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CURSO TÉCNICO AUXILIAR DE FARMÁCIA

MANUAL DE FORMAÇÃO

Técnico Auxiliar de Farmácia

UFCD 10145

25 horas

Ana Isabel
1. HISTO) RIA E EVOLUÇA1 O DA FARMA) CIA

HISTO& RIA DA FARMA& CIA

As doenças sã o parte integrante da luta do homem pela sobrevivê ncia e pela vida. O
Homem primitivo vivia como os animais, livre e sem vı́nculos, sem abrigo, exposto à s
intempé ries. A primeira tentativa do Homem se curar podem ser comparadas às dos
animais, que por instinto, procuram o ar fresco em caso de febre, lamber as feridas e
rolar-se na lama para as cicatrizar.

ORIGEM DA FARMA& CIA

A histó ria e sociologia do setor farmacê utico iniciou há mais de 3000 a.C..
A origem da palavra “farmá cia” está normalmente associada ao é timo grego pharmakon
(“remé dio”).
Em muitas sociedades primitivas, a doença era tida como uma invasã o do corpo por
espı́ritos malé ficos. Os ritos orais e má gicos eram o principal mé todo de cura, exercidos
pelo curandeiro.
Desde o inı́cio da histó ria humana que o sacerdote, o médico e o farmacêutico eram
uma só pessoa. A separaçã o entre o primeiro e os segundos acontece ao longo da
Antiguidade, enquanto que a separaçã o entre o mé dico e o farmacê utico realiza-se apenas
na Idade Mé dia.

Cosme e Damiã o eram cristã os e viveram na Sı́ria, no sé culo III. Distinguiram-se pelo
exercı́cio da sua arte curativa com uma enorme perı́cia, sem receberem remuneraçã o.
Vı́timas das perseguiçõ es do imperador Diocleciano, sã o presos, torturados e executados.
Foram rapidamente alvo de um culto, devido à s suas curas miraculosas, em especial pelo
transplante de uma perna. Destacaram-se ainda pelo desenvolvimento de remé dios
contra a peste, crostas, escorbuto e cá lculos renais.

São Damião é considerado o patrono dos farmacêuticos e o seu irmã o gé meo Sã o
Cosme, o patrono dos mé dicos. Tê m como atributo para um, um pote contendo um
unguento ou uma caixa de medicamentos e uma espá tula e para o outro, o vaso para
observaçã o da urina.

A arte farmacêutica é:

- Fundamentalmente o estudo das formas farmacê utica!


- O estudo dos instrumentos e dos aparelhos, bem como dos recipientes, particularmente
dos recipiente de porcelana.
- A histó ria das ciê ncias farmacê uticas.
- A evoluçã o dos medicamentos.
- A histó ria da profissã o farmacê utica.
- A histó ria das farmá cias e dos farmacê uticos cé lebres.
- As relaçõ es entre a medicina e a farmá cia.
- A terapê utica medicamentosa.
- A articulaçã o entre a farmá cia e as realidades sociais e culturais.

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A EVOLUÇÃO DA HISTÓRIA DA FARMÁCIA PASSA PELAS SEGUINTES ÉPOCAS:

• Paleomedicina e medicina pré -té cnica Antiguidade clá ssica


Idade Mé dia
• Renascimento
• Barroco
• Iluminismo Romantismo
• Positivismo

PALEOPATOLOGIA E MEDICINA PRE& -TE& CNICA

Paleopatologia – é a “Ciê ncia das doenças que podem ser demonstradas em vestı́gios
humanos procedentes de é pocas remotas”
Investigaçã o feitas atravé s de ossos e sangue.
Medicina pré -té cnica de civilizaçõ es antigas
Mesopotâ mia, Antigo Egipto, Antiga Pé rsia, IXndia Antiga, Continente Americano
Prá ticas mé dico-farmacê uticas indissociá veis
O mesmo indivı́duo observava o doente, concluı́a sobre a sua doença e indicava o
tratamento mais adequado.

ANTIGUIDADE CLA& SSICA - GRE& CIA

Conceções mágico-religiosas

Doença: castigo dos deuses, açã o dos demó nios e açã o dos espı́ritos do mal.

Terapê utica: mediador entre as autoridades divinas e os homens.

Os gregos criaram as bases da medicina cientı́fica, posto que para a medicina o mais
importante é conhecer o corpo, de que é feito, as suas reaçõ es perante os agentes
externos e, para a farmá cia, como e porque atuam sobre o organismo os minerais, as
plantas, i.e., as drogas que se empregam como medicamentos.

Hipó crates (460 – 377 a.C.) - “Pai da medicina”


“Sı́mbolo do primeiro perı́odo criativo da medicina grega” – Ackerknecht

- Membro da Escola de Cos (destinada à formaçã o de mé dicos na Gré cia antiga; articulava
a observaçã o com a experiê ncia; valorizava mais o prognó stico do que o diagnó stico; o
prognó stico era o ponto crucial da arte mé dica).
- Negou as causas sobrenaturais e dedicou-se ao estudo do ser humano e da natureza.
- Um contributo da medicina hipocrá tica foi o conceito de “humor”.
- Aproximaçã o entre as componentes racional e empı́rica, opondo-se à abordagem
religiosa e má gica da medicina.

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Escola de Cos (Teoria de “humor”)

Existem no organismo quatro humores: sangue, pituı́ta ou fleuma, bı́lis amarela e bı́lis
negra.
Os fundamentos dos humores sã o articulados com os quatro elementos da natureza:
terra, água, ar e fogo.
E ainda com as suas qualidades: secura, calor, frio e humidade.
Os humores ocasionavam os temperamentos (sanguı́neo, fleumá tico ou pituitoso, bilioso e
melancó lico).
Saú de era resultado do equilı́brio dos humores (eucrasia).
Doença era resultado do desequilı́brio ou de alguma combinaçã o incorreta dos humores
(discrasia).
O equilíbrio corporal precisava de ar limpo, água e alimento, alé m das caracterı́sticas
geográficas, estilo de vida e higiene.

Teoria dos Humores

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ANTIGUIDADE CLA& SSICA - ROMA

Escolas Romanas (influência do saber grego)

- Escola Metó dica


- Escola Pneumá tica
- Escola Eclé tica

Em Roma nã o existia a separaçã o entre a atividade mé dica e a arte farmacê utica.

Galeno (120 – 200) - “Pai da Farmá cia”


Mé dico em Roma, seguidor da doutrina hipocrá tica.

Na sua obra “De methodo Medendi” (A arte de Curar) abordou assuntos como as
propriedades e a composiçã o dos medicamentos simples e compostos.

Classificou os compostos de acordo com os efeitos farmacológicos:

- Medicamentos que atuavam sobre a qualidade elementar (Terra, AX gua, Ar e Fogo).


- Medicamentos que atuavam sobre vá rias qualidades elementares sendo, por isso,
dotados de uma açã o principal e de uma açã o secundá ria.
- Medicamentos dotados de um açã o especı́fica (purgantes, antı́dotos, etc.)

Para Galeno todo o mé dico deveria ser filó sofo. Partidá rio da doutrina dos humores de
Hipó crates, criou um sistema anató mico e fisioló gico conducente a um adequado conceito
de doença e respetiva terapê utica.

Para a medicina galénica o organismo saudável é aquele que:

- Todas as partes simples formadas pelos quatro elementos (Terra, AX gua, Ar e Fogo)
estivessem nas proporçõ es ideais.
- Os diferentes espı́ritos que norteavam os processos fisioló gicos exercessem o seu papel
adequadamente.
- Preconizava o recurso à cirurgia; estabeleceu uma adequada dieté tica; organizou uma
farmá cia e estabeleceu parâ metros farmacê uticos.

Doutrina galénica dos medicamentos abordava:

- Qualidade dos medicamentos


- Quantidade necessá ria ao organismo para exercer a açã o
- Modo de preparaçã o
- Via de administraçã o
- Tempo de aplicaçã o do medicamento

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Doutrina galénica refe que nos medicamentos coexistem:

- Substâ ncia ativas: conferem as propriedades terapê uticas ao medicamento e seus


auxiliares.
- Produtos: exercem uma açã o corretiva de determinadas caracterı́sticas organolé ticas.
- Excipientes: onde as substâ ncias ativas eram incorporadas para facilitar a sua
administraçã o.

FARMA& CIA GALE& NICA

AX rea das Ciê ncias Farmacê uticas que diz respeito ao estudo dos medicamentos, desde a
sua conceçã o até à transformaçã o em forma farmacê utica.

IDADE ME& DIA – INFLUE] NCIA A& RABE

A medicina á rabe articulou-se de perto com a filosofia e com a alquimia.

Filosofia - fundamental na medida em que forneceu o substrato teó rico para a


prossecuçã o dos objetivos da medicina.

Alquimia

Prá tica ancestral, antiga quı́mica exercida na Era Medieval.


Une noçõ es de quı́mica, fı́sica, astrologia, arte, metalurgia, medicina, misticismo e religiã o.
A crença mais difundida é a de que os alquimistas buscam encontrar na Pedra Filosofal,
mı́tica substâ ncia, o poder de transformar tudo em ouro e, mais ainda, de proporcionar a
quem a encontrar, a vida eterna e a cura de todos os males.

Para a farmá cia á rabe os medicamentos só deveria ser utilizados quando as dietas e a
alimentaçã o nã o cumprissem a sua funçã o de restabelecimento do organismo.

Os á rabes dedicaram especial atençã o à açã o dos medicamentos, bem como à relaçã o
entre a açã o terapê uticadosmedicamentoseos grausdequalidade.

Origem vegetal: sene, câ nfora, sâ ndalo, ruibarbo, cá ssia, tamarindos, noz moscada, alhos,
cebolas, cedro, maná

Origem animal: â mbar, almı́scar, leite de diversos animais


Origem mineral: á cido sulfú rico, á cido acé tico, sublimado corrosivo, carbonato de
potá ssio, nitrato de potá ssio fundido, ouro, prata, mercú rio, pedras preciosas

Introduçã o de um novo gé nero de literatura profissional: os formulá rios, para uso dos
farmacê uticos ou outros preparadores de medicamentos. Tratava-se de compilaçõ es de
fó rmulas e receitas de medicamentos, com algumas instruçõ es de fabrico.

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Com os avanços na pesquisa quı́mica e busca do elixir terapê utico, os á rabes tornam-se
responsá veis pela descriçã o de grandes farmacopeias (coleçã o de elementos
detalhadamente descritos quanto ao seu aspeto, obtençã o e uso terapê utico).

A civilizaçã o á rabe deixou ainda um importante legado à farmá cia: a introduçã o de novas
formas farmacê uticas.

Deixou-se apenas de triturar, misturar e dissolver, exigindo agora novos conhecimentos e


habilidades.

A primeira farmácia surge em Bagdade, entre 775 – 785, com um responsá vel
farmacê utico, que assegurava toda uma sé rie de serviços inerentes a esta atividade
profissional. A medicina á rabe tornou-se numa medicina de alto nı́vel, desenvolvida nos
grandes centros da é poca.

Foi por causa das grandes cidades que os á rabes desenvolveram o conceito de hospital,
i.e., um lugar onde se reuniam especialistas empenhados no tratamento de doentes, na
prá tica e no ensino da medicina.

IDADE ME& DIA

BOTICÁRIO

Nos sé culos XII e XIII surgem as boticas na Europa Ocidental (designaçã o dos
estabelecimentos em que se preparavam e vendiam medicamentos, antes do
aparecimento de farmá cias).

Os boticá rios estã o muitas vezes associados aos mé dicos e especieiros e tê m por funçã o
compreender e tratar as doenças. A farmá cia europeia medieval reflete a influê ncia á rabe.
O espaço em questã o precisava de cumprir uma sé rie de requisitos e tinha equipamentos
adequados para o fabrico e acondicionamento dos remé dios.

MAGNA CARTA DA FARMAX CIA

Promulgaçã o, em 1240, por Frederico II, rei da Sicı́lia, da famosa Magna Carta da
Farmá cia, que separa a Farmá cia da Medicina e, legalmente, reconhece a profissã o
farmacê utica. Sujeitou ainda a prá tica da farmá cia e o pró prio local a uma inspeçã o oficial,
para proteçã o da saú de pú blica.

RENASCIMENTO

O pensamento tende a emancipar-se da teologia.


Deixa de ser predominante o respeito à tradiçã o, a fé cega no que foi dito por Aristó teles,
Galeno, Ptolomeu, Avicena e Tomá s de Aquino.
O pensamento tende a matematizar-se fazendo-se valer de experiê ncias baseadas em
crité rios quantitativos, o que permitiu o seu cá lculo e mediçã o.
Mantêm-se uma atitude ambivalente entre a tradiçã o e o futuro.
Aperfeiçoamento da imprensa conduz à divulgaçã o do saber.
Iniciou-se a educação universitária na área da Farmácia.

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A maté ria mé dica expandiu-se em duas frentes: a importaçã o de grandes quantidades de
produtos já conhecidos e de outros inteiramente novos, vindos do Novo Mundo e do
Oriente, e a introdução de novos medicamentos químicos.

Paracelso (1493 – 1541)

▪ “Pai da moderna quı́mica farmacê utica”.


▪ Contrá rio à separaçã o da medicina e da farmá cia.
▪ As doenças resultavam do desequilı́brio de trê s elementos: enxofre, mercú rio e sal.

BARROCO

Perı́odo de notá vel agitaçã o cientı́fica:

Francis Bacon (1561 - 1626)

Novum Organum - Observaçã o repetida dos fenó menos como fundamental para o
conhecimento das leis do mundo fı́sico e estabelecimento das leis gerais.

René Descartes (1596 - 1650)

Discours de la méthode - Mé todo dedutivo da razã o era suficiente para o estabelecimento
das leis gerais da natureza “cogito ergo sum” (“penso, logo existo”).

