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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

CAMPUS DE JOAÇABA
ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MECÂNICA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO:


PROJETO DE UMA VÁLVULA ESFÉRICA PARA PEQUENAS CENTRAIS
HIDRELÉTRICAS

CARLOS ALEXANDRE NAYSINGER QUEVEDO

JOAÇABA – SC
2014
CARLOS ALEXANDRE NAYSINGER QUEVEDO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO:


PROJETO DE UMA VÁLVULA ESFÉRICA PARA PEQUENAS CENTRAIS
HIDRELÉTRICAS

Relatório de Estágio apresentado ao Colegiado do


Curso de Engenharia de Produção Mecânica da
Universidade do Oeste de Santa Catarina como
requisito parcial à obtenção do grau de Engenheiro
de Produção Mecânica.

Orientador: Prof. Douglas Roberto Zaions, M. Eng.

JOAÇABA – SC
2014
CARLOS ALEXANDRE NAYSINGER QUEVEDO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO:


PROJETO DE UMA VÁLVULA ESFÉRICA PARA PEQUENAS CENTRAIS
HIDRELÉTRICAS

Relatório de Estágio apresentado ao Colegiado do


Curso de Engenharia de Produção Mecânica da
Universidade do Oeste de Santa Catarina como
requisito parcial à obtenção do grau de Engenheiro
de Produção Mecânica.

Aprovado em: 17/07/2014

BANCA EXAMINADORA

Prof. Douglas Roberto Zaions, M. Eng.


Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC

Prof.: Guido Willian Navia Valério


Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC

Prof.: João Morais da Silva Neto


Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC
Dedico este trabalho ao meu querido pai, falecido
muito recentemente, do qual sinto muito orgulho
e o qual tenho como referência de vida, de
pessoa, de esforço, de simplicidade, de
humildade, de honestidade, de caráter. Só tenho a
agradecer por tudo que fizestes por mim, por
nossa família. Muito obrigado, meu Pai.
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pela educação que me propiciaram e pela força que me transmitem
desde sempre.
Ao professor Douglas, pelo empenho e dedicação durante a orientação deste trabalho.
Aos professores que me apoiaram e incentivaram na ocasião da oportunidade do
estágio.
A empresa HISA que propiciou esta oportunidade de estágio, crescimento e
aprendizado.
Aos colegas e amigos, pela convivência e companheirismo.
A todos que de alguma forma contribuíram para a realização de mais esta etapa em
minha vida acadêmica.
Em especial, à minha esposa Claudia, que sempre me apoiou e me deu forças para que
fosse possível chegar até aqui, e pela paciência quando dos momentos que precisei estar
ausente.
MENSAGEM

“No que diz respeito ao empenho, ao compromisso,


ao esforço, e à dedicação, não existe meio termo.
Ou você faz uma coisa bem feita, ou não faz.”

Ayrton Senna
RESUMO

O presente trabalho discorre sobre o desenvolvimento do projeto de uma válvula esférica para
abertura e fechamento do fluxo hidráulico na entrada de turbinas de geração de energia
elétrica. Este trabalho foi desenvolvido com bases nas atividades de estágio realizadas na
empresa Hidráulica Industrial S.A., localizada em Joaçaba/SC sendo supervisionado pelo
Engenheiro Mecânico Rudimar Caricimi, e orientado pelo professor Douglas Roberto Zaions.
O principal objetivo do trabalho foi desenvolver um projeto de uma válvula esférica, e para
atingir tal objetivo foi feito uma revisão bibliográfica sobre os sistemas existentes em usinas
hidrelétricas, bem como os dispositivos utilizados para realizar a tarefa de abrir e fechar o
fluxo de água nas turbinas. A metodologia empregada é a descrita por Pahl e Beitz (2005)
sobre projeto de produto. Os resultados levaram à conclusão de que é importante utilizar uma
metodologia como esta utilizada no trabalho, a qual foi abordada em uma das cadeiras do
curso de graduação de Engenharia de Produção Mecânica. Esta metodologia se mostrou eficaz
para auxiliar no desenvolvimento do projeto do produto de maneira que o produto atingisse a
todos os requisitos levantados pelo cliente e que fosse possível atender o prazo proposto para
o projeto. Com o desenvolvimento do projeto da válvula esférica foi possível alcançar
resultados satisfatórios, superando as expectativas dos envolvidos no trabalho, bem como o
cliente final.
Palavras-chave: Projeto de produto. Válvula esférica. Fluxo hidráulico. Hidrelétrica.
LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1 - Esquema básico de uma usina hidrelétrica .......................................................... 19


Esquema 2 - Interligação turbina e gerador .............................................................................. 19
Fluxograma 1 - Planejamento do Trabalho ............................................................................. 36
Diagrama 1 - Cronograma das atividades................................................................................. 43
Esquema 3 - Estrutura funcional da válvula esférica ............................................................... 52
Esquema 4 - Estrutura da válvula esférica................................................................................ 69
Esquema 5 - Sistema de verificação ......................................................................................... 70
LISTA DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 1 - Rotor de turbina tipo Francis ............................................................................. 20


Fotografia 2 - Rotor de turbina tipo Kaplan ............................................................................. 20
Fotografia 3 - Rotor de turbina tipo Pelton .............................................................................. 21
Fotografia 4 - Gerador de pequeno porte, horizontal ............................................................... 21
Fotografia 5 - Gerador de grande porte, vertical ...................................................................... 22
Fotografia 6 - Principais sistemas de uma usina hidrelétrica ................................................... 23
Fotografia 7 - Válvula Esférica Bipartida................................................................................. 28
Fotografia 8 - Válvula Esférica Tripartida ............................................................................... 29
Fotografia 9 - Válvula Borboleta (Hacker)............................................................................... 40
Fotografia 10 - Válvula borboleta (MCA Energia) .................................................................. 41
Fotografia 11 - Válvula borboleta (Voith) ................................................................................ 41
LISTA DE DESENHOS

Desenho 1 - Válvula globo ....................................................................................................... 24


Desenho 2 - Válvula Gaveta ..................................................................................................... 24
Desenho 3 - Válvula Diafragma ............................................................................................... 24
Desenho 4 - Válvula Borboleta ................................................................................................ 24
Desenho 5 - Válvula Esférica ................................................................................................... 25
Desenho 6 - Válvula Borboleta (obturador A) ......................................................................... 26
Desenho 7 - Válvula Borboleta (obturador B).......................................................................... 26
Desenho 8 - Válvula Esférica aberta ........................................................................................ 27
Desenho 9 - Válvula Esférica fechada ...................................................................................... 28
Desenho 10 - Válvula borboleta fechada (vista isométrica) ..................................................... 38
Desenho 11 - Válvula borboleta fechada (vista frontal e corte) ............................................... 38
Desenho 12 - Válvula borboleta na posição aberta (vista isométrica) ..................................... 39
Desenho 13 - Válvula borboleta aberta (vista frontal e corte) .................................................. 39
Desenho 14 - Análise do obturador .......................................................................................... 63
Desenho 15 - Disposição do mancal ........................................................................................ 64
Desenho 16 - Análise do eixo ................................................................................................... 65
Desenho 17 - Análise do corpo da válvula ............................................................................... 66
Desenho 18 - Acionamento da válvula borboleta ..................................................................... 67
Desenho 19 - Acionamento da válvula esférica ....................................................................... 68
Desenho 20 - Vista lateral da válvula esférica ......................................................................... 71
Desenho 21 - Vista frontal da válvula esférica ......................................................................... 72
Desenho 22 - Vista isométrica, posição fechada ...................................................................... 72
Desenho 23 - Vista isométrica, posição aberta ......................................................................... 73
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Necessidades do cliente .......................................................................................... 45


Quadro 2 - Requisitos do cliente .............................................................................................. 45
Quadro 3 - Requisitos de projeto .............................................................................................. 46
Quadro 4 - Matriz QFD ............................................................................................................ 48
Quadro 5 - Especificações de projeto da válvula esférica ........................................................ 50
Quadro 6 - Matriz morfológica ................................................................................................. 53
Quadro 7 - Matriz de decisão ................................................................................................... 56
Quadro 8 - Matriz de avaliação passa-não-passa...................................................................... 58
Quadro 9 - Matriz de avaliação ................................................................................................ 59
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica


ASTM American Society for Testing and Materials
CAD Computer Aided Design
CEEE Companhia Estadual de Energia Elétrica do RS
CGH Central Geradora Hidrelétrica
EFP Estrutura Funcional do Produto
EPP Especificação de Projeto do Produto
FE Função Elementar
FG Função Global
FOFA Força, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças
FP Função Parcial
HISA Hidráulica Industrial S.A.
JIS Japanese Industrial Standards
MD Matriz de Decisão
MM Matriz Morfológica
MMA Ministério do Meio Ambiente
PC Projeto Conceitual
PCH Pequenas Centrais Hidrelétricas
PD Projeto Detalhado
PI Projeto Informacional
PP Projeto Preliminar
PSP Princípios de Solução do Produto
QFD Quality Function Deployment
SWOT Strengths, Weaknesses, Opportunities, e Threats
UHE Usinas Hidrelétricas
UNOESC Universidade do Oeste de Santa Catarina
LISTA DE SÍMBOLOS

MW megawatt
km² quilômetro quadrado
m metro
mm milímetro
Q vazão volumétrica
V velocidade linear
A área
π pi
m³ metro cúbico
m² metro quadrado
d diâmetro
kgf quilograma força
P pressão
F força
Mmáx momento máximo
We módulo de resistência
e espessura
Dn diâmetro nominal
pproj pressão de projeto
σadm tensão admissível
ksolda eficiência de solda
s sobre espessura
Dsv diâmetro mínimo do cilindro
Fsv força mínima do cilindro
Phid pressão mínima do sistema hidráulico
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ......................................................................................... 15
1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ................................................................................ 15
1.3 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 16
1.4 OBJETIVO ................................................................................................................ 16
1.4.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 16
1.4.2 Objetivos Específicos ........................................................................................ 16
1.5 QUESTÕES DE PESQUISA ..................................................................................... 16
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................................. 17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 18
2.1 PRINCIPAIS SISTEMAS DE UMA USINA HIDRELÉTRICA ............................. 18
2.2 VÁLVULAS DE CONTROLE DE FLUXO ............................................................. 23
2.3 VÁLVULA BORBOLETA ....................................................................................... 25
2.4 VÁLVULA ESFÉRICA ............................................................................................ 27
3 METODOLOGIA........................................................................................................... 30
3.1 MÉTODO DE PESQUISA ........................................................................................ 30
3.2 METODOLOGIA DE PROJETO ............................................................................. 30
3.2.1 Planejamento de produto ................................................................................. 30
3.2.2 Planejamento de projeto .................................................................................. 31
3.2.3 Projeto informacional....................................................................................... 31
3.2.4 Projeto conceitual ............................................................................................. 32
3.2.5 Projeto preliminar ............................................................................................ 32
3.2.6 Projeto detalhado.............................................................................................. 33
3.2.7 Planejamento do estágio................................................................................... 33
4 PROJETO DE UMA VÁLVULA ESFÉRICA ............................................................ 37
4.1 PLANEJAMENTO DE PRODUTO .......................................................................... 37
4.1.1 Análise de mercado ........................................................................................... 37
4.1.2 Viabilidade do projeto ...................................................................................... 37
4.1.3 Análise de sistemas existentes .......................................................................... 37
4.1.4 Concorrentes ..................................................................................................... 40
4.2 PLANEJAMENTO DO PROJETO ........................................................................... 41
4.2.1 Partes envolvidas .............................................................................................. 41
4.2.2 Plano de comunicação ...................................................................................... 41
4.2.3 Escopo do projeto ............................................................................................. 42
4.2.4 Tempo ................................................................................................................ 42
4.3 PROJETO INFORMACIONAL ................................................................................ 44
4.3.1 Levantamento das necessidades do cliente ..................................................... 44
4.3.2 Requisitos do cliente ......................................................................................... 45
4.3.3 Requisitos de projeto ........................................................................................ 46
4.3.4 Matriz QFD ....................................................................................................... 46
4.3.5 Especificação de projeto de produto ............................................................... 48
4.4 PROJETO CONCEITUAL ........................................................................................ 50
4.4.1 Estrutura funcional de produto ...................................................................... 51
4.4.2 Matriz morfológica ........................................................................................... 52
4.4.3 Matriz de decisão .............................................................................................. 55
4.4.4 Matriz de avaliação passa-não-passa .............................................................. 58
4.4.5 Matriz de avaliação para a escolha da concepção ......................................... 58
4.5 PROJETO PRELIMINAR ......................................................................................... 60
4.5.1 Definição do diâmetro da válvula ................................................................... 61
4.5.2 Dimensionamento do obturador ..................................................................... 61
4.5.3 Dimensionamento dos eixos ............................................................................. 63
4.5.4 Dimensionamento do corpo da válvula........................................................... 65
4.5.5 Dimensionamento do cilindro acionador........................................................ 66
4.5.6 Definição da base de acionamento .................................................................. 67
4.6 PROJETO DETALHADO ......................................................................................... 68
4.6.1 Estrutura da válvula esférica........................................................................... 69
4.6.2 Sistemas de desenhos ........................................................................................ 70
4.6.3 Sistema de verificação ...................................................................................... 70
4.6.4 Detalhamentos da válvula esférica .................................................................. 71
5 CONCLUSÃO................................................................................................................. 74
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 76
APÊNDICE A – Memorial de cálculo da válvula esférica (parcial) ........................................ 78
APÊNDICE B – Memorial de cálculo da chaveta (parcial) ..................................................... 80
APÊNDICE C – Detalhamento de conjunto geral da válvula esférica..................................... 82
ANEXO A – Ficha de acompanhamento semanal do estagiário na empresa ........................... 83
15

