjun-
mais importantes na edificação. Ela poderia ser to de serviços necessários para a correção de
considerada a redoma de vidro que guarda, diversas inconformidades encontradas duran-
conserva, o conjunto, quando a mesma se da- te a preparação do Projeto de Conservação Pre-
nifica, se põe em risco todo o seu conteúdo. ventiva. Dentre estes reparos estão os beirais
“También hay que comentar, que en esta danificados, algumas infiltrações localizadas,
vida, todo precisa de un mantenimiento para problemas nos acessos e circulação, danos em
conservar el bien de cualquier naturaleza, pero alguns pisos e forros.
lo que está comprobado es que las propiedades Mas estes não são os itens mais importantes,
de los edificios no se acuerdan de que existe ou seja, não é o manual de conservação ou o
una cubierta hasta que “Santa Bárbara truena”, caderno de recomendações, mas sim, o enten-
es decir, al recibir las denuncias de los morado- dimento que todo o grupo, membros da insti-
res de la última planta, ante el fenómeno de tuição passam a ter sobre a importância de cada
que llueve dentro de sus casas.” vez mais se preservar para evitar uma grande
Este trabalho preparou uma nomenclatura intervenção, a obra vilã.

Artes Visuais
CONSERVAÇÃO DO SUPORTE
LYCRA NA OBRA DE ALEX FLEMMING
Andréa Lacerda Bachettini - Naida Maria Vieira Corrêa
Este trabalho trata da restauração de duas rie de pinturas biográficas que utilizavam como
obras do artista contemporâneo Alex suporte suas próprias roupas. Posteriormente
Flemming. Nascido em São Paulo, em 1954, passou a recolher e pintar cadeiras, poltronas
Flemming surgiu no meio artístico nos anos e sofás usados, nos quais aplicava letras, que
70, trabalhando com gravuras sobre o cotidia- formavam textos de notícias de jornais. Tam-
no e contestação sociopolítica, dedicou toda bém atuou como professor da Kunstakademie
a sua pesquisa a conflitos sociais e paixões de Oslo. Expôs no Brasil e exterior, participou
humanas. A partir de 1981, começou a pintar de Panoramas de Arte Atual Brasileira, no
intensamente, nos anos 90, realizou uma sé- MAM/SP e diversas Bienais Internacionais de
30
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
São Paulo. Em 2001-2002, fotografou corpos a tomada de decisão de como realizar o
esbeltos, sobre estas imagens, foram desenha- descolamento dos tecidos dos painéis de
dos mapas de áreas de conflitos e de guerras. eucatex. Foram removidos grampos oxidados
Atualmente, mora em Berlim, mas viaja com e descoladas a bordas, com ajuda de umida-
frequência ao Brasil. de e bisturi. Após descolamento do tecido de
As obras aqui apresentadas são dois torsos algodão do painel de eucatex, o tecido estava
masculinos, de 1983, executado na técnica muito fragilizado, e foi decidido eliminá-lo. Para
de serigrafia, quando o artista utilizou tinta a realização da limpeza e descolamento do
acrílica sobre suporte lycra sintética, que fo- suporte lycra do tecido de algodão, utilizou-se
ram colados em algodão e posters de eucatex. banhos de água deionizada previamente
As obras medem 79 x99,2cm, mas cada obra aquecida. O suporte lycra foi seco e planifica-
é composta por 4 módulos que medem do e posteriormente foi realizada a velinação
39,5X9,6cm aparafusados uns aos outros. com papel japonês e cola neutra, com a inten-
O estado de conservação das obras era pés- ção de estabilizar a movimentação do tecido
simo, com sujidades generalizadas, que já havia perdido sua característica de elas-
excrementos de insetos, fungos e manchas. ticidade, evitando assim a deformação da im-
Os painéis de eucatex estavam muito ataca- pressão. Foram confeccionados novos painéis
das por insetos xilófagos, que chegaram a fa- em MDF revestidos de formica branca, que
zer perfurações nos tecidos. A lycra perdeu foram forrados com não-tecido e feito isola-
muita coloração e elasticidade. Já o tecido de mento com papel de pH neutro entre o painel
algodão estava muito amarelecido devido ao e o não-tecido. Os furos e perdas na lycra fo-
alto grau de acidez. O tratamento foi executa- ram preenchidos com pasta confeccionada
do em várias etapas: primeiramente, as obras com própria lycra e cola de pH neutra. O su-
foram higienizadas e separados os módulos. porte lycra foi estirado no novo painel e fixa-
Foi realizado o mapeamento dos módulos, do com grampos. Os módulos foram fixados
para facilitar a remontagem, após o restauro. uns os outros seguindo o mapeamento e as
Foram analisadas e testadas várias técnicas até perfurações anteriores.

RESTAURAÇÃO DAS OBRAS DE IBERÊ


CAMARGO PARA EXPOSIÇÃO PINTURA PURA
Andréa Lacerda Bachettini - Naida Maria Vieira Corrêa
Este trabalho trata da preparação de 10 obras (1981) Óleo s/ madeira; 4) Caixa d’água (1981)
de Iberê Camargo para exposição Pintura Pura, Óleo s/ madeira; 5) Composição (1982) Óleo s/
realizada na Fundação Iberê Camargo, em Por- madeira; 6) Contraste (1982) Óleo s/ madeira; 7)
to Alegre. A exposição teve curadoria da Prof. Carretéis com figura (1984) Óleo s/ tela; 8)Tudo te
Dra. Icleia Borsa Cattani da Universidade Fede- é falso (1992) Óleo s/ tela; 9) S/ título (S/ data) Óleo
ral do Rio Grande do Sul. Segundo a curadora, s/ papel; 10) S/ título (S/ data) Óleo s/ papel. Os
“Iberê Camargo mergulhou fundo, mais profun- suportes das obras são diferentes como se obser-
damente do que a maioria dos artistas, nas ques- va acima. Tela, madeira e papel, receberam ca-
tões da pintura. Isso foi o que marcou sua obra madas espessas de óleo, uma característica do
ao longo de intensa trajetória: no aprendizado e trabalho do artista. Quanto ao estado de conser-
na maturidade artística, a entrega, a exigência, vação as pinturas apresentavam sujidades gene-
os questionamentos, a urgência foram os mes- ralizadas, fungos, craquelês, desprendimento da
mos, independentemente do seu nível de co- camada pictórica, oxidações. As pinturas sobre
nhecimento e de experiência e do seu reconhe- tela e madeira passaram por um processo de
cimento social. O pintor referia-se à sua luta diá- higienização, desinfecção, desinfestação, fixação
ria na arena, o ateliê, e às armas que usava, os da camada pictórica, limpeza e pequenas reinte-
pincéis e as tintas. A criação provocou nele, se- grações. Os papéis passaram por higienização,
guidamente, angústia e insatisfação com o resul- desinfecção, desinfestação, desacidificação não
tado obtido. Pintar era uma missão”. aquosa, fixação da camada pictórica, limpeza e
Para exposição foram selecionadas as seguin- pequenas reintegrações. O processo de restaura-
tes obras: 1) Figura II (1964) Óleo s/ tela; 2) Desdo- ção foi intenso e dedicação exclusiva, teve a du-
bramentos (1972) Óleo s/ tela; 3) Carretel azul ração de um mês.

PROTOCOLOS DE ESTUDIO DE COLECCIONES DE NUEVAS TECNOLOGÍAS:


ARTE ELECTRÓNICO, VÍDEO INSTALACIONES Y ART NET EN EL
DEPARTAMENTO DE CONSERVACIÓN-RESTAURACIÓN DEL MNCARS
Arianne Vanrell Vellosillo
En los últimos años, el Museo Nacional Cen- “Primera Generación, arte e imagen en
tro de Arte Reina Sofía ha incrementado la pre- movimiento, (1963-1986)” que supuso la
sencia de Videoarte, Instalaciones, Arte presentación de la colección de video
Electrónico y Art Net tanto en sus Colecciones instalaciones y videoarte del museo y un éxito
como en sus Exposiciones. de crítica y público, recibiendo numerosos
Entre noviembre de 2006 y marzo de 2007 reconocimientos y referencias en
se realizó una gran exposición sobre obras de publicaciones especializadas.
videoarte y video instalaciones llamada A partir del 26 de junio, hasta el 13 de
31
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
octubre de 2008, el MNCARS expone “Má- de la autenticidad de la idea.
quinas y Almas” que incluye 18 artistas que La documentación de elementos intangibles
trabajan sobre y con Art Net, Arte Electrónico como el concepto de tiempo, espacio, recorri-
y Arte Digital. do, uso de luz, sonido, etc. que forman parte
Estas experiencias y nuestra participación del discurso multi sensorial o interactivo
en Proyectos Internacionales de Investigación propuesto por el artista complican la
como Inside-Installations (www.Inside- comprensión de la obra dentro del contexto
Installations.org), han ayudado en la temporal, social o cultural en la que ha sido
comprensión de éste tipo de obras, enriqueci- creada y que necesita para su adecuada
do y modificado nuestra percepción y proto- exposición e interpretación.
colos de trabajo frente a cada obra y a cada La dependencia técnica con el artista, la
propuesta de intervención, tomando en cuenta imposibilidad de realizar actualizaciones en
sus singularidades para su interpretación, los sistemas operativos, del lenguaje o del
documentación, conservación, montaje y software empleado suponen también un alto
difusión. riesgo de pérdida de la obra y limitan o impiden
Algunas de las características específicas de su exposición y difusión, en algunas ocasio-
este tipo de obras son: su rápida obsolescencia, nes a muy corto plazo.
la falta de compatibilidad o poca estabilidad El papel del conservador-restaurador
tecnológica a corto plazo y las dificultades para evoluciona hacia un rol mas activo no sólo en
su documentación no sólo material, sino el conocimiento material del objeto sino en la
también espacial y sensorial. preservación de su significado e interpretación
Estas peculiaridades implican una necesaria a través de la experiencia adquirida en
evolución y flexibilidad del papel del conser- montajes sucesivos.
vador-restaurador para dar respuestas eficaces La evaluación de los Riesgos de Pérdida de
en el montaje y exposiciones de obras, además Información como un medio para cuantificar
de un compromiso y responsabilidad cada vez las dificultades de conservación, transmisión
mayor para garantizar la perdurabilidad de las y exposición de una obra, se aúnan a la
mismas, evaluando la preservación material evaluación tradicional de los peligros de
de sus elementos en virtud de la originalidad y pérdida material y de significado de la obra.

DESCOBRINDO O PASSADO (A REMOÇÃO DA CAMADA


DE VERNIZ OXIDADO DE UMA AQUARELA DE 1859)
Juçara Quinteros de Farias - Mar Gomes Lobão
Este trabalho foi realizado durante o período ções anteriores, dificultavam a realização dos
em que trabalhei no Departamento de Restau- testes que verificariam a estabilidade dos mes-
ração do Queen Victoria Musem and Art Gallery mos. Além disso, o tratamento se tornava ainda
localizado em Launceston, Tasmânia, Austrá- mais complicado devido ao tamanho da obra
lia. A aquarela View of Launceston looking from que mede 869x1420mm.
Cataract Hill de 1859 passou a fazer parte do Depois de várias reuniões onde restauradores
acervo do Museu a aproximadamente 100 anos e curadores do Museu analisaram o valor históri-
atrás e foi exibida pela última vez em 1975. co do objeto e os riscos envolvidos durante o
Desde então, permaneceu guardada no acervo processo de restauração ficou decidido que o
de obras de arte do Museu não podendo ser trabalho deveria ser realizado. A equipe formada
mais exibida por causa do seu alto grau de de- por um restaurador de papel e um restaurador de
terioração. tela tinha aproximadamente 4 meses para con-
A aquarela apresentava uma grossa camada cluir o processo de restauro já que a obra seria
de verniz, que havia sofrido oxidação com o pas- exposta na exibição “Launceston Through the
sar do tempo, e uma série de intervenções anteri- Eyes of Artists and Photographers”.
ores que encobriam detalhes da obra e pigmen- Este artigo detalha a metodologia aplicada du-
tos. Além disso, encontrava-se emoldurada, do- rante o processo de restauração e discute como a
brada em toda sua extensão do lado direito e na combinação de técnicas utilizadas no restauro
parte superior e colada a duas telas. de tela e papel foram decisivas para o sucesso do
O maior desafio era remover o verniz sem trabalho e reintegração da obra, considerando
afetar a camada de pigmentos, pois a colora- uma nova forma de tratamento para remoção de
ção marron do verniz oxidado e as interven- verniz em obras de arte com suporte de papel.

A CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE ACERVOS EM


SUPORTE DE PAPEL NO BRASIL:
UMA ABORDAGEM À LUZ DA HISTÓRIA CULTURAL
Aloisio Arnaldo Nunes de Castro
Esta comunicação tem por objetivo apontar plorado em sua dimensão histórica, em suas
investigações acerca da trajetória histórica da temporalidades e em suas múltiplas relações
conservação e restauração de papel no Brasil, com os atores sociais, com as instituições e
tendo como recorte cronológico a primeira com a sociedade.
década do século XX até os anos de 1990. Em consonância com as proposições da
Trata-se, pois, de um tema ainda pouco ex- História Cultural que destacam a emergên-
32
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
cia dos “novos objetos” e dos “novos terri- de arte em suporte de papel.
tórios” no seio das questões históricas, este Utilizando-se da análise bibliográfica, do-
estudo pretende ser uma contribuição à cumental e do exercício da história oral, esta
historiografia que já se ressentia de discus- pesquisa examina os marcos teóricos, os
sões e reflexões mais aprofundadas na ação paradigmas e as influências internacionais e
preservacionista relativa à memória cultural as políticas que alicerçaram a inserção e a cons-
expressa em papel, ou seja, os acervos bibli- trução dessa disciplina especializada no âm-
ográficos, os acervos documentais e as obras bito brasileiro.

CONSIDERAÇÕES ACERCA DA POSSIBILIDADE


DE CONSERVAÇÃO DE ARTE CONTEMPORÂNEA
Humberto Farias de carvalho
O objetivo da pesquisa é, a partir de exem- samento crítico acerca da natureza dos tra-
plos específicos de trabalhos de artistas con- balhos destes artistas. As ponderações rela-
temporâneos como Mira Shendel, Robert tivas às obras deste período conduzirão a
Smithson e Rirkrit Tiravanija, propor a refle- questões inerentes às possibilidades de atu-
xão e levantar considerações a respeito da ação no campo da conservação e da restau-
possibilidade de se conservar e restaurar ração. Este estudo é parte do desdobramen-
obras consideradas pertencentes ao perío- to de pesquisa de mestrado em história e
do da arte contemporânea. A necessidade crítica da arte, que procura contribuir no de-
de utilização de um sistema teórico, que una senvolvimento de parâmetros para conser-
histórica da arte e a conservação, se faz im- vação e preservação de coleções e acervos
prescindível, desenvolvendo assim, um pen- de arte contemporânea no nosso País.

ARTE SACRA CATARINENSE: A “FUGA PARA O EGITO”


E A IDENTIFICAÇÃO ANATÔMICA DA MADEIRA
Márcia Regina Escorteganha Lane - João de Deus Medeiros - Ângela do Valle,
A obra sacra “Fuga para o Egito” se refere a João de Deus Medeiros, que possibilitou compro-
uma talha em madeira, policromada e dourada. var que a espécie utilizada na Talha é um exemplar
É uma obra artística valiosa para o patrimônio de gimnosperma - uma espécie da família ‘pinácea’
religioso do Estado de Santa Catarina. - e não um exemplar de angiosperma - família
É conhecida pela população como uma es- ‘tiliacea’, como todos afirmavam.
cultura executada em madeira de espécie “Tília No caso da preservação patrimonial, é im-
grandiflora”, de procedência européia. Para portante realizar pesquisas e análises referen-
averiguar a veracidade desta afirmação popu- tes aos tipos de materiais que compõem as
lar e histórica, foram coletadas pequenas amos- obras patrimoniais, pois isso determina o seu
tras da madeira da peça, com o objetivo de comportamento perante os problemas patoló-
identificar sua espécie botânica e também ave- gicos, influi nos procedimentos recomendáveis
riguar se a afirmação histórica de que a imagem de conservação e restauração dos bens cultu-
foi esculpida em madeira da família “tiliacea”, rais e minimiza os processos de degradação.
realmente procede ou não. Neste caso, as informações que foram coletadas
Os exames e análises para a identificação contribuirão no processo de restauração e rein-
anatômica destas amostras foram efetuados no tegração de parte da estrutura infestada por in-
Laboratório de Anatomia Vegetal - Departamento setos xilófagos, além de colaborar com infor-
da Botânica/UFSC, sob a orientação do Prof. Dr. mações históricas para o patrimônio cultural.

CONSERVAÇÃO-RESTAURAÇÃO DE IMAGENS
DE VESTIR NO BRASIL: CONCEITOS, TÉCNICA
CONSTRUTIVA E CONSERVAÇÃO-RESTAURAÇÃO
Maria Regina Emery Quites
Este trabalho enfoca o estudo das imagens tem por base definir a terminologia “imagens
de vestir no Brasil analisando os aspectos de vestir” como um grande grupo que possui
conceituais, históricos, iconográficos, técnicos subdivisões, que classificam as esculturas de
e devocionais, cotejando com a documenta- acordo com o seu sistema construtivo do mais
ção primária e secundária encontrada. É im- complexo ao mais simplificado. Elas possuem
portante enfatizar uma revisão dos conceitos uma técnica e estética próprias, e sua função
sobre esta relegada categoria escultórica, bem devocional faz com que sua utilização seja
como, o resgate deste grande acervo ampla- multifuncional, servindo a retábulos, procis-
mente utilizado, demonstrando a existência de sões, conjuntos cenográficos efêmeros, ser-
diferenças regionais e sua relevância para a mões, oratórios e outros fins. Enfim, são es-
história da arte. Sob o aspecto da técnica cons- senciais ao teatro sacro da arte religiosa. A ima-
trutiva elaboramos uma classificação funda- gem de vestir está inserida dentro do contexto
mentada na pouca bibliografia existente e no da escultura policromada em madeira, no en-
exaustivo trabalho feito in loco, nas imagens tanto, devido às suas características próprias
estudadas. Ressaltamos que esta classificação apresentam deteriorações específicas. Sobre
33
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
sua conservação-restauração não pretende- no real significado da imagem de vestir, que é
mos ditar normas rígidas, mas exercitar nossa uma particular interpretação da escultura
capacidade de avaliar nosso objeto de estu- devocional e principalmente uma importante
do. Partindo de uma metodologia de trabalho, manifestação de nossa cultura, que deve ser
podemos estabelecer critérios fundamentados valorizada e preservada.

Bibliotecas e Arquivos

MCSHJC E AHRS: RELATO DE EXPERIÊNCIAS


NAS ÁREAS DE CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE
DOCUMENTOS MANUSCRITOS E IMPRESSOS.
Evangelia Aravanis - Sílvia Maria Jansson Breitsaemter
O trabalho apresenta atividades de restauro to à obra e da reversibilidade das técnicas e
de documentos em papel desenvolvido de for- materiais empregados.
ma voluntária no Museu de Comunicação So- Em ambas as instituições foi identificado o
cial Hipólito José da Costa (MCSHJC) e no mau estado de conservação da documentação
Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul (com rasgos, gordura, poeira, acidificação do
(AHRS) durante o período de julho de 2005 a papel, desidratação, rompimento das fibras, fun-
março de 2008. Busca-se apresentar a forma gos, remendos com fitas adesivas e outras
como se encontravam os documentos a se- colagens impróprias); falta no quadro
rem restaurados, a sua importância para a institucional de profissionais treinados e dedi-
sociedade, os métodos e técnicas utilizadas cados exclusivamente às atividades de restau-
na restauração e os meios aplicados para a ro; falta de políticas públicas voltadas à prote-
guarda da documentação restaurada. O tra- ção e restauração do acervo documental; falta
balho realizado de forma voluntária resgatou de instrução e vigilância aos consulentes sobre
documentos de extrema importância para a a devida forma de manuseio da documentação
história do Rio Grande do Sul e do Brasil, (como a necessidade do uso de luvas, coibição
como a Carta da Criação da Vila de Porto do emprego de canetas e clipes, do comporta-
Alegre, de 1768; o Códice de Imigrantes de mento inadequado, a exemplo do apoio dos
Pelotas, de 1891, e vários jornais raros do braços sobre as obras e o uso indevido de
séc. XIX e início do séc. XX: O Século (1881), objetos no manuseio dos documentos).
Correio Brasiliense (1896), A Democracia Com este trabalho se pretende contribuir para
(1905-1907) e A Reforma (1875). o delineamento de um panorama geral do es-
Em todas as intervenções feitas nos docu- tado da conservação e restauração da docu-
mentos buscou-se aplicar a menor interferên- mentação histórica destas entidades e chamar
cia possível respeitando-se, assim, as máximas a atenção sobre estes artefatos documentais
da restauração, ou seja, o princípio do respei- como importantes bens culturais do Brasil.

DESINFESTAÇÃO DO ACERVO DA BIBLIOTECA BARBOSA


RODRIGUES, DO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO
Ingrid Beck
Apresenta os resultados do projeto de prazo de dez meses. Relata sobre as dificuldades
desinfestação do acervo da Biblioteca Barbosa e os cuidados tomados na escolha dos materiais
Rodrigues do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e demonstra a importância do monitoramento do
utilizando atmosfera anóxia, obtida com oxigênio residual durante o tratamento, bem como
absorvedores de oxigênio em bolsas de alta bar- do mapeamento do processo de desinfestação,
reira. Descreve o passo a passo adotado para a de forma a possibilitar o em continuidade o acom-
aplicação do método em toda a biblioteca no panhamento preventivo.

PLANTAS ARQUITETÔNICAS: UM ESTUDO DE


CASO NO MUSEU DE ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS
Ozana Hannesch - Ana Paula Corrêa de Carvalho
O trabalho pretende enfocar o problema de O conjunto em questão, compreende cerca
conservação e restauração de um conjunto de 60 plantas francesas que datam de aproxi-
de plantas arquitetônicas pertencentes ao Ar- madamente 1890. A princípio foram
quivo de História da Ciência do Museu de As- identificadas como processo cianótipo. Ante-
tronomia e Ciências Afins – MAST. No Labo- riormente algumas delas passaram por trata-
ratório de Conservação e Restauração de Pa- mento tradicional de conservação e restaura-
pel – LAPEL foi iniciado um estudo sobre os ção, com banho de desacidificação , reforços,
processos de produção e reprodução de plan- entre outros. Porém, o resultado não foi
tas arquitetônicas com o objetivo de identifi- satisfatório: os documentos ainda permanece-
car e classificar as técnicas nesse conjunto de ram quebradiços. A partir desse quadro foi
documentos, e ,uma segunda etapa propor tra- feito um mapeamento, visando :
tamentos para sua conservação-restauração. - Identificar origem: documentação, históri-
34
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
co, carimbos, assinaturas e legendas. 1920. Paralelamente, foram visitadas insti-
- Identificar técnicas : cianótipa entre outras tuições de pesquisa e guarda de acervos
técnicas de reprodução. cartográficos / iconográficos no Rio de Ja-
- Realizar análise visual: tais cor da linha, neiro, que tenham características semelhan-
cor do fundo (papel), etc. Nessa etapa foi tes ao conjunto de plantas estudados, para
estabelecida uma terminologia padrão para observação e aplicação de um questionário
as características e especificidades observa- in loco. Especialmente foram visitadas: Ar-
das em cada planta. quivo Nacional, Arquivo da Cidade do Rio
- Realizar microanálise : para identificar os de Janeiro, Biblioteca Nacional e Escola de
componentes dos pigmentos e dos suportes. Arquitetura da Universidade Federal do Rio
A primeira etapa da pesquisa constituiu-se de Janeiro (UFRJ).
no levantamento bibliográfico de literatura O estudo inclui o intercâmbio com institui-
nacional e estrangeira sobre técnicas e mé- ções estrangeiras em busca de sugestões bibli-
todos empregados na reprodução de plan- ográficas e troca de experiência, (o que vem
tas arquitetônicas entre os anos de 1850 até sendo conseguido).

A ADOÇÃO DA ENCADERNAÇÃO FLEXÍVEL EM


PERGAMINHO EM OBRAS RARAS RESTAURADAS NA
BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO
Tatiana Ribeiro Christo
As encadernações em pergaminho (limp tauração recém-reativado e o principal objeti-
vellum binding) predominaram em um período vo era a recuperação de obras raras severamen-
anterior à descoberta da imprensa em 1500 e te danificadas pela ação de insetos. Após a
tiveram sua origem nos mosteiros e conventos restauração do bloco de texto, optou-se pela
da Idade Média. Este tipo de estrutura, também encadernação flexível em pergaminho não só
denominada encadernação monástica, chamou pelos aspectos mencionados acima, bem como
atenção do inglês Christopher Clarkson, especi- porque atendia ao princípio da reversibilidade,
alista em encadernação histórica, quando con- ou seja, era possível desfazer a encadernação
vocado a participar da recuperação dos livros de modo fácil sem prejuízo ao bloco de texto e
danificados pela inundação na cidade de Flo- a facilidade de encontrar no Brasil materiais de
rença em 1966. Clarkson observou que, apesar boa qualidade para sua execução.
de muito danificadas nas suas capas, as enca- A encadernação flexível em pergaminho (limp
dernações em pergaminho, principalmente as vellum binding) desde então tem sido adotada
do início do século XVI, não não tinham sofrido nos livros danificados pela ação de insetos e
tantos danos na parte do bloco de texto em com- desprovidos dos elementos originais de enca-
paração com estruturas mais elaboradas de en- dernação como capas, costura e cabeceados.
cadernação. A partir daí, Clarkson analisou vári- Atualmente, a encadernação flexível em per-
os modelos de limp vellum binding e o resulta- gaminho segue sendo executada em obras ra-
do desta análise permitiu demonstrar que se tra- ras restauradas por meio de máquinas
tava de uma estrutura potencialmente apropria- obturadoras de papel e tem sido considerada
da para fins de conservação por conta de algu- como um dos aspetos das diretrizes de preser-
mas de suas características como simplicidade vação do acervo da Biblioteca Nacional.
de construção, leveza, qualidades mecânicas Este modelo, pela sua praticidade, está em
como boa abertura, durabilidade dos materiais conformidade com o conceito de conservação
que a compõem e a não utilização de cola. preventiva a qual contempla a recuperação de
A encadernação flexível em pergaminho tam- uma grande quantidade de obras em um curto
bém despertou o interesse daqueles responsá- prazo de tempo e atende a novas demandas
veis pelas atividades de preservação da Biblio- quanto à agilização de processos de
teca Nacional do Rio de Janeiro em 1987. Nes- microfilmagem e digitalização para assegurar o
ta ocasião, as máquinas obturadoras de papel acesso à informação pelos pesquisadores e usu-
tinham sido introduzidas no Laboratório de Res- ários da Biblioteca Nacional.

ESTRUTURAS DE ENCADERNAÇÕES “BRASILEIRAS”


DO SÉCULO XIX NA COLEÇÃO RUI BARBOSA:
UM ESTUDO PARA A PRESERVAÇÃO DE ACERVOS RAROS
Edmar Moraes Gonçalves - Yacy Ara Froner - Luiz Antonio Cruz e Souza
Este trabalho trata do desenvolvimento de sário um conhecimento detalhado sobre es-
uma pesquisa na área de preservação de en- sas técnicas de encadernações raras para a
cadernações, através de estudo das estruturas execução de procedimentos de conservação
de encadernações da coleção Rui Barbosa. e restauração. Dessa maneira, por meio desta
No Brasil, as grandes coleções de livros ra- pesquisa pretende-se contribuir para o desen-
ros são dos séculos XVI a XIX. Não existe um volvimento mais acurado de projetos de con-
levantamento tipológico das encadernações, servação-restauração de livros raros no Brasil
nem tampouco dos materiais e técnicas em- a partir do conhecimento de sua tecnologia
pregadas. Isso representa um desafio para os de construção e responder às questões dos
conservadores-restauradores, já que é neces- conservadores-restauradores no que tange a
35
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
uma lacuna específica dessa área de conheci- blicas, privadas e colecionadores de livros
mento: o conhecimento das técnicas de en- raros, quando necessitam executar interven-
cadernação. ções nessas obras, deparam com um proble-
O objetivo da investigação foi criar uma ma nem sempre bem resolvido. Por conta
tipologia que possa auxiliar na identificação disto, muitas obras acabam passando por tra-
das estruturas das encadernações de livros do tamentos de intervenções feitos por pessoas
século XIX no Brasil, tomando como estudo não capacitadas, comprometendo sua origi-
de caso os livros raros selecionados a partir nalidade e, com isso, perdem vestígios e tes-
da coleção Rui Barbosa, pertencentes à Fun- temunhos históricos para sempre.
dação Casa de Rui Barbosa, órgão do Ministé- Através da divulgação e publicação do es-
rio da Cultura localizado no Rio de Janeiro. tudo feito, será possível auxiliar os gestores de
Esse acervo, adquirido e organizado por acervos e, principalmente, ampliar o suporte
Rui Barbosa ao logo de sua vida, reúne 37 científico e tecnológico para os profissionais
mil volumes e é constituído principalmente conservadores-restauradores que lidam dire-
por obras francesas e norte-americanas edi- tamente com livros. A escolha da pesquisa
tadas no final do século XVIII, início de XIX e enfocando tecnologia e estruturas de encader-
principalmente editadas no Brasil com a vin- nações dos séculos XIX decorre do fato de a
da de D. João VI e o aparecimento da impren- maioria das obras da coleção Rui Barbosa,
sa com a fundação da Imprensa Régia. pertencer a este período e coincidir com a im-
A catalogação, identificação e conhecimen- plantação da imprensa em nosso País.
to da tecnologia de encadernação, tomando Existem alguns estudos realizados sobre es-
como base a coleção de livros raros da Funda- truturas de encadernações, mas em sua mai-
ção Casa de Rui Barbosa, irá repercutir imedia- oria dando ênfase apenas às ornamentações
tamente nas atividades do LACRE (Laboratório e decorações, com interesse especial em en-
de Conservação-Restauração de Documentos cadernações de luxo e quase nada sobre sua
Gráficos). Servirá posteriormente como base de tecnologia de construção e estruturas.
dados para o estudo e a história da encaderna- Como metodologia, foi feito um levanta-
ção de livros do século XIX, e uma cooperação mento sobre as Tipografias e Oficinas de en-
técnica/científica dos conservadores-restaurado- cadernações que funcionavam no Brasil du-
res do LACRE através da Fundação Casa de Rui rante o século XIX; feita a caracterização da
Barbosa, junto às instituições públicas e priva- tecnologia de construção das encadernações
das ocorrerá por meio de assessoria técnica, existentes na Fundação Casa Rui Barbosa; ela-
organização de cursos e seminários, orienta- boração de protótipos demonstrando e deta-
ção técnica a estagiários e pesquisadores. O lhando diferentes estruturas das encaderna-
resultado dessa pesquisa poderá respaldar es- ções desse período presente na coleção; es-
sas atividades de cooperação. tudo codicológico e estudo de manuais de
No Brasil, há uma carência muito grande encadernações desse período; estudo de to-
na área de informação e conhecimento espe- dos os seus elementos construtivos, como:
cializado de tecnologia de construção de es- fios de costura, cabeceados, cordões, barban-
truturas de livros e de encadernações anti- tes, cadarços, materiais de reforços das lom-
gas. Diante dessa carência, as instituições pú- badas, fechos etc.

