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CONVERGÊNCIA

O mundo contemporâneo tem como estandarte o culto ao individualismo, a


apologia do Ego, que sustenta a pluralidade de opiniões como se a mesma fosse
sinal de liberdade de expressão. A grande diversidade de filosofias, ciências,
artes e religiões, de uma certa forma, é também conseqüência desse processo de
isolamento em busca da individuação onde, cada vez mais, tornamo-nos distantes
uns dos outros, ressaltando as diferenças e olvidando as semelhanças.

O processo de convergência para a Paz Mundial, preconizado pela Ordem


Iniciática do Cruzeiro Divino, procura não apenas a convivência pacífica, mas
principalmente a busca da origem comum, da Ciência do Ser, até alcançarmos a
identificação total entre todos.

Apesar de todas as diferenças existentes entre as pessoas, na verdade, temos


muito mais em comum do que julgamos. Não vemos assim por termos perdido o
conhecimento da Ciência do Ser, da manifestação do princípio divino em todo o
universo, inclusive nos homens. Vivemos na diversidade por estarmos
fragmentados em nossa consciência, distantes de nossa origem que é também
nosso destino final.

A Tradição de Síntese - Ombhandhum contém em si os princípios que regem toda


a criação, seja no nível macrocósmico ou no microcósmico. Tudo o que existe
obedece às leis de formação do Universo; o fato de não compreendermos as
mesmas não impedem que continuem atuando tanto em nós, indivíduos, como
em toda a energia-massa do universo.

Devido à fragmentação do Homem, essa Tradição de Síntese dividiu-se em


compreensão do que é abstrato e do que é concreto, em númeno e fenômeno. As
leis que regulam os fenômenos tornaram-se de estudo da Ciência no geral, e
também da Arte. Quer dizer, toda e qualquer forma de manifestação em energia-
massa obedece a leis científicas, compreender a harmonia das formas faz parte
da Arte.

Por outro lado, a compreensão das causas abstratas que incidem sobre a matéria
gerando os fenômenos não pode ser simplesmente apreendida pela ciência
concreta, é preciso estar de posse dos instrumentos da Ciência do Espírito para
compreender os números, as idéias que antecedem a forma. Isso tudo faz parte
do campo de atuação da Religião e da Filosofia.

Infelizmente, após perdermos a Tradição de Síntese, acabamos por perder


também a Filosofia, a Ciência, a Arte e a Religião integrais e primevas. Como
conseqüência passou a existir fragmentação também nesses campos, surgindo
várias filosofias, religiões etc., muitas vezes opostas entre si.
Para exemplificar, vemos que as Religiões são formas particulares e parciais de
ver o Sagrado, que todas buscam. Fica claro que quanto mais nos aproximamos
da convergência, menos observações parciais, regionais ou sectárias existirão,
predominando a universalidade sobre a individualidade.

O processo de convergência faz parte do reencontro do Homem consigo mesmo.


Não quer dizer apenas convivência pacífica, embora este seja o primeiro passo a
ser conquistado. Temos que nos dirigir para os princípios, para a origem de tudo
para vermos o Uno.

PAZ MUNDIAL

A Paz Mundial, segundo a visão da Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino, é o retorno ao


processo evolutivo natural destinado ao Planeta Terra. As guerras constantes não são
atributos intrínsecos do homem ou do planeta, mas uma conseqüência da perda da Tradição
de Síntese que ocasionou a fragmentação do conhecimento e o afastamento da trilha
evolutiva originalmente destinada aos espíritos encarnados em nosso planeta.

Com a perda da Tradição de Síntese sofremos um processo dissociativo em nosso Ser,


apresentando como conseqüência uma visão fragmentária da realidade. A partir daí
surgiram os conflitos devido às oposições entre sujeito e objeto, entre as dualidades várias,
entre o interno e o externo, entre espírito e matéria. A consciência de si mesmo tornou-se
eclipsada e os conflitos internos se manifestaram como conflitos externos. Enfim, as
guerras se instalaram primeiramente no "interior" do Ser e refletiram-se na Sociedade que
construímos, no Planeta e no Conhecimento Humano.

Portanto, para encontrarmos a Paz Mundial é necessário que encontremos a Paz Interna que
depende da reintegração do homem com a realidade da qual se encontra afastado. O método
ensinado pela Escola de Síntese é baseado em quatro pilares fundamentais: o Sagrado, o
Homem, a Humanidade e a Natureza.

Em âmbito interno, a OICD é uma escola iniciática, que transmite os ensinamentos do


Tríplice Caminho a seus discípulos que conduz à Unidade, à Síntese longe da fragmentação
e dos conflitos. No plano externo direto, a OICD promove ritos e atividades várias abertas
ao público leigo, com o intuito de difundir os conceitos da Paz Mundial e auxiliar
diretamente no alcance da paz interna aos que procuram essas atividades.

Em nível mais universal e abrangente, a Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino dispõe da


Fundação Arhapiagha para a Paz Mundial que propaga os conceitos acima expostos
através de ações diretas na comunidade e da convergência com outros setores filo-religiosos
e grupos diversos da sociedade interessados na melhora da coletividade planetária.

Uma visita ao site da Fundação Arhapiagha para a Paz Mundial, em www.arhapiagha.org,


permite traçar um panorama geral da forma de tratamento dada a cada um desses quatro
pilares, sobre os quais se erguerá a Paz Mundial e a Paz Individual.
SOCIEDADE

Para o Ombhandhum a Sociedade ideal é uma sociedade baseada no cooperativismo,


interessada no bem comum e na evolução espiritual de todos. Seus valores são
universalistas e não separatistas. A conduta do indivíduo deve ser essencialmente ética,
entendendo ética como a morada do ser, a visão inata da Realidade que pode se traduzir
como Interdependência.