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Quando se fala de energia elétrica, poucos têm o conhecimento de onde ela vem e de
como ela é gerada. Outros poucos sabem disto, mas não imaginam o quão complexo é um
sistema de geração de energia elétrica. E são vários os tipos de fontes de energia possíveis
para a utilização na conversão em energia elétrica, como a energia dos ventos (eólica), da
queima do carvão (termoelétrica), da água (hidrelétrica), entre outras.
Segundo Faria (2014), cerca de um quinto da energia elétrica utilizada no planeta é
gerado por usinas hidrelétricas. No Brasil, as usinas hidrelétricas são as responsáveis pela
maior parte da energia elétrica gerada, que é de aproximadamente 90% do total gerado,
devido ao elevado número de rios existentes em todo o território nacional. Mas ainda há
muito potencial hidráulico para ser explorado e utilizado, aumentando ainda mais a utilização
da energia das hidrelétricas. E tendo em vista este elevado número de hidrelétricas é que se
necessita otimizar ao máximo os sistemas que as compõem, para melhorar seu rendimento e
consequentemente o aproveitamento dos recursos hídricos disponíveis no planeta.
E um desses sistemas a serem melhorados é o de admissão de água na entrada das
turbinas, isto é, o conduto forçado, que é o responsável por conduzir a água do reservatório
até a turbina. No conduto forçado há o dispositivo de abertura e fechamento do fluxo de água
existente entre o final do conduto forçado e a entrada da tubulação da turbina, chamada de
caixa espiral.

1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA


O aumento constante na demanda de energia elétrica e consequentemente a alta
necessidade de se implantar cada vez mais novas centrais geradoras dessa energia, é que surge
a necessidade de minimizar custos de produção, simplificar componentes e diminuir ao
máximo as perdas no sistema.
E o dispositivo de abertura e fechamento do fluxo de água na entrada das turbinas
hidráulicas, é um desses itens que precisa ser reavaliado. Pois o dispositivo utilizado
atualmente é limitado para algumas aplicações, isto é, pode ser utilizado, mas pode acabar
sendo inviável ou falhando em um curto prazo de tempo.
16

1.3 JUSTIFICATIVA
O presente trabalho propõe o desenvolvimento do projeto de uma válvula esférica que
seja capaz de realizar todas as funções do dispositivo atual, válvula borboleta, nas mesmas
condições de operação que este, e ainda atenda da melhor forma as condições de trabalho não
recomendadas para o dispositivo utilizado até então.

1.4 OBJETIVO
A composição dos objetivos desse trabalho será subdividida em objetivo geral e
objetivos específicos.

1.4.1 Objetivo Geral


O objetivo geral deste trabalho é projetar uma válvula esférica para fazer a abertura e
fechamento do fluxo de entrada de água nas turbinas hidráulicas de pequenas centrais
hidrelétricas.

1.4.2 Objetivos Específicos


Os objetivos específicos pretendidos com a realização deste trabalho são:
a) estudar o processo de projetos de produtos industriais;
b) aplicar os conceitos teóricos da sistemática de Processo de Projeto de Pahl e
Beitz no desenvolvimento de uma válvula esférica;
c) desenvolver todas as etapas de elaboração de projeto de um produto;
d) elaborar o projeto de acordo com as necessidades levantadas junto ao cliente;
e) aplicar ao projeto conhecimentos teóricos adquiridos durante o Curso de
Engenharia de Produção Mecânica.

1.5 QUESTÕES DE PESQUISA


Para orientar a execução da pesquisa, foram definidas algumas questões a serem
investigadas e respondidas a partir dos resultados obtidos:
a) Quais são os requisitos do cliente?
b) Quais são os requisitos de projeto?
c) Qual a função do equipamento?
d) Quais os conceitos de válvula esférica conhecidos?
e) Quais as limitações para fabricação deste dispositivo?
f) Quais as limitações para o uso deste dispositivo?
g) Quais os principais modelos de válvula existente?
17

h) Quais os conceitos que atendem as funções do sistema?

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO


Este trabalho encontra-se dividido em cinco capítulos, com os conteúdos apresentados
na sequência em que se fez necessária para melhor organizar o relatório.
No primeiro capítulo, apresentam-se a contextualização, a definição do problema, a
justificativa, os objetivos geral e específicos do relatório de estágio, assim como as questões
de pesquisa levantadas nele.
O segundo capítulo, apresenta a fundamentação teórica deste trabalho envolvendo a
descrição do dispositivo objeto deste trabalho, a válvula esférica, constando descrições das
partes básicas do equipamento para que desenvolva sua função.
No capítulo três é apresentada a metodologia adotada para a realização do relatório.
O quarto capítulo aborda os resultados e discussões referentes ao projeto do dispositivo
válvula esférica, assim como seus cálculos e seleção de componentes.
No quinto capítulo, são apresentadas as conclusões obtidas com a realização deste
trabalho. Na sequência, são apresentadas as referências consultadas para a elaboração do
trabalho, e posteriormente os anexos citados no decorrer deste.
18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo será apresentada uma breve revisão bibliográfica envolvendo
inicialmente a descrição dos principais sistemas utilizados nas usinas hidrelétricas de modo a
facilitar o entendimento do leitor. Em seguida faz-se uma revisão envolvendo as válvulas de
controle de fluxo, em específico das válvulas esféricas.

2.1 PRINCIPAIS SISTEMAS DE UMA USINA HIDRELÉTRICA


Primeiramente faz-se uma breve definição dos tipos de usinas hidrelétricas, que é em
função de seu tamanho e sua capacidade de geração. Conforme a ANEEL (2003, apud MMA,
[entre 2013 e 2014]), são três as definições dos tipos de usinas, conforme segue:
a) CGH (Central Geradora Hidrelétrica): é toda unidade geradora de energia que
possui potencial hidráulico igual ou inferior a 1 MW (um megawatt);
b) PCH (Pequena Central Hidrelétrica): é toda usina hidrelétrica de pequeno porte
cuja capacidade instalada esteja entre 1MW (um megawatt) e 30MW (trinta
megawatts) e cuja área do reservatório não seja maior que 3 km² (três quilômetros
quadrados);
c) UHE (Usina Hidrelétrica de Energia): é toda usina hidrelétrica cuja capacidade
instalada seja superior a 30MW (trinta megawatts), que possua reservatório maior
que 3 km² (três quilômetros quadrados).
Quanto aos sistemas que compõem cada tipo de unidade, são todas semelhantes. As
diferenças estão na robustez e capacidade de cada componente, sendo eles proporcionais à
capacidade de cada unidade geradora.
Basicamente, o funcionamento de uma usina hidrelétrica segundo Henn (2006, p.
187), consiste do aproveitamento da energia potencial, existente na diferença de nível do
reservatório que antecede a barragem e o nível do rio após a passagem pela turbina, que se
transforma em energia cinética, através da passagem da água pelas pás da turbina, fazendo-a
girar. O Esquema 1 ilustra uma instalação básica de uma usina.
19

Esquema 1 - Esquema básico de uma usina hidrelétrica

Fonte: Wikipédia (2014).

A turbina por sua vez, é acoplada a um gerador de energia elétrica por meio de um
eixo, que consequentemente entra em movimento de rotação. Este movimento de rotação do
gerador é transformado em energia elétrica. Esta energia elétrica gerada é levada para uma
subestação próxima da usina geradora, e desta é transmitida para outras subestações próximas
dos centros de consumo. O Esquema 2 mostra a interligação da turbina com o gerador.

Esquema 2 - Interligação turbina e gerador

Fonte: Infoescola (2014).


20

Quanto às turbinas, têm-se três tipos mais comuns, assim sendo, a Kaplan, a Francis e
a Pelton. Cada uma tem suas características de forma e condições de trabalho, e a escolha pelo
tipo depende basicamente do regime de operação da usina, e da altura da queda d'água, isto é,
a diferença de nível entre o reservatório e o rio após passar pela turbina.
Segundo Henn (2006, p. 48), as turbinas do tipo Francis são também chamadas de
turbinas de reação, isto é, causam diminuição da pressão do fluido ao passar pelo rotor,
enquanto que as turbinas tipo Pelton são também chamadas de turbinas de ação, as quais não
alteram a pressão do fluido em sua passagem.
As fotografias a seguir ilustram os diferentes tipos de turbinas citados. A Fotografia 1
ilustra o rotor de uma turbina tipo Francis, a Fotografia 2 ilustra o rotor de uma turbina tipo
Kaplan e a Fotografia 3 ilustra uma turbina tipo Pelton.
Fotografia 1 - Rotor de turbina tipo Francis

Fonte: Topomatika (2008).

Fotografia 2 - Rotor de turbina tipo Kaplan

Fonte: Hacker (2014).


21

Fotografia 3 - Rotor de turbina tipo Pelton

Fonte: Hisa (2014).

O gerador é composto de um rotor com bobinas que ao serem energizadas, formam um


campo magnético tornando-o um imã, que gira no interior de um estator, o qual é fixo e
também possui várias bobinas interligadas, as quais ao serem atingidas pelo campo magnético
do rotor provocam o aparecimento de uma corrente elétrica que é então a energia gerada pela
máquina (TIPLER e MOSCA, 2009, p. 274). Os tipos e tamanhos dos geradores dependem da
capacidade da usina e dos tipos de turbinas as quais serão acoplados, conforme ilustram as
Fotografias 4 e 5 a seguir.

Fotografia 4 - Gerador de pequeno porte, horizontal

Fonte: Wikipédia (2014).


22

Fotografia 5 - Gerador de grande porte, vertical

Fonte: Itaipu (2010).

