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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA

DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM


APRESENTAÇÃO 04
1. INTRODUÇÃO A SEGURANÇA DO TRABALHO 05
1.1. POR QUE É IMPORTANTE ESTUDAR SOBRE SEGURANÇA 06
DO TRABALHO
1.2. COMO GARANTIR QUE AS EMPRESAS OFEREÇAM
07
MEDIDAS QUE PRESERVEM A SAÚDE E O BEM ESTAR DO
TRABALHADO

2. NORMAS E REGULAMENTOS SOBRE AS DIRETRIZES DA 08


SEGURANÇA DO TRABALHO NO BRASIL
2.1. NR-32: SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM ESTA- 09
BELECIMENTOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE

2.2. NR-01: PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCO 13


OCUPACIONAL (PGR)

2.2.1. COMO PROCEDER NO CASO DA OCORRÊNCIA DE UM 16


ACIDENTE DE TRABALHO?

2.3 NR-07: PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO E SAÚDE 17


OCUPACIONAL (PCMSO)

3. TIPOS DE RISCOS E SUAS PRECAUÇÕES 19


3.1. DOENÇAS OCUPACIONAIS 20
3.2. DOENÇAS OCUPACIONAIS ASSOCIADAS AOS RISCOS 23
BIOLÓGICOS

3.3. DERMATOSES OCUPACIONAIS 25


3.4. DOENÇAS OCUPACIONAIS ASSOCIADAS AOS RISCOS 26
FÍSICOS
3.5. DOENÇAS OCUPACIONAIS ASSOCIADAS AOS RISCOS 27
QUÍMICOS
3.6. LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS 28
4. PRIMEIROS SOCORROS EM ACIDENTES OCUPACIONAIS 31
REFERÊNCIAS 37
CONTATOS 39
Este material foi elaborado e desenvolvido pela equipe do Programa Pós-Tec
Enfermagem do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e da Universidade
Federal da Paraíba (UFPB).

Profa. Dra. Betânia Maria Pereira dos Santos

Prof. Dr. Luiz Henrique César Vasconcelos


Profa. Dra. Anne Karoline Candido Araújo
Profa. Dra. Aurilene Josefa Cartaxo de Arruda Cavalcanti
Profa. Dra. Fabíola Fialho Furtado Gouvêa
Profa. Dra. Maria Soraya Pereira Franco Adriano
Profa. Dra. Ivanilda Lacerda Pedrosa
Profa.Dra. Anna Claudia Freire de Araújo Patricio

Profa. Dra. Andréa Mendes Araújo


Profa. Dra. Ângela Amorim de Araújo
Profa. Dra. Fernanda Maria Chianca da Silva
Profa. Dra. Marcella Costa Souto Duarte
Profa. Dra. Márcia Rique Carício
Profa. Dra. Nathalia Costa Gonzaga Saraiva
Profa. Dra. Kalina Coeli Costa de Oliveira Dias
Profa. Dra. Verbena Santos Araújo

Profa. Dra. Anne Karoline Candido Araújo


Profa. Dra. Fabíola Fialho Furtado Gouvêa
Profa. Dra. Maria Soraya Pereira Franco Adriano
Profa. Dra. Aurilene Josefa Cartaxo de Arruda Cavalcanti

Elaine Feitosa da Silva


Bárbara Couto Falqueto

Luciane Alves Coutinho

Isaac Newton Cesarino da Nóbrega Alves

pexels.com | pixabay.com | unsplash.com | br.freepik.com


3
SAÚDE OCUPACIONAL

Bem-vindo!

O presente material aborda os principais aspectos da saúde ocupacional, destacando-


se os riscos ocupacionais específicos em serviços de saúde, como exposição a agentes
biológicos, químicos e físicos, doenças ocupacionais e lesões por esforços repetitivos,
além de fundamentos da aplicação de primeiros socorros direcionados a situações
envolvendo acidentes ocupacionais.
Com uma abordagem prática e científica, o e-book traz informações claras e direcionadas
para a prevenção, identificação, avaliação e gestão dos riscos ocupacionais em serviços
de saúde. Também destaca o papel dos profissionais de saúde, gestores e líderes na
promoção de ambientes de trabalho saudáveis e seguros.
Utilize esse material como fonte de estudos e consulta durante a disciplina de Saúde
Ocupacional. Após a leitura, reforce o aprendizado assistindo à aula interativa e avalie
os conhecimentos adquiridos por meio das atividades propostas.

Bons estudos!

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SAÚDE OCUPACIONAL

A segurança do trabalho em serviços de saúde se insere no contexto “Biossegurança”


e começou a ser amplamente difundida na década de 1970 nos Estados Unidos após
os avanços na engenharia genética. Na década seguinte (1980), a Organização Mundial
de Saúde definiu a biossegurança como práticas de prevenção para o trabalho em
serviços de saúde e os riscos biológicos, físicos, químicos, ergonômicos e de acidentes
(PENNA et al., 2010).
A segurança do trabalho é uma disciplina que visa garantir a proteção e o bem-estar
dos trabalhadores em seu ambiente laboral. É um campo de conhecimento que engloba
uma série de práticas e normas voltadas para prevenção de acidentes e doenças
ocupacionais, promoção da saúde e qualidade de vida dos trabalhadores, além de
garantir a conformidade legal e a responsabilidade social das organizações (PEIXOTO,
2010).
Toda a legislação sobre a segurança do trabalho se aplica a trabalhadores regidos pela
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLTs), bem como a trabalhadores cobertos por
Regimes Próprios de Previdência Social (BRASIL, 1977; 1991).