Galileu Galilei (1564 - 1642)

Sustentava que a observaçã o dos fenó menos seguida da experimentaçã o levando os


resultados finais à elaboraçã o de leis cientı́ficas.

Isaac Newton (1642 - 1721)

Lei da atraçã o universal.

• Instrumentos novos: telescópio, barómetro, microscópio, termómetro.

• Um dos aspetos da ciê ncia do barroco com mais interesse para o campo da
farmá cia foi a modificaçã o significativa sofrida pela quı́mica. Neste perı́odo, a

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quı́mica encontrava-se numa fase de transiçã o entre o saber da alquimia e quı́mica
moderna lançada por Lavoisier em finais do sé culo XVIII.

• Ciê ncias mé dias e farmacê uticas:

- William Harvey (1578 – 1657): “o sangue circulava no interior do organismo”.


- Thomas Sydenham (1624 – 1689): distinçã o entre doenças agudas e doenças
cró nicas.

• Diferentes tipos de medicamentos:


- Purgas, sangrias, clisters e remé dios vegetais
- Medicamentosquı́micos
- AX guas mineromedicinais
- Drogas americanas
- Injeçõ es endovenosas
- Transfusõ es sanguı́neas

• “Pílula perpétua”: O antimó nio (efeito laxante) foi a droga quı́mica mais utilizada
no Barroco cuja entrada na terapê utica levantou enorme polé mica.

“A mais curiosa e repugnante forma farmacêutica, uma bola de antimónio metálico


que depois de administrada por via oral e exercer o seu efeito laxante, se recolhia nas
fezes e uma vez lavada conservava se para uso ilimitado...”

Pierre Pomet (1658 - 1699) in Histoire génerale des drogues

ILUMINISMO

Século XVIII

• Elites intelectuais apoiadas na razã o e no experimentalismo pretendiam, com o


progresso da ciê ncia e da té cnica, contribuir para dignificar as condiçõ es de vida e
aumentar o domı́nio sobre a pró pria natureza.
• O iluminismo nã o se reduz a uma visã o do mundo de tipo teoló gico mas filosó fico-
cientı́fico.
• Nascimento da quı́mica cientı́fica
• O novo conceito de elemento quı́mico
• O problema da combustã o
• A nomenclatura quı́mica
• A conservaçã o da maté ria
• As leis ponderais

FARMÁCIA EM PORTUGAL

• Universidade de Coimbra
- Dispensató rio farmacê utico (Botica do Hospital 1772) destinado à investigaçã o e
ensino farmacê utico, à produçã o de medicamentos.

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• Casa Pia de Lisboa (1794)
- Curso de boticá rio de acordo com o modelo coimbrã o.

ROMANTISMO

• M.J. Schleiden (1804 1881): bases da teoria celular.


• Theodor Schwann (1810 1882): paralelismo entre a estrutura e o crescimento das
plantas e o dos animais.
• John Dalton (1766 1844): introduçã o da teoria ató mica na quı́mica de cariz
quantitativo.
• Amé dé é Avogrado (1776 1856): conceito de molé cula.
• Fré dé ric Wö hler (1800 1822): sı́ntese laboratorial da ureia.

FARMÁCIA EM PORTUGAL

• Criaçã o da Sociedade Farmacê utica Lusitana (1835)


• Fundaçã o das Escola de Farmá cia em Lisboa, Coimbra e Porto (1936)

POSITIVISMO

Período compreendido entre a:

• EX poca explosõ es revolucioná rias por toda a Europa (1848)


• Inı́cio da Primeira Grande Guerra Mundial (1914)

Caracterizado:

• Acentuado crescimento da populaçã o - revoluçã o demográ fica (diminuiçã o da taxa


de mortalidade e nã o por aumento da taxa de natalidade)
• Charles Darwin (1809 1882): teoria da descendê ncia com modificaçõ es ou teoria
da evoluçã o orgâ nica.
• Gregor Mendel (1822 1884): descobriu as leis da gené tica.
• August Weismann (1834 1914): teoria do “plasma germinal” e fornece a ideia de
que os cromossomas sã o os portadores das caracterı́sticas gené ticas.
• Louis Pasteur (1822 – 1895): estudo do á cido tartá rico; estudou o fenó meno das
fermentaçõ es; preconizou a “pasteurizaçã o”.
• Descoberta dos anesté sicos e da antissepsia cirú rgica.
• Desenvolvimento da indú stria farmacê utica (Merck, Bayer, Parke-Davis, Sandoz,
Ciba, etc.)
• Especialidades farmacê uticas começam a substituir os medicamentos
manipulados.
• Aparecimento dos medicamentos injetá veis.
• Vulgarizaçã o da utilizaçã o da glicerina e da gelatina nos medicamentos
(supositó rios, ó vulos, cá psulas gelatinosas).
• Purificaçã o da á gua por passagem atravé s de terra de infusó rios.

FARMÁCIA EM PORTUGAL

• Companhia Portuguesa de Higiene (primeira indú stria farmacê utica de grande


dimensã o em Portugal, 1891)
• Laborató rio J. Neves & Ca (1892)

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• Laborató rio Sanitas (1911)
• Instituto Pasteur de Lisboa (1913)

PERI&ODO CONTEMPORA] NEO

O medicamento torna-se num produto cada vez mais complexo e essa complexidade
envolve també m um crescente grau de articulaçã o de diversos cientistas e té cnicos
provenientes de ramos diferente do saber.

Novas té cnicas de interesse farmacê utico


- Liofilizaçã o
- Preparaçã o dos soros e vacinas
- Obtençã o de preparaçõ es bioló gicas
- Obtençã o de aminoá cidos
- Enzimas e antibió ticos, etc.

Novas formas farmacê uticas ou que


sofreram melhorias significativas
• Cá psulas
• Injetá veis
• Pó s efervescentes • Granulados
• Drageias
• Comprimidos
• Emulsõ es
Novos sistemas terapê uticos
• Dispositivos ou aparelhos que permitam a
veiculaçã o dos fá rmacos em determinados
ó rgã os, tecidos ou mesmo cé lulas ou recetores
especı́ficos

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SE& CULO XIX: A FARMACOLOGIA

MATÉRIA MÉDICA Vs FARMACOLOGIA

MATÉRIA MÉDICA:
A eficá cia dos medicamentos é geralmente estabelecida empiricamente e em bases nã o
cientı́ficas, aceites pela tradiçã o.

FARMACOLOGIA:

A eficá cia é estudada pelo laborató rio e eventualmente por testes clı́nicos.
A Farmacologia fornece uma fundamentaçã o cientı́fica e racional da terapia
medicamentosa: é essencial para determinar a eficácia e segurança dos mú ltiplos
medicamentos quı́micos, bem como para o desenvolvimento de novos medicamentos
que vã o ao encontro das carê ncias e anseios da Medicina.

SE& CULO XIX: TEORIA MICROBIANA

O quı́mico francê s Louis Pasteur (1822 - 1895) e o mé dico alemã o Robert Koch (1843 -
1910) tinham uma conceçã o microbiana da doença e graças à s suas descobertas
cientı́ficas passou a ser possı́vel identificar os agentes causais de determinadas doenças
contagiosas.

A teoria microbiana defende que a doença é causada por pequenos seres vivos que se
introduzem por contá gio no organismo saudá vel e que desenvolvem nele o seu processo
vital, desencadeando a doença.

SE& CULO XIX: TUBERCULOSE

A microbiologia mé dica, desenvolvida por Pasteur em França e por Koch na Alemanha,
consolida a ideia de que aliviar ou combater os sintomas é insuficiente: o importante é
diagnosticar a doença, identificar o gé rmen patogé nico e encontrar uma medicaçã o
especı́fica para lhe fazer face.

Koch descobriu o bacilo da tuberculose e Pasteur desenvolveu um processo de


esterilizaçã o a pasteurizaçã o.

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SE& CULO XX ATE& Ad ATUALIDADE

Ao longo do sé culo XX dã o se grandes avanços da quı́mica e da microbiologia, que


possibilitaram a descoberta de novas substâ ncias quı́mico terapê uticas. A descoberta
dos antibióticos é um marco da histó ria da farmá cia e da medicina.

Alexander Fleming, mé dico e bacteriologista, descobriu a Penicilina em 1928, uma


substâ ncia capaz de destruir diversas bacté rias.

O avanço da endocrinologia permitiu o desenvolvimento da terapia hormonal, na qual se


destaca a cortisona, uma substâ ncia produzida a partir dos esteroides O isolamento da
substâ ncia pancreá tica chamada insulina em 1921 foi uma das descobertas mais
importantes do sé culo XX.

A terapia hormonal deu ainda à Medicina as primeiras armas para lutar contra a
infertilidade, complicaçõ es menstruais e da menopausa e disfunçõ es sexuais.

A quimioterapia foi uma arma muito importante na luta contra a doença infeciosa O
primeiro agente quimioterapê utico sinté tico surgiu em 1907 e tinha por objetivo destruir
ou limitar o crescimento do organismo infecioso no corpo, sem destruir a cé lula
hospedeira.

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2. FARMA) CIA EM PORTUGAL E NA EUROPA

CONTEXTO GLOBAL DA FARMA& CIA EM PORTUGAL E NA EUROPA

Na realidade, pela ampla cobertura geográ fica que as farmá cias tê m no territó rio nacional
e pela elevada competê ncia té cnico-cientı́fica dos seus recursos humanos, estas estruturas
tornaram-se aliados essenciais para a garantia dos pilares preconizados no Serviço
Nacional da Saú de (SNS):

- A acessibilidade ao medicamento;
- A equidade na prestaçã o de cuidados de saú de de qualidade a todos os cidadã os,
independentemente da sua localizaçã o geográ fica.

A qualidade dos serviços prestados pela farmá cia comunitá ria deve ser garantida - por
exemplo, atravé s de:

a) Crité rios e condiçõ es associados ao licenciamento de farmá cias;


b) Requisitos de propriedade;
c) Requisitos de força de trabalho - a nı́vel individual (para exercer a profissã o de
farmacê utico ou de té cnico e ao nı́vel de farmá cia (por exemplo, estabelecendo nı́veis
mı́nimos de pessoal e/ou responsabilidades e autoridade do farmacê utico e licenciamento
da farmá cia);
d) Requisitosdeinstalaçõ esparaapoiaraprestaçã odeserviçosdealtaqualidade;
e) Normas que orientam a prestaçã o de serviços e garantia de qualidade para garantir a
reprodutibilidade dos resultados dessas atividades;
f) Identificaçã o de desvios (como por meio de inspeçã o), juntamente com decisõ es sobre
medidas corretivas ou medidas punitivas e execuçã o.
A estrutura legal e regulamentar das farmá cias comunitá ria na Europa varia muito entre
os paı́ses. Geralmente é definida por uma sé rie de dispositivos legais:

Seja como uma ú nica lei farmacê utica.

OU

Por meio de uma lei geral (sobre saú de ou medicamentos, por exemplo) complementada
por uma sé rie de especificaçõ es té cnica ou regulamentos definidos pelo ministé rio da
saú de.

CONTEXTO GLOBAL DA FARMA& CIA EM PORTUGAL E NA EUROPA

A definiçã o de farmá cia comunitá ria de cada paı́s difere, embora a maioria a defina como
um tipo de estabelecimento de saú de que oferece serviços especı́ficos ou com uma
determinada missã o em relaçã o aos medicamentos.

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Essas atividades podem ser resumidas ou listadas extensivamente.

Vá rios paı́ses usam crité rios geográ ficos para determinar se uma licença de farmá cia pode
ser emitida. O objetivo é evitar a concentraçã o de farmá cias comunitá rias na mesma á rea.
Alguns desses crité rios sã o combinados com os crité rios demográ ficos (por exemplo,
Portugal 3500 habitantes). O distanciamento entre farmá cias també m é considerado.

O espetro de atividades exercido pelo farmacê utico comunitá rio é amplo, podendo variar
de paı́s para paı́s. Portugal é frequentemente referido nos meios polı́ticos e cientı́ficos
como um dos paı́ses na Europa em que um maior leque de serviços é disponibilizado à
populaçã o.

QUALIDADE DOS SERVIÇOS PRESTADOS

A avaliaçã o da qualidade dos serviços farmacê uticos é um aspeto importante da


manutençã o e melhoria contı́nua dos cuidados prestados aos pacientes.

Muitas organizaçõ es internacionais fornecem recomendaçõ es sobre essa avaliaçã o


usando vá rias ferramentas e indicadores.

Os requisitos para a garantia de qualidade dos serviços farmacê uticos sã o geralmente
incluı́dos nas diretrizes Good Pharmacy Practice (GPP) (quando aplicá vel) ou sã o parte
integrante do sistema de gestã o da qualidade exigido para todas as farmá cias.

BOAS PRA& TICAS DE FARMA& CIA 2001 (BPF:2001)

Na ediçã o de 2001 houve convergê ncia do referencial das Boas Prá ticas de Farmá cia com
a NP EN ISO 9001:2000, de modo a serem complementares no suporte aos Sistemas de
Gestã o da Qualidade aplicados à s farmá cias comunitá rias.

As BPF:2001 tê m-se mantido como o referencial da Ordem dos Farmacê uticos de base
para as auditorias aos Sistemas de Gestã o da Qualidade implementados em farmá cias
comunitá rias.