Tendo conhecido os sistemas de turbinas e geradores, será então citado agora os


demais sistemas que compõem uma usina hidrelétrica complementando os principais sistemas
necessários para a geração de energia neste tipo de usina. São eles:
a) Reservatório ou lago: é o reservatório de água formado pelo represamento do rio
na barragem, que serve para manter constante o fluxo de água nas turbinas,
absorvendo pequenas variações de vazão que possam ocorrer no rio;
b) Barragem: é uma estrutura construída de uma margem até a outra do rio, que
restringe a passagem da água, formando o lago;
c) Vertedouro: é o que possibilita manter um controle no nível do lago,
principalmente em épocas de cheias, permitindo ou não a passagem do excesso de
água pela barragem;
d) Tomada d’água: é a estrutura que permite a condução da água do reservatório até a
adução das turbinas, e possui comportas de manobra e manutenção, e grades de
proteção contra sujidades sólidas como galhos e troncos de árvores;
e) Conduto forçado: é a canalização que transporta a água da tomada d’água até a
turbina, podendo ser exposto ou subterrâneo;
f) Casa de força: local onde é feita a operação da usina, e onde estão alojados os
grupos de turbogeradores e sistemas auxiliares para o funcionamento da mesma;
23

g) Canal de fuga: é o local de saída da água no rio após sua passagem pela turbina;
h) Subestação: é o local que recebe a energia gerada pelos grupos geradores, e eleva a
tensão para posterior transmissão para as demais subestações distribuidoras.

A Fotografia 6 ilustra os itens citados que compõem uma usina hidrelétrica.

Fotografia 6 - Principais sistemas de uma usina hidrelétrica

Fonte: Radar 1 (2014).

2.2 VÁLVULAS DE CONTROLE DE FLUXO


Cooley e Sacchetto (1986, p. 15), definem válvula como qualquer dispositivo que
tenha a finalidade de modificar o curso de um fluido em seu trajeto. Segundo uma definição
genérica da norma JIS, Japanese Industrial Standards, válvula “é um dispositivo com um
recurso móvel que permite a abertura e o fechamento de uma passagem para permitir, impedir
ou controlar o fluxo de fluidos”.
Na indústria, existem vários tipos de válvulas para o controle de fluxo de fluidos, das
quais podem ser citadas a válvula globo, a válvula gaveta, a válvula de diafragma, a válvula
borboleta e a válvula esférica. A seguir, serão ilustrados estes tipos mais comumente usados,
de forma simplificada, nas posições de operação quando aberta, parcialmente aberta e
fechada, respectivamente.
24

Desenho 1 - Válvula globo

Fonte: TLV CO., LTD.

Desenho 2 - Válvula Gaveta

Fonte: TLV CO., LTD.

Desenho 3 - Válvula Diafragma

Fonte: TLV CO., LTD.

Desenho 4 - Válvula Borboleta

Fonte: O Autor.
25

Desenho 5 - Válvula Esférica

Fonte: TLV CO., LTD.

Contudo, para a aplicação em usinas hidrelétricas, devido à robustez dos equipamentos


e do tempo desejado para a abertura e fechamento do dispositivo que permite a entrada da
água na turbina, os modelos mais adequados e utilizados atualmente, são as válvulas do tipo
borboleta e do tipo esférica, por serem ambas de fácil e rápida operação, isto é, basta girar 90°
o acionador.
Devido a isto, serão abordados mais especificamente estes dois tipos de válvulas, para
melhor se conhecer suas particularidades, vantagens e desvantagens, para posteriormente ser
possível a comparação entre ambas e consequentemente se compreender a correta aplicação
de cada uma.

2.3 VÁLVULA BORBOLETA

A válvula tipo borboleta, assim como as demais citadas anteriormente, é um


dispositivo mecânico utilizado para controlar o fluxo de fluido em tubulações, mais
exatamente para abrir ou fechar o fluxo. Consiste em um corpo cilíndrico de mesmo diâmetro
interno ao da tubulação na qual está instalado, com um obturador em forma de disco que gira
em torno de um eixo, dentro do anel, permitindo ou obstruindo a passagem do fluido
(COOLEY e SACCHETTO, 1986, p. 38). Dependendo do tamanho da válvula ou da
aplicação da mesma, o seu acionamento pode ser feito de forma manual por alavanca, ou
automática por cilindro pneumático ou hidráulico.

Quanto ao formato construtivo do obturador, existem duas configurações mais usuais,


sendo uma com o disco coincidindo com a linha de centro do eixo acionador, e a outra com o
disco deslocado certa medida em relação ao centro do eixo. A desvantagem da primeira
configuração é o fato de a vedação não ser muito eficiente, pois como a sede da vedação fica
em lados opostos no obturador, uma das pontas sempre tende a se afastar da sede, devido ao
esforço do fluido sobre o disco, como indica o Desenho 6.
26

Desenho 6 - Válvula Borboleta (obturador A)

Fonte: o autor.

Já a configuração em que o disco fica deslocado em relação ao eixo, a vedação se


comporta de melhor maneira, de modo que a sede é tocada pelo obturador de forma mais
uniforme e com isso os esforços sobre a sede homogênea, tornando a vedação mais eficiente,
conforme ilustra o Desenho 7.

Desenho 7 - Válvula Borboleta (obturador B)

Fonte: o autor.
27

Por outro lado, tem o inconveniente de, devido a distância existente entre o disco e o
centro do eixo, haver uma tendência de o obturador fechar-se, por conta de um momento
gerado pela força do fluido passando pela válvula. Uma vez que todo momento é resultante do
produto entre uma força, neste caso a do fluido, e uma distância, neste caso o deslocamento
do disco, existe um momento que tende a girar o eixo fechando a válvula, e por isso, o sistema
de acionamento tem de ser dimensionado para garantir que a válvula continue aberta. Isto é, o
cilindro necessita ficar todo tempo exercendo uma força a mais pra garantir que a válvula não
feche.

2.4 VÁLVULA ESFÉRICA


A válvula esférica, assim como a válvula borboleta, é um dispositivo mecânico
utilizado para controlar o fluxo de fluido em tubulações, porém para altas pressões só pode ser
usada nas posições aberta ou fechada. A esfera, chamada obturador, dentro do equipamento,
tem um orifício passante no seu próprio eixo, que quando alinhado (0°) com a linha de centro
do fluxo, permite a passagem do fluxo (COOLEY e SACCHETTO, 1986, P. 32), conforme o
Desenho 8.

Desenho 8 - Válvula Esférica aberta

Fonte: O Autor.

Para fechar a válvula, faz-se com que o orifício fique perpendicular (90°) a linha de
centro do fluxo, e então o fluxo é interrompido Desenho 9.
28

Desenho 9 - Válvula Esférica fechada

Fonte: O Autor.

Os modelos comerciais mais comuns apresentam o corpo da válvula de forma


bipartida (Fotografia 7), isto é, em duas metades, ou tripartidas (Fotografia 8), em três partes,
que possibilitam a montagem da esfera e suas respectivas vedações no interior da válvula.
Apresentam ainda as variações de tipos de conexões que podem ser roscadas ou
flangeadas. Quanto ao tipo de acionamento, as válvulas esféricas permitem que sejam
acionadas de forma manual, por cilindros pneumáticos ou hidráulicos, e ainda por atuadores
giratórios.

Fotografia 7 - Válvula Esférica Bipartida

Fonte: Disconval (2014).


29

Fotografia 8 - Válvula Esférica Tripartida

Fonte: Disconval (2014).

Por ser um sistema simples, relativamente barato, e de pouca necessidade de


manutenção, esse tipo de válvula é um dos mais utilizados em residências e indústrias,
principalmente as de óleo e gás, bem como as de papel e celulose, que manipulam em grande
parte fluidos pastosos, fibrosos e sujos.
No entanto, segundo recomendações da TLV CO., LTD (2014), é importante
considerar que a válvula esférica funcione somente nas posições completamente aberta ou
completamente fechada. Não é adequado o seu uso em uma posição parcialmente aberta para
finalidade alguma, tal como controle do fluxo.
Isso, porque a válvula esférica possui uma sede de válvula com um anel macio
moldado na mesma. Se a válvula for usada em uma posição parcialmente aberta, por um
tempo prolongado, a pressão será aplicada somente em parte da sede, o que pode ocasionar a
deformação da sede. E se a sede se deformar, suas propriedades de vedação serão
prejudicadas e isso ocasionará vazamentos.
30

3 METODOLOGIA

3.1 MÉTODO DE PESQUISA


Com base nos objetivos, pode-se destacar que o trabalho envolve uma pesquisa
exploratória-descritiva. O levantamento bibliográfico e a realização de entrevistas não
estruturadas com as pessoas que tiveram experiência prática com o problema objeto da
pesquisa constituíram a parte exploratória. No que se refere à parte descritiva, utilizou-se de
técnicas padronizadas para a coleta de dados e desenvolvimento do processo de projeto do
produto como as propostas por Pahl et al. (2005) e adequada por Back et al. (2008).
Com base nos procedimentos metodológicos, optou-se pela pesquisa-ação, pois é um
tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com
uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e
participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo
cooperativo ou participativo. A pesquisa-ação ocorre um constante vaivém entre as fases,
determinada pela dinâmica do grupo de pesquisadores em seu relacionamento com a situação
pesquisada.

3.2 METODOLOGIA DE PROJETO


As metodologias de projeto consistem em conjuntos de procedimentos sistemáticos
que são realizados pela equipe de pesquisadores projetistas com o objetivo de desenvolver um
sistema técnico complexo que realize um conjunto de funções e atenda as expectativas de
todos envolvidos no processo.
Há inúmeras metodologias utilizadas no desenvolvimento de sistemas e que
apresentam características similares. Na elaboração de projeto de sistemas eletromecânicos, a
sistemática de projeto das quatro fases, conhecida no meio industrial como metodologia de
Paul e Beitz, relacionada em Pahl e Beitz. (1998) é muito utilizada. Back et al. (2008)
adicionaram ao processo de desenvolvimento de produtos as etapas de planejamento. A
integração de Back et al. (2008) e Pahl e Beitz. (1998). As etapas são descritas a seguir.

3.2.1 Planejamento de produto


Nesta etapa são desenvolvidas as seguintes tarefas: (i) análise do mercado; (ii)
viabilidade do projeto; (iii) análise de sistemas existentes; e (iv) concorrentes. A conclusão
desta resulta na obtenção de informações sobre o equipamento e sua viabilidade perante o
mercado.
31

3.2.2 Planejamento de projeto


O objetivo desta etapa é apresentar o planejamento do projeto, onde as etapas
trabalhadas serão: (i) partes envolvidas; (ii) plano de comunicação; (iii) escopo do projeto; e
(iv) tempo. Ao final desta etapa tem-se como resultado, a organização das etapas posteriores
do projeto, bem como a definição de datas e o gerenciamento do projeto.

3.2.3 Projeto informacional


Nesta fase, de Projeto Informacional (PI), são levantadas as necessidades do cliente.
Em seguida, estas necessidades são convertidas em requisitos definidos na linguagem usual
do cliente. Esses requisitos devem evoluir posteriormente, para os chamados requisitos de
projeto, já numa linguagem que possa ser entendida pela equipe de projeto de maneira mais
técnica.
Em seguida, esses requisitos de projeto juntamente com restrições associadas e outros
atributos relevantes, passam a compor um documento que é a primeira identificação do
produto, denominada Especificação de Projeto do Produto (EPP). Nela, devem estar contidas
as informações que servirão de base para as três próximas fases do processo de projeto do
produto.
Uma EPP é uma lista de itens de especificações contendo valores metas, restrições,
saídas indesejáveis e outros atributos que estejam diretamente relacionados à concepção do
produto. Igualmente, um estudo informativo sobre o problema de projeto deve ser realizado
anteriormente. Esse estudo começa com a análise do problema de projeto que deve ser
realizada com vistas à clarificação dos objetos do projeto.
Os dados iniciais a serem levantados antes de se iniciar o trabalho de projeto são
basicamente:
a. Dados do estudo de marketing prévio (revisão do documento inicial);
b. Tipo de produto (bens de capital, bens de consumo, etc);
c. Tipo de projeto (original ou novo, adaptativo, reprojeto);
d. Volume planejado de fabricação;
e. Desejos explícitos expostos no problema de projeto;
f. Restrições do projeto ou do produto.

