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PROJETO DE LEI N°, DE 2020

Do Sr. Thiago Rocha dos Santos

Determina a obrigatoriedade da
implementação de políticas de consumo
consciente e racional da energia elétrica nas escolas
públicas de ensino básico de todo o Brasil.

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1° Esta lei instaura medidas para que as instituições públicas de ensino básico façam o uso
consciente e racional da energia elétrica de modo que de forma alguma seja reduzida a
qualidade do processo de ensino e aprendizagem em seus espaços.

Parágrafo único. Entende-se, para efeito desta lei, como medidas que devem serem aplicadas
para redução dos gastos com eletricidade, as seguintes ações:

I - substituição das luminárias fluorescentes por lâmpadas de LEDs com luminosidade


equivalente;

II - substituição de equipamentos como televisores, fogões e geladeiras de demanda saturada


por modelos atuais mais eficientes de acordo com o Programa Nacional de Conservação de
Energia Elétrica (PROCEL):

a) considera-se como equipamento de demanda saturada todos aqueles que exigem


quantidade de eletricidade significativa acima da qual não se esperam mais em novas
aquisições de respectivos dispositivos atuais similares.

III - substituição de ventiladores, ares-condicionados e lâmpadas por modelos padronizados


com alto nível de eficiência segundo o PROCEL;

IV - construir janelas com filtros que permitam a entrada de luz solar e impeçam a entrada de
radiações que esquentem o ambiente;

V - instalar sensores de movimento nos ambientes bastante frequentados;

VI - pintar as paredes dos ambientes de cores claras;

VII – utilizar azulejos claros nas paredes;

VIII - forrar o teto dos ambientes com PVC branco ou material similar;

IX - implementação de campanhas que conscientize todo o corpo discente sobre a importância


do insumo energético;

X – Fixar cartazes de conscientização sobre o consumo de energia elétrica em pontos


estratégicos para que os alunos sejam informados sobre a importância do uso racional da
eletricidade;
XI - criação de comissão técnica para realizar vistorias periódicas nas instalações elétricas e
equipamentos que demandam energia elétrica e realizar manutenções quando necessário.

Art. 2° Deve-se catalogar em cada escola pública individualmente todos os dispositivos que
fazem o uso de eletricidade para o seu funcionamento, afim de prever a efetividade de tais
medidas em cada caso particular.

§ 1° Nessa catalogação deve constar as seguintes informações:

I - quantidade de aparelhos por categoria;

II – tempo médio mensal de uso dos aparelhos;

III - classificação da eficiência energética de cada dispositivo de acordo com o PROCEL;

IV – gasto energético mensal em Quilowatts;

V – demanda esperada por categoria de aparelhos, calculada em Quilowatts, caso estivessem


sendo utilizados dispositivos atuais e eficientes.

§ 2° Com base nesses dados devem serem tomadas as medidas descritas no Parágrafo único,
Art. 1, que particularmente apresentem melhoras significativas no uso eficiente da energia
elétrica.

Art. 3° A substituição dos dispositivos deve ocorrer de forma gradativa na ordem dos que
apresentam melhor relação entre custo e benefício.

Art. 4° Medidas adicionais e eficientes para otimizar o uso de energia elétrica podem serem
tomadas de acordo com a particularidade de cada ambiente escolar.

Art. 5° As alterações devem serem regularizadas em conformidade com as exigências de


iluminância mínima dispostas na Normas Brasileiras de iluminação de interiores (NBR ISO
8995-1) para que nenhum dos frequentadores dos ambientes sejam prejudicados.

Art. 6° Cabe ao Ministério da Educação Ministério da Educação garantir a execução desta lei.

§ 1° O Ministério da Educação também é responsável pela garantia da contratação de


profissionais essenciais como engenheiros e eletricistas.

§ 2° Cabe ao Ministério da Educação acompanhar o progresso do projeto através de relatórios


emitidos pelas escolas.

Art. 7° As despesas decorrentes da execução desta lei correrão à conta de dotações


orçamentárias próprias.

Art. 8° O Ministério da Educação disporá de um prazo de 7 (sete) anos para otimizar o uso da
energia elétrica em todas as escolas públicas de ensino básico do Brasil a contar da data de
publicação desta lei.

Art. 9° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.

JUSTIFICATIVA
Devido a crescente dependência humana de mecanismos e dispositivos que exigem
energia elétrica é natural que cada vez mais a sociedade demande mais desse insumo.
Contudo, a sociedade necessita de uma conscientização urgente sobre o uso da eletricidade.
Muito se fala sobre o desperdício de água, enquanto o uso consciente dos recursos energéticos
muitas vezes fica de fora dos debates. Porém, é urgente a necessidade de cada vez mais
intensificar as discussões a respeito desta problemática que causam impactos ambientais
devastadores.