Isto é, devemos ter a consciência de que todos somos espíritos encarnados, iguais em
essência e de que qualquer ação de um indivíduo causa repercussões em todo o sistema.
Conse-qüentemente, passamos a ter uma atitude mais responsável e cooperativa, já que não
se pode falar em felicidade plena enquanto um único indivíduo estiver sofrendo em nosso
mundo.

Além disso, a escala de valores da sociedade preconizada pela Umbanda baseia-se no fato
de que somos espíritos eternos, imersos na matéria transitória. Portanto, nosso maior
interesse não deve estar calcado nos bens impermanentes, perecíveis, mas na conquista de
atributos superiores de personalidade que nos sintonizem cada vez mais com os Planos
Ariândicos.

Os líderes dessa nova-velha sociedade que surgirá, devem ser aqueles que se destaquem
pela Sabedoria, pelo Amor, pela Capacidade de auxiliar a todos na jornada evolutiva.
Devem ser aclamados por serem os mais capazes de acelerar a evolução planetária, por não
estarem presos a desejos egoísticos e por conhecerem as formas da libertação da
Ignorância, do Ódio e dos Apegos, tendo maior experiência kármica.

O desenvolvimento necessita ser plenamente sustentado, sem a necessidade de agressão à


natureza, com modificações na economia, no comércio e até mesmo na forma de
alimentação.

Isso significa uma relação mais harmônica do Homem com a Natureza e o Cosmos,
reconhecendo seu caráter sagrado e, ao mesmo tempo, conhecendo o funcionamento da
energia em seus aspectos mais sutis, sabendo como agregar sobre si mesmo o necessário
para sua manutenção física.

Como corolário do esforço para o surgimento de uma nova sociedade, teremos o homem
vivendo com toda a plenitude que a existência possa permitir, seremos todos cidadãos
planetários e não teremos mais distinções de classes, ideológicas, étnicas, sexuais, ou
mesmo separações geopolíticas.

O SAGRADO
Todos os povos do planeta têm suas formas peculiares de se relacionar com o
Sagrado, com as realidades divinas. Todas as religiões ou manifestaçõesxpressão.
místicas devem ser igualmente respeitadas, tendo a garantia de liberdade de e

O grande paradoxo é que, embora as religiões devam ser motivo de concórdia e


união entre os povos, o que se observa na prática é que têm servido para separar
indivíduos e nações.

A Fundação Arhapiagha para a Paz Mundial acredita que é possível criar uma
integração e harmonia entre todas as religiões, basta ressaltarmos os pontos que
todas as doutrinas têm em comum para promover a união, e não nos basearmos
nas diferenças para fazer separações.

Sabemos que todas as religiões pregam a Fraternidade, a Caridade, o Amor, a


Sabedoria, a Humildade, entre outros elevados propósitos; precisamos apenas
vivê-los e compartilhá-los.

Acreditamos que todo indivíduo necessita pensar sobre o Sagrado, sobre as


realidades intangíveis, sobre o Eterno, que não teve início e não terá fim. Não
podemos ter medo ou vergonha de buscar colocar nossa forma de ver essas
questões em nosso cotidiano.

A sociedade atual quer passar uma idéia falsa de que a realidade, o progresso e a
ciência sejam, necessariamente, ateistas e desvinculados do espírito e que toda
religião seja tolice ou fantasia gerada pela ignorância dos fenômenos naturais.

O conceito da Divindade, com pequenas variações de visão, é inato a todo ser


humano; este fator deve ser considerado por todo aquele que deseja alcançar a
Paz. Mais que isso, deve o homem procurar, segundo suas tendências e
afinidades, o sistema que melhor lhe proporcione este relacionamento saudável
com o sagrado, com o abstrato e procurar tornar cada instante da sua vida
igualmente sagrado e devotado aos princípios que acredita.

BAHAÍSMO

Baha'í é uma religião mundial, independente com suas próprias leis e escrituras
sagradas, surgida na antiga Pérsia, atual Irã, em 1844.

A fé Baha'í foi fundada por Baha'ú lláh, título de Mirzá Husayn Ali (1817 - 1892 ) e
não posse dogmas, clero ou sacerdócio.

A comunidade Baha'í, com aproximadamente 6 milhões de seguidores, ocupa 178


países do mundo, praticamente todos territórios e ilhas do globo.
A comunidade Baha'í está estabelecida no Brasil desde fevereiro de 1921, com a
vinda da Sra. Leonora Holsaple Armstrong. Hoje os Baha'í formam um contingente
de aproximadamente 47.000 pessoas, das mais diversas classes sociais, culturais
e econômicas, residentes em aproximadamente 1.215 cidades e municípios
brasileiros, em todas as regiões.

A comunidade Baha'í é a primeira organização não-governamental formalmente


creditada junto às Nações Unidas, há cerca de 50 anos, Apoiando todas as ações
da mesma para o estabelecimento da Paz Mundial, tolerância e entendimento
entre os povos do mundo.

O que ensina a fé Baha'í e a analogia com a Umbanda:

* A Unidade da Humanidade

" Hoje todos os horizontes do mundo estão iluminados com as luzes da unidade...
fomos criados para levar avante uma civilização em constante evolução..."

A Umbanda tem como ensinamento a união de todos os povos do planeta.

* A livre e independente busca da verdade

" A luz é boa, não importa em que lâmpada brilhe... uma flor é bela, não importa
em que jardim floresça..."

A Umbanda preconiza o livre-arbítrio e uma doutrina universalista.

* A eliminação de todas as formas de preconceito e discriminação

"... somos as folhas e os ramos de uma mesma árvore ... as gotas de um único
mar ..."

A Umbanda não discrimina dogma, cultura, posição sócio-econômica e busca a


união de todas as raças.