BOAS PRA& TICAS DE FARMA& CIA 2009 (BPF:2009)

O documento intitulado "Boas Prá ticas Farmacê uticas para a farmá cia comunitá ria
(BPF)", 3a ediçã o, 2009, apesar de ter sido aprovado em Junho de 2009 pela Direçã o
Nacional da Ordem dos Farmacê uticos, nunca chegou a constituir-se como um referencial
para efeitos de auditoria de certificaçã o, tendo-se optado por manter em vigor o
documento intitulado "Boas Prá ticas de Farmá cia”, 2a ediçã o, 2001, o qual, entretanto,
fruto da atividade desenvolvida pelo Conselho Nacional da Qualidade da Ordem dos
Farmacê uticos, foi em 2015 objeto de alteraçõ es, em particular nas seguintes normas
gerais: "Norma geral sobre as infraestruturas e equipamentos", "Norma geral sobre o
farmacê utico e pessoal de apoio" e "Norma Geral sobre o medicamento e produtos de
saú de".

NORMAS FIP/OMS PARA AS BOAS PRA& TICAS DE FARMA& CIA (2010)

A Direçã o Nacional da Ordem dos Farmacê uticos, em reuniã o realizada no dia 8 de Maio,
homologou a versã o portuguesa das Normas FIP/OMS para as Boas Prá ticas de Farmá cia,

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aprovadas pelo Council Meeting da FIP durante o seu 70.o Congresso Mundial, realizado
em Lisboa, em 2010.

O documento sobre Boas Prá ticas de Farmá cia, aprovado pelo Council Meeting da FIP, é o
culminar de um trabalho iniciado em 2007 por esta federaçã o, nomeadamente pelo seu
grupo de trabalho para a revisã o das Boas Prá ticas de Farmá cia (BPF), que teve como
objetivo avaliar a necessidade de proceder à atualizaçã o das Boas Prá ticas de Farmá cia de
forma a que estas pudessem corresponder à s exigê ncias da prá tica profissional atual.

Apó s um perı́odo de consulta a vá rios peritos, o referido grupo de trabalho empreendeu
uma exaustiva revisã o de todas as normas nacionais existentes para as BPF em, pelo
menos, 137 paı́ses.

Em Dezembro de 2008 surgiu assim a primeira versã o das BPF, tendo o documento final
das Normas, revistas pela FIP/OMS, sido analisado e aprovado pelo Council Meeting da
FIP, no â mbito do seu 70o Congresso, realizado em Lisboa em 2010.

BOAS PRA& TICAS DE FARMA& CIA COMUNITA& RIA 2015 (BPF:2015)

A Direçã o Nacional da Ordem dos Farmacê uticos pretende disponibilizar aos seus
membros uma nova versã o do Manual de Boas Prá ticas de Farmá cia Comunitá ria de modo
a acolher a necessidade de atualizar este documento face à prá tica contemporâ nea desta
á rea de exercı́cio farmacê utico.

Com base nas orientaçõ es FIP/OMS para as Boas Prá ticas de Farmá cia (documento
publicado em 2011), nas ediçõ es anteriores das Boas Prá ticas de Farmá cia da Ordem dos
Farmacê uticos e na legislaçã o vigente, o Conselho Nacional da Qualidade elaborou as 3
primeiras Normas que irã o compor o Manual de Boas Prá ticas de Farmá cia Comunitá ria.

Modificaçõ es na lei – mais responsabilidade no serviço farmacê utico.

Consequê ncia de algumas alteraçõ es:

• Cará cter mais comercial das farmá cias;


• Mais serviços prestados, reforçando o cará cter de Serviço de Saú de de 1.a linha.

FARMA& CIAS EUROPEIAS

• Relató rio “Measuring Health Out comesin Community Pharmacy”, apresentado pelo
Grupo Farmacê utico da Uniã o:
• Apresenta os principais serviços farmacê uticos prestados nas farmá cias
comunitá rias no espaço europeu;
• 58% dos cidadã os europeus estã o a menos de 5 minutos de distâ ncia de uma
farmá cia;
• 98% dos cidadã os a menos de 30 minutos de distâ ncia de uma farmá cia.

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O relató rio foca:

- Serviços de dispensa de medicamentos;


- Serviços e programas de promoçã o do uso racional e responsá vel dos
medicamentos;
- Os testes de mediçã o de parâ metros bioquı́micos;
- Os programas de gestã o da doença e da medicaçã o;
- 0s serviços de administraçã o de vacinas e medicamentos injetá veis, entre outros.

FARMA& CIAS PORTUGUESAS NA EUROPA

• Em Portugal, existe mais farmá cias por habitante do que a mé dia europeia;
• Em Portugal, na grande maioria, cada farmá cia tem mais farmacê uticos por
farmá cia do que a mé dia europeia;
• A app das farmá cias portuguesas para a venda de produtos online foi um sucesso;
• As farmá cias portuguesas tê m qualidade e qualificaçã o de referê ncia superior à
mé dia europeia.

FARMA& CIAS PORTUGUESAS – SITUAÇAh O ECONO& MICA

Em 2007, um conjunto de leis foram alteradas, como por exemplo:


• Venda livre de MNSRM noutros estabelecimentos que nã o farmá cias;
• Inexistê ncia de condicionamento de instalaçã o de farmá cias;
• A possibilidade de atribuiçã o da propriedade da farmá cia a uma pessoa nã o
farmacê utica; A abertura de farmá cias nos hospitais;
• Entre outras medidas relacionadas com as margens de lucro e preços praticados.
• Decré scimo do valor e volume dos medicamentos dispensados;
• Reduçã o acentuada do volume de negó cio;
• Obrigaçõ es de serviço pú blico;
• Falhas de abastecimento de medicamentos;
• Dificuldades de acesso a financiamento.

Crise geral das farmá cias, com insolvê ncias e penhoras


(cerca de 69% das farmá cias apresentaram em 2016 um resultado lı́quido negativo)

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FARMA& CIAS PORTUGUESAS – SITUAÇAh O SOCIAL E ECONO& MICA ATUAL –
2021
- O vı́rus SARS-coV-2, responsá vel pela doença COVID-19, desencadeou uma crise
pandé mica (a partir do final de 2019), que se traduziu num aumento exacerbado da
procura de serviços de saú de, nomeadamente das farmá cias.

- Necessidade de infraestruturas, equipamentos e/ou utensı́lios adequados à segurança


dos profissionais e dos utentes (aumento da despesa);

- Aumento da dispensa de medicamentos (aumento do lucro de venda mas maior


necessidade de profissionais e de ajuste de horá rios);

- Aumento da procura de testes (aumento do lucro mas maior necessidade de


profissionais e de ajuste de horá rios).

FARMA& CIAS EUROPEIAS – NO FUTURO

No futuro, pretende-se que as farmá cias europeias, incluindo as portuguesas, aumentem o


nú mero e qualidade dos seus serviços de forma a melhorar os cuidados gerais de saú de,
implementando programas de acompanhamento e gestã o da doença, assim como, a
promoçã o de campanhas de prevençã o, entre outras medidas.

3. ORGANIZAÇA1 O E LEGISLAÇA1 O DO SETOR


FARMACE< UTICO

SETOR FARMACE] UTICO

ATIVIDADE FARMACE] UTICA


Investigaçã o e Desenvolvimento (I&D)
Indú stria
Distribuiçã o Farmacê utica
Farmá cia Hospitalar
Farmá cia Comunitá ria
Assuntos Regulamentares
Aná lises Clı́nicas e Gené tica Humana
Ensino
Segurança alimentar, Dermocosmé tica, indú stria de produtos quı́micos, etc....

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Investigação e Desenvolvimento:
- Tem aumentado exponencialmente, incluindo em Portugal;
- A investigaçã o geralmente acontece em centros de investigaçã o, instituiçõ es acadé micas
públicas e/ou privadas ou mesmo em ambiente industrial;
- Novas molé culas em estudo para responder à s necessidades dos doentes, aumentando a
esperança mé dia de vida e a sua qualidade.

Indústria Farmacêutica:
- Investigaçã o e desenvolvimento (I&D);
- Introduçã o no mercado de novos fá rmacos;
- Fabrico;
- Comercializaçã o.

Distribuição farmacêutica:
- Armazenamento;
- Distribuiçã o;
- Responsá vel pelo acesso atempado dos medicamentos e produtos de saú de à s farmá cias
e a outras unidade de saú de.

Farmácia hospitalar:
- Aquisiçã o e gestã o dos medicamentos;
- Preparaçã o de injetá veis, alimentaçã o parenté rica, quimioterapia, etc.;
- Distribuiçã o pelos serviços;
- Avaliaçã o da inovaçã o terapê utica;
- Monitorizaçã o dos ensaios clı́nicos;
- Serviço localizado no hospital;
- O farmacê utico integra uma equipa multidisciplinar (e demais profissionais que
coadjuvam o seu trabalho) de saú de.

Assuntos regulamentares:
- Responsá vel pelos processos de desenvolvimento, registo, acesso ao mercado,
informaçã o e apoio aos profissionais de saú de e pela monitorizaçã o da utilizaçã o dos
medicamentos e dispositivos mé dicos.

Farmácia comunitária:
- Dispensa de medicamentos e outros produtos de saú de e de bem-estar;
- Aconselhamento sobre utilizaçã o dos mesmos;
- Realizaçã o de testes laboratoriais;
- Consultas de especialidade/outros serviços (como nutriçã o, podologia, tensã o arterial);
- Acompanhamento e monitorizaçã o de doenças cró nicas;
- Esclarecimento de questõ es de saú de;
- Papel importante no sistema de saú de;
- Integraçã o na rede de cuidados de saú de primá rios.

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ATIVIDADE FARMACE] UTICA
Farmá cia comunitá ria

1. Diretor Técnico (Farmacêutico)


2. Substituto do Diretor Técnico (Farmacêutico)
3. (Farmacêutico)
4. Técnico de Farmácia
5. Técnico Auxiliar de Farmácia

ATIVIDADE FARMACE] UTICA


Parafarmá cia

1. Diretor Técnico
2. (Farmacêutico ou Técnico de Farmácia)
3. Técnico de Farmácia
4. Técnico Auxiliar de Farmácia

Associaçã o Nacional das Farmá cias (ANF):

- Fundada em 1975.
- Intervé m nas á reas polı́tica/associativa, profissional, empresarial, suporte ao
desenvolvimento do negó cio da farmá cia e nas á reas econó mica e financeira.
- Cerca de 95% das farmá cias portuguesas encontram-se filiadas.
- Missã o: fazer das farmá cias a rede de cuidados de saú de primá rios mais valorizada pelos
portugueses.

Associaçã o de Farmá cias de Portugal (AFP)

- A AFP foi constituı́da com um pequeno grupo de 6 farmá cias. Na base da constituiçã o da
AFP esteve a intençã o de se formar uma Associaçã o que se baseasse num espı́rito
comunitá rio e de serviço quer à s farmá cias, quer à comunidade. EX este o espı́rito que
ainda hoje prevalece na AFP.
- A Associaçã o de Farmá cias de Portugal (AFP) é uma instituiçã o sem fins lucrativos que,
desde 1991, tem criado uma plataforma de serviços essenciais para as farmá cias.

INFARMED, I.P. – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saú de


Regula e supervisiona os setores dos medicamentos de uso humano e produtos de saú de,
segundo os mais elevados padrõ es de proteçã o da saú de pú blica, e garante o acesso dos
profissionais da saú de e dos cidadã os a medicamentos e produtos de saú de de qualidade,
eficazes e seguros.

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Direçã o Geral da Saú de (DGS)

Missã o: regulamentar, orientar e coordenar as atividades de promoçã o da saú de e


prevençã o da doença, definir as condiçõ es té cnicas para adequada prestaçã o de cuidados
de saú de, planear e programar a polı́tica nacional para a qualidade no sistema de saú de,
bem como assegurar a elaboraçã o e execuçã o do Plano Nacional de Saú de e, ainda, a
coordenaçã o das relaçõ es internacionais do Ministé rio da Saú de.

Agê ncia Europeia do Medicamento (European Medicines Agency, EMA)

Autoridade responsá vel por garantir a avaliaçã o cientı́fica, a supervisã o e o controlo da


segurança dos medicamentos para uso humano e animal na Uniã o Europeia (EU) e no
Espaço Econó mico Europeu (EEE).
Principais funções:

- Facilitar o desenvolvimento de medicamentos e o acesso aos mesmos;


- Avaliar pedidos de autorizaçã o de introduçã o no mercado de novos medicamentos;
- Controlar a segurança dos medicamentos ao longo do seu ciclo de vida
(farmacovigilâ ncia);
- Informar os profissionais de saú de e os doentes de assuntos relacionados com os
medicamentos.

REGIME JURI&DICO DAS FARMA& CIAS

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O atual regime jurı́dico das farmá cias de oficina (RJF) foi aprovado pelo Decreto-Lei n.o
307/2007, de 31 de agosto.
O RJF foi republicado no ano de 2016, pelo Decreto-Lei n.o 75/2016, de 8 de novembro.
Em 2016, foram introduzidas algumas alteraçõ es. Por exemplo:
- Caducidade do alvará no caso de falecimento;
- Registo do farmacê utico substituto;
- Designaçã o da farmá cia;
- Prestaçã o de serviços na á rea da saú de (antes, designados por serviços farmacê uticos).

O atual RJF está dividido nos capı́tulos seguintes, estando destacados os capı́tulos que
serã o
considerados no presente tema:
- Capı́tulo I - Disposiçõ es gerais
- Capı́tulo II - Propriedade da farmá cia
- Capı́tulo III - Direçã o Té cnica
- Capitulo IV - Pessoal
- Capı́tulo V - Abertura da farmá cia ao pú blico
- Capı́tulo VI - Funcionamento da farmá cia
- Capı́tulo VII - Encerramento da farmá cia
- Capı́tulo VIII - Postos farmacê uticos
- Capı́tulo IX - Disposiçõ es complementares
- Capı́tulo X - Disposiçõ es transitó rias
- Capı́tulo XI - Disposiçõ es finais

PROPRIEDADE DA FARMA& CIA

Quem pode deter e exercer a propriedade, a gestã o e a exploraçã o de farmá cias?