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Acidentes e doenças relacionadas ao trabalho podem causar danos sérios à saúde dos
trabalhadores, afetando sua capacidade produtiva, gerando afastamentos, prejuízos
financeiros e impactos negativos na imagem das empresas. Nesse sentido, a segurança
do trabalho abrange a gestão de saúde ocupacional, que inclui a identificação, avaliação
e controle dos fatores de risco que podem causar doenças ocupacionais, tais como
exposição a produtos químicos, ruídos, vibrações, radiações, entre outros (PEIXOTO,
2010; PENNA et al., 2010).
A promoção da saúde mental e o gerenciamento do estresse no ambiente de trabalho
também são elementos importantes da segurança do trabalho, uma vez que a saúde
mental dos trabalhadores impacta diretamente sua produtividade e bem-estar
(PEIXOTO, 2010; PENNA et al., 2010).

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A legislação é um pilar fundamental da segurança do trabalho. Através de normas


e regulamentos específicos, são estabelecidos os requisitos mínimos de segurança e
saúde ocupacional que as empresas e os próprios trabalhadores devem cumprir. O não
cumprimento dessas normas pode resultar em multas, penalidades e até mesmo na
interdição das atividades da empresa.

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No Brasil, a segurança do trabalho em serviços de saúde é estabelecida pelos seguintes


documentos:

NR Norma Regulamentadora 32 (NR-32)


Trata da segurança e saúde no trabalho em
32 estabelecimentos de assistência à saúde (BRASIL, 2005).

NR Norma Regulamentadora 01 (NR-01)


Trata do Programa de Gerenciamento de Risco
01 Ocupacional (PGRO) (BRASIL, 1978b).

NR Norma Regulamentadora 07 (NR-07)


Trata do Programa de Controle Médico e Saúde
07 Ocupacional (PCMSO) (BRASIL, 1978a)

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NR
32

A Norma Regulamentadora 32 (NR-32) foi instituída pela Portaria nº 485/2005, do


Ministério do Trabalho e Emprego e é uma norma de segurança e saúde no trabalho que
estabelece diretrizes específicas para garantir a proteção dos trabalhadores que atuam
em estabelecimentos de assistência à saúde, como hospitais, clínicas, laboratórios e
outras unidades de saúde.
A RN-32 aborda os seguintes pontos relacionados aos fatores de risco em ambientes
de serviços de saúde:
Proteção contra os riscos biológicos, em razão do elevado grau de exposição dos
trabalhadores da saúde a estes agentes, que incluem: bactérias, vírus, fungos e parasitas,
presentes em materiais biológicos, pacientes, ambientes hospitalares, entre outros.

A norma estabelece medidas para prevenção da exposição a esses agentes, como:

1. A adoção de precauções padrão, tais como higienização das mãos e limpeza e


desinfecção de superfícies;
2. O uso de equipamentos de proteção individual (EPIs);
3. A correta identificação e segregação de resíduos biológicos;
4. Treinamentos e capacitações específicas para os trabalhadores.

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A NR-32 também trata da proteção contra os riscos químicos, uma vez que os
trabalhadores da saúde estão expostos a substâncias químicas utilizadas na limpeza,
desinfecção, esterilização e no próprio tratamento de pacientes. A norma estabelece
medidas para a correta manipulação, armazenamento e descarte dessas substâncias,
bem como a disponibilização de informações sobre os riscos associados e a capacitação
dos trabalhadores quanto ao seu uso seguro.

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A ergonomia também é um ponto na NR-32, uma vez que os trabalhadores da saúde


estão expostos a condições de trabalho que podem causar lesões musculoesqueléticas,
como o transporte de pacientes, movimentação de cargas e posturas inadequadas.
A NR-32 também trata de outros aspectos importantes, como a prevenção de acidentes,
o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde, a promoção da saúde mental dos
trabalhadores e a obrigatoriedade de elaboração de um programa de prevenção de
riscos ocupacionais (PPRA) específico para os estabelecimentos de assistênciaà saúde.

11 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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??
SAÚDE OCUPACIONAL

?
Quais medidas de precaução você
poderia adotar para minimizar a
exposição a agentes de risco?

Resposta: higienização das mãos,


uso de EPIs, descarte adequado
de materiais contaminados, prática
segura de manuseio de material
perfurocortante, além de educação
continuada em segurança do
trabalho em serviços de saúde.

12 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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SAÚDE OCUPACIONAL

NR
01

A Norma Regulamentadora 01 (NR-01) estabelece diretrizes para a elaboração e


implementação do Programa de Gerenciamento de Risco Ocupacional (PGR) nas
empresas.

A NR-01 tem como objetivos identificar, avaliar, controlar e monitorar os riscos


ocupacionais e ambientais presentes nos ambientes de trabalho, visando garantir a
segurança, a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, bem como prevenir acidentes e
doenças ocupacionais.

