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aS 13 TEE = Explorar trecho ida Manat Toms Ann arcade bros Os poetas ércades buscaram se distanciar da vida conturbada nas grandes cidades e passaram a vslorizar o cotidiane bucdlico e tranquil do campo, fazendo do homem campestre o grande protagonista de suas produgdes. © pensamento dos autores se voltava para 2 precura: por essa vida campesina, serena e calma, o que recultou nos ideals 4rcades mais marcantes, que so a base das obras arcadistas: o fugere urbem (fuga da cidade) e o famaso carpe diem (apraveite o dia). Apezar de o Arcadismo ter tido seu auge séculos atrds, vocé se bia que 0 principio desse movimento também pode ser percebido em narrativas modernas, como em Peter Pan, de J. M, Barrie? No entento, nao é s6 a personagem Peter Pan que consegue ser relacionada come Arcadismo. A ideia de apraveitar 0 momento, ja que a vida 6 temporé- ria, e de fuga para 0 campo, a fim de encontrar trancuilidade, também esto presentes nos filmes, como em Terra dos Sonhos (2022), do d= retor Francis Lawrence. A seguir, lela um trecho a respeito desse filme @, em seguida, um poema do autor arcade Claudio Manuel da Costa. Ri1D0s SONHOS A narrativa apresenta a histéria da menina Nemo, de 11 anos, que mora jsolada em uma ilha com seu pai, o faroleiro Peter. No entanto, 2 vida tranquila de Nemo sofre uma reviravolta quando seu pai entra ne mar para resgatar pescadores e nao retorna mais. Por consequéncis disso, a menina precisa ir morar na cidade grande com seu tio distante, Philip, tendo que lidar com diversos canflitos, como a saudade do pai = do antigo lar, além das dificuldades para se encaixar na nova realidade. Em meio a tudo que esté acontecendo, Nemo encontra refagio nos préprios sonhos, nos quais vai parar em um universe magico che- mado Terra dos Sonhos, onde seus maiores desejos so realizedes. La conhece Flip, antigo parceiro de aventuras de seu pai, com quem embarca em uma aventura no fundo do Mar dos Pesadelos, a fim de ‘encontrar pérolas escondidas que a concederiam o que ela mais que= feencontrar seu pai. SoneTo VII ‘Onde estou? Este sitio desconhegu: ‘Quem fez tao diferente aquele prado? ‘Tudo outra natureza tem tomado; E em contempléclo timido esmoreso. ‘Uina fonte aqui houve; eu ndo me esquego De estar a ela um dia reclinado: Aliem vale um monte esta mudado: ‘Quanto pode dos anos 0 progresso! Arvores aqui vi tio florescentes, Que faziam perpétua a primavera: Nem troncas vejo agora decadentes, Eu me engano; a regio esta nao era; Mas que venho a estranhar, se estao presenies Meus males, com que tudo degenera! [ uinsoaceus € suAS TECHOLOGIRS lade) e cage dl representacios em se de cenas bu dade ea de ler uma breve ontede de reen m tealidade em " dhemons- © qual ele A PARA LER E APRECIAR Uma das obras mais representativas do Arcadismo brasileiro so as Cartas chilenas, escritas por Tomas Antonio Gonzaga. Com seu tom satirico, a obra consiste em uma clenuncia da corrupcao e da injustiga na capitania de Minas Gerais na época, bem como uma reprovago mais ampla ze sistema politico e judiciario Brasil colonial, exposto com ironia e sarcasmo, Leia a seguir algune trechos dessa cbra Carta Segunda Entio, 0 grande chefe, sem demora, decide os casos todos que lhe ocorrem. ou sejam de moral, ou de direito, ‘ou pertengam também & medicina, sem botar (que ainda é mais) abaixo um livro da sua sempre virgem livraria, LA vai uma sentenga revogada, que jé pudera ter cabelos brancos; Jd se manda que entreguers os ausentes os bens ao sucessor, que nfo Ihes mostra sentenga que Ihe julgue a grossa heranga. A muitos, de palavra, se decreta que em pedir os seus bens no mais prossigam; Pretende, Doroteu, 0 nosso chefe erguer uma cadeia majestosa, que possa escurecer a velha fama da torre de Babel e mais dos grandes, custosos edificios que fizeram, para sepulcros seus, os Reis do Fgito. Talver, prezado amigo, que imagine que neste monumerio se conserve, A desordem, amigo, nfo consiste em formar esqquadries, mas sim no excesso. ‘Um reino bem regido nfo se forma somente de soldados; tem