- Decreto-Lei n.o 48 547, de 27 de Agosto de 1968, atualmente revogada pelo Decreto-Lei


n.o 307/2007, de 31 de Agosto:

- A evoluçã o da sociedade, o dinamismo das farmá cias e as profundas alteraçõ es no setor


do medicamento incentivaram a reforma legislativa.

- Esta lei alterou o regime de propriedade das farmá cias, anteriormente exclusiva a
farmacê uticos, e agora permitida a qualquer pessoa singular ou a sociedades comerciais,
nã o sendo permitida à mesma mais do que quatro farmá cias.

Quem pode deter e exercer a propriedade, a gestã o e a exploraçã o de farmá cias?

Pessoas singulares (indivı́duos);


Pessoas coletivas (sociedades comerciais, por exemplo, sociedade por quotas unipessoal
ou plural).
Nú mero má ximo de farmá cias: as pessoas referidas nã o podem deter ou exercer, em
simultâ neo, direta ou indiretamente, a propriedade, a exploraçã o ou a gestã o de mais de 4
farmá cias, em simultâ neo.

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NOTA: nas pessoas coletivas, deve ser verificado qualquer nı́vel de participaçã o no
capital, em qualquer percentagem desse, até ao nı́vel de cada açã o ou outra participaçã o
social permitida.

Propriedade, gestã o ou exploraçã o indireta:


- Pessoa, em nome pró prio ou alheio, mas por conta ou no interesse daquela (exemplo,
gestã o de negó cios ou contrato de mandato);
- Sociedade em cujo capital aquela participe (mesmo no caso de participaçõ es encadeadas
no capital de uma ou mais sociedades).

Como e quando comunicar as alteraçõ es ao INFARMED,I.P.?

Todas as alteraçõ es à propriedade, gestã o e exploraçã o da farmá cia devem ser


comunicadas e previamente autorizadas pelo INFARMED IP atravé s do Portal de
Licenciamento em Novos Pedidos e em Pedidos Gerais.
Se nã o houver comunicaçã o ao INFARMED, I.P., o alvará poderá caducar.
Prazo: 30 dias a contar da data da respetiva alteraçã o;
Declaraçã o assinada pelo proprietá rio averbado em alvará , ou por entidade com poderes
para o ato, e pelo novo proprietá rio;

No caso das sociedades comerciais, o representante legal do proprietá rio da farmá cia
deve comunicar, para efeitos de averbamento:
- As situaçõ es de dissoluçã o, fusã o ou transformaçã o da sociedade, transmissã o das partes
sociais, quotas ou açõ es, incluindo os atos que alterem a sua titularidade;
- por meio eletró nico;
- no prazo de 30 dias a contar data da respetiva alteraçã o.

Como e quando comunicar as alteraçõ es ao INFARMED,I.P.?


A situaçã o especial da morte do proprietá rio ou só cio. Como proceder?

No caso de falecimento do proprietá rio ou do só cio, os seus herdeiros devem:


Até 30 dias a conta da data do ó bito: comunicar ao INFARMED, I.P. a alteraçã o, ou seja,
que a propriedade é de todos, em comum, e sem determinaçã o da parte do direito.

No prazo de 1 ano a contar do ó bito:

Requerer inventá rio ou Proceder à adjudicaçã o ou Proceder à venda da farmá cia a favor
de quem possa ser proprietá rio

Se nã o houver qualquer comunicaçã o dentro dos prazos legais estabelecidos, o alvará
caducará , dois anos apó s o decurso do prazo daquele ano, sem que tenha ocorrido a
transmissã o da farmá cia a favor de quem possa ser proprietá rio.

Quem nã o pode exercer ou deter a propriedade, a exploraçã o ou a gestã o?

Nã o podem exercer ou deter a propriedade, a exploraçã o ou a gestã o, direta ou


indiretamente, os seguintes:
- Profissionais de saú de prescritores de medicamentos;
- Associaçõ es representativas das farmá cias, das empresas de distribuiçã o grossista de
medicamentos ou das empresas da indú stria farmacê uticas, ou dos respetivos
trabalhadores;
- Empresas de distribuiçã o grossista de medicamentos;

UFCD 10145 formadora Ana Isabel 22 |


- Empresas da indú stria farmacê utica;
- Empresas privadas prestadoras de cuidados de saú de;
- Subsistemas que comparticipam no preço dos medicamentos.

PESSOAL DE FARMA& CIA – TITULARES E COMPETE] NCIAS

Quem pode integrar o quadro da farmá cia?

As farmá cias devem dispor de, pelo menos, um diretor té cnico e um farmacê utico.
Os farmacê uticos devem, tendencialmente, constituir a maioria dos trabalhadores da
farmá cia.
Estes podem ser coadjuvados por té cnicos de farmá cia ou por outro pessoal devidamente
habilitado.
As farmá cias que funcionem em regime excecional de atividade estã o dispensadas da
obrigatoriedade do segundo farmacê utico.

Quem pode ser Farmacê utico?

O profissional que tenha inscriçã o vá lida na Ordem dos Farmacê uticos como membro
efetivo.

Licenciados em farmá cia por uma instituiçã o de ensino superior portuguesa, na sequê ncia
de um ciclo de estudos anterior ao regime introduzido pelo Decreto n.o 111/78, de 19 de
outubro;

Licenciados em Ciê ncias Farmacê uticas (6 anos) conferido por uma instituiçã o superior
portuguesa;

Mestres em Ciê ncias Farmacê uticas (5 anos) conferido por instituiçã o de ensino superior
portuguesa;

O profissional que tenha inscriçã o vá lida na Ordem dos Farmacê uticos como membro
efetivo.

Titulares de um grau acadé mico superior estrangeiro, no domı́nio das Ciê ncias
Farmacê uticas, com equivalê ncia a um dos graus anteriores;

Profissionais nacionais de Estados membros da UE ou do EEE cujas qualificaçõ es tenham


sido obtidas fora de Portugal.

Quais as funçõ es/deveres do Farmacê utico?

Desenvolvimento e preparaçã o das formas farmacê uticas dos medicamentos;


Preparaçã o de soluçõ es antissé ticas, de desinfetantes e de misturas intravenosas;
Preparaçã o, controlo, seleçã o, aquisiçã o, armazenamento e dispensa dos medicamentos
de uso humano e veteriná rio e de dispositivos mé dicos;
Informaçã o e consulta sobre medicamentos de uso humano e veteriná rio, dispositivos
mé dicos, sujeitos e nã o sujeitos a prescriçã o mé dica, junto de profissionais de saú de e de
doentes, de modo a promover a sua correta utilizaçã o;
Registos, fabrico e controlo dos medicamentos de uso humano e veteriná rio e dos
dispositivos mé dicos.

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Acompanhamento, vigilâ ncia e controlo da distribuiçã o, dispensa e utilizaçã o de
medicamentos de uso humano e veteriná rio, de dispositivos mé dicos;
Controlo de qualidade dos medicamentos e dos dipositivos mé dicos em laborató rio de
controlo de qualidade de medicamentos e dispositivos mé dicos;
Interpretaçã o e avaliaçã o de prescriçõ es mé dicas;
Colheita de produtos bioló gicos, execuçã o e interpretaçã o de aná lises clı́nicas e
determinaçã o de nı́veis sé ricos.
Podem ainda ser considerados atos farmacê uticos quaisquer outros que, pela sua
natureza, requeiram especializaçã o em qualquer das á reas de intervençã o farmacê utica,
enquanto atividades afins ou complementares.

Quem pode ser Diretor Té cnico e quais as suas funçõ es/deveres?

Apenas o farmacê utico pode ser Diretor Té cnico.


Assegurar, em permanê ncia, o exercı́cio das suas funçõ es, nã o podendo haver acumulaçã o
destas com quaisquer outras funçõ es durante o horá rio de trabalho;
Ser independente, té cnica e deontologicamente, no exercı́cio das respetivas funçõ es, do
proprietá rio da farmá cia (sem prejuı́zo das situaçõ es de identidade entre a propriedade e
a direçã o té cnica da farmá cia);
Assumir a responsabilidade pelos atos farmacê uticos praticados na farmá cia;
Garantir a prestaçã o de esclarecimentos aos utentes sobre o modo de utilizaçã o dos
medicamentos;
Promover o uso racional do medicamento.

Como comunicar ao INFARMED, I.P.?

O registo e a cessaçã o da funçã o de Diretor Té cnico deve ser comunicada ao INFARMED,
I.P., pelo proprietá rio da farmá cia, atravé s do Portal de Licenciamento +, em Pedidos
Gerais.

Quem nã o pode ser Diretor Té cnico?

O exercı́cio de funçõ es de Diretor Té cnico é incompatı́vel com o exercı́cio de qualquer


uma das seguintes funçõ es:

Diretor ou responsá vel té cnico, ou substituto deste, ao serviço de titular de autorizaçã o de
introduçã o de medicamentos no mercado;

Diretor ou responsá vel té cnico, ou substituto deste, ao serviço de estabelecimentos que se
dediquem ao fabrico, distribuiçã o por grosso ou importaçã o paralela de medicamentos;

Diretor ou responsá vel té cnico, ou substituto deste, ao serviço de serviços farmacê uticos
hospitalares, pú blicos ou privados;

O exercı́cio de funçõ es de Diretor Té cnico é incompatı́vel com o exercı́cio de qualquer


uma das seguintes funçõ es:

• Diretor ou responsá vel té cnico, ou substituto deste, ao serviço de outra farmá cia
ou, quando nã o excecionado, de posto farmacê utico, ou de medicamentos, ou de
local de venda de medicamentos nã o sujeitos a receita mé dica.

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Quem pode ser Farmacê utico Substituto?

O Decreto Lei n.o 307/2007, de 31 de agosto, estabeleceu que a farmá cia tem que ter, pelo
menos, dois farmacê uticos: um diretor té cnico e um farmacê utico adjunto.

O Farmacê utico Substituto é nomeado pelo proprietá rio da farmá cia.


O Farmacê utico Substituto deve substituir o Diretor Té cnico, nas suas ausê ncias e
impedimentos, na execuçã o das tarefas que lhe sã o cometidas.

Como comunicar ao INFARMED, I.P.?


O registo é da responsabilidade do proprietá rio da farmá cia e deve ser efetuado junto do
INFARMED, IP., no prazo de 10 dias apó s o inı́cio da execuçã o das funçõ es. També m a
cessaçã o das funçõ es deve ser comunicada pelo proprietá rio da farmá cia.

Quem é o pessoal devidamente habilitado?

Os profissionais que sejam detentores de formaçã o té cnico-profissional certificada, no


â mbito das funçõ es de coadjuvaçã o na á rea farmacê utica.

Quem pode coadjuvar na á rea farmacê utica?

Técnico de Farmácia (TF)

- Curso superior ministrado nas escolas superiores de tecnologia da saú de (4 anos); ou

- Curso ministrado nas extintas escolas té cnicas dos serviços de saú de e na Escola de
Reabilitaçã o de Alcoitã o; ou

- Outros cursos da á rea té cnica de diagnó stico e terapê utica, desde que reconhecidos por
despacho conjunto; ou

- Reconhecimento legal da respetiva profissã o, de acordo com a legislaçã o comunitá ria e o


direito interno portuguê s, quando se trate de cidadã os de Estados membros da UE.

- Alé m do curso, este profissional deve obter uma cé dula profissional, emitida pelo
Departamento de Recursos Humanos da Saú de, na Administraçã o Central do Sistema de
Saú de (ACSS), mediante apresentaçã o de requerimento, onde constem os seguintes
elementos:

1. Identificaçã o pessoal;
2. Local ou locais de trabalho; e
3. Diploma de formaçã o.

Competências:

- Aná lises e ensaios farmacoló gicos;


- Interpretaçã o da prescriçã o terapê utica e de fó rmulas farmacê uticas, sua preparaçã o,
identificaçã o e distribuiçã o;
- Controlo da conservaçã o, distribuiçã o e stocks de medicamentos e outros produtos;
- Informaçã o e aconselhamento sobre o uso do medicamento;

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- Execuçã o de todos os atos inerentes ao exercı́cio farmacê utico, ainda que sob supervisã o
do farmacê utico, com recurso à s té cnicas de base cientı́ficas, com fins de promoçã o da
saú de e de prevençã o.
- O profissional desta categoria deve ser detento de formaçã o té cnico-cientı́fica
certificada, por deliberaçã o do INFARMED, I.P., com os seguintes requisitos:
- Ter completado a escolaridade obrigató ria e ter concluı́do as unidade de formaçã o de
curta duraçã o da componente tecnoló gica da Qualificaçã o de TAF, do Quadro Nacional de
Qualificaçõ es (QNQ);
- Possuir a qualificaçã o de dupla certificaçã o de nı́vel 4 de TAF, do QNQ.

