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Sequências

Uma sequência de números reais é uma lista innita de números reais escritos em uma ordem
especíca. O número que aparece na posição n da sequência é chamado de n-ésimo termo da
sequência e é denotado por an . Ou seja, o primeiro termo da sequência é denotado por a1 , o
segundo por a2 , o terceiro por a3 , o quarto por a4 e assim por diante.
Podemos representar uma sequência explicitando seus primeiros termos em um conjunto
ordenado innito de números reais tal que a ordem que os números aparecem no conjunto
é igual a ordem que os números aparecem a sequência. Ou seja, podemos representar uma
sequência por {a1 , a2 , a3 , a4 , a5 ...}.
Observe que podemos ver uma sequência como um função f denida nos números inteiros
positivos que a cada número inteiro positivo n associa o número real an correspondente ao
n-ésimo termo da sequência.
f : Z+ → R
n 7→ an
O gráco de uma sequência é o gráco da função f (n) e ele é o conjunto de todos os pontos
(n, an ) do plano cartesiano tais que n ∈ Z+ . Ou seja, o gráco da sequência é o conjunto dos
innitos pontos isolados (1, a1 ), (2, a2 ), (3, a3 ), ....
Exemplo 1. Se considerarmos a sequência cujo n - ésimo termo é a n- ésima casa decimal
do número π = 3, 14159265358... após a vírgula, então o primeiro termo dessa sequência é
1, o segundo termo é 4, o terceiro termo é 1, o quarto termo é 5 e assim por diante e pode-
mos representar essa sequência como {1, 4, 1, 5, 9, 2, 6, 5, 3, 5, 8, ...}. O gráco dessa sequência
é o conjunto composto dos pontos (1, 1), (2, 4), (3, 1), (4, 5), (5, 9), (6, 2), (7, 6), (8, 5), (9, 3),
(10, 5), (11, 8) e assim por diante.

Se uma sequência segue um padrão, então podemos representá-la como {an }∞ n=1 ou simples-
mente por {an }, onde an é a fórmula do termo associado ao número inteiro n. Nesse caso, os
termos da sequência são obtidos ao substituir os valores de n ∈ Z+ na fórmula: o primeiro
termo é obtido ao substituir n = 1 na fórmula, o segundo termo é obtido ao substituir n = 2
na fórmula, o terceiro termo é obtido ao substituir n = 3 na fórmula e assim por diante.
Observação 1. Nem todas as sequências possuem uma fórmula geral para seu n-ésimo termo.
Por exemplo, a sequência cujo n - ésimo termo é a n- ésima casa decimal do número π =
3, 14159265358... após a vírgula não possui uma fórmula geral, pois π é um número irracional.

1
Exemplo 2. Em cada caso, escreva a sequência dada na forma de conjunto ordenado, explici-
tando seus 8 primeiros termos. Desenhe o gráco da sequência plotando os pontos correspon-
dentes aos termos determinados.
∞ n√ o∞
(f) {(−1)n n}∞
n=1 .

n (c) .
(a) . n+2
n=1
n+1 n=1 ∞
(g) (−1)n+1 (n − 1)2 .

(d) {(−1)n }∞
n=1 . ∞
n=1

n2

 nπ o∞
(h) .
n
(b) sen . (e) (−1)n+1

.

2 n=1 n=1 2n n=1

Resolução:
 ∞
n n
(a) A sequência é a sequência cujo n-ésimo termo é an = , ou seja, é a
n+1 n=1 n+1
sequência
   
1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8
, , , , , , , , ... = , , , , , , , , ... .
1+1 2+1 3+1 4+1 5+1 6+1 7+1 8+1 2 3 4 5 6 7 8 9
 
n
O gráco dessa sequência é composto dos pontos n, tais que n ∈ Z+ , ou seja,
          n + 1    
1 2 3 4 5 6 7 8
dos pontos 1, , 2, , 3, , 4, , 5, , 6, , 7, , 8, e assim por
2 3 4 5 6 7 8 9
diante.

n  nπ o∞  nπ 
(b) A sequência sen . é a sequência cujo n-ésimo termo é an = sen . Como
2 n=1 2
se n for par


 nπ   0
sen = 1 se n = 1, 5, 9, 13, 17, ... , então essa sequência é a sequência
2
−1 se n = 3, 7, 11, 15, 19...