PROJETO DE RESTAURAÇÃO DE LIVROS DO SÉCULO XVII


DA FACULDADE DE DIREITO DA USP: CRITÉRIOS
Hélade da Rocha Corrêa - Patrícia de Almeida Giordano
A restauração dos livros do século XVII se poderia ser mais prejudicial que benéfico à obra.
integrou em um projeto maior que incluía ou- 2) Restauração de encadernação original:
tros itens (fachada, telas, lustres, mobiliário), corpo do livro necessitando tratamento (pa-
promovido pela Fundação Arcadas e não pel), tornando indispensável o desmonte da
abrange a totalidade das obras que necessi- obra e posterior restauro da encadernação
tam tratamento. A seleção ficou a cargo das conforme documentação.
bibliotecárias da instituição, sem interferên- 3) Substituição de encadernação inadequa-
cia das restauradoras-conservadoras contra- da: corpo do livro necessitando tratamento
tadas para este projeto. O critério para a es- (papel), tornando indispensável o desmonte
colha das obras foi antiguidade. da obra e confecção de encadernação de
A participação das conservadoras-restau- conservação substituindo a anterior.
radoras iniciou-se com a discussão junto às 4) Ausência de encadernação: corpo do
bibliotecárias dos critérios e procedimentos livro necessitando tratamento (papel) e con-
que seriam adotados durante a execução do fecção de encadernação de conversação.
projeto. Serão apresentados detalhadamente os cri-
Neste processo foram identificados quatro térios utilizados em cada um destes casos em
grupos de obras com características comuns relação a análise do estado de conservação,
com relação ao de estado de conservação, o documentação, tratamentos realizados e ma-
que determinou o tratamento a ser realizado. teriais utilizados. Discutir-se-ão também os
1) Conservação de encadernação original: bom critérios utilizados na definição de encader-
estado de conservação do corpo do livro não nação inadequada e encadernação de con-
justificando o desmonte da encadernação que servação.
36
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
Ciência da Conservação
INVESTIGAÇÕES SOBRE ARGAMASSAS MISTAS DE
REVESTIMENTOS CROMÁTICOS EM FACHADAS HISTÓRICAS
Bettina Collaro G. de Lourenço
Durante muitos anos as argamassas de re- tados de algumas amostras de argamassas mis-
vestimento da maioria das edificações de va- tas, de fachadas históricas do mesmo período
lor histórico eram baseadas em argamassas de de construção, analisadas em laboratórios e com
cal. Mas o mundo especialista em restauro, considerações relevantes dos técnicos
com a introdução do cimento Portland e apli- laboratoriais e dos restauradores de campo. A
cação de diversos sistemas de pintura, vêm comparação do percentual encontrado na quan-
questionando o emprego de pequenas quan- tidade de cal, de cimento e de areia destes ensai-
tidades de cimento Portland como aditivo nas os proporcionou um questionamento quanto à
argamassas de cal, ou até mesmo, a durabili- relação destes materiais constituintes na durabi-
dade das recomposições dos revestimentos lidade e no estado de conservação destes reves-
antigos com argamassas e pinturas novas mais timentos ao longo do tempo.
fortes. O interesse de realizar um estudo mais A existência de cimento e cal nas argamas-
aprofundado e científico sobre a preservação sas de revestimento avaliadas, assim como, o
destes revestimentos em edificações históricas, entendimento desta proporção e dos procedi-
surgiu a partir de testes laboratoriais e in loco mentos de sua aplicação, são fatores que me-
que venho realizando nas Fachadas do Pavi- recem ser bem compreendidos pelos técnicos
lhão Mourisco da Fundação Oswaldo Cruz, responsáveis pela salvaguarda de nosso
juntamente com resultados de Projetos de Pes- patrimônio cultural edificado, tanto na análise
quisa da Rede de Materiais e Estruturas, com do estado de conservação, quanto na sua ma-
apoio do CNPq, desde 2002. nutenção propriamente dita. Além disto, os
A manutenção destes revestimentos passa pela revestimentos novos e os sistemas de pintura
preservação de técnicas construtivas tradicionais contemporâneos precisam ter boa aderência
e pelo uso de materiais contemporâneos com- e coesão ao suporte original, necessitando as-
patíveis e o mais similares possível aos originais. sim, uma correta abordagem científica para seu
Além disto, esta investigação apresenta os resul- tratamento e aplicação.

COLORIMETRIA EM OBRA DE ARTE


Renata Casatti
O Museu de Arte Contemporânea da Uni- tão, a definição de que não há maleabilidade
versidade de São Paulo integra em seu acer- em incidência de luz sobre papel.
vo, 6700 obras de arte, cujo suporte é papel. A pesquisa também objetiva buscar adap-
O fluxo de mostras dessas obras é grande e tações e alternativas nas instalações dos es-
variável, considerando as exposições no pró- paços expositivos (como tipos de lâmpadas e
prio MAC e os empréstimos, para instituições filtros em vidros de proteção frontal) para a
nacionais e internacionais. obtenção de uma maior incidência de luz.
A literatura diz que 70 lux é o máximo per- Com isto, espera-se melhor atender às necessi-
mitido de incidência de luz sobre obra de arte dades curatoriais, preservando, concomi-
em papel e que, exceder esse número pode tantemente, a integridade física das obras.
haver comprometimento, tanto do suporte, O objetivo principal da pesquisa é definir
quanto da camada pictórica. O MAC, com o em números, a incidência de luz, conceden-
apoio técnico da Escola Politécnica da Uni- do um caráter científico nas argumentações
versidade de São Paulo, iniciou um projeto de que os especialistas em conservação e res-
pesquisa para fundamentar esses dados. tauro de museus necessitam colocar a cada
Antes que algumas obras fossem expostas, exposição, para que não haja ocorrência de
realizamos um mapeamento das mesmas, em esmaecimento de policromia e alteração de
pontos específicos, tanto da camada pictóri- suporte devido à luz excessiva.
ca, quanto do suporte. Os pontos mapeados, Além das necessidades curatoriais de um
sob condições fixas de luminosidade, foram museu cujo acervo é contemporâneo, a pes-
medidos por um aparelho de nome quisa também pretende atender às reclama-
colorímetro, que realizou a leitura das cores ções dos próprios visitantes das exposições,
puras de cada área medida. devido à baixa luminosidade das mesmas.
Ao término das exposições (que ainda es- Paralelamente a esse objetivo central,
tão acontecendo), as obras serão novamente estamos analisando o que ocorre com a ca-
medidas, com o colorímetro, nos pontos mada pictórica de obras de arte que são sub-
mapeados. metidas a tratamentos convencionais de con-
Não sabemos ainda o resultado da pesqui- servação e restauro. Com essas medições, po-
sa, pois estamos em fases preliminares e acre- deremos analisar cientificamente, possíveis
ditamos que ela perdurará por alguns anos. perdas de policromia, uma vez que a mesma
Uma vez coletados números suficientes de sofre modificação com a neutralização dos
dados, a intenção é obter maior flexibilidade ácidos, presentes antes do tratamento.
nos parâmetros fixados pela literatura, ou en- O MAC possui elementos para que a coletâ-
37
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
nea de dados possa ser realizada (medição zar a pesquisa como científica, assim como o
dos pontos mapeados, tanto em obras que equipamento necessário (colorímetro).
serão expostas, como também as que serão A apreciação dos dados, visa fundamentar
tratadas). E a demanda com que as obras são os parâmetros existentes. Atualizá-los, tendo
expostas facilita a execução do trabalho. A como base os equipamentos modernos de pro-
Escola Politécnica da Universidade de São teção dos espaços expositivos. Com isso, criar
Paulo concede apoio técnico para caracteri- novos conceitos, além dos já existentes.

DESACIDIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS IMPRESSOS EM PAPÉIS DE


PASTA MECÂNICA PARTE II: PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS
Antonio Gonçalves da Silva - Alice Jesús Nunes -
Maria Luiza Otero D´Almeida - Alessandro Wagner Alves Silva
Neste trabalho, foi realizado estudo de ca- 10 vezes inferior ao da metodologia de
racterização físico-mecânica de papéis de desacidificação destes papéis estudada por
pasta mecânica que são utilizados na fabri- KOURA ( 1983). Na qual foi utilizado o NaOH
cação de jornais e revistas, desacidificados a 25% Além disso, as folhas de papéis
com solução de Hidróxido de sódio a 1,0% a desacidificadas por este procedimento apre-
85°C. A metodologia utilizada na sentaram índice de redução de área em torno
desacidificação dos papéis utilizada neste de 3,0 %, sendo este valor muito inferior aos
experimento encontra-se descrita nos anais índices de 25%, descrito no método desen-
do X Congresso da ABRACOR, realizado em volvido por KOURA (1983). O experimento
São Paulo no ano 2000. A metodologia de foi conduzido com amostras de papel jornal,
desacidificação de papel produzido com cedida pelo jornal O Globo, sendo posterior-
polpa mecânica com hidróxido de sódio mente tratado por esse método um exemplar
NaOH a 1,0%. Utilizando-se no final deste da edição comemorativa do Centenário da
tratamento um banho aquoso com Ca(OH)2 a Independência do Brasil pertence ao fundo
0,04N. Este procedimento apresenta um custo documental do Arquivo Nacional.

ESTUDO DE CASO: ESTUDO COMPARATIVO


DE DESEMPENHO DE TINTAS À BASE DE CAL E SILICATO
Marília de Lavra Pinto
A necessidade de aplicação de tintas para a testes comparativos de desempenho de tintas à
conservação de bens tombados e de interesse base de cal e silicato existentes no mercado local
cultural segundo os princípios da mínima inter- e nacional (incluindo uma pasta de cal importa-
venção e reversibilidade, a preservação da apa- da, comercializada no Brasil) aplicadas sobre
rência e integridade dos bens, e o “desapareci- substratos de argamassa de cal e areia (traço: 1;3)
mento” dessas tintas do mercado, aliada à difi- e argamassa mista de cal, cimento e areia (traço:
culdade de encontrar mão-de-obra familiariza- 1;2;12).
da com as técnicas tradicionais de aplicação, Foram realizados ensaios qualitativos e quanti-
cria sérias dificuldades na preservação do tativos em condições de laboratório, para avaliar
patrimônio cultural do Estado, dificultando e o desempenho das tintas quanto à
muitas vezes impossibilitando a conservação permeabilidade à água e ao vapor d’água, e a
adequada desses bens pelo poder público e pro- influência do substrato; e de forma apenas quali-
prietários particulares. tativa, o desempenho em relação à pulverulência,
A cal é considerada material adequado para cobertura, facilidade de aplicação, aparência.
obras de conservação e restauro, devido às suas Os ensaios demonstraram grande variabilida-
características e à necessidade de de nos produtos, comprovando, pelos dados
compatibilização com os materiais pré-existen- encontrados, que é importante a realização de
tes. A caiação, sistema de pintura de tradição testes simples antes da aplicação das tintas em
milenar, foi sendo substituída, a partir da pri- obra, para que se utilize os melhores produtos, e
meira metade do século XX, pelas tintas sintéti- também incentivar as empresas produtoras para
cas, de origem orgânica, devido a algumas faci- que tenham melhor controle sobre os produtos
lidades advindas com os novos sistemas de pin- que colocam no mercado.
turas, e a expansão da indústria de tintas após a Quanto ao uso de aditivos, observou-se que a
última guerra mundial. sua utilização pode alterar o comportamento das
Devido à questão ecológica, o resgate das técni- cales, nem sempre no sentido desejado, confir-
cas tradicionais é uma tendência mundial, e neste mando dados da literatura pesquisada.
contexto, é retomado o uso da cal, pois apresenta O trabalho pretende contribuir para avançar
também a qualidade de ser resistente aos “raios no estudo das propriedades e desempenho da
ultravioleta, que permanecem sendo o maior agente cal para pintura, visando melhorar a qualidade
de degradação dos modernos sistemas de pintu- do material, divulgar e incentivar o uso da téc-
ra”, segundo Young*. A pesquisa científica é ne- nica, mais adequada para obras de conserva-
cessária para aprofundar o conhecimento sobre ção do pa-trimônio cultural, e também, pelas
essas técnicas e materiais, na sua aplicação atual, suas qualidades ambientais, resistência aos prin-
seguindo parâmetros de qualidade. cipais agentes de degradação, baixo custo e
O presente trabalho consiste na realização de disponibilidade.
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
METODOLOGIA PARA A IDENTIFICAÇÃO E AUTENTICAÇÃO DO
PATRIMÔNIO CULTURAL: O CASO DO ISTMO DE RECIFE E OLINDA
Virgínia Pontual - Sílvio Mendes Zancheti - Flaviana Lira - Magna Milfont -
Mônica Harchambois - Renata Cabral - Rosane Piccolo Loretto
Na atualidade, evidencia-se o crescente inte- mensões da identificação e da autenticação re-
resse pelo conhecimento do patrimônio cultu- querem, assim, a adoção de distintos passos
ral como um ato de rememoração de outras ex- metodológicos e técnicas de pesquisa.
periências vivenciadas, no entanto no Brasil esse Para elaborar a autenticação do patrimônio
patrimônio é comumente apresentado sem a de- cultural, a identificação deve estar concluída,
vida identificação e autenticação, seja quanto à pois é a interpretação dos dados obtidos nesta
sua dimensão material, seja quanto à imaterial. etapa que fornece informações ordenadas e sis-
A lacuna da identificação histórica é proble- tematizadas sobre bem, assim como atestam sua
mática, pois é a história que revela a cultura do autenticidade e integridade. Porém, para reduzir
lugar e os significados atribuídos no tempo. O a carga de subjetividade na atribuição de valor,
processo de autenticação por meio da atribui- é fundamental a consulta a segmentos da socie-
ção de valor ao patrimônio cultural e de dade que estejam envolvidos com o patrimônio.
certificação de sua autenticidade e integridade Parte-se do pressuposto de que as pessoas que
está também a carecer de estudos e pesquisas. cresceram e vivem em um dado lugar detêm
Como proceder a essa identificação e autentica- sobre ele um conhecimento profundo, enraiza-
ção? Como conferir valor ao patrimônio cultu- do. A interação dos diversos segmentos sociais
ral? Essas são indagações cujas respostas exis- é um modo de perceber significados cultural-
tentes não são satisfatórias, e é sobre elas que mente construídos. Tal processo terá maior legi-
incide o foco deste artigo: a proposição de um timidade quanto mais rigoroso forem os méto-
método de identificação e autenticação do dos de consulta à população adotados.
patrimônio. A discussão desses desafios conceituais e
A identificação de um bem cultural deve se doutrinários está feita tomando como referên-
focar no reconhecimento de seus conteúdos his- cia empírica o Istmo de Olinda e Recife – pe-
tóricos e formais. Os procedimentos requeridos quena lingueta de areia que no passado foi re-
nesta atividade envolvem a aplicação articulada duto de fortificações e local envolto em lendas
de distintos métodos: o histórico, a história oral e mistérios –, por possuir significativa história,
e a leitura da forma urbana. A utilização desses ser objeto de tombamento federal e de reco-
métodos deve considerar a natureza do bem e nhecimento internacional. A aplicação dos pas-
os objetivos do trabalho, podendo ser aplicados sos metodológicos foi realizada em projeto es-
no seu conjunto ou isoladamente. Por meio des- pecífico, cujos produtos foram um website e
sas informações é possível consolidar um co- um folder.
nhecimento sobre o bem quanto aos seus atri- Com base nessa experiência e em outras
butos físico-espaciais e funcionais. conduzidas pelo CECI, pode-se dizer que os pro-
Enquanto a identificação do bem está voltada cedimentos metodológicos estabelecidos dão
para o reconhecimento de suas características conta da identificação e autenticação do
materiais, a autenticação se centra em seus valo- patrimônio cultural, constituindo-se em uma im-
res, os quais tornam o objeto um exemplar de portante ferramenta para o planejamento da Con-
importância insubstituível para sociedade. As di- servação Urbana.

RECONHECER O RISCO - ESTRATÉGIA UTILIZADA


NO ARQUIVO FOTOGRÁFICO DA RÁDIO NACIONAL
Gabriela de Lima Gomes - Luiz Antônio Cruz Souza
Encontrar arquivos de fotografias ou do- ouvintes que acompanhavam seus progra-
cumentos institucionais carregado de valor mas e que torciam por seus ídolos em con-
patrimonial não é difícil na atualidade. Hoje, cursos, como “Rainhas do Rádio” ou sofri-
a todo tempo, somos expostos a informa- am pelos personagens das radionovela e
ções visuais, orais e sensoriais. seriados. Renato Murce, funcionário, afir-
Estamos cercados por diversas publicida- mou que “a Rádio Nacional foi a própria
des anunciadas em grafites, revistas, jornais, essência do rádio no Brasil por cerca de
fotografias, buzinas e sirenes, MP3, Internet, duas décadas”.
rádio e televisão digital que são reflexos de A partir da investigação do ambiente, da
um mundo globalizado, marcado pela cria- instituição e do material fotográfico preten-
ção de ideais de consumo que, por sua vez, demos encontramos evidências que nos re-
é o resultado da evolução dos meios de co- velaram os usos das provas fotográficas da
municação. Rádio Nacional.
Escolhemos como objeto de estudo o ar- Com base no conhecimento do objeto e
quivo de fotografias da Rádio Nacional do na compreensão do contexto das imagens
Rio de Janeiro, emissora reconhecida por apresentaremos neste artigo a metodologia
ter sido responsável pela transformação da de gerenciamento de risco aplicada para o
vida social dos brasileiros ao produzir mi- diagnóstico de conservação das provas fo-
tos populares, ao mudar a rotina diária dos tográficas da Rádio Nacional.
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
GERENCIAMENTO DE RISCOS PARA ACERVOS MUSEOLÓGICOS
Kleumanery de melo Barboza - Luiz Antônio Cruz Souza
O gerenciamento de riscos tem se tornado magnitude de riscos, que é obtido através da
um assunto de extrema importância nos diver- susceptibilidade da coleção aos danos, a pro-
sos meios e, é através da identificação e admi- babilidade de ocorrência em 100 anos, a ex-
nistração dos riscos potenciais que as institui- tensão dos danos e a perda do valor do objeto
ções empresariais, financeiras e de outras áre- ou coleção afetada. A ABC Scale, desenvolvi-
as tem reduzido o impacto provocado pelas da por Stefan Michalsky em 2006, é baseada
perdas de bens tangíveis e intangíveis das ins- no somatório dos valores de risco atribuídos
tituições. Na área museológica não tem sido para cada uma das etapas definidas e a deter-
diferente. Os gestores têm se preocupado cada minação do nível de prioridade para cada
vez mais com a salvaguarda dos acervos e, a objeto ou coleção se dá através de uma tabela
possibilidade de identificar os fatores de ris- de riscos pré-definida. O que se pretende atra-
cos gerenciá-los a curto, médio e longo prazo vés deste artigo é demonstrar a aplicação des-
deu origem a duas ferramentas de diagnóstico tas ferramentas em acervos pertencentes a pa-
que vem sendo utilizadas por algumas institui- íses de clima tropical, visto que cada país apre-
ções museológicas européias, a Ratio Scale e senta especificidades em seu meio ambiente
a ABC Scale. A Ratio Scale criada por Robert que são determinantes para a análise, diag-
Waller em 2003, é baseada no cálculo da nósticos dos problemas e de suas causas.

ANÁLISES DE PROBLEMAS PÓS-RESTAURAÇÃO


Markus Wilimzig
Os monumentos históricos edificados normal- Entre os anos de 2005 e 2006 foi restaurada a
mente sofrem danos ao longo do tempo de sua Antiga Igreja Matriz de Dois Irmãos e após o tér-
vida. Estes danos muitas vezes são origenado do mino da restauração apareceram manchas pretas
meio ambiente, como falta de manutenção, uso em vários pontos das suas paredes internas. A
de materiais não adequados, troca de uso entre origem destas manchas não está clara poderiam
outros. Cada caso apresenta diferentes proble- ser fungos ou eflorescências salinas. A palestra e
mas. Tudo isso precisa atenção e olhar acurado o artigo vão tratar do projeto de análise destes
no caso de uma restauração. problemas e possibilidades de resolvê-los.

O ESTUDO DA ADIÇÃO DA MUCILAGEM DE CACTOS ÀS


ARGAMASSAS NO MUNICÍPIO DE PIRATINI/RIO GRANDE DO SUL
Roberto Luiz Sawitzki
O município de Piratini possui grande impor- aos mestres locais visando determinar a espécie
tância histórica em nível estadual por ter sido a de cactos incorporada, sendo identificada como
primeira capital do Rio Grande do Sul, quando Cereus hildmaniannus. Paralelamente houve a
da sua declaração de independência do impé- coleta das amostras de argamassa, e posterior-
rio brasileiro, durante a Revolução Farroupilha, mente a análise laboratorial para a determina-
ocorrida entre os anos de 1835 e 1845. Em ra- ção do traço em volume e massa das argamas-
zão de sua importância em nível estadual possui sas históricas. Os ensaios foram realizados no
hoje o segundo maior número de construções laboratório do Núcleo de Tecnologia da Preser-
tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico vação e do Restauro (NTPR), vinculado ao Pro-
e Artístico do Estado (IPHAE) em número de quin- grama de Pós-Graduação em Arquitetura e Ur-
ze, três bens tombados pelo Instituto do banismo (PPGAU) da Universidade Federal da
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Bahia (UFBA), sob orientação do Prof. Mario
(IPHAN), além de dezenas de prédios arrolados Mendonça de Oliveira. Para os ensaios
para proteção em nível municipal. Este Laboratoriais foram elaborados corpos de pro-
patrimônio sofre, contudo, com a falta de ações va com e sem aditivo orgânico, visando à com-
mais concretas de proteção e com a ausência de paração de resultados.
pesquisas sobre suas tecnologias construtivas. Foi necessário estabelecer metodologia pró-
A existência de relatos orais sobre a utilização pria para a obtenção da mucilagem e a melhor
de cactos como aditivos nas argamassas históri- maneira de sua incorporação, quando da ela-
cas e a necessidade de preservação de seu acer- boração das argamassas para a moldagem dos
vo arquitetônico histórico motivaram esta pes- corpos de prova. Após a cura, foram realiza-
quisa. Ao estudar, através de pesquisas dos ensaios de capilaridade ascendente, resis-
laboratoriais, as argamassas históricas de cal e tência à compressão diametral, porosidade à
areia, obtendo seus traços em massa e volume e, água, envelhecimento acelerado e massa uni-
também após análise dos benefícios da adição tária. Dentre os resultados constataram-se be-
dos cactos à sua composição houve a compro- nefícios na incorporação do aditivo, tendo sido
vação dos relatos orais, possibilitando o resgate encontrados aumento da resistência mecâni-
desta tecnologia nas obras de conservação e ca (tração e compressão) e uma diminuição
restauro. Os relatos orais sobre a adição dos cac- da absorção por capilaridade e na massa uni-
tos não explicitavam nem os benefícios nem a tária, porém houve um decréscimo no enve-
maneira de sua incorporação às argamassas. Para lhecimento acelerado, situação ainda a ser
esta comprovação foi realizada entrevista junto investigada.
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
Conservação Preventiva

IDENTIFICAÇÃO, DOCUMENTAÇÃO, ARMAZENAMENTO


E GESTÃO DO ACERVO NA RESERVA TÉCNICA
DO MUSEU DE ARTE SACRA DA UFBA
Griselda Pinheiro Klüppel - Maria Hermínia Olivera Hernandez
O Museu de Arte Sacra da Universidade Fe- mazenadas. Esses dados indicaram a concep-
deral da Bahia (MAS) está instalado em Salvador, ção, formatação e definições do espaço da RT
no antigo Convento e Igreja de Santa Teresa, um e do mobiliário adequados para armazenagem
conjunto arquitetônico do século XVII, e abriga do acervo e os tipos de embalagens necessári-
uma das maiores coleções de arte sacra do Bra- as. Com base nessas fichas, foram elaboradas
sil. Desse acervo, 800 obras, de diversas as etiquetas de identificação individual das pe-
tipologias e suportes, desde esculturas de ma- ças, em dois tamanhos: um geral e outro em
deira, terracota, marfim, pinturas, objetos e jóias tamanho reduzido. Foi proposta uma marca-
em prata e outros metais, talhas e mobiliário, ção com cores nas etiquetas, considerando o
estão em reserva. Essas coleções foram armaze- suporte das peças, possibilitando a identifica-
nadas, ao longo dos anos, em espaços diversos ção prévia de sua materialidade antes da leitura
na edificação que ofereciam riscos para sua inte- da ficha, indicando o maior cuidado segundo
gridade pela presença de agentes deteriorantes seu peso ou fragilidade material.
e pela ausência de controle das condições Foram escolhidos materiais neutros para as
ambientais, associada à inexistência de padroni- etiquetas, assim como, para sua fixação nas
zação e adequação dos materiais utilizados nas peças, de modo que sua composição química
embalagens. Para sanar esses problemas foi exe- não pudesse causar nenhum dano ou sujida-
cutado o Projeto de Implantação de Reserva de futura às obras de arte. Foram definidos os
Técnica e Tratamento do Acervo Armazenado formatos das embalagens de acordo com as
do MAS, financiado pela Caixa Econômica Fe- coleções a serem armazenadas sendo elabo-
deral, no Programa de Adoção de Entidades radas caixas de diferentes tamanhos e supor-
Culturais. Este projeto consistiu na adequação tes especiais para as obras, utilizando-se ma-
de um espaço com condições ambientais e de teriais neutros como placas de polietileno ex-
armazenamento adequadas e tratamento do pandido e chapas de polionda.
acervo armazenado, assim como na definição Foi procedida a catalogação, em meio digi-
de diretrizes e gestão para garantir a conserva- tal, de todo acervo armazenado e elaborado
ção preventiva e segurança desses bens. um Manual de Gerenciamento e Uso da Reser-
Propomos apresentar os procedimentos va Técnica, contendo os roteiros de identifica-
metodológicos de levantamento, documenta- ção e uso dos arquivos digitais e instruções para
ção, identificação, e processos de embalagem identificação do mobiliário e da disposição do
e armazenamento desse acervo em reserva, e acervo em seu interior, os procedimentos para
os procedimentos para gestão e segurança do localização das peças e sua identificação nas
mesmo dentro e fora da Reserva Técnica. caixas e suportes auxiliares. Complementando
O primeiro procedimento foi o levantamen- as ações foi elaborado um Plano Integrado de
to do acervo sua identificação, e documenta- Conservação Preventiva composto de um Ro-
ção gráfica e fotográfica, com a elaboração de teiro para Prevenção a Situações de Risco e
fichas técnicas possibilitando o conhecimento Emergência; e um Programa de Conservação
e dimensionamento das coleções a serem ar- Preventiva do Edifício e Acervo.

TRATAMENTO CLIMÁTICO DA SALA DA RESERVA


TÉCNICA E DEFINIÇÕES AMBIENTAIS PARA O ACERVO
ARMAZENADO DO MUSEU DE ARTE SACRA DA UFBA
Griselda Pinheiro Klüppel - Ana Vitória Mello de Souza Gomes - David da Silva Palmeira

O Museu de Arte Sacra da Universidade Fe- empilhamento de mobiliário e de obras. Para


deral da Bahia (MAS) está instalado em Salva- sanar esses problemas foi executado o Projeto
dor, no antigo Convento e Igreja de Santa Tere- de Implantação da Reserva Técnica com o Tra-
sa, - conjunto arquitetônico do século XVII, e tamento do Acervo Armazenado financiado pela
abriga uma das maiores coleções de arte sacra Caixa Econômica Federal no Programa de Ado-
do Brasil. A armazenagem de seu acervo em ção de Entidades Culturais.
reserva ocupou, ao longo dos anos, espaços O presente trabalho apresenta a análise
diversos na edificação. Esses ambientes ofere- ambiental e o detalhamento das correções cli-
ciam riscos para as coleções pela presença de máticas e ambientais procedidas no espaço
agentes deteriorantes e ausência de controle onde foi implantada a nova Reserva Técnica,
das condições climáticas e das pragas de inse- assim como, as diretrizes para o acondiciona-
tos, associada à inexistência de padronização mento e armazenamento do acervo. A prepara-
e adequação de materiais utilizados nas emba- ção especializada da sala levou em conta o
lagens. O armazenamento procurava aperfei- controle ambiental passivo e mecânico consi-
çoar o espaço disponível, havendo inclusive o derando a edificação e as condicionantes do
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
clima quente e úmido e o baixo custo energético do seu tratamento térmico, correções para re-
para sua manutenção. Nesse sentido, foi pro- duzir a ação dos ventos e principalmente a
cedido tratamento do forro e das janelas para penetração de águas de chuvas, minimizando
reduzir os ganhos de temperatura em suas su- a influência das condições ambientais exter-
perfícies e amenizar a temperatura do ar no in- nas no interior da sala. Nesse sentido foram
terior da sala. Após análise climática combina- desenhadas e fixadas peças de madeira espe-
da da sala interior e exterior, sua localização, ciais nas duas folhas das janelas e no peitoril
desenho e entorno, foi definida a localização de pedra com declividade para permitir o es-
dos equipamentos auxiliares para controle coamento da água para fora, e uma pingadeira
ambiental: ventiladores, desumidificadores e na sua parte externa inferior.
purificadores de ar. Após sua instalação e tes- O acervo em reserva compreende 800 obras
tes foi definido um roteiro de procedimentos de diversas tipologias e suportes desde escul-
diários e sazonais, para aberturas e fechamen- turas de madeira, terracota, pedra sabão, etc.,
to de janelas combinado com acionamento pinturas, objetos e jóias em prata e outros me-
desses equipamentos auxiliares, no sentido de tais, talhas e mobiliário. Após definição e
aproveitar as condições ambientais externas dimensionamento do mobiliário necessário,
quando forem favoráveis ou bloquear sua in- foi proposta sua distribuição na sala conside-
terferência quando elas forem desfavoráveis à rando o mapeamento climático do espaço,
conservação do acervo. seus diferentes microclimas e o menor ou maior
Diante da impossibilidade de redefinição do grau de influência e fragilidade das coleções
desenho das janelas, instaladas em caixilhos considerando sua materialidade e seus
de cantaria de arenito e para não alterar o as- parâmetros para uma correta conservação pre-
pecto geral do edifício foram procedidos, além ventiva sob a ótica ambiental.

CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DO ACERVO


ARMAZENADO NA RESERVA TÉCNICA MODELO NO MUSEU DE
ARTE SACRA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
João Carlos Silveira Dannemann
O Museu de Arte Sacra da Universidade Fe- tes, com danos pouco graves ao longo do tem-
deral da Bahia (MAS) está localizado em Salva- po. Algumas obras, porém, sofreram com ata-
dor, no conjunto arquitetônico do antigo Con- ques de xilófagos, perdas de partes constituin-
vento e Igreja de Santa Teresa de Ávila em Sal- tes, desprendimentos e danos na camada pic-
vador, construído no século XVII. Abriga uma tórica. Intervenções anteriores foram também
das maiores coleções de arte sacra do Brasil, comprometedoras da leitura dos objetos, como
constituída de esculturas de madeira, terracota, repinturas e próteses inadequadas.
marfim, entre outros materiais, pinturas, obje- O Projeto de Implantação da Reserva Técni-
tos e alfaias de prata ouro e metais, paramen- ca foi financiado pela Caixa Econômica Fede-
tos litúrgicos e mobiliários. ral no Programa de Adoção de Entidades Cul-
A armazenagem de seu acervo em reserva turais e incluiu o tratamento do acervo armaze-
ocupou, ao longo dos anos, espaços diversos nado (aproximadamente 800 obras). A Reserva
na edificação. Esses ambientes ofereciam ris- Técnica foi adaptada no antigo Salão Nobre do
cos para as coleções pela presença de agentes MAS, equipada com controle ambiental passi-
deteriorantes e ausência de controle das con- vo e mecânico considerando a edificação e as
dições climáticas, associadas à inexistência de condicionantes do clima quente e úmido.
padronização e adequação de materiais utili- O tratamento do acervo armazenado partiu
zados nas embalagens. O armazenamento do mapeamento do estado de conservação do
procurava otimizar o espaço disponível, re- acervo armazenado, diagnóstico e estabeleci-
sultando, em alguns casos, no empilhamento mento de prioridades para a intervenção, as-
de mobiliário histórico e de obras de arte. sim como criteriosa seleção de materiais. Após
A qualidade superior da maioria dos exem- a sua restauração, as obras foram acondicio-
plares das coleções influenciou na resistência nadas em embalagens especiais e armazena-
e sobrevivência dos seus materiais constituin- das em mobiliário adequado para este fim.

SISTEMA DE CONTROLE CLIMÁTICO PARA A BIBLIOTECA


RUI BARBOSA: PRESERVAÇÃO DA COLEÇÃO E MELHORIA
DAS CONDIÇÕES DE CONFORTO DOS VISITANTES
Shin Maekawa - Claudia S. Rodrigues de Carvalho - Franciza Toledo - Vincent Beltran
O Museu Casa de Rui Barbosa, edificação racterísticas é a vasta coleção bibliográfica que
do século XIX, tombada pelo Instituto do abriga, composta por mais de 30.000 títulos
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, é o organizados em estantes de madeira feitas sob
primeiro museu-casa do Brasil, criado em 1930, medida para os ambientes que compõem a Bi-
com a missão de preservar a memória de Rui blioteca, e está mantida no seu local original.
Barbosa, figura proeminente no campo do di- Manter a coleção bibliográfica no seu local
reito, da literatura e da política na virada dos de origem, retratando com fidelidade o tempo
séculos XIX e XX. Uma das suas principais ca- de Rui, tem sido um grande desafio, diante das
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
modificações que ameaçam a sua preservação. suas condições de fechamento.
Localizado na Rua São Clemente, uma via de Os principais componentes do sistema são
tráfego intenso em Botafogo, a edificação está dois ventiladores: um insuflador e outro exaus-
exposta à poluição atmosférica decorrente da tor; uma unidade de condicionamento de ar
queima de combustíveis fósseis, e ainda as alte- tipo “split” com bateria de reaquecimento e uma
rações climáticas, as alterações de uso e as inter- unidade de controle programável. A maior par-
venções realizadas ao longo do tempo, aliadas te dos equipamentos foi instalada no porão do
ao processo natural de envelhecimento do teci- edifício, a exceção do exaustor que fica no en-
do histórico da edificação comprometem a pre- tre-forro, fornecendo ar fresco ou condiciona-
servação do conjunto. As condições climáticas do, baseado em ventilação e desumidificação
do Rio de Janeiro tornam o Museu Casa de Rui controlada a partir de umidostatos. O ar filtrado
Barbosa muito quente e úmido em extensos e condicionado atende aos requisitos
períodos durante o ano, o que também ambientais para preservação da coleção e ao
comprometeo nível de conforto do visitante. mesmo tempo melhora as condições de con-
A Fundação Casa de Rui Barbosa, em par- forto térmico dos visitantes através do movimen-
ceria com o Getty Conservation Institute e com to constante do ar. No entre-forro, o exaustor
o patrocínio de Vitae, Apoio à Cultura, Educa- garante a redução de acumulação de calor.
ção e Promoção Social; desenvolveu um pro- O sistema está em operação desde outubro
jeto para instalação de sistema de controle cli- de 2006, e o seu desempenho foi monitorado
mático da Biblioteca Rui Barbosa, com o obje- durante um ano, tendo alcançado os objeti-
tivo de melhorar as condições ambientais para vos das estratégias de conservação, e ainda
a preservação da coleção, assim como garan- ficou comprovado que é simples de operar e
tir condições de conforto aos visitantes, pre- de modificar e requer pouca manutenção.
servando a edificação. Além de propiciar um ambiente adequado
A partir de uma análise criteriosa do edifí- para a coleção bibliográfica de Rui Barbosa,
cio, do seu estado de conservação, do diag- minimizando condições climáticas externas e
nóstico das coleções e de analises ambientais, instabilidade dos níveis de umidade relativa e
foi projetado um sistema de controle climático temperatura, sem danificar o tecido histórico;
que restabelece características originais de con- este projeto também estabeleceu um modelo
forto térmico e proteção contra a ação da umi- sistematizado de métodos e procedimentos
dade, adaptando-se ao edifício, respeitando o para outros projetos congêneres que visem so-
seu transcurso no tempo, com intervenção mí- luções eficazes, sustentáveis e de baixo custo
nima, distinguível e reversível. O projeto vi- para museus-casas-históricas localizadas na
sou ainda limitar a infiltração de ar exterior, região tropical e subtropical. Aponta para a
úmido e poluído, através da restauração de importância da adoção de métodos sustentá-
portas e janelas, e ainda reduzir a infiltração veis para controle climático e conservação pre-
de ar nas estantes através da restauração das ventiva do patrimônio cultural no Brasil.

EMBALAGENS DE OBRAS DE ARTE – OBRAS EM TRÂNSITO


Karen Cristine Barbosa
A escolha da embalagem de uma obra de arte internamente com isopor, para criar o isolamen-
é muito importante para a segurança da mesma to térmico. A caixa interna, construída em ma-
durante seu transporte. Assim como o importan- deira um pouco mais fina, para não exagerar
te papel do courier que acompanha seu trajeto no peso final, possuía um nicho para cada es-
com cuidados específicos para cada tipo de obra. cultura e foi dividida em andar superior e inferi-
No caso das 73 esculturas de Edgar Degas, or. Cada nicho foi anatomicamente esculpido
pertencente ao acervo do Masp, foi feito um em espuma, de forma que cada escultura era
minucioso trabalho para seu transporte. Como confortavelmente encaixada sem se movimen-
o Masp possui a coleção completa dos bron- tar. A espuma pós-moldada, foi forrada com
zes de Degas, esta coleção é bastante requisita- TNT (tecido-não-tecido), de maneira que não
da para exposições em museus americanos e fosse necessário embalar as esculturas uma a
europeus. Desde que tivemos o pedido feito uma com qualquer outro tipo de material.
para quatro exposições consecutivas pelos EUA As caixas externas foram executadas de forma
e Itália, tivemos o cuidado de planejar embala- que seu tamanho coubesse perfeitamente no ele-
gens que além de proteger as obras, facilitasse vador do museu, que não é muito grande.
sua embalagem e desembalagem, já que se tra- As 12 caixas foram divididas em 2 embar-
tava de 73 esculturas. ques de acordo com o valor do seguro. Para
As esculturas, de tamanhos e formas variados cada embarque, um courier do Masp acom-
e valores de seguro também diversificado, foram panhou as obras, desde sua embalagem, saí-
divididas entre 12 caixas para facilitar o trans- da do museu, acompanhamento até o aero-
porte. Cada caixa armazenava aproximadamen- porto, paletização, acompanhamento no vôo,
te 7 obras, com exceção da “Bailarina de 14 despaletização, transporte até o museu que
anos” o “Estudo da Bailarina de 14 anos” que requisitou o empréstimo, desembalagem, con-
viajavam cada uma em uma só caixa. ferência de laudos e acompanhamento na
As embalagens foram feitas em caixas duplas montagem da exposição.
de madeira, separadas por blocos de etaphoam A importância de uma embalagem adequada-
que eram responsáveis por parte do amorteci- mente executada e a presença do courier, são
mento. A caixa de madeira externa foi revestida imprescindíveis para a segurança da obra de arte.
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
LA INTERDISCIPLINARIEDAD PARALELA Y
COMPUESTA EN LA CONSERVACIÓN PREVENTIVA
Rosemary Zenker Alzamora
Introducción de realizar la conservación del material textil a
El actual desarrollo científico tecnológico investigar y su conservación preventiva don-
demanda la integración de saberes, ya que es de se presenten problemas y daños.
casi imposible abordar y penetrar en su esencia Proporcionar a investigadores e interesados
desde la concepción meramente disciplinar. en el tema, un material de consulta sobre
Es por ello que la interdisciplinariedad ha sido textiles y el trabajo de la interdisciplinariedad.
un tema obligado en cualquier problema Metodología de la interdisciplinaridad
sociocultural o profesional que un conserva- Las disciplinas llamadas a cooperar
dor debe enfrentar. implicaron: una recopilación de datos,
La práctica interdisciplinaria que se proyecto definición del contexto teórico, definición de
en los trabajos de la conservación preventiva los significados de los conceptos utilizados en
de material textil específicamente en plumarios cada disciplina, ya que un mismo término
etnográficos y tela pintada arqueológico se puede tener significados diferentes en las dis-
planteo mediante la formación de un equipo ciplinas.
de profesionales y científicos en interacción, La interdisciplinariedad es también asumida
donde se desarrollo y se realizo el análisis del como una estrategia y transferencias de
material a estudiar y su contexto en contenidos que permitio solucionar
condiciones reales y practicas. La holísticamente los problemas que se
interdisciplinaridad ayudo a superar la presentaron en el desempeño profesional del
fragmentación del saber por la especialización conservador.
armonizando varias especializaciones para la Estructuración:
comprensión y solución de un problema. INTERDISCIPLINARIEDAD
Las condiciones de interdisciplinaridad - Se establece una interacción entre dos ó
Se respetó todas las disciplinas que hayan más disciplinas
sido seleccionadas para llevar a cabo una - Intercomunicación y enriquecimiento re-
investigación profunda dentro de la cíproco.
conservación preventiva del material textil - Transformación metodológica de
etnográfico y arqueológico; se requirió un investigación e intercambios mutuos.
esfuerzo especial para comprender y comuni- Niveles planteados:
car las racionalidades específicas de cada dis- Interdisciplinariedad paralela:
ciplina. La interdisciplinaridad nos permitió se da cuando diversas disciplinas del saber
apreciar adecuadamente la complejidad y por sin articularse y carentes de relación pensada
ende se adopto una perspectiva sistémica que se yuxtaponen.
nos lleva a una síntesis del problema. Interdisciplinariedad compuesta:
Fines y objetivos viene a ser la colaboración restringida que
Producir conocimiento sobre el tema no resta en nada la acción plena de cada dis-
señalado a partir del trabajo de revisión, estudio ciplina, cada una aporta cuantitativamente lo
y análisis del material textil etnográfico y ar- que de ella se exige, sin pretensiones de
queológico y su conservación preventiva. liderazgo exclusivista por parte de ninguna y
Elaborar un plan de acción con el objetivo sin ambiciones.

Educação Patrimonial

POR UMA ARTICULAÇÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA NO


TRIÂNGULO MINEIRO: O CASO DE UBERABA (MG)
Adriana Capretz Borges da Silva Manhas -
Adriano Luís de Souza – Max Paulo Giacheto Manhas
Na região do Triângulo Mineiro (MG), nota- quisa dos Estados), resultando em trabalhos de
se a falta de articulação entre as pesquisas his- alta qualidade, mas que acabam não saindo do
tóricas realizadas dentro das universidades âmbito teórico. Pouco se aproveita para a
(principalmente particulares), sobretudo na área efetivação de trabalhos de preservação do
do patrimônio arquitetônico e o trabalho de patrimônio construído, que necessita de ações
preservação. A cidade de Uberaba conta com em caráter emergencial, visto que é rápida a
um órgão municipal atuante na área de preser- perda das edificações devido ao precário esta-
vação, que é o CONPHAU (Conselho do do de conservação. No estudo de caso apre-
Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba), sentado, é feita uma proposta de trabalho a
responsável por inventariar e realizar os tom- partir de realizações em andamento na Univer-
bamentos em nível municipal, mas que não se sidade de Uberaba (UNIUBE-MG), nos moldes
articula com a Universidade. Por outro lado, das regiões do País com tradição em educação
anualmente, um número significativo de pes- patrimonial, que mantém as equipes de traba-
quisas é financiado por instituições de fomento lho em “oficinas-escolas”. A parceria é propos-
(CNPQ, CAPES e Fundações de Amparo à Pes- ta entre : 1. Universidade: que sediará o projeto
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
de pesquisa, contando com financiamentos de balho, e já vem contando com apoio da Funda-
materiais ou bolsas de Pesquisa e Iniciação Ci- ção de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas
entífica por parte de órgãos de fomento, bem Gerais para o levantamento de toda a produ-
como disponibilizando estagiários e espaço fí- ção arquitetônica da cidade: dimensões, dese-
sico para os canteiros de obras de restaurações; nho técnico, fotografia e histórico. A Fundação
2. Instituição sem fins lucrativos (por exemplo, Educacional Uberabense, mantenedora da
uma OSCIP - Organizações da Sociedade Civil UNIUBE, seria a responsável pela captação de
de Interesse Público), que possa gerir projetos recursos para a obra, do projeto à execução. O
de restauração ou captar recursos para sua rea- trabalho teria início com a restauração de um
lização a partir da utilização da Lei Rouanet, edifício eclético na cidade que é de proprieda-
bem como contratar os profissionais de da Fundação, conhecido como “casarão da
especializados para a execução das obras. A Rua Lauro Borges”. As obras absorveriam esta-
cidade possui um significativo acervo de edifí- giários que desejam atuar em restauro de bens
cios do período do Ecletismo, Art Déco, móveis, sob coordenação do restaurador e tam-
Neocolonial e Modernismo, resultantes do pe- bém autor deste projeto, a partir de suas experi-
ríodo de apogeu da economia zebuína entre as ências profissionais na área e que, informalmen-
décadas de 1920-1960. A articulação se daria te, produziu bons resultados realizados por
a partir da vinculação do projeto de pesquisa estagiários voluntários sob sua responsabilida-
“Quadro da Arquitetura de Uberaba – da ori- de. Esta proposta de trabalho concretizaria sua
gem aos dias atuais”, que vem sendo realizado missão de “educação e responsabilidade soci-
pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da al”, que é também a de todas as instituições de
UNIUBE sob coordenação da autora deste tra- ensino do País.

PATRIMÔNIO CULTURAL, EDUCAÇÃO PATRIMONIAL


E RESPONSABILIDADE SOCIAL: O NÚCLEO DE
ESTUDOS DO PATRIMÔNIO E MEMÓRIA DA UFSM
André Luis R. Soares
O Núcleo de Estudos do Patrimônio e Me- As ações provenientes da mudança de per-
mória - NEP é um projeto institucional da cepção do que é patrimônio cultural e a apli-
Pró-Reitoria de Extensão da Universidade cação dos novos conceitos sobre cultura (que
Federal de Santa Maria – UFSM, em funcio- não distinguem erudito e popular em impor-
namento desde 1997. Idealizado como um tância) tem levado o NEP observar, coletar e
núcleo de educação patrimonial vinculado pesquisar as distintas matrizes históricas e so-
ao Centro de Educação da Universidade, atu- ciais a fim de executar planos de valorização
almente desenvolve projetos de valorização adequados as diferentes realidades.
cultural, gestão do patrimônio, resgate e pre- Neste aspecto, ações que envolvem o
servação da memória e educação patrimônio devem ter como pressuposto não
patrimonial. somente o envolvimento da comunidade, mas
No primeiro momento o NEP considerava a qual o retorno de curto médio e longo prazo
Educação Patrimonial uma metodologia de são atingíveis dentro do quadro mais amplo
valorização ou conscientização do patrimônio, de ação social.
ou um processo de alfabetização cultural (Hor- Por hora adotamos uma escala no qual as
ta et. all, 1989). Atualmente compreende-se atividades possam ser divididas em níveis,
que existem diversas metodologias e distintos como micro, semi-micro e macro. As ações
lócus de aplicação para a compreensão do de nível micro estão associadas ao curto pra-
que realmente deve ser considerado zo, como visitas guiadas durante escavações
patrimônio, por quem e para qual propósito. arqueológicas, por exemplo, no qual o NEP
Em nossa compreensão, há um aspecto ide- seja parceiro. Também atividades como pa-
ológico que envolve a proteção e a conserva- lestras, exibição de filmes comentados, bem
ção do patrimônio de uma sociedade. O cui- como mostras acadêmicas e exposições
dado com estes bens está mais voltado a uma museológicas.
exploração econômica, na qual a preserva- Ações de nível semi-micro estão associadas
ção atende a indústria do comércio e do tu- a médio prazo, como projetos de seis meses
rismo, uma vez que os bens patrimoniais au- a um ano de duração. Assim enquadram-se
mentam as arrecadações sob forma de im- os projetos de extensão, geralmente de 8 a
postos e ampliam as rendas locais. É por isso, 12 meses, que atingem parcelas maiores da
talvez, que estes recursos são considerados população e geralmente são construídas em
“recursos culturais, termo de conotação eco- parcerias com escolas, objetivando a inser-
nômica e designativo de algo que pode ser ção da temática do patrimônio cultural no
usado com proveito por quem assim o deno- currículo escolar.
mina.” (Arruda,1996:138). Diversos projetos são desenvolvidos den-
Observamos que a questão do patrimônio tro de uma linha de pesquisa ou Programa. O
ainda encontra-se ligada à percepção de he- NEP desenvolve dois programas, nas cida-
rança econômica ou cultura formal, reprodu- des de Itaara e General Câmara, Rio Grande
zindo o senso comum ainda apregoado des- do Sul. Compreendem projetos de média-lon-
de a constituição de 1937, que considerava o ga duração, com ações mais elaboradas em
patrimônio como manifestações do grandio- que abordamos as temáticas do patrimônio e
so, do erudito, do extraordinário. gestão cultural. 45
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL OU UMA QUESTÃO DE CIDADANIA?
Laura Di Biasi
O presente trabalho tem como objetivo es- cultural” servisse para simular a devolução da
tabelecer uma breve síntese de algumas práti- identidade aos cidadãos, já excluídos social e
cas de educação patrimonial, promovidas por economicamente.
instituições diversas e pela sociedade, como A conscientização dos valores próprios é o
forma de alavancar o trabalho educacional vol- caminho viável para evitar a homogeneização
tado para o conhecimento, a conscientização, dos saberes e o esmagamento da cultura de
a difusão e a valorização do patrimônio cultu- uma determinada sociedade, causados, pri-
ral, visando o fortalecimento da identidade de mordialmente, pela absorção indiscriminada
uma comunidade e o exercício da cidadania. de elementos exógenos, propiciado pela
Baseou-se na análise de textos sobre o as- globalização acelerada.
sunto, cartas e documento nacionais e inter- O cidadão deve estar consciente e engajado
nacionais relacionados ao tema e as experiên- nas decisões políticas para ter a liberdade e o
cias sobre a temática, desenvolvidas no âmbi- direito de escolher seus caminhos. Não permitir
to dos órgãos nacional e municipal – Rio de que sua história, seus símbolos, tradições, sabe-
Janeiro, de tutela do patrimônio cultural. res e enfim o registro de sua trajetória sejam usa-
Estamos em uma época onde tudo é passí- dos de maneira irresponsável ou apagados.
vel de adquirir um valor simbólico. Nesta “Era Neste contexto, faz-se o seguinte
Cultural” a cultura se expandiu por todas as questionamento: educação patrimonial ou
dimensões da vida social, como se a ‘inclusão uma questão de cidadania?

Ética e Responsabilidade Social

ÉTICA DA CONSERVAÇÃO E O PATRIMÔNIO AERONÁUTICO


OS PROCESSOS DE RESTAURAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE
AERONAVES NO MUSEU AEROESPACIAL
Felipe Koeller Rodrigues Vieira - Marcus Granato
O trabalho visa estudar os processos de res- tes. A equipe de restauração é composta por
tauração e de conservação de aeronaves reali- ex-mecânicos de aeronaves da Força Aérea
zados pelas respectivas equipes, no Museu Brasileira que foram recontratados. A conser-
Aeroespacial (MUSAL). O objetivo é identifi- vação é realizada nas aeronaves que já se en-
car, na práxis e no discurso dos componentes contram em exposição no museu. A equipe é
das equipes, quais são as concepções de constituída por funcionários responsáveis pela
patrimônio, restauração e conservação limpeza externa e interna das aeronaves.
adotados pelos mesmos em seus trabalhos, Verificou-se uma tendência da equipe de
bem como observar a influência dos princípi- restauração trabalhar no sentido de restabe-
os e métodos utilizados pela manutenção ae- lecer as condições originais das aeronaves,
ronáutica naquelas concepções. adotando uma filosofia que se aproxima da
A escassez de bibliografia sobre o assunto e concepção adotada por Violet-le-Duc para o
a necessidade de adequação das práticas utili- trato dos monumentos arquitetônicos. Porém,
zadas no trato do patrimônio aeronáutico aos tal tendência surge nos funcionários devido
preceitos éticos da conservação adotados pela à transposição da filosofia e da prática da ma-
comunidade científica são os principais nutenção aeronáutica realizada em aerona-
motivadores de realização desse estudo. ves operacionais para a restauração das ae-
A coleta de dados para o estudo foi realizada ronaves musealizadas. O objetivo dessa ma-
através de observação de campo e entrevistas nutenção é reduzir os efeitos da passagem
abertas com os trabalhadores das equipes já do tempo mantendo o objeto em conformi-
mencionadas, bem como com a museóloga que dade com padrões de projeto estabelecidos
chefia os dois setores do MUSAL. através de inspeções, substituições de peça e
O trabalho se inicia com uma discussão do reparos. Nesta atividade a funcionalidade pres-
que seria o patrimônio aeronáutico e, em se- cinde a originalidade.
guida, uma análise dos conceitos de conser- A sistemática de trabalho observada na res-
vação e restauração segundo Violet-le-Duc, tauração inclui fases como desmontagem,
Ruskin, Boito e Brandi. Segue-se uma breve desentelagem e reentelagem das aeronaves.
revisão bibliográfica sobre a conservação do Tal processo visa o tratamento anticorrosivo
patrimônio industrial e a discussão sobre a da estrutura, o reparo dos seus componentes
manutenção do estado de funcionamento de e, em alguns casos, a reestruturação do objeto
máquinas musealizadas. a uma configuração escolhida. A pintura e o
A análise dos resultados mostra que, no revestimento podem ser removidos com per-
MUSAL, a restauração é realizada sobre as ae- das de material original. Marcas resultantes da
ronaves em processo de incorporação ao acer- utilização passada das aeronaves e da passa-
vo, consistindo, na maioria das vezes, em gran- gem do tempo são removidas durante este pro-
des trabalhos de reconstrução de aviões cesso. Percebe-se, portanto, que a compreen-
semidestroçados pelo abandono e/ou aciden- são do patrimônio é diferenciada daquela re-
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
lacionada à área de estudos patrimoniais e que ceitos e metodologias da conservação de ob-
existe a necessidade de treinamento das equi- jetos culturais, de forma a trazer um menor
pes para uma melhor compreensão dos con- dano aos objetos musealizados.

ARTE NA OBRA: UMA EXPERIÊNCIA DE


RESPONSABILIDADE SOCIAL EM OBRA DE RESTAURO
Filomena da Mata Viana Longo - Myrian Leal Maia
Os problemas sociais e econômicos, sários para execução do restauro, foram
advindos de diversos fatores ligados à construídos de maneira que permita a entrada
contemporaneidade, são aspectos que se tor- das pessoas e a visualização das restaurações
nam cada vez mais complexos, fazendo-se ne- parietais. Durante o percurso da visitação são
cessário a introdução de novas posturas. O posicionados, quatro painéis internos, para
restauro do patrimônio arquitetônico, pode que todos tenham a oportunidade de conhe-
também contribuir para que as ações não se cer parte de sua história, seu processo de res-
restrinjam apenas ao bem material imóvel, po- tauro e sua importância. Paralelamente a es-
dendo também possibilitar a introdução de ati- sas ações, estão sendo realizados cursos e ofi-
vidades de inclusão da sociedade em todo o cinas com várias temáticas: mediadores cultu-
processo. A execução de uma obra de restau- rais, visando atendimento de jovens e adoles-
ro, tem a tendência de retirar o edifício do con- centes que estão inseridos no Programa “Bol-
vívio da sociedade, promovendo, de certa for- sa Escola”; curso de qualificação de mão-de-
ma, a exclusão da sociedade em todas as eta- obra, para a capacitação de profissionais que
pas. No caso da restauração de um edifício já tenham vínculo com a construção civil; cur-
que tem um grande valor para a sociedade, so de conservação e manutenção de prédios
este processo passa a fazer com que surja uma históricos, para atender os usuários de prédi-
ansiedade natural, provocando sempre espe- os históricos; oficinas para professores, com
culações. Este artigo visa apresentar o projeto objetivo de viabilizar a visitação das escolas
Arte na Obra, que vem acontecendo de forma da rede pública. Todas essas ações, em con-
integrada ao processo de restauro da Catedral junto, objetivam aproximar a comunidade ao
Metropolitana de Belém - Pará. Paralisada por patrimônio arquitetônico, além de agregar a
oito meses, a restauração, que vinha apresen- preocupação com a geração de emprego e
tando características tradicionais, é retomada renda. Sendo assim, o processo de restauro se
em 2006. Para quebrar o paradigma e envol- torna um caminho para a socialização do co-
ver a sociedade em todo o processo, o projeto nhecimento do patrimônio e da ampliação das
“Arte na Obra” foi implantado em 2007. Des- possibilidades da geração de emprego e ren-
sa forma, algumas ações foram idealizadas: da. Dessa forma, além de permitir a participa-
execução de um mural expositivo, visitas ori- ção da sociedade no processo de restauração,
entadas, oficinas e cursos. O mural expositivo pode-se propiciar o entendimento do valor do
foi construído, substituindo o antigo tapume patrimônio arquitetônico e das ações empre-
da obra. Além disso, tem se buscado adequar endidas para sua preservação, viabilizando a
às condições de execução de obra, para per- transformação da sociedade, tornando-a mais
mitir o acesso ao seu espaço interno, fazendo participativa e consciente da importância da
com que a sociedade tenha a oportunidade restauração, preservação, conservação e ma-
de acompanhar o que está sendo realizado nutenção do patrimônio arquitetônico, garan-
em seu interior. Para isso, os andaimes neces- tindo a sustentabilidade de todo o processo.

