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Caderno de Direito Administrativo II - Barbara
Caderno de Direito Administrativo II - Barbara
APRESENTAÇÃO E PLANO DE 01
CURSO .....................................................
PROCESSO ADMINISTRATIVO .................................................................. 01
1 LEITURA COMPLEMENTAR INTRODUTÓRIA ........................................ 01
2 CONCEITO E OBJETIVOS DO PROCESSO 02
ADMINISTRATIVO ..............
3 PROCESSO E 03
PROCEDIMENTO ...................................................................
4 OBJETIVO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO ........................................ 03
5 MODALIDADES DE PROCESSO ADMINISTRATIVO .............................. 04
6 SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO 04
ADMINISTRATIVO .........................
7 PRINCÍPIOS DO PROCESSO 04
ADMINISTRATIVO ......................................
8 PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL ................................................ 07
9 RITO DO PROCESSO 07
ADMINISTRATIVO ..................................................
10 DIFERENÇAS ENTRE O PROCESSO ADMINISTRATIVO E O 09
PROCESSO CIVIL .............................................................................................
LICITAÇÃO ...................................................................................................... 09
1 FUNDAMENTOS DA LICITAÇÃO ............................................................... 09
2 OBJETIVOS DA LICITAÇÃO ........................................................................ 10
3 LICITAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO ................................................................ 10
4 CONCEITO DE 10
LICITAÇÃO ..........................................................................
5 NATUREZA JURÍDICA DA 11
LICITAÇÃO .....................................................
6 COMPETÊNCIA LEGISLATIVA ................................................................... 12
7 ABRANGÊNCIA DA LEI 12
8666/96 ..................................................................
8 OUTRAS LEIS SOBRE LICITAÇÃO ............................................................. 12
9 PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DA 13
LICITAÇÃO .........................................
10 OBRIGATORIEDADE DE LICITAR ........................................................... 15
11 DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DE 16
LICITAÇÃO ...................................
13 MODALIDADES DE 18
LICITAÇÃO ...............................................................
14 FASES DA LICITAÇÃO ............................................................................... 23
15 INVALIDAÇÃO E REVOGAÇÃO ............................................................... 27
16 RECURSOS .................................................................................................... 27
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS ............................................................ 28
1 CONCEITO ...................................................................................................... 28
2 ESPÉCIES ........................................................................................................ 28
3 CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS 28
ADMINISTRATIVOS ...............
4 DURAÇÃO E PRORROGAÇÃO DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 32
..............................................................................................................................
.
5 ESPÉCIES DE CONTRATOS 33
ADMINISTRATIVOS .....................................
6 EXTINÇÃO DO 36
CONTRATO ..........................................................................
BENS PÚBLICOS .............................................................................................. 37
1 DOMÍNIO EMINENTE E DOMÍNIO 37
PATRIMONIAL ..................................
2 CONCEITO DE BENS 37
PÚBLICOS ..................................................................
3 CLASSIFICAÇÃO DOS BENS 38
PÚBLICOS ....................................................
4 REGIME JURÍDICO APLICÁVEL AOS BENS 38
PÚBLICOS ..........................
5 AFETAÇÃO E 39
DESAFETAÇÃO .....................................................................
AGENTES PÚBLICOS ..................................................................................... 40
1 DEFINIÇÃO ..................................................................................................... 40
2 CATEGORIAS DE AGENTES 40
PÚBLICOS.....................................................
3 CARGO, EMPREGO E 40
FUNÇÃO ....................................................................
4 REGIME CONSTITUCIONAL DOS 41
SERVIDORES ......................................
5 ACESSO A CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES 41
PÚBLICAS ......................
6 REMUNERAÇÃO ............................................................................................ 42
7 ACÚMULO DE 42
CARGOS ................................................................................
8 43
EFETIVIDADE .................................................................................................
9 ESTABILIDADE .............................................................................................. 43
10 VITALICIEDADE .......................................................................................... 44
11 EXERCÍCIO DE MANDATO 44
ELETIVO .......................................................
12 44
PROVIMENTO ...............................................................................................
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO 45
ESTADO .................
1 DEFINIÇÃO E 45
TEORIAS .................................................................................
2 RESPONSABILIDADE CONTRATUAL NO ÂMBITO DO DIREITO 47
BRASILEIRO ......................................................................................................
3 RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR 48
OMISSÃO .................................
4 RESPONSABILIDADE DO ESTADO EM DECORRÊNCIA DE LEIS E 48
REGULAMENTOS .............................................................................................
5 RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ATOS 48
JURISDICIONAIS .........
1
CONTEÚDO DO SEMESTRE:
Processo administrativo
Licitação e contrato administrativo
Bens públicos
Intervenção do Estado na propriedade privada
Agentes públicos
Responsabilidade extracontratual do Estado
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:
Edmir Netto de Araújo
Maria Sylvia
Carvalho Filho
Celso Antonio Bandeira de Mello
Odete Medauar
Marçal Justen Filho
Hely Lopes Meirelles
AVALIAÇÕES:
Primeiro bimestres: prova escrita 7pts + julgamento simulado de licitação 3pts
(25/08 e 01/09)
Segundo bimestre: prova escrita 7pts (cumulativa) + pesquisa e debate sobre
modalidades de intervenção do Estado na propriedade e sobre terreno de
marinha 3pts (em conjunto com a prof. Renata)
PROCESSO ADMINISTRATIVO
Pontos importantes:
Processo em sentido amplo abrange os instrumentos a disposição dos três
Poderes do Estado para a consecução de seus fins: processo legislativo, processo
administrativo e processo judicial. Cada qual está sujeito a observância de
princípios específicos.
Classificação dos processos estatais: o processo legislativo, que elabora a lei, e
os processos administrativo e judicial, que aplicam a lei.
2
Diferença entre o processo administrativo e o judicial: o judicial inicia mediante
provocação da parte, é oneroso, a decisão proferida nele faz coisa julgada e vige
o princípio da sucumbência; o administrativo inicia mediante provocação do
interessado, é gratuito, porque a Administração atuará sempre no interesse da
própria Administração, então resolve conflitos próprios. Por fim, no
administrativo não vige a sucumbência e suas decisões não fazem coisa julgada,
porque ninguém pode ser juiz e parte ao mesmo tempo e ninguém pode ser juiz
em causa própria.
A expressão processo administrativo é empregada em sentidos diversos: como
um conjunto de papeis e documentos organizados em pasta e referentes a um
assunto; como sinônimo de processo disciplinar, pelo qual se apuram as
infrações administrativas e se punem os infratores, podendo gerar a perda do
cargo de servidor público estável (art. 41, §1º, CF); como conjunto de atos
coordenados para a solução de uma controvérsia no âmbito administrativo; como
série de atos preparatórios de uma decisão final da Administração.
Processo é a documentação de tudo que a Administração faz, é instrumento
indispensável para o exercício da função administrativa. Procedimento é a
sucessão de atos preparatórios que devem preceder o ato final, é rito, forma de
proceder. A inobservância do procedimento conduz à ilegalidade do ato.
O processo administrativo passa por quatro fases: instauração, instrução, defesa
e decisão.
A Lei nº 9.784/99 regula o processo administrativo federal.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro define o processo estatal como uma série de atos
coordenados para a satisfação dos fins estatais. Por outro lado, Carvalho Filho define o
processo como a relação jurídica integrada por algumas pessoas que nela exercem
atividades buscando um determinado fim.
3 PROCESSO E PROCEDIMENTO
Para Maria Sylvia, processo e procedimento são coisas distintas. Processo é a sequência
coordenada de atos, enquanto o procedimento é o conjunto de finalidades, o rito a ser
observado.