Técnico Auxiliar de Farmácia (TAF)

A componente tecnológica desta formaçã o deve ter a duraçã o mı́nima de 1000 horas e
unidade de formaçã o de curta duraçã o, que permitam a aquisiçã o das seguintes
competê ncias:
- Atividade associadas à dispensa de medicamentos;
- Compreensã o do medicamento, seus efeitos e riscos da sua utilizaçã o;
- Conhecimentos bá sicos do sistema de Farmacovigilâ ncia;
- Faturaçã o e conferê ncia do receituá rio, faturaçã o de fornecedores e gestã o da
documentaçã o;
- Noçõ es bá sicas de tecnologias de informaçã o e comunicaçã o, e utilizaçã o dos sistemas
informá ticos em uso nas farmá cias;
- Condiçõ es de conservaçã o dos medicamentos e outros produtos dispensados nas
farmá cias e especificidades do seu armazenamento.
Disposiçã o transitó ria:
- Consideram-se igualmente habilitados para o exercı́cio de funçõ es de coadjuvaçã o na
á rea farmacê utica, os profissionais que, se encontrem numa das seguintes situaçõ es:
- Detentores do 12.o ano de escolaridade e do curso de formaçã o de té cnico auxiliar de
farmá cia (TAF), ministrado por entidade oficialmente reconhecida e com os requisitos
expressos no Contrato Coletivo de Trabalho (CCT), celebrado entre a ANF e o Sindicato
Nacional dos Profissionais de Farmá cia (SINPROFARM), publicado em 2010;

Disposição transitória:

Consideram-se igualmente habilitados para o exercı́cio de funçõ es de coadjuvaçã o na á rea


farmacê utica, os profissionais que, se encontrem numa das seguintes situaçõ es:

• Que efetuaram o registo de prá tica farmacê utica, segundo os respetivos diplomas
legais:
• Anterior ao Decreto-Lei n.o 320/99, de 11 de Agosto (e nã o titulares de cé dula
profissional de Té cnico de Farmá cia); OU
• Posterior ao Decreto-Lei n.o 320/99, de 11 de Agosto e anterior ao Decreto- Lei n.o
307/2007 de 31 de Agosto.

Consideram-se igualmente habilitados para o exercı́cio de funçõ es de coadjuvaçã o na á rea


farmacê utica, os profissionais que, se encontrem numa das seguintes situaçõ es:

- Todos os demais profissionais que estejam a frequentar ou tenham concluı́do cursos de


formaçã o reconhecidos pela entidade competente;

- Consideram-se igualmente habilitados para o exercı́cio de funçõ es de coadjuvaçã o na


á rea farmacê utica, os profissionais que, se encontrem numa das seguintes situaçõ es:

UFCD 10145 formadora Ana Isabel 26 |


• Os profissionais que já exerçam funçõ es de coadjuvaçã o na á rea farmacê utica em
farmá cias de oficina e nã o sã o titulares de formaçã o reconhecida, dispõ em de um
perı́odo de 2 anos para obter ou completar a formaçã o prevista pelo INFARMED,
IP.
• Té cnico Auxiliar de Farmá cia (TAF)

Competências:

• Execuçã o dos atos inerentes ao exercı́cio farmacê utico, sob controlo e supervisã o
do farmacê utico;
• Aconselhamento sobre estilos de vida saudá veis;
• Dispensa de medicamentos e outros produtos de saú de, de acordo com
procedimentos legais;
• Realizaçã o de determinados parâ metros bioquı́micos e fisioló gico, de acordo com
os procedimentos implementados na farmá cia;
• Informaçã o sobre a indicaçã o terapê utica, correta utilizaçã o e conservaçã o e
promoçã o da adesã o à terapê utica;
• Realizaçã o de tarefas relativas a faturaçã o de receituá rio, controlo de stocks
existentes, manutençã o e controlo de equipamentos;
• Dispensa de MNSRM, de acordo com os procedimentos implementados na
farmá cia;
• Relacionamento adequado com os demais profissionais da farmá cia e do setor da
saú de.
• Estas sã o algumas das competê ncias dos TAF, de acordo com o Contrato Coletivo
de Trabalho celebrado entre a ANF e o SINPROFARM, publicado no Boletim do
Trabalho e Emprego-BTE.

As atividade especı́ficas que sã o exclusiva dos farmacêuticos devem estar claramente
definidas, concretamente (BPF, 2009):

• Contacto com outros profissionais de saú de;


• Controlo de psicotró picos e estupefacientes;
• Cedê ncia de medicamentos;
• Seguimento farmacoterapê utico;
• Contacto com os centros de informaçã o dos medicamentos;
• Gestã o da formaçã o dos colaboradores;
• Gestã o das reclamaçõ es;
• Pode a farmá cia contratar estagiá rios profissionais para o quadro farmacê utico?

Os estagiá rios podem constituir o quadro farmacê utico, desde que sejam parte de um
contrato de está gio profissional:

- Escrito e assinado;
- De duraçã o nã o superior a 12 meses;
- Com pagamento de uma bolsa de está gio (igual ao valor do Indexante dos Apoios
Sociais, IAS, estipulado para cada ano, acrescido de subsı́dio de alimentaçã o e
seguro de acidentes pessoais).
- A farmá cia pode candidatar-se aos incentivos aprovados anualmente pelo IEFP,
ao abrigo do regulamento por este publicado.

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FUNCIONAMENTO DA FARMA& CIA

Como construir o nome da farmá cia?

Utilizaçã o do vocá bulo “farmá cia”.


Nã o podem ser utilizados vocá bulos:

• Enganosos;
• Que constituam concorrê ncia desleal;
• Que possam criar confusã o com a designaçã o de outras farmá cias localizadas no
mesmo concelho;
• Que suscitem engano relativamente aos limites impostos a propriedade,
exploraçã o e gestã o da farmá cia.
• No exterior, a farmá cia deve exibir o vocá bulo “farmá cia” ou, em alternativa, o
sı́mbolo da “cruz verde”;
• A designaçã o da farmá cia depende de aprovaçã o do INFARMED, I.P. e deve ser
comunicada atravé s do Portal de Licenciamento +, em Pedidos Gerais.

Quais as informaçã o a divulgar pela farmá cia?

As farmá cias devem divulgar, de forma visı́vel, todas as informaçõ es relevantes no


relacionamento com os utentes, por exemplo:

- Nome do diretor té cnico;


- Horá rio de funcionamento (que abrange os perı́odos diá rio e semanal e os turnos de
serviço);
- Escalas de turnos das farmá cias do municı́pio, pelos meios que entender, desde que
estes reproduzam essas escalas na ı́ntegra e tal como sã o aprovadas pela Administraçã o
Regional de Saú de competente (independentemente do horá rio de funcionamento que
executem) e estejam iluminados à noite;

As farmá cias devem divulgar, de forma visı́vel, todas as informaçõ es relevantes no


relacionamento com os utentes, por exemplo:

• Descontos concedidos no preço dos medicamentos;


• Serviços farmacê uticos prestados e os respetivos preços;
• Existê ncia de livro de reclamaçõ es.
• O INFARMED, I.P., disponibiliza aos utentes, no seu sı́tio eletró nico, uma á rea
destinada à s reclamaçõ es.

Outras obrigaçõ es de divulgaçã o/afixaçã o pela farmá cia?

No que diz respeito à utilizaçã o de sistemas de segurança, as farmá cias devem divulgar,
de forma visı́vel, no perı́metro exterior do local e na zona objeto de vigilâ ncia, informaçã o
relativa:

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- à existê ncia e localizaçã o das câ maras de segurança;
- ao aviso “Para sua proteçã o, este local é objeto de videovigilâ ncia”;
- à entidade de segurança privada autorizada a operar o sistema de videovigilâ ncia, pela
mençã o do nome e alvará ou licença, caso seja operado por uma empresa de segurança
privada;
- ao responsá vel pelo tratamento dos dados recolhidos perante quem os direitos de
acesso e retificaçã o podem ser exercidos, que, no caso das farmá cias, é o proprietá rio.

Dever de dispensa de medicamentos

Exceto nos casos admitidos pelo estatuto da Ordem dos Farmacê uticos, as farmá cias nã o
podem recusar a dispensa de medicamento:

• Nã o sujeito a receita mé dica, que lhe seja solicitado durante o perı́odo de
funcionamento diá rio;
• Prescrito em receita vá lida que lhes seja apresentada durante o horá rio de
funcionamento.
• Salvo casos de força maior, devidamente justificados, os medicamentos sujeitos a
receita mé dica só podem ser dispensados ao utente nela indicado ou a quem o
represente.
• Na dispensa de medicamentos sujeitos a receita mé dica, as farmá cias devem
respeitar a prescriçã o mé dica, de acordo com a legislaçã o em vigor.

Dever de farmacovigilâ ncia

As farmá cias colaboram com o INFARMED - Autoridade Nacional do


Medicamento e Produtos de Saú de, I. P. (INFARMED), na identificaçã o,
quantificaçã o, avaliaçã o e prevençã o dos riscos do uso de medicamentos,
uma vez comercializados, permitindo o seguimento das suas possı́veis
reaçõ es adversas.

Locais de dispensa de medicamentos

A atividade de entrega de medicamentos ao domicı́lio nos termos dos nú meros anteriores,
ou a utilizaçã o de pá gina eletró nica na Internet, depende de comunicaçã o pré via ao
INFARMED.

As farmá cias nã o podem dispensar medicamentos que constem de receitas que lhes
tenham sido reencaminhadas por locais de venda de medicamentos nã o sujeitos a receita
mé dica.

Identificaçã o

O pessoal que desempenha funçõ es de atendimento ao pú blico nas farmá cias deve estar
devidamente identificado, mediante o uso de um cartã o, contendo o nome e o tı́tulo
profissional.

Venda ao pú blico

UFCD 10145 formadora Ana Isabel 29 |


MedicaMentos;
Substâ ncias medicamentosas;
Medicamentos e produtos veteriná rios;
Medicamentos e produtos homeopá ticos;
Produtos naturais;
Dispositivos mé dicos;
Suplementos alimentares e produtos de alimentaçã o especial;
Produtos fitofarmacê uticos;
Produtos cosmé ticos e de higiene corporal;
Artigos de puericultura;
Produtos de conforto.

OUTRA LEGISLAÇAh O RELEVANTE PARA A ATIVIDADE FARMACE] UTICA

Posso – ou nã o – devolver/trocar o medicamento?

Nã o existe legislaçã o especı́fica sobre a devoluçã o e/ou troca de medicamentos.

A devoluçã o ou troca de medicamentos pode ser permitida, caso se verifique


desconformidade na venda ou no medicamento, como por exemplo:

• medicamento fora do prazo de validade;


• medicamento dispensado diferente do solicitado ou prescrito.

Nestes casos, a farmá cia nã o poderá recolocar esses medicamentos no circuito de venda,
salvo se tiver garantia de bom estado de conservaçã o dos mesmos.

Referente a esta maté ria, considerar també m o Regulamento relativo à s boas prá ticas de
distribuiçã o de medicamentos para uso humano – ponto 6 – medicamentos devolvidos,
falsificados ou retirados.

Devo – ou nã o – devolver/trocar Produtos de Saú de e Bem Estar (PSBE)?

Quando a venda é feita na farmá cia?


Neste caso, a farmá cia tem o dever de aceitar a devoluçã o ou troca, caso, por exemplo:

• os bens dispensados sejam considerados nã o conformes com a descriçã o que deles
é feita pelo vendedor;
• os bens nã o possuam as qualidades que o vendedor tenha apresentado ao
consumidor, como amostra ou modelo.
• Nestas situaçõ es, o utente pode solicitar que seja reposta a conformidade, sem
encargos, no prazo de 30 dias, por meio de: reparaçã o OU substituiçã o OU reduçã o
adequada do preço OU resoluçã o do contrato (venda).
• Quando a venda é feita por sı́tio eletró nico da farmá cia?
• Neste caso, o utente tem direito ao arrependimento, ou seja, à resoluçã o do
contrato (venda), no prazo de 14 dias apó s a entrega do bem.
• Exceçã o: fornecimento de bens selados nã o suscetı́veis de devoluçã o, por motivos
de proteçã o da saú de ou de higiene, quando abertos apó s a entrega.
• Quando a venda é feita por sı́tio eletró nico da farmá cia?
No mesmo prazo de 14 dias a contar da data em que for informada da decisã o de
resoluçã o do contracto, a farmá cia deve reembolsar o utente de todos os

UFCD 10145 formadora Ana Isabel 30 |


pagamentos recebidos, incluindo os custos de entrega do bem, atravé s do mesmo
meio de pagamento que tiver sido utilizado na transaçã o inicial, salvo acordo
expresso em contrá rio e desde que o utente nã o incorra em quaisquer custos como
consequê ncia do reembolso.

Mapa de horá rio de trabalho

A elaborar e a afixar, em lugar visı́vel do estabelecimento, e devendo conter, entre outras,


as seguintes informaçõ es:

• Firma ou denominaçã o do empregador;


• Atividade exercida;
• Sede e local de trabalho dos trabalhadores a que respeita;
• Indicaçã o da hora de inı́cio e termo do perı́odo de funcionamento e, se houver, dia
de encerramento ou suspensã o de funcionamento do estabelecimento ou empresa.

Registo de tempos de trabalho

Elaborado por cada trabalhador, por dia e por semana, no qual fiquem registadas as horas
concretas de inı́cio e de termo da prestaçã o de trabalho, e os intervalos nã o
compreendidos no perı́odo normal de trabalho.
Este registo deve ser mantido no estabelecimento em local acessı́vel, por forma a permitir
a sua consulta imediata.

Mapa de fé rias

A elaborar anualmente, até ao dia 15 de abril, com indicaçã o do inı́cio e termo dos
perı́odos de fé rias de cada trabalhador, e deve ser mantido, afixado, no local de trabalho
entre 15 de abril e 31 de outubro.

Prova documental do pagamento das retribuiçõ es

Os recibos respeitantes a todas as retribuiçõ es liquidadas aos trabalhadores, devem ser


organizados e arquivados, por forma a demonstrar o seu cumprimento e a data em que o
mesmo ocorreu.

Plano e relató rio anual de formaçã o profissional contı́nua

As farmá cias que empreguem mais de 10 trabalhadores devem elaborar um plano anual
ou plurianual de formaçã o contı́nua.

Instalaçã o de meios de vigilâ ncia à distâ ncia.