Para isso, o PGR estabelece


ações integradas de
gestão, englobando: 1. IDENTIFICAÇÃO
1. A identificação e
avaliação dos riscos;
2. A adoção de medidas 2. CONTROLE
de controle;
3. A definição de 5. REVISÃO
responsabilidades;
4. A capacitação
dos trabalhadores;
5. O monitoramento
e a revisão periódica
do programa. 4. CAPACITAÇÃO 3. RESPONSABILIDADE

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SAÚDE OCUPACIONAL

A primeira etapa do PGR é a identificação e avaliação dos riscos, que consiste em


identificar os perigos e riscos presentes nos ambientes de trabalho, seja ele físico,
químico, biológico, ergonômico ou de acidentes; essa etapa é fundamental para definir
as prioridades de ação e a necessidade de medidas de controle.
Com base na identificação e avaliação dos riscos, o PGR deve estabelecer medidas
de controle adequadas, de forma a minimizar ou eliminar os riscos identificados.
Essas medidas podem incluir a adoção de equipamentos de proteção coletiva (EPCs),
como ventilação adequada, sinalizações, entre outros, e equipamentos de proteção
individual (EPIs) (Figura 1), quando necessário, além de procedimentos operacionais e
treinamentos específicos para os trabalhadores.

14 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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A definição de responsabilidades também é uma parte importante do PGR, uma vez que
é necessário estabelecer claramente quem são os responsáveis pela implementação e
monitoramento das medidas de controle, bem como as atribuições dos trabalhadores
e gestores em relação à gestão de riscos ocupacionais.
A capacitação dos trabalhadores é outro aspecto relevante do PGR. Os trabalhadores
devem ser treinados e orientados sobre os riscos ocupacionais presentes em seu
ambiente de trabalho, bem como as medidas de controle adotadas e as ações a serem
tomadas em caso de emergência. A capacitação deve ser contínua e abranger todos
os trabalhadores expostos aos riscos, de forma a garantir que eles estejam aptos a agir
de forma segura em seu ambiente de trabalho.
O monitoramento e a revisão periódica do PGR são fundamentais para avaliar a eficácia
das medidas de controle adotadas, identificar novos riscos que possam surgir, corrigir
eventuais falhas e garantir a melhoria contínua da gestão de riscos na empresa. É
importante que o PGR seja revisado sempre que houver mudanças significativas.
O gestor pode implementar uma política de gerenciamento dos riscos, visando
estabelecer as barreiras de contenção nos ambientes laborais.

Como isso pode ser feito?


Através da disponibilização e/ou adoção de:

1. Equipamento de Proteção Individual (EPI);


2. Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC);
3. Higienização das mãos (HM);
4. Protocolos de Higiene e Limpeza;
5. Boas práticas de trabalho;
6. Adequação arquitetônica;
7. Vacinação;
8. Mapas de Riscos;
9. Compromisso ético e profissional;
10. Controle de pragas e vetores;

??
11. Protocolos de Operacionais Padrões (POPs);
12. Gerenciamento de Resíduos Sólidos;

?
13. Adoção de checklists;
14. Educação continuada

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A partir do momento em que é feita a notificação da ocorrência de um acidente


ocupacional (incluindo também acidentes de trajeto), a empresa deve comunicar o
incidente ao INSS até o dia útil seguinte na forma de uma “Comunicação de Acidente
e Trabalho” (CAT). Se o acidente resultar em morte, a comunicação deve ser imediata.
Caso a empresa não cumpra com esta obrigação, o CAT pode ser registrado pelo próprio
trabalhador(a); por dependentes do(a) empregado(a); entidades sindicais; médicos(a)
ou por autoridades públicas. Para isso, deve-se preencher o formulário correspondente
ao tipo de CAT, disponível no aplicativo “Meu INSS” ou via contato telefônico pelo
número 135.

Documentação obrigatória para todos os casos de acidente ocupacional:


Informações do empregador (Razão social ou nome, tipo e número do documento,
CNAE, Endereço, CEP e telefone);
Informações do empregado acidentado (dados pessoais, salário, número da carteira
de trabalho, RG, CPF, NIT/PIS/PASEP, endereço, CEP, telefone, CBO e área);
Dados sobre o acidente;
Dados sobre ocorrência policial, se houver;
Dados sobre o atendimento emergencial e médico recebido;
Dados médicos referente ao acidente.

A CAT deve ser impressa em 4 vias e entregue:


1ª via ao INSS;
2ª via ao segurado ou dependente.

16 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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NR
07

A Norma Regulamentadora 7 (NR-7) é uma norma do Ministério do Trabalho que


estabelece diretrizes para a implementação do Programa de Controle Médico e Saúde
Ocupacional (PCMSO) nas empresas.

Tem como objetivo promover a prevenção, monitoramento e controle da saúde dos


trabalhadores, com foco na detecção precoce de doenças relacionadas ao trabalho e na
promoção do ambiente de trabalho saudável.

17 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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SAÚDE OCUPACIONAL

Uma das principais obrigações do PCMSO é a realização dos exames médicos


ocupacionais, que são divididos em três categorias: admissional, periódico e demissional.

1. O exame médico admissional é realizado antes do trabalhador assumir suas atividades,


com o objetivo de avaliar sua aptidão para o trabalho e identificar possíveis doenças ou
condições de saúde preexistentes que possam ser agravadas pelas atividades laborais.
2. O exame médico periódico é realizado periodicamente ao longo do contrato
de trabalho, com o objetivo de acompanhar a saúde dos trabalhadores e detectar
precocemente possíveis alterações relacionadas ao trabalho.
3. O exame médico demissional é realizado quando o trabalhador é desligado da
empresa, com o objetivo de verificar sua aptidão para o trabalho e identificar possíveis
doenças ou lesões ocupacionais.