Nem sempre a lei estabelece o procedimento e, neste caso, o rito é de livre escolha da
Administração. Por isso, nem todo processo requer um procedimento.
Para Carvalho Filho, todo processo requer um procedimento. Ele define processo e
procedimento como figuras interconectadas. Processo é a relação jurídica e
procedimento é a tramitação dos atos, logo, todo processo precisa de um procedimento.
Todo processo administrativo tem como objetivo genérico último a prática de um ato
administrativo final.
Objeto de mera tramitação: essa classificação tem caráter residual, por isso, a
maioria dos processos administrativos estão aqui, já que seu objeto não se
encaixa nos demais.
Objeto de controle: processo administrativo cujo ato administrativo final vai
espelhar o resulto de um determinado controle. Exemplo: processo de controle
de contas, seja ele interno ou externo.
Objeto punitivo: a administração pretende apurar irregularidades e,
eventualmente, aplicar determinada penalidade. Pode ser interno (apurações da
relação interna, de pessoas que têm relação funcional com a Administração, ou
seja, processos administrativos disciplinares) ou externo (relações externas à
Administração, envolvendo administrados)
Objeto contratual: o objetivo é assinar um determinado contrato. Exemplo:
processo de licitação. Esse processo culmina na escolha do contratado e não na
assinatura do contrato em si.
Objeto revisional: decorrem da interposição de um recurso administrativo.
Objeto de outorga de direitos: processos administrativos que se relacionam a
determinado direito, como a outorga de uma isenção e de uma licença para
construir. Nem sempre o processo culmina na outorga, pode culminar numa
negativa.
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GRACIOSO CONTENCIOSO
A vontade da lei deve ser realizada pelos Desenvolve-se perante órgão
próprios órgãos da Administração independente e imparcial
Não necessariamente envolve, Decisões com força de coisa julgada
diretamente, interesses de particulares
No Brasil, o processo administrativo é, Apenas existe nos países que adotam o
necessariamente, gracioso contencioso administrativo (dualidade da
jurisdição)
INTERNOS EXTERNOS
Circunscrevem-se à administração; não Contam com a participação de
contam com a participação de administrados e podem ser: ampliativos
administrados. Ex.: fase interna da de direitos ou restritivos de direitos.
licitação
Publicidade
Aplicável à Administração, ao processo judicial e ao processo administrativos.
Os processos administrativos devem ser acessíveis aos interessados. Esse
princípio ganha maior amplitude no processo administrativo do que no judicial,
tendo em vista o envolvimento do interesse público e privado.
O direito de acesso não pode ser exercido de forma abusiva e a pessoa deve
demonstrar o interesse individual ou coletivo que vai defender.
É possível restringir o acesso por segurança da sociedade e do Estado (art. 5º,
XXXIII, CF), defesa da intimidade ou de interesse social (art. 5º, LX, CF).
Oficialidade
Assegura a possibilidade de a Administração instaurar um processo de ofício, o
impulso oficial do processo, a instrução adequada do processo e a revisão de
5
suas decisões. Isso acontece porque a Administração persegue o interesse
público e, assim, não pode ficar dependente da ação de particulares.
Não necessariamente esse princípio se aplica aos processos ampliativos de
direitos. Não faz sentido imaginar que cabe a Administração iniciar de ofício um
processo para emitir uma CNH a um cidadão.
Verdade material
Segundo Celso Antonio, ao invés de ficar restrita ao que as partes demonstrarem
no procedimento, deve buscar aquilo que é realmente a verdade. Isso dialoga
com o princípio da oficialidade, especialmente no que toca a instrução do
processo.
Gratuidade
A Administração é uma das partes no processo. Nesse processo há envolvimento
de interesse público, portanto, não justifica uma onerosidade. Assim, em regra,
não há pagamento de custas nesses casos. Não necessariamente esse princípio se
aplica aos processos ampliativos de direito.
Se a administração exigir caução para admitir o recurso, cabe mandado de
segurança. Se ela não exigir, não cabe art. 5º, inc. I, lei nº 12.016/2009.
Súmulas relevantes
Súmula 373, STJ: É ilegítima a exigência de depósito prévio para
admissibilidade de recurso administrativo
Atipicidade
No processo administrativo predomina a atipicidade de ilícitos e infrações, pois
que são previstos por conceitos jurídicos indeterminados. A autoridade
administrativa julgadora tem a discricionariedade de enquadrar a falta e dosar a
pena ao caso concreto em função da gravidade dos fatos e de suas
consequências. Isso significa que a discricionariedade é bastante reduzida pelo
exame do motivo, dos fatos que cercaram a prática do ato ilícito. Essa escolha da
sanção cabível é orientada pela razoabilidade e proporcionalidade entre meios e
fins.
Pluralidade de instâncias
Possibilita recursos no âmbito do processo administrativo, portanto está
relacionado ao contraditório e a ampla defesa. Esse princípio decorre do
princípio da autotutela: a administração tem o poder-dever de rever seus atos. Se
relaciona intimamente com o princípio da hierarquia, porque o processo tramita
pelos níveis hierárquico. O número de instâncias vai depender do número de
níveis hierárquicos presentes numa determinada estrutura.
É possível que a lei limite o número de instâncias, como o art. 57 da Lei nº
9.784/99, que limita, na seara federal, a três instâncias recursais.
A atuação em esfera recursal administração é ampla, admitindo-se inovação em
qualquer instância, reexame de fato, produção de novas provas. Isso é
diametralmente oposto ao que vale no processo civil, no qual a inovação em
instância recursal, a reapreciação de matéria fática e de elemento probatório são
vedadas.
Se a decisão já vem da instância máxima, não se fala em recurso, mas é possível
formulação de pedido de reconsideração. Além disso, é passível de controle de
legalidade pelo Poder Judiciário.
Cabe reclamação para o Supremo Tribunal Federal diante de ato administrativo
que fere súmula vinculante ou decisão do STF em controle concentrado de
constitucionalidade (art. 988, inc. III, 1ªparte, CPP).
Economia processual
Evitar formalismos excessivos e aproveitar os atos processuais. Admite-se o
saneamento do processo em caso de nulidade sanável, cuja inobservância não
prejudique a administração ou o administrado.
Celeridade processual
Fundamentado pelo art. 5º, inc. LXXVIII, CF, que assegura a razoável duração
do processo e meios que garantam a celeridade do processo.
Participação popular
Decorre do Estado Democrático de Direito. Diversas normas constitucionais e
infraconstitucionais preveem a participação popular. Ex.: audiência pública (art.
32, Lei nº 9.784/99).
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Esse princípio demanda a participação popular na gestão da administração, no
controle da administração e como consulta antes da tomada de decisão.
Como vimos, os entes federativos têm autonomia para editar suas normas de processo
administrativo. Válido frisar, porém, a Lei nº 9.784/99, que regula o processo
administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta. Essa lei não
vincula os demais entes da federação (DF, estados e municípios).
Carvalho Filho aponta que é aconselhado aos demais entes que uniformizem seus
procedimentos administrativos, a fim de limitar a atuação dos administradores e conferir
aos administrados maior garantia do controle da legalidade.
A lei 9784/99 tem caráter genérico e subsidiário. Ou seja, ela se aplica a casos que não
se sujeitam a leis específicas e a casos em que a lei é silente.