* A igualdade de direitos e oportunidades para o homem e a mulher

"A humanidade assemelha-se a um pássaro, uma asa é o homem e a outra, a


mulher. O pássaro não pode alçar vôo sem o equilíbrio dessas duas asas..."

Na Umbanda há a parte ativa e a passiva que caracterizam o equilíbrio.

* A harmonia essencial entre a religião, a razão e a ciência

"A verdade é uma só e é indivisível... o progresso da humanidade depende desses


fatores..."
Na Umbanda procuramos retornar ao conhecimento uno ou à Proto Síntese
Religio-Científica.

* Educação compulsória e universal

"O homem é uma mina rica em jóias de inestimável valor; a educação, tão
somente, poderá faze-la revelar seus tesouros..."

A educação vista pela Umbanda é o conhecimento umbandístico, transmitido fora


do Templo através da própria vivência do mesmo.

* A revelação divina é progressiva

"Deus é um, a religião é uma, a humanidade é uma... Todas as religiões provêm


de um mesmo Deus..."

A Umbanda procura resgatar o Amor e a Sabedoria Cósmicos, o Ombhandhum, e


cada religião busca a verdade segundo seu grau consciencial...

O ano Baha'í tem 19 meses com 19 dias cada mês, mais 4 dias intercalares nos
anos ordinários e 5 dias nos anos bissextos, adicionados entre o 18º e 19º meses.
O ano novo é astronomicamente fixado, começando no equinócio (21 de março) e
a era Baha'í teve início em 1844.

Existem 7 casas de adoração Baha'í no mundo. Com seus 9 lados encimados por
uma cúpula simbolizando a união das 9 grandes religiões mundiais, louvando um
único Criador. Estão assim localizadas: na Alemanha, em Uganda, na Austrália,
nos Estados Unidos, no Panamá, no Ápia e em Nova Delhi.

A comunidade Baha'í no Brasil tem sua sede em Brasília.

BRAHMANISMO

Os Vedas são o aspecto mais antigo sob o qual são apresentadas as manifestações
religiosas da Índia. Os textos védicos são os primeiros monumentos literários da
Índia e um dos mais antigos da humanidade. São o testemunho mais arcaico da
religião que se chama ora Hinduísmo, ora Brahmanismo. O termo Brahmanismo
deveria designar a religião das épocas antigas, confundindo-se depois, com o
Vedismo. O Hinduismo visaria mais a evolução religiosa no seu conjunto,
sobretudo a partir do século IV a C. O Brahmanismo seria a religião dos Vedas.

Um pouco de história...

Quando a Índia foi invadida pelos povos arianos por volta de 2000a.C, vindos da
Europa, depois de ocuparem a Pérsia (atual Irã), e ali florescendo a civilização
ário-persa, os arianos entraram pelo noroeste da Índia, ocupando o vale do rio
Indo (pertencente hoje ao Paquistão).Quando lá chegaram encontraram uma
civilização que possuíam um grau de evolução adiantadíssimo para a época,
fabricavam tijolos ,conheciam a metalurgia pois inventaram a serra circular de
bronze, as brocas helicoidais parecidas com as perfuradoras existentes nos dias
de hoje e já comercializavam com a Mesopotâmia, Síria, Chipre, Suméria e Egito.
Seus habitantes viviam também da agricultura e artesanato e construíram
cidades de mais de 40.000 habitantes ( Mohenjo-Daro e Harappa), acredita-se
que este povo ( chamado de Dravidianos ) já habitavam o local a mais 6.000
anos, possuíam conhecimentos religiosos que podemos designar como 'HINDUISMO
PRIMITIVO" apesar que o termo hinduísmo não era aplicado e sim como
"Sanarfama Dharma" . O nome original da Índia naquele momento era Bharatha-
Varsha que significava "O continente do Verbo Criador"

Os Arianos quando lá chegaram instituíram um sistema de castas retirados de um


texto védico chamado de Sutra Manarva Dharma Sastra ( código de Manu ) que
contém leis e regras sociais e que até hoje é um instrumento jurídico de grande
poder na Índia. Segundo este código o deus Prajapati criou o mundo, os animais,
as plantas e os homens, sendo estes divididos em quatro castas.

Oriundas das partes do corpo de Prajapati, as castas são as seguintes:

BRÂHMANE - categoria de homem retirada de sua boca(sacerdotes responsáveis


pela manutenção da tradição);

KSHATRYA - categoria de homem oriunda dos braços de Prajapati (políticos e os


guerreiros),

VAISHYA - categoria de homem oriunda das coxas de Prajapati

( comerciantes, industriais, produtores de riquezas)

SUDRA - categoria de homem oriunda dos pés de Prapati ( são os serviçais e


operários).

Com o passar do tempo e o surgimento de novos segmentos religiosos instituiu-se


que aqueles que não praticavam os ensinamentos dos vedas não estariam
inseridos na divisão das castas , sendo assim destinados a não ter qualquer
privilégio apenas deveres . ( PALIS )

Acreditavam em uma trindade que denominavam de: BRAHMAN - SHIVA - VISHNU.

Os praticantes do vedantismo buscavam o divino através de disciplinas que foram


classificadas da seguinte maneiras:

YAMA - disciplina geral


NIYAMA - disciplina particular

ÃSANA - posturas específicas do corpo

PRÃNÃYAMA - controle ordenado da respiração

PRATYÃHÃRA - controle da função sensória externa

DHÃRANÃ - concentração e controle da função interna

DHYÃNA - meditação

SAMÃDHI - união

Estes ensinamentos também eram ministrados pela YOGA.

Uma dos mais importantes períodos da história da Índia aconteceram no século VI


a C. , com o aparecimento dos livre-pensadores que não concordavam com a
tradição social brahmânica e eram conhecidos como os viajantes ou shramanas.
Foi uma época de grande florescimento filosófico e religioso na Índia , só
comparado a Grécia no período de Tales a Pitágoras .

