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Memória em Contexto
Memória em Contexto
Psicologia Cognitiva I.
Docente
Discentes:
Turma 2
1
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
Em 1995, Wilson, Baddeley & Kapur realizaram um estudo num músico chamado
Clive Wearing, que em 1985 havia sofrido uma infeção no cérebro. Quando Clive recuperou,
aparentava ter amnésia e só conseguia reter informações por curtos períodos de segundos,
sendo que os únicos conhecimentos que possuía da sua vida eram memórias vagas de quem
costumava ser e de vezes em que tinha dirigido peças musicais.
Após uma visita dos seus colegas de coro ele descobriu que ainda conseguia dirigir
peças como antigamente. Este facto mostra-nos que a memória é muito complexa e que não
possui apenas um simples sistema, conduzindo à investigação aprofundada sobre o assunto.
2
A primeira tentativa para dividir a memória em diferentes sistemas foi proposta por
Atkinson e Shiffrin (1968) cujos, afirmaram a existência de três componentes: armazém
sensorial (onde a informação sensorial é retida); memória a curto prazo (recebe e guarda
informação do armazém sensorial e da memória a longo prazo); memória a longo prazo
(transforma a informação da memória a curto prazo e é guardada indefinitivamente).
Teorizou-se ainda, que a memória a curto prazo tinha uma capacidade limitada para
conter informações. Esta capacidade foi denominada de “Memory Span” e refere-se ao
número de elementos que conseguimos recordar de imediato (Miller, 1956; Brener, 1940).
Certamente, todos nós já esquecemos algo, ou seja, tivemos um lapso de memória. Face
a esta situação sentiu-se a necessidade de encontrar uma resposta para o porquê de isto
acontecer.
Broadbent (1958), foi um dos investigadores a apontar uma causa para tal
acontecimento, referindo que um dos principais motivos do esquecimento é a passagem do
tempo/envelheciemento, resultado do enfraquecimento gradual dos chamados “traços” da
memória.
Outro problema que se levanta quando nos referimos à memória é o quão fidedignas
estas são. Neufeld, Brust e Stein (2010), foram investigadores que estudaram o fenómeno das
falsas memórias, que são lembranças de eventos que, embora não tenham ocorrido são
recordados como se tivessem efetivamente ocorrido.
3
Uma das metodologias mais utilizadas para investigar este conceito foi o paradigma
DRM (Deese-Roediger-McDermott) que consiste em apresentar aos sujeitos listas de palavras
associadas entre si. As palavras de uma lista estão relacionadas entre si sempre com o mesmo
tema (e.g., sono, almofada, cama) que são associadas a dormir (Gallo, 2010).
Ainda no contexto das falsas memórias, foi teorizado que a maioria das pessoas são
bastante incertas a contar detalhes como a velocidade, o tempo e a distância (Bird, 1927;
Whipple, 1909). A maior parte dos indivíduos têm imensas dificuldades em estimar o tempo
de duração de um acidente rodoviário sendo que, a tendência é dizer que os mesmos são de
longa duração (Block, 1974; Marshall, 1969; Ornstein, 1969).
HIPÓTESE: Haverá um maior número de participantes que iram atestar ter visto vidros
no chão quando confrontados com a palavra “violentamente”.
MÉTODO
Amostra
A amostra contempla vinte e oito alunos que realizaram a experiência. inte e quatro
eram do género feminino e quatro do género masculino, sendo que todos eles eram da turma 2
e frequentam o curso de Mestrado Integrado em Psicologia no ISPA-IU.
A turma foi dividida aleatoriamente em dois grupos: Grupo 1 (onze raparigas e dois
rapazes) e Grupo 2 (treze raparigas e dois rapazes). A média de idades dos dois grupos eram
19,15 [DP = 1.2] para o Grupo 1 e 19,6 [DP = 1.5] para o Grupo 2.
Material
Este mesmo vídeo surge duas vezes ao longo do powerpoint, acompanhado por duas
questões: “Qual a velocidade dos carros quando bateram um no outro?” e “Qual a velocidade
dos carros quando bateram violentamente um no outro?”.
Procedimento
Após a entrada dos alunos na sala de aula a docente da cadeira começou por relatar
uma memória que possuía dos seus tempos de infância, nomeadamente a primeira que se
conseguia recordar.
Feito isto, foi solicitado ao Grupo 1 que abandonasse a sala enquanto o Grupo 2
reentrava na mesma. Os elementos do grupo 2 teriam de visualizar o mesmo vídeo, porém
estes teriam de responder, também individualmente numa folha, à questão “Qual a velocidade
dos carros quando bateram violentamente um no outro?”.
Concluída esta parte da experiência foi dada a instrução de que surgiriam uma série de
questões às quais ambos os grupos teriam de responder colocando a sua mão no ar caso a sua
resposta fosse “sim”. As perguntas foram as seguintes:
RESULTADOS
12
10
8
6
4
2
0
Observou Não observou
Figura 1: Número de participantes do Grupo 1 que constataram ter observado vidros no chão
sem a presença da palavra “violentamente”.
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Observou Não observou
7
Figura 2: Número de participantes do Grupo 2 que constataram ter observado vidros no chão
perante a presença da palavra “violentamente”.
Como se pode verificar nas figuras 1 e 2, existe um maior número de participantes que afirma
ter observado vidros no chão no local de embate quando confrontados com a palavra
“violentamente.
8
DISCUSSÃO
Com base nos resultados recolhidos podemos inferir que os participantes que
integraram a amostra e que foram expostos à palavra “violentamente”, constataram observar
vidros no chão apesar de estes não existirem. Visto isto, pode-se concluir que os nossos
resultados vão de encontro com a nossa hipótese.
Outro fator que pode ter influenciado as respostas dos participantes foi a distância de
tempo que levou a ser perguntado aos mesmos se tinham observado vidros no chão e ainda
pelo facto de antes de a pergunta surgir, ter sido incutido aos participantes a tarefa de
memorizar um máximo de palavras aleatórias que constavam numa lista (Filmore, 1971).
características mais parecidas com o culpado relativamente a outras pessoas que se encontram
nos lineups são consequências fruto das falsas memórias e que podem prejudicar alguém.