É fundamental que as empresas cumpram rigorosamente as obrigações previstas na


NR-07, garantindo a implementação adequada do PCMSO, a fim de proteger a saúde
e a segurança dos trabalhadores, prevenir doenças relacionadas ao trabalho e cumprir
com as exigências legais.
A falta de cumprimento das obrigações do PCMSO pode acarretar em penalidades
e responsabilidades legais para a empresa, além de expor os trabalhadores a riscos
desnecessários à sua saúde ocupacional.
Agora que entendemos como se dá a regulamentação da garantia da saúde e bem-
estar do trabalhador da área da saúde, vamos conhecer os principais tipos de risco aos
quais esses agentes estão sujeitos.

18 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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SAÚDE OCUPACIONAL

2. QUÍMICOS 4. ERGONÔMICOS

1. FÍSICOS 3. BIOLÓGICOS 5. ACIDENTES

Os riscos ocupacionais podem ser classificados em cinco grupos, identificados por


cores, conforme quadro abaixo:
Grupo 1 - Riscos físicos
São agentes ambientais que imprimem algum tipo de impacto ao organismo humano
em forma de energia, que são absorvidos por meios físicos. Incluem: ruídos, vibrações,
radiações ionizantes, frio, calor, pressões anormais e umidade.
Grupo 2 - Riscos químicos
São agentes ambientais que podem ser absorvidos pelo organismo por meio da inalação,
ingestão e pelo contato (sendo absorvido pela pele e mucosas). Nesse grupo temos
como exemplo poeira, fumo, névoas, neblinas, gases, vapores e produtos químicos que
podem prejudicar a saúde do profissional.
Grupo 3 -Riscos biológicos
Compreendem os materiais biológicos que podem conter agente infeccioso com risco
potencial à saúde humana e abrangem amostras provenientes de seres vivos, tais como
plantas, bactérias, fungos, parasitas, animais e seres humanos (sangue, urina, escarro,
peças cirúrgicas, biópsias, entre outras).
Grupo 4 - Riscos ergonômicos
Compreendem os riscos que proporcionam desconforto físico ou doença ao profissional
e que podem afetar a sua integridade física ou mental (psicológica). Nesse grupo
encontram-se esforço físico, levantamento e transporte de peso excessivos, exigência
de postura inadequada, controle rígido de produtividade, trabalho noturno, jornadas
de trabalho extensas, monotonia e repetitividade, entre outras situações que se ligam
ao estresse físico ou psicológico do profissional.
Grupo 5 - Riscos de acidente
Compreendem arranjo físico inadequado, operação de máquinas e equipamentos sem
proteção, ferramentas inapropriadas, iluminação incorreta, eletricidade, probabilidade
de incêndio ou explosão e armazenamento inadequado.
(Fonte: BRASIL, 1978c; 1978d; 2017; RIBEIRO et al., 2017; SILVA et al., 2018)

A fim de se evitar acidentes de natureza ocupacional decorrentes da exposição


aos fatores de risco descritos acima, medidas de prevenção devem ser adotadas
no ambiente ocupacional.

19 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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SAÚDE OCUPACIONAL

As doenças ocupacionais, também conhecidas como doenças relacionadas ao trabalho,


são condições de saúde causadas ou agravadas pelo ambiente de trabalho ou pelas
atividades laborais. São resultado de exposição a agentes nocivos presentes no
ambiente de trabalho, como substâncias químicas, agentes biológicos, ruído, vibração,
calor, frio, radiação, esforço físico excessivo, posturas inadequadas, entre outros fatores
(BRASIL, 2001; 2004; 2006).

20 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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Algumas das principais doenças ocupacionais incluem (BRASIL, 2001; 2004; 2006):

Distúrbios psicossociais: podem ocorrer em decorrência Perda auditiva ocupacional:


do estresse crônico, carga excessiva de trabalho, são causados pela exposição
pressão emocional, assédio moral ou sexual, violência contínua a altos níveis
no trabalho, entre outros fatores, e podem resultar em de ruído no ambiente de
condições como ansiedade, depressão, Síndrome de trabalho, levando a perda
burnout, entre outros. auditiva permanente.

Doenças respiratórias: são


Lesões musculoesqueléticas: causadas pela exposição
são causadas por esforço a substâncias químicas e
físico repetitivo, posturas agentes irritantes presentes
inadequadas, levantamento no ar do ambiente de
de cargas pesadas e trabalho, como poeiras,
outras atividades laborais fumos metálicos, vapores
que afetam o sistema químicos, entre outros.
musculoesquelético, levando Exemplos de doenças
a condições como tendinite, respiratórias ocupacionais
bursite, síndrome do túnel do incluem asma ocupacional,
carpo, entre outras. bronquite crônica, dentre
outras.