de tudo: tem milicia, lavoura, e tem comércio, Se quantos forem ricos se adornarem. das golase das bandas, nfo teremas tum $6 depositérin, nem os érfaos terdo também tutores, quando nisto interessa igualmente o bem do império. Carta Terceira Carta Nona a outros se concedem breves horas para pagarem somas que nfo devem. [.] E que queres, amigo, que suceda? Esperavas, acaso, um bom governo do nosso Fanfarrio? Tu nfo o viste em trajes de casquitho, nessa corte? E pode, meu amigo, de um peralta formar-se, de repente, tum homem sério? Carece, Doroteu, qualquer ministro apertados estudos, mil exames, E pode ser o chefe onipotente ‘quem nao sabe escrever uma sé regra ‘onde, a0 menos, se encontre um nome certo? etema, a sua gliria, bem que os povos, ingratos, nao consagrem ricos bustos 5 nem montadas estétiias 20 seu nome. Desiste, louco chefe, dessa empresa: um soberbo edificio, levantado. ‘ sobre ossos de inocentes, construido * com Ligeimas dos pobres, nunca serve de gliria ao seu autor, mas sim de oprébrio. Carece a monarquia dez mil homens de tropa auxiliar? Nao haja embora de menos um soldado, mas os outros, ‘vio & pitsia servir nos mais empregos, pois 05 corpos civis so como 0s nossos, que, tendo um membro forte e os outros débeis, se devem, Doroteu, julgar enfermos. CGONEAGA, Toms Anti. Carter chiens Ria cde janeiro: Frage Darcy Riba, 2013, Disgoniel ew hp. Mundacorg be Aces tm: dab 2 As Cartas chilenas si0 uma série de 13 cartas, escritas em versos decassilabos, que, supostamente, teriem sido enviadas por um es- idante de Direito do Rio de Janeiro pera um amigo em Portugal, descrevendlo a situscao politica na entso capitania de Minas Gerais, , durante 2 administragac do governader Luis da Cunha Meneses, : ‘2eusandio-o de corrupgzo, nepotismo e incompeténcia. Adenin- i ja recai também sobre a influéncia politica dos grandes pro- jetarios de terra e sobre a dependéncia do Poder Judiciaro. © autor usa o pseudénmo de Crisilidas para se referir 20 go- snador e acs seus sliados e de Sibila para se referir 8 Justica Nos trechos anteriores, as criticas de Critilo se dingem a uma presente do Fenfarrdo, que decide os casos mais variados ~ de moral, Medicina — segundo interesses suspeitos é injustos, como revoger entregar heranga a sucessores no legitimos, cobrar dividas inenistentes: sempre cercado de ministros incompetentes. O comportamento do é criticado com base na sua postura vaidosa, um arteiro a desfilar em, casquilho", ou seja, com roupas extravagantes. Na “Carta Terceira”, temos uma sequéncia de causa € efeito que: governos despéticos: quanto maior for 0 autoritarismo, t80 maior sera contentamento da populagao; da mesma forma, quanto maior for o ¢ tentamento, maior sera a repressSo. Por esse motivo, fala-se no at forgas policiais e na construglo de cadeias gigantescas, 0 que Critilo i dizer que 0 projeto majestaso do Fonfarr&o ira obscurecer a torre de B pirdmides do Egito. Além disso, diz que aquela construgao néo renders 20 governador, com bustos e estétuas; pelo contréro, serviré de dese vergonha, de infamia. Em julho de 1788, a situagao do governador ficou insustents Coroa portuguese nomeou Luis Antnio Furtado de Mendonea, Visco Barbacena, come nove governador, que velo com ordens expressas pare a derrama dos dltimas doze anos. Essa cobranga seria o pretento para i movimento conhecido come Inconfidéncia Mineira, ‘Com uma linguagem irdnica, o poeta expde as fraquezas e os elite politica e sacial da época, e, per isso, sua obra foi considerada © perigosa pelas autoridades coloniais, levande a priséo de Gonzaga acusado de conspirar contra o governo. Com base nas informacées lidzs anteriormente, responda as q Diante dos trechos reprodurides, percebe-se que o texto apresenta marcas da prosa como da poesia. Como se dé essa construgao? Qual estrutura poética foi usada pelo autor? No trecho da “Carta Segunda”, como Critilo realca sua critica & igne do Fanfarrio Minésio? Segundo o ciftico Rodrigues Lapa, estudiose das Cartas chilonas, 01 “Carta Nona" mostra toda a “filosofia e a profunda razéo de ser” da: ‘Cunha