A existê ncia e a localizaçã o sucinta das câ maras de segurança;

O aviso “Para sua proteção, este local é objeto de videovigilância”;

UFCD 10145 formadora Ana Isabel 31 |


A designaçã o da entidade de segurança privada autorizada a operar o sistema de
videovigilâ ncia, pelo nome e alvará ou licença, caso seja operado por uma empresa de
segurança privada;

O responsá vel pelo tratamento dos dados recolhidos, perante quem os direitos de acesso
e retificaçã o podem ser exercidos, que, no caso das farmá cias, é o proprietá rio.

Venda de medicamento fora da farmá cia

O Decreto-Lei n.o 134/2005 autoriza a comercializaçã o fora das farmá cias dos
Medicamentos Nã o Sujeitos a Receita Mé dica Obrigató ria (e define as regras sobre a
mesma, das quais abordaremos alguns dos pontos principais:

O propó sito deste decreto incidiu sobre induzir a reduçã o dos preços dos MNSRMO e
promover uma concorrê ncia efetiva entre os vá rios canais de distribuiçã o e
comercializaçã o, enquanto, paralelamente, contribuir para o alargamento do mercado de
emprego para os jovens da á rea;

Venda de medicamento fora da farmá cia

A venda de medicamentos fora das farmá cias só pode ser feita por farmacê utico ou por
té cnico de farmá cia ou sob a sua supervisã o;

No exercı́cio da supervisã o a que se refere o nú mero anterior, o farmacê utico ou o té cnico
de farmá cia asseguram o cumprimento adequado das regras aplicá veis à venda de
MNSRM fora das farmá cias, pelo qual sã o responsá veis;

Venda de medicamento fora da farmá cia

A mesma pessoa pode ser responsá vel por mais de um local de venda mas nã o pode
acumular esta atividade com as funçõ es de diretor té cnico de uma farmá cia, de uma
empresa ou armazé m de distribuiçã o grossista ou de uma empresa de fabrico de
medicamentos;

Os Medicamentos Nã o Sujeitos a Receita Mé dica (que beneficiem de comparticipaçã o do


Estado), continuam a ser vendidos exclusivamente nas farmá cias;

Venda de medicamento fora da farmá cia

A venda destes MNSRM fora das farmá cias nã o dispensa o cumprimento das obrigaçõ es
legais relativas ao Sistema Nacional de Farmacovigilâ ncia e ao principio do Uso Racional
do Medicamento, sendo, por exemplo, proibida a sua venda a menores de 16 anos;

Os locais de venda dos MNSRM estã o na mesma sujeitos a registo pré vio no INFARMED e
cumprimento dos requisitos lá estabelecidos, ficando també m sujeitos à sua fiscalizaçã o;

Os proprietá rios destes locais de venda estã o sujeitos aos mesmos deveres e obrigaçõ es
das restantes farmá cias no que diz respeito à fiscalizaçã o da atividade de venda de
medicamentos.

UFCD 10145 formadora Ana Isabel 32 |


4. A FARMA) CIA COMO UNIDADE DO PRESTAÇA1 O
DE CUIDADOS DE SAU) DE

ESTRUTURA ORGA] NICA DO MINISTE& RIO DA SAU& DE

SERVIÇO NACIONAL DE SAU& DE

Serviço Nacional de Saú de (SNS)

O SNS engloba o conjunto de instituiçõ es e serviços, dependentes do Ministé rio da Saú de,
que tê m como missã o garantir o acesso de todos os cidadã os aos cuidados de saú de, nos
limites dos recursos humanos, té cnicos e financeiros disponı́veis.

O SNS abrange ainda os estabelecimentos privados e profissionais de saú de em regime


liberal, com os quais tenham sido celebrados contratos ou convençõ es, que garantam o
direito de acesso dos utentes em moldes semelhantes aos oferecidos pelo SNS.

UFCD 10145 formadora Ana Isabel 33 |


SERVIÇOS FARMACE] UTICOS

Farmá cias Comunitá rias

Importâ ncia estraté gica no sistema de saú de, com integraçã o e articulaçã o na rede de
cuidados de saú de primá rios.

Os utentes reconhecem-lhes proximidade, disponibilidade, confiança e, acima de tudo,


dedicaçã o e competê ncia profissional, numa relaçã o secular que muito valoriza o papel
que o profissional de farmá cia hoje assume na nossa sociedade.

Farmá cias Comunitá rias

Estudo “ O Novo Modelo de Farmácia”, CESOP – Universidade Católica Portuguesa, 2016.

O centro de saú de e a farmá cia sã o os locais mais procurados quando surge um problema
“menor” de saú de;

As farmácias são um do principais “acessos” ao SNS.

UFCD 10145 formadora Ana Isabel 34 |


Estudo “ O Novo Modelo de Farmácia”, CESOP – Universidade Católica Portuguesa, 2016.

A satisfaçã o global com as farmá cias é muito elevada. Os portugueses valorizam


particularmente a qualidade do serviço, a localizaçã o e a competê ncia dos profissionais.

Estudo “ O Novo Modelo de Farmácia”, CESOP – Universidade Católica Portuguesa, 2016.

Os portugueses querem mais serviços nas farmá cias.

Quais os serviços que podem ser prestado nas farmá cias?

Portaria n.o 97/2018 (define os serviços farmacêuticos e outros serviços de


promoção da saúde e bem-estar que podem ser prestados nas farmácias):

Serviços de apoio domiciliá rio, (p. ex: entrega de medicamentos);


Mediçã o da pressã o arterial;
Realizaçã o de teste de gravidez;

Determinaçã o:

UFCD 10145 formadora Ana Isabel 35 |


• de parâ metros bioquı́micos (glicemia, colesterol, triglicerı́deos, á cido ú rico, etc.);
• do ı́ndice de massa corporal e do perı́metro abdominal;
• microbioló gica em caso de infeçã o;
• de outros marcadores (p. ex: PSA – marcador da pró stata);

Administraçã o primeiros socorros;


Administraçã o de injetá veis;
Administraçã o de vacinas nã o incluı́das no Plano Nacional de Vacinaçã o.
Programas:
• de cuidados farmacê uticos;
• de adesã o e/ou reconciliaçã o à terapê utica;
• de preparaçã o individualizada de medicamentos;
• de recolha de medicamentos fora do prazo;
• de educaçã o sobre a utilizaçã o de dispositivos mé dicos;
• de literacia em saú de, prevençã o da doença e de promoçã o de estilos de vida
saudá veis.

Consultas de nutriçã o, podologia, hipertensã o, diabetes, preparaçã o pó s-parto, etc.;


Serviços simples de enfermagem (por exemplo, tratamento de feridas e cuidados a
doentes ostomizados; cuidados de nı́vel 1 na prevençã o e tratamento do pé diabé tico).
Serviços recentes – VIH:

• Prevençã o: Já há alguns anos, a farmá cia participa no programa de distribuiçã o de
kits de prevençã o de infeçã o por VIH e hepatites virais, dirigidos à s pessoas que
utilizam drogas por via injetá vel.

Tratamento: a partir de 2017 permitiu-se a dispensa de medicamentos antirretrovı́ricos


nas farmá cias comunitá rias;

Rastreio: o Despacho n.o 2522/2018 deliberou que as Farmá cias Comunitá rias poderã o
realizar testes rá pidos de VIH.

No ano de 2017, entrou em vigor uma nova legislaçã o que permitiu criar um novo quadro
de referê ncia da atuaçã o das farmá cias:

Intervençã o no Programa Troca de Seringas (Portaria n.o301- A/2016, de 30 de


novembro);

Dispensa de medicamentos inseridos em grupos homogé neos (conjunto de medicamentos


com a mesma composiçã o qualitativa e quantitativa em substâ ncias ativas, forma
farmacê utica, dosagem e via de administraçã o, no qual se inclua, pelo menos, um
medicamento gené rico existente no mercado) com os preços mais baixos (Portaria n.o
262/2016, de 7 de outubro);

Protocolos

Ainda em 2017, estabeleceu-se um protocolo de colaboraçã o entre a Associaçã o das


Unidades de Saú de Familiar e a ANF, com o objetivo de desenvolver modelos
colaborativos de intervençã o em saú de de maior cooperaçã o interprofissional e de
reformar os cuidados de saú de primá rios, para o
desenvolvimentodesinergiasqueaproveitemmelhoraredede farmá cias.

UFCD 10145 formadora Ana Isabel 36 |


També m durante esse ano, foi celebrado um acordo de cooperaçã o entre a ordem dos
Enfermeiros e a ANF para a implementaçã o de cuidados de enfermagem na rede de
farmá cias.

Resoluçã o de Conselho de Ministros n.o 56/2016, de 13 de outubro

A Resoluçã o de Conselho de Ministros n.o 56/2016, de 13 de outubro, aprovou a


Estraté gia Nacional do Medicamento e Produtos de Saú de 2016 – 2020 na qual se
incluem:
- Revisã o dos mecanismos de dispensa e de comparticipaçã o de medicamentos, em
especial dos doentes cró nicos em ambulató rio;

- Promoçã o do aumento da utilizaçã o de medicamentos gené ricos;

- Valorizaçã o do papel das farmá cias e aproveitamento dos seus serviços, em articulaçã o
com as unidades do Serviço Nacional de Saú de.

Quais as condiçõ es para que possam ser prestados?

Os serviços farmacê uticos devem ser prestados:


- Nas condiçõ es legais e regulamentares e por profissionais legalmente habilitados;
- Em instalaçõ es adequadas e autonomizadas.
Os serviços farmacê uticos devem ser:

- Divulgados aos utentes, de forma visı́vel, nas instalaçõ es da farmá cia, relativamente à
sua natureza e ao respetivo preço (e, se existente, deve ser feita a divulgaçã o dos preços
no sı́tio da Internet);

- Registados, em suporte pró prio, com referê ncia ao tipo e à quantidade (esta informaçã o
deve ser disponibilizada ao INFARMED, IP., sempre que solicitado).

Qual o regime contra-ordenacional?

A execuçã o de serviços nã o permitidos, constitui uma contra-ordenaçã o muito grave,


punı́vel com coima entre 2.000€ e 20% do volume de negó cios do responsá vel ou
100.000€, consoante o que for inferior.

Sob alguns serviços em especial. Quais as exigê ncias?

• Serviço de nutrição e de podologia

O tribunal decidiu que os serviços de podologia e nutriçã o, e campanhas de rastreio sã o


enquadrá veis nos serviços de saú de e de bem estar que podem ser praticados nas
farmá cias, por serem:

- Serviços de educaçã o para a saú de, com utilizaçã o de meios complementares de


diagnó stico e terapê utica (MCDTs);

- Serviços informativos na medida em que esclarecem o utente.

• Administração de medicamentos injetáveis

UFCD 10145 formadora Ana Isabel 37 |


A administraçã o de medicamentos injetá veis, em que se inclui a administraçã o de vacinas
nã o incluı́das no Plano Nacional de Vacinaçã o, consta do elenco dos serviços
farmacê uticos que podem ser prestados pelas Farmá cias.

É obrigatório uma pessoa habilitada, da responsabilidade do farmacê utico diretor té cnico
da farmá cia de oficina e, deve ser executada por farmacê uticos com formaçã o adequada
reconhecida pela OF ou por enfermeiros, especı́fica e exclusivamente contratados para
esse efeito.

Instalaçõ es (recursos obrigatórios):


- Marquesa ou cadeira recliná vel;
- Armá rio ou outra estrutura adequada à arrumaçã o do material a utilizar no processo de
vacinaçã o;
- Superfı́cie de trabalho que permita a manipulaçã o para preparaçã o da vacina;
- Contentores para resı́duos adequados à recolha de material perfurante e cortante e à
recolha de material contaminado;
- Contentor com tampa e pedal para lixo comum;
- Desinfetante de mã os, desinfetante de superfı́cie, á lcool a 70o, compressas, luvas e
pensos rá pidos.

Suporte bá sico de vida (Recurso obrigatório):


- Para garantia do suporte bá sico de vida, a farmá cia deve, ainda, dispor dos meios
necessá rios ao tratamento urgente de uma reaçã o anafilá tica subsequente à
administraçã o de injetá vel ou vacina, nomeadamente:

1. Adrenalina 1:1000 (1mg/ml);


2. Oxigé nio com debitó metro a 15 l/min;
3. Ressuscitadores auto-insuflá veis com reservató rio de vá rios tamanhos e
respetivas má scaras faciais; ▪ Mini-nebulizador com má scara e tubo, de uso
ú nico;
4. Soro fisioló gico (administraçã o intra-venosa);
5. Salbutamol (soluçã o respirató ria);
6. Hidrocortisona e prednisolona (injectá veis);
7. Esfigmomanó metro normal;
8. Estetoscó pio.

Outras obrigaçõ es:

- EX obrigató rio o registo dos dados correspondentes a cada administraçã o de injetá vel ou
vacina, incluindo:

• Nome e data de nascimento do utente;


• Nome da vacina, lote e via de administraçã o;
• Identificaçã o profissional do farmacê utico que a administrou.

O registo é de acesso livre ao utente, que tem sempre possibilidade de alterar os seus
dados pessoais.

A farmá cia deve fornecer os dados anonimizados do registo de administraçã o de vacinas,


sempre que o INFARMED, I.P. careça dessa informaçã o para monitorizaçã o e fiscalizaçã o.

Existe um novo regime dos serviços na á rea da saú de?