Se não houver lei específica aplica a lei 9784/99
Se a lei específica for silente aplica a lei 9784/99
Art. 2º, caput: princípios gerais e princípio específico da ampla defesa e do contraditório
Art. 2º, p.ú, incs. V e X: princípio da publicidade nos processos administrativos
Art. 3º, inc. II: princípio da publicidade nos processos administrativos
Art. 2º, p.ú, inc. XII: princípio da oficialidade – impulsão de ofício
Art. 5º: princípio da oficialidade para iniciar um processo administrativo
Art. 29: princípio da oficialidade – instruir processo de ofício – dialoga com o princípio
da verdade material, mas encontra limite no direito ao contraditório dos interessados
Art. 2º, p.ú, inc. VIII e IX: obediência à forma e aos procedimentos
Art. 22º: obediência à forma e aos procedimentos – em regra, princípio da atipicidade
Art. 2º, p.ú, inc. XI e art. 56, §2º: princípio da gratuidade
Art. 57: princípio da pluralidade de instâncias
Apesar de não se submeter a uma forma rígida, todo processo que envolve a solução de
controvérsia ou que resulta em alguma decisão por parte da Administração compreende,
pelo menos, quatro fases:
Instauração
Instrução
Defesa
Decisão
9.1 INSTAURAÇÃO
8
O art. 5º diz que o processo administrativo pode ser instaurado de ofício ou a pedido do
interessado. O art. 6º apresenta os dados que devem constar do requerimento do
interessado, que deve, em regra, ser escrito. O art. 7º trata do dever de a Administração
elaborar modelos ou formulários padronizados. O art. 8º prevê a possibilidade de
formular pedidos iguais para vários interessados em um mesmo requerimento.
8.2 INSTRUÇÃO
Art. 36: o ônus da prova é do interessado em relação aos fatos que ele alegou, sem
prejuízo dos deveres de instrução da administração. Esse artigo deve ser combinado
com o art. 37, segundo o qual o interessado pode declarar que fatos/dados estão com a
administração e, nesse caso, cabe a ela disponibilizar os documentos.
8.3 DEFESA
8.4 DECISÃO
Art. 48: dever de a administração decidir no prazo de 30 dias, prorrogável por igual
período desde que apresentada a fundamentação.
8.5 DESISTÊNCIA
Art. 51, caput e §2º: O interessado pode desistir do pedido formulado ou renunciar a
direitos disponíveis. Porém, o processo deve prosseguir se houver interesse público
envolvido.
8.6 RECURSOS
8.7 REVISÃO
Processos dos quais resultem sanções podem ser revistos a qualquer tempo. Os
processos administrativos podem ser revistos a qualquer tempo, de ofício ou a
requerimento, quando surgirem circunstâncias relevantes ou fatos novos que indiquem
que a sanção foi inadequada. Nesse caso da revisão, é vedada reformatio in pejus art.
64, caput e p.ú.
LICITAÇÃO
1 FUNDAMENTOS DA LICITAÇÃO
10
A Administração Pública exerce a função administrativa. Tem-se função apenas quando
alguém está assujeitado ao dever de buscar, no interesse de outrem, o atendimento de
certa finalidade. Por este motivo, dizemos que não há espaço no direito administrativo
para a autonomia da vontade como há no direito privado. Se eu, particular, quiser
comprar algo, eu compro de quem eu quiser, pelo preço que eu quiser. A administração,
em regra, tem que realizar procedimento preliminar para adquirir produto, chamado de
licitação.
É dizer, o Poder Público para adquirir, alienar, locar bens, contratar a execução de obras
e serviços públicos necessita adotar um procedimento preliminar rigorosamente
determinado e preestabelecido na conformidade da lei. Esse procedimento denomina-se
licitação.
2 OBJETIVOS DA LICITAÇÃO
3 LICITAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO
4 CONCEITO DE LICITAÇÃO
Segundo Maria Sylvia, licitação é o procedimento administrativo pelo qual um ente
público, no exercício da função administrativa, abre a todos os interessados, que se
sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de
formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente para a
celebração do contrato.
O ato final da licitação é a adjudicação, por meio da qual se estabelece um vínculo entre
o licitante vencedor e a administração, mas a adjudicação não se confunde com a
celebração do contrato.
6 COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
Art. 22, inc. XXVII da CF: compete privativamente à União legislar sobre normas
gerais de licitação. De acordo com esse dispositivo, a União tem competência privativa
para legislar sobre normas gerais de licitação, nacionais, aplicáveis a todos os entes. Por
outro lado, todos os entes da federação, inclusive a própria União, têm competência
autônoma para legislar sobre licitação em sua esfera específica, respeitando as normas
gerais da União.
Como vimos, a União tem competência privativa para editar normas gerais nessa
matéria, enquanto todos os entes, normas específicas, respeitadas as gerais. Segundo o
art. 1º da Lei, ela estabelece normas gerais de licitações e contratos administrativos. Ou
seja, a lei seria fruto do exercício dessa competência privativa da União.
Porém, nem todas as disposições dessa lei são normas gerais. Nesse sentido, Maria
Sylvia aponta que “a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 8.666/93 é manifesta,
porque nada deixa para que Estados e Municípios legislem em matéria de licitação e
contrato administrativo”. Ora, no momento que essa lei veicula não apenas normas
gerais, mas diz que veicula apenas normas gerais, ela não deixa espaço para o exercício
da competência específica dos entes.
Conclusão: as normas gerais da Lei 8666 vinculam toda a Adm, porém, as normas
específicas da mesma lei vinculam apenas a União. Ela possui caráter híbrido, é lei
nacional no tocante às normas gerais e é lei federal em relação às normas específicas. O
STF se pronunciou no sentido de que nem todas as normas dessa lei são gerais.
9.1 IGUALDADE
Indica que deve ser assegurada a igualdade de direito a todos os interessados. Duas
facetas: necessidade de se permitir que todos os que possam oferecer as condições
indispensáveis ao cumprimento do futuro contrato possam participar do certame, ou
seja, não se pode colocar obstáculos injustificáveis à participação, e; tratar de forma
igual todos os que participarem do certame.
Art. 37, inc. XXI, CF: processo de licitação pública que assegure igualdade de
condições a todos os concorrentes, permitindo a todos os interessados oferecer suas
propostas. As duas facetas são retiradas desse dispositivo.
Art. 3º, §1º, inc. II, Lei 8666/93: vedação à discriminação entre empresas brasileiras e
estrangeiras.
Art. 30, §5º, Lei 8666/93: vedação de determinadas exigências que importariam
restrições indevidas à participação.
9.2 LEGALIDADE
Princípio da legalidade para a Administração lhe impõe só fazer o que a lei permite.
14
A licitação é um procedimento totalmente vinculado à lei, é procedimento rigoroso,
cujas fases observam as normas legais. Porém, há uma margem de discricionariedade
para optar entre determinados modelos previamente fixados pela lei (critério de
julgamento, opção por uma modalidade de licitação mais rígida, etc.).
Ainda que seja procedimento rigorosamente formal, a lei deixa algumas opções dentro
das balizas fixadas pela lei.
O princípio da legalidade pode ser visto, em matéria de licitação, como direito público
subjetivo do licitante ou interesse difuso.
Legalidade como direito público subjetivo do licitante: art. 4º, Lei 8666/93.
Direito à fiel observância do pertinente procedimento estabelecido nesta lei.
Legalidade como interesse difuso: a lei 8666/93 prevê formas de participação
popular para o controle de legalidade, amplia formas de controle interno e
externo e tipifica diversas condutas como crimes.
9.3 IMPESSOALIDADE
Necessidade de a administração atuar de forma imparcial, sem buscar prejudicar ou
favorecer pessoas determinadas ou agentes públicos. Conduta impessoal é aquela na
qual não há intenção de prejudicar ou beneficiar pessoas. Está relacionado à moralidade,
isonomia e julgamento objetivo.