Toda forma de produção de energia é, em menor ou maior grau, destrutiva para o


meio ambiente. Uma das formas mais conhecidas de geração de energia é através das
hidroelétricas. Esse meio de obtenção de energia causa impactos sociais e ambientais severos
para com as populações de animais que vivem e viviam nos lugares inundados para a
construção das represas que ali gera a eletricidade. Além do mais os impactos também se
estendem pela fauna local. Até fontes de energias tidas como limpas causam adversidades, seja
poluição visual, seja poluição sonora ou seja problemas locais para fauna e flora. Com isso fica
evidente que uma das maneiras mais eficientes de se preservar o meio ambiente é otimizando
o uso da energia elétrica nas diversas esferas sociais.

De acordo com uma pesquisa de 2015 realizada em 20 (vinte) escolas Maceió – capital
alagoana – por Gilson Laurentino da Silva, mestre em engenharia de produção, há um
desperdício muito grande de energia elétrica nas instituições pesquisadas.1 O autor do estudo
destaca que não foi difícil para encontrar problemas de otimização dos gastos de energia
elétrica. Do mesmo modo, com certa facilidade é fácil achar cenários similares de descasos
com uso da eletricidade em diversas escolas espalhas por todo o Brasil. As instituições de
ensino públicas, como relevante expoente na educação das futuras gerações, é também
importantíssima para a criação de um futuro sustentável. Por isso não se deve medir esforços
para que as mesmas se tornem exemplos quando o assunto for o uso eficiente e racional da
energia elétrica. Educar os alunos sobre a importância do uso consciente da eletricidade gera
uma reação em cadeia onde o aluno levará os aprendizados para a vida e para os ambientes o
qual passar, assim transformando toda uma sociedade.

Como forma de aplicação de um uso mais competente dos recursos energéticos


deve-se adotar medidas como a utilização, sempre que possível, da iluminação natural para a
execução das atividades escolares. Para isso pode-se construir janelas com filtros que impeçam
a entrada de radiação que esquente o ambiente, mas que ainda assim permita a entrada de
luz. Utilizar-se de sensores de movimentos é uma medida que pode economizar muita energia
evitando que lâmpadas e outros dispositivos fiquem consumindo ininterruptamente energia
mesmo sem ninguém presente no espaço. Estas medidas são bastantes decisivas, ao menos é o
que indica as salas de aula móveis instaladas em Ewa Beach, no Havaí.2 Estas salas utilizam das
medidas citadas mescladas com outras ações, como a instalação de painéis fotovoltaicos para
gerar a própria energia. Como resultado obteve-se salas que produzem mais energia elétrica do
que consomem. Outras ações efetivas devem serem tomadas a fim de reduzir a demanda de
energia. Ações estas como a utilização de cores claras nos tetos e paredes das escolas, troca de
lâmpadas e equipamentos antigos por modelos similares padronizados atuais que sejam mais

1
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS E ESTADUAIS DE MACEIÓ – ALAGOAS.
Disponível em: <https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/tede/8386/2/arquivototal.pdf>. Acesso em 25 de junho
de 2020.
2
Escritório cria salas de aula móveis que produzem energia. Disponível em:
<https://correiobraziliense.lugarcerto.com.br/app/noticia/arquitetura-e-decoracao/2015/04/17/interna_decoracao,
48966/escritorio-cria-salas-de-aula-moveis-que-produzem-energia.shtml>. Acesso em 29 de junho de 2020.
eficientes e tenha o selo do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL).
Em todo processo de eficientização deve-se manter dentro dos padrões de luminosidade para
interiores descritos nas Normas Brasileiras - NBR ISO 8995-1, aprovada pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Além da causa ambiental, a utilização de tais medidas a curto prazo gera uma
economia financeira excepcional. Essa economia na conta de energia é o suficiente para que
em alguns anos as despesas ocorridas das substituições dos dispositivos e dos demais gastos
sejam totalmente custeadas. Logo, em um período de tempo maior, também resultará em
menos gastos para os cofres públicos, o que é extremamente positivo, afinal nenhuma região
pode se desenvolver plenamente sem uma análise e otimização dos seus gastos, inclusive os
com eletricidade. Algumas localidades do Brasil já possuem políticas de otimização similares
implantadas por seus gestores,3 porém para ter-se uma real efetividade na redução dos gastos
nacionais com energia elétrica e assim preservar o meio ambiente deve-se haver um esforço
coletivo em prol desse objetivo.

Levando-se em consideração esses aspectos, nota-se que se deve tomar


medidas em prol de um uso sustentável da energia elétrica que gerará melhoras
ambientais e econômicas e, por conseguinte, um desenvolvimento pleno da nação.
Desse modo, também respeitaremos o artigo 225 da Constituição Federal que diz: “Todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

A vista do exposto, conto com o apoio dos nobres parlamentares.

Sala de Sessões, em ____ de _______________ de 2019


Deputado Jovem Thiago Rocha dos Santos

3
Brasil Escola, REDUÇÃO DE ENERGIA EM ESCOLAS PÚBLICAS
<https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/reducao-energia-escolas-publicas.htm>. Acesso
em 29 de junho de 2020.

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