NOVA ARQUITETURA E PRÉ-EXISTÊNCIAS:


A CONTRIBUIÇÃO CONTEMPORÂNEA AO PATRIMÔNIO DA CIDADE
Natália Miranda Vieira - Maria de Betânia Uchoa Cavalcanti-Brendle
Este artigo discute a questão das intervenções Maria del Fiore, que Brunelleschi no século
urbanas e arquitetônicas no ambiente construído XV (1417-34) insere no centro de Florença es-
de interesse histórico da cidade contemporânea. tabelecendo um contraste grandioso e autên-
Busca-se a construção de um referencial projetual tico entre a estrutura medieval da cidade e o
para a inserção de novas arquiteturas no tecido vocabulário renascentista. Desde a Carta de
urbano preexistente tomando como referenciais Atenas (1933) o emprego de estilos do passa-
as recomendações internacionais de preserva- do é considerado como a negação da história,
ção, as teorias de conservação e restauro e a não correspondendo às necessidades de mo-
avaliação crítica de exemplos da convivência dernização da cidade. O Artigo 70 adverte:
dialética do novo e do antigo. “O emprego de estilos do passado, sob pre-
A paisagem urbana da cidade contemporâ- textos estéticos, nas construções novas
nea é historicamente o resultado de erigidas nas zonas históricas, tem
superposições morfológicas e tipológicas que consequências nefastas”.
ao longo do tempo refletem as técnicas, Aos postulados estabelecidos pela Carta de
tecnologias e modos de viver de cada época, Atenas que reconhecem o valor histórico do
ou seja, o espírito do tempo. Isto está bem re- patrimônio edificado, acrescente-se a contribui-
presentado no exemplo referencial e ção de Césare Brandi em sua Teoria da Restaura-
paradigmático da cúpula da Igreja de Santa ção onde o autor defende um processo crítico de
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
análise que leva em conta a “dupla polaridade” tecnologias atuais. Partindo desta premissa, ob-
da obra de arte, ou seja, seu valor histórico e seu jetiva-se ainda a análise de alguns exemplos de
valor estético. Assim, Brandi argumenta que “as intervenções urbanas e arquitetônicas, no Bra-
instâncias histórica e estética devem fixar o limite sil e no exterior, observando os efeitos destas
do que pode ser reestabelecido (...) sem que se no ambiente construído pré-existente para que
cometa um falso histórico ou se perpetue uma se possa identificar diretrizes gerais que orien-
ofensa estética”. É importante destacar, entretan- tam a inserção de novas arquiteturas no ambi-
to, que a teoria brandiana está voltada para o res- ente construído pré-existente da cidade con-
tauro da obra de arte. Faz-se necessário uma refle- temporânea. A abordagem de análise toma
xão teórica no sentido de apreender desta as con- como pressuposto os conceitos de autenticida-
tribuições pertinentes para o campo das interven- de e integridade do ambiente construído da ci-
ções em áreas históricas a exemplo da crítica rea- dade contemporânea. Ressalta-se ainda que esta
lizada pelo autor na reconstrução do Campaná- abordagem é produto parcial de pesquisa atu-
rio de Veneza. almente em elaboração pelos autores e não
A construção da cidade exige o respeito pelo pretende esgotar neste artigo a complexidade
antigo aliado à “coragem” de ser contemporâ- do tema. Pretende-se sim, provocar discussões
neo, de projetar e construir responsavelmente que inspirem posturas e reflexões éticas no tra-
de acordo com a linguagem, estética, valores e tamento do patrimônio construído da cidade
as possibilidades estruturais dos materiais e contemporânea.

OS ÓRGÃOS ESTADUAIS DE PRESERVAÇÃO E A CONSTITUIÇÃO


DAS IDENTIDADES REGIONAIS ATRAVÉS DOS TOMBAMENTOS
Nivaldo Vieira de Andrade Junior
Somente na segunda metade da década de 1930 A partir da criação do DPHA-GB, surgiram nos
foi implantada no Brasil, de forma efetiva, uma po- principais estados brasileiros órgãos como a Fun-
lítica pública voltada à preservação do patrimônio dação do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia,
cultural, com a criação do SPHAN, em 1937, não em 1967; o Conselho de Defesa do Patrimônio
obstante as diversas tentativas anteriores. Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do
Embora desde então os principais responsáveis Estado de São Paulo, em 1968; o Instituto Estadu-
pela definição das políticas institucionais no SPHAN al do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas
tenham incessantemente defendido que as instân- Gerais, em 1971; a Fundação do Patrimônio His-
cias regionais e locais seriam muito mais eficazes tórico e Artístico de Pernambuco e o Instituto do
nas ações de preservação do patrimônio histórico Patrimônio Histórico e Artístico Estadual do Rio
e artístico brasileiro, somente a partir de meados da Grande do Sul, em 1973.
década de 1960, com o surgimento dos primeiros Desde então, e principalmente a partir da dé-
órgãos estaduais voltados à preservação do cada de 1980, os tombamentos de edifícios
patrimônio cultural, o SPHAN deixará de ser o úni- ecléticos, neocoloniais, art déco e art nouveau,
co órgão público no Brasil dedicado à identifica- assim como da arquitetura do ferro e industrial,
ção e preservação do patrimônio cultural. antes rejeitados pelo SPHAN, se tornaram
O primeiro órgão estadual de patrimônio cul- gradativamente mais comuns, nas diversas regi-
tural a surgir no Brasil foi a Divisão de Patrimônio ões do país e nas três esferas de governo. Parti-
Histórico e Artístico do Estado da Guanabara cularmente naqueles estados de ocupação mais
(DPHA-GB), criada em 31 de dezembro de 1964. recente que não são, portanto, possuidores de
A atuação do DPHA-GB e do Instituto Estadual um acervo de edifícios coloniais significativos,
do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro como Rio Grande do Sul e São Paulo, o tomba-
(INEPAC) – seu sucessor após a fusão, em 1974, mento de exemplares da arquitetura dos sécu-
dos Estados do Rio de Janeiro e Guanabara – na los XIX e XX pelos órgãos estaduais de preserva-
proteção de exemplares das arquiteturas que, ção tem sido bastante significativo.
até então, vinham sendo renegadas pelo SPHAN, Entendendo o tombamento não somente
foi fundamental para a preservação de impor- como um instrumento legal destinado a garantir
tantes edifícios ecléticos, neocoloniais e art a integridade de um determinado bem, mas tam-
nouveau em todo o Estado. O primeiro tomba- bém como um reconhecimento oficial dos seus
mento realizado pelo DPHA-GB já é represen- valores culturais, este trabalho pretender anali-
tativo das futuras ações do órgão: em 15 de sar a constituição das identidades regionais bra-
julho de 1965, foi tombado o Parque Henrique sileiras nas últimas quatro décadas, através da
Lage, incluindo um palacete eclético construído análise do acervo de bens tombados pelos prin-
em 1927, se constituindo no primeiro bem cul- cipais órgãos estaduais de preservação do
tural tombado em nível estadual no Brasil. patrimônio cultural neste período.

MAROUFLAGES DO PAÇO MUNICIPAL DE CURITIBA: UMA


REFLEXÃO SOBRE A RE-RESTAURAÇÃO NO CONTEXTO DA TEORIA
CONTEMPORÂNEA DA CONSERVAÇÃO
Renata Domit - Angela Zampier
No âmbito atual da conservação-restauração conservação, enunciada por diversos autores,
muitos conceitos da teoria clássica já foram ques- já obteve algumas respostas para as inúmeras
tionados. A crescente teoria contemporânea da incertezas que o mundo moderno apresentou.
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
Questões como a reversibilidade e a busca da engenharia, responsável pela reciclagem do imó-
verdade através de métodos objetivos foram exa- vel, quanto do arquiteto responsável pela obra e
minadas e são hoje tratados como mitos da teo- das restauradoras responsáveis pela parte da
ria clássica. A questão da re-restauração também conservação das telas. Logo de início, ficou acor-
tem rendido muitos estudos e debates, desde os dado entre todos que, apesar dos empecilhos
anos 1980, por meio de estudiosos da conser- causados pelo local de trabalho, todos iriam
vação. E é nesse contexto da re-restauração e da empenhar-se em uma só direção: uma interven-
teoria contemporânea da conservação que a ção criteriosa e abalizada pela ética da restaura-
restauração das marouflages do Paço Munici- ção. Ao longo do processo diversas questões se
pal de Curitiba - edifício de 1916 e tombado apresentaram e exigiram sucessivamente um
pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional - debate a respeito dos argumentos e justificativas
se enquadra mais precisamente. Um desafio para a tomada de decisão, ressaltando que, por
múltiplo que envolveu telas atribuídas a João mais que buscássemos propor um método e um
Ghelfi pintadas a óleo e coladas sobre estuque raciocínio objetivo, a restauração é um procedi-
que foram tratadas sem que necessitasse a sua mento subjetivo. Muitos foram os improvisos re-
remoção do local, ou seja, não foram descola- alizados para permitir o tratamento, mas estes
das do teto e permaneceram dentro de um edifí- jamais causaram um desvio do rumo tomado
cio que sofria simultaneamente obras de restau- inicialmente. Assim, foi se realizando um traba-
ração. Telas que exprimem um grupo coerente lho sério que, por fim, obteve sucesso em todas
e que deveriam ser tratadas como conjunto, as etapas do processo. A proposta de tratamento
mesmo contendo cada uma a sua peculiarida- seguiu as importantes premissas como: a
de, seja na qualidade da sua técnica construtiva, retratabilidade, a legibilidade, a legitimidade, e
seja no estado de conservação que apresenta- diversos outros preceitos clássicos e contempo-
vam. Além disso, assim como o edifício todo, râneos que dialogaram todo o tempo. Desse
estas também foram objeto de intervenções an- modo, é de grande valia expor como este modo
teriores, e, assim, estampavam muitos acrésci- de trabalho não convencional, ou seja, fora do
mos além do original. Este complexo desafio só atelier pôde, mesmo assim, transpor seus con-
foi possível de transpor através da cooperação tratempos sem deixar de lado o critério e a ética
multidisciplinar que abrangeu desde a firma de da conservação.

A DOCUMENTAÇÃO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO:


ÉTICA E RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL
Valéria de Mendonça
A documentação preservada no arquivo da Pi- O campo de atividades que nos envolvem
nacoteca do Estado de São Paulo é um pequeno como profissionais é bastante amplo e vem sendo
retrato da história da conservação e restauro exercida tanto em coleções particulares ou empre-
paulista. Apesar de ser uma instituição centenária sariais, museus públicos ou privados, e atingem
somente em 2003 o Núcleo de Conservação e um número enorme de obras que tem seus dados
Restauro implantou, com o apoio da Vitae, um de conservação e restauro com as metodologias
projeto para preservação e organização da docu- aplicadas e materiais empregados perdidos ou
mentação referente aos trabalhos e intervenções comprometidos.
realizadas nas obras de seu acervo. Há alguns poucos anos atrás ainda justificá-
O objetivo dessa apresentação será apontar os vamos os relatórios ou apresentações públicas
critérios que introduzimos para a sua implantação, com fotos insuficientes e mal tiradas à falta de
como recuperamos as antigas e poucas informa- verba ou equipamentos inadequados, mas nessa
ções existentes e como estamos garantindo sua era digital isso não mais se justifica. Essa negligên-
continuidade como arquivo documental. Aborda- cia também poderia ser atribuída a não regula-
remos ao seu decorrer algumas reflexões que en- mentação da profissão, mas sabemos que até
volvem o nosso compromisso ético como profissi- cursos com mínima duração incluem a Carta de
onais atuantes no patrimônio artístico brasileiro. Veneza ou a Carta de Restauro no seu “progra-
Os relatórios com documentação fotográfica e ma” básico. Acredito que o problema está em
descrição dos procedimentos adotados durante atitudes individuais, algumas até institucionais e
um processo de conservação e restauro fazem que isso, felizmente, ainda pode ser revisto ao
parte do Código de Ética do profissional que atua reforçarmos o conceito da prática com maior res-
em qualquer bem cultural móvel ou imóvel. Eles ponsabilidade.
têm como objetivo reunir com precisão, dados e Cabe aos novos cursos de formação, cuja ofer-
imagens, permitindo aos restauradores acompa- ta deve aumentar nos próximos anos, sensibilizar
nhar a evolução material da obra além de consti- e orientar os novos profissionais que estão ingres-
tuir uma importante fonte de pesquisa para diver- sando na área, como também as associações de
sos especialistas. classe reforçar junto aos seus associados uma maior
Ao iniciarmos nossa formação aprendemos es- seriedade no cumprimento desse artigo do nosso
ses conceitos e nos comprometemos a aplicá-los código de ética.
durante o exercício da profissão, mas no decorrer A Pinacoteca de São Paulo exerce a política
desses anos posso afirmar que existe uma lacuna de reconhecer a importância dos trabalhos de
entre esse conhecimento e a prática profissional. seus colegas, ao compartilhar e dividir seus re-
Muitos dos conservadores restauradores que atu- sultados, para que juntos possamos garantir a
am em bens culturais se esquecem ou negligenci- preservação futura do conjunto de nossos bens
am esses critérios éticos. culturais.
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
MEMÓRIA E DIREITOS AUTORAIS NA DANÇA: A NOTAÇÃO DO
MOVIMENTO NA PRESERVAÇÃO DA INFORMAÇÃO COREOGRÁFICA
Ana Lígia Trindade
Pensar a dança como patrimônio cultural é Ambas as áreas possuem legislação específica
entendê-la passível de registro, inventário, tom- sobre o assunto. Os direitos sobre a obra se
bamento, e necessitando de todas as salva- iniciam no momento da sua criação. Entretan-
guardas para ser preservada. E quando parti- to, o registro é a forma mais segura de estabe-
mos desta idéia nos deparamos imediatamen- lecer a data de criação, sua autoria e
te com um desafio paradoxal que ronda todos titularidade, oferecendo uma garantia de pro-
os bens imateriais e particularmente a dança, va em caso de violação. O caso Graham ilus-
já que sabemos dos limites impostos pela tra como o direito autoral é importante para
especificidade desta linguagem que apesar de proteger coreógrafos na transmissão dos seus
ter o corpo, tão palpável, como matéria-prima, trabalhos coreográficos. Copyright e dança
tem o movimento, tão efêmero e fugaz, como pode ser ainda muito mais confuso. O caso
idioma. O Direito Autoral protege a expressão Graham serve como um forte lembrete para a
de ideias nos trabalhos publicados e não pu- comunidade da dança de como é importante
blicados nas áreas da literatura, teatro, música registrar suas obras coreográficas para evitar
e coreografias de dança, filmes, fotografias, pin- os custos de uma batalha jurídica. Devido à
turas, esculturas e outros trabalhos visuais de natureza efêmera, exclusiva da coreografia, é
arte como programas de computador essencial captar a dança em um determinado
(softwares), reservando para seus autores o di- formulário de notação para registro de direitos
reito exclusivo de reproduzir seus trabalhos. autorais.

UTILIZAÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA RECICLÁVEL EMPREGADA


NA CONFECÇÃO DE MOLDES NO RESTAURO DE PRÉDIOS
TOMBADOS PELO PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Marcelo Cerceau Guimarães
Matérias-primas, que não podem ser total- cessária a adição de mais silicone bi-compo-
mente recicladas acarretam um problema gra- nente para consolidação dos fragmentos au-
ve quando descartadas. mentando ainda mais a quantidade do produ-
Portanto minha proposta é a substituição to que será descartado. O produto é
de uma matéria-prima por outra semelhante, comercializado em embalagens de um quilo e
porém reciclável. No emprego da confecção o tempo de secagem é de várias horas.
de moldes no restauro com o objetivo de pre- Ao passo que o molde confeccionado com
servar o meio ambiente além de proporcionar a cola de silicone em bastão pode ser derreti-
uma redução considerável de custos e de tem- do e aplicado a peça a ser moldada incorpo-
po. Refiro-me aos silicones que são polímeros, rando todos os detalhes em uma fina camada
inorgânicos formados por um núcleo de silí- maleável, com secagem rápida, poucos minu-
cio e... (...-Si-O-Si-O-Si-O-...)... pela variação no tos, podendo ser totalmente reciclada ao ser
tamanho dessa cadeia, pode se manipular as derretida novamente por inúmeras vezes.
características do material que podem variar Para conclusão do molde em cola de silicone
desde uma consistência totalmente sólida, até é necessária a confecção de um contra molde a
um líquido viscoso. base de gesso para uma melhor fixação ao ser
A proposta é de simples elaboração, porém preenchido. Apesar do gesso não ser reciclado
surte resultado importantíssimo refiro-me a subs- para outros moldes ele pode ser reciclado por
tituição do silicone bi-componente (encontrado se tratar de um produto biodegradável.
no mercado na forma liquida) por cola de silicone Já o molde de silicone bi-componente utiliza
em bastões (encontrados no mercado na forma o próprio silicone bi-componente na estrutura
sólida) que são derretidos ao serem emprega- do contra molde necessitando para tanto de
dos na confecção de moldes no restauro. uma quantidade de produto muito maior. Acar-
O molde de silicone bi-componente é mui- retando um custo superior e consequentemente
to utilizado e poderia ser parcialmente uma maior quantidade do produto além do
reaproveitado se fragmentado em pequenos que se descartado na natureza levaria um tem-
pedaços e incorporado em um novo molde, po indeterminado para sua decomposição a
mas esta solução não é satisfatória por ser ne- exemplo dos pneus e dos plásticos.

E A MEMÓRIA URBANA?
ALGUNS ASPECTOS DO PROCESSO DE PROTEÇÃO
DO BAIRRO CARIOCA DO LEBLON
Cláudio Antonio Santos Lima Carlos
A partir de 1979, face ao quadro urbanístico sou a representar uma concreta alternativa às co-
da cidade, caracterizado por sucessivas e radi- munidades de bairros da cidade, principalmente
cais operações de renovação urbana de partes aqueles situados na sua Área Central. O Projeto
expressivas de seu sítio, a proteção urbana pas- Corredor Cultural (1979) e a proteção dos bairros
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
de Santa Teresa (1984), Saúde, Gamboa, Santo mento de controle de uso e ocupação do solo, ten-
Cristo e parte do Centro/Sagas (1985-1988), ocor- do em vista às consequências da sua aplicação e a
ridos através de mobilização comunitária falta de uma política urbana clara, decorrente de um
alavancaram essa tendência que, gradativamente, debate aberto à população carioca. Cabe destacar
alcançou todas as regiões da cidade. que a equivocada interpretação do instrumento,
Em virtude desse processo, a partir de 1988, a juntamente com o boicote imposto pela prefeitura
legislação carioca passou a contar com o primeiro ao Plano Diretor que, até hoje, nunca foi revisto,
instrumento urbanístico específico, voltado à prote- caracterizaram as gestões municipais, a partir de
ção de áreas urbanas, denominado Área de Prote- 1993. O quadro contribui efetivamente para a trans-
ção Ambiental (Apa), consagrado no Plano Diretor formação do instrumento de proteção da memória
da Cidade (1992) sob a denominação de Área de urbana carioca em instrumento, única e exclusiva-
Proteção do Ambiente Cultural (Apac), aplicável em mente, de planejamento urbano, cada vez mais dis-
áreas urbanas com relevância cultural. tante da sua função principal.
É importante observar que devido aos efeitos ur- Em função disso, todas as Apacs estabelecidas
banísticos imediatos causados pela sua aplicação, a na cidade, no período 2001-2006, foram criadas a
Apac passou a ser considerada por associações de partir de decretos municipais, incidindo principal-
moradores, como espécie de antídoto contra os pro- mente sobre os bairros da zona sul da cidade, área
cessos de degradação e as consequências da espe- conflagrada e valorizada em termos imobiliários.
culação urbana que impõem a perda de qualidade O contexto formado é caracterizado pelo
de vida das comunidades. distanciamento entre a teoria e a prática, a
O instrumento de proteção urbana passou tam- idealização e a realidade, observada a partir de
bém a ser apontado pela indústria da construção todo o processo que originou o instrumento Apac
civil como responsável pelo “engessamento” e a e a sua atual aplicação.
degradação da cidade, ameaçando o setor com a A pesquisa realizada na Apac-Leblon (2001) re-
diminuição de suas atividades e a consequente velou dados estarrecedores acerca dos efeitos da
estagnação do mercado imobiliário. O quadro proteção urbana imposta ao sítio da cidade sem
contribui para a formação de jogo político que um devido debate e monitoramento de seus resul-
alimenta os meios de comunicação e transformam tados. O quadro aponta para uma urgente revisão
as Apacs em manchetes diárias nos jornais cario- da atual política urbana e de conservação do
cas, alcançando também os tribunais. patrimônio cultural em vigor, face às graves
Ultimamente, o Poder Executivo Municipal pas- consequências urbanísticas, administrativas, soci-
sou também a ver nas Apacs um poderoso instru- ais e econômicas impostas à cidade.

RODOVIÁRIA DE PORTO ALEGRE


E SEU ENTORNO COMO PATRIMÔNIO
Cármen Nunes - Marilei Piana - Roberto Bechstedt - Rossanna Prado
Em Porto Alegre – capital rio-grandense – a os, “pertencer” a um patrimônio urbano rico
Rua Voluntários da Pátria, aberta em 1806 com pode modificar tudo: criam-se vínculos de iden-
a denominação inicial de Caminho Novo, ain- tidade com a cidade, pela intensidade do uso.
da mantém o traçado original demarcado, quan- O comércio popular de atacado e varejo,
do serpenteava as margens do Lago Guaíba. disperso pelo eixo da Voluntários da Pátria
Frequentada à época por lavadeiras e barquei- rumo ao Mercado Público e a profusão de
ros, devido a suas características litorâneas, vem, terminais de transporte público metropolita-
no entanto, perdendo gradativamente em qua- nos e intermunicipais, crescentes conforme a
lidade de vida e valores paisagísticos. Modifi- evolução da cidade, conferiram legitimidade
cações estruturais vieram com a Viação Férrea, ao presente estudo, afinal, não bastasse o seu
que esteve ali de 1874 até 1986, definindo potencial como paisagem cultural, há o urgen-
espacialidades e funções populares encontra- te resgate do direito à cidadania de um sem
das até hoje. Em 1971, a construção do Muro par de usuários.
da Mauá protagonizou a definitiva separação Ao analisar a área – com a convicção de
da população e seu rio. que conhecer o passado é imprescindível para
Após sucessivas alterações antrópicas, ater- a valorização de nossa cidade -, identificamos
ros e aberturas de eixos viários, a área foi-se um espaço popular por excelência, com pro-
configurando como uma das Portas da cida- fusão de trânsitos, comércios e atividades.
de, característica que ainda se mantém, ape- Configura-se um espaço marcado tanto pela
sar da degradação urbana ali encontrada. presença de importantes ícones imagéticos
Por ser a Estação Rodoviária Central de Por- (casas em fita da Voluntários da Pátria, Ed. Ely
to Alegre um grande polo atrator, função her- e antiga Mesbla) quanto por intervenções de
dada da Estação Ferroviária em seu caráter de volumetrias de concepção apressada (Igreja
embarque e desembarque de cargas e viajan- Universal do Reino de Deus).
tes de classes com menor poder aquisitivo, Certos de que a área, antes de carecer de
entende-se que todo esforço pela reversão des- higienização, precisa, sim, ser revisitada para
se quadro seja de extrema valia para o resgate ser admirada; conscientes de que é imprescin-
identitário da cidade como um todo. Trazen- dível refletir acerca das perdas (caso da estação
do que a responsabilidade social sobre um férrea Castelinho); pretende-se, aqui, fazer um
patrimônio urbano cabe ao Poder Público e à convite à apreciação de uma gama variada de
Municipalidade mas, também, a seus usuári- propostas para um futuro pautado pelo respei-
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
to à vocação de um lugar, numa territorialidade ambiental, inclusão social e turismo cultural.
singular como a das cercanias da Rodoviária Dessa forma, elaboramos um estudo com
de Porto Alegre. Acreditamos que a visão o objetivo de restituir ao local a posição de
patrimonialista é capaz de dar respostas para pólo de referência de Entrada da Cidade, res-
revitalização da área, otimizando as heranças gatando seus valores identitários e respeitan-
materiais e imateriais, e apresentar propostas do a pluralidade social ali encontrada, sob o
no âmbito da recuperação arquitetônico- prisma do Patrimônio Cultural Urbano.

Reconhecimento e Formação Profissional

LA ENSEÑANZA DE LA DISCIPLINA DEL ARQUITECTO


RESTAURADOR: ETHOS, ÉTICA
POLÍTICA Y RESPONSABILIDAD CIUDADANA
Juan Eduardo De Orellana Rojas
A los países en vías de desarrollo, la deber cívico-político del cogobierno.
postmodernidad y la globalización (económica, Los universitarios son, en cualquier parte del
pero sobre todo comunicativa) han generado mundo, una elite privilegiada que tiene una
cambios en las estructuras de la cultura (en formación superior a la del resto. En lo que
algunos casos, en las infraestructuras) pero no respecta a los postgraduados, ellos son lo mejor
ha sucedido lo mismo en las superestructuras de lo mejor, y en ese campo están los especia-
ideológicas, en casi ninguna disciplina. La polí- listas en Restauración y Conservación del
tica, entre otras. Países que hemos estado Patrimonio Cultural. La finalidad de la
acostumbrados a ser gobernados por un coro- universidad es generar personas que sean la
nel dictador o por un conjunto de “coroneles”, consciencia de la sociedad y ello fue así desde
muchas veces con instrucción básica, a la edad media, el lugar donde los problemas de
espaldas de la opinión pública, en busca de la Urbs, se discutiesen sin ataduras.
sus propios intereses. Ello, ideológicamente, en En el Perú recientemente se han dictado leyes
las clases dominantes no ha cambiado, pero de promoción de la inversión turística, en zo-
hay una peligrosa efervescencia de nas monumentales, desde el Gobierno Central.
participación en el pueblo llano. El mayor pro- Éstas han generado fuertes protestas, sin senti-
blema es que esos grupos de poder nunca se do aparente, sobre todo en Cusco. Las leyes se
preocuparon por educar, ni medianamente, a dictaron de manera absolutamente legal pero
los grupos de menor nivel de decisión. No sin transparencia. Similarmente sucede con un
obstante estos grupos, sin preparación reclaman Decreto de Alcaldía de Lima.
su derecho a participar en las decisiones; más La pregunta que responderá la presente
en aquellas que los afectan. ponencia es ¿qué han hecho las asociaciones
Lo aprendido en estos años de profesionales de Arquitectos y de Restaurado-
postmodernidad y globalización es que el res en esta discusión? ¿Cuál debería ser el pa-
desarrollo es un tren de varios carriles. La frase pel de estas instituciones, universidades
“han perdido el tren de la historia” es obsoleta. incluidas, en este proceso de generación de
Descubrimos que el desarrollo no es unilineal, leyes? ¿Cuál es, el Ethos del universitario res-
que hay muchas formas válidas de hacer las taurador, y su compromiso ético y político, en
cosas y la medición de los años que demoraría estas discusiones? ¿Cómo desarrollar el papel
desarrollar se estima, no en términos compara- de “Consciencias de la sociedad”, asesores de
tivos con los países desarrollados, sino en el los políticos y del pueblo, para evitar violencia
cálculo efectuado para generar un cierto nivel innecesaria? ¿Cuál sería la teleología del restau-
de riqueza y lograr su distribución justa, rador, en estos casos y otros? ¿Cómo educar a
llegando al desarrollo social y al desarrollo la sociedad en la necesidad de rescatar, con-
personal. Logradas ambas finalidades, es más servar y restaurar el patrimonio cultural, tangible
fácil y fluida la participación ciudadana en su e intangible y qué se logra con ello?

CONSERVAÇÃO E HISTÓRIA:
A CONTRIBUIÇÃO DO CONSERVADOR-RESTAURADOR DE PAPEL
PARA A PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA NACIONAL
Maria Luiza Ramos Soares e Márcia Valéria de Souza
A preservação de bens culturais de um país informacionais de relevante valor para a Preser-
deve ser preocupação constante de todos aque- vação e a História da Conservação nacional.
les que desejam salvaguardar este patrimônio. Estas informações/registros somados a parte ins-
Preservar e defender esses bens culturais, é crita na memória individual dos que lá estive-
portanto, dever não só das entidades governa- ram ou estão, compõem a historiografia deste
mentais como de cada um de nós brasileiros. Laboratório, desde sua gênese, urgindo
O Laboratório de Conservação-Restauração da transformá-las em produção científica. Parale-
Fundação Casa de Rui Barbosa vem produzin- lamente, aumenta cada vez mais a
do desde sua implantação (1978-1979), dados conscientização da necessidade de preservar a
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
nossa cultura, aumentando também o merca- patrimônio. Mas afinal quem são estes profissi-
do de trabalho para os conservadores-restaura- onais? De onde vieram? Que percurso trilha-
dores de bens culturais. Há, porém, um ram? Como e em que atuam hoje? Qual sua
descompasso no campo educacional nesta contribuição para a área? Com o objetivo de
área. Ultimamente, a formação profissional do responder a estas questões, (nossa pesquisa se
conservador-restaurador de bens culturais vem propõe) propomos historiar os profissionais
sendo discutida em várias instâncias, por ór- conservadores-restauradores de documentos
gãos relacionados à preservação do patrimônio gráficos e obras de arte sobre papel nos últimos
no país, e muitos são os problemas levantados trinta anos, delimitando-nos inicialmente aos
em relação à qualificação desses profissionais. estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Apre-
Tais questionamentos vêm revelando a neces- sentando ao final da pesquisa o perfil destes
sidade de se sistematizar a História da Conser- profissionais, bem como, a contribuição desta
vação no Brasil, pontuando seus diferentes as- amostra para a história, formação e reconheci-
pectos. Ética, responsabilidade social, forma- mento do trabalhador da conservação-restau-
ção e reconhecimento profissional são temas ração, reiterando, sua importância na salvaguar-
que incendeiam as discussões atuais sobre a da dos bens do patrimônio histórico, artístico e
conservação-restauração de bens culturais do cultural do País/nacional.