Doenças infecciosas: são


causadas pela exposição Intoxicações químicas: resultam da exposição a
a agentes biológicos no
ambiente de trabalho, como substâncias químicas tóxicas presentes no ambiente
vírus, bactérias, fungos, de trabalho, como solventes, pesticidas, metais
parasitas, muito presentes pesados, entre outros. Essas substâncias podem ser
em estabelecimentos de absorvidas pela pele, inaladas ou ingeridas, levando
saúde. Exemplos de doenças a intoxicações agudas ou crônicas, que podem
infecciosas ocupacionais afetar órgãos como o fígado, rins, órgãos do sistema
incluem hepatites virais e nervoso, dentre outros.
tuberculose.

21 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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SAÚDE OCUPACIONAL

É importante destacar que muitas doenças ocupacionais podem ser prevenidas


por meio da adoção de medidas de saúde e segurança no trabalho, como o uso de
equipamentos de proteção individual (EPIs), adequação ergonômica dos postos de
trabalho, controle de substâncias nocivas, programas de treinamento e conscientização
dos trabalhadores, dentre outras ações.
A seguir, vamos conhecer melhor sobre as doenças ocupacionais causadas pela
exposição a diferentes fatores de risco.

22 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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Os riscos biológicos são uma categoria de riscos ocupacionais relacionados à exposição


de trabalhadores a microrganismos, como bactérias, vírus, fungos, vermes, protozoários
e ácaros, que podem causar doenças e infecções.
A exposição a riscos biológicos pode ocorrer de diversas formas, como pela inalação
de aerossóis contendo microrganismos, contato com pele ou mucosas, ingestão de
alimentos ou água contaminados, manipulação de materiais infectados, entre outros.
A transmissão dos microrganismos pode ocorrer tanto diretamente, de pessoa para
pessoa, quanto indiretamente, através de superfícies contaminadas, objetos ou vetores.

23 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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SAÚDE OCUPACIONAL

Nesse sentido, as doenças ocupacionais relacionadas à exposição aos riscos biológicos,


tais como bactérias, vírus, fungos, parasitas, entre outros, entre profissionais de
enfermagem incluem:

Infecções respiratórias: a exposição a agentes biológicos, como vírus e bactérias,


presentes no ar pode levar ao desenvolvimento de infecções respiratórias, tais como
pneumonia, bronquite, tuberculose e gripe.
Infecções cutâneas: a exposição a agentes biológicos presentes na pele, como
bactérias e fungos, pode causar dermatites, eczemas e micoses.
Hepatites virais: a exposição a vírus causadores de hepatites, como o vírus da
hepatite B (HBV) e o vírus da hepatite C (HCV), gera risco de desenvolvimento de
doenças hepáticas crônicas, como cirrose hepática e câncer de fígado.
Infecções por agulhas e objetos cortantes: a exposição a agulhas e objetos cortantes,
bastante comum na prática da enfermagem, pode levar ao surgimento de infecções
por patógenos transmitidos pelo sangue, como o vírus da imunodeficiência humana
(HIV), hepatite B e hepatite C, em caso de acidentes com esses objetos.

Assim, para prevenir a exposição a riscos biológicos, devem-se adotar medidas de


controle, como a identificação dos riscos biológicos presentes no ambiente de trabalho
por meio de análise de risco, implementação de medidas de higiene e limpeza, adoção
de práticas de higiene pessoal, uso de EPIs adequados, treinamento e capacitação
dos trabalhadores, monitoramento da saúde dos trabalhadores expostos e adoção de
medidas de biossegurança, respeitando-se as normas e regulamentações aplicáveis,
como a NR-32.

24 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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SAÚDE OCUPACIONAL

As dermatoses ocupacionais são doenças que afetam a pele dos trabalhadores e estão
relacionadas à exposição a riscos biológicos, incluindo bactérias, vírus, fungos, ácaros,
entre outros micro-organismos presentes no ambiente de trabalho.
Tais condições podem se manifestar de diferentes formas na pele, dependendo do
tipo de agente biológico envolvido e do modo de exposição. Algumas das principais
dermatoses ocupacionais relacionadas à exposição aos riscos biológicos incluem:

Dermatite de contato: é uma inflamação da pele causada pelo contato direto com
substâncias biológicas, como bactérias, fungos, vírus ou seus produtos, presentes
no ambiente de trabalho. Pode se manifestar como erupções cutâneas, vermelhidão,
coceira, descamação e formação de vesículas ou bolhas na pele exposta.
Infecções cutâneas: podem ser foliculite, furúnculos, impetigo, entre outros. Essas
infecções podem ocorrer quando há ferimentos na pele ou quando os micro-
organismos penetram nos folículos pilosos.
Micoses ocupacionais: são infecções fúngicas da pele causadas pela exposição a
fungos presentes no ambiente de trabalho, como dermatófitos. Podem se manifestar
como lesões cutâneas, como o pé de atleta, ou como infecções nas unhas, como a
onicomicose.
Escabiose: também conhecida como sarna, é uma infestação da pele causada pelo
ácaro Sarcoptes scabiei. A exposição a esse ácaro pode ocorrer em ambientes de
trabalho onde há contato direto com pessoas infestadas, como hospitais e lares de
idosos.
Dermatose infecciosa viral: a exposição a vírus, como o herpes simplex ou o vírus da
hepatite B, pode causar dermatoses ocupacionais virais, como a herpes ocupacional
ou a dermatite de contato viral.