A moralidade está associada à legalidade: se uma conduta é imoral, deve ser invalidada.
9.5 PUBLICIDADE
Dever de transparência. Este princípio impõe a divulgação do procedimento licitatório e
publicação dos atos praticados nas diversas fases da licitação, o que é importante para o
controle.
Art. 41, lei 8666/93: a administração não pode descumprir as normas do edital.
10 OBRIGATORIEDADE DE LICITAR
A obrigatoriedade de licitação está na CF nos artigos 37, inc. XXI, e 175. De acordo
com a CF, há para a Adm o dever de licitar quando pretende contratar obras, serviços,
compras e alienações, bem como no caso de concessão e permissão de serviços
públicos.
16
Relembrando:
Objeto da licitação conteúdo do futuro contrato
Objeto imediato seleção da melhor proposta
Objeto mediato aquilo que a Adm pretende contratar
Quais os destinatários das regras sobre licitação? Quem está obrigado a licitar?
Art. 1º, p.ú, da Lei 8666/93: todos os órgãos da administração pública direta, fundos
especiais, autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia
mista, demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, DF e
Municípios.
***Empresas públicas e sociedades de economia mista estão sujeitas às normas do
estatuto das estatais.
O art. 37, inc. XXI, da CF, ressalva os casos especificados na legislação, dando uma
abertura para que o legislador preveja casos de contratação direta.
Essa mesma abertura não está presente no art. 175 da CF. Assim, a celebração de
contratos de concessão ou permissão de serviços públicos deve sempre ser precedida de
licitação, de modo que o legislador não pode prever casos de contratação direta nesse
cenário. Maria Sylvia, porém, entende que, se estivermos diante de situações de
inviabilidade de competição é possível contratação direta mesmo nesses casos, de
concessão ou permissão de serviços públicos. Apenas em situações nas quais não é
possível licitar é que isso seria cabível.
Quanto à abertura do art. 37, inc. XXI, CF, é necessário ressaltar que não será
constitucional a possibilidade de contratação direta pelo simples fato de ter sido criada
por lei. A lei também tem que ser razoável, possuir motivos adequados e pertinentes
para excepcionar a licitação. Há limites à atuação do legislador, afinal, a regra é a
licitação, de modo que a contratação direta é exceção.
Dispensa x inexigibilidade
DISPENSA INEXIGIBILIDADE
Situações em que seria possível e viável a Situações em que não é possível
licitação, contudo o legislador opta por competição e, assim, não é viável licitar
dispensar a licitação nesses casos
Contratação direta decorrente da vontade Contratação direta decorrente da natureza
17
legislativa da coisa
A lei pode facultar ao administrador a -
realização licitação, havendo
discricionariedade, ou determinar a
dispensa dela (art. 17, inc. I e II, lei
8666/93)
Os casos de dispensa de licitação estão Rol exemplificativo
previstos na legislação em rol taxativo, o
que faz sentido, afinal, são exceções
decorrentes da vontade legislativa
DISPENSA
Critérios:
Pequeno valor
Situações excepcionais
Objeto
Pessoa
INEXIGIBILIDADE
Critério: inviabilidade de competição
Exemplos não contidos no art. 25: credenciamento prévio, pois, havendo a possibilidade
de contratar mais de um, torna-se inviável a concorrência.
12 MODALIDADES DE LICITAÇÃO
As cinco primeiras modalidades estão previstas na lei 8666/93 (art. 22). O §8º do art. 22
veda a criação de novas modalidades de licitação e a combinação das modalidades
previstas na lei. Essa vedação é direcionada à administração pública e não ao legislador.
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O pregão foi previsto originalmente pela MP 2026/2000 e só podia ser utilizado pela
União. Posteriormente, a lei 10520/2002 trouxe o pregão sem a ressalva de que ele só
poderia ser utilizado pela União, de modo que ele pode ser utilizado por qualquer ente
da federação.
15.1 CONCORRÊNCIA
Definição legal:
Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase
inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de
qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto (art. 22, §1º, lei 8666/93).
Aplicação:
Concorrência é a modalidade adequada a contratações de grande vulto, é obrigatória
nesses casos, mas também pode ser utilizada para licitação de menores vultos.
Características da concorrência:
Ampla publicidade: exige-se publicação do edital resumido em diário oficial e
jornal diário de grande circulação e em jornal local, se houver; permite-se a
utilização de outros meios de divulgação; determina-se que, em regra, a
publicação seja feita com, no mínimo, 30 dias de antecedência;
Formalismo: é a modalidade de licitação mais rigorosa, mais complexa e
completa, a mais formal;
Universalidade: todos que cumpram os requisitos mínimos previstos no edital
podem participar.
Ela se adequa a contratações de vulto médio, embora nesses casos também caiba
concorrência.
Características:
Universalidade: a lei não restringe a participação de interessados, porque abre a
possibilidade de outros ao final do dispositivo. Anteriormente ela era restrita, a
abertura é inovação da lei 8666/93. O objetivo foi abrir as portas a maior número
de licitantes, o que pode convir aos interesses da Administração, mas o
procedimento ficou mais complexo, porque a comissão tem que analisar o
atendimento às condições. Antes, a habilitação era só com o cadastro prévio,
agora, essa fase de habilitação ficou mais complexa.
Publicidade: mesmas regras aplicáveis à concorrência, mas os prazos são
diferentes. O edital deve ser publicado com 30 dias de antecedência se a
licitação do tipo melhor técnica e melhor prezo, e 15 dias de antecedência nas
demais hipóteses.
Habilitação prévia para os licitantes que apresentarem certificado de registro
cadastral
Cabimento:
Adequada a contratações de vulto médio:
Obras e serviços de engenharia até 3.300.000
Compras e serviços, exceto os de engenharia até 1.430.000
Nos casos em que couber a modalidade convite
Licitações internacionais, se:
o O órgão ou entidade dispuser de cadastro internacional de fornecedores
o Os valores acima forem respeitados
15.3 CONVITE
Art. 22, §3º: convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente
ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3
(três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do
instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente
especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 horas da
apresentação das propostas.
O convite é uma modalidade adequada para contratações pequenas, de valor mais baixo,
de menor vulto. Comporta menor formalismo por isso.
Características:
Pouco formalismo
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Não se exige publicação do edital: cópia do instrumento convocatório (carta
convite)
Realização de um convite: a administração escolhe e convida alguns atuantes do
ramo. Porém, a lei 8666 abre a possibilidade de que não convidados participem,
já que coloca que o convite será estendido aos cadastrados que manifestarem
interesse no prazo estipulado. Para tanto, a administração deve afixar cópia do
instrumento convocatório. A abertura a não convidados, inovação trazida pela lei
8666/93, aumenta o rol de licitantes, mas torna mais complexo um procedimento
que se caracteriza e justifica pela maior simplicidade.
Isonomia:
A administração escolhe e convida. E se ela sempre convidar os mesmos? Para evitar
isso, a lei 8666/93 no art. 22, §6º, coloca que se existirem mais de 3 interessados, a cada
novo convite deve ser convidado um novo interessado. Esse dispositivo concretiza a
isonomia, a competitividade e a impessoalidade. Enquanto existiram cadastrados não
convidados, um novo convidado deve ser chamado a cada novo convite para objeto
idêntico.
O §7º coloca que, se menos de três interessados se manifestarem ou se não houver três
convidados no mercado, a licitação pode prosseguir, mas isso deve ser justificado no
processo. Se assim não for, o convite deve ser repetido.