Segurança e Políticas Institucionais

A SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO COMO UMA ABORDAGEM DE


CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO EDIFICADO
João Carlos Souza - Fabíola Bristot Serpa Gouveia
A segurança contra incêndio como uma mite a inter-relação entre as questões relativas
abordagem de conservação preventiva do à preservação histórica e os aspectos da segu-
patrimônio histórico edificado permite garan- rança contra incêndio, pois segue a premissa
tir a sua longevidade por meio de interven- de que todas as estratégias de proteção contra
ções conscientes e manutenção adequada ali- incêndio devem ser desenvolvidas como um
ado ao conhecimento dos riscos de incêndio sistema integrado de segurança, verificando a
e formas de proteção, e visa não somente a sua utilização, suas características e sua im-
preservação do patrimônio em si, mas a conti- portância para a sociedade.
nuidade de diversas práticas sociais culturais No contexto da segurança contra incêndio
e econômicas para as gerações futuras. como abordagem de conservação preventiva, o
No Brasil, as regulamentações vigentes refe- método da análise do risco global de incêndio
rentes à segurança contra incêndio acabam por aparece como um instrumento que possibilita
se aplicar às edificações novas, muitas vezes verificar a ocorrência deste evento em edifícios
sendo inadequadas à garantia da proteção de históricos brasileiros através de simulações con-
edificações que abrigam o patrimônio históri- siderando diversos cenários de incêndio. A partir
co, artístico ou cultural, devido à especificidade deste, é possível a determinação do conjunto de
de suas características. Neste contexto, a pro- medidas ativas e passivas eficazes na redução do
blemática consiste em encontrar soluções que risco de incêndio a um máximo aceitável.
atendam o nível de proteção adequado com o Este artigo apresentará um exemplo de apli-
menor impacto possível sobre o edifício. cação do sistema de projeto baseado em de-
A incidência de incêndios em edifícios his- sempenho em edifícios históricos como uma
tóricos pode ser explicada, em parte, por sua forma de aliar a obtenção de níveis adequados
característica construtiva, implantação, idade de segurança à garantia da integridade e de seu
(manutenção), ocupação e adaptações de ins- caráter histórico. A análise global do risco de
talações; que potencializam o risco de incên- incêndio é aplicada como uma ferramenta do
dio, e podem vir a dificultar ou impedir a referido sistema, com a finalidade de estabele-
extinção das chamas antes do colapso estru- cer níveis mínimos de proteção juntamente com
tural da edificação. diretrizes para intervenções, visando a salva-
A abordagem baseada em desempenho per- guarda do bem cultural para gerações futuras.

PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS EM


EDIFÍCIOS HISTÓRICOS: A IMPORTÂNCIA DO PROJETO
João Carlos Souza - Fabíola Bristot Serpa Gouveia
O fogo foi e continua sendo um elemento pos em tempos, age com sua natureza destrui-
essencial ao desenvolvimento tecnológico. dora, consumindo em poucas horas patrimô-
Pode-se afirmar que a civilização deu seus pri- nios em cuja construção e crescimento foi in-
meiros passos em direção a conquistas vestido vários anos, muito esforço e vultosos
tecnológicas a partir do momento que domi- recursos econômicos, deixando a coletivida-
nou o fogo. Controlado, o fogo se tornou uma de privada dos serviços e bens produzidos
ferramenta poderosa e passou a ser utilizado pelo estabelecimento atingido.
em todas as atividades da vida humana. Hoje A segurança das pessoas jamais pode ser
o fogo faz parte do cotidiano, porém, de tem- negligenciada, mas, evidentemente, a implan-
53
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
tação de sistemas que garantam a proteção dendo, frequentemente, representar o sucesso
contra incêndios em qualquer empreendimen- ou o fracasso de um empreendimento.
to representa um custo adicional ao orçamen- O conceito de reabilitação é definido como
to total da obra, porém deve-se levar em consi- o conjunto de procedimentos destinado a pos-
deração que o dano direto causado pelo fogo sibilitar novos usos a um dado edifício, dife-
pode atingir não somente o edifício, mas tam- rente para o qual foi concebido. Tendo em
bém os equipamentos, os arquivos e outros vista que a incidência de incêndios em edifíci-
conteúdos existentes em seu interior. Além dis- os históricos pode ser explicada, em parte, por
to, há que se considerarem também os danos sua característica construtiva, implantação,
indiretos dos incêndios, entre os quais podem idade (manutenção), ocupação e adaptações
ser mencionados a perda de um patrimônio de instalações, pode-se afirmar que todas as
histórico, interrupção do trabalho, o custo de decisões inerentes à prevenção de incêndios
reorganização da atividade, custo do tratamen- são de responsabilidade do arquiteto que de-
to de pessoas queimadas, etc., que muitas ve- senvolve o projeto de reabilitação.
zes representam perdas bem mais elevadas do O objetivo deste trabalho é descrever as prin-
que aquelas provocadas pelos danos diretos. cipais medidas de segurança que devem ser
A elaboração de um adequado projeto de previstas nos projetos de reabilitação de edifí-
prevenção contra incêndios, que atenda às cios históricos, assim como os sistemas cons-
normas de segurança e seja relativamente eco- trutivos que devem ser implantados para que
nômico é, por isso, de suma importância e deve a estrutura resista a um incêndio ou que evi-
ser executado por pessoal especializado, po- tem a propagação do fogo.

POLÍTICA DE PRESERVAÇÃO E ACESSO:


CONSIDERAÇÕES E RESULTADOS DE PROJETO DESENVOLVIDO
NO MUSEU DE ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS
Fabiano Cataldo de Azevedo - Lucia Alves da Silva Lino - Ozana Hannesch
O presente trabalho pretende apresentar e vindas de cada um desses eixos segundo as
discutir o resultado final de um estudo sobre as discussões estabelecidas pelas equipes da Bi-
coleções especiais da Biblioteca do Museu de blioteca e Laboratório de Conservação e Res-
Astronomia e Ciências Afins (MAST) com obje- tauração de Papel. Ampliaremos ainda as con-
tivo de gerar subsídios para elaboração de uma siderações acerca da necessidade da integração
Política de Preservação. Dando continuidade entre essas equipes para a elaboração do texto
às ponderações e avaliações previamente apre- final da Política de Preservação e Acesso do
sentadas no XII Congresso da Abracor em 2006. MAST.
Após o trabalho de identificação de obras que O trabalho pretende também destacar a im-
se enquadram no parâmetro de “coleção espe- portância – sem relativizar as dificuldades ine-
cial, passou-se para o estudo das suas caracte- rentes – do planejamento e estudo dessa natu-
rísticas intrínsecas e extrínsecas. A partir daí uti- reza em bibliotecas. E ainda chamar a atenção
lizou-se metodologias sugeridas por Sherelyn para os instrumentos que já existem na litera-
Ogden para definição de valor da coleção e a tura e para necessidade da ampliação do
identificação do estado de conservação e risco corpus teórico-metodológico para preservação
do acervo. Apresentaremos as conclusões pro- de acervos bibliográficos

TRATAMENTOS QUÍMICOS APLICADOS À BIODETERIORAÇÃO DE


ACERVOS DOCUMENTAIS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Thais Helena de Almeida Slaibi - Silvana Bojanoski

No processo de amadurecimento do reco- de deterioração vários procedimentos, incluin-


nhecimento profissional do conservador-restau- do produtos químicos tóxicos, foram utilizados
rador considera-se necessário aprofundar dis- ao longo do tempo. Nos últimos anos, porém,
cussões sobre sua atuação e responsabilidade pesquisas indicam que o uso indiscriminado
na sociedade em um sentido mais amplo. desses produtos tem eficácia limitada porque
Diante dos novos rumos que a sociedade pode propiciar e resistência e tolerância dos agen-
está tomando, as questões de biosegurança e, tes biológicos aos inseticidas e pesticidas, envol-
especialmente, a responsabilidade de cada um ve riscos de contaminação dos seres humanos,
para melhorar a qualidade de vida dos seres animais e meio ambiente e pode ocasionar alte-
humanos, são pontos a serem pensados. Nes- rações físico-químicas que aceleram os proces-
se contexto cabe analisar o impacto de ações sos de degradação dos materiais. Diante disso,
voltadas para a preservação de bens culturais desde os anos 90, os profissionais da área da
que possam resultar em problemas de saúde conservação vêm aperfeiçoando e utilizando
pública e danos ambientais. outras técnicas de controle e desinfestação, tais
Para os profissionais da conservação-restau- como o controle integrado de pragas, congela-
ração que atuam em países de clima tropical- mento e uso de gases inertes, dando um novo
úmido, um dos grandes desafios a ser enfrenta- enfoque no tratamento de acervos
do é o dano causado em acervos culturais por O objetivo deste trabalho é, a partir de um
agentes biológicos como fungos e insetos levantamento bibliográfico, verificar quais os
bibliófagos. Para enfrentar este importante fator produtos químicos foram indicados para tra-
54
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
tar a biodeterioração de acervos documentais gico algumas instituições da cidade do Rio de
e bibliográficos a partir dos anos 70, identifi- Janeiro estão utilizando atualmente. Pretende-
cando-se o grau de toxidade e problemas de- se, desta forma, analisar as condutas técnicas,
correntes do seu uso. Paralelamente busca-se éticas e políticas que permeiam as tomadas de
averiguar quais tratamentos de controle bioló- decisão em relação ao controle de pragas.

REFLEXIONES SOBRE LA ACTIVIDAD DE LOS MICROORGANISMOS


EN LAS INSTITUCIONES QUE ATESORAN BIENES CULTURALES
Milagros Vaillant
La conservación del patrimonio cultural es Por las razones antes expuestas y debido a la
un problema de repercusión mundial, en el que aparición de afectaciones específicas en los
inciden una amplia gama de factores, entre los trabajadores en el Archivo Nacional de Cuba,
cuales, los agentes biológicos juegan un im- en 1993 se inició esta investigación, la que
portante papel. estuvo encaminada al estudio de los
Dentro de esta problemática, las cuestiones microorganismos que habitan en el ambiente
relacionadas con el biodeterioro y su control de dicha institución, así como de sus actividades
constituyen aspectos transcendentes los cuales biodeteriorantes y de sus potencialidades
requieren ser mucho más investigados y divul- patogénicas.
gados, especialmente en los países de climas Se demostró la existencia de una gran
tropical, subtropical y mediterráneo. diversidad de géneros fúngicos contaminantes
De entre los agentes biológicos responsables ambientales de nuestras instituciones, los que
de estos procesos deben ser considerados un constituyen su microflora aérea, entre las cuales
amplio espectro de macro y microorganismos, destacan especies saprofíticas, celulolíticas y
entre los cuales, los hongos juegan un papel potencialmente patógenas para el hombre.
protagónico. Ellos no solo causan daños a las Se constató que los niveles de afectaciones
obras, libros y manuscritos, sino que su pre- situacionales entre los trabajadores del Archivo
sencia en el ambiente de los archivos, biblio- Nacional de Cuba estuvieron próximas al 44
tecas y museos, constituye un riesgo de %, especialmente, en aquellas áreas de trabajo
infección para las personas que están en donde se tiene mayor contacto con los docu-
contacto con los objetos de valor cultural y mentos.
materiales contaminados, lo que está Al mismo tiempo, se comentan algunos re-
directamente relacionado con sus sultados obtenidos con el plan de medidas
potencialidades patogénicas. profilácticas y preventivas adoptadas.

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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
Pôsteres
Arquitetura e Bens Integrados

PRAÇA BATISTA CAMPOS: UMA ANÁLISE DA


IMPORTÂNCIA HISTÓRICA DE SEUS ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS
Aline Neves Gomes - Daniel Calebe Silva Rosário
A Praça Batista Campos fica localizada na diversas gerações, povos e culturas. E por ser
cidade de Belém, capital do Pará, sendo limita- um público tão diversificado, cada frequentador
da pela Avenida Serzedêlo Corrêa, a Travessa possui uma opinião sobre os elementos
Padre Eutiquio e as ruas Tamoios e Mundurucus, arquitetônicos da Praça.
no Bairro Batista Campos. No local da Praça, em Sendo assim, foi proposto analisar a importân-
1874, existia apenas um matagal, chamado de cia de seus elementos arquitetônicos, verificar a
“Largo da Salvaterra”, sob propriedade da Câ- opinião que os frequentadores da praça possuem
mara Municipal passou a chamar-se “Praça sobre a mesma e perceber quais os problemas
Sergipe”. O Intendente de Belém, Antonio Le- encontrados por estes frequentadores na praça.
mos, em 1897, mudou o nome da praça com o Para tanto, foi feito um levantamento biblio-
intuito de homenagear o Cônego Batista Gon- gráfico sobre a história da praça, cônego Batis-
çalves Campos, sendo assim, a “Praça Sergipe” ta Campos e do intendente Antônio Lemos e
passou a se chamar “Praça Batista Campos” e uma pesquisa de campo que consistiu em en-
em 1901 quando Lemos decide redesenhar, re- trevistas feitas com os frequentadores da Praça
construir e urbanizar o terreno. Batista Campos. Por meio da análise desse ma-
No estilo “belle époque”, com ajardinamento terial, pode-se compreender a importância de
obedecendo ao plano de jardins sem grades, cada elemento arquitetônico para a harmonia
modelo este que a intendência de Belém foi pio- da praça e a importância da praça para a histó-
neira no Brasil, e possuindo quatorze entradas, ria do Estado do Pará. Pode-se perceber que
sendo a principal localizada na Rua São Mateus apesar do carinho que cada frequentador pos-
(atual Padre Eutíquio), a Praça Batista Campos sui pela praça, no que tange a preservação da
na época de sua inauguração já era considera- mesma existe um grande descaso por parte do
da uma das mais belas praças do Brasil. poder público e da população.
A presente pesquisa buscou demonstrar a im- A Praça Batista Campos ao longo dos anos
portância dos elementos arquitetônicos da Pra- sofreu mudanças em sua estrutura física, sendo
ça Batista Campos na história do Estado do Pará umas bem aceitas e outras, como as mais re-
e para a sociedade paraense. A Praça possui centes, sendo mal aceitas pela opinião pública.
elementos arquitetônicos de diversos estilos, Faz-se necessário uma revitalização do espaço
plantas ornamentais, córregos, pontes, bancos, na Praça Batista Campos, aliado a isto uma ma-
caramanchões, pavilhão acústico e coretos de nutenção mais rigorosa que propicie aos
ferro formam um conjunto harmônico que ex- frequentadores um local agradável de estar. A
pressa um pouco da história do povo paraense. Praça Batista Campos é um patrimônio público
A Praça é frequentada diariamente por turis- que tem sofrido com a depredação. Sendo as-
tas de todo o mundo, estudantes, casais de na- sim é importante ressaltar que ao preservamos
morados, mães, babás, crianças, vendedores a Praça estamos preservando e deixando um
alternativos e muito mais, ou seja, pessoas de legado para as próximas gerações.

UM ESTUDO DE CASO:
A RESTAURAÇÃO DA IGREJA DO BOM JESUS DA COLUNA
Cláudia Regina Nunes

A Igreja do Bom Jesus da Coluna datada de dou-a, devolvendo a sua estabilidade estrutural.
1705 está localizada na Ilha do Fundão em área Em 2006, com aprovação de um Projeto
protegida pelo Exército Brasileiro. Em 2004 a Pronac iniciou-se a restauração da Igreja com
Fundação Cultural do Exército, realizou um pro- verbas do BNDES, bem como a restauração da
jeto para a restauração da mesma que estava imaginária da Igreja. Foi firmado um convênio
fechada há vários anos, em péssimo estado de entre a Funceb, a Escola de Belas Artes e o IPHAN,
conservação. e um curso de formação de auxiliares de restaura-
Esta Igreja em estilo colonial espanhol, possui ção foi elaborado, e desenvolvido em conjunto
oito imagens as quais foram recolhidas e guar- com a restauração das Imagens, no qual 26 alu-
dadas pelo Exército no Forte de Copacabana há nos formaram-se.O trabalho descorrerá sobre a
13 anos. Todas as imagens estavam em péssimo participação do IPHAN como órgão orientador e
estado de conservação, mas uma delas, a do fiscalizador da restauração deste Bem Tombado
Bom Jesus da Coluna estava em trinta pedaços, e e de seus Bens Integrados, os vários profissionais
durante dois anos o Prof. Ivan Coelho consoli- envolvidos e sua devolução à comunidade.
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
A PRESERVAÇÃO RESGATANDO A HISTÓRIA:
O CASO DA SEDE DA ASSOCIAÇÃO ITALIANA DE SANTA MARIA
Helvio José Mello Junior
A sede da Associação Italiana de Santa Ma- nas” atuais. Teria sido essa modificação da fa-
ria (AISM), com sua fachada principal em esti- chada somente para se fazer uma “atualização
lo “Art Deco”, despertava poucas atenções à estilística” ou haveria aí uma forma velada de
sua preservação. A edificação parecia despro- repressão aos “inimigos da quinta coluna”?
vida de qualidades que a fariam ser enquadra- Em 1996 o governo do Estado devolve o imó-
da como patrimônio. Porém a grande maioria vel à Associação Italiana de Santa Maria. Novas
das pessoas (inclusive seus próprios associa- modificações internas são feitas para adapta-
dos) desconhecia a história deste prédio e de ção às novas funções. A AISM hoje é uma en-
sua representatividade para a comunidade de tidade dinâmica que promove inúmeros even-
descendência italiana da cidade. tos e atividades na sua sede. Porém, nos últi-
Inaugurado em 1914 para ser a sede da Società mos anos, ao mesmo tempo em que cresciam
Italiana di Mutuo Soccorso di Santa Maria, cum- estas atividades e o número de frequentadores,
priu suas finalidades até 1942, quando passou a sentia-se uma necessidade urgente de inter-
pertencer ao Estado. O Brasil de Getúlio Vargas, venção nas instalações por conta do notável
além das políticas nacionalistas, estava em guerra estado de deterioração de alguns elementos
contra os países do Eixo (Alemanha, Itália e Ja- (inclusive riscos de desabamento, principal-
pão). Houve a proibição do funcionamento de mente os entre-pisos e a cobertura) e de
entidades que mantivessem relações com a cul- melhorias nos espaços em vista de uma me-
tura, a economia, a política, etc. destes países. lhor qualidade de uso.
Perseguições e violências contra os representan- Em 2006 dificuldades financeiras fizeram a
tes destas etnias foram rotineiras. direção da AISM procurar uma fonte de renda
Ao serem proibidas as associações “estran- permanente o que levou a entidade a alugar um
geiras”, não houve alternativa à diretoria da espaço no térreo para um estabelecimento co-
Società Italiana senão encerrar as atividades da mercial. Este fato resultou numa modificação na
entidade e entregar o imóvel que lhe servia de estrutura deste pavimento. Decidiu-se então a
sede ao Governo do Estado do Rio Grande do realização de uma reforma geral abrangendo os
Sul, numa controvertida “doação voluntária”, outros dois, visando a readaptação e moderni-
feita sob pressão de forças policiais (antes, em zação das instalações. Tal obra, concluída em
1938, o salão de festas foi a primeira sede da 2007, dotou o prédio de melhores condições
Biblioteca Pública de Santa Maria). Foram feitas de funcionalidade e infra-estrutura. Tão impor-
reformas que modificaram radicalmente a iden- tante quanto esta intervenção, foi a notável re-
tidade do prédio e o adaptaram para a instala- percussão e o consequente despertar entre os
ção do Centro de Saúde (que lá funcionou por associados e a comunidade em geral do valor
50 anos). A fachada principal perde sua caracte- histórico-social do prédio, como testemunha e
rística original eclética e toma as feições “moder- protagonista de uma época.

MUSEU DE ARTE SACRA DE BELÉM: IMPACTOS DO PROJETO


Filomena da Mata Viana Longo - Myrian Leal Maia
A maioria dos monumentos históricos no gar a função de museu, pois a preservação
Brasil para serem preservados, na deve ser concebida não só para o monumen-
contemporaneidade, passa por processos de to, mas também para o acervo das coleções
restauração, reabilitação e readaptações para que ele abrigará. Assim sendo, este artigo tem
abrigar um novo uso. Elaborar e conceber um por objetivo apresentar o resultado de uma
projeto de intervenção restaurativa para esses pesquisa realizada, que teve como foco prin-
monumentos é tarefa árdua, pois se deve con- cipal o estudo das alterações e ou modifica-
ceber um projeto que formate os antigos espa- ções causadas no âmbito da matéria do edifí-
ços para dar-lhes um novo uso, salvaguardan- cio, ou seja, os impactos positivos e negati-
do, no entanto, seu caráter arquitetônico e sua vos, provocados pela implantação do projeto
condição histórica, dos prováveis excessos de de restauro ocorrido em 1998 na Igreja de
generalidade e autoafirmação por parte do ar- Santo Alexandre e no antigo Palácio Episco-
quiteto. Isso suscita controvérsias de nível téc- pal de Belém - Pará, que passaram a abrigar o
nico, documental, social e econômico, tornan- Museu de Arte Sacra do Pará (MAS), sediado
do o projeto, algumas vezes, inviável. Muitos na cidade de Belém. Os impactos foram iden-
monumentos, logo após a implantação do pro- tificados a partir da elaboração do diagnóstico
jeto de restauro, apresentam alterações ou de conservação, tendo como universo princi-
modificações no seu aspecto físico da maté- pal o estudo do edifício. A pesquisa apresenta
ria, produzindo impactos positivos e/ou nega- algumas considerações que tem como objeti-
tivos para a preservação do mesmo. Todo esse vo minimizar ou potencializar esses impactos,
processo de elaboração do projeto de restau- bem como fornecer dados para a elaboração
ro torna-se ainda mais complexo, no momen- de novos projetos de restauro de monumen-
to em que o monumento é utilizado para abri- tos destinados ao uso de museus.

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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
UMIDADE EM PAREDES: DIAGNÓSTICO DE ARGAMASSAS DE
REVESTIMENTO AFETADAS POR EFLORESCÊNCIAS
Paulo Roberto Cabana Guterres
O presente trabalho visa a diagnosticar a metodologia: análise visual e documental dos
patologia de argamassas de revestimento, em revestimentos; ensaios “in situ” e laboratoriais,
construções antigas, afetadas por sais solúveis. com coleta de materiais. O trabalho faz parte
A região em estudo é a zona central da cidade de um projeto que tem por finalidade o desen-
de Pelotas, por possuir maior concentração volvimento de argamassas de recuperação,
de prédios históricos, início do século XIX até com o uso de materiais de construção utiliza-
metade do século XX. Utilizou-se a seguinte dos na região.

COMPLEJO FORTIFICADO DEL PACIFICO SUR. VALDIVIA


Susana Mariela Munõz v Le Breton
Hasta el siglo XIX el conjunto abaluartado de consideración a la época conocida “del
la bahía de Corral estaba compuesto por tres dominio de los mares”.
Castillos, cuatro fuertes, siete baterías y un vigía. Entre las falencias del método constructivo y
Su valor geográfico-político fue asegurar el su conservación está el uso de mortero de bar-
dominio español sobre el estrecho de ro con piedra laja que da cuenta de un sistema
Magallanes y el dominio del Pacifico sur; en de edificación rápido y poco eficiente, el uso
estrategia social y económica mantener de revoco de cal para el sellado y enlucido se-
alejados de las costas cualquier tipo de ria fuertemente afectado con los ocho meses
transferencia de mercancía, opinión y de agua lluvia, las que lavarían sistemáticamente
conocimiento externos a la Corona de España. durante este periodo el mortero, perdiendo la
Administrado, directamente y hasta el siglo piedra su elemento sustentante y de
XVIII, por el Virreinato del Perú concebía un amortiguación. Este método de construcción
diseño de ataque coordinado y sistemático, se contradice con las políticas de conservación
aprovechando el diseño topográfico de la actuales, que determina la preservación de las
bahía. Por otra parte su geografía contribuyo a estructuras en su estado original.
que se conformara como un puerto seguro Los muros piezas o estructuras que
para el calado, abastecimiento y reparación permanecen en el Castillo, han estado sometidas
de embarcaciones. Todas las construcciones a diversos movimientos telúricos y se ven
hispanas y muy al estilo de la península, fueron afectadas año a año por las grandes ventiscas
edificadas en una sucesiva superposición de que asolan la bahía, el terremoto y maremoto
materiales con distintas técnicas constructivas. de Valdivia hasta ahora el más grande registra-
La materia usada para las edificaciones es el do en la sismología mundial -9,5 en la escala
recurso lítico de la zona y se compone funda- de Richter- deterioro fuertemente la estructura
mentalmente de una micácea y una arenisca de las fortificaciones, perdiéndose algunas de
semi-compacta. La elección del recurso natu- ellas irremediablemente por el subsiguiente
ral, su factura y la elaboración de otros, como hundimiento de los bordes costeros.
el ladrillo, esta directamente asociado a los Otro aspecto a evaluar es la intervención siste-
orígenes de los forjadores y a normativas mática de los sitios, sí este se reconocía como un
dictadas por las escuelas de ingenieros reales, método habitual de factura este se conservó hasta
ya que la zona es de tradición maderera. fines del siglo XIX y esporádicamente en el siglo
El sistema constructivo, la materialidad, for- XX con la ocupación de las fortificaciones por
mas de deterioro, intervenciones y justificación parte del Ejército de Chile. Su incorporación a la
de cada una de las fortalezas que hasta hoy lista tentativa de la UNESCO dentro de los criterios
subsisten son manejadas por la autora, siendo i, y iv para su declaratoria de Patrimonio de la
necesario conocer y establecer el nexo entre Humanidad obliga entre algunos aspectos a
las fortificaciones del pacifico, donde desde plantear estudios bases de cada una de las
sus inicios se da cuenta del vinculo socio- fortificaciones desde su proceso de creación hasta
económico y tecnológico entre estas ciudades- crear líneas de actuación congruentes dentro del
puerto de las colonias, sobre todo y en conjunto fortificado.

DIRETRIZES DE MOBILIDADE PARA O BAIRRO


DA CIDADE VELHA: UMA CONDIÇÃO PARA A PRESERVAÇÃO E
CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO
Vanessa Renê C. Ribeiro - Paulo de Castro Ribeiro
Este artigo apresentará um conjunto de dire- degradação, decorrente de processos de se-
trizes para a melhoria das condições de mobi- gregação espacial e da decadência de algu-
lidade no bairro da Cidade Velha em Belém, mas atividades econômicas que lá se encon-
onde existe um rico patrimônio histórico tram.
arquitetônico. Embora esta área recentemente Por outro lado, os custos de manutenção
tenha sido palco de importantes intervenções das edificações residenciais e a adaptação das
de restauro, nela também, podem-se encon- mesmas para novos usos no centro histórico,
trar algumas regiões em acentuado estado de somados à ausência de linhas de crédito que
58
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
atendam tais necessidades, estimularam o aban- Também, pode-se constatar que o atual siste-
dono e a descaracterização desses imóveis. ma transporte público é incompatível com a atual
Com a retração do uso habitacional aumenta- dimensão da RMB, por não dispor de integração
ram os problemas de insegurança, com o esva- física, operacional e tarifária na rede de transporte
ziamento da área nos horários não comerciais. público, onde predominam linhas radiais, ocor-
A obsolescência da infraestrutura agravaram as rendo sobrecarga dos principais corredores do
dificuldades de acesso inibindo a implantação centro e carência de ligações inter-bairros.
de novos empreendimentos. Com base nos dados secundários do PDTU
É também no entorno desta região que estão e em levantamentos de campo realizados na
localizados alguns dos principais edifícios admi- área a ser estudada constatou-se que o pesado
nistrativos do município e dos poderes executivo tráfego de veículos contribui para acentuar al-
e judiciário estadual, tendo em suas proximida- gumas patologias presentes nas edificações his-
des uma grande concentração de comércio e pres- tóricas.
tação de serviços, atraindo a convergência de um Tendo conhecimento de todas estas deficiên-
grande número de pessoas de todos os pontos cias, será apresentado neste artigo um estudo,
da Região Metropolitana de Belém (RMB). sobre os sistemas de circulação e transportes do
Alguns estudos como o Plano Diretor de bairro da Cidade Velha detalhando, nesta área,
Transportes Urbanos da Região Metropolitana as ações previstas no PDTU e propondo alterna-
de Belém (PDTU) e o Via Metrópole foram rea- tivas para itinerários e veículos do sistema de
lizados com o intuito de distribuir melhor o flu- transporte coletivo, implantação de vias de pe-
xo dos transportes públicos nas principais vias destre e de bicicleta, redefinição dos locais de
de circulação da RMB, criando um sistema in- estacionamento, de carga e descarga, e da loca-
tegrado de transporte que diminuirá considera- lização de atividades portuárias. Promovendo,
velmente a circulação de ônibus para o centro assim, a revalorização das importantes
da cidade. edificações históricas existentes nesta região.

AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO MICROBIANA


EM PRÉDIOS HISTÓRICOS E DO PATRIMÔNIO NO RS
Denise de Souza Saad
Neste trabalho foi avaliado a contaminação sp., Alternaria alternata, Curvularia sp. ,
fúngica de diversos prédios históricos e do Acremonium sp., Trichoderma sp., fungos
patrimônio no Estado do Rio Grande do Sul, normalmente encontrados sobre superfície
dentre eles a Cúria Metropolitana de Porto Ale- pintadas.
gre, Tiro de Guerra, em Ijuí, Igreja Monte Além disso, verificou-se a alteração de pH
Bérico em Jaguari, entre outras edificações. provocada pelos fungos mais incidentes.
Dentre os fungos encontrados pode-se ci- Os resultados demonstraram que indepen-
tar: Aureobasidium pullulans, Aspergillus sp., dente da localização a microbiota fúngica so-
Cladosporium sp,, Penicillium sp., Fusarium fre pouca alteração.

