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Sem casamento, que enfadamento dinheiro com os casamentos que arranjam, tal como

Lianor Vaz.
Monólogo inicial: Inês sente-se prisioneira, está
cansada de tanto trabalhar, sente que a sua vida é vazia Casamento celebrado, casamento malogrado?
e queixa-se de que nunca se diverte.
O escudeiro goza com Inês, como ela fez com Pêro
Inês crê que a solução é sair de casa da mãe (liberdade)
Marques, por ela não ter pretendentes, ser
através do casamento (emancipação).
desinteressante e feia. (511-514)
Inês – preguiçosa, insatisfeita, sonhadora, precipitada,
Num 1º momento, o escudeiro usa um tom sarcástico
teimosa, …
para gozar com ela. Mais para o meio, recorre a um tom
Mãe diz para Inês dar tempo ao tempo (mãe tem
de elogio, uma vez que pretende conquistá-la. (556/7)
alguma autoridade sobre a filha, que não se sente livre
Escudeiro elogia-se a si próprio e manda o moço calar,
de tomar decisões).
para que este não se desboque (522-528). Por sua vez,
Lianor Vaz aparece e, pelo que conta, havia sido
a mãe diz a Inês para se mostrar uma jovem com nível,
assediada por um clérigo que a quis seduzir. Fica difícil
uma senhora. Assim, tanto a mãe como o escudeiro
acreditar na mesma, uma vez que não apresentava
dão instruções.
nenhuma marca. Além disso, Lianor fica lisonjeada e a
O escudeiro pretende demonstrar um estatuto social
sua desculpa para não ter gritado foi estar rouca.
que não tem (538-541). Os apartes do moço servem
Pretendente apresentado e logo rejeitado para revelar o verdadeiro carácter do escudeiro, um
carácter falso (ele vive na miséria e alheio à realidade).
A alcoviteira Lianor Vaz quer saber se Inês está
Após o casamento, o escudeiro sente-se em cativeiro
comprometida, pois encontrou um pretendente para a
(733) e arrepende-se (730), e Inês mostra-se indignada
jovem – representa o quotidiano (combinação de
(731), estranha a atitude dele.
casamento).
Dança e canções – animar o público.
Lianor Vaz traz uma carta para Inês de Pêro Marques
que: tem como objetivo apresentá-lo e referir a Que casamento e que tormento!
intenção de casamento. Ao lê-la, Inês demonstra uma
Cantiga do início – mostra que há uma dor provocada
atitude de gozo e conclui que ele é rude. Não era
pelo marido “penoso”.
correspondente com o seu ideal de marido: discreto,
Inês é quase proibida de cantar (781-786); deve calar-
culto, com estatuto social, educado, que fala bem, …
se a tudo o que ele lhe diz, sem responder (793-795);
ainda que pobre e feio.
proibida de falar com quem quer que seja (799-804);
Mãe e Lianor partilham da mesma opinião: Pêro
proibida de sair de casa ou ir à janela (808/9). Inês foca
Marques tem qualidades e atributos necessários para
indignada e surpreendida, não compreende estas
casar.
proibições.
Pêro Marques aparenta ser tonto, rude, com carácter
Brás de Mata representa a baixa nobreza que vive de
rústico, campónio, apesar de bem formado
aparências e a exploração que praticam (não recebem
moralmente e abastado.
a remuneração devida).
Cómico de situação – não entrega as peras.
Através da cantiga, é possível perceber que Inês se
Inês rejeita-o, não é o tipo de homem que pretende.
responsabiliza pela situação em que se encontra e é
Aparece um escudeiro e é solteiro obrigada a aceitá-la. Reconhece que fez uma má
escolha em casar com o Escudeiro. Quando teve um
Inês desiludida com Pêro Marques, reforça a sua ideia
bem, rejeitou-o (Pêro Marques).
do tipo de marido ideal. A mãe volta a aconselhá-la.
Inês esteve fechada durante tanto tempo que perdeu a
Judeus casamenteiros, que depois de uma grande
noção do tempo. Vive a passagem do tempo mais lenta
busca (hipérbole, exageram), afirmam ter encontrado o
que o normal. (903/4).
marido ideal para Inês.
Inês fica a saber que o escudeiro morreu através da
Inês e a mãe não partilham a mesma visão do
carta do irmão. Finge se mostrar triste quando, na
casamento. Mãe valoriza o dinheiro e Inês o ascender
verdade, se sente livre.
socialmente e a diversão. Mãe recorre à ironia para
Inês verifica que o casamento com o Escudeiro não
alertar a filha que não está a ser sensata na sua visão.
correspondia ao que idealizou, vida de clausura e
Judeus – trapalhões, muito faladores, demonstram
submissão, privando-a da liberdade. Leva-a a concluir
alguma falta de educação. Discurso repetitivo,
que o marido ideal para si seria alguém que ela pudesse
linguagem popular e termos grosseiros. Ganham
manipular.
Bem casar para livre estar!

Pêro Marques traz-lhe aquilo que ela foi privada, a


liberdade, juntamente com um conforto financeiro.
Inês percebeu que o casamento tem de ser encarado
de uma forma mais séria e ponderada (962/3).
Desiludiu-se no primeiro casamento, o suposto sonho,
com falta de liberdade. O segundo casamento foi por
interesse, liberdade e dinheiro.
Ermitão, amante de Inês, foi para membro da igreja por
desilusão amorosa e não por vocação (1013).
Inês aproveita a ingenuidade de Pêro Marques, traindo-
o com o Ermitão. Pêro Marques é manipulável, ao
ponto de que Inês foi às cavalitas de Pêro Marques para
um encontro com o Ermitão.
O provérbio “mais vale um asno que me leve, que um
cavalo que me derrube” representa que, no início, Inês
desejava casar com um homem discreto, avisado,
acabando por casar com o escudeiro (cavalo), que a
maltratava. Mais tarde, acaba por casar com Pêro
Marques que se sujeita às suas vontades,
representando, assim, o burro de carga (trabalho rural
e intelectualmente). No final, Pêro Marques leva,
literalmente, Inês às costas, como um verdadeiro burro,
para uma situação de adultério.
Está presente o cómico de carácter (ingenuidade de
Pêro Marques), de situação (Pêro Marques levar às
cavalitas Inês) e, ainda, o de linguagem (utilização de
termos relacionados com o adultério).

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