Contudo, para Maria Sylvia, se, nessas circunstâncias houver outros possíveis
interessados em condição de atender ao convite, este deve ser repetido. Aragão entende,
por outro lado, que se forem seguidos todos os tramites estabelecidos para a divulgação
do convite, ele poderá ter até apenas um licitante.
Cabimento:
Obras e serviços de engenharia até 330.000,00
Compras e serviços – exceto os de engenharia – até 176.000
Licitações internacionais se não houver fornecedor do bem ou serviço no país
Nos casos em que couber convite, cabe modalidade mais rigorosa, tomada de preço e
concorrência art. 23, §4º da lei 8666/93
Isso não significa que não se admite execução parcelada de obras nem que não se possa
licitar parcelas de obras; pode! O que esse dispositivo diz apenas que o critério para
identificação da modalidade adequada para a licitação que corresponde ao somatório da
obra art. 23, §1º e §2º, lei 8666/93.
15.4 CONCURSO
22
Art. 22, §4º, lei 8666/93: concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer
interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a
instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de
edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 dias.
Não se confunde com o concurso público para provimento de cargos (art. 37, inc. II,
CF).
Art. 111, lei 8666/93: a administração só poderá contratar, pagar, premiar ou receber
projeto ou serviço técnico especializado desde que o autor ceda os direitos patrimoniais
a ele relativos e a administração possa utilizá-lo de acordo com o previsto no
regulamento de concurso ou no ajuste para sua elaboração.
15.5 LEILÃO
Conceito = art. 22, §5º, lei 8666/93. Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer
interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de
produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para alienação de bens imóveis
prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da
avaliação.
Objetivos do leilão:
Vender bens móveis inservíveis
Vender produtos legalmente apreendidos ou penhorados: a expressão
penhorados está errada, porque o leilão dos bens penhorados é regulado por
normas processuais. Aqui, devemos interpretar como os que são objeto de
penhor ou que entram para o patrimônio público em decorrência da execução
fiscal
Alienação de bens imóveis adquiridos em procedimento judicial ou através de
dação em pagamento. Quanto aos demais bens, adota-se a concorrência.
Características:
Funciona por meio do oferecimento de lances, de modo que o vencedor é aquele
que oferece o maior lance igual ou superior o valor de avaliação
Princípio da preservação patrimonial dos bens públicos: por isso, os bens devem
ser avaliados
Princípio da publicidade: deve ser dada ampla divulgação ao leilão
Cabimento:
23
Art. 17, §6º: no caso de bens móveis, devem ser avaliados em quantia não
superior ao da tomada de preços, senão tem que ser por concorrência;
Art. 19: no caso de bens imóveis, tem que ter avaliação e comprovação da
necessidade ou utilidade da alienação.
15.6 PREGÃO
Contexto:
Surge pela demanda de um procedimento mais simples. As modalidades licitatórias
previstas na lei 8666/93 não conseguiram dar celeridade desejável à atividade
administrativa destinada ao processo de escolha dos futuros contratantes. As grandes
reclamações oriundas de órgãos administrativos não tinham como alvo os contratos de
grande vulto e de maior complexidade. Ao contrário, centravam-se nos contratos
menores ou de mais rápida conclusão, prejudicados pela excessiva burocracia do
processo regular de licitação.
Ele surgiu, num primeiro momento, pela MP 2182/01, mas prevendo sua aplicação
apenas para a União. A doutrina quase total criticava isso. A Lei 10520/02 o tornou
aplicável a todos os entes.
Disciplina:
Disciplinado pela Lei nº 10520/2002 – lei nacional, que vincula todos os entes. A lei
8666/93 se aplica subsidiariamente.
Cabimento:
Aplicável para aquisição de bens e serviços comuns, independentemente do valor
art. 1º, lei 10520/2002. Sua adoção é facultativa, sempre cabendo outra modalidade.
O pregão é o leilão às avessas, porque neste ela vende, enquanto naquele ela compra.
No leilão, a adm vende pelo maior valor possível, aqui no pregão ela compra, a ideia é
que compre pelo menor preço possível. O critério é o menor preço.
Características:
Critério de julgamento é sempre o menor preço.
Adoção facultativa, exceto se houver norma específica do ente federativo
determinando sua adoção, mas nos termos da norma geral ele é facultativo.
Princípio da oralidade e do informalismo
Atuação por meio de lances, ofertas sucessivas e progressivas (progressivamente
decrescentes)
Inversão de fases: o padrão básico do procedimento de concorrência é
publicação do edital habilitação. No pregão, o julgamento é antes, de modo
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que a administração não precisa analisar os documentos de habilitação apenas
daquele que ganhou.
Pregão eletrônico está previsto de forma genérica no art. 2º, §1º da lei 10520/02. Cabe
ao ente federativo regulamentar sua adoção.
13 FASES DA LICITAÇÃO
Abertura
Na fase de abertura ou de edital, ocorre a manifestação pública (por meio do
instrumento convocatório) da vontade da Administração de selecionar a proposta mais
vantajosa para a celebração de um contrato.
Art. 21, §4º, Lei 8666/93: qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma
forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto
quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propostas.
O edital pode ser impugnado por qualquer pessoa, licitante ou não. Art. 41, §§1º e 2º da
Lei 8666/93. Prazo decadencial: segundo dia útil que anteceder:
Na concorrência, a abertura dos envelopes de habilitação;
No convite, tomada de preços ou concurso, a abertura dos envelopes com as
propostas
Realização de leilão.
25
A fase de abertura se encerra com o término do prazo para apresentação dos envelopes
de habilitação e proposta.
Habilitação
Art. 37, XXI, CF: princípio da licitação. Não pode a administração pública obstaculizar
a participação de licitantes injustificadamente. Justificadamente, ela poderá fazer
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.
A fase destinada a verificar se os licitantes realmente têm condições de cumprir os
requisitos mínimos para a execução do futuro contrato é a habilitação.
Trata-se da fase em que se verifica se os licitantes preenchem as condições mínimas
para a execução do contrato.
Caracteriza-se pelo exame dos documentos de habilitação.
Que exigências são essas? Elas podem ser classificadas em cinco blocos:
Habilitação jurídica: comprovação da capacidade jurídica, apresentando ato
constitutivo da empresa, por exemplo
Regularidade fiscal e trabalhista: art. 193, CTN: salvo quando expressamente
autorizado por lei, a administração não celebrará contrato sem a prova da
quitação dos tributos devidos relativos à atividade contratada.
Qualificação técnica:
o Capacidade técnica genérica: registro em entidade profissional, a
exemplo do CREA
o Capacidade técnica específica: cumprimento de objetivos contratuais
similares, demonstrado por atestados de bom cumprimento
o Capacidade técnica operativa: disponibilidade de mão de obra e
equipamentos necessários ao contrato.
Nesse aspecto da habilitação, há suscetibilidade a abusos. Os abusos na
imposição dos requisitos de habilitação podem ser de natureza quantitativa ou
qualitativa.
Qualificação econômico-financeira: aptidão do licitante em arcar com os
encargos econômicos do contrato; comprovação de sua saúde financeira.
Comprovação de cumprimento do art. 7º, XXXII, da Constituição: proibição de
trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 e de qualquer trabalho a
menores de 16.
O licitante inabilitado não prossegue na licitação art. 41, §4º, lei 8666/93.
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Superação da habilitação questões relativas a fase de habilitação não podem ser
arguidas em momentos posteriores, salvo em caso de fato superveniente ou só
conhecido após julgamento (art. 43, §5º, lei 8666).