Neste período surgiu Sidarta Gautama , que não concordando com o destino de
seu povo estabeleceu o Caminho do Meio, através do Triptaka ( Os três cestos ).

Nesta época o Buda era chamado de Gautama Shramana ( pasmem!!!).

As principais doutrinas heterodoxas são :

- BUDISMO

- JAINISMO

- CARVACA

- AJVIKAS

- AJITA KESAKAMBALA

- PURANA KASSAPA

- PAKUDHA KACCAYANA

As principais doutrinas ortodoxas são:

- NYAYA
- VAISESIKA

- MIMANSA

- VEDANTA

- SANKHYA

- YOGA

Obs.: O Sankhya e o Yoga apresentam pequenas diferenças em sua composição,


enquanto o Sankhya clássico é ateu, o Yoga é teísta.

A L ITERATURA VÉDICA E SUA CLASSIFICAÇÃO

Existem quatro ramos dos Vedas, ou quatro Vedas:

1) RIG-VEDA

2) SAMA-VEDA

3) YAJUR-VEDA

4) ATHARVA-VEDA ( BRANCO - NEGRO)

Cada um dos ramos é formado por um conjunto de textos, elaborados e escritos


em épocas diferentes .

A diferença entre o Yajur-Veda branco e o negro é que o primeiro é mais fácil de


ser lido. No Samhita Yajur-Veda Negro, existem em meio às suas preces, alguns
comentários, explicações e interpretação, dificultando sua leitura.

A tradição fala com freqüência de "três-Vedas" ou "tripla ciência", porque


considera o Samhita do Atharva Veda como estranho à alta dignidade própria dos
'três Vedas".

Os Puranas e as epopéias Mahabharata e Ramayana, são conhecidos como


ITIHARAS.

Os SAMHITAS - são os textos elaborados em períodos mais remotos. São formados


por hinos dedicados aos deuses védicos, contendo ainda fórmulas e invocações
diversas.

Os BRAHMANAS - são textos contendo instruções rituais detalhadas, como se


fossem manuais para serem seguidos pelos sacerdotes. São manuais de
orientações sobre práticas, rituais,etc.
Os ARANYAKAS - são textos filosóficos conhecidos como "os textos das florestas".
Foram copilados por mediadores que viveram nas florestas. Os Aranyakas eram
ensinados em segredo, longe das aldeias e nas florestas. Suas doutrinas dão
ênfase ao Eu, sujeito do sacrifício, e não à realização dos rituais propriamente
ditos. Segundo esses textos, os deuses estão na consciência do indivíduo, lá
escondidos, e na interiorização dos sacrifícios que devem ser endereçadas as
oferendas aos deuses. A "consciência do Eu é idêntica ao do sol".

As UPANISHADS ( Significa sentar ao lado ou sentar abaixo )- são textos filosóficos


considerados pôr alguns como esotéricos, abordando questões sobre a natureza
do absoluto, sobre a origem, destino e essência do homem. Uma Upanishad pode
ou não estar contida num aranyaka ou podem ser uma coisa só.

Os SUTRAS- São textos quase sempre pequenos e muito resumidos e versam sobre
assuntos diversos, como por exemplo, gramática, tratados de astronomia e
astrologia, manuais de geometria, arquitetura, leis éticas e sociais.

O MAHABHARATA - é o maior épico do mundo, a mais longa epopéia da literatura


universal, possuindo mais de 90.000 versos. É 8 vezes maior que a Ilíada e a
Odisséia juntas. Descreve uma batalha desenvolvida no campo de Kurukshetra.
Os estudiosos admitem que a batalha do Mahabharata provavelmente se refere
ao combate entre os arianos invasores e os exércitos dos povos autóctones.
Kurukshetra situavam-se entre os rios Sutlej e Jumma, onde estava situada o
centro da cultura indo-ariana .

O RAMAYANA - é outro poema épico de grande importância na Índia. Sua autoria


é atribuída a Valmik e possui sete capítulos, abordando o drama do rei Rama e o
seu combate com o demônio Ravana.

Os PURANAS - a palavra purana significa antigüidade. Esses textos contêm, de


modo prolixo, ensinamentos mitológicos, lendas, genealogia de deuses,
informações sobre peregrinações e elementos sobre práticas espirituais.

Neles encontramos as biografias de Shiva, Krishna, Vishnu. Os Puranas possuem


uma certa pretensão histórica. Encontramos genealogias de reis, história de
dinastias, apoiadas em passado mítico. Sofreram varias interpolações com o
tempo, enriquecendo com elementos de várias procedências. São antologias
comparáveis à Bíblia.

A tradição diz existirem apenas vinte e dois Puranas superiores, classificados


como Vishnuítas, Shivaísta e Brahmânicos, ou seja, de acordo com os deuses da
Trimurte ao qual se dediquem.

Os mais conhecidos deles no ocidente é o Bhagavata Purana, também chamado "


Shirimad Bhagavatam".
Os TANTRAS- são textos recentes, escritos após o século V I d.C. Dentre eles
distinguem-se aqueles considerados Shivaístas, conhecidos como "coletâneas" e
os Vishnuístas, denominados Agamas ou tradições assim como os "Tantras"
propriamente ditos. Esses textos possuem rituais diversos, métodos para
"despertar os chacras", para adquirir poderes paranormais (siddhis), para alterar
a consciência, além de elementos éticos e doutrinários. O tantrismo é uma forma
de expressão religiosa saturada de aspectos esotéricos, onde se desenvolveu um
verdadeiro vocabulário "oculto", cujos ensinamentos são mantidos pelos Passus.
De acordo com os praticantes do tantrismo, essas práticas podem desencadear
forças poderosas, podendo conduzir liberação de forma imediata.