FÁBRICAS EUROPÉIAS DE AZULEJOS EM BELÉM: IDENTIFICAÇÃO


DE MARCAS A PARTIR DA COLEÇÃO DOS AZULEJOS DA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UFPA
Andréa Nazaré Barata de Araújo - Thais Alessandra Bastos Caminha Sanjad
A riqueza gerada pelo ciclo da borracha favo- Lamego, A.A. Costa das Devesas, Santo Antônio
receu profundas mudanças na configuração do Porto, Carvalinho Porto e José Pereira Valen-
social e urbana de Belém fazendo com que até te (fábricas portuguesas); a alemã Villeroy & Boch;
1920, a cidade permaneça sob estes efeitos. A a inglesa Regº England e as francesas Boch Freres,
grande variedade tipológica de azulejos, carac- H-Te Boulenger, Longway e Marselhe.
terizando um dos maiores conjuntos de facha- Buscar dados que auxiliem a identificação da
das azulejadas do Brasil, em termos de diversi- procedência dos azulejos é uma tarefa que vem
dade de padrões é um reflexo deste momento. sendo desenvolvida por inúmeros historiadores,
Atualmente, o número de fachadas azuleja- e que se torna dificultosa pela ausência de mar-
das está diminuindo, e muitos padrões de azule- cas no tardoz dos azulejos mais antigos, acesso
jos que existiam nas edificações paraenses só difícil a catálogos de época e pela produção de
são encontrados hoje em coleções particulares, um mesmo padrão por fábricas diferentes. Estas
como é o caso da coleção da Faculdade de Ar- informações geralmente estão localizadas no
quitetura e Urbanismo da UFPA, formada a par- tardoz dos azulejos, pela impressão de marcas
tir da doação de professores que coletavam de fábricas ou até mesmo das marcas dos dedos
exemplares de edificações que estavam sendo do oleiro que produziu a peça, indicando assim
demolidas. A variedade de azulejos da coleção um processo mais artesanal do que industrial.
da FAU permite estimar as principais fábricas Como o azulejo é uma peça que geralmente está
européias que exportaram exemplares para assentada, nem sempre é possível verificar o
Belém. Outras fábricas podem também ter ex- tardoz das mesmas para buscar tais informações,
portado seus azulejos, porém não há registros sendo assim de grande valia estudos com amos-
destas na coleção. Dentre as fábricas exportado- tras de coleções particulares.
ras, estão representadas as seguintes: Viúva Tem-se o hábito de atribuir as dimensões
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
das peças por países, ficando os azulejos fran- 15x07cm e 17x17cm, enquanto que os ale-
ceses conhecidos como aqueles de menor ta- mães têm peças de 10x10cm, 15x15cm e
manho, os portugueses como intermediários 17x17cm.
e os ingleses, alemães e espanhóis como os As marcas presentes no tardoz podem estabe-
maiores. A análise dos azulejos da coleção da lecer meios de caracterização da procedência
FAU possibilitou tecer algumas características de azulejos europeus, como: definição dos ta-
indicando que esta afirmação é equivocada, manhos de moldes de prensagem utilizados nas
de acordo com os dados coletados. Os azule- fábricas; reutilização de moldes de azulejos para
jos franceses, presentes no acervo, possui moldar frisos; as variações de marcas de uma
exemplares com dimensão de 11x11cm, mesma fábrica; entre outros.

PALACETE PINHO: PERMANÊNCIAS E TRANSFORMAÇÕES


DO PATRIMÔNIO SÍMBOLO DA BELLE ÉPOQUE
Djanira Cabral Viégas Borges da Cruz - Thaís Alessandra Bastos Caminha Sanjad
Entre as últimas décadas do século XIX e as contexto urbano ocasionou uma ruptura com
primeiras do século XX, Belém vivenciou a épo- o modelo de construção ali existente, e tornou-
ca de maior destaque socioeconômico propor- se sinônimo de modernidade.
cionada pelo comércio da borracha. As rique- Projetado por Camilo de Amorim, para Anto-
zas advindas com este ciclo eram investidas prin- nio José de Pinho, em 1897, o Palacete Pinho
cipalmente no desenvolvimento da cidade, na representou um verdadeiro centro de irradiação
melhoria da infraestrutura urbana e na constru- de cultura no seu período áureo. Destaca-se por
ção de novas edificações, que se tornaram sím- sua volumetria, planta em “U”, e pelos materiais
bolos deste período. Na arquitetura ocorreram nobres utilizados, como: elementos em ferro fun-
transformações como a utilização de elementos dido, azulejos alemães e portugueses, escadari-
decorativos nas fachadas e novos modelos de as em lioz, ladrilhos hidráulicos, etc.
planta, fruto de uma nova forma de morar. Após o falecimento de seu proprietário, a
Os palacetes ecléticos se diferenciaram e se edificação entrou em processo de deterioração
destacaram das demais tipologias edilícias por devido à falta de manutenção. Na década de
diversas razões, a começar pela sua implanta- 1980, o palacete foi posto à venda, sendo ad-
ção, que por se caracterizar com afastamentos quirido por um grupo empresarial local que o
ainda que parciais, possibilitam a iluminação utilizou como depósito, o que contribuiu para
direta e ventilação para todos os cômodos. A agravar sua degradação. Logo o palacete entrou
planta baixa distinguia-se pela independência em processo de tombamento, pela então SPHAN,
entre os diversos setores, tais como: estar, re- hoje IPHAN. Entre 1993 e 1997, a Fumbel ficou
pouso e serviço. O programa de necessidades, responsável pela elaboração de um projeto de
por sua vez, se tornou cada vez mais comple- restauração, realizado apenas em 2004, com o
xo. Sua tipologia propunha ainda a utilização projeto de uma escola de música.
de elementos como os torreões, lanternins, mi- Durante as obras de restauração, grande par-
rantes e belvederes, haja vista que havia uma te do corpo central da edificação desabou de-
preocupação particular com o predomínio des- vido à fragilidade do seu estado de conserva-
ta edificação sobre a paisagem. Dentre os prin- ção. Iniciou-se, então, um trabalho de recupe-
cipais exemplares existentes em Belém, tem-se ração com sistema construtivo capaz de identi-
os Palacetes Pinho, Bolonha, Faciola e Bibi ficar as áreas originais, porém, com a
Costa. O Palacete Pinho, no entanto, foi o úni- paralização das obras, o monumento encon-
co construído dentro dos limites do núcleo ini- tra-se em uma nova fase de abandono, refletin-
cial da cidade, que atualmente compreende o do um descaso para com a preservação do
Centro Histórico de Belém. Sua inserção neste patrimônio arquitetônico da cidade de Belém.

ANTIGO CHALÉ DE FERRO DA IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO DO


PARÁ: PASSADO, PRESENTE E PERSPECTIVAS FUTURAS
Flávia Olegário Palácios - Thaís Alessandra Bastos Caminha Sanjad
O ferro era um material secundário nas cons- e fácil transporte.
truções, cujo uso foi intensificado a partir da se- Dentre as cidades em ascensão, Belém cres-
gunda metade do século XVIII na Europa com o ceu devido à economia da borracha, no século
advento da revolução industrial. Logo, as rela- XIX, adquirindo um grande acervo de edifícios
ções comerciais com outros países mudaram, metálicos, considerado o maior no Brasil. Pos-
assim como a influência dos produtos europeus, sui os três exemplares residenciais inteiramente
proporcionando o crescimento de algumas colô- constituídos em ferro do país. São eles: o Chalé
nias, como o Brasil. de Ferro da UFPA, o Chalé de Ferro do Bosque
Para suprir a demanda, a instalação de edifíci- Rodrigues Alves e o Antigo Chalé de Ferro da
os de fácil construção, como os de ferro, foram Imprensa Oficial do Estado do Pará, todos
importados de países como Inglaterra, França e construídos segundo o Sistema Danly, proveni-
Bélgica. entes da fábrica belga Forges D‘Aiseau.
A arquitetura de ferro foi bem aceita e conside- Os chalés de ferro da UFPA e o do Bosque
rada um sinal de modernidade. É composta de foram desmontados, restaurados e remontados
elementos a serem unidos, de simples montagem em lugares diversos da sua primeira implantação.
60
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
Entretanto, o antigo chalé da Imprensa Oficial não vimento e cobertura em duas águas com telhas
seguiu o mesmo caminho. onduladas.
Este último chegou a Belém em data incerta. O chalé que abrigou a Imprensa Oficial é um
A informação mais antiga é de que pertenceu bem tombado em risco de desaparecer. Várias
ao Sr. Eugênio Gaspar. Possuiu várias funções peças foram perdidas ou danificadas, principal-
entre os anos de 1932 a 1957, mas em 1964 mente pelo seu armazenamento incorreto. Ou-
foi doado para a Imprensa Oficial do Estado do tras se encontram expostas às intempéries e a
Pará e sofreu algumas modificações. Foi des- maioria está em alto nível de corrosão. Apenas
montado em 1985 e doado a Prefeitura Muni- algumas podem ser reutilizadas, por estarem pro-
cipal de Belém, com o objetivo de remontá-lo tegidas sob mínimas condições.
no Bosque. Já houve tentativas de recuperar esse chalé, mas
Relatos de jornais de 1987 informam que 60% nenhuma foi realizada. Alguns já o até considera-
das peças do chalé, então armazenadas no Bos- ram como um patrimônio perdido. Entretanto,
que, se encontravam corroídas, necessitando de este é um edifício de grande importância por ser
restauração urgente. O chalé virou um embargo um exemplar único. Hoje está sendo desenvolvi-
nas costas do governo. Atualmente encontra-se do um estudo para averiguar a situação real desse
desmontado na UFPA em situação precária. edifício, através de catalogações e análises indivi-
A volumetria deste edifício é mais simples, não duais de cada peça, e avaliar o quão difícil será a
obstante possua ornamentos bem trabalhados sua recuperação e seu nível de corrosão. Trata-se
em ferro. É diferente dos demais chalés por pos- de um monumento de grande importância histó-
suir menos compartimentos, além do único pa- rica e arquitetônica para Belém.

ARQUITETURA SEPULCRAL EM BELÉM:


CEMITÉRIO NOSSA SENHORA DA SOLEDADE
Juliana Gonçalves Fortes - Thaís Alessandra Bastos Caminha Sanjad -
Raul Ventura da Silva Filho - Raul Ventura da Silva Neto
No início do século XVII a Europa passava “Soledade”, são geralmente importados de Portu-
por problemas relacionados à insalubridade. gal e da Itália, e destacam-se o jazigo do Major
Doenças eram causadas devido às condições Gaspar Leitão da Cunha; O monumento onde
sanitárias precárias das cidades. estão as cinzas do general Hilário Maximiliano
Havia o costume de enterrar os mortos nas Antunes Gurjão, herói da ponte de Itororó,
igrejas, em seus porões ou arredores, piorando construído nas oficinas de Lombardi em Bréscia
a situação de disseminação de doenças. Pois as e trabalho de escultura feito por Allegretri do Ins-
bactérias ficavam suspensas no ar das igrejas, tituto de Belas Artes de Roma; o túmulo do capi-
logo, doenças eram transmitidas aos fiéis e ao tão de mar e guerra José Joaquim da Silva vindo
resto da população. da Cidade do Porto, etc. Dentre as mais variadas
Entre os séculos XVIII e XIX houve reformas esculturas em pedra mármore existentes, desta-
sanitárias, que juntamente com o crescimento cam-se em grande número as do escultor “Ratto”,
acelerado da urbanização, fez com que os se- na sua maioria em estilo neoclássico tendo sido
pultamentos passassem a ocorrer em áreas aber- importadas da cidade do Porto em Portugal.
tas, os cemitérios ou campos santos. Em 1880 o Cemitério encerra suas atividades,
Especificamente na cidade de Belém do Pará, sendo tombado em 1964 como Patrimônio
uma epidemia de febre amarela, fez com que Paisagístico. No início do século XX (1912) o
houvesse a necessidade da criação de um cemi- Intendente Antônio Lemos pretendia promover
tério, então segundo Mario Barata (1963), um reforma “embelezadora” no Cemitério, po-
Jerônimo Francisco Coelho, no ano de 1850, rém não foi implementada completamente. Em
delimitou a área destinada a um cemitério e dá 1994 houve uma tentativa de restauro pela Pre-
início às obras do Cemitério Nossa Senhora da feitura de Belém, também não foi concretizado.
Soledade. A última intervenção feita foi em 2000, quando
Os materiais da construção foram importados foi colocada uma iluminação especial, para res-
de Portugal, dentre eles 281 pedras de cantaria e saltar as sepulturas e seus ornamentos.
o Portão de Ferro, entrada principal do cemité- Mesmo sendo importante marco da cidade, o
rio. A grade que delimita a sua área foi importa- Soledade vive atualmente no esquecimento e
da da firma inglesa Singlehurst, Muller & Cia, em péssimo estado de conservação. Muitas de
tendo sido fabricada na cidade de Liverpool, In- suas esculturas e detalhes originais em mármore
glaterra. O pórtico de entrada é em estilo neo- foram dilapidados por roubo ou perdidos,
egípcio projetado pelo arquiteto italiano Pezerat, túmulos foram violados e muitos outros foram
arquiteto particular de D. Pedro I. danificados. Tais obras representam não só uma
Segundo Ernesto Cruz (1962) os monumentos época, mas também os anseios e os costumes
funerários mais importantes existentes no de uma sociedade.

LARGO DO CARMO: PRESERVAÇÃO E TRANSFORMAÇÕES


Aline Neves Gomes - Monique Bentes Machado Sardo Leão -
Thais Alessandra Bastos Caminha Sanjad - Juliano Pamplona Ximenes Ponte
O Largo do Carmo situa-se na primeira via sua formação iniciada no século XVII com a
de Belém, Rua Siqueira Mendes (antiga Rua fundação do Convento e da Igreja de Nossa
do Norte), no Bairro da Cidade Velha; e teve Senhora do Carmo, da Ordem dos Carmelitas
61
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
Calçados. O largo sofreu diversas transforma- Atualmente a área da balaustrada implanta-
ções morfológicas ao longo dos séculos. Apre- da por Lemos encontra-se ocupada (ocupa-
senta um interessante conjunto arquitetônico ção denominada Beco do Carmo) desde mea-
e urbanístico, cuja estrutura atual remete ao dos da década de 1970, o que eliminou a vis-
parcelamento colonial do século XVIII e aos ta para o rio. A arborização promovida pelo
sobrados urbanos do século XIX. governo do Intendente Lemos gerou uma per-
Sua ocupação iniciou-se em 1626 com o da de escala da igreja em relação ao largo. As
Convento e Igreja do Carmo, a qual foi ruínas expostas estão subutilizadas, devido
reconstruída em 1760, projetada pelo arquite- ausência de sinalização, servindo de depósito
to italiano António José Landi, Sua fachada foi de lixo, comprometendo assim a sua conser-
feita em Lisboa para ser montada em Belém, vação.
porém sua capela-mor pertencia à construção Apesar destas transformações, a potencialidade
anterior. É projeto de Landi também o Palácio do Largo do Carmo é mantida pela permanência
Velho, localizado ao lado do convento, onde de edificações, como a própria Igreja de Nossa
atualmente funciona o Colégio Salesiano do Senhora do Carmo e os casarios, térreos e de dois
Carmo. pavimentos, que abrigam alguns comércios e re-
Entre as intervenções mais significativas que sidências. Estas edificações estão na sua maioria
ocorreram no largo destacam-se: a demolição descaracterizadas, porém não são conflitantes a
da Igreja do Rosário dos Homens Brancos; a ponto de comprometer a espacialidade do lugar.
revitalização promovida pelo Intendente Antô- O presente artigo se propõe a analisar as su-
nio Lemos no início do século XX, quando a cessivas mudanças morfológicas ocorridas no
praça foi delimitada, acrescentando-lhe um novo Largo do Carmo, por meio de seus aspectos his-
calçamento, arborização e uma balaustrada da tóricos, fazendo relação com a formação do
qual se apreciava o rio; a revitalização promovi- ambiente construído, através das permanências
da em 1996 pela prefeitura que modificou o tra- e transformações. Para tanto foram utilizadas
çado da praça e acrescentou-lhe um anfiteatro, cartografias, iconografias, relatórios, fotos e de-
além da realização de escavações arqueológi- poimentos, reconstituindo assim a memória de
cas que descobriram as ruínas dos alicerces da um local qualificado como “degradado”, porém
Igreja do Rosário dos Homens Brancos. “valioso”.

INVENTÁRIO DA AZULEJARIA DE EXTERIOR DE BELÉM


Thais Alessandra Bastos Caminha Sanjad - Carolina de Souza Leão Macieira Gester
Conhecida por “Cidades das mangueiras”, As primeiras impressões do inventário dos azu-
Belém poderia ter sido um dia também conhecida lejos de Belém, iniciado em maio desde ano, indi-
por “Cidade das fachadas azulejadas”, diante das ca que: a grande maioria das fachadas azulejadas
informações deixadas por importantes historiado- está descaracterizada e em risco de desaparecer,
res, tanto pelo ar lusitano nas edificações, quanto seja pela ausência de azulejos no pavimento tér-
pela variedade de padrões aqui existentes. reo, seja por estarem escondidos atrás de letreiros
É no final do século XIX, e início do XX que ou mesmo com uma camada de tinta aplicada na
foi atingindo o auge das importações, e a rique- sua superfície; os padrões de alto relevo são cada
za gerada pelo ciclo econômico da borracha vez mais raros no exterior, principalmente os
favoreceu a diversidade de padrões e de proce- artesanais produzidos por fábricas da cidade do
dência também. Porto, ainda com técnicas bastante rudimentares;
Atualmente as fachadas azulejadas vêm de- as patologias apresentadas, depois de mais de
saparecendo em ritmos alarmantes. Do levan- um século de exposição, começam a compro-
tamento feito por Dora Alcântara na década de meter sua conservação em função do desconhe-
1970, mais de 50% não existe mais. Tal docu- cimento dos meios técnicos necessários e ade-
mento é o único registro sobre as fachadas azu- quados, resultando assim em uma ausência de
lejadas da cidade de Belém, porém ainda não conservação preventiva nestas fachadas.
foi publicado. Importantes coleções de azule- O inventário dos azulejos de fachada de Belém
jos, formada a partir de restos de demolições quando finalizado permitirá saber o que ainda
dos antigos sobrados de Belém, permitem ter existe na cidade; as áreas de maior concentração
uma idéia do tamanho da perda. das mesmas; quantificar os azulejos por proce-
Mesmo com a diminuição do elenco de azule- dência e fábrica; identificar os resquícios do que
jos de fachada, informações precisam ser coletadas um dia foi uma edificação revestida de azulejos.
a cerca do que ainda existe, sobre o grau de preser- Com estas informações, o inventário passa a ser
vação desta fachada e as respectivas patologias um importante instrumento de preservação, que
dos azulejos. A azulejaria da cidade de Belém está poderá diminuir, ou mesmo extinguir, as remo-
concentrada principalmente nos bairros Capina, ções/ demolições de fachadas azulejadas, permi-
Cidade Velha e Reduto, os quais constituem o cen- tindo assim a permanência das mesmas para as
tro histórico de Belém e seu entorno. futuras gerações.

O RESTAURO DA ESCOLA DE MÚSICA


Márcia Braga
A Escola de Música da UFRJ localiza-se num 2006 a agosto de 2007. Foram realizados traba-
prédio de arquitetura eclética no centro do Rio de lhos na fachada principal, na fachada lateral e no
Janeiro. Esta restauração aconteceu de agosto de salão Leopoldo Miguez. A edificação é tombada
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
pelo Sedrepahc e minha função era de arquiteta de planta baixa no térreo. Os principais servi-
residente, trabalhado para a firma Decato. ços executados foram de decapagem dos estu-
A diversidade de serviços e a quantidade de ques, douramento, restauro de pintura mural e
pessoal envolvido fazem com que esse traba- repintura em estêncil. Os questionamentos gi-
lho possa ser abordado neste estudo com vis- raram em torno do método de douramento, se
tas aos procedimentos técnicos e às relações com utilização de folhas de ouro ou com tintas
pessoais com uma equipe que chegou a ter douradas que não oxidam, assim como a res-
100 pessoas em alguns períodos. tauração das janelas arqueológicas das pintu-
Na fachada principal, com aproximadamen- ras murais complementadas com a repintura
te 400 m2, os maiores trabalhos foram de re- em estêncil. Neste ambiente trabalharam res-
composição dos estuques ornamentais e da tauradores, estagiários de restauração,
definição das cores originais. O método tradi- estucadores e operários.
cional de realizar estratigrafias não revelou a A equipe básica contava com 1 arquiteto
cor original. Ela foi descoberta em locais onde residente, 1 restaurador responsável pelo sa-
a fachada havia sido protegida de limpezas lão Leopoldo Miguez, 12 restauradores, 2
abrasivas. Aqui a mão de obra contou com 10 estucadores, 25 estagiários de restauro, um ar-
estagiários de restauração, operários e quiteto responsável pela parte civil da obra,
estucadores. além do pessoal de administração. Os estagiá-
A fachada lateral, com aproximadamente rios provinham em sua maioria de faculdades
1.200 m2, tem uma pintura de uma paisagem de Belas Artes, ou afins. Nenhum deles tinha
do falecido artista Ivan de Freitas. Já fora qualquer informação prévia sobre restauração.
repintada anteriormente 3 vezes por uma equi- Todo esse pessoal convivia com os operári-
pe coordenada pelo autor. Nesta restauração os, que deveriam trabalhar bastante próximos
foram feitos trabalhos de conservação, restau- e, no caso da fachada, algumas vezes execu-
ração e repintura. É um interessante exemplo tando os mesmos trabalhos. Poder avaliar o
para discutir os limites do restauro e da potencial e interesse de cada um, bem como a
repintura. Nesta fachada trabalharam operári- forma de relacionamento entre todos, foi um
os, restauradores e estagiários de restauração. grande aprendizado.
O salão Leopoldo Miguez tem arquitetura de O resultado de todas as partes mostra um
teatro italiano, com aproximadamente 600 m2 conjunto com o mesmo nível de qualidade.

Artefatos
DIAGNÓSTICO E RESTAURAÇÃO
DO IDENTIFICADOR DE ASTROS - ACERVO MAST
Marcus Granato - Gesa Witt
Os bens culturais são o produto e o teste- cos objetos necessitam de restauro, determi-
munho das tradições e realizações intelectu- nando o desenvolvimento de procedimento
ais do passado e, dentre eles, as coleções de de intervenção compatível com os códigos de
instrumentos científicos históricos constituem- ética de restauro internacionais.
se em testemunhos dos mais significativos do O presente trabalho tem por objetivo apre-
campo da História da Ciência. No Brasil, o sentar o diagnóstico e as intervenções realiza-
Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) das para a restauração do Identificador de As-
tem sob sua guarda uma coleção de instru- tros com Globo Celeste, objeto do acervo
mentos de valor histórico que documenta um museológico do MAST. O diagnóstico da peça
período importante da História da Ciência no mostrou a presença de diversos materiais com-
Brasil, sendo uma das mais importantes do ponentes, como metais, papelão, madeira e
gênero. É composta por 2000 objetos que vidro, e condições críticas de conservação em
pertenceram, em sua maioria, ao antigo Ob- boa parte do conjunto de peças do objeto,
servatório Nacional e que foram utilizados em com corrosão nas partes de metal, buracos e
serviços e pesquisas de grande importância arranhões nas partes em papel, mofo nas par-
para o País como a determinação e a transmis- tes orgânicas, etc. Foram identificados cinco
são da hora oficial do País, a previsão do tem- problemas graves que precisavam ser resolvi-
po, as efemérides astronômicas, a demarca- dos e estão identificados a seguir: fixação do
ção das fronteiras brasileiras, o mapeamento globo, inexistente e determinante para a esta-
magnético do solo brasileiro e outros. bilidade da peça; caixa da bateria em situação
Os instrumentos pertencem em sua maioria de decomposição estrutural; lente menor sol-
aos séculos XIX e início do XX. A coleção é ta de seu suporte fixação, possibilitando a per-
extremamente rica e pode ser comparada às da da peça; fixação da lâmpada numa nova
grandes coleções do mundo desse tipo. Uma estrutura similar à original, para que impedir a
grande parte dos objetos relaciona-se à astro- perda dessa parte do instrumento; presença
nomia, Topografia, Geodésia, Geofísica, de mofo generalizado no objeto.
Meteorologia, Metrologia, Medida de Tempo O resultado final da intervenção no instru-
e Ótica. Apresentam-se, em geral, em bom es- mento teve por objetivo permitir a percepção
tado de conservação, apesar do museu situar- da sua função, além de possibilitar seu manu-
se numa cidade à beira-mar e com condições seio sem danos, já que inicialmente o globo
de clima tropical. Por outro lado, alguns pou- apresentava-se completamente solto. No acer-
63
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
vo, existe um outro objeto similar ao que foi as peças do instrumento com pincel para tirar
restaurado, onde faltam ainda mais partes, mas a poeira para, em seguida, serem
que serviu para esclarecer alguns pontos obs- implementadas as intervenções mais profun-
curos no identificador em restauração. Primei- das que garantiram, ao final, a preservação do
ramente, foi realizada a higienização de todas instrumento.

Artes Visuais
A PANORÂMICA DE VALERIO VIEIRA
Ilo Codognotto
Das várias produções fotográficas sobre a cida- A montagem da obra seguiu exigências especí-
de de São Paulo, em especial durante os anos 20 ficas como:
que coincidem com as comemorações do pri- A - Sala
meiro centenário da Independência, destaca-se a Não possui paredes externas ou encanamentos
série de panoramas da cidade realizados por Possui paredes duplas
Valério Vieira entre 1905 e 1921. Porta em vidro com caixilhos em ferro galvaniza-
Valério, ao adotar a fotografia para registrar a do
paisagem paulistana, conquistava um lugar para Pintura em preto (para destacar a imagem)
a técnica. A recepção a suas obras ocorreu, po- B – Climatização
rém, dentro do universo das comemorações ofi- Instalado um sistema de climatização (equipamen-
ciais. Todos os diversos eventos que contaram to de condicionamento de ar Carrier Springer/
com grandes panoramas estão registrados na im- 60.000BTU/h) com resistências controladas por
prensa com destaque para a afluência de espec- sensores que mantém as condições em 20ºC e
tadores. No entanto, essas obras - que adotam 50%UR.
procedimentos da fotopintura em especial na úl- C - Montagem da Obra
tima versão em 1921, exposta em 1922, e trazem Estrutura em ferro galvanizado com pintura
o registro da paisagem para a grande escala - não eletrostática em epoxi
causaram impacto sobre o restante da produção Montagem da obra na estrutura com abraçadeiras
fotográfica local. de plástico a partir de ilhoses já existentes na
Das várias panorâmicas gigantes que fez, resta entretela de sustentação
apenas “O Panorama de São Paulo” feita entre D – Iluminação
1919 e 1922, com 14 X 1,40 metros, fotografia 20 spots dimerizados com lâmpadas dicróicas.
emulsionada em papel fotográfico contínuo, co- Trilhos eletrificados, com filtros UV - Máximo de
lado em uma tela e pintado com tinta a óleo para 34 lux
a preservação da imagem. Para realizá-la, foi auxi- E – Segurança
liado por Conrado Wessel na preparação da Guarda corpo em ferro galvanizado que mantém
emulsão fotográfica. A obra encontrava-se acon- o público afastado a 1,50 M da obra
dicionada enrolada em uma caixa em madeira, Presença permanente de um segurança na sala
confeccionada especialmente para ela. para controlar o número de acessos, e evitar aglo-
OBJETIVOS merações, que poderiam acarretar em alterações
Em dez anos a tela foi exposta em raras oportu- na climatização, e principalmente evitar qualquer
nidades e por sua dimensão e importância, o ob- ação por parte dos visitantes que ponha a obra
jetivo era expô-la permanentemente, respeitando em risco.
os preceitos da preservação. Conclusão
METODOLOGIA Este trabalho apresentou os procedimentos
Para expô-la, foi necessário criar as condições adotados necessários para a conservação e segu-
ideais e foi formada uma equipe multidisciplinar: rança na montagem da fotopintura “Panorama
um conservador; um arquiteto; um especialista de São Paulo”, de Valério Vieira. O objetivo de
em iluminação e um especialista em climatização. preservar a obra paralelamente a sua exibição foi
Durante a realização do trabalho todas as me- atingido, graças à adoção destas medidas. A mon-
didas para conservação da obra e sua segurança tagem proporcionou ao público a rara oportuni-
foram tomadas, desde a escolha da melhor sala dade de apreciar essa obra importante e original,
até a compra de equipamentos. E o resultado des- a qual se destaca tanto por suas dimensões e téc-
se esforço foi o aumento da visitação, tanto do nica, quanto por sua qualidade como obra de
público espontâneo como dos grupos agendados arte única.
para visitas monitoradas, como escolas e excur- Climatização - Saulo Güths
sões etc., sempre respeitando os padrões de con- Arquitetura - Silvio Oksman
servação estabelecidos. Iluminação - Ricardo Eder

BANCO DE DADOS DO LABORATÓRIO DE CONSERVAÇÃO


E RESTAURAÇÃO DE PINTURAS E ESCULTURAS DO MAC USP
Ariane Soeli Lavezzo
O Museu de Arte Contemporânea da Universi- tridimensionais.
dade de São Paulo (MAC-USP) possui em seu Na ocasião da criação do Museu não existia a
acervo cerca de 10.000 obras, das quais aproxi- seção de conservação e restauro e as interven-
madamente 3000 são pinturas, esculturas e ções eram realizadas por técnicos contratados tem-
64
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
porariamente ou encaminhadas para ateliês par- da e saída de cada obra no laboratório, e os res-
ticulares, somente alguns anos após foi instalado pectivos tratamentos realizados em cada ocasião,
o laboratório de conservação e restauro, inicial- possibilitando uma visão conjunta dos seguintes
mente abrangendo todas as obras do acervo. dados:
Atualmente a conservação-restauração deste -Intervenção de restauro;
acervo é realizada por especialistas em conserva- -Tratamento de conservação;
ção e restauro dividida em dois segmentos pintu- -Imagens digitalizadas que se referem aos proces-
ra-escultura e papel. sos de restauro e/ou conservação;
A documentação existente no laboratório de -Necessidades especiais para guarda e exposição;
pintura e escultura do MAC-USP, produzida até -Diagnóstico do estado geral de conservação e,
então, se encontrava dispersa e, em alguns casos, -Registros de ocorrências de danos provenientes
incompleta, o que dificultava o acesso ao históri- de acidentes ou vandalismo;
co de intervenções e registro de danos bem como, Ressaltamos também a importância da pre-
na definição de critérios e procedimentos a serem servação não somente das informações refe-
adotados. rentes ao histórico das obras quanto às exposi-
Diante disto surgiu a necessidade de uma siste- ções, origem, autoria entre outros dados como
matização destes documentos técnicos referentes também das informações técnicas de seu esta-
a intervenções realizadas, o que levou à elabora- do de conservação e visão ampla das interven-
ção deste projeto pela especialista em conserva- ções realizadas. Esse projeto não se encerra na
ção e restauro Ariane Lavezzo, e desenvolvido com criação de uma ferramenta de acesso aos da-
o auxílio da bolsista Andréia de Araújo Oliveira dos relativos à conservação e restauro das
através do programa de Bolsa Trabalho da obras, mas pretende numa segunda etapa abran-
Coordenadoria de Ação Social da USP (COSEAS). ger a preservação do documento original, pro-
Inicialmente, o desenvolvimento do banco de duzido em cada ocasião, acondicionando-o
dados visa facilitar o acesso aos registros de entra- adequadamente.