Julgamento/Classificação
Há autores que entendem que são duas fases: etapa de classificação e etapa de
julgamento.
Essa fase de julgamento se inicia com a abertura dos envelopes de proposta. A primeira
etapa que integra essa fase, a classificação, é a etapa na qual se observam os aspectos
formais das propostas, verificando-se se as propostas observam os limites do mercado.
A segunda etapa é a do julgamento propriamente dito e, nessa etapa, se aprecia o mérito
das propostas. Elas são colocadas em ordem, considerando a sua vantajosidade para a
administração com base nos critérios fixados no edital ou no outro instrumento
convocatório. Aqui, vige o princípio do julgamento objetivo.
Art. 44, lei 8666: no julgamento das propostas, a comissão levará em consideração os
critérios objetivos definidos no instrumento, os quais não devem contrariar normas e
princípios da lei 8666.
§1º: é vedada a utilização de elemento sigiloso, secreto, subjetivo que possa ilidir o
princípio da igualdade entre os licitantes.
§2º: não se considerará qualquer oferta de vantagem não prevista no edital ou convite.
Adjudicação
Realizada a homologação, faz a adjudicação, ou seja, a vinculação do objeto da licitação
ao licitante vencedor. Não pode existir licitação homologada não adjudicada a seu
vencedor. Isso não significa a celebração do contrato, mas apenas da vinculação ao
licitante vencedor.
INVALIDAÇÃO REVOGAÇÃO
Questões de juridicidade (legalidade) Conveniência e oportunidade (art. 49).
Segundo Marçal Justen Filho, só é
possível se exercida com motivo em fato
superveniente à abertura da licitação.
Efeitos ex tunc. Em princípio, ou seja, Ex nunc
desde que respeitada a segurança jurídica
dos indivíduos, a invalidação da licitação
será retroativa.
A administração ou o poder judiciário Só a administração pode revogar
podem invalidar a licitação
Invalidação pode ser total ou parcial, A revogação é sempre total, de toda a
caso seja possível salvar patê do licitação
procedimento, preservando os atos
anteriores ao que está eivado de
ilegalidade. Quanto aos atos posteriores à
ilegalidade, a regra é que a ilegalidade do
ato que os pressupunha também os
contamine.
Não gera direito de indenização aos Pode gerar direito de indenização aos
licitantes não contratados (art. 49, §1º). licitantes pelas despesas com a licitação,
Pode gerar apenas para o contratado, caso nunca com os lucros cessantes do virtual
o contrato licitado já tenha sido assinado contrato. Será um caso de
e seja nulo em razão da nulidade da responsabilidade civil do Estado por ato
licitação (art. 59, pú). Se o contratado ilícito.
tiver dado causa à ilegalidade, não há
direito de indenização
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Princípio da autotutela: Maria Sylvia entende que os dispositivos não são necessários,
porque a revogação e invalidação decorrem do princípio da autotutela. Prof não
concorda que eles sejam inúteis, porque disciplinam como se dará essa
invalidação/revogação.
15 RECURSOS
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
1 CONCEITO
2 ESPÉCIES
Finalidade pública:
O contrato administrativo busca diretamente alcançar a finalidade pública. Toda
a atuação da administração pública busca a consecução do interesse público, mas
nem sempre diretamente como ocorre aqui.
Procedimento legal:
A lei prevê determinados procedimentos que devem ser observados para que
seja admissível a celebração de contratos administrativos. Esses procedimentos
variam de acordo com a modalidade de contrato considerada.
Mutabilidade:
Afirmar que a mutabilidade é uma característica do contrato administrativo é
dizer que ele é mutável, passível de mudar. Uma consequência dessa
mutabilidade é a questão do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, da
recomposição desse equilíbrio/equação. O principal direito do contratado é a
manutenção desse equilíbrio econômico-financeiro (art. 65, §6º, lei 8666/93).
Quando o particular contrata com a administração ele se depara com uma série
de riscos:
o Álea ordinária ou empresarial: risco presente em qualquer negócio,
previsível e decorrente das oscilações de mercado. Quem responde pela
álea ordinária é o particular e não a Administração;
o Álea administrativa: se subdivide em três modalidades:
Alteração unilateral do contrato com vistas ao atendimento do
interesse público: decorre daquela prerrogativa da administração
de alterar unilateralmente o contrato administrativo com vistas ao
atendimento do interesse público. Não se trata de um poder
ilimitado, ele é delimitado pela variação do interesse público e
pelo equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Deve respeitar
a natureza do contrato (não pode alterar de venda para permuta) e
os requisitos para alteração unilateral. Essa alteração deve
observar o art. 58, I, e 65, I, da lei 8666/93. Quem tem a
responsabilidade de restabelecer o equilíbrio nesse caso é a
própria administração.
Fato do príncipe: trata-se das medidas de ordem geral não
relacionadas diretamente com o contrato, mas que nele
repercutem, provocando desequilíbrio econômico-financeiro em
detrimento do contratado. A administração é responsável pelo
restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro. O fato do
príncipe se caracteriza por ser imprevisível, extracontratual e
extraordinário, provocando neste último caso funda alteração na
equação econômico-financeira do contrato. Não se trata de
responsabilidade contratual, mas sim de responsabilidade
extracontratual (art. 65, II, lei 8666/93). Ex.: elevação da
tributação incidente sobre matérias primas. No Brasil, a teoria do
fato do príncipe somente se aplica à autoridade responsável pelo
fato do príncipe se foi na sua esfera de governo que o contrato foi
celebrado, segundo a doutrina majoritária. Carvalho Filho possui
posição minoritária no sentido de que a autoridade que adota a
medida que muda a equação não necessariamente precisa ser a
autoridade contratante.
Fato da administração (art. 78, XIV, XV e XVI, lei 8666/93):
comportamento irregular do contratante governamental que, nesta
mesma qualidade, viola os direitos do contratado e eventualmente
lhe dificulta ou impede a execução do que estava entre eles
avençado. A administração age na condição de contratante. Ao
32
contrário do que acontece no fato do príncipe que a administração
age como autoridade pública e não como contratante, aqui ela age
como contratante. A administração responde pelos prejuízos
sofridos pelo contratado. Em princípio, o particular não pode,
diante de um descumprimento pela administração de deveres
contratuais, deixar de cumprir a sua parte. Isso sofre, porém, um
abrandamento: admite exceção pela aplicação da teoria do fato da
administração quando a conduta da administração tornar
impossível a execução do contrato ou causar ao contratado um
desequilíbrio econômico extraordinário, que não seria razoável
exigir que suportasse, pela desproporção entre esse sacrifício e o
interesse público a atingir pela execução do contrato. Se a
administração atrase pagamento por até 90 dias, em princípio, o
particular deve continuar cumprindo o contrato, não podendo se
valer da exceção de contrato não cumprido. Caso ultrapasse 90
dias, cabe rescisão e fica assegurado ao contratado a suspensão da
execução do contrato.
Em síntese, o fato da administração dá ensejo (i) ao direito à
recomposição do equilíbrio econômico; (ii) à suspensão na
execução do contrato, e; (iii) à rescisão do contrato.
o Álea econômica: todo acontecimento externo/estranho ao contrato,
imprevisível e inevitável, que causa um desequilíbrio muito grande,
tornando a execução do contrato excessivamente onerosa ao contratado.