25 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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Os riscos físicos são fatores presentes no ambiente de trabalho que podem causar danos
à saúde dos trabalhadores. Alguns exemplos de doenças ocupacionais relacionadas
aos riscos físicos incluem:

Perda auditiva induzida por ruído (PAIR): é uma das doenças ocupacionais mais
comuns relacionadas aos riscos físicos. A exposição constante a níveis elevados
de ruído no ambiente de trabalho pode causar danos permanentes à audição,
resultando em perda auditiva irreversível ao longo do tempo. Configura-se como
uma perda auditiva do tipo neurossensorial, geralmente bilateral.
Lesões musculoesqueléticas: a exposição a riscos físicos, como levantamento de
cargas pesadas, movimentos repetitivos, posturas inadequadas e vibrações, pode
causar lesões musculoesqueléticas, como tendinite, bursite, síndrome do túnel do
carpo e outras condições que afetam os músculos, tendões, articulações e ossos.
Queimaduras: a exposição a fontes de calor intenso, como fornos, soldagem ou
trabalhos em ambientes quentes, pode resultar em queimaduras ocupacionais, que
podem variar de leves a graves, dependendo do grau de exposição e da gravidade
do acidente.
Lesões por frio: a exposição a ambientes frios, como trabalhos em câmaras frias
ou em ambientes externos frios, pode causar lesões por frio, como hipotermia,
congelamento de tecidos e outros problemas de saúde relacionados ao frio.
Lesões por calor: a exposição a ambientes quentes pode causar lesões por calor,
como insolação, exaustão por calor, queimaduras por calor e outros problemas de
saúde relacionados ao calor.
Radiação ionizante: a exposição à radiação ionizante, presente em setores como
medicina nuclear, radiologia e indústria nuclear, pode causar danos ao DNA das
células, resultando em riscos de câncer, anemia, danos ao sistema reprodutivo e
outros efeitos negativos à saúde.

26 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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A exposição a substâncias químicas tóxicas ou irritantes no ambiente de trabalho pode


levar ao desenvolvimento de doenças ocupacionais, tais como:

Intoxicação: decorrente da exposição a metais pesados, solventes, pesticidas, gases


venenosos e outras substâncias químicas nocivas, podendo variar de leves a graves,
dependendo da substância e do nível de exposição. As intoxicações podem afetar
vários órgãos, como os pulmões, fígado, rins e órgãos do sistema nervoso central,
resultando em sintomas como náuseas, vômitos, tonturas, irritações na pele e olhos,
dores de cabeça, problemas respiratórios, dentre outros.
Dermatites: a exposição a substâncias químicas irritantes ou sensibilizantes na pele
pode levar ao desenvolvimento de inflamações da pele, resultando em sintomas
como vermelhidão, coceira, inchaço, descamação da pele e outras manifestações
cutâneas.
Asma: pode ser causada pela exposição a substâncias químicas irritantes ou
sensibilizantes suspensas no ar. Trata-se de uma condição respiratória que causa
inflamação e estreitamento das vias aéreas, resultando em sintomas como falta de
ar, tosse e chiado no peito.

27 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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As lesões por esforços repetitivos (LER), também conhecidas como Distúrbios


Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), são condições de saúde que
afetam os músculos, tendões, nervos e outras estruturas musculoesqueléticas. As
LER são causadas pela repetição contínua de movimentos, posturas inadequadas,
sobrecarga física e outros fatores relacionados ao trabalho.
Tais condições podem afetar várias partes do corpo, como as mãos, punhos, braços,
ombros, pescoço, costas e outras regiões musculoesqueléticas. Alguns exemplos
de LER incluem a síndrome do túnel do carpo, tendinite, bursite e síndrome do
desfiladeiro torácico.
Os sintomas das LER podem variar de leves a graves e podem incluir dor,
sensibilidade, inchaço, formigamento, fraqueza muscular, rigidez, diminuição da
amplitude de movimento e outros sintomas relacionados.

28 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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Algumas medidas de prevenção ao surgimento de LER incluem:

Ergonomia: garantir que os postos de trabalho sejam projetados


ergonomicamente, com mobiliário e equipamentos adequados para reduzir o
estresse nos músculos e articulações.

Rodízio de tarefas: implementar o rodízio de tarefas para evitar a repetição


excessiva de movimentos e posturas inadequadas.

Pausas regulares: permitir pausas regulares para descanso e recuperação muscular


durante o trabalho.

Treinamento: fornecer treinamento adequado aos trabalhadores sobre a


importância da ergonomia, posturas corretas, uso adequado de ferramentas e
equipamentos, e práticas de trabalho seguras.

Equipamentos adequados: fornecer ferramentas e equipamentos adequados, com


ajustes ergonômicos, quando necessário.

Programas de exercícios e alongamentos: Implementar programas de exercícios


e alongamentos para fortalecer os músculos, melhorar a flexibilidade e prevenir
lesões.

Avaliação e controle de riscos: realizar avaliações regulares de riscos ocupacionais


e implementar medidas de controle adequadas para reduzir a exposição a
movimentos repetitivos, posturas inadequadas e outras causas potenciais de LER.

Mesmo com todas as medidas de prevenção adotadas, segundo estabelecido pelas


normas regulamentadoras, acidentes ocupacionais podem acontecer. O que fazer
nessa situação? Vamos aprender como aplicar os primeiros socorros nesse tipo de
situação.

29 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM
??
SAÚDE OCUPACIONAL

?
Vamos praticar um pouco?