 π                
2π 3π 4π 5π 6π 7π 8π
sen , sen , sen , sen , sen , sen , sen , sen , ...
2 2 2 2 2 2 2 2
= {1, 0, −1, 0, 1, 0, −1, 0, ...} .
  nπ 
O gráco dessa sequência é composto dos pontos n, sen tais que n ∈ Z+ , ou seja,
2
dos pontos (1, 1), (2, 0), (3, −1), (4, 0), (5, 1), (6, 0), (7, −1), (8, 0) e assim por diante.

2
n√ o∞ √
(c) A sequência n+2 é a sequência cujo n-ésimo termo é an = n + 2, ou seja, é a
n=1
sequência
n√ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ o
1 + 2, 2 + 2, 3 + 2, 4 + 2, 5 + 2, 6 + 2, 7 + 2, 8 + 2, 9 + 2, 10 + 2, 11 + 2, ...
n√ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ o
= 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, ...
n√ √ √ √ √ √ √ √ √ o
= 3, 2, 5, 6, 7, 8, 3, 10, 11, 12, 13, ... .

O gráco dessa
√ sequência√é composto
√ dos√pontos √ (n, n +√2) tais√que n ∈ Z+ , ou seja, dos
pontos (1, 3), (2, 2), (3, 5), (4, 6), (5, 7), (6, 8), (7, 9), (8, 10) e assim por diante.

(d) A sequência {(−1)n }∞


n=1 é a sequência cujo n-ésimo termo é an = (−1) , ou seja, é a
n

sequência
(−1)1 , (−1)2 , (−1)3 , (−1)4 , (−1)5 , (−1)6 , (−1)7 , (−1)8 , ... = {−1, 1, −1, 1, −1, 1, ...} .


Observe que essa sequência ca oscilando eternamente entre −1 e 1. O gráco dessa sequên-
cia é composto dos pontos (n, (−1)n ) tais que n ∈ Z+ , ou seja, dos pontos (1, −1), (2, 1),
(3, −1), (4, 1), (5, −1), (6, 1), (7, −1), (8, 1) e assim por diante.

3

(e) A sequência (−1)n+1 é a sequência cujo n-ésimo termo é an = (−1)n+1 , ou seja, é a

n=1
sequência
(−1)1+1 , (−1)2+1 , (−1)3+1 , (−1)4+1 , (−1)5+1 , (−1)6+1 , ...


= (−1)2 , (−1)3 , (−1)4 , (−1)5 , (−1)6 , ... = {1, −1, 1, −1, 1, −1, ...} .


Observe que essa sequência também oscila eternamente entre 1 e −1, mas ela é diferente da
sequência anterior, uma vez que ela começa com o número 1 e a sequência anterior começa
com o número −1. O gráco dessa sequência é composto dos pontos (n, (−1)n+1 ) tais
que n ∈ Z+ , ou seja, dos pontos (1, −1), (2, 1), (3, −1), (4, 1), (5, −1), (6, 1), (7, −1), (8, 1) e
assim por diante.

n=1 é a sequência cujo n-ésimo termo é an = (−1) · n, ou seja, é a


(f) A sequência {(−1)n n}∞ n

sequência
(−1)1 · 1, (−1)2 · 2, (−1)3 · 3, (−1)4 · 4, (−1)5 · 5, (−1)6 · 6, ... . = {−1, 2, −3, 4, −5, 6, ...} .


(
−n se n for ímpar
Observe que an = . O gráco dessa sequência é composto dos pontos
n se n for par
(n, (−1)n n) tais que n ∈ Z+ , ou seja, dos pontos (1, −1), (2, 2), (3, −3), (4, 4), (5, −5), (6, 6),
(7, −7), (8, 8) e assim por diante.