Com os primeiros dados informacionais obtidos e tabulados, parte-se para a segunda


fase do processo de projeto.
32

3.2.4 Projeto conceitual


O foco do Projeto Conceitual (PC) fase é elaborar os princípios de projeto para o
produto em questão, satisfazendo os requisitos levantados na fase anterior.
Através dos requisitos funcionais, é criada a Estrutura Funcional do Produto (EFP),
normalmente expressa em árvore hierárquica de funções, onde a função principal do produto
fica no topo, e a partir dela são desdobradas funções parciais que ficam em diferentes níveis
hierárquicos.
Posteriormente, definem-se os princípios de solução do produto, que devem atender às
funções estabelecidas na EFP. Para cada função, deve haver pelo menos um princípio de
solução. Tendo todos os princípios de solução de cada função, deve-se apresentá-los em uma
Matriz Morfológica (MM) para que possam ser confrontados e analisados.
Depois de organizar em opções, alternativas de concepção para o produto, os princípios
de solução previstos na MM, serão alocadas em uma segunda matriz, chamada de Matriz de
Decisão (MD), as alternativas serão então avaliadas segundo os requisitos de projeto definidos
junto à especificação de projeto de produto. Teremos como resultado a estrutura de princípios
de solução mais adequada para o produto.
Por último é feita uma análise funcional das peças e componentes, bem como a
definição conceitual destes. As informações geradas irão ajudar à definição dos leiautes das
partes principais do produto, tarefas e procedimentos para as partes de fabricação e montagem
do produto final.

3.2.5 Projeto preliminar


É nesta fase, de Projeto Preliminar (PP), que se faz uma avaliação inicial, da
concepção escolhida na fase anterior, sendo concluída através de uma avaliação técnico-
econômica. As informações definidas nas fases iniciais são processadas na busca de formas
geométricas e das disposições de todas as peças, que compõem a montagem do produto.
De acordo com Pahl e Beitz (2005, p.151), algumas das etapas a serem realizadas para
a elaboração do anteprojeto são: a seleção dos materiais e processos de manufatura, a
definição das medidas principais das peças, análise de compatibilidade espacial e ainda a
complementação das subsequentes funções auxiliares por meio de subsoluções.
Para alguns tipos de produto, são necessários muitos projetos básicos, com muitas
alterações e revisões, até que se consiga chegar em resultado final satisfatório.
É necessário ainda, que antes da definição inicial das formas geométrica, tenha-se em
vista as limitações de tamanho e formato, tanto para fabricação quanto para os diversos tipos
33

de solicitações as quais estarão submetidas às peças. Tais considerações são avaliadas


posteriormente, por meio de cálculos de resistência, análises de vibrações e ruídos, de
materiais além dos dimensionamentos estáticos e dinâmicos através das teorias de falha
estática e por fadiga das partes do produto.
É ideal realizar um estudo de comportamento, tanto das peças individuais, quanto do
conjunto montado do produto, com o uso de simulações computacionais, com a utilização de
algum software específico que, a partir do desenho final, faça as verificações dos parâmetros
pré estabelecidos para o projeto.

3.2.6 Projeto detalhado


Sendo esta a última etapa do projeto, são geradas as prescrições definitivas das
características físicas do produto, como forma, dimensionamento e acabamento superficial de
todos os componentes (PAHL e BEITZ, 2005, p. 281).
Também é nesta fase que ocorre o desenvolvimento do modelamento do produto, das
peças que devem compor o conjunto, bem como a simulação do funcionamento, para a
verificação de possíveis erros nas montagens, conflitos e interferências que possa vir a ocorrer
entre peças etc.
Depois de feitas todas as verificações, é então elaborada a documentação completa do
produto, que segundo Pahl e Beitz (2005, p. 281), é o ponto central da fase do Projeto
Detalhado (PD), com todas as informações necessárias para a fabricação e montagem do
produto final. Por fim, após o produto ser fabricado e testado, poderá então ser
comercializado.

3.2.7 Planejamento do estágio


O plano de trabalho do estágio envolve as diversas etapas ilustradas no Fluxograma 1.
Cada uma das respectivas etapas do plano de trabalho é descrita nos parágrafos a seguir.

Fase I - Revisão Bibliográfica


Esta fase compreende o embasamento teórico sobre assuntos pertinentes ao presente
estudo, para que se tenham informações suficientes para um bom desenvolvimento deste
trabalho, que incluem as ferramentas adotadas para a elaboração do produto, e uma breve
apresentação do produto em questão.
Etapa 1 – Usinas hidrelétricas
Trata-se da descrição dos principais sistemas existentes em uma usina hidrelétrica,
para posterior entendimento da necessidade do produto em desenvolvimento neste trabalho.
34

Nesta etapa as literaturas de base utilizadas foram as fontes de empresas conceituadas no


ramo de hidrelétricas e energia, como a ANEEL, a Companhia Estadual de Energia Elétrica
do Rio Grande do Sul (CEEE), Itaipu, e empresas fabricantes de turbinas e equipamentos
auxiliares para usinas hidrelétricas.
Etapa 2 – Válvulas: Tipos de válvulas de controle
Nesta etapa foram apresentados os conceitos de o que é e para que servem as válvulas
de controle de fluxo, bem como as vantagens e desvantagens de sua aplicação diante de outros
tipos de válvulas. E é a partir destas informações que foi possível desenvolver uma válvula
esférica com as características desejadas. Nesta etapa a literatura de base utilizada foram
catálogos e informativos de fabricantes, bem como a consulta a informações informais no
ambiente da empresa onde se realizou este trabalho.
Etapa 3 – Válvula Esférica: Aplicação Específica
Nesta etapa, é apresentada a utilização da válvula esférica em questão, bem como a
justificativa de se desenvolver um projeto para este produto. Nesta etapa a literatura de base
utilizada foram catálogos e informativos de fabricantes, bem como a consulta a informações
informais no ambiente da empresa onde se realizou este trabalho.

Fase II – Planejamento do Produto e do Projeto


Etapa 4 – Planejamento do produto
Esta etapa compõe as seguintes tarefas: (i) Análise do mercado e viabilidade; (ii)
Análise das tecnologias e concorrentes; (iii) Análise do consumidor e estimativa do valor do
produto; (iv) Descrição dos requisitos; (v) Avaliação de ideias de produtos; (vi) Vendas do
produto e o valor para o consumidor. Resulta em informações sobre o Equipamento e sua
viabilidade perante o mercado. Para o desenvolvimento desta a literatura de base foi Pahl et al
(2005).
Etapa 5 – Planejamento do Projeto
Tem como objetivo apresentar o planejamento do projeto, onde as etapas trabalhadas
descrevem-se como: (i) partes envolvidas no projeto; (ii) plano de comunicação; (iii) escopo
do projeto; e (iv) tempo. Tem como resultado a organização das etapas posteriores, definição
de datas e o gerenciamento do projeto. Aqui a literatura de base foi, como na etapa anterior
Pahl et al (2005).

Fase III – Projeto de uma Válvula Esférica


Etapa 6 – Projeto Informacional
35

Etapa onde são reunidas as informações para que a idealização do dispositivo possa
ser bem sucedida. É dividida basicamente em: (i) Identificação do problema de projeto (ii)
Identificação da demanda (iii) Identificação do ciclo de vida do produto (iv) Levantamento
das necessidades dos clientes; (v) Requisitos de cliente; (vi) Requisitos de projeto; (vii) Matriz
QFD, (viii) Especificação de Projeto de Produto. Resulta em informações para o projeto
conceitual, preliminar e projeto detalhado.
Etapa 7 – Projeto conceitual
Nesta etapa, buscam-se os princípios de solução para construção do dispositivo. As
etapas que constituem a fase do projeto conceitual podem ser subdivididas basicamente em:
(i) Estrutura funcional do produto, que descreve o comportamento dos elementos físicos que
virão a constituir o dispositivo; (ii) A concepção dos princípios de solução para as funções do
dispositivo; (iii) Alocação dos princípios de solução na matriz morfológica, facilitando a
visualização como um todo; (iv) Elaboração da matriz de decisão; (v) Elaboração da matriz
passa ou não passa para concepções de resolução e soluções de problemas. O principal
resultado desta etapa é a confecção da matriz de avaliação, contendo as melhores soluções
para os problemas de projeto. Estrutura funcional do produto.
Etapa 8 – Projeto Preliminar
Nesta etapa são aplicados todos os cálculos necessários para o dimensionamento e
verificação da resistência e funcionalidade de cada componente que constitui o dispositivo
válvula esférica. Os cálculos serão realizados de forma analítica, sendo utilizado o software
EXCEL®, e posteriormente serão realizadas verificações dos resultados com a utilização do
software de análise por elementos finitos ANSYS®.
Etapa 09 – Projeto Detalhado
Elaboração das folhas de desenho, contendo o detalhamento das peças e subconjuntos,
aplicação de dados adquiridos a partir dos testes feitos durante a execução total do trabalho.
No final desta etapa, tem-se o formato final do equipamento e a partir do projeto detalhado é
iniciada a fabricação e montagem do dispositivo.
Fase IV – Documentação do Projeto e Divulgação dos Resultados
Etapa 10 – Relatório de Estágio
Elaboração do relatório de estágio, seguindo regras de formatação recomendadas pelo
curso de Engenharia de Produção Mecânica.
Etapa 11 – Apresentação Oral
36

Apresentação do relatório de estágio, para a banca examinadora, composta pelo


orientador e os avaliadores deste trabalho, professores do curso de Engenharia de Produção
Mecânica.

Fluxograma 1 - Planejamento do Trabalho

Fase I – Revisão bibliográfica

Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3


Descrição dos principais Levantamento bibliográfico Revisão bibliográfica da
sistemas em usinas relacionado aos tipos de válvulas aplicação específica da Válvula
hidrelétricas de controle de fluxo Esférica

Capítulo 2
Capítulo 1
Revisão
Introdução
bibliográfica
Fase II – Planejamento do produto e do projeto
-Análise de mercado;
Etapa 4 -Viabilidade do projeto; Etapa 5 -Partes envolvidas;
Planejamento do produto Planejamento do projeto -Plano de comunicação;
-Análise de sistemas
-Escopo do projeto
existentes;
-Tempo de projeto
-Concorrentes.

Capítulo 3 Capítulo 4
Metodologia Resultados
Fase III – Projeto do produto da pesquisa da pesquisa

-Necessidades dos clientes; -Estrutura funcional do


Etapa 6 -Requisitos do cliente; Etapa 7 produto;
Projeto informacional -Requisitos de projeto; Projeto conceitual -Matrizes de avaliação e
-Matriz QFD decisão
-Especificação de projeto -Concepção dos
de produto princípios de solução

-Elaboração de
Etapa 8 -Dimensionamento dos Etapa 9 desenhos técnicos,
Projeto preliminar elementos; Projeto detalhado layout;
-Elaboração de -Especificação de
protótipo virtual 3D. processos de fabricação

Capítulo 4 Capítulo 5
Resultados Conclusões
da pesquisa do projeto e
Fase IV – Documentação e apresentação dos Resultados da pesquisa

Etapa 10 Etapa 11
Elaboração do Relatório Apresentação do
Relatório
37

4 PROJETO DE UMA VÁLVULA ESFÉRICA

4.1 PLANEJAMENTO DE PRODUTO

4.1.1 Análise de mercado


Esta análise corresponde à coleta de dados, referente aos clientes, concorrentes e o
nível de conhecimento da empresa no seu setor atuante. Além da análise da empresa e análise
da concorrência, é interessante realizar a Matriz SWOT.
A Matriz SWOT é uma importante ferramenta para analisar a empresa de um modo
geral perante o mercado. Esta matriz tem como nome as iniciais de quatro pontos a serem
analisados na ocasião da análise de mercado, originalmente em idioma inglês, que são
Strengths, Weaknesses, Opportunities, e Threats, que significam respectivamente Forças,
Fraquezas, Oportunidades e Ameaças. No idioma português brasileiro, é chamado de Matriz
FOFA. Ao se levantar dados referentes a estes quatro aspectos, é possível ter uma ampla visão
e conhecimento da empresa, suas potencialidades e deficiências, bem como do mercado, suas
ameaças e oportunidades.
Porém, tendo em vista que o objetivo deste projeto de produto é atender uma
necessidade interna da organização onde se realizou os presentes estudos, para diminuir as
perdas de pressão no fluxo hidráulico e se possível, diminuir os custos do dispositivo em
questão, considera-se que o cliente final deste projeto, é a própria organização.