Meneses, 0 entZo governador de Minas Gerais, pretendia consideravelmente o efetivo militar e, dessa maneira, encontrar "no to armado apoio inconclicional aos seus despotismos e prevaricagoes” que isso seria ruim para a sociedade? Comente com passagens do LiTERATURA 0 Arcadismo mo, também chamado de Neocla: lo da Academia Arcddia, em 1690. O nome se refere a regi3o grega da Arc: Fabitado Pa —na mitologia grega, deus de campos, ues e rebanhos. Ela era habitada por i] eastores de ovelhas e considerada um lugar em que os habitante iavam 0 trabalho i ia @ cantavam sobre o paraiso em que viviam. Com 0 tempo, virou 0 nome de um pais Smaginério, criado e descrito por diversos poetas e artistas. Nesse lugar, acreditava-se reinar a Felicidade, a simplicidade, a paz e 0 contato pleno com a natureza. Na Europa do século XVI, os grandes centros urbanos cresceram intensemente, @ alguns oroblemas — como falta de m iséria e superpopule: comegarem e surgi. Assim, ; 2 Arcadismo passou a ide ina em oposicao a vida nas grandes cidades. Observe, a seguir, os principals aspectos da escola ércade. Culto a razio: 05 po Ereiey Bi Ci SecRE NTT Ele ree itenes Tena fac A literatura arcade Como 0 luxo excessive da aristocracia e do clero cor finguagem rebuscada e culta do Barraco foi perdendo seu prestigio. Escritores e poetas se de- 1 dicaram a produgo de obras que apresentavam regras de uma nova arte. Tratava-ze de se opor uma restaura Essa mudanga era também uma proy i festauraco de um esiilo de vida que, até entéo, parecia sufocedo pela luxuosidade de uma | nobreza em decadéncia Nesse contexto, a literatura arcade, ou neocléssica, propés o retorno a valores ctéssi iGomo a razfo, a moderacao e a simplicidade, e é retratada como oposigo direta a0 Barro: } r Berean ee eee ee cee valorizago ds vide pastor, simples e trenquila, em detrimento de vide nas grandes cidades. ques e simb No entar criede pelo esc de paraiso. P revelando e consci tas diante da ef 12950 deveria ser alca 0 Arcadismo no Brasil O século XVII car nomia canavieira, 0 ce’ Zo, como também a vida p transfere a sede do pader metropolitane da colénia de S F escoades 08 m particular a cidade de Vile Rica, at ‘9 Preto, passa a se ignificatives do século: a mineraglo, a Inconfidéncia e 0 Ar J fiterérios impe te mudang transfere-se do Ne , social e cultural. Em 1763, o rei de Portugal, D. J or para o io de Janeiro, es- s. Minas Gerais, em 2s mais antes no pais, que repr Ulramerina, em Vila Ri ta, Porser estilo de é inadlo Setecer dio Manuel da ia de Divceu, de dom to literério. © 28 que perticiparam da ga. A abr or que d eivo entra em crise « te as carac 1¢80 do grupo de A politica pombatina e a expulsio dos jesuitas mac de pensamenta i 20 niais pare po es de garam uma 9 1754.6 1754, que envolveu niais, expedi- leirantes ¢ indi- guaranis, Em 1759, UMGORGERS E SUAS TECHOLOGIAS ) Os sonetos de Glauceste Saturnio Agrande procug3o lca de Claudio Manuel da Costa foi publi 1768, em Coimbra, com o tftulo Obras. Nela, encontramos sonetos == mae na linguagem Srcade, em que se expressa a vor do pastor Gl Vivenclo em comunhéo com a natureza, distante da corrupgio, das i das traigSes da Corte: SONETOXIV Quem deixa o trato pastoril, amado, Pela ingrata, civil correspondéncia, ‘Qu desconhece o rosto da violencia, (Ou do retire a paz no tem provado, (Que bem é ver nos campos, traslaclado No genio do Pastor, o da inocéncia! E que mal éno tralo, ena aparéncia ‘Clbdio Manuel da Costa (0729578 nice na regio de ‘Ver sempre 0 corlesio dissimulada! Marana, en Mis Gers Sot ee (ella oa paranaRine Ali respira amor sinceridacde; Seeks pitaid dels Aqui sempre a traigio seu rosto encob einen Um sé trata a mentira, outro a verdade. vate anos de dade, apes etudes bee, Colo dos estas, sega Ali no hé fortuna que sogobre; ara Coimbra, onde ossou ‘Aqui quanto se observa é variedade: Dee. Formado, fou ste Oht ventura do rico! Oh! bem do pobre! Wi Rca emantevenegicis. COSTA Glut Mae! a. Sane Ve MMOS, Péid Eughnin ds Ss org) ‘de mineracto ¢ gada. Por sua Poca de Cibo Marvel de Coma. Ss Paulo: Esiors Cults, 1966. eae