A álea econômica enseja a teoria da imprevisão. Não pode ser
acontecimento que se relaciona diretamente ao contrato; para o qual as
partes não contribuíram. Em regra, a Administração é responsável pelo
restabelecimento da equação econômico-financeira. O fundamento da
teoria da imprevisão é o princípio da cláusula rebus sic standibus,
segundo o qual o contrato deve ser cumprido desde que presentes as
mesmas condições existentes no cenário dentro do qual foi o pacto
ajustado. Mudadas profundamente tais condições, rompe-se o equilíbrio
contratual, e não se pode imputar qualquer culpa à parte inadimplente.
Ou seja, alteradas as circunstâncias, não é exigível o cumprimento do
contrato, podendo-se repactuar, tendo em vista o desequilíbrio contratual.
Na lei 8666, essa teoria está presente no art. 65, II, “d”. Duas são as
possibilidades que podem decorrer da álea econômica: a rescisão do
contrato e a revisão do contrato, com a possibilidade de restabelecer o
equilíbrio econômico-financeiro.
o Força maior: aqui está-se diante da impossibilidade absoluta de se
cumprir o contrato, não fazendo sentido tratar da revisão do contrato.
Tanto a administração quanto o particular ficam liberados do contrato
sem responsabilização (art. 78, XVII, lei 8666/93).
DURAÇÃO: A regra geral sobre duração está prevista no art. 57 da Lei 8666/93,
segundo o qual a duração limita-se à vigência dos créditos orçamentários a ele
relacionados. Créditos orçamentários são autorizações conferidas pela lei orçamentária
para a realização de despesas. No Brasil, a lei orçamentária é anual, razão pela qual
33
esses créditos têm duração máxima de 1 ano. Em suma, então, a duração dos contratos
administrativos, em regra, não pode ultrapassar um ano.
Contrato de obras:
Definição: são aqueles em que o objeto pactuado consiste em construção
(criação), reforma (alteração), fabricação (criação), recuperação (restaurar) ou
ampliação (acréscimo) de determinado bem público. Essa definição se baseia no
art. 6º da lei 8666/93. Essa definição traz elementos taxativos. Aplica-se tanto a
bens de utilização administrativo ou de uso coletivo, como a construção de
escolas, viadutos, prédios públicos etc.
Regimes de execução:
o Empreitada por preço global
o Empreitada por preço unitário
o Empreitada integral
o Tarefa
Esse contrato não difere da compra e venda do direito privado, exceto pelo
procedimento prévio de licitação, bem como pela presença de cláusulas
exorbitantes nas modalidades de fornecimento contínuo, parcelado e integral
para entrega futura.
Modalidades:
o Fornecimento integral: entrega do bem é feita de uma única vez;
o Fornecimento parcelado: entrega feita de forma fracionada em partes e o
contrato só se exaure com a última entrega;
o Fornecimento contínuo: firmado por determinado período e a entrega se
estende no tempo, se dá de modo sucessivo.
Para firmar esse contrato, a administração precisa delimitar muito bem o objeto e
indicar os recursos orçamentários, sob pena de nulidade do ato (art. 14, lei
8666/93). O art. 15, por seu turno, traz critérios para a contratação, como a
observância do princípio da padronização quando da realização de suas compras.
6 EXTINÇÃO DO CONTRATO
TRABALHO
Mesma nota para Adm e Direitos reais. 3 pontos. 6 grupos. 10/11 e 17/11. 3 grupos
em cada dia. Aulas da Karol e não pode alterar. Tema: intervenção do Estado na
propriedade e bens públicos (terrenos de marinha). Distribuir temas:
- terreno de marinha – 10/11 – dentro de bens públicos – propriedade – taxas de
marinha
- estatuto da cidade - 10/11
- tombamento - 10/11 – exemplos – pra que tombar?
- requisição adm e ocupação temporária – 17/11 – modalidades de intervenção do
Estado na propriedade brandas – fazer conexão com a pandemia na requisição – fazer
link com contatos administrativas na ocupação temporária
- servidão civil e administrativa- 17/11 – equilibrar a abordagem da civil e da adm -
- desapropriação - 17/11 – dificuldade de falar tudo porque é o tema é enorme, tem
38
que fazer recorte das coisas mais importantes. Tem a vantagem, porém, de não ter que
entrar em tantos detalhes.
Trabalho 100% oral. Uma parte é apresentação, outra é perguntas/debate. A
apresentação é de até 15min, sem muita flexibilidade porque precisa dar tempo de
todos apresentarem. Pode apresentar slide e outros recursos que o grupo desejar.
Mostrar site, foto, filme, o que quiser, desde que viável pelo Meet e desde que
respeite os 15min. O que é pra fazer na apresentação? falar sobre o tema, fazer uma
dissertação sobre o tema, recortando as partes mais importantes dado o tempo de
15min.
Os grupos precisam fazer abordagem ao mesmo tempo administrativista e civilista.
Conta ponto isso, muito importante!!!!!
A parte mais importante no debate é responder às perguntas que as profs fazem. No
mínimo 2 perguntas, uma da Renata e uma da Karol. Todos do grupo presentes com a
câmera aberta, mas não precisa todo mundo falar.
BENS PÚBLICOS
Há, ainda, uma classificação em função da titularidade dos bens (esfera a qual pertence
o bem considerado):
o Bens federais
o Bens estaduais
o Bens municipais
o Bens distritais
5 AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO
A afetação consiste em ato ou fato pelo qual se consagra um bem à produção efetiva de
utilidade (destinação específica) pública. Atribuir uma finalidade ao bem é levá-lo ao
domínio público do Estado. Por isso, a afetação também é conceituada como ato ou fato
por meio do qual um bem deixa o domínio privado do Estado e passa a integrar o
domínio público.
A afetação pode ser expressa, decorrente de lei ou ato administrativo que expresse a
vontade de afetar, ou tácita, decorrente de atuação direta da administração ou de fato da
natureza.
Quanto à desafetação tácita, existe controvérsia doutrinária sobre ela poder decorrer de
um fato e não de uma manifestação de vontade. Um rio que seca, por exemplo. Alguns
acham que mesmo nesses casos deveria haver um ato de afetação, mas Maria Sylvia
entende que isso seria excesso de formalismo, afinal o bem se tornou materialmente
inaproveitável para o fim ao qual estava afetado.
Os bens de domínio público do Estado são inalienáveis (uso comum e uso especial), na
forma do art. 100 do CC. A inalienabilidade desses bens, contudo, não é absoluta.
Afinal, se forem desafetados, passam a ser dominicais, os quais, segundo o art. 101 do
CC, podem ser alienados. Em suma, se os bens públicos de uso comum do povo e de
uso especial poderão ser alienados se forem desafetados.
AGENTES PÚBLICOS
1 DEFINIÇÃO
Agente público é toda pessoa física que presta serviços ao Estado e às pessoas jurídicas
da Administração Indireta.
Agentes públicos é gênero, do qual são espécies: agentes políticos, servidores públicos,
militares e particulares em colaboração.