4.1.2 Viabilidade do projeto


O presente projeto desconsiderou qualquer estudo de viabilidade, tendo em vista
que a necessidade de se projetar este produto surgiu das condições e limites de operações
existentes em algumas instalações de geração de energia elétrica, utilizando recursos
hidráulicos, as quais não permitem, ou ainda, inviabilizam a utilização do dispositivo
existente mais utilizado hoje, que é a válvula borboleta.

4.1.3 Análise de sistemas existentes


O dispositivo utilizado atualmente para garantir a abertura e o fechamento do sistema
de entrada de água na turbina hidráulica é uma válvula do tipo borboleta. Este dispositivo é de
simples construção. Consiste de um corpo soldado de chapa de aço ASTM A-36, um
obturador em forma de disco ou palheta de aço fundido ou de chapa, dependendo da
38

espessura, que é montado entre dois eixos, sendo um menor denominado eixo movido, e um
maior denominado eixo de acionamento.
Este tipo de válvula tem sua limitação de utilização definida pela pressão de trabalho,
isto é, a queda d’água existente no local de operação, que tem como queda máxima
recomendada de 150 m (cento e cinquenta metros), o que caracteriza uma desvantagem do uso
deste tipo de válvula. Logo, para quedas maiores, é necessária a utilização de outro tipo de
dispositivo, como a válvula esférica que é mais robusta e resistente a altas pressões.

Desenho 10 - Válvula borboleta fechada (vista isométrica)

Fonte: HISA.

Desenho 11 - Válvula borboleta fechada (vista frontal e corte)

Fonte: HISA.

Outra desvantagem das válvulas borboletas é o fato de que quando ela está na posição
aberta, o obturador da válvula continua oferecendo certa restrição a passagem da água, o que
39

implica em uma perda de carga maior no sistema. Os desenhos 12 e 13 ilustram a situação em


que o obturador fica restringindo a passagem do fluido, quando aberto.

Desenho 12 - Válvula borboleta na posição aberta (vista isométrica)

Fonte: HISA.

Desenho 13 - Válvula borboleta aberta (vista frontal e corte)

Fonte: HISA.

E como há a tendência de o obturador tentar seguir junto o fluxo hidráulico, os eixos e


mancais ficam sofrendo carga constantemente, para conseguir manter o obturador em sua
posição de trabalho. Esta carga pode causar deformação nos eixos e buchas, pois enquanto a
40

válvula está aberta, os eixos ficam estáticos, sendo pressionados contra as buchas dos
mancais, tendo carregamento pontual em ambos, e por isso precisam ser peças robustas.
Ainda sobre as desvantagens desta válvula, e referente ao obturador, é a possibilidade
de ocorrer impactos no obturador, ocasionado por objetos indesejados que possam estar
presentes no fluxo de água, como pedaços de madeira por exemplo. E isto pode danificar o
obturador ou até mesmo os eixos, levando a falha do dispositivo.

4.1.4 Concorrentes
O dispositivo objeto deste projeto pode ser fabricado em muitas indústrias
metalúrgicas de médio porte, desde que se tenha conhecimento do projeto detalhado, pois os
processos necessários para a fabricação são relativamente simples. Porém, serão considerados
concorrentes apenas os fabricantes de sistemas de geração de energia hidráulica que, em geral,
fornecem o sistema completo e não apenas uma válvula esférica ou borboleta, salvo quando se
trata de alguma reposição ou substituição de uma pela outra.
Dentre os principais concorrentes citam-se as empresas Hacker, de Xanxerê e MCA
Energia, de Joaçaba, ambas no estado de Santa Catarina, e a alemã Voith, que está presente no
Brasil há 50 anos. Entre as três empresas citadas, apenas esta última tem a válvula esférica
atualmente em seu portfólio de produtos, e a quantidade deste tipo de válvula que está sendo
utilizada representa cerca de 30% do total de sistemas instalados pela Voith.
Abaixo, as figuras representam um modelo de válvula borboleta dos concorrentes
citados anteriormente.

Fotografia 9 - Válvula Borboleta (Hacker)

Fonte: Hacker.
41

Fotografia 10 - Válvula borboleta (MCA Energia)

Fonte: MCA Energia.

Fotografia 11 - Válvula borboleta (Voith)

Fonte: Voith.

4.2 PLANEJAMENTO DO PROJETO


Nesta etapa, as atividades do projeto devem ser definidas, ordenadas e seguidas. Os
tempos e os recursos devem ser determinados, assim como o trabalho da equipe deve ser
especificado e ter os resultados monitorados.

4.2.1 Partes envolvidas


A equipe de projeto é formada pelo acadêmico Carlos Quevedo e pelos profissionais
do setor de Engenharia do Produto, da empresa Hidráulica Industrial, a HISA, a qual
concedeu a oportunidade de estágio para o referido acadêmico.

4.2.2 Plano de comunicação


O projeto será executado a partir da analise das necessidades do cliente, com o
objetivo de que sejam satisfeitas, da melhor forma possível. Ter-se-á como base, todos os
conhecimentos adquiridos em relação ao projeto, fabricação e operação de válvulas. Em
virtude das características deste projeto, e pelo fato de ser similar em termos de função a um
42

dispositivo conhecido, a válvula borboleta, os colaboradores da organização onde este projeto


está sendo desenvolvido, serão consultados para auxiliar e facilitar a elaboração do mesmo.

4.2.3 Escopo do projeto


O objetivo do projeto visa elaborar as etapas de planejamento de projeto, planejamento
do produto, projetos informacional, conceitual, preliminar e detalhado de um dispositivo para
abertura e fechamento de fluxo hidráulico, que será utilizado em sistemas de geração de
energia elétrica por meio da força da água, com o intuito de conseguir atender a solicitações
que o dispositivo atual não atende, ou é insuficiente.
Como objeto final deste projeto, deseja-se ter a definição de uma concepção para o
produto através de vários princípios de solução, que compreende desde a forma construtiva,
até as dimensões ideais, construção de um protótipo e posteriormente a avaliação dos
resultados para possíveis aperfeiçoamentos que se façam necessários ao Projeto do Produto,
para que este esteja apto a ser comercializado.

4.2.4 Tempo
Esta etapa engloba os processos necessários para assegurar a conclusão do projeto no
prazo previsto, envolvendo a definição das atividades, o sequenciamento e estimativa da
duração, a elaboração e o controle do cronograma de projeto.
A sequência e as atividades do projeto foram definidas pela equipe de
desenvolvimento de projeto com o objetivo de motivá-la na realização das atividades.
O Diagrama 1 apresenta o diagrama de Gantt com a descrição das principais
atividades que serão realizadas com uma estimativa da duração.
43

Diagrama 1 - Cronograma das atividades

Fonte: o autor.
44

4.3 PROJETO INFORMACIONAL


A fase de projeto informacional é o início propriamente dito do desenvolvimento do
projeto, onde serão tratadas todas as informações necessárias para as fases subsequentes do
processo de projeto e informações diversas, principalmente aquelas externas ao projeto.
Esse processo pode ser desdobrado de acordo com o tipo de produto a ser projetado ou
reprojetado, de maneira que não somente as informações dos usuários diretos sejam
relevantes, como também as provenientes dos usuários indiretos, que são aquelas pessoas que,
indiretamente, utilizam ou interferem no uso do produto.
As etapas que constituem a fase de projeto informacional podem ser subdivididas
basicamente em: (i) levantamento das necessidades dos clientes; (ii) requisitos de cliente; (iii)
requisitos de projeto; (iv) matriz QFD, (v) Especificação de Projeto de Produto (EPP).
Para se chegar a EPP é necessário um levantamento das necessidades dos clientes e
seus respectivos graus de importância. Em seguida transformá-las em requisitos de cliente,
que constituem-se na análise das necessidades impostas pelos clientes, e descrição dessas
atribuições ao nível de linguagem de projeto. Posteriormente têm-se os requisitos de projeto,
que são aquelas características técnicas e/ou físicas mensuráveis, que o produto deve ter para
satisfazer os requisitos de clientes anteriores.
A próxima etapa é a montagem da matriz QFD, que é uma ferramenta de correlação de
informações que tem por finalidade avaliar, com graus e atribuições de importância, as
informações levantadas pelos requisitos de cliente e de projeto. A aplicação do QFD permite
definir quantitativamente a importância dos requisitos de cliente e de projeto, e com os seus
resultados têm-se, por fim, as Especificações de Projeto de Produto (EPP) onde serão
atribuídas metas, sensores, saídas indesejáveis e restrições para os resultados obtidos.

4.3.1 Levantamento das necessidades do cliente


As características de um produto são as propriedades que esse possui, e com as quais
se pretende atender a determinadas necessidades de cliente e assim prover a satisfação desses.
Ou seja, a satisfação do cliente é alcançada quando as características do produto
correspondem as suas necessidades. A satisfação do cliente é para Kotler (1998, p. 53 apud
OLIVEIRA, 2010), “[...] o sentimento de prazer ou de desapontamento resultante da
comparação do desempenho esperado pelo produto (ou resultado) em relação às expectativas
da pessoa”.
Através de consulta a projetistas mais experientes da empresa, vendedores, bem como
a alguns clientes, chegou-se aos seguintes resultados de necessidades do cliente juntamente
45

com seus respectivos graus de importância para um melhor desenvolvimento do projeto da


válvula esférica, como pode ser visto no Quadro 1.

Quadro 1 - Necessidades do cliente


Necessidades do Cliente Grau de Importância
Ter ótima vedação 10
Ter resistência 9
Ter baixo custo 8
Ter segurança 7
Ter fácil manutenção 6
Ter fácil operação 5
Ter agilidade na operação 4
Ter fácil montagem 3
Ter bom acabamento 2
Fonte: o autor.

4.3.2 Requisitos do cliente


Esta etapa consiste na conversão das necessidades do cliente em requisitos de cliente,
essa conversão constitui um passo importante para o projeto. As necessidades dos clientes
devem ser levadas a uma linguagem mais específica, compreendida pela equipe de projeto,
formada por engenheiros e técnicos do setor de engenharia, bem como demais funcionários da
fábrica, de maneira mais uniforme e técnica, sem estar associada às características
mensuráveis do produto. Isso facilitará seu dimensionamento em etapas posteriores.
Converter necessidades do cliente em requisitos de cliente, juntamente com a
definição de seu grau de importância, significará decidir algo físico sobre o produto, que o
afetará definitivamente durante o trabalho de projeto. O Quadro 2 ilustra o resultado da
conversão realizada.

Quadro 2 - Requisitos do cliente


Requisitos do Cliente Grau de Importância
Ter ótima vedação 10
Ter resistência à pressão 9
Ter resistência à corrosão 8
Ter baixo custo de material 7
Ter baixo custo de fabricação 6
Ter segurança de operação 5
Ter segurança de manutenção 4
Ter acionamento simples 3
Ter facilidade de montagem 2
Ter bom acabamento 1
Fonte: o autor.
46

4.3.3 Requisitos de projeto


Os requisitos de projeto são resultados da conversão dos requisitos de usuário,
vinculando os desejos e necessidades de usuários às características técnicas, formais de
funcionamento de uso, entre outras, do produto que vai ser projetado (ZAIONS, 2008, p. 62).
Os requisitos de projeto são agora definidos com base nos requisitos do cliente
anteriormente levantados. Para isto irá se utilizar uma linguagem mais técnica que são de
responsabilidade da equipe de projeto e traduzem o que o produto, válvula esférica no
domínio de aplicação, deve conter por obrigatoriedade e desejos, identificando os requisitos
de projeto que melhor se relacionam às necessidades. O que rege agora é a experiência e
conhecimento técnico que cada membro da equipe de projeto tem no domínio da aplicação.
O Quadro 3 apresenta os requisitos de projeto avaliados pela equipe de projeto e que
posteriormente serão compilados juntamente com os requisitos de cliente na matriz QFD.

