oai2023, 13:49 ‘Mafia Ga tora fala om importar eile dos EUA para matar policias em tera indigena no Par | Leia Isso
REPORTER BRASIL
‘Mafia da tora’ fala em
importar rifle dos EUA para
matar policiais em terra
indigena no Para
BEATRIZ SOUZA 03 NOVEMBRO 2023 | 6min de leitura
Audios obtidos pela Repérter Brasil e atribuidos a um grupo de
WhatsApp chamado “Mafia da Tora” revelam dois homens conversando
sobre a compra de armas que seriam usadas contra agentes da Forca
Nacional e de outros érgaos envolvidos na desintrusao (retirada dos
ocupantes irregulares) da Terra Indigena Apyterewa, no Sul do Para.
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Onde foi isso z
honeys
Est&o tratando cidadéo de bem
igual bandido , so fauta a gente
Ag faser 0 papel deles receber
eles a bala , mais 0 povo é&
frouxo
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DOO
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Desde 02 de outubro, uma megaoperagao autorizada pela Justica Federal
e confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) tenta retomar a area
destinada ao povo Parakana, no municipio de Sao Félix do Xingu.
Invadida por madeireiros e pecuaristas, a Apyterewa foi o territério
indigena mais desmatado do pais durante 0 governo do ex-presidente
Jair Bolsonaro (PL). A expulsdo dos ocupantes irregulares e das 60 mil
cabecas de gado vem gerando reacdes de lideran¢as politicas_e
econémicas locai:
No grupo de Whatsapp, formado por 225 pessoas ligadas ao comércio de
madeira de diferentes estados da regiao Norte, dois homens conversam
sobre a aquisi¢aéo de armamento para atirar contra os agentes. “A
vontade que da é estar bem localizado com uma [arma] 357, entendeu,
catar um por um e dar na cabega, um satanas desse ai”, afirma um deles.
“Esses caras nao tém respeito com ninguém, nao, rapaz, esse bando de
vagabundo. Na hora que morrer uns dez, aprendem a tratar os outros. A
100 metros de distancia, uma 357 boa, eu nao erro a cabeca de uma peste
dessa...”, prossegue.
Ao comentar a declaracao, um segundo homem, que afirma estar nos
Estados Unidos, cita um rifle conhecido como “Predator 308” — modelo
que, em suas palavras, “ja resolvia bem o problema ai”.
“Vou mandar um video af de um rifle que tem aqui nos Estados Unidos, 0
308. Ai no Brasil tem também, mas ele é caro demais. Ja resolvia bem 0
problema ai. Observa o tiro desse rifle para vocé ver”, afirma, enviando
na sequéncia um video no qual um cagador dispara um tiro contra a
cabega de um veado, no meio da vegetacao.
A mensagem é seguida por uma discussao sobre a diferenga de prego do
produto no Brasil e nos Estados Unidos. O segundo homem afirma que,
enquanto a arma custaria cerca de USS 600 em solo americano, no Brasil
seria vendida por aproximadamente R$ 23 mil. Em resposta, 0 primeiro
homem pede ao colega que “embale” um rifle e envie ao Brasil.
htips:ifeiatsso.notint101j 38oart12025, 1348 “Maia da tor’ fala om impartar ele dos EUA para matar pois om terra indigena no Par | Lia Isso
“Embala um bicho desse ai, bem embaladinho. Ndés temos aqui uma
carabina 22, descascada por baixo, de tesoura. Veio daf... O cara colocou
dentro de uma caixa de guitarra, embrulhou bem. Veio parar aqui no
Brasil, pelo Correio. Podia mandar no meu enderego... que nao da nada,
nao”, declara ele, acrescentando ainda que a arma nao poderia ser
registrada, para evitar problemas com fiscalizagao.
Apés a troca de mensagens, uma terceira pessoa comenta o assunto e
afirma que o Paraguai pode ser uma op¢ao de destino para adquirir a
arma. Ela também ensina como seria possivel produzir uma bomba
caseira com 0 uso de explosivos e um cano de PVC, para ser langada
contra as forgas policiais.