BUDISMO

O Budismo é atualmente, um dos segmentos religiosos com maior número de adeptos em


todo o mundo. Sua expressão deve-se à presença, em seus fundamentos, de muitos
conceitos em sintonia com a Tradição Cósmica, revelados e reanimados por Siddartha
Gautama, o Buda, aos povos da Índia e de toda a Ásia.

O florescer do Budismo ocorreu por volta de 500 anos antes do advento da encarnação do
Verbo, em consonância com um movimento espiritual planetário que visava preparar a
chegada do Sr. Jesus - Arashala. Assim, Pitágoras ensinava sua doutrina aos helênicos;
Heráclito procurava infundir novo alento aos romanos com a Teoria do Fluxo, panta rhei;
na Pérsia vivia o maior Zoroastro ou Zaratrusta; na China, Lao Tsu implantava o Taoísmo,
concretizado pela doutrina social de Confúcio, seu contemporâneo; e Mahavira, expoente
do Jainismo firmava as vibrações da Tradição aos indianos.

Siddartha (aquele que alcança seu objetivo) era o nome do filho de Suddhodana, do clã dos
Gautama, rei dos Sakias, sua mãe chamava-se Mayadevi e sua vida transcorria como a de
um príncipe, chegando a casar-se com a bela Yasodhara e Ter um filho, Rahula, por volta
dos 29 anos. Porém, segundo fixou-se na história, talvez de maneira adaptada, nessa época,
ao sair do palácio, Siddartha confrontou-se com as três verdades: a existência do
envelhecimento, a existência da doença existência da morte; todas condicionadoras do
sofrimento.

Após esta revelação, Siddartha tomado de tristeza e compaixão resolveu retirar-se de sua
família em busca do conhecimento da causa do sofrimento e da maneira de retirá-lo da vida
dos homens. Foi discípulo dos grandes mestres do Vedanta e dos Upanixades, alcançando
os graus mais elevados que aquelas doutrinas podiam oferecer, atingindo a condição de
"ver Brahma face a face" e , ainda assim,continuava insatisfeito, pois os Devas, deuses de
Brahma ainda estavam sujeitos ao sofrimento, já que possuíam existência e, portanto,
sujeitos às leis da energia. Colocou seu objetivo para além dos Vedas e Upanixades, para
além do reino da energias e das formações transitórias.

Durante seis anos dedicou-se a profundas meditações, sujeitando-se à mortificação do


corpo através do jejum e yoga, até que chegou à conclusão que tanto a auto-mortificação,
como a auto-indulgência são loucuras, estabelecendo o Caminho do Meio e atingindo,
enfim, a Iluminação (buddhi), tornando-se um Iluminado (Buda). Observe-se que Buda é
um título e aqui falamos da vida de Gautama Buda, também conhecido com Sakyamuni, o
Santo dos S(h)akyas e, em algumas passagens, também intitulado o Tathagata, o "Grande
Ser" ou "aquele que é como o próximo" sugerindo o encadeamento de Mestres da Tradição.

Partiu Gautama Buda para ensinar suas descobertas e decepcionou-se ao perceber a


dificuldade de conseguir discípulos com vontade real de atingir o despertar; segundo
consta, teria desistido, não fosse a aparição de um Deva incitando-o a pregar e indicando-
lhe o Parque das Gazelas, onde proferiria o famoso sermão de Benares (conhecido como
Varanasi, na época). Ali falou a seus primeiros cinco discípulos, e os Devas desceram de
suas moradas celestes para ouvir a doce Verdade que saía dos lábios do Senhor Buda, o da
Voz de Leão:

"Os raios da Roda são as regras da retidão de conduta. A justiça é a uniformidade de sua
circunferência; a sabedoria é a sua faixa; a meditação é o cubo que se fixa no eixo da
verdade inflexível.

Aquele que percebe a existência da dor e conhece sua causa, remédio e extinção,
compreende as quatro nobres verdades e está no bom caminho.

Seu reto propósito será a luz que iluminará seus passos, e a palavra verdadeira seu refúgio.
Caminhará em linha reta, porque reta é a conduta.

O trabalho honroso será seu consolo; seus esforços serão seus passos; seus bons
pensamentos, seu hálito, e a paz será sua companheira inseparável.

Tudo quanto teve princípio terá fim. É vão todo cuidado com a personalidade, todas as
atribulações que a afetam são passageiras, e desvanecer-se -ão como um pesadelo quando
acordar o sonhador.

Quem se desperta para o conhecimento da verdade, livra-se de todo temor e conhece a


futilidade de suas inquietações, ambições e sofrimento. Acontece que, às vezes, ao sair de
um banho, a gente pisa numa corda úmida e a confunde com a serpente; e horrorizada sofre
a agonia idêntica à causada por uma picada venenosa. Quão alegre, ficará o homem ao
reconhecer o seu engano e a não existência de tal serpente! O motivo de seu espanto está
em seu erro, em sua ignorância, em sua ilusão. Quando souber que pisou numa corda,
reconquistará o sossego e a tranqüilidade.

Tal atitude de quem conhece a ilusão da personalidade, e que a causa de todas as suas
dores, sofrimentos, inquietações, e vaidades é uma miragem, uma sombra, um sonho.

Feliz aquele que vence o egoísmo, alcança a paz e encontra a verdade.

A verdade liberta-o do mal, não há no mundo libertador igual.


Confiai na verdade, mesmo que não sejais capaz de compreendê-la, mesmo que no começo
vos pareça amarga a sua doçura.

O erro extravia; a ilusão é a mãe do mal, que embriaga como bebida fermentada; porém
muito logo se desvanece, deixando o homem abatido e desgostoso.