UFCD 10145 formadora Ana Isabel 38 |


Em 2016, o RJF alterou a designaçã o “serviços farmacê uticos” para “serviços na á rea da
saú de” e em 9 de Abril de 2018, passam a ser considerados “serviços farmacê uticos, de
promoçã o da saú de e bem-estar dos utentes”:

- Consultas de nutriçã o;
- Programas de adesã o à terapê utica, de reconciliaçã o da terapê utica e de preparaçã o
individualizada de medicamentos, assim como programas de educaçã o sobre a utilizaçã o
de dispositivos mé dicos;
- Realizaçã o de testes rá pidos para o rastreio de infeçõ es por VIH, VHC e VHB (testes Point
of Care), incluindo o aconselhamento pré e pó s-teste e a orientaçã o para as instituiçõ es
hospitalares dos casos reativos;
- Serviços simples de enfermagem (tratamento de feridas e cuidados a doentes
ostomizados);
- Cuidados de nı́vel 1 na prevençã o e tratamento do pé diabé tico, de acordo com as
orientaçõ es estabelecidas pela Direçã o-Geral da Saú de;
- Promoçã o de campanhas e programas de literacia em saú de, prevençã o da doença e de
promoçã o de estilos de vida saudá veis.

O INFARMED, I. P., pode emitir orientaçõ es relativas à s condiçõ es da prestaçã o dos


serviços;
As farmá cias devem respeitar as condiçõ es legais e regulamentares da competê ncia de
outras entidades, designadamente, a Entidade Reguladora da Saú de (ERS);
As farmá cias podem, deste modo, prestar os serviços de acordo com um modelo que
potencie a rede de farmá cias no â mbito dos cuidados de saú de primá rios nas á reas de
prevençã o e terapê utica.

DISPENSA DE MEDICAMENTOS NO DOMICI)LIO


Quais as regras que a farmá cia deve respeitas no serviço de dispensa de medicamentos no
domicı́lio?

Pode ser realizada na sequê ncia de um pedido do utente (via telefone, sı́tio e correio
eletró nicos e telefax);

Deve ser realizada por profissionais da farmá cia, devidamente habilitados para a dispensa
de medicamentos, sob a supervisã o de um farmacê utico;

Está limitada ao municı́pio onde está instalada a farmá cia e aos municı́pios limı́trofes;

Nã o pode ser realizada por entidades terceiras (por exemplo, estafetas ou outras
empresas de entregas);

Deve respeita, no que diz respeito ao transporte, as regras de controlo e monitorizaçã o de


temperatura e do ambiente, previstas no Regulamento relativo à s Boas Prá ticas de
Distribuiçã o de Medicamentos para Uso Humano, aprovado pelo INFARMED, I.P., para a
atividade grossista.

Que outras obrigaçõ es se impõ em à s farmá cias na relaçã o com o INFARMED,


I.P.

UFCD 10145 formadora Ana Isabel 39 |


Sítio eletrónico:
- Se existir, pode ser partilhado pelas farmá cias detidas, geridas ou exploradas pela
mesma pessoa singular ou sociedade comercial, deve ser comunicado ao INFARMED e
deve apresentar as seguintes informaçõ es:

• Preço dos serviços prestados, relacionados com a dispensa e entrega de


medicamentos ao domicı́lio;
• Formas de pagamento aceites;
• AX rea geográ fica em que a farmá cia assegura a dispensa ao domicı́lio;
• Tempo prová vel para a entrega dos medicamentos solicitados;
• Nome do diretor té cnico da farmá cia.

- Comunicaçã o pré via do serviço de dispensa de medicamentos ao domicı́lio e/ou


utilizaçã o de pá gina eletró nica atravé s do Portal de Licenciamento +, em Pedidos
Especı́ficos.

Registo:
- (e disponibilizaçã o ao INFARMED, I.P., quando solicitado) dos pedidos de dispensa de
medicamentos, incluindo:

• Identificaçã o do medicamento;
• Quantidade dispensada;
• Municı́pio de entrega.

As regras de dispensa de medicamentos no domicı́lio aplicam-se a outro tipo de produtos?

Em 26 de abril de 2018, a Portaria n.o 111/2018 determinou que passariam a ser


aplicadas as regras de dispensa de medicamentos no domicı́lio à s tecnologias de saú de
comparticipadas, como por exemplo, dispositivos mé dicos para apoio a doentes
ostomizados e com incontinê ncia ou retençã o uriná ria.

A• semelhança dos medicamentos, a dispensa destes dispositivos no domicı́lio do utente:


- Pode ser realizada na sequê ncia de um pedido do utente (via telefone, sı́tio e correio
eletró nicos e telefax);

- Deve ser realizada por profissionais da farmá cia, devidamente habilitados para a
dispensa de medicamentos, sob a supervisã o de um farmacê utico;

- Está limitada ao municı́pio onde está instalada e aos municı́pios limı́trofes;

- Nã o pode ser realizada por entidades terceiras (exemplo, estafetas ou outras empresas
de entregas);

- Deve respeitar, no que diz respeito ao transporte, as regras de controlo e monitorizaçã o


de temperatura e do ambiente, previstas no Regulamento relativo à s Boas Prá ticas de
distribuiçã o de medicamentos para uso humano, aprovado pelo INFARMED, IP., para a
atividade grossista, quando aplicá vel.

UFCD 10145 formadora Ana Isabel 40 |


5. E) TICA E DEONTOLOGIA FARMACE< UTICA

E& tica

Deriva do grego ethos (cará ter, modo de ser de uma pessoa)


Representa um conjunto de valores morais e princı́pios que orientam a conduta humana
na sociedade;
Importante para a manutençã o do equilı́brio e bom funcionamento social;
Embora nã o possa ser confundida com as leis jurı́dicas, está relacionada com o
sentimento de justiça social.

Bioé tica

Deriva do grego bios (vida) + ethos (cará ter, é tica)


Estudo transdisciplinar entre Ciê ncias Bioló gicas, Ciê ncias da Saú de, Filosofia e Direito
que investiga as condiçõ es necessá rias para uma administraçã o responsá vel da Vida
Humana, animal e ambiental;
Estudo sistemá tico da conduta humana no â mbito das ciê ncias da vida e dos cuidados de
saú de, examinadoà luz dos valores e princı́pios morais.

Deontologia

Deriva do grego deon (dever) + logos (ciê ncia)


Conjunto de regras e de deveres que regem uma profissã o, a conduta daqueles que a
exercem, as relaçõ es entre estes e o seu pú blico;
Deontologia = tratado da ciê ncia do dever.

Deontologia e Bioé tica

Confusã o entre estes dois termos nas profissõ es ligadas à saú de.
Bioé tica (1971, Prof. Van Rennsselaer Potter, Universidade de Wisconsin).
“Estudo sistemá tico da conduta humana no â mbito das ciê ncias da vida e dos cuidados de
saú de examinada à luz dos valores e princı́pios morais”.
“Estudo sistemá tico dos diversos problemas de cará cter é tico que surgem, geralmente, na
prá tica sanitá ria, sempre que se encontram relacionados com a vida humana ou a saú de”.

Deontologia Farmacê utica

A Deontologia Farmacê utica é o conjunto de princı́pios e normas de natureza é tica que,


com cará ter de permanê ncia e a necessá ria adequaçã o histó rica e cientı́fica, o
Farmacê utico deve observar no exercı́cio da sua atividade profissional.
Có digo deontoló gico: representa a concretizaçã o dos deveres, obrigaçõ es e normas é ticas
que regem uma profissã o.

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Deontologia como base do exercı́cio profissional farmacê utico

• Independê ncia do ato profissional


• Responsabilidade pessoal da atividade profissional
• Sigilo profissional

Independência do ato profissional

- Uma das principais caracterı́sticas, tradicionalmente destacadas, da profissã o liberal é a


independê ncia econó mica.

- O transcendente e irrenunciá vel das profissõ es liberais é a independê ncia real e


essencial do ato farmacê utico.

Responsabilidade pessoal da atividade profissional

- A independê ncia total do ato profissional, implica, necessariamente, a responsabilidade


total e personalizada do profissional que exerce o ato.

- Este binó mio é um valor irrenunciá vel, ainda mais numa sociedade em que as
responsabilidades tendem a diluir-se.

- A responsabilidade do ato profissional inclui as vertentes da responsabilidade civil,


penal, disciplinar e deontoló gica.

Sigilo profissional

- O sigilo profissional é uma das garantias mais seguras que o utente espera do
profissional.

- Esta garantia adquire hoje um valor maior do que no passado por causa do caracter
impessoal e cada vez mais administrativo dos contactos sociais.

Ordem Profissional

O que é uma Ordem?


- As associaçõ es pú blicas profissionais, que podem denominar-se “ordem” no caso das
profissã o cujo exercı́cio é condicionada à obtençã o pré via de uma “licenciatura”,
encontram-se reguladas pela Lei 6/2008 de 13 de fevereiro, onde se estabelecem as suas
atribuiçõ es essenciais.
- Ordem dos Farmacê uticos, Mé dicos, Mé dicos Dentistas, Mé dicos Veteriná rios, Bió logos,
Enfermeiros, Arquitetos, Nutricionistas.

- A Ordem dos Farmacê uticos foi formalmente criada pelo Decreto-Lei n.o 334/72, de 23
de agosto, que aprovou o seu Estatuto, sucedendo, nos direitos e nas obrigaçõ es
patrimoniais, ao Sindicato Nacional dos Farmacê uticos extinto por este diploma legal.

O objetivo da ordem profissional é:

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- A defesa dos interesses gerais dos utentes;
- A representaçã o e a defesa dos interesses gerais da profissã o; A regulaçã o do acesso e do
exercı́cio da profissã o;
- Conferir, quando existam, tı́tulos de especializaçã o profissional;
- A elaboraçã o e a atualizaçã o do registo profissional;
- O exercı́cio do poder disciplinar sobre os seus membros.

Có digos Deontoló gicos

O Có digo Deontoló gico tem sido adaptado à s variaçõ es que, progressivamente, se
verificaram na relaçã o farmacê utico-doente.

A maior alteraçã o que se verificou na profissã o farmacê utica, foi o desenvolvimento do


novo modelo de “atençã o” farmacê utica na relaçã o profissional-doente.

Estas alteraçõ es sã o consequê ncia do “princı́pio” de autonomia do doente e da


correspondente diminuiçã o de “paternalismo” sanitá rio.

Có digo Deontoló gico da Ordem dos Farmacê uticos

O Có digo Deontoló gico Farmacê utico, enquanto instrumento legal, trata-se de uma
obrigaçã o e nã o apenas de uma questã o é tica (está na lei!).

Artigo 5.o - Dos Farmacêuticos

- O Farmacê utico é um profissional de saú de com competê ncias para executar todas as
tarefas que respeitam ao medicamento e outras tecnologias de saú de, à s aná lises clı́nicas
e de gené tica humana ou aná lises de outra natureza e de idê ntico modo suscetı́veis de
contribuir para a salvaguarda da saú de pú blica e do equilı́brio ecoló gico, bem como todas

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as açõ es de educaçã o dirigidas à comunidade no â mbito da promoçã o da saú de e
prevençã o da doença.
- O Farmacê utico exerce a sua profissã o pautando-se pelos valores da disponibilidade,
atençã o, dignidade para consigo e com os outros, cuidado, altruı́smo, empatia, compaixã o,
tolerâ ncia, prudê ncia e esperança, seja qual for o seu setor de atividade, nomeadamente
garantindo a cada pessoa em contexto de saú de o cuidado humano e tecnicamente
adequado à sua situaçã o concreta, com base na melhor evidê ncia cientı́fica disponı́vel.
- No exercı́cio da sua profissã o, o Farmacê utico deve ter sempre presente o elevado grau
de responsabilidade que nela se encerra, bem como os deveres é ticos de a exercer com a
maior honestidade, integridade, diligê ncia, rigor cientı́fico, zelo e competê ncia e de
contribuir para a concretizaçã o dos objetivos da polı́tica de saú de.

Artigo 6.o - Dignidade profissional

- O Farmacê utico deve em todas as circunstâ ncias, mesmo fora do exercı́cio da sua
atividade profissional, proceder de modo a prestigiar o bom nome e a dignidade da
profissã o farmacê utica, sem prejuı́zo dos seus direitos de cidadania e liberdade
individual.

Artigo 7.o - Autonomia técnica e científica

- O Farmacê utico, enquanto prestador de serviços e cuidados de saú de, exerce uma
profissã o livre.
- O Farmacê utico, quer como profissional liberal, quer como trabalhador por conta de
outrem, exerce as suas funçõ es com inteira autonomia deontoló gica, cientı́fica e té cnica.
- O Farmacê utico deve recusar e denunciar à Ordem dos Farmacê uticos interferê ncias no
exercı́cio da sua atividade profissional sempre que sejam postos em causa aspetos
deontoló gicos ou té cnico-cientı́ficos desta, sejam quais forem as suas funçõ es e
dependê ncia hierá rquica ou o local em que aquela é exercida.

Artigo 9.o - Respeito por qualificações e competências

- Enquanto profissionais, os farmacê uticos sã o iguais entre si e sã o titulares dos mesmos
direitos e deveres.
- A reputaçã o do Farmacê utico deve assentar, sobretudo, na sua competê ncia, integridade
e dignidade profissional.
- O reconhecimento da competê ncia do Farmacê utico assenta no seu saber e experiê ncia
profissional, devendo acompanhar os progressos e a evidê ncia cientı́fica no plano das
Ciê ncias Farmacê uticas.
- O Farmacê utico, ao prestar cuidados à pessoa em contexto de saú de, nã o deve
ultrapassar os limites das suas qualificaçõ es e competê ncias, devendo as especialidades,
competê ncias e formaçõ es reconhecidas pela Ordem ser tidas em consideraçã o para o
efeito.
- Quando lhe pareça adequado, deve pedir a colaboraçã o de outro Farmacê utico ou
indicar à pessoa em contexto de saú de um colega que considere mais qualificado.
- Quando delegar competê ncias noutros profissionais de saú de farmacê uticos ou nã o
farmacê uticos devidamente habilitados, é dever do Farmacê utico nã o ultrapassar nesta
delegaçã o as competê ncias destes profissionais, sendo també m responsá vel pelos atos
delegados nos termos da alı́nea o) do artigo 11.o.
- Exceto em situaçõ es de emergê ncia em que nã o possa recorrer em tempo ú til a um
colega que considere mais qualificado, o Farmacê utico nã o pode, em caso algum, praticar

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atos farmacê uticos para os quais reconheça nã o ser capaz ou nã o possuir competê ncia
té cnica.