senna a Come & posstvel perceber, o poema é marcado pelas seguintes Ses: vide pastoril/vida civil; violancia/paz; inoc&ncia/dissimulagso: aaa dade/traigzo; mentira/verdade; ventura do rico/bem do pobre. No a principal antitexe se refere a dois expagos distintos ~ cidade e indlicados gramaticalmente pelos advérbios aqui e ai, respective eu lirico esta na cidade). Assim, as demais antiteses sf0 decorrentes: antitese principal ‘Adela de uma vida bucdlics, pastor de pretense felicidade, & te em seus sonetos, como se observa no primeiro quartet do “Sonera” NARD. Marfa de Dice. 1846, Cotatogo Raisonne Sou Pastor, nfo te nego; os meus montados papers ‘So esses que af v2s: vivo contente ieieerean ei amaoee, Ao trazer entre a relva florescente erm 20 mat 2025, A doce companhia dos meus gados. CO=TA clo Manuel de, Sone Vr RAMOS. Ph ugtoio dS org) Poenot de Cube Mea! de Cot, Ska FAO Edna Calta 1966 As liras de O principal trabalho de Tomas Antnio Gonzaga so as liras de de Dirceu. Esea obra, inspirada em seu romance com Maria Dorotes publicada em tr&s partes nos anos de 1792, 1777 e 1812. Nela, o eu fpesiciona como um sbastado pastor que cultiva o ideal da vide ¢ {fugere urbem), vive intensamente o momento (carpe diem) pinta, de palauras, a natureza e Mariia, a mulher amada. € importante noter centro de todas as lires € Dirceu, e no Maria, que se constitul pretexto para que o eu lirica, trevestido de pastor, exponha sua mundo e suas aspiragSes. ceu (© tom do discurso poétice sofre sensivel alteraglo a0 longo da obra, tendo como divisor de 4guas a prisic do poeta. Antes da cadeia, discone Sobre a iniciagzo amorosa, 0 namoro, os sanhos de uma familia, a defesa da ‘radigao e da propriedade, com uma postura patriarcal. Depois, vivendo os sofrimentos da prisio, faz uma série de reflexes que tratam tanto da justi- iga dos homens (ele se considera inacente, portanto, injustigado) como dos teaminhos do destino e da eterna consolagao no amor que sente por Maria. Leia, 2 seguir, trechos da primeira e segunda partes da obra PARTEI Liral Eu, Marilia, nfo sou algum vaqueiro, que vive de guardar alheio gado, de tosco trato, de expressiies grosseiro, dos frios gelos e dos séis queimado, Tenho prdprio casal e nele assisto; dé-me vinho, legume, fruta, azeite; das brancas ovelhinhas tiro o leite, e-mais as finas las, de que me visto Gragas, Marflia bela. gragas & minha Estrela! Eu vi omeu semblante numa fonte: dos anos inda nao est cortado, os Pastores que habitam este monte respeitam 0 poder do meu cajaco. Com tal destreza toco a sanfoninha, que inveja alé me tem o proprio Alceste: ao som dela concerto a voz celeste nem canto letra, que ndo seja minha. Gragas, Maritia bela, gragas & minha Estrela! ‘Mas tendo tantos dotes da ventura, s6 apreyo Ihes dou, gentil Pastora, depois que o teu afeto me segura que queres do que tenho ser senhora. Ebom, minha Marilia, é bom ser dono de um rebanho, que cubra monte e prado; porém, gentil Pastora, 0 teu grado Yale mais que um rebanho e mais que um trono, Gragas, Marilia bela. ‘gragas & minha Estrela! PARTE I LiraXV Eu, Marilia, nao fui nenhum Vaqueiro, fui honrado Pastor da tua Aldeia; vestia finas lis tinha sempre a minha choca do preciso cheia. Tiraram-me 0 casal e o manso gado, nem tenho, a que me encoste, um: jado. Para ter que te dar, & que eu queria de mor rebanho ainda ser o dono prezava 0 teu semblante, os teus cabelos ainda muito mais que um grande Trono, Agora que te oferte ja nio vejo, além de um puro amor, de um sto deseo. LTERATURA Tomas Anti Gonaga 1744- 1810} um poeta ature da dade de Porta Praga Em ‘752 tft de mie, xompantou ‘pa que wee para Bast como ‘ior «no pats estudou ne (Coleg dos Jesutas ate 1759, quando os padres foram exp ‘da Cobia. Votou para Portugal ‘ese formou em Det, na cidade ‘de Coimbra. Em 1782, 0 Beas, maou 0 pare Va Rca iE SUAS TED) Lira XIX Nesta triste masmorsa, de um semivivo corpo sepultura, inda, Marilia, adoro atua formosura. ‘Amor na minha ideia te retrata; busca, extremoso, que eu assim resista dor imensa, que me cerca e mata Quando em meu mal pondero, entao