Associe as informações
da coluna A com as que
constam na coluna B

COLUNA A
(1) Risco que pode causar lesões
físicas, como quedas, cortes
ou queimaduras.
(2) Tipo de doença ocupacional
causada pela exposição excessiva a
ruídos no ambiente de trabalho.
(3) Risco que pode causar doenças
respiratórias, como a asma ocupacional.
(4) Doença ocupacional que afeta as
articulações e pode ser causada
por esforço repetitivo.
(5) Risco que pode causar acidentes
de trabalho, como choques elétricos
e queimaduras.
(6) Tipo de doença ocupacional causada
pela exposição a substâncias químicas
nocivas no ambiente de trabalho.
(7) Doença ocupacional que afeta a
visão e pode ser causada por
ongas horas de trabalho em frente
a telas de computador. COLUNA B
(8) Risco que pode causar problemas de Ergonomia ( )
saúde mental, como estresse, ansiedade Poeiras ( )
e depressão. LER - Lesão por ( )
(9) Doença ocupacional que afeta o Esforço Repetitivo ( )
sistema respiratório e pode ser causada Intoxicação ( )
pela inalação de poeiras e agentes Perda auditiva ( )
sensibilizantes. Acidentes ( )
(10) Risco que pode causar problemas Fadiga visual ( )
musculoesqueléticos, como dores Estresse ( )
nas costas e lesões por Asma ( )
esforço repetitivo. Eletricidade ( )

30 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM
SAÚDE OCUPACIONAL

Os primeiros socorros são procedimentos de emergência realizados em situações


de acidente no local de trabalho para fornecer cuidados imediatos a um trabalhador
que sofreu uma lesão ou doença relacionada à sua ocupação. É importante que
os empregadores e trabalhadores estejam bem treinados em primeiros socorros
ocupacionais para poderem responder rapidamente a emergências e prestar assistência
adequada. As etapas dos primeiros socorros comuns incluem:

1. Avaliação da situação: a primeira etapa em qualquer emergência é avaliar a situação


para garantir a segurança do trabalhador e dos socorristas. É importante identificar
quaisquer riscos adicionais, como riscos químicos, riscos elétricos ou riscos de
queda; caso verifique que a cena está sem exposição a esses agentes, o socorrista
poderá se aproximar da vítima e verificar seu estado para então prosseguir com
os primeiros socorros.

2. Chamar ajuda: em seguida, é importante acionar suporte básico ou avançado de vida


imediatamente, seja pelo serviço de emergência, como o SAMU, pelo serviço médico
da empresa ou pelos bombeiros, principalmente se envolver substâncias químicas,
máquinas ou vítima presa em algum equipamento. Deve-se fornecer informações
claras e precisas sobre a situação, localização e condição do trabalhador.

3. Prestar atendimento básico: dependendo da natureza da lesão ou doença, é possível


fornecer atendimento básico no local de trabalho até a chegada de socorristas. Isso
pode incluir ações como controlar sangramentos, imobilizar fraturas, aplicar RCP
(reanimação cardiopulmonar) em caso de parada cardiorrespiratória, e outras medidas
de emergência. Em caso de situações de acidente, como quedas, deve-se tranquilizar
a vítima e realizar a imobilização com uso de talas e ataduras até que o serviço de
emergência chegue ao local.

31 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM
SAÚDE OCUPACIONAL

4. Utilizar EPIs: ao prestar primeiros socorros ocupacionais, é importante proteger a si


mesmo usando EPIs adequados, como luvas, máscaras, óculos de proteção, aventais,
etc., para evitar a exposição a riscos biológicos, químicos ou outros riscos presentes
no ambiente de trabalho.

5. Registrar e relatar o incidente: é importante registrar e relatar qualquer incidente


de trabalho que resulte em lesão ou doença, independentemente da gravidade. Isso
pode ser feito por meio do preenchimento de formulários de registro de acidentes e
incidentes, que podem ser usados para identificar medidas de prevenção de acidentes
futuros.

6. Encaminhar para atendimento médico adequado: dependendo da gravidade da lesão


ou doença, pode ser necessário encaminhar o trabalhador para atendimento médico
adequado, como um médico do trabalho, hospital ou centro de saúde ocupacional, ,
para uma melhor avaliação e tratamento.

32 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM
SAÚDE OCUPACIONAL

O que fazer no caso de acidentes com material biológico?


1. Mantenha a calma;
2. Lavar exaustivamente com água e sabão o ferimento ou pele exposta ao
material biológico. No caso de exposição de mucosas, a lavagem deve ser feita
com soro fisiológico ou água em abundância;
3. Não estimular maior sangramento da área ferida nem aumentar a área lesada,
pois esse procedimento pode potencializar a exposição ao material infectante;
4. Utilizar antissépticos tópicos como PVPI e álcool 70%. Não se deve utilizar
hipoclorito de sódio, éter ou injeção de antissépticos;
5. Buscar o histórico de saúde do paciente e verificar se estava vacinado e se
apresenta sorologia positiva para alguma doença infectocontagiosa;
6. Encaminhar o profissional acidentado ao serviço especializado de saúde, a fim
de avaliar a necessidade de profilaxia antirretroviral (HBV e HIV) e imunização
contra o tétano.