Quadro 3 - Requisitos de projeto


Item Requisitos de projeto
1 Custo de fabricação
2 Robustez
3 Estanqueidade
4 Força no acionamento
5 Agilidade no acionamento
6 Proteção
7 Montabilidade
8 Acabamento superficial
9 Padronização
Fonte: o autor.

4.3.4 Matriz QFD


O QFD é uma técnica que pode ser empregada durante todo o processo de
desenvolvimento de produto e que tem por objetivo auxiliar a equipe de desenvolvimento a
incorporar no projeto as reais necessidades dos clientes. Por meio de um conjunto de matrizes,
parte-se dos requisitos expostos pelos clientes e realiza-se um processo de “desdobramento”
transformando-os em especificações técnicas do produto.
As matrizes servem de apoio para o grupo, orientando o trabalho, registrando as
discussões, permitindo a avaliação e priorização de requisitos e características, que ao final,
será uma importante fonte de informações para a execução de todo o projeto. Dessa forma
pode-se atribuir uma ordem de importância aos diversos fatores fundamentais de projeto, que
corresponde a Especificação de Projeto de Produto (EPP).
47

A força do QFD está em tornar explícitas as relações entre necessidades dos clientes,
características do produto e parâmetros do processo produtivo, permitindo a harmonização e
priorização das várias decisões tomadas durante o processo de desenvolvimento do produto,
bem como em potencializar o trabalho de equipe. Outro aspecto importante a considerar é
que, por ser uma metodologia que se baseia no trabalho coletivo, os membros da equipe
desenvolvem uma compreensão comum sobre as decisões, suas razões e suas implicações, e
se tornam comprometidos com iniciativas de implementar as decisões que são tomadas
coletivamente.
A matriz QFD resultante do desdobramento das informações de entrada para o projeto
da válvula esférica está ilustrada no Quadro 4.
48

Quadro 4 - Matriz QFD

Fonte: o autor.

4.3.5 Especificação de projeto de produto


A fase de projeto informacional, como processo de transformação de informações,
consiste num desdobramento contínuo das necessidades de entrada, que são transformadas
primeiramente em requisitos do cliente, em requisitos de projeto após e, finalmente, em
especificações de projeto.
Segundo Zaions (2008, p. 64), as especificações de projeto são informações que
servirão de base para as etapas posteriores no processo de projeto, mas precisam ser
trabalhadas antecipadamente, partindo de informações iniciais brutas.
49

Com base na hierarquia dos requisitos de projeto, resultante da análise dos dados na
casa da qualidade, foi desenvolvida a Especificação de Projeto de Produto (EPP), mostrada no
Quadro 5, que é a primeira identidade do produto, contendo aqueles elementos considerados,
segundo a análise dos clientes do produto e da equipe de projeto, os mais importantes para
posterior definição física do produto. O Quadro 5 contêm as especificações de projeto de uma
válvula esférica com diâmetro nominal, de 400 mm. Nela são descritas as informações básicas
para cada item da EPP em que são levantadas a meta, o sensor, as saídas indesejáveis,
observações e restrições inerentes.
Com o estabelecimento do documento que expressa a especificação de projeto de
produto, estará encerrada a primeira fase do processo de projeto de produto.
50

Quadro 5 - Especificações de projeto da válvula esférica


Saídas
N° Especificação Meta Sensor Observações/ Restrições
indesejáveis
Obedecer procedimentos
Vazamento de
Sem Teste de pré-estabelecidos para
1 Estanqueidade qualquer
vazamentos estanqueidade realizar o teste de
intensidade
estanqueidade
Valor não Custo acima do Relativo aos processos de
2 Custo de fabricação Fabricante
informado estimado fabricação na fábrica
Corrosão Atentar para superfícies
3 Acabamento superficial 400µm Setor Qualidade
prematura pintadas ou não
Tamanho
proporcional Peças de Peça muito grande ou muito
4 Robustez ao sistema Cliente tamanhos pesada dificulta a fabricação
onde será desproporcionais e a montagem
instalado
Força exagerada O acionamento deve ser
5 Força no acionamento 5.600kgf Dinamômetro
ou insuficiente automatizado
Sem
Não pode falhar em
incidentes na Montador/ Falha no
6 Proteção condições normais de
operação e Operador dispositivo
operação
manutenção
A qualidade do projeto e da
Sem Montador em Retrabalho em
7 Montabilidade fabricação influenciam no
retrabalhos campo campo
resultado final
Acionamento O bom funcionamento
Agilidade no Tempo entre 3 Sistema
8 muito lento ou depende muito do correto
acionamento e 4 segundos operacional
muito rápido. acionamento
Encontrar normas Adotar normas conhecidas e
Máx. Setor de
9 Padronização diferentes em não diversificá-las ao aplicar
componentes manutenção
mesmo ítens num componente

Fonte: o autor.

4.4 PROJETO CONCEITUAL


O Projeto Conceitual é a fase do processo de projeto que define a concepção da
válvula esférica. Um estudo detalhado da EPP, definida anteriormente, deve ser feito na busca
dos requisitos funcionais e dos não funcionais, para definição da estrutura funcional do
produto (EFP).
As etapas que constituem a fase de projeto conceitual podem ser subdivididas
basicamente em: (i) Estrutura Funcional do Produto (EFP), (ii) Matriz Morfológica (MM),
(iii) Matriz de Decisão (MD), (iv) Matriz de Avaliação Passa-não-Passa, (v) Matriz de
Avaliação para escolha da concepção.
51

Para se chegar a concepção da válvula primeiramente elabora-se a estrutura funcional


do produto que descreve o comportamento dos elementos físicos que constituem a válvula,
seguido da Matriz Morfológica, que demonstra vários princípios de soluções da estrutura
funcional. Posteriormente encontra-se a melhor sequência de princípios de solução para o
projeto através da matriz de decisão, utilizando o método Passa-não-Passa para a escolha de
concepção mais adequada ao produto. E por fim a matriz de avaliação, que correlaciona as
escolhas de concepção com base nas necessidades do cliente com seu respectivo grau de
importância.

4.4.1 Estrutura funcional de produto


O projeto conceitual tem início com o levantamento dos requisitos funcionais da
válvula esférica, estudando-se as funções que cada requisito deverá desempenhar no sistema
mecânico.
O requisito técnico mais importante do produto será denominado de função global
(FG), as demais funções são listadas e as funções complexas são subdivididas a partir da
função global em sub-funções mais simples, denominadas funções parciais (FP) e funções
elementares (FE). A subdivisão da FG para compor a EFP, visa facilitar a busca por princípios
de solução.
O modelo de árvore foi o escolhido para identificar as funções da válvula em um nível
hierárquico de funções, demonstrando a função global, juntamente com suas respectivas
funções parciais e elementares, como pode ser visto no Esquema 3.
52

Esquema 3 - Estrutura funcional da válvula esférica

Controlar Fluxo

FP1.1 FP1.2 FP1.3 FP1.4


Vedar passagem do Ser resistente Movimentar Fechar na
fluido obturador emergência

FP1.1.1 FP1.2.1 FP1.3.1 FP1.4.1


Bloquear o fluido Resistir a corrosão Manobrar Fechar
automaticamente

FP1.1.2 FP1.2.2 FP1.3.2 FP1.4.2


Vedar obturador/ Resistir a pressões Transmitir torque Travar no
sede elevadas de manobra fechamento

FP1.1.3 FP1.2.3 FP1.3.3 FP1.4.3


Vedar união Transmitir esforços Vencer força do Indicar travamento
flangeada a base fluido

FP1.3.4 FP1.4.4
Indicar posição do Inibir reabertura
obturador

Fonte: o autor.

4.4.2 Matriz morfológica


Matriz Morfológica (MM) nada mais é que uma tabela que contém a estrutura
funcional da válvula esférica e suas respectivas descrições, até o nível de funções elementares,
onde são demonstrados os Princípios de Soluções do Produto (PSP).
Esses princípios de soluções são ideias avaliadas e estudadas pelos projetistas, para
que atendam as condições exigidas pela estrutura funcional do produto, pois somente o
conhecimento e a experiência de uma única pessoa não são suficientes para elaborar PSP.
Essa etapa de processo de projeto de produto requer o trabalho em equipe, explorando a
criatividade de cada um dos integrantes, buscando assim, várias concepções do produto.
Para o preenchimento da MM foram elaboradas figuras que caracterizam fisicamente
formas básicas acerca das ideias apresentadas pela equipe de projeto, facilitando a escolha das
várias concepções do produto. Essas figuras são o resultado das ideias propostas pela equipe
de projeto e que podem ser desenvolvidas nas próximas etapas do projeto. O Quadro 6
apresenta os princípios de solução.
53

Quadro 6 - Matriz morfológica


Princípios de Soluções
FP1.1.1
Bloquear fluido
Vedar passagem de fluido

Sempre mesmo sentido Sentido alternado


FP1.1.2
Vedar obturador/
sede
FP1.1

Aço-aço Aço-borracha Aço-bronze


FP1.1.3
Vedar união
flangeadas
Controlar Fluxo

Junta de papelão Anel borracha Vedante químico


FP1.2.1
Resistir a corrosão

Inox Pintura epóxi Pintura alcatrão de hulha


FP1.2.2
Resistir a pressões
Ser resistente

elevadas
FP1.2

Reforços radiais Reforços axiais Reforços combinados


FP1.2.3
Transmitir esforços
a base

Rabo andorinha Cabo de guarda-chuva Chumbador de expansão


(Continua)
54

Quadro 6 – Matriz morfológica (Continuação)

Princípios de Soluções
FP1.3.1
Manobrar

Força pneumática Força hidráulica Força mecânica (redutor)


FP1.3.2
Transmitir torque
Movimentar o obturador

de manobra
FP1.3

Engrenagens Alavanca Cremalheira


FP1.3.3
Vencer força do
fluido

Um acionamento Dois acionamentos Contra peso auxiliar


FP1.3.4
Indicar posição do
obturador
Controlar Fluxo

Lâmpada Ponteiro Fim de curso


FP1.4.1
Fechar
automaticamente

Cilindro Motor Contra peso


FP1.4.2
Travar no
fechamento
Fechar na emergência
FP1.4

Pino Parafuso Travamento elétrico


FP1.4.3
Indicar travamento

Sensor de proximidade Lâmpada Fim de curso


FP1.4.4
Inibir reabertura

Fim de curso Sensor de proximidade Trava mecânica


Fonte: o autor.
55

4.4.3 Matriz de decisão


Durante o processo de projeto de produto desenvolvido até agora foram abordadas
várias técnicas cujo objetivo estava voltado para a geração de soluções alternativas ou
conceitos de soluções, para o problema de projeto. De agora em diante, serão abordadas
técnicas destinadas à escolha do melhor desses conceitos, o qual será transformado em
produto final.
A principal dificuldade envolvida nessa tarefa encontra-se na principal característica
da fase de projeto conceitual: informações limitadas e abstratas. Portanto, se faz necessária a
utilização de métodos ou procedimentos sistemáticos, compatíveis com a limitação de
informações, e que auxiliem na tomada de decisão quanto a seleção do melhor conceito de
solução.
A próxima etapa do processo de projeto de produto é a elaboração da Matriz de
Decisão (MD), onde são ordenadas as opções alternativas geradas a partir dos princípios de
solução descritos e representados na Matriz Morfológica. A apresentação das variadas
possibilidades de fabricação da válvula são classificadas em três opções de modelamento,
sempre levando-se em consideração os critérios de projeto estabelecidos.
A identificação das matrizes, morfológica e de decisão são praticamente as mesmas,
porém muda a ordenação dos princípios de soluções, onde estão demonstradas em colunas as
possíveis configurações de montagens da válvula esférica. É importante nessa etapa de projeto
uma análise criteriosa da equipe de projeto, para que todas as partes componentes sejam
compatíveis e que não haja qualquer tipo de irregularidade, pois a melhor opção que se
adequar ao projeto da válvula será a adotada para dar continuidade ao processo de projeto.
Essa matriz de decisão esta representada no Quadro 7, como pode-se conferir a seguir.
56