mais vivamente te diviso: ‘Yejo 0 teu rosto e escuto atua voz eriso, ‘Move ligeito para 0 vulto os passos; eu beijo a tibia luz em vez de face, eaperto sobre 0 peito em vo os bragos, Conhego a ilusio minha; a violencia da mégoa néo suporto; foge-me a vista e caio, no sei se vivo ou morto. Enternece-se Amor de estrago tanto; reclina-me no peilo, e com mao tena ‘me limpa os olhos do salgado pranto. Lira XXI ‘Que diversas que sio, Marilia, as horas, ‘Que passo na masmorra imunda, e feia, Dessas horas felizes jé passadas nna tua patria aldeia! Entfo eu me ajuntava com Glauceste; Ea sombia de allo Cedro ma campina Ex versos te compuntha, e ele os compunha sua cara Eulina, ‘SONEAGA Teme Atria. Maria de irons LAD Domi Froese} 1 pwn ht nner poe’ omits de Cura Manus a Cee. ome Ato ‘Arareaga Petts Ra dear: Nowe Aglat 1958, [[ebost conde nice emt de ah, aban Tomds Antinio Ganzaga é consiclerade um des maiores Arcadismo brasileiro, trabalhando as estruturas das estrofes, a rime, alteranco seguidamente a composis3o, o que di ritmo e tomas agrecvel. os versos sho decassilabos (possuem dez silabas poética ‘em varias lira a6 estrofes #80 fechados cam versos de sete slabas. I" da primeira parte, as estrofes tém cite versos finalizados cam d formam o refréo; 0 esquema de rima dessa estrutura é ABABCDD Opoema é um exemplo da literature arcadista: Dirceu éum ps nado", que se difere de um vaqueiro qualquer, de modos g uma propriedade ("tenho propria casal") © tra seu sustento de fe de seus arimais. Este hamem natural, puro come um bom sa capaz de viver um amor igualmente puro, sadio e desinteressado. D eulirico acaba lamentando os bens perdidos, mas, na triste ma ‘emantem vivo eo consola € ¢ pretenso amor por Maria, mos Observe atentamente a tela Paisagem de Minas, de Alberto da Veiga Guignard, e leis 08 extos de Claudio Manuel da Costa e José Paulo Pees. parades Se sou pobre pastor, se ndo governo Reinos, nagies, provincias, mundo, e gentes Se em frio, calma, e chuvas inclementes Passo 0 vero, aulona, estio, inverno; [Nem por isso trocara 0 abrigo terno ‘Desta choga, em que vivo, coas enchentes Dessa grande fortuna: assaz presentes ‘Tenho as paixties desse tormento eterno, _Adorar as traigties, amar oengan ‘Ouvir dos lastimosos 0 gemico, Passar aflito 0 dia, omés, eo ann: Seja embora prazer; que ameu owvide Soa melhor a voz do desengano, Que da torpe lisanja 0 infame ruido. COSTA Cus Manvel da. ane: AMOS 2 Deemer de Ct Manse de Cot, 580 Paso: ses bags do Sia orgh ue 1968, Os inconfidentes tl Vila Rica, Vila Rica, Teatro de muito som: Cléudio no seu clavicsrdio, Alvarenga em sua flauta, Gonzaga na sua lira. Yozes doves, mesa lauta, Cl (QR lac ers Que elemer . poicagem deum arraialde Gerais, no inicio do século XVII? Comente amétrica @ 0 esquema de rimas do soneto de Claudio Mt daCosta, Coma se autadefine o eu lirica do soneto? Que oposicie ele marca mansire fir Qual 6a velacio entie o tule do poema de José Paulo Pass 2 os nomes Cléucic( Manuel da Cost). A literatura dtcade foi um movinente litecrie que surgiu no Brest. Ele foi influenciads pelas ideizs principals aspectos a velorizaglo da ras dade e a idesliza;30 da vide no camon 4. (ENEM) Leia a posteridade, 6 patio Rio, Em met eu nome celebrado, Por que vejas una hora despertado O sone vil do esquecimento trio: No vés nas tues maigens 0 sombrio, Fresco assento de um alamo copado; Nao ves ninfa cantar, pastar 0 gaclo Na tarde clara do calmoso estio. Turvo banhando as pétidas areias Nas porges do riquissimo tesouro Ovasto campo da ambigo recreies. ‘Que de seus raios o planeta loro, Enriquecendo o influxo em tuas veias, Quanto em chamas fecunda, brota em ouro. A concepgo ércede de Cléudio Manuel da Costa regisira sinais de seu contexts hi refletidos no soneto por um eu lirico que a) busca 0 seu reconhecimento literério entre as geragies futuras. ) contempla com sentimen a natureza e 0 pastoreio. ©) lamenta os efeitos produzidos pelos atos de cobica e pela indiferenga. 