4

(g) O n-ésimo termo dessa sequência é (−1)n+1 (n − 1)2 e, portanto, essa sequência é a

n=1
sequência

(−1)1+1 (1 − 1)2 , (−1)2+1 (2 − 1)2 , (−1)3+1 (3 − 1)2 , (−1)4+1 (4 − 1)2 , (−1)5+1 (5 − 1)2 ,


(−1)6+1 (6 − 1)2 , (−1)7+1 (7 − 1)2 , (−1)8+1 (8 − 1)2 , ...


= (−1)2 · 02 , (−1)3 · 12 , (−1)4 · 22 , (−1)5 · 32 , (−1)6 · 42 , (−1)7 · 52 , , (−1)8 · 62 , (−1)9 · 72 , ...


= {0, −1, 4, −9, 16, −25, 36, −49...} .

O gráco dessa sequência é composto dos pontos (n, (−1)n+1 (n − 1)2 ) tais que n ∈ Z+ , ou
seja, dos pontos (1, 0), (2, −1), (3, 4), (4, −9), (5, 16), (6, −25), (7, 36), (8, −49) e assim por
diante.

5
(
(n − 1)2 se n for ímpar
Observe que an = .
−(n − 1)2 se n for par
 2 ∞
n n2
(h) A sequência é a sequência cujo n -ésimo termo é a n = , ou seja, é a sequência
2n n=1 2n
 2 2 2 2 2 2 2 2   
1 2 3 4 5 6 7 8 1 9 25 9 49 1
, , , , , , , , ... = , 1, , 1, , , , , ... .
21 22 23 24 25 26 27 28 2 8 32 16 128 4

n2
 
O gráco dessa sequência é composto dos pontos n, n tais que nZ+ , ou seja, dos pontos
        2   
1 9 25 9 49 1
1, , (2, 1), 3, , (4, 1), 5, , 6, , 7, , 8, e assim por diante.
2 8 32 16 128 4

Algumas sequências são construídas de forma recursiva, ou seja, o valor de um termo da


sequência depende dos valores dos termos anteriores. Nesse caso, nos são fornecidos os primeiros
termos da sequência e uma fórmula para obter os valores dos próximos termos à partir deles.
1
Por exemplo, podemos querer trabalhar com a sequência que satisfaz a1 = 2 e an = 2
an−1
1 1 1 1
para n ≥ 2. Aplicando a fórmula dessa sequência, obtemos a2 = 2 = 2 = , a3 = 2 =
a1 2 4 a2
1 1 1 1 1 1
= 16, a4 = 2 = 2 = , a5 = 2 = = 2562 = 65536 e assim por diante.
1/16 a3 16 256  a4 (1/256)2 
1 1
Logo, essa sequência é a sequência 2, , 16, , 65536, ... .
2 256
A sequência denida de forma recursiva mais famosa é a sequência de Fibonacci. Ela é
denida como sendo a sequência que satisfaz a1 = 1, a2 = 1 e an = an−1 +an−2 pata todo n ≥ 3,
ou seja, os termos da sequência (à partir do terceiro) são a soma dos dois termos anteriores a
ele. Logo, a3 = a2 + a1 = 1 + 1 = 2, a4 = a3 + a2 = 2 + 1 = 3, a5 = a4 + a3 = 3 + 2 = 5,
a6 = a5 + a4 = 5 + 3 = 8, a7 = a6 + a5 = 8 + 5 = 13, a8 = a7 + a6 = 13 + 8 = 21,
a9 = a8 + a7 = 21 + 13 = 34 e assim por diante. Ou seja, a sequência de Fibonacci é a sequência
{1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, ...}. O gráco da sequência de Fibonacci é o conjunto dos pontos (1, 1),
(2, 1), (3, 2), (4, 3), (5, 5), (6, 8), (7, 13), (8, 21), (9, 34) e assim por diante.