A personalidade é uma febre, uma visão passageira, um sonho, porém a verdade é sublime,
saudável, eterna. Unicamente a verdade é imortal, porque permanece para sempre."

Assim iniciou o Tatagata sua pregação, cuja influência se estendeu por toda Índia, onde
prevaleceu por algum tempo, atingiu outros países e todo mundo com suas Quatro Nobres
Verdades e seu caminho para a Iluminação. Citaremos as Quatro Nobres Verdades (catu
sacca):

1. Primeira Nobre Verdade, a Existência do Sofrimento (Dukkha Stya): Impermanência,


Anicca ; Insatisfatoriedade, Dukkha; Impersonalidade, Anatta.

2. Segunda Nobre Verdade, a Causa do Sofrimento (Samudaya Satya): Desejo, avidez,


Tanha, que dividi-se em Desejo dos Prazeres dos Sentidos (kama), Desejo de auto-
preservação (bhava) e Desejo de Não existência ou auto-aniquilamento (vibhana).

3. Nobre Verdade, a Cessação do Sofrimento (Nirodha Satya): a Extinção do desejo, da


ambição, do anseio, Nirvana.

4.Quarta Nobre Verdade, o Caminho que conduz à Extinção do Sofrimento (Magga Satya):
Caminho Óctuplo, Atthangika Magga, que consta de palavra reta, ação reta, meio de vida
reto, esforço reto, plena atenção, concentração reta, pensamento reto e compreensão reta.
Estes são categorizados em três elementos de treinamento: Sila, Moralidade; Samadhi,
Meditação e Prajna, Sabedoria.

Para completar, devemos apontar a difusão do Budismo para o Tibet por volta de 800d.C,
após seu declínio na Índia, como fator importante para a manutenção do Budismo no
mundo. A absorção de elementos da cultura Bom-po, preexistentes naquela região, pelo
Budismo propiciou o aparecimento de aspectos e escolas especiais, que alguns denominam
de lamaísmo, rótulo negado por seus seguidores.

Três escolas básicas coexistiram; a primeira foi a Theravada, onde Thera significa ancião e
remete aos primeiros ensinamentos. É também injustamente chamada de Hinayana, o
Pequeno Veículo, em oposição ao Mahayana, embora seja melhor chamada Sravakayana, o
Veículo dos Grandes Discípulos, em referência a Sariputra, Ananda e outros discípulos
diretos de Sakyamuni. A característica fundamental dessa escola é a prática baseada no
vipassana, meditação para atingir o estado de Buda através do conhecimento de
inexistência de "eu" (despersonalização).

A escola Mahayana, o Grande veículo, busca a Vacuidade, Sunyata e tem como


característica marcante o fato de pretenderem alcançar o estado de Bodhisattva, a Essência
de Iluminação, um estágio anterior ao de Buda, com o compromisso de não atingir a
iluminação plena enquanto todos os seres do planeta não forem salvos. Particularmente
entendemos os Bodhisattvas como nossos Ancestrais Ilustres que permanecem na esfera
kármica da Terra apenas para nos ajudar a evoluir.

Enfim, temos no Tibet a Escola Vajrayana, Veículo do Diamante, a escola do Tantra


Budista, com suas várias divisões, que busca a Felicidade Suprema, Mahasukkha, de unir a
Sabedoria Perfeita, Prajna, que compreende a vacuidade, Sunyata, com a Compaixão e
Amor Universal, Upaya, para atingir a iluminação. É simbolizada pela união dos
Bododhisattva com sua Deusa (Sakti) no Mahamudra. Note-se a inversão de valores, pois
os budistas trântricos consideram a Sabedoria como um atributo passivo feminino,
enquanto o amor é ativo masculino. Tantra pode ser entendido como teia, rede, trama Pelo
aspecto da interdependência, o indivíduo com o Universo; ou simplesmente rito, segundo as
concepções tibetanas.

Após a queda de sue contingente, o Budismo Tibetano recebeu nova injeção de vigor
através de Tsong Khapa, a parti r de 1358 com a fundação da Escola Gelug-pa, os
Virtuosos, restabelecendo o regime monástico e o celibato, aumentando consideravelmente
o número de adeptos do Budismo naquele país e no mundo. Infelizmente, talvez por
injunções kármicas, o Tibet foi invadido pelos chineses comunistas, que destruíram grande
parte de seu acervo e sua organização, há mais de cinqüenta anos

Tendo citado as escolas tibetanas, resta-nos mencionar o Zen-budismo, derivação japonesa


desta doutrina, bem popular, absorvida do budismo chinês, com ênfase na plena atenção em
todas as tarefas da vida.

Em certa passagem, o Buda repreende seus discípulos quando um deles ganha um pote de
ouro ao realizar a levitação em frente a olhos profanos. O Mestre solicitou que devolvesse o
dote recebido e advertiu que nenhum de seus discípulos deveriam fazer milagres na frente
da comunidade laica ( o mesmo disse o Senhor Jesus). Isto demonstra, além da necessidade
de humildade, a existência de uma adaptação externa da doutrina, assim como a existência
de ensinamentos internos, reservados aos bikkhus, monges e à comunidade dos seres
nobres, Arya Sangha.

Pelos ensinamentos de nosso Mestre Tântrico Yamunisiddha Arhapiagha, podemos


especular que na intimidade do convívio com seus discípulos Sakyamuni revelasse que era
Buda porque pregava a Tradição Cósmica - Umbanda, que também é a Potência dos
Iluminados, OMBOUDDHA...

CATOLICISMO

O catolicismo é a religião dos cristãos que reconhecem o Papa como autoridade


máxima, que se confirma e se expande por meio de sacramentos, que venera a
Virgem Maria e os santos, e aceita os dogmas como verdades incontestáveis e
fundamentais.
O termo catolicismo é um atributo que indica a universalidade de uma religião,
reivindicado para si pela Igreja Católica. Estima-se que o número de fiéis deste
culto seja, aproximadamente, 960 milhões de pessoas.