4d) encontra na simplicidade clas imagens a ex presse do equilbrio e da rezéo. @) recorre a elementos mitoldgicos da cultura clissica como simbolos da terra. (ENEM) Soneto Vil Onde estou? Este sitio desconheco: Quem fez téo diferente aquele prado? Tudo outra natureza tem tomado; E em contemplé-lo timid esmorego. de cumplicidade Uma fonte aqui houve; eu nde me esquego De estar a ela um dia reclinads: ier vale um monte esta mudado: Quanto pode dos anos o progresso! Arvores aqui vi tdo florescentes, Que faziom perpétue a primavera Nem trancos vejo agora decadentes, Eu me engano: a regio ests no ere; Mas que venho a estrenhar, se esto presentes Meus males, com que tude degener (CORTA, CA, Peres pate am: ewe ds coulis pou No soneto de Claudio Manuel da Costa, a con- a) angistia provocada pela sensago de solido, b) resignag#o diante das mudangas do meio ambiente. 0) divida existencial em face do espago des- conhecido. d) intengo de recriar 0 passado por meio da peisagem. @) empatia entre cz sofrimentos de eueaagonia da terra, Texto para as quest5es 3 e 4, ! Lira XIX Enquanto pasta alegre o manso gado, Minha bela Marilia, nos sentem Asombra deste cedro levantado. Um pouco meditemos Na regular bel Que em tudo quanto vive, descobre A sébia natureza Atende, como aquela vaca preta O novithinho seu dos mais separa, Eo lambe, enquanto chupa a lisa teta. Atendle mais, 6 cara, Como aruiva cadela Suporta que Ihe morda o filho 0 corpo, E salle em cima dela Repara, como cheia de ternura Entie as asat 20 filho essa ave aquenta, Como aquela esgravata a tera dura, E 0s seus assim sustenta Como se encoleriza, E salta sem recelo a todo 0 wilto, Que junto deles pisa. ' Que gosto néo teré a espesa amante, Quando der ao filhinho o peito brando, E refletir entdo no seu semblante! Quando, Marfiia, quando | Disser consiga: € esta De teu querido pai a mesma barba, Amesma boca, e testa Que nfo teré a mae, que toca, Quando © tem nos seus bragos, co dedinho ) Nas faces graciosas, ena boca Do inocente filhinho! i Quando, Marilia bela, O tenro infante ja com risos muclos Comega a conhec-lal Que prazer néo terBo 0s pais a0 verem Com as mies um dos filhos abvacados; Jogar outios a luta, out Nos cordeiras montados! Que estado de ventural Que até naquilo, que de peso serve, Inspira Amor, dogura, conrerem GONZAGA Toms Artin, rio de Bie Ro de aneb ur. Cole Prestigio. (UFIF) No poema de Tomés Anténio Gonzaga, Marlia 6 apresentada como urna interk a qual onarrador orienta acerca de uma organiza¢o e comportamento projetados per modelo de famtia patriarcal. Em qual das allernativas abeis> isso no se apresente? 2) Repara, como cheia de ternura Entre as 2:28 a0 filho essa ave aquenta, b) Que prazer nfo ter3o os p: Com as maes um dos fihos abracados; 0) Enquanto pasta alegre o manso gado, Minha bela Maria, nos sentemas A sombra deste cedro levantado. d) Atende, cama aquela vaca preta O novilhinho seu dos mais separa, Eo lambe, enquanto chupa a lisa teta. @) Dieser consigo: E esta De teu querido pei a mesma barba, Amesma boca, e testa. a0 verem (UFJF) A consciéncia literdria que dinarmiza a formago do Arcadismo poético brasi século XVI esté profundamenie relacionadl 20s paradigmas do espiritoilurninista De mado muito breve, pode-se dizer que um dos principias que move o lurinismaéa em uma racZo “universal” e “natural” capaz de integrar o homem e a natureza atraves| um equilforio “eterno” e “imutavel". Como sintetizou o eritica literdrio Alfredo Bosi, em Histéria concisa da fteratura brasileira, o arcedismo se arroga 0 diveito de ser "digna literéria do luminismo vitorioso". E por seguir 0 principio do "lluminisma vitorioso" natureza na lirica Srcade dominante aparece sempre regulace e filtrada por um nacionalizador (vale dizer, humanized através do qual a dimens#2 humana e a pai fisica convivem, sem nenhum tipo de confito, em um artificial lacus amoenus. Tendo em vista as observagies acima e suas possiveis relagties com o texto (a “Lira XO Tomas Antinio Gonzaga), 2ssinale a alternativa correta a) A "Lira Xix" no se relaciona com nenhum dos principios bsicos de Arcadismo, b) Arelag0 amorosa descrita enarradana "Lire XIX” apresenta tragos tipicamenter 4) Arelacao entre a