6
Muitas vezes precisamos determinar o termo geral de uma sequência sabendo seus primeiros
termos e assumindo que a sequência mantêm o mesmo padrão observado nestes termos. Para
tanto,
ˆ precisamos identicar um padrão entre os módulos dos termos da sequência para obter
uma fórmula geral para estes módulos (ou seja, para os valores dos termos ignorando seus
sinais);
ˆ caso a sequência seja uma sequência com sinais alternados, então basta multiplicar a
fórmula obtida por (−1)n ou (−1)n+1 dependendo do sinal do primeiro termo.
Exemplo 3. Determine uma fórmula para o termo geral das seguintes sequências, assumindo
que a sequência mantêm o mesmo padrão observado nesses termos.
(a) {0, 1, 4, 9, 16, 25, 36, ...}.
 
3 4 5 6 7
(b) , − , , − , , ... .
5 25 125 625 3125
Resolução:

7
(a) Observe que a sequência envolve  os quadrados dos números inteiros maiores ou iguais a
zero, ou seja, essa sequência é 02 , 12 , 22 , 32 , 42 , 52 , 62 , ... . Observe que o primeiro termo
da sequência não é 12 e sim 02 e, portanto, o termo geral da sequência é an = (n − 1)2 (o
termo geral não é n2 , pois para n = 1 precisamos obter 0). Ou seja, essa sequência é a

sequência (n − 1)2 n=1 .
(b) Vamos analisar inicialmente
 os termos da sequência
 ignorando seus sinais, ou seja, vamos
3 4 5 6 7
analisar os termos , , , , , ... .
5 25 125 625 3125
ˆ Observe que o numerador da fração de um termo da sequência é exatamente o nume-
rador do termo anterior mais 1. Logo, é natural que a fórmula geral para o numerador
seja n mais algum valor xo, ou seja, n+α. Do primeiro termo obtemos que 1+α = 3
e, portanto, α = 2. Ou seja, uma fórmula para o numerador do n-ésimo termo é n+2.
ˆ Os denominadores dos termos da sequência são sempre potênciais de 5. Como o
denominador do primeiro termo é 51 , o do segundo é 52 , o do terceiro é 53 , e assim
por diante, então uma fórmula para o denominador do n-ésimo termo é 5n .
O sinal dos termos da sequência se alternam entre positivo e negativo. Nesse caso, o que
fazemos é multiplicar a fração do n-ésimo termo por uma potência de −1. Como o termo
a1 é positivo, então tomamos (−1)n+1 . Logo, uma fórmula geralpara o n-ésimo termo da

n+2 n+2
sequência é an = (−1)n+1 e essa sequência é a sequência (−1)n+1 .
5n 5n n=1

Limites de sequências
Dizemos que uma sequência {an } tende ao número real L (ou que a sequência tem limite L)
e escrevemos que lim an = L se os termos an da sequência se tornam arbitrariamente próximos
n→∞
de L à medida que aumentamos o valor de n. Nesse caso, dizemos que a sequência converge
(ou que a sequência é convergente). Caso contrário, dizemos que a sequência diverge (ou que a
sequência é divergente).

Exemplo 4. Determine se a sequência an = (−1)n é convergente ou divergente.


Essa sequência é a sequência
{−1, 1, −1, 1, −1, 1, −1, 1, ...}

Como os termos dessa sequência oscilam sempre entre −1 e 1, então an não se aproxima de
nenhum número especíco e, portanto, a sequência é divergente.
Observe que não podemos calcular o limite de uma sequência como se fosse o limite de uma
função real, pois a função da sequência f (n) = an está denida apenas nos inteiros positivos.
No entanto, o resultado a seguir nos ajuda a calcular o limite de sequências com o auxílio de
limites de funções reais:

8
Teorema 1. Se f (x) é uma função real tal que f (n) = an para todo n ∈ Z+ e se x→∞
lim f (x) = L,
então lim an = L.
n→∞

Exemplo 5. Determine se as sequências dadas convergem ou divergem.