A Igreja Cristã Primitiva difundiu-se inicialmente no Oriente e propagou-se no


mundo Mediterrâneo como uma religião revelada, isto é, de origem Divina. Seu
monoteísmo diferenciava-se do judeu pela doutrina da trindade, ou seja, a
crença em Deus manifestado em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

O culto Cristão caracterizava-se pela volta iminente do Senhor. Centralizava-se


na celebração da Eucaristia, instituída por Jesus em sua última ceia pascal com
os doze apóstolos presentes. Era presidida por um dos anciãos da comunidade
cristã ou por um apóstolo, iniciando-se com a ação de graças e a benção do pão e
do vinho.

Para a lei romana vigente na época, o Cristianismo era uma organização perigosa
e, por isso, foi duramente perseguido, sustentando-se graças à sua rigorosa
organização hierárquica, que manteve o culto coeso. Alguns cristãos
empenharam-se em elaborar sua Teologia, baseada nos escritos atribuídos aos
apóstolos, porém, no final do século II, ainda não possuíam uma escritura
definitiva. Surgiram então os bispos, criando-se a sucessão apostólica.

A perseguição romana continuava e os cristãos eram vítimas de decretos


imperiais e acusados de todos os crimes, desde a falta de respeito ao imperador
até o cometimento de sacrilégios. Apesar disso, foi adquirindo força política,
conquistando finalmente, seu direito de existira partir de 381, pelo Édito da
Tolerância, promulgado por Constantino, o primeiro imperador cristão. Em 381
Teodósio elegeu-o a religião do Império Romano. A partir daí, novas igrejas
foram se estabelecendo e a civilização viu-se fortemente influenciada pela visão
cristã do mundo.

A Igreja do século IV progrediu livremente com a criação de sedes episcopais,


atingindo multidões. Nesta época a doutrina da reencarnação era aceita
livremente pelos cristãos e foi exposta por diversos padres (Clemente de
Alexandria, Orígenes, Jerônimo e outros), sendo tratada como heresia somente
depois do século VI (Concílio de Constantinopla - 553). O casamento dos bispos
também era permitido.

A unidade da Igreja foi claramente fragmentada devido a três crises. A primeira


foi a cisão do cristianismo católico com o Oriente., no século V. A segunda foi
chamada foi chamada de "grande cisma 'entre o Ocidente e o Oriente em 1504. A
terceira foi a Reforma do século XVI que deixou como herança o Protestantismo.
Daí o Cristianismo Católico do Ocidente passou a receber a denominação de
Igreja Católica Romana.
Muitas figuras importantes fazem parte da história dessa Igreja, podemos citar
como exemplo: Paulo de Tarso, notável zelador do judaísmo e perseguidor dos
cristãos. Por volta do ano 35 converteu-se ao cristianismo e iniciou sua
peregrinação até as principais regiões do Oriente, fundando igrejas, ordenando
bispos e ministros.

Agostinho (354- 430), nascido na Argélia, buscou inicialmente o maniqueísmo.


Aos 33 anos voltou-se aos ideais cristãos, propagando a doutrina na África por
cerca de 40 anos.

Tomás de Aquino (1225-1274), alquimista, discípulo de Alberto Magno, foi um


representante da doutrina escolástica e usou uma linguagem aristotélica para
falar sobre o Deus revelado em Cristo.

Francisco de Assis, nascido em 1182, filho de um rico mercador de tecidos


engajou-se aos 23 anos numa expedição militar ao sul da Itália, onde passou por
uma transformação, originando sua lenta, porém irreversível transformação
religiosa. O contato com a miséria e a necessidade das pessoas provocou o seu
desprendimento dos bens materiais, fazendo votos de pobreza. Pretendia a volta
da simplicidade do Evangelho. Idealizava uma religião sem hierarquias e sem os
erros do clero. Sua Ordem era baseada na pureza total e no desprendimento
absoluto. Pela primeira vez na Era Cristã, a morte foi vista como uma "irmã".

Com relação ao Brasil, podemos citar a presença de José de Anchieta e Manoel


da Nóbrega que, dentre tantas tarefas importantes, tiveram atuação decisiva na
fundação da cidade de São Paulo em 1554.

A Igreja Católica Romana é caracterizada pela autoridade suprema do Papa,


conforme expresso na doutrina da infalibilidade. Essa autoridade esta baseada na
sucessão petrina, ou seja, os papas são considerados herdeiros espirituais do
poder que teria sido conferido ao apóstolo Pedro por Jesus. O papa é eleito por
um colegiado de cardeais que se reúne no Vaticano após a morte do antecessor.
A autoridade papal é estendida hierarquicamente aos bispo e aos padres.

Na sua liturgia, o Catolicismo Romano admito sete sacramentos: o batismo, a


confirmação, o casamento, a ordenação a penitência, a extrema unção, e o
principal que é a missa.

A maioria dos fiéis segue o rito romano, mas há cinco outras tradições que
também aceitam a autoridade do Papa: grega, russa, síria. Armênia e copta.

Uma análise rápida de textos íntegros da antigüidade mostra que muitas práticas
católicas são adaptações das reformas introduzidas por Tsong Kappa no Budismo
Tibetana. Podemos citar como exemplo o uso do incensório suspenso por cinco
correntes, o rosário, as procissões, a água benta etc. A própria missa é uma
adaptação de cerimônias da Etiópia e do Egito.
Estima-se que a partir do ano 2000 a maioria dos católicos romanos estará
vivendo na América Latina, onde a Teologia da Libertação e a identificação do
clero com os pobres torno-se fonte de controvérsia com a Igreja.