Bibliotecas e Arquivos
TÉCNICAS DE RECONHECIMENTO DE FACES NO APOIO À
INDEXAÇÃO DE PESSOAS EM FOTOGRAFIAS HISTÓRICAS
Ana Paula Brandão Lopes, Camillo Jorge Santos Oliveira
e Arnaldo de Albuquerque Araújo
A digitalização de acervos históricos consti- Dentre os métodos baseados em aparência,
tui-se como uma importante ferramenta na pre- os mais conhecidos são aqueles que usam Aná-
servação e ampliação do acesso a esses materi- lise dos Componentes principais (ACP) ou Aná-
ais. Estes dois aspectos encontram-se estreita- lise do Discriminante Linear (ADL). Apesar de
mente relacionados, uma vez que não tem sen- relativamente bem-sucedidos em diversos casos
tido a preservação física de uma grande massa reportados na literatura, tais métodos necessi-
documental sem que a informação esteja efeti- tam de um conjunto razoavelmente grande de
vamente disponível. Para isso, são necessários imagens de amostra de cada indivíduo para “trei-
instrumentos de pesquisa eficientes, que por namento” do reconhecedor. Isto dificulta, e em
sua vez dependem de uma indexação adequa- alguns casos impossibilita o seu uso em situa-
da do material. ções onde há poucas imagens de cada sujeito.
Um aspecto importante da indexação de fo- Em coleções de fotografias históricas a gran-
tografias históricas é a identificação e cataloga- de maioria dos sujeitos aparece somente uma
ção das pessoas que nelas aparecem. Tradicio- vez, raramente chegando a mais de duas ou três
nalmente isto é feito manualmente com auxílio ocorrências, dessa forma dificultando a aplica-
de material textual e comparações visuais. Nes- ção de métodos baseados em aparência.
te artigo, argumenta-se que técnicas de reco- Os sistemas de RF tipicamente usam como
nhecimento de faces (RF) podem auxiliar o pro- conjunto de treino uma amostra da própria base-
cesso de catalogação de personalidades em fo- alvo. Entretanto, partindo da idéia de que as fa-
tografias, sugerindo outras ocorrências de um ces humanas são razoavelmente similares, um
mesmo indivíduo na base de imagens. Para ava- trabalho recente na literatura indica que o uso
liar a viabilidade da proposta, foi utilizada uma de uma base de treino genérica pode melhorar a
base de fotografias históricas pertencente ao taxa de reconhecimento quando poucas amos-
Arquivo Público Mineiro. tras estão disponíveis na base-alvo. Por outro
Os métodos de RF dividem-se naqueles basea- lado, resultados experimentais indicam que o
dos em modelos e nos baseados em aparência. ACP bi-dimensional (2D-ACP) é capaz de atingir
Os primeiros baseiam-se na construção de um resultados comparáveis ao ACP original, porém
modelo da face a partir de medidas características usando uma amostra de treino menor.
da face e são bem-sucedidos para situações onde No método apresentado neste trabalho, uma
a aquisição das imagens é muito bem controlada. base genérica é utilizada de uma forma diferen-
Além disso, exigem o posiciona-mento preciso, ciada e em combinação com o 2D-ACP. Os
muitas vezes feito manualmente, de um conjunto resultados mostram que a taxa de sugestões
razoável de características faciais, inviabilizando a corretas de novas ocorrências de uma dada
sua aplicação quando a quantidade de imagens pessoa pode chegar a mais de 75% dos casos
disponíveis é muito grande. se a busca for bem direcionada.
65
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
ABER: 20 ANOS DE COMPROMISSO COM A CONSERVAÇÃO
E PRESERVAÇÃO DE DOCUMENTOS BIBLIOGRÁFICOS
Celina Luiza de Oliveira - Luisa Tamaki Hirayama - Arsomina Orieta Vasquez Vilugron
Em 1988, um grupo de amigos dos livros divulgação de estudos relevantes em sua área.
coordenado por Guita Mindlin Em conjunto com outras instituições, a ABER ela-
e Thereza Brandão Teixeira fundou a ABER – borou o Código de Ética do conservador-restau-
Associação Brasileira de Encadernação e Res- rador e no momento participa do esforço para
tauro – para discutir questões sobre encader- que o Congresso Nacional regulamente as ativi-
nação, conservação e restauro de livros, com a dades de restauradores de bens culturais. Du-
finalidade de contribuir para a preservação da rante estes vinte anos, a entidade ministrou de-
memória nacional. Para solucionar o proble- zenas de cursos, palestras, seminários e
ma da falta de profissionais qualificados nessas workshops com especialistas renomados do País
áreas, a ABER iniciou em 1991 uma parceria e do exterior, contribuindo para a qualificação
com o SENAI para formar técnicos em conser- de centenas de profissionais que atuam em to-
vação e restauro de documentação gráfica. das as regiões do Brasil. Pretendemos mostrar
Em 1995, o convênio ganhou o suporte de no Painel a contribuição da ABER na preserva-
um moderno e bem-equipado laboratório. Atu- ção do patrimônio cultural e no desenvolvimen-
almente o programa SENAI-ABER oferece cursos to profissional balizado pela ética e pela respon-
de 603 horas de duração, cuja qualidade é am- sabilidade social. Esta é a missão da ABER: cui-
plamente atestada pelo mercado. Nossa associ- dar dos livros com amor, respeito e conheci-
ação hoje também colabora na conservação de mento por meio da conservação e preservação,
acervos públicos e privados e na produção e para o futuro conhecer o passado.

RECUPERAÇÃO DO ACERVO BIBLIOGRÁFICO


DA FUNDAÇÃO MUSEU DA IMAGEM E DO SOM
DE HENRIQUE FOREIS DOMINGUES “ALMIRANTE”
Adriana Ferreira da Silva Amaro - Rita Esteves
A Fundação Museu da Imagem e do Som do O Pôster que estamos propondo, diz res-
Rio de Janeiro possui um acervo diversificado e peito ao material bibliográfico desta Coleção e
relevante que inclui desde a memória do choro é objeto de um projeto aprovado pela FAPEJ,
às fotografias de Augusto Malta sobre o Rio coordenado por Célia Costa. Este material en-
Antigo, passando pela coleção de discos raros contrava-se desprovido de qualquer tratamen-
de Lúcio Rangel e pela coleção Henrique Foreis to biblioteconômico e em péssimo estado de
Domingues, o “Almirante”. Cantor, composi- conservação. Antes de iniciar os trabalhos, foi
tor, grande pesquisador da música popular bra- realizada uma análise técnica preliminar so-
sileira e um dos ícones do rádio brasileiro bre o valor intrínseco do acervo e escolhendo
(Radio Tupi e Rádio Nacional). A Coleção Almi- qual tratamento adequado de conservação.
rante constituiu um dos acervos museológicos O objetivo do projeto consiste em submeter
mais expressivos da cultura urbana brasileira. todo o acervo bibliográfico a uma conserva-
Este acervo, composto de livros, partituras, do- ção preventiva, acondicionamento, identifica-
cumentos textuais e instrumentos que perten- ção, inventário e catalogação, utilizando para
ceram a músicos famosos como João da tal, contratação de mão de obra especializa-
Bahiana, Braguinha e Noel Rosa, foi acrescido da. A recuperação da biblioteca Almirante pela
por doações de amigos e ouvintes. Fundação Museu da Imagem e do Som tem
O acervo possui ainda os famosos roteiros como finalidade principal, disponibilizar a um
de programas como “Incrível! Fantástico! Ex- amplo público, que abrange desde especialis-
traordinário!”, elaborados a partir das cartas tas, a estudantes e pesquisadores.
recebidas de seus ouvintes e guardados por Conservar este acervo significa não só sal-
Almirante com fins educacionais. A coleção vaguardar preciosas fontes de informação para
Almirante adquirida pela FMIS no ano 1964 é a cultura musical brasileira, mas dar continui-
fundamental para divulgação e preservação dade a um trabalho iniciado pelo próprio Al-
da memória musical brasileira. mirante.

A IMPORTÂNCIA HISTÓRICA DOS SELOS PENDENTES,


SUA CONSERVAÇÃO E ACONDICIONAMENTO
NO ACERVO DA BIBLIOTECA NACIONAL
Fernando Menezes Amaro - Thais Helena de Almeida
A Biblioteca Nacional preserva, documenta, para documentar a história em sua mais diver-
estuda e disponibiliza seu acervo documental sa especialidade. Convertido em testemunho,
e bibliográfico, suporte de informação e repre- o selo, é referência para estudos de algumas
sentação da memória. ciências como a diplomática, a arqueologia, a
O selo pendente, objeto deste trabalho, cons- heráldica, a genealogia, a numismática e a
titui um bem cultural e uma fonte de conheci- paleografia, sendo a sigilografia sua disciplina.
mento de extraordinária riqueza e importância Diversos materiais, técnicas e desenhos fo-
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
ram utilizados na prática de selar. Selos de acondicionamento dos selos pendentes, do
anel, de chapa, rodado, sinete e pendente, de acervo da Biblioteca Nacional é o objetivo des-
formatos quadrado, paralelogramo, redondo, te trabalho, com a preocupação constante de
oval, elíptico, triangular, de coração, dentre manter um equilíbrio entre a preservação e o
outros. acesso à pesquisa.
Objeto ao mesmo tempo figurativo e escrito, Os agentes de degradação de caráter físico-
o selo, foi utilizado ao longo da história, como mecânicos, como manuseio e instalações ina-
elemento essencial para a validação e autenti- dequados são provavelmente os que causam
cação de documentos, bem como símbolo de maiores danos aos selos, sobretudo os penden-
poder e identidade. tes, pela fragilidade de seus materiais. Os trata-
Durante a Idade Média até o século XIX, os mentos técnicos de conservação e acondicio-
selos pendentes foram fixados em documentos namento realizados foram desenvolvidos de
de pergaminho através de enlaces de diferen- acordo com a natureza e a forma do documen-
tes materiais (cordões de cânhamo, sedas e al- to com selos pendentes, criando padrões para
godão), garantindo sua validade. a sua guarda e racionalização do espaço de
A Divisão de Manuscritos da Biblioteca Na- armazenamento.
cional guarda um acervo de documentos com Os procedimentos de conservação, o inven-
selos pendentes que datam do século XV ao tário e os acondicionamentos desenvolvidos
XIX, sendo estes confeccionados em materiais especialmente para cada tipo de selo pendente
diversos como cera, chumbo, latão, papel, ouro serão disponibilizados em relatórios técnicos e
e prata. Trata-se de objetos vulneráveis que re- nos Anais da Biblioteca Nacional, que acom-
querem cuidados especiais. panham a conclusão do trabalho, facilitando o
A identificação, organização, conservação e acesso de pesquisadores.

CONSERVAÇÃO PREVENTIVA DO SETOR DE OBRAS RARAS EM


BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS: UM ESTUDO DE CASO COM A
BIBLIOTECA DA FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS DE MARÍLIA
Aline Gonçalves Sabes
Na sociedade contemporânea a Informação satisfatórias, devido à degradação química dos
atua como mola propulsora no desenvolvimen- materiais, do uso intensivo, do armazenamento
to econômico, gerencial e cultural das institui- incorreto, da ação de condições ambientais e da
ções. As Bibliotecas e/ou Centros de Informação falta de uma política de conservação.
têm como papel principal difundir o conheci- Dessa forma, a atual pesquisa propõe-se ana-
mento. As Bibliotecas Universitárias, como cen- lisar a conservação preventiva em bibliotecas
tro produtores de conhecimento, deveriam as- universitárias, enfocando especificamente a bi-
sumir uma política de preservação de acervos blioteca da Faculdade de Filosofia e Ciências
históricos, pois através desta documentação que (FFC) de Marília em seu setor de obras raras e/ ou
se desenvolvem pesquisas que trazem benefíci- especiais. Com essa abordagem, pretende-se
os para o futuro social e resgata a história cultu- formular uma proposta que seja viável a realida-
ral dos nossos antepassados. As informações de da instituição para a implantação de uma
contidas em acervos históricos que são de gran- política de preservação e conservação e avaliar
de importância para a memória estão prestes a a metodologia de raridade que a instituição utili-
desaparecer e não devemos deixar que esses za no setor de obras raras e/ou especiais. Para
documentos, em sua maioria manuscritos úni- isso, será adotado como procedimento
cos e raros, sejam destruídos pelo uso inade- metodológico, o estudo de caso, juntamente
quado, falta de preservação, pois é através dos com um levantamento bibliográfico para análi-
mesmos que resgatamos nossas histórias disper- se do desenvolvimento da preservação preven-
sas em fragmentos que estão a cada dia desapa- tiva em nosso país e como está posto para as
recendo, sem percebermos que é uma origem, bibliotecas universitárias, apoiando nas princi-
uma identidade que durante alguns anos pode- pais discussões da área e refletindo sobre a situ-
rá não mais existir, por isso, temos que proteger ação atual do setor de obras raras da biblioteca
esses documentos e preservá-los contra os fato- da FFC. Com isso, temos como resultados preli-
res intrínsecos e extrínsecos, conservando-os minares que o acervo de obras raras e/ou espe-
assim por um período de tempo mais duradou- ciais não possui um tratamento adequado, como
ro possível para que possam continuar sendo armazenamento e higienização, não possue cri-
acessíveis no futuro. Com isso podemos verifi- tério de raridade para inclusão dos documentos
car que, na maioria das bibliotecas universitári- no acervo, mostrando, portanto, a necessidade
as, as condições de conservação não são da realização de estudos desse tipo.

A IMPORTÂNCIA DA CONSERVAÇÃO
E PRESERVAÇÃO DAS FONTES DOCUMENTAIS
Salatiel Santos De Freitas - Márcia Maria Palhares
O homem sempre se preocupou em preser- livros ou códices, além de outros vestígios que
var para a posteridade seus escritos documen- conduz a compreensão do passado em forma
tados: suas ideias, fórmulas, teorias, leis, seja de rastros ou na forma de um mosaico, em que
em papiros, pergaminhos e principalmente em cabe ao pesquisador efetuar uma minuciosa
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
caminhada e a juntar pequenos fragmentos. E, to da massa documental, mas também nos leva
para palmilhar nas intrincadas manifestações pensar no suporte onde estes documentos se-
humanas é necessário dirigir-se às fontes, so- rão colocados. Nesta análise tais documentos
bretudo as documentais. No entanto estas fon- serão caracterizados como arquivos permanen-
tes e documentos exigem um processo de sele- tes e para com o trato dos mesmos é necessária
ção para manuseio, para se estabelecer a sua uma atenção no que concerne a sua conserva-
fidedignidade. Esta seleção cuja função esta li- ção e preservação usando também de diferen-
gada a arquivologia na análise de documentos tes meios, principalmente a restauração efeti-
tidos como de valor secundário, permite não vando o seu alongamento para a posteridade
só a sistematização no processo de recolhimen- como um bem a ser preservado.

O LABORATÓRIO DE CONSERVAÇÃO DO ACERVO:


UMA EXPERIÊNCIA NA BIBLIOTECA CENTRAL DA
UNIVERSIDADE DE UBERABA (MG)
Márcia Maria Palhares
Apresenta um estudo de caso sobre a ativi- ratório de conservação os serviços antes
dade de conservação do geral da Biblioteca terceirizados passaram a ser realizados pela
Central da UNIUBE. Com visitas técnicas em própria biblioteca. Utilizando materiais alter-
centros de conservação/restauração de livros nativos e materiais reciclados, reaproveitando
(papéis) documentos, teve-se a possibilidade o próprio material recebido, teve-se a possibi-
de aplicar as técnicas de conservação no acer- lidade de colocar em prática e dar andamento
vo geral da Biblioteca Central da UNIUBE, com aos serviços criando vantagens imediatas para
a criação e implantação de um pequeno labo- a Biblioteca e para os usuários.

CAMINHOS DA HISTÓRIA: UMA REFLEXÃO SOBRE A


CONSERVAÇÃO DO ACERVO DOCUMENTAL DE PARATY
Fátima A. de S. Justiniano - Clarice Muhlethaler de Souza
O objetivo do projeto “Caminhos da Histó- convênio de assistencia técnica firmado entre a
ria, sujeitos da Memória” era revitalizar e con- Universidade Federal Fluminense e o IHAP, teve
tribuir para o conhecimento histórico da cida- suporte financeiro de diversas instituições de
de de Paraty, no litoral sul fluminense, promo- fomento (FAPERJ, BNDES e Petrobras) e partici-
vendo a conservação e a acessibilidade à in- pação das áreas de arquivologia,
formação textual e iconográfica do acervo do- biblioteconomia e conservação. Pretende-se
cumental sob a guarda do Instituto Histórico e nesta comunicação dar uma visão geral do pro-
Artístico de Paraty (IHAP). jeto e enfatizar as decisões e procedimentos
O projeto inciou-se em 2003 com o adotados na área de conservação do acervo.

ACERVO ARQUITETÔNICO DO PALÁCIO QUITANDINHA


Marcelo Lima - Márcia Valéria de Souza
O objetivo do trabalho é descrever o trata- entre outras) em papel vegetal, Diezotipos,
mento de conservação, restauração e acondici- Héliocópias. O trabalho descreve todas as técni-
onamento realizado no acervo arquitetônico do cas utilizadas especificamente para tratamento
palácio Quitandinha. Construído por Joaquim de papel vegetal - limpeza, reintegração, planifi-
Rolla em 1944, em estilo rococó hollywoodiano cação, acondicionamento - assim como os ma-
e normando-francês para ser o maior hotel cassi- teriais utilizados para o seu tratamento, uma vez
no da América Latina. Com seus 50 mil metros que o tratamento de papel vegetal diverge de
quadrados, treze grandes salões com até dez outros por sua natureza e especificidades. Acer-
metros de altura, quatrocentos e quarenta quar- vo datado da década de quarenta, acondiciona-
tos e decoração de Dorothy Drape, recebeu visi- mento inadequado (porão do hotel) plantas do-
tas de grandes personalidades históricas como: bradas, rasgadas, registro de ataque biológico,
Getúlio Vargas e Evita Perón. O Quitandinha fungos, perda de suporte. Descrevemos todos
conta a história da época de ouro do rádio, dos os processos: remoção do acervo; identificação;
cassinos e das chanchadas. Acervo constituído tratamento de higienização; testes químicos; rein-
por cerca de seis mil plantas arquitetônicas do tegração; planificação; acondicionamento. Tra-
projeto de construção do hotel; plantas dos mais tamento do acervo baseado nas técnicas de
variados tipos (estruturas, fundação, decorativas Antonio Mirabile.

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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
Ciência da Conservação
MATERIAIS E TÉCNICAS PICTÓRICAS NO BRASIL DO SÉCULO XX:
LYGIA CLARK COMO ESTUDO DE CASO
Alice Goulart Heeren de Oliveira - Luiz Antônio Cruz Souza
A análise científica de obras modernas e con- eleita para um estudo de caso.
temporâneas brasileira é de vital importância para O objetivo desse trabalho é contribuir com o
o desenvolvimento da conservação da arte mo- conhecimento sobre materiais e técnicas pictóri-
derna e contemporânea no Brasil, além de de- cas no Brasil, através da identificação do uso e
senvolver subsídios fundamentais para o conhe- diversidade de materiais pictóricos utilizado pe-
cimento mais aprofundado dos materiais e téc- los artistas brasileiros, sendo o foco do estudo a
nicas utilizados pelos artistas. pintura no século XX.
Lygia Clark foi uma artista vital para o desen- Através de um levantamento bibliográfico e de
volvimento da arte brasileira. Nascida em Belo referência de obras analisadas pelo LACICOR-
Horizonte em 1920, foi orientada por grandes CECOR em parceria com a Associação Cultural
nomes como Burle Marx, Lèger e Dobrinsky. Sua O Mundo Lygia Clark, pode-se ter uma visão, ain-
tragetória da arte abstrata para a concreta e desta da que limitada, sobre a processo da artista, tanto
para a neoconcreta até uma arte participativa e em questões poéticas, históricas e dos materiais e
visceral de impacto internacional é de grande técnicas empregados em suas obras.
relevância para a história da arte brasileira como Questões envolvidas em diferentes fases da
um todo, mas também para a história do desen- obra da artista, como o papel da moldura na pin-
volvimento técnico no País. Suas mudanças es- tura; a relação arte e vida; relação com o eu, o
téticas se encontram alinhadas com suas mu- mundo e o outro; o artista como propositor; o
danças de materiais e técnicas pictóricas empre- espectador como co-autor; entre outras, são abor-
gadas ao longo de sua produção artística. dados sob o ponto de vista de diferentes teóricos
Ao longo dos últimos três anos foram feitos e críticos da arte moderna e contemporânea, além
estudos de materiais e levantamentos bibliográ- de serem traçados as mudanças de materiais e
ficos para estabelecer uma linha do tempo da técnicas envolvidas em cada uma dessas fases.
arte brasileira e analisar os principais artistas. Assim, se busca um panorama geral da obra da
Nesta fase do trabalho, a artista Lygia Clark foi artista tanto teórica como tecnicamente.

RECUPERAÇÃO DE INFORMAÇÃO VISUAL NO PROJETO GUIGNARD


Rodrigo Silva Oliveira - Thatyene Louise Alves de Souza Ramos -
Arnaldo de Albuquerque Araújo- Ana Paula Brandão Lopes - Camillo Jorge Santos Oliveira
A Pesquisa Guignard é um projeto protótipo online de recuperação de imagens
multidisciplinar iniciado em 2002 na Escola com base no conteúdo visual, aplicado à Pes-
de Belas Artes da UFMG com a intenção de quisa Guignard. A abordagem utilizada neste
organizar um amplo acervo sobre Alberto da trabalho consiste na recuperação das obras
Veiga Guignard (1896 – 1962), renomado pin- através de imagem exemplo e de detalhes re-
tor da arte moderna brasileira, assim como re- correntes nas obras de Guignard.
alizar um estudo aprofundado de sua obra. A recuperação das obras tendo como con-
Com a grande quantidade de dados armaze- sulta uma imagem exemplo foi implementada
nados, surge a necessidade da criação de mé- através do algoritmo CCV (Color Coherence
todos para recuperação da informação. Atual- Vectors), no qual são gerados descritores ba-
mente, essa recuperação é feita com base no seados nas características de cor e sua distri-
conteúdo textual (nome da obra, data, técnica buição espacial nas obras.
utilizada e outros), associado às imagens que A consulta por intermédio de detalhes está
compõem o acervo. Entretanto, sabe-se que a sendo implementada através do algoritmo SIFT
recuperação de imagens por conteúdo textual (Scale Invariant Feature Transform), no qual
é bastante limitada, principalmente pelo fato de são extraídos descritores baseados em pontos
que a classificação de alguns detalhes pode ser invariantes à escala, rotação, translação e par-
subjetiva e que é necessário um conhecimento cialmente invariantes a alterações na ilumina-
prévio do usuário ao pesquisar uma obra. ção ou projeção 3D.
Para facilitar e tornar mais intuitiva essa pes- Em ambos os casos, os descritores são ex-
quisa, é de interesse do projeto que haja uma traídos das imagens em um etapa offline e
maneira de recuperar imagens com base em armazenados em um banco de descritores.
seus conteúdos visuais (cor, detalhes, forma, No protótipo de recuperação online, a ima-
imagem exemplo e outros). gem dada como chave de pesquisa tem seu
A recuperação de informação visual é um descritor comparado com os descritores das
novo tema de pesquisa na tecnologia de infor- imagens que compõem a base. O resultado
mação. Sua proposta é recuperar, de uma base da busca é a exibição das imagens ordena-
de dados, imagens ou sequências de imagens das por semelhança com a imagem chave.
que são relevantes para uma consulta. É uma Além disso, está sendo elaborada uma estra-
extensão da recuperação de informação tradi- tégia de avaliação subjetiva dos resultados
cional projetada para incluir dados visuais. envolvendo pessoas da comunidade acadê-
Neste trabalho, está sendo desenvolvido um mica.
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
RAIOS DE PRATA SOBRE UM LUAR – UM VESTIDO DE 1808
Claudia Regina Nunes
Este trabalho relata a trajetória de um vesti- branca que o tecido do véu de sacrário, via-se
do estilo Império (francês 1789- 1820), per- nitidamente que havia sido cortada, inclusive
tencente ao Instituto Feminino da Bahia – apresentando o corte redondo de onde havi-
Museu do Traje e do Têxtil. Confeccionado am retirado o tecido para fazer a topo do véu
em algodão indiano e bordado com fita de de sacrário.
prata, acreditamos que em algum momento O desafio de devolver o vestido a sua for-
no século XX, este vestido devido à sua bele- ma original, e as descobertas que foram feitas
za, teve a sua barra cortada e transformada em durante o processo de restauração, serão des-
véu de sacrário, o qual foi encontrado em critos, pois embora as indumentárias do estilo
1998, pela Diretora do Instituto Feminino da Império possuam um corte muito simples, des-
Bahia, Ana Lúcia Uchoa Peixoto. Devido à cobrimos que este havia sido desmontado e
rara beleza do bordado realizado em fios de remontado anteriormente. Entretanto, como o
prata e pela qualidade do tecido, vimos que se tecido mantém sua memória, conseguimos
tratava de uma peça especial. O véu de sacrário desvendar com êxito este mistério. O vestido
foi retirado de uso e guardado ( o Instituto pos- também é uma peça rara , pois existem pou-
sui uma capela em suas dependências). cos exemplares do mesmo período no Brasil (
Em 2006 durante o projeto de montagem talvez apenas 6), denotando a relevância da
da reserva técnica da coleção de roupas bran- sua recuperação. Atualmente, o vestido pode
cas do Instituto, a parte de cima do vestido foi ser apreciado nas galerias do Museu do Traje
encontrada. Embora esta parte estivesse mais e do Têxtil em Salvador – Bahia.

PLANO DE MANEJO PARA A CONSERVAÇÃO PREVENTIVA DO


ACERVO DE INDUMENTÁRIA DO MUSEU-CASA DE RUI BARBOSA
Isamara Lara de Carvalho
Em 2006 teve início, na Fundação Casa de Rui constituídos de outros materiais e que foram o
Barbosa, um programa de bolsas para profissio- objeto de estudo da etapa de trabalho seguinte.
nais na área da cultura em convênio com a FAPERJ. O projeto foi realizado segundo um
Entre os projetos contemplados pelo programa, cronograma de quatro etapas no período de nove
está o Plano de Conservação Preventiva do Mu- meses, conforme segue:
seu Casa de Rui Barbosa1, que é um projeto Etapa 1 – Diagnóstico preliminar e
multidisciplinar iniciado em 1997 e que compre- interdisciplinar de conservação do Museu-Casa
ende três subprojetos, que envolvem o bem imó- de Rui Barbosa
vel (edifício do museu) e os bens móveis: a biblio- Etapa 2 – Levantamento de dados sobre a cole-
teca de Rui Barbosa e o acervo museológico, cujo ção de indumentária têxtil.
título é Elaboração de plano de manejo para a Resultados: Levantamento histórico,
conservação preventiva do acervo do Museu iconográfico e topográfico. Análise comparativa
Casa de Rui Barbosa2 e sobre o qual trataremos com acervos semelhantes. Levantamento de bi-
neste trabalho. bliografia específica.
O acervo do Museu Casa de Rui Barbosa com- Etapa 3 – Elaboração de diagnóstico do estado
preende cerca de 1500 peças, entre peças de de conservação.
mobiliário, objetos decorativos e de uso pessoal, Resultados: ficha-modelo de diagnóstico. Glos-
cerâmicas, porcelanas, peças de indumentária e sário técnico. Diagnóstico do estado de conser-
viaturas. Tais objetos são constituídos de materi- vação e das causas de deterioração. Documenta-
ais os mais diversos e, por fazerem parte de uma ção fotográfica.
casa-museu, encontram-se expostos em seus lo- Etapa 4 – Proposta de um plano de manejo
cais originais, cada um com características para a coleção.
ambientais variadas. 1.Recomendações para o manuseio
Considerando-se a implantação do sistema de seguro de objetos têxteis
controle ambiental3 nas salas onde se encontra a 2.Recomendações para armazenagem –
biblioteca de Rui e o projeto de manutenção acondicionamento e guarda
conservativa do edifício, propôs-se a criação de 3.Recomendações para exposição
um plano de manejo para o acervo com o objeti- 4.Metas a curto, médio e longo prazos
vo de elaborar diagnóstico do estado de conser- 5.Cronograma de conservação.
vação e estratégias de conservação preventiva,
levantar bibliografia específica, criar um centro Metodologia: sob orientação dos profissionais
de referência para conservação preventiva em da casa, foram realizados estudos em campo do
museus-casa e difundir seus resultados, bem museu e de seu acervo, estudos teórico-
como preservar o acervo para acesso pelas futu- metodológicos, pesquisas no arquivo institucional
ras gerações. e do museu, pesquisas em instituições de referên-
Dentro desse subprojeto, iniciou-se com a ca- cia, visitas a museus de acervo semelhante e en-
tegoria indumentária têxtil. O termo indumentária trevistas com profissionais da área, além do traba-
têxtil, apesar de parecer redundante, designa as lho direto com as peças para a realização do diag-
peças de vestuário elaboradas em tecidos diver- nóstico.
sos, em oposição aos acessórios de Indumentária, Conclusão: a coleção de indumentária têxtil
70
Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
apresenta-se como a mais frágil dentro do acer- apontadas como suas maiores causas. Como
vo do museu, tendo em vista sua alta susceptibi- soluções de preservação, indicamos, basicamen-
lidade aos agentes de deterioração. Entre os fato- te, alterações no sistema de guarda e acondicio-
res externos, as altas taxas de temperatura, umi- namento das peças com restrições de manuseio
dade, iluminação e poluição do ar podem ser e exposição.