∞  ∞ ∞ ∞
n2
   
1 1 ln n
(a) . (b) cos . (c) . (d) .
n5 n=1 n n=1 n n=1 2n n=1

Resolução:

1
(a) Se considerarmos a função f (x) = , então f (n) = an para todo n ∈ Z+ . Como
x5
1
lim f (x) = lim = 0, então a sequência
x→∞ x→∞ x5
 ∞    
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
= , , , , , ... = 1, , , , , ...
n5 n=1 15 25 35 45 55 32 243 1024 3125

1
converge e lim = 0.
n→∞ n5
 
1
(b) Se considerarmos a função f (x) = cos , então f (n) = an para todo n ∈ Z+ . Como
x    
1 1 1
lim = 0 e a função cosseno é contínua, então lim f (x) = lim cos = cos lim =
x→∞ x x→∞ x→∞ x x→∞ x
cos 0 = 1, então a sequência
  ∞            
1 1 1 1 1 1
cos = cos 1, cos , cos , cos , cos , cos , ...
n n=1 2 3 4 5 6
 
1
converge e lim cos = 1.
n→∞ n
ln x
(c) Se considerarmos a função f (x) = , então f (n) = an para todo n ∈ Z+ . Vamos calcular
x
ln x ∞
lim f (x) = lim . Como esse limite é um limite do tipo , então podemos aplicar a
x→∞ x→∞ x ∞
regra de L'Hôpital. Nesse caso,
ln x (ln x)0 1/x 1
lim = lim = lim = lim = 0.
x→∞ x x→∞ (x)0 x→∞ 1 x→∞ x

 ∞    
ln n ln 1 ln 2 ln 3 ln 4 ln 5 ln 2 ln 3 ln 4 ln 5
Logo, a sequência = , , , , , ... = 0, , , , , ...
n n=1 1 2 3 4 5 2 3 4 5
ln n
converge e lim = 0.
n→∞ n

9
x2
(d) Se considerarmos a função f (x) = , então f (n) = an para todo n ∈ Z+ . Vamos calcular
2x
x2 ∞
lim f (x) = lim x . Como esse limite é um limite do tipo , então podemos aplicar a
x→∞ x→∞ 2 ∞
regra de L'Hôpital. Nesse caso,
x2 (x2 )0 2x
lim = lim = lim .
x→∞ 2x x→∞ (2x )0 x→∞ 2x ln 2


Observe que continuamos obtendo um limite do tipo . Utilizando novamente a regra de

L'Hôpital, obtemos:
x2 2x (2x)0 2
lim
x
= lim x
= lim x 0
= lim x = 0.
x→∞ 2 x→∞ 2 ln 2 x→∞ (2 ln 2) x→∞ 2 (ln 2)2

 2 ∞
n2
 
n 1 9 25 9 49 1
Logo, a sequência = , 1, , 1, , , , , ... converge e lim = 0.
2n n=1 2 8 32 16 128 4 n→∞ 2n

O seguinte resultado é um equivalente ao teorema do confronto para sequências:


Teorema 2. Se {an }, {bn } e {cn } são três sequências tais que an ≤ bn ≤ cn para todo n maior
que um certo número inteiro positivo n0 e se lim an = lim cn = L, então lim bn = L.
n→∞ n→∞ n→∞

Denição: Se n ∈ Z+ , então denimos o fatorial de n como sendo o número obtido pelo


produto n · (n − 1) · (n − 2) · ... · 3 · 2 · 1 e o denotamos por n!.

Por exemplo, 5! = 5 · 4 · 3 · 2 · 1 = 120, 3! = 3 · 2 · 1 = 6, 1! = 1, 8! = 8 · 7 · 6 · 5 · 4 · 3 · 2 · 1 = 40320,


etc.
 ∞
n!
Exemplo 6. Determine se a sequência converge ou diverge.
nn n=1

Observe que, nesse caso, não podemos utilizar uma função real para nos auxiliar no cálculo
do limite, pois x! não está denido quando x não é um
 número inteiro
 positivo. Observe que
1 · 2 · 3 · 4 · ... · n 1 2 · 3 · 4 · ... · n
an ≥ 0 para todo n e que an = = . Como
n · n · n · n · ... · n n n · n · n · ... · n
2 · 3 · 4 · ... · n n · n · n · ... · n 2 · 3 · 4 · ... · n
0 ≤ 2·3·4·...·n ≤ n·n·n·...·n ⇒ 0 ≤ ≤ ⇒0≤ ≤1
n · n · n · ... · n n · n · n · ... · n n · n · n · ... · n