33 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM
SAÚDE OCUPACIONAL

No caso de acidentes com exposição da pele:


1. Lavar com água corrente todas as áreas do corpo
afetadas por 15 a 20 minutos;
2. Siga as orientações contidas na Ficha de Informações
de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) para
verificar o procedimento de limpeza e neutralização
do reagente em questão;
3. Encaminhar o acidentado ao hospital em caso de
dano à pele ou se as orientações da FISPQ recomendar.

No caso de acidentes com exposição dos olhos:


1. Lavar os olhos durante 15 a 20 minutos em água
corrente mantendo-os abertos durante a lavagem;
2. Procurar atendimento médico de emergência em
caso de exposição dos olhos a materiais perigosos.

No caso de acidentes por ingestão de produtos


químicos:
1. Bochechar com água, sem ingerir, se a contaminação
for apenas bucal;
2. Quando há ingestão de soluções, pode-se provocar
o vômito a partir da excitação mecânica da garganta.
Em alguns casos, o vômito não deve ser provocado,
como nas intoxicações em consequência da ingestão
de substâncias cáusticas e derivados de petróleo;
3. Jamais provocar vômitos se o acidentado estiver
desacordado;
4. Se os lábios ou a boca estiverem queimados, resfrie-
os com água fria;
5. Mantenha-se atento com a respiração da vítima;
6. Providenciar assistência médica imediata, levando
junto o recipiente original do produto e a Ficha de
Informação da Segurança de Produtos Químicos
(FISPQ);

34 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM
SAÚDE OCUPACIONAL

A vacinação é outra conduta importante para a redução de morbidade e mortalidade


causadas por agentes infecciosos de doenças que podem ser evitadas pela prática
da imunização. A NR-32 trata da vacinação de trabalhadores dos serviços de saúde e
também de trabalhadores potencialmente expostos a agentes biológicos de risco. A
NR-32 descreve que a vacinação dos trabalhadores deve seguir as recomendações do
Ministério da Saúde e ser oferecida gratuitamente. A figura 1 a seguir destaca as vacinas
recomendadas a todos os profissionais que trabalham em instituições geradoras de
saúde, seja na assistência ou em caráter administrativo, enquanto a figura 2 destaca
as vacinas recomendadas a profissionais de grupos específicos (BRAVO et al., 2018;
GOMES et al., 2007).

Figura 1 - Vacinas recomendadas a todos os profissionais de estabelecimentos de saúde.

Vacinas recomendadas para profissionais


de instituições de saúde

Vacina contra Vacina contra Vacina Tríplice Vacina contra


Hapatite B Tétano/ Viral (Sarampo, Influenza
Difiteria Cachuma e
Rubéola)
3 doses
1 dose a cada 2 doses após 1 Dose única
(0, 1 e 6 anual
10 anos ano de vida
meses)

Fonte: Baseado em BRAVO et. al., 2018; GOMES et. al., 2007)

35 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM
SAÚDE OCUPACIONAL

Figura 2 - Vacinas recomendadas para grupos específicos de trabalhadores

Vacinas recomendadas para


grupos específicos

Vacina contra Vacina contra Vacina Tcontra Vacina


Hapatite A Varicela Pertussis Pneumocócica
23v

Trabalhadores Trabalhadores Trabalhadores


da nutrição, que prestam da área de
área pediátrica assistência neonatologia, Profissionais
e em grupo a pacientes pediatria e acima de 60
de risco imunodepri- assistência anos ou em
individual. midos a pacientes grupo de risco.
com doenças
2 doess 2 doess (0, 1
respiratórias
(0 e 6 meses) a 2 meses)
crônicas.

Fonte: Baseado em BRAVO et. al., 2018; GOMES et. al., 2007)

36 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM
SAÚDE OCUPACIONAL

REFERÊNCIAS

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Estratégicas. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. 40p. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_perda_auditiva.pdf. Acesso
em: 10 mai. 2023.
BRASIL. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei No. 6.514, de 22 de dezembro de
1977, 1977. Altera o Capítulo V do Titulo II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo a
segurança e medicina do trabalho e dá outras providências. Disponível em: https://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm#:~:text=de%20Prote%C3%A7%C3%A3o%20
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BRASIL. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei No. 8.213, de 24 de julho
de 1991, 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá
outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l8213compilado.htm. Acesso em: 12 mai. 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde do Brasil. Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil.
Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de
saúde/Ministério da Saúde do Brasil, Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil;
organizado por Elizabeth Costa Dias; colaboradores Idelberto Muniz Almeida et al. –
Brasília/DF, 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de saúde do(a) trabalhador(a). Brasília/
DF, 2004. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_
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Departamento do Complexo Industrial e Inovação em Saúde. Classificação de risco dos
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gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais. Portaria MTb no. 3.214, de 08 de
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37 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM
SAÚDE OCUPACIONAL

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Serviço de Saúde. Portaria MTb no. 485, de 11 de novembro de 2005, 2005. Disponível em:
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RIBEIRO, A. L. C. et al. Manual de Biossegurança. Vitória: Laboratório Central de Saúde
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SILVA, C. R. P. et al. Manual de Biossegurança: Medicina. Centro Universitário CESMAC,
2018, 103p.

38 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM
SAÚDE OCUPACIONAL

‘‘
A vida sem ciência é uma
espécie de morte.

Sócrates (470 - 399 a.C.)

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