CRITÉRIOS ÉTICOS DE INTERVENÇÃO EM BÍBLIA DO SÉC. XVIII


Fernanda Mokdessi Auada - Cristina Sanches Morais -
Ellen Maganini - Lígia da Silva Camillo, restauradora de encadernação
Pretendemos abordar a discussão ética quan- temporâneas, denotando que foram realizadas
to ao grau de intervenção em uma bíblia em diferentes épocas. Por sobre algumas das
publicada no séc. XVIII, considerando-se os pre- intervenções em papel de trapo e vegetal há
ceitos da menor intervenção possível e manu- retoques quase imperceptíveis, de tão condi-
tenção do máximo das características originais. zentes com o texto ou gravura original.
A bíblia é datada provavelmente de 1723 (a O desafio que a obra nos trouxe foi decidir
região da década sofreu ataque de insetos), em por qual intervenção realizar e em que grau, para
papel de trapo verjurado, impressão tipográfi- que se mantivesse o máximo possível das carac-
ca e com página de rosto impressa em preto e terísticas originais, uma vez que tal obra pedia
vermelho. Possui uma calcografia antes da pá- atitudes mais interventivas: por conta da neces-
gina de rosto. As capas - em raro bom estado - sidade de desmonte e tratamentos aquosos para
são de madeira revestida em pleno pergami- o miolo, sacrificaria-se a encadernação e toda
nho tingido e gofrado. Como decoração e pro- sua estrutura original basicamente íntegra. Por
teção, cabochons em metal nos quatro cantos outro lado, o miolo apresenta danos considerá-
e no centro, nas capas frontal e final. Há dois veis de degradação, sobretudo pelos danos cau-
fechos em metal decorado na goteira, em per- sados pela umidade (concentração de sujeira,
feito funcionamento. rasgos e deformações) e intervenções inadequa-
A lombada exterior está rompida em toda a das (escurecimento, adesivos ácidos, etc.).
lateral direita, permitindo observar que a costu- Discussões entre a equipe e o proprietário
ra – original – apresenta-se íntegra na grande foram realizadas para definir como tratar efici-
maioria dos cadernos, a lombada interna pos- entemente a obra sem sacrificar sua originali-
sui as nervuras e reforços em pergaminho, ori- dade, definindo-se: higienizar, remover local-
ginais da época e em perfeito estado de conser- mente as intervenções anteriores e proceder
vação. Os cabeceados são bordados em linha imediatamente às reconstituições do suporte
branca e azul. com papel japonês, cola de amido e secagem
Há vestígios de intervenção anterior em cou- com espátula térmica para evitar o surgimento
ro na lombada externa e no festo - entre a guar- de manchas e deformações. As manchas de
da aderida e volante há uma tira (“carcela”) de umidade permanecerão.
tecido grosso. Apenas os primeiros e últimos cadernos serão
Todo o bloco do miolo sofreu danos por umi- soltos, aproveitando-se o rompimento da costu-
dade, tendo manchas escurecidas que ocupam ra, para tratamento aquoso, pois são as folhas em
cerca de 1/3 da dimensão de cada folha, em pior estado de conservação, com a degradação
todas as folhas. Há diversas intervenções ante- mais intensa. Cadernos provisórios com mesmas
riores, sobretudo no limite das manchas de umi- dimensões ficarão no lugar dos que estiverem
dade, onde existe maior concentração de sujei- sendo tratados, para evitar deformações. A enca-
ra e degradação. As intervenções foram realiza- dernação será restaurada, passando pelas etapas
das em papel vegetal – já bastante amarelecido de limpeza minuciosa realçando a decoração
-, de trapo e com etiquetas autoadesivas con- gofrada, e reconstituição da lombada.

LABORATORIO DE CONSERVACION PREVENTIVA Y RESTAURACION


DE COLECCIONES EN PAPEL DE CNEA.- INTERACCION CON LA
PLANTA DE IRRADIACIÓN, INFORMÁTICA Y LOS LABORATORIOS
RELACIONADOS.
Ana Maria del Carmen Calvo - Maria Elisa Gonzalez
En el año 2000 en el Centro Atómico Ezeiza En el año 2001 y a partir del Curso de
(CAE) se comenzaron tareas de investigación Conservación de Colecciones en Papel organi-
para comprobar la factibilidad de realizar zado por el ICCROM en el CNCR de Santiago de
tratamientos con rayos gamma en documentos Chile, donde además del enriquecimiento
y libros infectados con hongos para su posterior profesional y la hermandad latinoamericana que
restauración, cambio de soporte y uso normal. se estableció entre los asistentes, se observaron
Los primeros estudios formaron parte de la los importantes resultados del trabajo en equipo
Tesis de Maestría en Conservación Preventiva de todos los miembros del Centro Nacional de
de Soportes de la Información dictada en la Conservación, en la tarea de conservación del
Universidad del Museo Social Argentino entre Patrimonio, tanto Nacional como Internacional.
1998 y 2001. Esos ensayos tanto químicos como Esta fue una importante motivación para que el
físicos y mecánicos dieron resultados muy alen- Laboratorio de Conservación y Restauración de
tadores. Colecciones en Papel, ubicado en el Centro
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
Atómico Ezeiza, base sus actividades en el - Publicaciones periódicas de la Biblioteca del
trabajo de equipo y la profunda interacción con Centro Atómico Constituyentes que habían
la Planta de Irradiación Semi Industrial, sufrido una inundación estival
Informática y los laboratorios dedicados al - Documentos de otras instituciones de gran
desarrollo de aplicaciones de la tecnología de valor histórico.
irradiación. Así, cuando el material a restaurar En un caso en particular los documentos
está afectado por contaminación biológica se habían estado sumergidos largo tiempo en un
procede a la descontaminación en la planta de sótano inundado. Estos documentos estaban
irradiación. Se cuenta con el apoyo del guardados en folios plásticos y muchos de ellos
laboratorio de Microbiología para establecer las tenían ganchos metálicos. Los hongos habían
dosis a aplicar en la irradiación del material según coloreado los papeles tornándolos azules o vio-
el agente etiológico que afecte a los documen- leta. Fue una tarea realmente ciclópea la de su
tos o libros a tratar y del laboratorio de Polímeros tratamiento y restauración, pero pudo resolverse
para evaluar el efecto del radiotratamiento sobre con responsabilidad y satisfactoriamente gracias
los materiales, estableciendo si es posible su a que fue hecha en equipo.
aplicación. - Se irradiaron además 7 cajas de
Una vez descontaminado el material, el publicaciones periódicas que llegaron desde
Laboratorio de Conservación Preventiva puede Estados Unidos y Europa por correo postal,
trabajar realizando la tarea de restauración so- luego de los hechos acaecidos el 11 de
bre los fondos tratados sin riesgos para la salud septiembre del 2001 en Estados Unidos. Aquí el
de su personal y el posterior cambio de soporte. motivo de la irradiación fue el tratamiento pre-
De este modo se han tratado colecciones ventivo ante una posible contaminación
propias de documentos valiosos e históricos: microbiológica intencional del correo postal.
- Boletines de la Administración Publica de Debe destacarse que los ejemplares irradia-
CNEA (BAP), infectados con hongos a causa de dos se encuentran en uso y en perfectas
mojadura accidental. condiciones.

AZULEJO HISTÓRICO: BUSCA DA TEMPERATURA


DE QUEIMA A PARTIR DA MINERALOGIA DO BISCOITO
Cristiane Pereira da Silva
O presente trabalho trata da caracterização da superfície, possibilitando a identificação
da composição mineralógica do biscoito de de praticamente qualquer elemento presente
azulejos antigos dos séculos XIX e XX, na amostra.
coletados em Belém, fabricados em Portugal, Nas duas amostras alemães analisadas, a
França e Alemanha, pertencentes à coleção composição mineralógica é quartzo,
da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da cristobalita, mullita e tridimita, a presença des-
UFPA, visando à identificação da sua prová- tes equivalentes minerais indicam matéria-pri-
vel matéria-prima e a possível temperatura de ma composta basicamente de caulinita e quart-
queima. zo. O quartzo está presente em 15 das 16 amos-
Para a caracterização mineralógica foi uti- tras portuguesas, as demais composições são:
lizado difratômetro pertencente ao Laborató- tridimita, anortita, calcita, diopsídio, gehlenita,
rio de Raios-X do Instituto de Geociências, de wollastonita, cristobalita, mullita, albita, e
marca Philips, modelo PW 3710 básico, equi- epídoto. Na amostra francesa foram identifica-
pado com ânodo de cobre. Foram pulveriza- dos quartzo, cristobalita e mullita.
dos pequenos fragmentos do biscoito dos Além dos resultados mineralógicos obtidos
azulejos, totalizando 19 amostras para mon- através da difração de raios-X, foram encon-
tagem de lâminas que posteriormente foram trados fragmentos interpretados como outros
analisadas (método do pó). Os registros são possíveis minerais através das análises de
realizados no intervalo de exposição, por MEV/SED na parte cerâmica (biscoito) de al-
exemplo, de 5° a 65° 2è em amostra total e gumas amostras, tais como: rutílo ou anatásio,
3° a 36° 2è em amostra orientada; estes in- álcali-feldspato, zircão, hematita, e monazita,
tervalos podem variar dependendo do obje- ilmenita e k-feldspato.
tivo da análise. Para o método do pó, utiliza- Foi possível dividir as amostras em três gru-
se o software APD (PHILIPS) para tratamento pos, em função da provável matéria-prima e
digital dos registros obtidos e o software X’ temperatura de queima: grupo 1 - caulinita e
Pert HighScore. Outro método utilizado foi a quartzo, com temperatura variando entre
Microscopia Eletrônica de Varredura com sis- 1200º e 1728º C; grupo 2 - quartzo, caulinita,
tema de análise por dispersão de energia calcita e/ou dolomita e óxido ou hidróxido
(MEV-EDS), MEV é um equipamento utiliza- de ferro, neste grupo a temperatura variou
do para a obtenção de informações texturais entre 900º e 1200ºC; grupo 3 - quartzo,
entre fases minerais de uma grande varieda- argilominerais (provavelmente caulinita),
de de amostras no estado sólido, ocorre ain- calcita e/ou dolomita e hidróxido ou óxido
da a emissão de raios-X que irão fornecer a de ferro, temperatura com variação entre
composição química de um ponto ou região 1200º e 1565º C.

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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
CLASSIFICAÇÃO AUTOMÁTICA DE IMAGENS
DO ACERVO DE OBRAS DE CANDIDO PORTINARI
Daniel Pacheco de Queiroz- Antônio da Luz Júnior - Arnaldo de Albuquerque Araújo
Métodos eficientes de busca por imagens esta foi utilizada como referência para
são cada vez mais necessários e importantes. quantificar a eficiência da classificação auto-
Sistemas capazes de realizar a tarefa de Recu- mática. Após esta etapa, foi realizada pesquisa
peração de Imagens Baseado em Conteúdo para identificar quais são os principais méto-
(CBIR) são a solução ideal para o problema de dos utilizados para a extração de atributos visu-
busca por imagens de interesse em grandes ais, considerando os aspectos de cor e textura.
bases de dados. Com isto é possível recuperar Dado o problema da alta-dimensionalidade de
imagens utilizando uma descrição do conteú- atributos a serem analisados, foi adotada uma
do desejado. A classificação de imagens é uma abordagem para seleção de atributos mais rele-
das etapas fundamentais do CBIR. A qualida- vantes. Foram implementados os algoritmos
de da classificação está diretamente associada necessários para a extração dos atributos visu-
à relevância dos resultados obtidos. Para uma ais, classificação de dados e seleção de atribu-
boa classificação é necessário conhecer os tos determinantes e, também, rotinas para ma-
atributos que melhor descrevem as categorias nipulação das imagens e interfaces para acesso
de dados existentes. a base de dados onde as informações extraídas
Este trabalho visa identificar um conjunto foram armazenadas.
de atributos, capazes de discriminar as técni- O principal resultado a obtido com este tra-
cas utilizadas na criação das 5.000 obras que balho foi de mostrar a relevância da seleção
compõem o acervo de Candido Portinari. Com de atributos para uma classificação automáti-
isto, pretende-se auxiliar no processo de clas- ca de imagens eficaz e eficiente. Um protótipo
sificação e recuperação de imagens na base de classificador também foi criado, podendo
de dados desse acervo. ser aperfeiçoado e utilizado para auxiliar na
Inicialmente foi necessário capturar as ima- classificação de uma possível redigitalização
gens e manter a classificação já existente, pois das imagens.

NÚCLEO DE CONSERVAÇÃO E
RESTAURAÇÃO DO MUSEU DE ARTE MURILO MENDES
Aloisio Arnaldo Nunes de Castro - Lauro Luiz Batista Bohnenberger -
Leonardo Alexander Venuto Souto - Valtencir Almeida dos Passos
O Laboratório de Conservação e Restaura- de suporte, reintegração estética e acondiciona-
ção de Pintura e Escultura e o Laboratório de mento técnico. Realizam ações de Conservação
Conservação e Restauração de Papel têm Preventiva por meio da melhoria das condições
como objetivo principal a formulação de polí- de manuseio, utilização, técnicas de exibição
ticas de preservação do acervo bibliográfico, das coleções e armazenagem do acervo em Re-
documental e de artes plásticas alocados no serva Técnica. Desenvolvem programas de trei-
Museu de Arte Murilo Mendes. namento profissional com oferta de estágios su-
Utilizando-se de procedimentos técnicos e pervisionados aos acadêmicos da UFJF, além da
metodologia científica, os Laboratórios pro- prestação de serviços para coleções públicas e
movem medidas que visam à estabilização particulares.
do processo de deterioração das coleções, A equipe profissional dos Laboratórios vem
prolongando a vida útil e a qualidade de aces- mantendo-se atualizada quanto aos critérios
so às informações inerentes aos bens cultu- éticos, estéticos e científicos assinalados no
rais da instituição. campo da Ciência da Conservação e restaura-
Os Laboratórios possuem instalações e equi- ção de Bens Culturais, por meio de desenvol-
pamentos técnicos aplicados aos processos de vimento de trabalhos, pesquisas, participação
conservação e restauração como: diagnóstico, em cursos, congressos e demais eventos da
higienização, tratamento químico, reconstituição área técnica.

SÃO MANUEL: CONSERVAÇÃO - RESTAURAÇÃO DE UMA


ESCULTURA EM MADEIRA DOURADA E POLICROMADA
Keli Cristina Scolari
O trabalho de restauro foi um pré-requisito A metodologia foi pesquisa histórica, levan-
para conclusão do 16a Curso de Especializa- tamento fotográfico e gráfico; analise do estado
ção em Conservação e Restauração de Bens de conservação e intervenções anteriores;
Culturais Móveis – CECOR, supervisão da hagiografia; iconografia; análise formal/estilística
Prof.a Maria Regina Emery Quites onde exe- e realizados exames técnico-científicos.
cuto a restauração da escultura de São Manu- TRATAMENTO REALIZADO
el, em madeira dourada e policromada, sendo -Fixação emergencial, cola de coelho a 5%.
composta de três peças; a imagem principal -Exames com luzes especiais, exames
com resplendor (73 x 54 x 24 cm) e o anjo (23 estratigráficos, cortes estratigráficos, Raio X.
x 16,5 x 14,3 cm). Ela pertencente ao Museu -Limpeza mecânica e química com TTA
Regional de Caeté, Minas Gerais. (Substituto de saliva) nas áreas que a
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
policromia não era à base de água e aguarrás mento foi com microretifica e lixa.
nas áreas que a policromia era a base de água. –Anjo - Os dedos não foram
-Fixação da policromia com cola de coelho complementados. A consolidação da asa es-
a 10% e em certos lugares que esta cola não querda com PVA +água (2:1)
foi eficiente foi utilizado o adesivo PVA+ Ál- – LIMPEZA POLICROMIA - Sabão de resina
cool Etílico + Toluol (1:3:7) . para a carnação da imagem principal e do anjo;
-Limpeza dos metais – microretifica, escova a agarrás para o perizonium, cabelos, asas e o
de aço e lixa Recebendo uma camada de pano do anjo.
Paraloid B48 para proteção. – NIVELAMENTO - Massa de cola de coe-
CONSOLIDAÇÃO DO SUPORTE lho a 10% + carbonato de cálcio. Na imagem
- Imagem principal – Cunha da base utili- principal e anjo foi feito nivelamento total e no
zou-se cola de carpinteiro a 10%. resplendor foi feito nivelamento de borda.
– Resplendor – As partes faltantes não fo- – REINTREGRAÇÃO CROMÁTICA – Antes
ram confeccionadas. da reintegração foi aplicada uma camada de
- As pontas e a circunferência menor foram paraloid B72 a 2,5% em Xilol para saturar co-
enrijecidas com uma camada de Paraloid B72 res que se apresentavam embaçadas. A reinte-
a 5% de Acetona e Etanol e uma camada de gração foi feita com aquarela utilizando o
Paraloid B72 a 10% de acetona e etanol. pontilhismo.
- Após testes escolheu-se para a interface Paraloid – CAMADA DE PROTEÇÃO - Áreas com
B72 a 10% em xilol e foi escolhida uma parte de brilho acetinado foi aplicado Paraloid B72 a
resina epóxi, para uma parte de endurecedor (1:1) 10% em xilol + 3% de cera microcristalina e
para a consolidação das pontas. as com mais brilho foi aplicado Paraloid B72 a
- Foram confeccionados bastões de ma- 10% de Xilol.
deira maciça (Pau-roxo) assim dando supor- – MONTAGEM DO RESPLENDOR - Fixa-
te a resina epóxi e estes foram fixados com ção dos raios, cola PVA pura e parafusos gal-
PVA puro e receberam uma camada de vanizados; os parafusos receberam uma ca-
interface. Após a aplicação da resina epóxi mada de Paraloid B48 e reintegração com
no preenchimento das ponteiras o acaba- tinta Lefranc e Bourgeuis.

Conservação Preventiva

RELATO DAS ATIVIDADES DE SALVAGUARDA DO ACERVO


PROVENIENTE DA MASSA FALIDA DO BANCO SANTOS: SALVAMENTO
EMERGENCIAL E PRESERVAÇÃO
Alessandra Andrade França Barbosa - Thais da Cunha Gomes
Em 2005, o Instituto de Estudos Brasileiros sim, optou-se pela utilização da radiação gama,
(IEB) da Universidade de São Paulo foi nomea- tratamento rápido e eficiente na eliminação dos
do pelo Tribunal de Justiça Federal de São Pau- agentes biológicos responsáveis pela deterio-
lo para guarda provisória de parte do acervo ração das obras da literatura de cordel e matri-
pertencente ao Banco Santos. zes de xilogravuras, material mais afetado pela
O IEB formou uma equipe técnica para o sal- inundação. Para tanto, realizou-se uma parce-
vamento emergencial com o objetivo de identifi- ria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e
car a documentação a ser adquirida. Nesta fase, Nucleares (IPEN) para execução do tratamento
que ocorreu ainda no galpão utilizado como radioativo, definindo dosagens suficientes para
reserva técnica, identificou-se como núcleos de a descontaminação das obras e que não pro-
interesse: os acervos de cartografia histórica, lite- vocassem alterações nas propriedades funcio-
ratura de cordel e matrizes de xilogravuras. nais dos materiais processados.
Este acervo encontrava-se em estágio avan- Em paralelo, elaborou-se um projeto para cap-
çado de deterioração, pois o galpão em que es- tação de recursos para a preservação dessas
tava armazenado havia sido atingido por uma obras, o qual foi contemplado no ano de 2006
inundação em maio de 2005. O aumento da pelo Programa Caixa de Adoção de Entidades
umidade local aliado a um acréscimo da tempe- Culturais da Caixa Econômica Federal, progra-
ratura tornou propícia a proliferação de micror- ma de apoio a projetos de instituições culturais
ganismos e animais xilófagos. Demandava-se a relacionadas ao patrimônio cultural brasileiro.
adoção de medidas de salvamento imediatas, O projeto financiou a conservação, a restaura-
contudo as condições singulares impediram que ção e o reacondicionamento das impressões e
se adotasse os procedimentos de emergência das matrizes de cordel, atividades realizadas
prescritos pela literatura - durante o salvamento de janeiro de 2007 a janeiro de 2008.
não havia água, energia, o acesso era restrito e o Com a finalização desse processo, a instituição
tempo de salvamento limitado. atuará na comunicação e extroversão da cole-
Após a chegada do acervo no IEB, foi neces- ção, que incorporada ao acervo de literatura de
sário definir os procedimentos a serem adotados cordel já existente no IEB tornará o mesmo um
para sua descontaminação, inclusive para ga- dos mais significativos em quantidade de títulos
rantir a proteção da saúde dos profissionais da sobre o assunto no Brasil, patrimônio de funda-
equipe. As alternativas mais comuns não se mental importância para a cultura nacional.
mostraram viáveis e efetivas nos pré-testes, as- Pretendendo relatar a experiência de salva-
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
guarda do Acervo de Literatura de Cordel do um estudo de caso, relatar uma das nossas pri-
Banco Santos, a presente comunicação baseia- meiras experiências com a preservação de bens
se no trabalho de estagiárias do Serviço de Con- culturais, considerando o estágio universitário
servação e Restauro do IEB, e, portanto repre- como uma experiência propícia para o desen-
senta a visão daqueles que estão iniciando sua volvimento do conhecimento multidisciplinar
formação na área. Nossa proposta é, através de da profissão.

NÚCLEO DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E


CULTURAL DA UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
Maria Dolores Alves Cocco
A Universidade de Taubaté reconhecendo exemplares ímpar de arquitetura de terra: o So-
a importância de uma política de preservação lar da Viscondessa do Tremembé e o Comple-
e restauração do patrimônio histórico e cultu- xo da Capela do Bom Conselho, edificações
ral do Vale do Paraíba criou em 1996 o Nú- que representam a reflexão técnico-histórica
cleo de Preservação do Patrimônio Histórico sobre as intervenções tecnológicas que ocorre-
e Cultural – NPPC vinculado a Pró-reitoria de ram ao longo dos anos nesta região “da taipa
Extensão e Relações Comunitárias. de pilão ao concreto armado”.O projeto de pre-
As atividades do NPPC têm por objetivo for- servação desta arquitetura de terra elaborado
mar agentes multiplicadores para atuarem na pelos alunos do Curso de Arquitetura e Urba-
área de preservação dos bens culturais e nismo da UNITAU, constitui-se num repertório
ambientais propiciando a integração de proje- acadêmico relevante à compreensão do pro-
tos universitários com a comunidade e a soci- cesso histórico e às políticas de desenvolvimen-
edade no Vale do Paraíba: região brasileira si- to do ambiente construído desta região, aju-
tuada entre a cidade de São Paulo e do Rio de dam na formação e capacitação de mão-de-
Janeiro que concentra a maior parte do obra, responsabilidade que a Universidade tem
patrimônio histórico construído do Estado de assumido como exemplo de um compromisso
São Paulo.Entre este patrimônio possuímos dois social com a região do Vale do Paraíba.

PATRIMONIO - MUSEOLOGIA - FORMACION - UNIVERSIDAD


Gabriela Morales Larraya
El Patrimonio Cultural uruguayo es de la fecha, además de haber dado inicio al
gestionado y salvaguardado por instituciones proceso de creación y desarrollo de la UNAMP
que no presentan relación directa y orgánica son: la organización de una primera base de
con la Universidad de la República Oriental del datos universitaria referente al Patrimonio Cul-
Uruguay [UdelaR]. Estas instituciones son tanto tural del país y a su Conservación, el
de carácter público, gubernamentales o no, establecimiento de vínculos con las
como de carácter privado. Instituciones nacionales que se relacionan con
Por otra parte la Universidad no cuenta con este tema y la producción del posible diseño
ningún espacio o estructura académica que que esta unidad requeriría para su actividad
estudie e investigue el conjunto de bienes futura.
culturales del país y su conservación en forma Una de las conclusiones a destacar, luego de
sistemática si bien existen, desde hace tiempo, esta primera etapa de trabajo, es la identificación
trabajos puntuales relacionados con algunos de una situación problema de base: no están
casos o áreas particulares. Nuestra Universidad integrados en el imaginario académico,
tampoco presenta oportunidad alguna de gubernamental y de los demás actores
formación en temas relacionados con el involucrados los conceptos de Museología y
Patrimonio o a la Museología. Patrimonio. Se les sigue considerando como
Es así que desde el año 2005 se trabaja en dos campos diferentes y con escasa, y hasta a
pos de la creación de una Unidad Académica veces nula vinculación.
de Museología y Patrimonio [UNAMP], a partir Básicamente se ha trabajado en el
de un proyecto de Investigación y Desarrollo relevamiento de los bienes patrimoniales del
aprobado y financiado por la Comisión Sectorial país, de las instituciones que los administran y
de Investigación Científica de la UdelaR. de los museos y sus colecciones, con especial
Lo que se pretende exponer en esta atención al estado de su conservación. Se
oportunidad es una relatoría de lo actuado en confirmó la hipótesis de la necesidad de que
el referido proyecto, así como el trabajo que se exista en la institución universitaria un espacio
realiza en la actualidad, una vez finalizado el dedicado a estos temas que sea capaz de unifi-
mismo. La intención es mostrar los resultados car los trabajos que se realizan en diferentes
obtenidos en el desarrollo del proyecto así facultades, que sea visible y reconocible tanto
como también las acciones que se siguen reali- para la Universidad como para todos los demás
zando para poder dar forma y consolidación a actores sociales del país, y que se dedique a
la UNAMP con el fin de poder comenzar, a proyectar la formación de profesionales en esta
mediano plazo, actividades de formación e disciplina; cumpliendo así con todas las funci-
investigación en el tema. ones universitarias: docencia, investigación y
Los principales resultados obtenidos al día extensión.
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Caderno de Resumos | Congresso Abracor 2009
Ética e Responsabilidade Social

PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA HISTORIOGRÁFICA


E LITERÁRIA BRASILEIRA: CONSERVAÇÃO DA COLEÇÃO
ESPECIAL SERGIO BUARQUE DE HOLANDA,
BIBLIOTECA CENTRAL CÉSAR LATTES - UNICAMP
Tereza Cristina Oliveira Nonatto de Carvalho
Trabalhar com o patrimônio cultural faz nos possibilitado trabalhar com os acervos especi-
acreditar que nossas atitudes são fundamen- ais da Biblioteca Central César Lattes na ques-
tais para que possamos contribuir com a tão da conservação preventiva, visando à pre-
capacitação profissional e orientação dos pa- servação e consequentemente sua utilização
drões de conduta individual e coletiva que as- pela comunidade. Os alunos selecionados
segurem a preservação de nossa herança cul- para atuar conosco no projeto trabalham no
tural. Todas as instituições (públicas ou priva- mini laboratório de conservação da Biblioteca
das) responsáveis pela guarda da memória de- Central César Lattes onde são orientados e trei-
veriam ter uma preocupação constante com a nados pelos técnicos que atuam na área. Ao
preservação de seus acervos. final do estágio, os alunos são capazes de di-
Pensando assim é que desde 2006 partici- agnosticar as causas de deterioração dos acer-
pamos na Universidade Estadual de Campi- vos bibliográficos em suporte de papel, exe-
nas (UNICAMP) do Programa Ciência e Arte cutando medidas preventivas, fazendo peque-
nas Férias vinculado a Pró-Reitoria de Pesqui- nos reparos nas obras e realizando atividades
sa (PRP). A experiência é pioneira no País e básicas de conservação nas coleções de livros
reúne na Universidade alunos do ensino mé- e periódicos e o mais importante são capazes
dio, vindos de escolas públicas da região, para de atuar como multiplicadores do conheci-
um estágio de férias durante o mês de janeiro, mento adquirido, desenvolvendo uma postu-
nos laboratórios de ensino e pesquisa no ra ética e de responsabilidade na preservação
campus de Campinas. Este programa tem nos de um bem público que é de todos.

Reconhecimento e Formação Profissional

CÓDIGO DE ÉTICA DE LA ASOCIACIÓN GREMIAL DE


CONSERVADORES-RESTAURADORES DE CHILE
Lilia Maturana - Angela Benavente
Luego de varios intentos por organizar a patrimonio cultural en Chile.”
quienes desde hace ya más de 20 años Es por esta razón que la primera directiva se
trabajaban en el área de la preservación del propuso como tarea primordial la formulación
patrimonio cultural, el año 2004 se reúnen un de un Código de Ética. Esta tarea fue enco-
grupo de conservadores-restauradores e mendada a una comisión integrada por los
inician un trabajo de formulación de un miembros titulares y suplentes del Tribunal de
proyecto de asociación gremial. Después de Ética. Después de un largo trabajo en el cual
dos años de reuniones y de lograr el consenso se tomaron como base diversos códigos de
en la formulación de los estatutos, el 15 de ética y considerando la realidad y el desarrollo
Noviembre del 2005 se realiza la Asamblea de nuestra profesión en Chile, esta comisión
Constitutiva de la Asociación Gremial de Con- elaboró una propuesta de Código de Ética el
servadores -Restauradores de Chile, quedando que fue aprobado mediante votación en la
inscrita en el Ministerio de Economía con fe- Asamblea General de Socios realizada en San-
cha 9 de Enero del 2006, bajo el registro N° tiago de Chile el 27 de junio de 2007.
3667 del Departamento de Asociaciones Este código agrupa los principios
Gremiales. fundamentales y los criterios orientadores del
Como principal objetivo la asociación se comportamiento que cada Conservador-Res-
propuso el “Promover el reconocimiento de taurador perteneciente a la AGCR, debe se-
la disciplina de la Conservación Restauración guir y respetar para la práctica de su profesión.
en Chile y proteger la labor del conservador- Hoy la AGCR está conformada por 80
restaurador estimulando el desarrollo profesionales y técnicos de las diversas áreas
profesional de sus asociados”. A su vez den- que trabajan en la preservación del
tro de objetivos más específicos, entendiendo patrimonio cultural: arqueología, papel, pin-
que no puede haber reconocimiento tura, textil, monumentos y fotografía. Este có-
profesional si no existe un código digo pretende ser una guía, no sólo para ellos,
deontológico que regule el actuar de los también para que quienes resguardan el
asociados, estaba el “Promover y orientar un patrimonio sepan que se debe exigir a un
comportamiento ético en la práctica discipli- conservador-restaurador en la realización de
naria, acorde a la naturaleza valórica del su trabajo profesional.

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