10
 
1 1 1 2 · 3 · 4 · ... · n 1 1
e como > 0, então · 0 ≤ · ≤ 1 · ⇒ 0 ≤ an ≤ . Entretanto, temos
n n n n · n · n · ... · n n n  
1 1 1
que lim 0 = 0 e lim = 0 (pois a função f (x) = coincide com a sequência para
n→∞ n→∞ n x n
1
todo n ∈ Z+ e lim f (x) = lim = 0 ). Logo, pelo teorema anterior, podemos concluir que
x→∞ x→∞ x  ∞
n! n!
lim n = 0 e, portanto, a sequência é convergente.
n→∞ n nn n=1
O seguinte teorema nos auxilia no cálculo de alguns limites nos quais os termos da sequência
cam alternando de sinal:
Teorema 3. Se n→∞
lim |an | = 0, então lim an = 0.
n→∞

Nas séries alternadas costumam aparecer as expressões (−1)n ou (−1)n+1 . Como (−1)n e
(−1n+1 ) valem 1 ou −1 para todo n ∈ Z+ , então necessariamente |(−1)n | = 1 e |(−1)n+1 | = 1.
É interessante ter isso em mente ao trabalhar com os módulos dessas séries.
Exemplo 7. Determine se as seguintes sequências convergem ou divergem.
∞ ∞
(−1)n+1
 
cos(nπ)
(a) converge ou diverge. (b) converge ou diverge.
n n=1 n! n=1

Resolução:

(−1)n+1 |(−1)n+1 | 1
(a) Temos que |an | = = = , pois |(−1)n+1 | = 1 e n ∈ Z+ ⇒ n >
n |n| n ∞
(−1)n+1

1
0 ⇒ |n| = n. Como lim = 0, então concluímos que a sequência =
n→∞ n n n=1
(−1)2 (−1)3 (−1)4 (−1)5 (−1)6 (−1)7
   
1 1 1 1 1
, , , , , , ... = 1, − , , − , , − , ... converge e
1 2 3 4 5 6 2 3 4 5 6
(−1)n+1
lim = 0.
n→∞ n
(
1 se n for par
(b) Como cos(nπ) = , então cos(nπ) = (−1)n . Logo, o termo ge-
−1 se n for ímpar
cos(nπ) (−1)n
ral dessa sequência pode ser reescrito como an = = . Temos que |an | =
n! n!
(−1)n |(−1)n | 1
= = , pois |(−1)n | = 1 e n ∈ Z+ ⇒ n! > 0 ⇒ |n!| = n!. Vamos
n! |n!| n!
1
determinar se a sequência converge ou diverge. Como n ≤ n! para todo n ∈ Z+ , então
n!
1 1 1 1
≥ e, portanto, 0 ≤ ≤ . Logo,
n n! n! n
1 1 1 1
lim 0 ≤ lim ≤ lim ⇒ 0 ≤ lim ≤ 0 ⇒ lim = 0.
n→∞ n→∞ n! n→∞ n n→∞ n! n→∞ n!

Concluímos que a sequência


∞ ∞
(−1)n (−1)1 (−1)2 (−1)3 (−1)4 (−1)5 (−1)6
   
cos(nπ)
= = , , , , , , ...
n! n=1 n! n=1 1! 2! 3! 4! 5! 6!
 
1 1 1 1 1
= −1, , − , , − , , ...
2 6 24 120 720
cos(nπ)
converge e lim = 0.
n→∞ n!