dimenso humana e a natureza, construida no poema, esté 4d) Na primeira estrafe do poema, a retacSo do narrador com sua amada, bem come patsagem, & marcada por equilbrio e racionalidade. ©) O poema apresenta tragos barrecos e defende a irracionalidade como modo alcangar a felicidade far-Tiar. (ESPM) Considere os textos que seguem. Eu tenho um corag3o maior que o mundo, tu, formesa Marta, bem o sabes; um coragao, e basta, ‘onde tu mesma cabes. Tots ro Gonuag, Mario de ive Néo, meu corag8o no é maior que o mundo. E muito menor, Nele nao cabem sequer as mi 2s doves. va de dead, Srna do Assinale a afirmagSo comreta sobre os 2) Por pertencer 8 fase heroica ou i jodernismo, Carlos Drummand de Andrade parodia o liismne sentimental do ércade Tomas Antinio G b) Enquanto 0 poeta do Arcadismo, Gonzaga, expressa seu sentimen o modernista Drummond reporta-se, neste trecho, as divergéncias ide ©) Gonzaga, como muitos éreades, é alheio ao que esté a seu redor, jé Drummond ex um sentiments de revolta ante um munde que nde compreende ac dores do px d) Em Gonzaga, 0 10 do poeta alcanca a plenitude com a presenga da amada, Em Drummond, 0 coragao & insuficiente para abarcer as prisprias dividas ex'stenciais @) Tomas A. Gonzaga usa a imagem do “mundo” para instigar a musa Drummond retoma op do poeta Srcade, ressaltands o da amada (ure) Texto 1 © pova, Dorotey, & como as mosc: Que correm 20 lugar, aonde sentem O derramado mel; é semelhante corvos, @ 208 abutres, que se ajuntam 5 ermos, onde fede a caine podre. Avista pois dos fatos que executa O nosso grande Chefe, decisive Da piedade, que finge, a louca ge De toda a parte corre a ver, se enc Algum pequene alivio 8 sombra dk scedirn in, Pues Texto 2 Roary ‘rE POW Mais exownsnoo ‘Que 0 Kos20. Corse Cheer em quointor. de Newton Fe. Bago em hpnewionfot com nvcata alenss Com base na leitura dos textos 1 ¢ 2, e tendo em vista as caracteristicas da obra Cartas chilenas, de Tomas Anténio Gonzaga, bem como a importéncia das fungées da linguagem na anélise de textos literérios e nlc literérios, assinale a alternativa cometa 2) A poesia satirica foi utlizada no Arcadismo para representar a critica social 20 povo brasileiro, como se pode notar na obra Cartas chilenas, composta por sonelos, com metificacao igual 3 da epopeia camoniana, b) O texto 1 retoma o narrador Doroteu da obra Cartas chilenas e destaca a fungao meta linguistica da linquagem na construgSo da sétira social. ©) O texto 1 apresenta Doroteu, destinatério das cartas esciitas por Critilo, personage! importantes na orgenizs¢30 da obra Cartas chilenas, a qual se destsca no Arca brasileiro pelo tom satirica de critica social. LANGUAGES E SUAS TECROLOGIES 4d) Ac explorara sétira eo tom humoristico, a obra Cartas chilenas inaugura a poesia 1no Brasil, priorizando temas, como: bucctismo, abusos de poder, corrupgao, cobrance: altos impostos, como se nota nos textos 12. ©) Com destaque para 0 seu valor histérico e documental, o texto 1 prioriza a funge ferencial da linguagem, quando mostra a comparagSo entre 0 “povo" e as “m: evidenciando releg8o harménica enire 0 pova eo gover. Texto para as questies de 7 a9. Lira 83 Que diversas que so, Marilia, as horas, que passe na masmorra imunda e fea, dessas horas felizes, jf passadas na tua patria aldel Ento eu me ajuntaya com Glauceste; @ & sombra de alto cedro na campina eu versos te compunha, e ele os compunha a sua cara Eulina. Cada qual o seu canto aos astros leva; de excedar um ao outro qualquer trata; 0 eco agora diz: Marilia terna; @ loge: Eulina ingrata. Deixam os mesmos sétiros as grutes: um para nés ligeiro move os passos, cuve-nos de mais perto, e faz aflauta cos pés em mill pedagos. — Dirceu— clama um pastor — ah! bem merece da candida Marilia a formosura E aondle —clema 0 outro — quer Eulina achar maior ventura? Nenhum pastor cuidava do rebanho, enquanto em nés durava esta portia; ¢ ela, 6 minha amaca, sé findava depois de acabar-se o dia. Anite te escrevia na cabana 08 versos, que de tarde havia feito; mal tos dava e os lia, os guardavas no cast e branco peito, Beljando os dedos dessa