Quadro 7 - Matriz de decisão


Opção I Opção II Opção III
FP1.1.1
Bloquear fluido
Vedar passagem de fluido

FP1.1.2
Vedar obturador/
sede
FP1.1

FP1.1.3
Vedar união
flangeadas
Controlar Fluxo

FP1.2.1
Resistir a corrosão

FP1.2.2
Resistir a pressões
Ser resistente

elevadas
FP1.2

FP1.2.3
Transmitir esforços
a base

(Continua)
57

Quadro 7 – Matriz de decisão (continuação)

Opção I Opção II Opção III


FP1.3.1
Manobrar

FP1.3.2
Transmitir torque
Movimentar o obturador

de manobra
FP1.3

FP1.3.3
Vencer força do
fluido

FP1.3.4
Indicar posição
do obturador
Controlar Fluxo

FP1.4.1
Fechar
automaticamente

FP1.4.2
Travar no
fechamento
Fechar na emergência
FP1.4

FP1.4.3
Indicar
travamento

FP1.4.4
Inibir reabertura

Fonte: o autor.
58

4.4.4 Matriz de avaliação passa-não-passa


Passa-não-Passa é uma ferramenta de auxílio a avaliação e valoração das concepções
alternativas para o produto com base nas possíveis Estruturas de Princípios de Solução. É um
método simples, mas deve ser entendido em suas características para que não ocorram erros
de cálculo em sua elaboração.
O método consiste em definir os pontos fracos e fortes de cada opção demonstrada na
matriz de decisão, juntamente com as necessidades do cliente definidas na fase de projeto
informacional, onde cada definição de solução é comparada com as atribuições de
necessidades. Assim é construída uma tabela, onde para cada item das necessidades do
cliente, são avaliados os princípios de soluções levantados anteriormente e definidos como
“P”, passa, quando coerentes com a solução mostrada, ou como “NP”, não-passa, não
coerente com a opção mostrada.
A opção que melhor atende as necessidades dos clientes e que deve ser escolhida
como referência, é a opção II, como demonstra o Quadro 8.

Quadro 8 - Matriz de avaliação passa-não-passa


Opções
Necessidades do Cliente
I II III
Ter ótima vedação NP P NP
Ter resistência P P NP
Ter baixo custo NP P P
Ter segurança NP P P
Ter fácil manutenção P P P
Ter fácil operação P P NP
Ter agilidade na operação NP P NP
Ter fácil montagem P P P
Ter bom acabamento P P P
Fonte: o autor.

4.4.5 Matriz de avaliação para a escolha da concepção


Assim que concluído o método Passa-não-Passa, tem-se uma solução como referência,
e os princípios de solução são comparados um a um, de cada solução alternativa com a
solução da opção escolhida como referência. Esse método considera como primeira
característica o uso dos mesmos pesos anteriormente atribuídos pelos clientes, na elaboração
do QFD. Quando o princípio de solução da opção analisada atender melhor que a referência,
59

marca-se um sinal “+”, se atender de igual forma, marca-se com sinal “=”, e se atender menos
que a referência, marca-se um sinal “-”.
Caso alguma opção tenha resultado um peso total positivo maior que a referência, tal
opção deverá ser escolhida. Caso contrário a própria referência deve ser escolhida. É
demonstrado no Quadro 9, a comparação entre as opções e a referência escolhida.

Quadro 9 - Matriz de avaliação


Necessidades do Cliente Peso I III II
Ter ótima vedação 10 - -
Ter resistência 9 = -
Ter baixo custo 8 - =
Ter segurança 7 = -
Ter fácil manutenção 6 + =

Referência
Ter fácil operação 5 = -
Ter agilidade na operação 4 - +
Ter fácil montagem 3 = =
Ter bom acabamento 2 = =

Total (+) +1 +1
Total (-) -3 -4
Total global (+) e (-) -2 -3
Peso total -16 -27
Legenda:
(=) atende igual a referência; (-) atende menos que a referência; (+) atende mais que a referência.

Fonte: o autor.

Os cálculos realizados para determinar os valores do Total “-”, do Total “+”, do Total
Global e do Peso Total mostrados anteriormente seguem a seguinte lógica:
Total “+”: Foram somadas as quantidades de “+” apresentadas em cada opção da
Matriz de Avaliação para escolha da concepção, onde foram obtidos os seguintes resultados:
 Opção I = +1
 Opção III = +1
Total “-”: Foram somadas as quantidades de “-” apresentadas em cada opção da
Matriz de Avaliação para escolha da concepção, onde foram obtidos os seguintes resultados:
 Opção I = -3
 Opção III = -4
60

Total Global: Foram somadas as quantidades de “-” e de “+” apresentadas em cada


opção da Matriz de Avaliação para escolha da concepção, onde foram obtidos os seguintes
resultados:
 Opção I = (+1) + (-3) = (-2)
 Opção III = (+1) + (-4) = (-3)
Peso Total: Foi feito um somatório das quantidades de “-” e de “+” multiplicando-se
cada índice pelo seu respectivo peso, conforme apresentada cada opção da Matriz de
Avaliação para escolha da concepção, sendo que o sinal de “=” tem valor nulo. Assim foram
obtidos os seguintes resultados:
 Opção I = (-10) + (-8) + (+6) + (-4) = (-16)
 Opção III = (-10) + (-9) + (-7) + (-5) + (+4) = (-27)
Conforme os valores do Peso Total, pode-se classificar em ordem de utilização as
opções de concepções, ficando estabelecido que a melhor solução a ser seguida é a opção II,
ou seja, a referência, seguida da opção I (-16) e finalmente a opção III (-27).

4.5 PROJETO PRELIMINAR


Na fase de Projeto Preliminar é feita uma avaliação técnica inicial da concepção
escolhida na fase de projeto conceitual. As informações adquiridas nas fases anteriores serão
processadas para a definição do tamanho, das formas geométricas e dos leiautes das peças,
montagens e do produto como um todo.
Nesta fase, serão realizados os cálculos necessários para a definição de resistência, a
definição de materiais, estudos e simulações teóricas do comportamento da válvula nas suas
condições de uso, das interfaces entre peças, montagens, além do dimensionamento estático e
dinâmico das partes do produto. Para a realização destes cálculos, serão utilizados como base,
além dos conhecimentos adquiridos durante a graduação do acadêmico responsável por este
trabalho, literaturas respeitadas de autores renomados como Beer e Johnston Jr. (1995), Fisher
(2008), Provenza (1996), e a norma ASME, Seção VIII, divisão 1, referente a vasos de
pressão.
Para facilitar os dimensionamentos e o entendimento do processo, esta etapa será
basicamente elaborado sob forma de um memorial de cálculo, em uma planilha do EXCEL®,
a qual poderá ser visualizado no APÊNDICE A, ao final do relatório. Os valores e
especificações apresentados na planilha serão valores encontrados como ideais, sendo que
para isso serão feitas várias iterações, alterando valores e especificações até que se encontre
valores desejados ou aceitáveis. E sendo assim, a seguir será feito apenas uma apresentação
61

de forma simplificada dos principais pontos desta etapa. Optou-se por apresentar nesta seção
as informações teóricas sobre o dimensionamento da válvula esférica, pois facilita a
apresentação dos resultados.

4.5.1 Definição do diâmetro da válvula


Para a definição do diâmetro da válvula, característica esta que influencia no tamanho
final do dispositivo, serão considerados a vazão de água disponível para a entrada da turbina,
que é de 0,49 m³/s, e a velocidade do fluido no ponto do circuito onde é instalada a válvula
esférica, que é entre 3 m/s e 5m/s. Para o valor da velocidade será adotado 4 m/s. A equação a
seguir tem como referência a bibliografia de Provenza (1996).

Como:
Q=V.A
E sendo:
Q = Vazão volumétrica [m³/s]
V = Velocidade linear [m/s]
A = Área da seção [m²]

Temos que:
A = 0,1225 m²
E se:
πd
A=

Onde:
d = Diâmetro [m]
Então:
d = 0,395 m

Arredondando para cima, tem se como diâmetro interno da válvula esférica o valor de
400mm.

4.5.2 Dimensionamento do obturador


Para o dimensionamento do obturador, após ter sido encontrado o diâmetro interno
que é de 400 mm, será levado em consideração a pressão que o fluido exercerá no mesmo,
62

para saber qual o material que deve ser utilizado na fabricação do obturador, bem como as
espessuras do corpo do obturador e os reforços necessários para suportar a carga.
A pressão a ser considerada é exercida pela água devido a queda, isto é, a diferença de
potencial existente entre o reservatório e ponto de saída da água da turbina, que neste caso é
de 187,2 m. Logo a pressão existente é 1,835 MPa.
Sendo 400 mm o diâmetro interno do obturador, será adotado 420 mm como diâmetro
de vedação, isto é, o ponto de contato de vedação entre o obturador e a sede da válvula. Com
isso pode ser definida a força atuante no obturador. A equação a seguir tem como referência a
bibliografia de Fischer (2008).
Como:
F
P=
A
E sendo:
P = Pressão [Pa]
F = Força [N]
A = Área da seção [m²]
Temos:
F = 230,7 kN

A partir desta força é possível calcular os esforços e reações no obturador, bem como
nos eixos e buchas que sustentam o obturador, conforme mostra o memorial de cálculo.
Quanto ao obturador, devido à complexidade de sua geometria, sendo esférico, os
cálculos necessários para a definição dimensional de seu corpo foram realizados com o
auxilio de um programa comercial específico que utiliza o método dos elementos finitos,
chamado ANSYS®. O Desenho 14 ilustra a análise das tensões no obturador durante sua
posição de fechamento, isto é, quando suporta a pressão máxima do fluido estanque.
63

Desenho 14 - Análise do obturador

Fonte: HISA (2014).

4.5.3 Dimensionamento dos eixos


A partir da força atuante no obturador, serão realizados os cálculos para determinação
dos eixos, movido e acionador, sendo que cada eixo recebe metade da força transmitida pelo
obturador. Para as equações a seguir foi utilizada a bibliografia de Beer e Johnston Jr. (1995).
Na sequência, se calcula o momento máximo Mmax no eixo, dado por:

F
M max  .L
2

E sendo:
M max = Momento máximo no eixo [N.m]
Força [N]
L = Distância do centro do engaste até a face do mancal [m], conforme Desenho 15.
64

Desenho 15 - Disposição do mancal

Fonte: HISA (2014)

Em seguida calcula-se o módulo de resistência We do eixo, dado por:

M max
We 
σ adm

E posteriormente, encontra-se o diâmetro mínimo deixo do eixo, dado por:


1
 32.We  3
d eixo  
 π 

Tendo então:
deixo = 69,2 mm

Contudo, será necessário aumentar o diâmetro final em função do dimensionamento da


chaveta, conforme o memorial de cálculos disposto no APÊNDICE B. Assim sendo, o
diâmetro final do eixo, adotado na região do mancal será de 95 mm.
Após definição do eixo, este também foi analisado utilizando o método dos elementos
finitos no ANSYS®, conforme ilustra o Desenho 16. Para esta análise foi considerado como
região de mancal, o diâmetro maior de cor azul (A), e foram aplicadas forças representando a
carga do obturador (B), a força resultante do conjunto de contra-peso (C), e o torque devido a
força do atuador hidráulico no momento da abertura (E)
65

Desenho 16 - Análise do eixo

Fonte: HISA (2014).