11
Exemplo 8. Determine para quais valores de r a sequência {rn }∞
n=1 converge e para quais
valores de r ela diverge.
ˆ Se r = 1, então an = 1 para todo n ∈ Z+ e, portanto, essa sequência é a sequência
{1, 1, 1, 1, 1, 1, 1, 1, 1, ...} . Nesse caso, temos que lim an = lim 1 = 1 e, portanto, a
n→∞ n→∞
sequência converge.
ˆ Se r = −1, então an = (−1)n e, portanto, essa sequência é a sequência {−1, 1, −1, 1, −1, 1, −1, 1, ...}
que alterna eternamente entre −1 e 1. Logo, a sequência diverge se r = −1.
ˆ Se r = 0, então an = 0 para todo n ∈ Z+ e, portanto, essa sequência é a sequên-
cia {0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, ...} . Nesse caso, temos que lim an = lim 0 = 0 e, portanto, a
n→∞ n→∞
sequência converge.
ˆ Se r > 1, então a sequência diverge, pois as potências rn cam cada vez maiores e não
tendem a nenhum valor especíco.
ˆ Se r < −1, então a sequência diverge, pois as potências rn cam cada vez maiores em
módulo e oscilam entre positivos e negativos, não se aproximando de nenhum valor espe-
cíco.
ˆ Se 0 < r < 1. Como a função f (x) = rx é tal que f (n) = rn para todo n ∈ Z+ e
lim f (x) = lim rx = 0, então lim rn = 0 e, portanto, a sequência converge.
x→∞ x→∞ n→∞

ˆ Se −1 < r < 0, então 0 < |r| < 1. Como |rn | = |r|n e lim |r|n = 0, então lim rn = 0 e,
n→∞ n→∞
portanto, a sequência converge.
Concluímos que a sequência {rn }∞n=1 é convergente se −1 < r ≤ 1 e divergente para todos os
outros valores de r. Além disso,
se − 1 < r < 1

n 0
lim r =
n→∞ 1 se r = 1

Dizemos que a sequência {an } é crescente se an < an+1 para todo n ≥ 1, ou seja, se
a1 < a2 < a3 < a4 < ... e dizemos que a sequência {an } é decrescente se an > an+1 para todo
n ≥ 1, ou seja, se a1 > a2 > a3 > a4 > .... Chamamos uma sequência crescente ou decrescente
de monotônica ou monótona.
Exemplo 9. Determine se as seguintes sequências são ou não monótonas.

12
 ∞
1
(a) .
n! n=1

Como (n + 1)! = (n + 1) · n · (n − 1) · (n − 2) · ... · 3 · 2 · 1 = (n + 1) · n! > n!


 para

1 1 1
todo n ∈ Z , então +
< para todo n ∈ Z+ e, portanto, a sequência é
(n + 1)! n! n! n=1
uma sequência monótona decrescente.

(b) .
√
n n=1
√ √
Como n + 1 > n para todo n ∈ Z+ , então a sequência
√ ∞ n√ √ √ √ √ √ √ √ o n √ √ √ √ √ √ o
n n=1 = 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, ... = 1, 2, 3, 2, 5, 6, 7, 8, ...

é uma sequência monótona crescente.


Exemplo 10. Nenhuma sequência que alterna o sinal de seus termos é uma sequência monó-
tona.
Dizemos que a sequência {an } é limitada superiormente se existir algum número M ∈ R
tal que an ≤ M para todo n ∈ Z+ e dizemos que a sequência {an } é limitada inferiormente
se existir algum número m ∈ R tal que an ≥ m para todo n ∈ Z+ . Se uma sequência for
tanto limitada superiormente quanto limitada inferiormente, então dizemos que essa sequência
é limitada.
Exemplo 11. A sequência {cos n}∞
n=1 = {cos 1 cos 2, cos 3, cos 4, cos 5, cos 6, ...} é limitada, pois
−1 ≤ cos n ≤ 1 para todo n ∈ Z+ .
 ∞
1 1
Exemplo 12. A sequência é limitada, pois 0 ≤ ≤ 1 para todo n ∈ Z+ .
n! n=1 n!
Teorema 4. Toda sequência monótona limitada é convergente.
 ∞
1
Exemplo 13. Como a sequência é monótona e limitada, então essa sequência é
n! n=1
convergente.

Exercícios 3-5, 7-22, 24, 25, 27-33, 37, 40 do livro de Cálculo (Volume 2) do autor
James Stewart, 5ª edição.

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