Artigo 15.o - Sigilo profissional

- O sigilo farmacê utico profissional pressupõ e e permite uma base de verdade e de mú tua
confiança e é condiçã o essencial no relacionamento farmacê utico-pessoa em contexto de
saú de, tendo em vista a proteçã o de dados pessoais e a reserva da intimidade da vida
privada.
- O Farmacê utico é obrigado ao sigilo profissional relativo a todos os factos de que tenha
conhecimento no exercı́cio da sua profissã o ou por causa dela, com exceçã o das situaçõ es
previstas na lei.
- O dever de sigilo quanto aos factos referidos no n.o 2 é extensı́vel a todos os
colaboradores sob a responsabilidade do Farmacê utico, no exercı́cio da sua atividade
profissional, devendo este exigir-lhes o seu cumprimento e subsiste apó s a cessaçã o da
atividade profissional ou alteraçã o do domicı́lio profissional.

Estatuto da Ordem dos Farmacê uticos

Artigo 5.o - Exercício da profissão

- O uso do tı́tulo de farmacê utico e o exercı́cio da profissã o farmacê utica ou a prá tica de
atos pró prios desta profissã o dependem de inscriçã o na Ordem como membro efetivo.
- Para efeitos do nú mero anterior, considera-se exercı́cio da profissã o, ou a prá tica de atos
pró prios desta profissã o, o desempenho profissional, no setor pú blico, no setor privado
ou no setor social, de atividades que caibam na competê ncia profissional definida no
presente Estatuto.
- Só podem usar o tı́tulo de farmacê utico especialista os membros inscritos no quadro dos
especialistas organizados pela Ordem.

Artigo 74.o - Do ato farmacêutico

- O ato farmacê utico é da exclusiva competê ncia e responsabilidade dos farmacê uticos.
- O disposto no nú mero anterior nã o se aplica ao medicamento de uso veteriná rio.

Artigo 75.o – Conteúdo

- Integram o conteú do de ato farmacê utico as seguintes atividades:


1. Desenvolvimento e preparaçã o das formas farmacê uticas dos medicamentos;
2. Registo, fabrico e controlo dos medicamentos de uso humano e veteriná rio e dos
dispositivos mé dicos;
3. Controlo de qualidade dos medicamentos e dos dispositivos mé dicos em
laborató rio de controlo de qualidade de medicamentos e dispositivos mé dicos;
4. Armazenamento, conservaçã o e distribuiçã o por grosso dos medicamentos de uso
humano e veteriná rio, dos dispositivos mé dicos;
5. Preparaçã o, controlo, seleçã o, aquisiçã o, armazenamento e dispensa dos
medicamentos de uso humano e veteriná rio e de dispositivos mé dicos em
farmá cias abertas ao pú blico, serviços farmacê uticos hospitalares e serviços
farmacê uticos privativos de quaisquer outras entidades pú blicas e privadas, sem
prejuı́zo do regime de distribuiçã o ao pú blico de medicamentos nã o sujeitos a
receita mé dica fora das farmá cias, nos termos da legislaçã o respetiva;
6. Preparaçã o de soluçõ es anti -sé ticas, de desinfetantes e de misturas intravenosas;

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7. Interpretaçã o e avaliaçã o das prescriçõ es mé dicas;
8. Informaçã o e consulta sobre medicamentos de uso humano e veteriná rio,
dispositivos mé dicos, sujeitos e nã o sujeitos a prescriçã o mé dica, junto de
profissionais de saú de e de doentes, de modo a promover a sua correta utilizaçã o;
9. Acompanhamento, vigilâ ncia e controlo da distribuiçã o, dispensa e utilizaçã o de
medicamentos de uso humano e veteriná rio, de dispositivos mé dicos;
10. Monitorizaçã o de fá rmacos, incluindo a determinaçã o de parâ metros
farmacociné ticos e o estabelecimento de esquemas posoló gicos individualizados;
11. Colheita de produtos bioló gicos, execuçã o e interpretaçã o de aná lises clı́nicas e
determinaçã o de nı́veis sé ricos;
12. Execuçã o, interpretaçã o e validaçã o de aná lises toxicoló gicas, hidroló gicas, e
bromatoló gicas;
13. Todos os atos ou funçõ es diretamente ligados à s atividades descritas nas alı́neas
anteriores.

Artigo 76.o - Atos de natureza análoga

- Podem ainda ser considerados atos farmacê uticos quaisquer outros que, pela sua
natureza, requeiram especializaçã o em qualquer das á reas de intervençã o farmacê utica,
enquanto atividades afins ou complementares.

Deontologia Profissional

- Os profissionais de farmá cia devem exercer a sua profissã o de acordo com princı́pio,
respeitando os valores é ticos e morais, cuja transgressã o poderá resultar em sansõ es
disciplinares;

- Deverá atuar sempre respeitando a vida, o meio ambiente e a liberdade de consciê ncia,
alé m de manter atualizados os seus conhecimentos té cnicos e cientı́ficos para aprimorar,
de forma contı́nua, o desempenho da sua atividade profissional.

- O farmacê utico responde pelos seus atos, tanto individualmente, quanto pelos atos de
terceiros que autorizar ou delegar!

Princı́pios é ticos no exercı́cio da atividade na á rea farmacê utica

- Há deveres que tê m que ser cumpridos e ainda proibiçõ es que nunca poderã o ser
ignoradas, mas é fundamental que tenhamos sempre presente que també m há direitos a
serem reclamados, quer perante a entidade patronal, quer perante o utente.

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5. DIREITOS E DEVERES DO UTENTE

Decreto-Lei n.o 44/2017

- Os direitos e deveres dos utentes no Serviço Nacional de Saú de (SNS) estã o consagrados
na Lei n.o 15/2014, de 21 de março, alterada pelo Decreto-Lei n.o 44/2017, de 20 de abril,
e na Portaria 153/2017, de 4 de maio.

Direitos do utente

- Direito de escolha dos serviços de saú de;


- Direito a optar por um medicamento gené rico em prol do de marca ou vice-versa;
- Direito a escolher o laborató rio do medicamento gené rico em causa;
- Direito a consentimento ou recusa de cuidados de saú de;
- Direito a receber uma prestaçã o dos cuidados de saú de adequada;
- Direito no acesso aos cuidados de saú de - nomeadamente na participaçã o, na construçã o
e execuçã o do seu plano de cuidados;

Direito de escolha

- O utente dos serviços de saú de tem direito de escolha dos serviços e prestadores de
cuidados de saú de, na medida dos recursos existentes.
- O direito à proteçã o da saú de é exercido tomando em consideraçã o as regras de
organizaçã o dos serviços de saú de.

Consentimento ou recusa

- O consentimento ou a recusa da prestaçã o dos cuidados de saú de devem ser declarados


de forma livre e esclarecida, salvo disposiçã o especial da lei.
- O utente dos serviços de saú de pode, em qualquer momento da prestaçã o dos cuidados
de saú de, revogar o consentimento.

Sigilo

- O utente dos serviços de saú de tem direito ao sigilo sobre os seus dados pessoais.
- Os profissionais de saú de estã o obrigados ao dever de sigilo relativamente aos factos de
que tenham conhecimento no exercı́cio das suas funçõ es, salvo lei que disponha em
contrá rio ou decisã o judicial que imponha a sua revelaçã o.

Direito à informaçã o

- O utente dos serviços de saú de tem o direito a ser informado pelo prestador dos
cuidados de saú de sobre a sua situaçã o, as alternativas possı́veis de tratamento e a
evoluçã o prová vel do seu estado.
- A informaçã o deve ser transmitida de forma acessı́vel, objetiva, completa e inteligı́vel.

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Outros direitos do utente

- Direito à assistê ncia espiritual e religiosa independentemente da religiã o que professe;


- Direito a apresentar queixas e reclamaçõ es nos estabelecimentos de saú de, nos termos
da lei, bem como, a ser indemnizado pelos prejuı́zos sofridos. As reclamaçõ es e queixas
podem ser apresentadas no livro de reclamaçõ es, no formulá rio online disponibilizado
pela Entidade Reguladora da Saú de ou por carta, fax e e-mail, sendo obrigató ria a sua
resposta, nos termos da lei;
- Direito de associaçã o: o utente tem direito a constituir entidades que o representem e
que defendam os seus interesses, nomeadamente sob a forma de associaçõ es para a
promoçã o e defesa da saú de;

Direitos do utente

- Direito dos menores e incapazes: os representantes legais de menores e/ou incapazes


podem exercer os direitos que lhes cabem, designadamente o de recusarem assistê ncia,
com observâ ncia dos princı́pios constitucionais;
- Direito ao acompanhamento nos serviços de urgê ncia do SNS: quando se trata de
grá vida internada, durante todas as fases do trabalho de parto; quando se trata de
crianças internadas; de pessoas com deficiê ncia; pessoas em situaçã o de dependê ncia e
pessoas com doença incurá vel em estado avançado e em estado terminal;
- Direito a permanecer em silê ncio.

Deveres do utente

- Respeitar os direitos de outros utentes;


- Respeitar os direitos dos profissionais de saú de com os quais se relacione;
- Respeitar as regras de organizaçã o e funcionamento dos serviços e estabelecimentos de
saú de;
- Colaborar com os profissionais de saú de em todos os aspetos relativos à sua situaçã o;
- Pagar os encargos que derivem da prestaçã o dos cuidados de saú de, quando for caso
disso;
- Permanecer em silê ncio.

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BIBLIOGRAFIA
Guerra F. Carvalho; Breve notı́cia histó rica sobre as farmacopeias portuguesas até ao
sé culo XIX.

Comissã o da Farmacopeia Portuguesa; Farmacopeia portuguesa VII. ISBN: 972-8425-37-


6.

Decreto Lei n.o 307/2007 de 31 de Agosto republicado pelo Decreto Lei n.o 75/2016 de 8
de Novembro (Regime Jurı́dico das Farmá cias).

Portaria n.o 1427/2007 de 31 de Novembro e Portaria n.o 111/2018 de 26 de Abril


(Dispensa de medicamentos e tecnologias de saú de comparticipadas, no domicı́lio).

Deliberaçã o n.o 047/2015 do INFARMED, IP (Regulamento de boas prá ticas de


distribuiçã o de medicamentos para uso humano).

Circular n.o 0470/2016 de 22 de Fevereiro de 2016 (Registo para dispensa de


medicamentos ao domicı́lio das Farmá cias do continente e das Ilhas).

Minuta de procedimento de dispensa de medicamentos no domicı́lio (Portal de


Licenciamento +).

Circular n.o 0520/2018, de 2 de Maio de 2018 (Clarificaçã o das regras do procedimento


de comparticipaçã o no preço dos dispositivos mé dicos.

Estatuto da Ordem dos Farmacê uticos.

Contrato Coletivo de Trabalho celebrado entre a ANF e o SINPROFARM publicado no


Boletim do Trabalho e Emprego, n.o 21 de 8 de Junho de 2010.

Decreto Lei n.o 564/99 de 21 de Dezembro (Estatuto Legal da Carreira de Té cnico de
Diagnó stico e Terapê utica).

Deliberaçã o n.o 396/2017 de 17 de Maio do INFARMED, IP e Circular n.o 0677/2017 de


30 de Maio de 2017 que clarifica a Circular n.o 0634/2017.

Circular n.o 0677/2017 de 30 de Maio (Té cnico Auxiliar de Farmá cia TAF Regulamento de
Acesso à Profissã o).

Decreto Lei n.o 66/2011, de 1 de Junho (Regime de Está gios).

Circular n.o 2288/2015 de 16 de Outubro e Circular n.o 04557/2017 de 05 de Abril


(Sistemas de Videovigilâ ncia e Dispositivos de Segurança e Proteçã o nas Farmá cias).

Decreto Lei n.o 307/2007 de 31 de Agosto republicado pelo Decreto Lei n.o 75/2016 de 8
de Novembro (Regime Jurı́dico das Farmá cias).

Portaria n.o 1429/2007 de 8 de Novembro e Portaria no 97 2018 de 9 de Abril (Serviços


Farmacê uticos prestados pelas farmá cias).

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Circular 904/2015 de 28 de Abril (Serviços Farmacê uticos).

Circular Informativa n.o 172/2010 atualizada pela Circular Informativa n.o 178/2010.

Circular Normativa Conjunta DGS/ACSS/INFARMED/INSA/SPMS de 30 de Abril de 2018


(Realizaçã o de testes rá pidos de rastreio de infeçõ es por VIH, VHC e VHB, nas farmá cias
comunitá rias).

Decreto Lei n.o 67/2003 de 8 de Abril (alterado e republicado pelo Decreto Lei n.o
84/2008 de 21 de Maio (Venda de bens de consumo e garantias a ela relativas).

Deliberaçã o n.o 047/2015 do INFARMED, IP ..(Regulamento de boas prá ticas de


distribuiçã o de medicamentos para uso humano).

Decreto Lei n.o 24/2014 de 14 de Fevereiro (Direitos dos consumidores).

Circular n.o 0077/2018 de 15 de Janeiro (Obrigaçõ es de Natureza Laboral) e respetivos


anexos.

Decreto Lei n.o 15/2014, de 21 de março (Direitos e deveres dos utentes).

Outras referê ncias mencionadas ao longo da apresentaçã o.

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