4.5.4 Dimensionamento do corpo da válvula


Assim como no obturador, para o corpo da válvula também deve ser levado em
consideração a pressão do fluido que passa em seu interior. Sendo assim, o corpo da válvula é
considerado um vaso de pressão, sendo necessário calcular a espessura mínima para resistir a
pressão de 18,72kgf/cm² encontrada anteriormente. A equação a seguir tem como referência a
norma ASME, seção VIII, divisão 1.
Como:

 D n .p proj 
e min     s
 2.σ adm solda 
.k

Onde:
e min = Espessura mínima [cm]
D n = Diâmetro nominal [cm]
p proj = Pressão de projeto [kgf/cm²]

σ adm = Tensão admissível [kgf/cm²]


k solda = eficiência da solda

S = Sobre espessura devido à corrosão [cm]


Temos:
e min = 0,796 cm
66

No entanto, após pré-calculos das espessuras, e após modelagens iniciais em


programas CAD 3d, foram realizadas simulações utilizando o ANSYS®, como no obturador, e
foi detectado a necessidade de uma espessura maior, mas devido aos esforços no eixo em
consequência do acionamento da válvula, que é fixado no corpo da mesma, sendo então
adotada uma espessura maior visando enrijecer o conjunto. O Desenho 17 ilustra a simulação
realizada no ANSYS®.

Desenho 17 - Análise do corpo da válvula

Fonte: HISA (2014).

4.5.5 Dimensionamento do cilindro acionador


De acordo com a concepção adotada nas etapas anteriores, tem-se que o acionamento
será feito por um cilindro hidráulico de dupla ação. Neste caso, será definido apenas o
tamanho do cilindro, pois o fornecedor já é conhecido, isto é, faz parte do padrão interno da
empresa. A equação a seguir tem como referência a bibliografia de Fischer (2008).
Para a determinação do diâmetro deste cilindro, temos:
0,5
 Fsv 
 p 
D sv   hid

 π 
 
Onde:
D sv = Diâmetro mínimo do cilindro [cm]
67

Fsv= Força mínima do cilindro [kgf]


phid= Pressão mínima do sistema hidráulico [kgf/cm²]
Conforme valores encontrados no memorial, temos:
D sv = 8,44 cm
Neste caso, visando utilizar um diâmetro comercial existente, será adotado o diâmetro
de 10 cm (100 mm).

4.5.6 Definição da base de acionamento


Para a concepção da base de acionamento, será utilizada como referência a base
utilizada na válvula borboleta, sendo necessário apenas adequar o tamanho e as espessuras das
chapas para o novo cilindro. Apenas uma alteração foi realizada no formato da base, visando
facilitar a fabricação e também para fins estéticos, que é o fato de fazer com que o cilindro
fique exatamente na vertical, tanto na posição da válvula aberta quanto na posição fechada.
No modelo de referência o cilindro fica inclinado. Os desenhos 18 e 19 permitem fazer uma
comparação entre os dois conceitos.

Desenho 18 - Acionamento da válvula borboleta

Fonte: HISA (2014).


68

Desenho 19 - Acionamento da válvula esférica

Fonte: HISA (2014).

4.6 PROJETO DETALHADO


Como a última etapa do projeto da válvula esférica, esta é a parte do projeto que
complementa a estrutura de construção para um objeto técnico por meio de prescrições
adotadas para a forma, dimensionamento e o acabamento superficial de todos os
componentes.
Os modelamentos geométricos de todas as peças e submontagens, bem como o
conjunto geral da válvula, e seus respectivos detalhamentos foram realizados com a utilização
de sistemas CAD de três dimensões, sistema este que cresce cada vez mais em suas
aplicações, conforme Zaions (2008).
Outra aplicação do sistema CAD é para realizar a simulação do funcionamento dos
mecanismos da válvula, com o objetivo de verificar se haverá interferências ou folgas entre as
peças, tamanhos de parafusos, alinhamentos de furos etc.
A documentação apresentada nesta etapa refere-se apenas a uma imagem ilustrativa do
modelamento feito em CAD. No APÊNDICE C será possível visualizar o detalhamento do
conjunto geral da válvula, em uma folha de formato A4 com medidas básicas. A
documentação completa com todas as informações necessárias para a manufatura, montagens,
compra das peças, definição de processos, são de propriedade da empresa onde as atividades
de estágio foram realizadas, e a divulgação desta documentação não será possível devido a
normas da empresa.
Quando do termino da documentação para a manufatura, deu-se continuidade no
processo normal da empresa, quanto a liberação de desenhos da engenharia para o processo
seguinte, para posteriormente ser iniciada a fabricação do produto. Como a fabricação da
69

válvula terá seu termino em alguns meses após a conclusão deste trabalho, não será possível
apresentar imagens e resultados reais da execução do projeto.

4.6.1 Estrutura da válvula esférica


A estrutura da válvula esférica foi definida mantendo-se padrões internos da empresa
onde, para cada sistema existe um organograma, com os nomes e números de cada desenho
pré-determinados, bem como a indicação da submontagem em que cada peça deve ser
montada. Neste caso, devido ao fato de ser a primeira válvula esférica, a documentação deste
organograma será criado posteriormente, a partir da concretização do projeto da mesma. O
Esquema 4 exemplifica a estrutura parcial, adotada para a válvula esférica.
Esquema 4 - Estrutura da válvula esférica

Válvula Esférica

Corpo Obturador Acionamento

Lado Montante Corpo Fundido Eixo Acionador

Lado Jusante Corpo Pré- Eixo Movido


Usinado

Pés Corpo Base


Acionamento

Contra-Peso

Fonte: o autor.

Com a estrutura bem definida é possível, entre outras coisas, identificar quais itens
precisam ser processados antes dos demais, para efeitos de cumprimento de prazos por
exemplo. Como é o caso do obturador fundido, que após ter sido executado o esboço inicial
do projeto, foi o primeiro desenho detalhado liberado pela engenharia para que fosse
providenciada a execução do modelo para a fundição do corpo fundido do obturador.
70

4.6.2 Sistemas de desenhos


Os padrões adotados para a realização dos desenhos, referentes a tamanhos de folhas,
selos, lista de materiais, estilos de cotas, notas, simbologias de soldas, acabamentos
superficiais, entre outros, foram os de uso padrão pela empresa onde se realizou o presente
trabalho, pois tais desenhos serão processados normalmente pelos setores seguintes, como
sendo mais um projeto a ser manufaturado.

4.6.3 Sistema de verificação


Após o termino do detalhamento de todas as peças, submontagens e conjunto geral,
foram impressos os documentos gerados, para verificação dos mesmos. O Esquema 5 ilustra
os passos básicos da verificação realizada.

Esquema 5 - Sistema de verificação

•Verificação de cotas básicas necessárias para a fabricação


•Verificação de ajustes necessários conforme a peça
Cotas

•Indicação de quantidades
•Existência de pintura
Notas

•Indicação de soldas
•Classe de soldas
Soldas

•Indicação de acabamento superficial


Acabamentos

•Tabela de tolerâncias
•Tabela de acabamento superficial
Tabelas

•Lista de revisões
•Lista de peças
Listas

•Dados da peça
•Dados do projeto
Selo •Dados do projetista/ desenhista

Fonte: o autor.
71

4.6.4 Detalhamentos da válvula esférica


Conforme mencionado anteriormente, aqui serão apresentados alguns desenhos para
ilustrar o resultado final do desenvolvimento deste projeto. O Desenho 20 mostra o conjunto
da válvula esférica, modelado em CAD 3d, em vista lateral.

Desenho 20 - Vista lateral da válvula esférica

Fonte: o autor.

E na sequência, o Desenho 21 representa a vista frontal da válvula. Ambas as


representações mostram a válvula esférica na posição aberta, sem restrição a passagem do
fluido.
72

Desenho 21 - Vista frontal da válvula esférica

Fonte: o autor.

Os Desenhos 22 e 23 mostram o protótipo virtual da válvula esférica em vista


isométrica, com a aplicação de um corte parcial, permitindo a visualização do obturador na
parte interna da mesma. Sendo que a primeira representação é da válvula na posição fechada,
quando não é permitida a passagem do fluido, e a segunda é da válvula na posição aberta.

Desenho 22 – Protótipo virtual da válvula esférica (vista isométrica, posição fechada)

Fonte: o autor.
73

Desenho 23 - Protótipo virtual da válvula esférica (vista isométrica, posição aberta)

Fonte: o autor.
74

5 CONCLUSÃO

A metodologia proposta por Pahl e Beitz (2005) foi de grande valia para a elaboração
deste projeto, pois serviu de guia para o mesmo, tendo em vista que a obra destes autores
funcionou como um roteiro, um passo-a-passo, fácil de entender e de seguir, e também ajudou
a colocar em prática os conhecimentos adquiridos pelo aluno durante o curso de Engenharia
de Produção Mecânica.
O objetivo geral do trabalho foi atingido uma vez que foi possível realizar o projeto da
válvula esférica, sendo que o mesmo será utilizado pela empresa para a fabricação da válvula.
Com relação ao objetivo específico: (a) estudar o processo de projetos de produtos industriais,
o mesmo foi totalmente satisfeito através da revisão bibliográfica realizada a partir das
normas técnicas; (b) aplicar os conceitos teóricos da sistemática de Processo de Projeto de
Pahl e Beitz no desenvolvimento de uma válvula esférica, também foi totalmente atingido,
inclusive a metodologia mostrou-se eficaz para este tipo de produto; (c) desenvolver todas as
etapas de elaboração de projeto de um produto, foi também atingido pois conforme citado
anteriormente, foi como seguir um passo-a-passo; (d) elaborar o projeto de acordo com as
necessidades levantadas junto ao cliente, foi possível tendo em vista que todas as
necessidades foram entendidas e analisadas, de forma que foi possível processar tais
informações e considerá-las no projeto sem exceção; (e) aplicar ao projeto conhecimentos
teóricos adquiridos durante o Curso de Engenharia de Produção Mecânica, foi um objetivo
também atingido, pois foi possível aplicar os conhecimentos adquiridos em várias cadeiras do
curso, como Mecânica dos Fluidos, para o entendimento do comportamento do fluido quanto
a pressão e vazão, como Resistência dos Materiais e Elementos de Máquinas, para a análise e
cálculos dos componentes mecânicos do projeto, e Projeto de Produto, no qual foi estudado
exatamente os passos necessários para a realização deste trabalho.
De forma geral, o projeto desenvolvido atendeu satisfatoriamente as expectativas
levantadas pelos envolvidos no projeto, incluindo o setor de engenharia da empresa que
propiciou a realização deste trabalho. A válvula esférica projetada é capaz de atender
completamente as necessidades levantadas durante a elaboração do projeto e ainda se mostrou
mais eficiente que o dispositivo utilizado atualmente.
Quanto ao trabalho realizado, como um todo, é necessário ressaltar a importância do
mesmo para o crescimento do acadêmico,tendo em vista a experiência agregada durante a
realização deste projeto no período do estágio. Além da oportunidade de aplicar os
conhecimentos teóricos adquiridos no curso de graduação, o futuro Engenheiro de Produção
75

Mecânica obteve também um acréscimo em sua experiência profissional na área industrial, na


qual atua.
Como trabalhos futuros, sugere-se a parametrização do modelo em CAD, para
dimensionamentos futuros. Uma vez que a forma construtiva foi definida, pode-se a partir de
uma bem elaborada planilha em EXCEL® controlar o modelo tridimensional, tendo como
dados de entrada principais da planilha, a vazão e a queda d’água disponível.
76

REFERÊNCIAS

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<http://www.ceee.com.br/pportal/ceee/Component/Controller.aspx?CC=1876>. Acesso em:
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e prática. Rio de Janeiro: Interciência, 1986. 212 p.

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77

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ZAIONS, Douglas Roberto. Apostila da disciplina de Projetos de Sistemas Mecânicos.


Joaçaba, 2008. Curso de Engenharia de Produção Mecânica, Universidade do Oeste de Santa
Catarina.
78

APÊNDICE A – Memorial de cálculo da válvula esférica (parcial)


79
80

APÊNDICE B – Memorial de cálculo da chaveta (parcial)


81
82

APÊNDICE C – Detalhamento de conjunto geral da válvula esférica


83

ANEXO A – Ficha de acompanhamento semanal do estagiário na empresa

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