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A importância da família e o

diagnóstico
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Considerando a família como parte indispensável no processo de desenvolvimento de
pessoas com Transtorno do Espectro Autista, é necessário considerar a importância do
bem-estar emocional destes. O processo de diagnóstico envolve, em grande parte das
vezes, uma quebra de expectativas de forte influência no comportamento dos
responsáveis.

Há um estudo realizado pela autora Elisabeth Kübler-Ross que divide o processo de


diagnóstico dos filhos em cinco fases, as quais denominou como Fases do Luto. A
primeira, chamada de Negação, se dá com o comportamento de esquiva da realidade, se
negando a enxergar os sintomas e comportamentos apresentados, pois vão contra as
expectativas geradas, provocando sentimentos desconfortáveis à família, como medo e
inseguranças.

A segunda fase, chamada de Raiva é quando há uma revolta por parte da família ao
encarar a realidade e todos os possíveis obstáculos que envolvem o diagnóstico e
desenvolvimento de uma criança com transtornos do neurodesenvolvimento, sendo
comum que se busque pessoas ou coisas para culpar como forma de sanar os sentimentos
do momento.

A terceira fase se refere a Barganha, em que a família busca alternativas que julga
menos agressivas à sua aceitação como forma de não precisar encarar o processo que a
espera. A quarta fase é chamada de Depressão, onde a família percebe que o movimento
de estratégias alternativas não trazem resultados e passa pelo momento de compreensão
das emoções geradas desde o momento da “notícia”.

Por fim, as famílias chegam ao momento da aceitação, em que estão emocionalmente


preparadas para buscar e praticar o que for necessário para auxiliar a criança nos
tratamentos e procedimentos necessários. É primordial compreender todas estas
questões, pois a exigência feita a uma família que se encontra na última fase não pode ser
a mesma da primeira ou segunda, é necessário respeitar estas fases e compreender o que
será possível em cada momento, pois nem sempre conseguiremos, enquanto
profissionais, trabalhar com o ideal.

Dentre os motivos pelos quais as famílias normalmente apresentam resistência na


aceitação do diagnóstico, destacamos a desatualização de profissionais, o que acarreta
em informações equivocadas ou na ausência delas para a família, a incompreensão da
sociedade que acarreta em capacitismos ocorridos de diferentes maneiras, desde as mais
agressivas até comentários considerados sutis, como: “Ele tem algum problema!”, “Nossa,
mas ele é tão inteligente!”, “Ele tem autismo, mas é leve”, “Nossa, mas ele fala de tudo!”,
“Ah, agora tudo é autismo!”.

Pesquisas atuais comprovam a sobrecarga de pais e mães de pessoas com deficiência e a


influência emocional na disfunção de Cortisol (hormônio responsável pela regulação do
estresse). Schmidt e Bosa (2007) observam que

"os altos níveis de estresse encontrados nas mães de pessoas com autismo parecem estar
relacionados a fatores como o excesso de demanda de cuidados diretos do filho,
isolamento social e escassez de apoio social. Além disso, o alto nível de dependência de
apoio da família e a carência de outras provisões de apoiam geram intensos sentimentos

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de insegurança, ansiedade e temores em relação à condição futura da pessoa com
autismo, afetando a família como um todo" (SCHMIDT; BOSA, 2007, p. 183).

Importante considerar que a família deve participar e contribuir na estimulação das


crianças, porém é de responsabilidade dos profissionais envolvidos oferecerem
orientações de quais os caminhos a serem seguidos, por meio de pesquisas embasadas
em ciência.

"NÓS NÃO SOMOS TODOS IGUAIS, MUITO PELO CONTRÁRIO, SOMOS TODOS
DIFERENTES. O PROBLEMA ESTÁ EM TORNAR A DIFERENÇA UM OBSTÁCULO".

Que possamos ser facilitadores do processo diagnóstico junto às famílias.

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Referências
GERALDO, Valéria Gandolfi. Diagnóstico de Autismo: as cinco fases do luto. As Cinco
Fases do Luto. 2021.

SCHMIDT, Carlo; BOSA, Cleonice. Estresse e auto-eficácia em mães de pessoas com


autismo. Arquivos Brasileiros de Psicologia, [S.I], v. 59, n. 2, p. 179-191, dez. 2007.

SELTZER, Marsha Mailick et al. Maternal Cortisol Levels and Behavior Problems in
Adolescents and Adults with ASD. Journal Of Autism And Developmental Disorders,
[S.L.], v. 40, n. 4, p. 457-469, nov. 2009.

SMITH, Leann E.; SELTZER, Marsha Mailick; TAGER-FLUSBERG, Helen; GREENBERG, Jan S.;
CARTER, Alice S. A Comparative Analysis of Well-Being and Coping among Mothers of
Toddlers and Mothers of Adolescents with ASD. Journal Of Autism And Developmental
Disorders, [S.L.], v. 38, n. 5, p. 876-889, out. 2007.

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