mao formosa, banhados com as lagrimas do gosto, jurava nao cantar mais outras gragas que as graces do teu rosto. Ainda nfo quebrei o juramento; eu agora, Marilia, nao as canto; mas inda vale mais que os doces versos a voz do triste pranto. GONZAGA, TA Movie de eeu & Corot ena. Sk Put: tea, 1997 6.1 (UEL) O ideal horaciano da “aurea mediocritas”, t2o cultivado pelos poetas arcades, faz-se presente pelo registro a) de uma existéncia em contato com seres miticos, como € 0 caso dos sativos, bb) de uma vida raciocinante express por meio de linguagem elaborada metaforicamente. €) da aceitago obstinada dos reveses da vida impostos pels po! ) do prazer suscitado pelas situagSes diliceis a serem disciplinadamente encaradas, @) de uma vida tranquila e amorosa em contato com a natureza sempre amena. (UEL) Com base no poema de Tomas Anténio Gonzaga, considere as afirmativas a seguir. I. Na primeira estrafe do poema, 0 eu lirico coloca lado a lado sua situacao de prisioneiro politico no presente da elaboragio do poema e sua situaggo de estrangeiro no passado vivido em ambiente urbane I. Na quinta estrofe do poema, hi o registro da “porfie", ou seja, da disputa obstinada efetivada por meio de palavras, de dois pastores: Dirceu (Tomés Antdrio Gonzaga) e Glauceste (Claudio Manuel da Costa) IIL Nas estrofes de nimeros 7 e 8, depare-se o leitor com ambiente distinto daquele com- partilhado com Glauceste, pois agora o ambiente é fechado e restrito a0 convivio com amulher amada, IV.Na ditima estrofe do poema, 0 eu liico afirma continuar cantando as gragas de outros rostos, embora sé consige sentir o ambiente (Etido e repugnante da pris3o. Assinale a alternativa correta, a) Somente as alirmativas le IV sfo comvetas, b) Somente as afirmativas Ile ll s80 comretas. ) Somente as afirmativas Ill e IV s80 covets. d) Somente as afirmativas |, Ie Ill 0 comets, @) Somente as afirmativas | Il e IV s30 covets, {UEL) Ascinale a alternative que enumera corretamente as caracteristicas do Arcadismo brasileiro presentes no poema de Tomés Ant6nio Gon: 2) Apresenga do ambiente ristico; a transmiss3o da palavra p celebragio da vids familiar; a engenhosa elaborecdo pictérica do poema de maneira a deminarem as figuras de linguagem, b) Apresenga do ambiente nacional; a supressic da patavra pottica; a celebrago da vida fa- miliar; a construgo pictivica do poema de maneira a dominarem as figuras de linguagem. ¢) Apresenga do ambiente urbano; a transmisso da palavra postica ao autor; acelebracio da vida rostica; a elaborag3o precominantemente hiperbélica do poema. d) A presenga de ambiente bucilico; a delega¢o da palavra postica a um pastor; a cele- brago da vida simples; a clareza, a ldgica e a simplicidade na construgso do poema. @) Apresenca do ambiente nacional; a delegao da palavra poética a um pastor; a cele- bracdo da vida em sociedadle; a construg3o racional do poema enfatizando 0 decoro e a discrigao. (PUC-CAMP) TTiradentes era alguém com todas as caracteristices e ressentimentos de um revolucio nério. Além do mais, ele se apresentava para 0 martirio 20 proclamar sua responsabilidade ‘exclusiva pela inconfidéncia, Era ébvia a sedugo que 0 enforcamento do alferes represen tava para 0 governo portugués: pouca gente levaria a sério um movimento chefiado por um simples Tiradentes (e as autoridades lusas, depois de outubro de 1790, invariavelmente se referiam ao alferes por seu apelido de Tiradentes). Was Kenneth dene do dv, An Minera Sale orig 1750-808 SEs Paul: Par Tera 10S. .216 ‘Ao proclamar sua responsabilidade exclusiva pela inconfidencia, Tiradentes favoreceu 2) 08 conspiradores brasileiros e portugueses que pretendiam fazer dele 0 herdi de uma epopeia nacional. b) 05 companheiros de movimento e postas Cléudio Manuel da Costa e Tomés Anténio Gonzaga. ) seus cimplices e escritores Basilio da Gama e Gregério de Matos. d) 0s revoltosns e fanaticos monarquistas agrupados num arraial de Minas Gerais. @) 08 companheiras intelectuais que propagavam suas causas nos jornais de primeire Império, Ee

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