A Repérter Brasil questionou o comando da opera¢ao de desintrusao da
Terra Indigena Apyterewa sobre as ameacas. Até o fechamento, nao
houve resposta - 0 texto sera atualizado, caso seja enviado um
posicionamento.
Morte durante a operacao
As forcgas policiais se dividem em duas bases da Funai (Fundacgao
Nacional dos Povos Indigenas) localizadas no interior da Terra Indigena
Apyterewa. O maior foco de tensdo é a Vila Renascer, comunidade
formada por 210 familias.
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mada da Terra Indigena comecou em 2.de outubro eo prazo dada
de gadoé al do més (Foto: Fernand
tho)
Ha duas semanas, a Forca Nacional assumiu a responsabilidade pela
morte de Oseias dos Santos Ribeiro, atingido por um tiro de fuzil.
Segundo 0 comando da operagao, a vitima teria tentado desarmar um
policial. O episddio representou o pico de tensdo da operacao e levou a
intensificagao do lobby de politicos regionais para a paralisacao da
retomada do territério Parakana.
Leia também:
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Apesar da pressao, os politicos nao obtiveram sucesso. O Ministério
Puiblico Federal (MPF) pediu o afastamento do prefeito de Sado Félix do
Xingu, Joao Cléber (MDB). Segundo os procuradores, ele estaria
divulgando noticias falsas sobre a paralisagao da operagdo e
descumprindo determinagées legais para a desintrusao.
O MPF também propés 31 acées criminais e 17 aces civis ptiblicas contra
os pecuaristas instalados na Apyterewa. O MPF pede o pagamento de RS
76,7 milhées, a titulo de ressarcimento dos ganhos financeiros obtidos
com a comercializacao do rebanho irregular e de indenizacées por danos
morais coletivos.
Nesta terca-feira (31/10), encerrou-se 0 prazo para que os pecuaristas
retirassem o gado do territério indigena. Antes do inicio da operagao, a
estimativa era de que 60 mil cabecas de gado estivessem pastando na
area demarcada para 0 povo Parakana.
Gado ilegal abastece grandes frigorificos
Em 2020, uma investigacao da Repérter Brasil mostrou que o gado
criado em fazendas localizadas dentro da Apyterewa abasteceu
frigorificos de grande porte, como a Marfrig, e abatedouros regionais,
como Frigol e Merctrio. A pratica, no entanto, nao cessou. Em 2022,
outra investigacao da Repérter Brasil revelou que os invasores da terra
indigena forneciam gado indiretamente para a JBS.
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Gado criado dentro da VI Apyterewa chegou a frigorificos como Marfrig, Frigol, Merctirio eJBS, segundo
investigagdes da Repérter Brasil (Foto: Joao Lact/Repérter Brasil/The Guardian)
A equipe da Repérter Brasil acompanhou os primeiros dias da operacao,
registrando os momentos de tens4o e a retirada do gado. Foram 14
caminhées carregados de bois saindo da terra indigena apenas na
segunda-feira (30), segundo o boletim divulgado pela operacao.
Situada no sudoeste do Para, a TI Apyterewa é alvo de madeireiros,
grileiros, pecuaristas e garimpeiros ilegais e ja perdeu 106.000 hectares
de floresta desde a sua criagdo, em 2007, segundo dados do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Dos 773 mil hectares da TI, cerca de 14% do total ja foram desmatados.
Mais da metade da destrui¢ao ocorreu nos tltimos quatro anos, durante
0 governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Um levantamento do
MapBiomas, a pedido da Repérter Brasil, aponta que aproximadamente
98% da floresta destruida na area deu lugar a pastagens para criacao de
bovinos.
Além de agentes da Forca Nacional, a desintrusdo da Terra Indigena
Apyterewa conta com a participacao de servidores da Agéncia Brasileira
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78osst12023, 18.48 “Maia da tor’ fala om impartar ele dos EUA para matar pois om terra indigena no Par | Lia Isso
de Inteligéncia (Abin), Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente),
Incra (Instituto Nacional de Colonizacao e Reforma Agraria) e da Policia
Federal.
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