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o Agentes políticos: aqueles que exercem a função política, se relacionam à ideia
de governo (atividades de direção, legislativa, de interesses macro). Em regra, a
forma de investidura é a eleição. Agentes políticos são os titulares dos cargos
estruturais a organização política do país, ou seja, ocupantes dos que integram o
arcabouço constitucional do Estado, o esquema fundamental do Poder. Daí que
se constituem nos formadores da vontade superior do Estado.
o Servidores públicos: em sentido amplo, são as pessoas físicas que prestam
serviço ao Estado e às entidades da Administração Indireta, com vínculo
empregatício e mediante remuneração paga pelos cofres públicos. Nem todo
agente público tem vínculo empregatício e recebe remuneração paga pelos
cofres públicos, isso caracteriza os servidores públicos em sentido amplo. São
espécies de servidores públicos:
o Servidores estatutários: sujeitam-se ao regime estatutário, ao estatuto do
servidor público. Não se sujeitam ao regime da CLT (celetista), mesmo
que tenham vínculo empregatício. Ocupam cargos públicos.
o Empregados públicos: sujeitam-se ao regime celetista parcialmente
afastado por normas de direito público, legislação trabalhista, e exercem
emprego público.
o Servidores temporários: sujeitam-se a regime jurídico especial fixados
por cada ente da federação. Exercem função em caráter temporário. Não
se sujeitam nem ao regime estatutário nem ao celetista.
o Militares: sujeitam-se a regime estatutário próprio, não é o mesmo dos
servidores públicos. São militares os membros das polícias militares dos estados,
DF e territórios, os membros dos corpos de bombeiros dos estados, DF e
territórios, e os membros das forças armadas.
o Particulares em colaboração com o poder público: são pessoas físicas que
prestam serviços ao Estado sem vínculo empregatício. Essa prestação de
serviços pode se dar com ou sem remuneração. A colaboração pode decorrer de:
delegação, requisição, nomeação ou designação, ou gestão de negócios.
O art. 39 da CF, em sua redação original, previa que os entes instituiriam regime
jurídico e planos de carreira para os servidores. Estabeleceu regime jurídico único aos
servidores da administração direta e da indireta. Esse regime único foi extinto pela EC
19/98, que alterou o art. 39. Acontece que a vigência desse novo artigo 39 foi suspensa
pelo STF pela ADI 2135/DF. Com isso, tendo em vista a suspensão, o regime jurídico
único foi restaurado com efeitos ex nunc. Atualmente, então, o regime jurídico único
permanece.
O art. 37, I, da CF diz que os cargos, empregos e funções públicos são acessíveis a
brasileiros e estrangeiros.
Em regra, existe exigência de concurso público de provas ou de provas e títulos para
investidura em cargo e emprego público, na forma do art. 37, II da CF. Esse dispositivo
já traz exceção: nomeações para cargo em comissão declarado em lei, de livre
nomeação e exoneração, que se limitam a atribuições de direção, chefia ou
assessoramento.
A súmula vinculante nº 13 trata do combate ao nepotismo no caso de provimento em
comissão e veda a nomeação de cônjuge, companheiro, parente em linha reta, por violar
a CF. Outra exceção ao concurso é a nomeação dos membros dos tribunais.
O prazo de validade dos concursos públicos é de até dois anos, prorrogável uma vez por
igual período. Não há direito subjetivo de prorrogação, é decisão discricionária da
administração (art. 37, II, CF). Durante o prazo do concurso, o aprovado será convocado
com prioridade sobre novos concursados (Art. 37, IV, CF).
43
O art. 7º, XXX, CF veda diferenciações entre servidores, seja por sexo, idade, cor ou
estado civil. Segundo a súmula 683 do STF, o limite de idade para inscrição em
concurso só é constitucional (nos termos do art. 7º, XXX) quando possa ser justificado
pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
6 REMUNERAÇÃO
7 ACUMULAÇÃO DE CARGOS
O inc. XVII diz que a proibição de acumular se estende a empregos e funções e abrange
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista.
O art. 38, III, CF diz que servidor público pode ser investido no mandato de vereador,
de modo que, se houver compatibilidade de horários, pode perceber as duas
remunerações. Não havendo compatibilidade de horários, ele deve escolher uma das
duas remunerações.
O art. 128, §5º, II, d, da CF veda a acumulação de cargos aos membros do MP,
ressalvada a possibilidade de exercer o magistério.
44
8 EFETIVIDADE
Quando falamos em efetividade, estamos indicando o modo pelo qual o cargo é provido.
O cargo efetivo é aquele preenchido com o pressuposto de continuidade e permanência
de seu ocupante.
9 ESTABILIDADE
Efeitos da estabilidade: uma vez adquirida, traz dificuldade maior à perda do cargo, que
só ocorre por sentença judicial transitada em julgado, processo administrativo com
ampla defesa ou procedimento de avaliação periódica de desempenho assegurada ampla
defesa (Art. 41, §1º, CF).
Art. 169, §4º, CF: veicula norma constitucional de direito financeiro. Refere-se a
medidas necessárias para se garantir o cumprimento do limite de gastos com pessoal. Se
elas não forem suficientes, o servidor estável pode perder o cargo. Em princípio,
servidor estável só pode perder o cargo nas hipóteses do art. 41, mas esse dispositivo
traz uma nova.
Art. 198, §6º, CF: servidor agente comunitário de saúde ou agente de combate às
endemias pode perder cargo e descumprir requisitos específicos.
Efetividade x estabilidade:
A efetividade é modo de preenchimento do cargo e pressuposto para aquisição da
estabilidade, após três anos de exercício. A estabilidade expressa o direito ao cargo pelo
modo como poderá ser perdido.
10 VITALICIEDADE
45
O direito à permanência no cargo se reveste de maior força quando assegurada a
vitaliciedade, porque neste caso só ocorre mediante sentença judicial transitada em
julgado. Efeitos mais fortes do que a estabilidade.
Pela CF, os agentes públicos com vitaliciedade são os magistrados (Art. 95, I), os
membros do MP (art. 158, §5º, I, a) e os membros dos tribunais de contas (art. 73, §3º e
art. 75).
Art. 38, CF: disposições aplicáveis a servidor público no exercício de mandato eletivo:
o Afastamento do cargo, emprego ou função, se o mandato eletivo for federal,
estadual ou distrital – presidente, governador, deputados estaduais, federais e
distritais;
o Afastamento do cargo, emprego ou função, se investido em mandato de prefeito,
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração, própria do prefeito ou própria
de seu cargo, emprego ou função;
o Mandato de vereador, com compatibilidade de horas, acumula os salários. Não
havendo compatibilidade, escolhe a remuneração;
o Tempo de serviço é contado para efeitos legais, em qualquer caso de
afastamento, exceto para promoção por merecimento. Mesmo afastado para o
exercício de mandato eletivo, o tempo conta como se tivesse trabalhado;
o Se o servidor for segurado de regime próprio de previdência social, continuará
filiado ainda que em exercício de mandato eletivo.
12 PROVIMENTO
Definição:
Provimento é o ato do poder público que designa para ocupar cargo, emprego ou
função, aquele que preenche os requisitos legais Maria Sylvia.
Investidura x provimento:
A investidura é o ato pelo qual o servidor público é investido no exercício do cargo,
emprego ou função, abrangendo a posse e o exercício.
O provimento constitui ato do Poder Público, enquanto a investidura constitui ato do
servidor; o primeiro constitui condição para que ocorra a segunda.
Na doutrina não é pacífico o conceito de investidura.
Vacância:
A vacância é a situação do cargo que está sem ocupante.
De que decorre a vacância?
Exoneração
Demissão
Aposentadoria
Promoção
Falecimento
Readaptação
Posse em outro cargo (inacumulável)
1 DEFINIÇÃO E TEORIAS
Delimitação do tema:
O tema da responsabilidade extracontratual abarca todas as funções estatais, contudo, é
mais frequente tratar da responsabilidade do Estado decorrente da atuação da
Administração. É correto falarmos em responsabilidade do Estado, pois quem tem
personalidade jurídica, podendo ser sujeito de direitos e deveres, é o Estado.
O dispositivo mais importante em nosso ordenamento sobre o tema é o art. 37, §6º da
CF:
“§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos
de dolo ou culpa.” responsabilidade objetiva do estado e responsabilidade subjetiva
do agente público.