Muitos cismas e deturpações viveu a Igreja nestes 2000 anos. Muitas manchas,
como a nefanda "Santa Inquisição", turvaram os bons princípios da Igreja Cristã
Primitiva. Muitas cabeças pensantes de Roma e de Arquidioceses,

Dioceses e Paróquias de todo o Planeta promoverão novos cismas por não


concordarem com a opulência de Igreja quando milhões de seres humanos vivem
na sombra da fome e da miséria. Muitos gritarão por mudanças ritualísticas,
doutrinárias e humanísticas.

ISLAMISMO

"Aqueles que se esforçam por nosso caminho, na verdade,

Nós os guiaremos pelos caminhos corretos."

"Não pensará o homem em que houve em que era nada?

"O homem nada obtém ser esforço."

"Aquele que é cego nesta vida, será cego na outra e poderá

perder o caminho."

A palavra Islã deriva da forma verbal slm: aslama e significa submissão a Deus. O
islamismo encontra-se presente em todos os continentes, ainda que predominantemente no
Oriente Médio.

Antes do islamismo, reinava na Arábia uma mescla de ritos, dentre os quais destacamos
alguns focos do Cristianismo Bizantino, do Judaísmo Arabizante e do politeísmo. Neste
último, o culto dos deuses tribais proporcionava festas, sacrifícios de animais e construção
de santuários, nos quais havia toda tipo de comercialização, advindos da adoração dos
deuses, que eram cultuados ao lado de Allah. As festas, os jejuns e as peregrinações eram
as principais práticas religiosas. O culto dos deuses tribais havia relegado a segundo plano a
antiga religião astral do Sol, da Lua e de Vênus.

No ano de 570 de Era Cristã, nascia na tribo dos coraixitas Muhammad (Maomé). Seus pais
faleceram quando ainda era criança, sendo deixado aos cuidados de seu avô e
posteriormente de seu tio Abu Teleb. Desde criança Maomé se revelou um espírito sincero,
ávido de saber e inclinado às meditações. Tinha o hábito de retirar-se para orar em uma
caverna no monte Hira; lá meditava acerca da Divindade, raciocinava sobre as diversas
crenças existentes na Arábia e no fundo de sua alma sentia a vontade de reduzi-las a uma
só, exterminando assim a crença em várias divindades e consequentemente o comércio
e3xitente nas templos.

Somente na sua maturidade espiritual, por volta dos 40 anos, Maomé recebeu os primeiros
versos, ditados pelo anjo Gabriel, que iriam compor o Alcorão. No total forma 114 surahs
que contêm um número variável de versos chamados ayats. Os suras não estão em ordem,
cronológica, pois somente depois de um longo tempo os califas (vigários) as transcreveram,
razão que provavelmente explique o fato de alguns versos que se contradizem. Cada surah
tem um título e todas, com exceção de uma, começam com o verso chamado Basmallah:
"Em nome de Deus o clemente, o misericordioso" (Ba-sm-allah al rahman al rahim).

O monoteísmo e o Poder de Deus são os dois temas centrais do Alcorão, além de conter a
própria vivência do profeta, reinterpreta vários relatos bíblicos como o de Adão e Eva, o
monoteísmo de Abraão e Ismael, e outros similares ao cristianismo. A história de um
perseguidor do Islamismo, por exemplo, que ao encontrar-se com o profeta e ouvir suas
predições acaba convertido ao Islã,

passando de inimigo a amigo e seguidor de Maomé, lembra a conversão de Paulo em


Damasco.

Maomé, durante toda sua encarnação, buscou a prática de igualdades sociais e econômicas;
instruiu sobre a família e os relacionamentos entre maridos e esposas, pais e filhos, sobre o
relacionamento com os escravos e não muçulmanos, estabeleceu leis alimentares, proibiu a
usura, buscando incrementar a evolução no grupo que conduzia.

Em 632 d. C., Maomé morre e inicia-se o problema da sucessão do profeta. O primeiro


Khalifah a substituí-lo foi Abu-Bakr e depois o sucedeu Omar. Foi após a morte deste
segundo Kalifah que iniciaram-se as secessões que resultaram na formação de inúmeras
seitas, cujo número é tradicionalmente fixado em 272.

Dentre as diversas seitas nas quais se dividiu o islamismo, o sufismo merece especial
atenção, por interprenetar nos aspectos internos do Islã. Possui caráter iniciático, esotérico,
fechado ao mundo profano; é um modo de vida que busca a realização da unidade e da
presença de Deus por meio do amor, do conhecimento, baseado na experiência da união
com o Criador.

Os textos sufistas revelam influência de idéias neoplatônicas e herméticas, assim como o


ascetismo e as atividades devocionais dos monges cristãos; consideram Maomé como um
dos seus.

Os sufistas reconhecem no Alcorão a recomendação de praticar o dhikr, meditação ou


invocação de Deus, que pode ser acompanhado pelo uso de um rosário, pelo controle
respiratório, por músicas e danças extáticas, como a dos mawlawiyas (mevlevis).
As etapas do caminho espiritual são codificadas de várias maneiras segundo a ordem ou a
escola sufista. O número de maqamats ou estados místicos é variável. O Kitab al-luma,
introdução ao sufismo de Abu Nasr al-Sarraj, enumera sete sete estágios:

1. tawabah arrependimento

2. wara abstinência

3. zuhd ascese

4. faqr pobreza

5. sabr paciência

6. tawakkul confiança em Deus

7. rid'a satisfação

O homem é o microcosmo e o Universo é o macrocosmo, dizem os sufistas; "ápice da


criação, o homem é a imagem mais distinta do divino na espelho da criação, capaz de
romper o véu da ilusão que torna a criação tão real quanto o seu criador".

JAINISMO

... Em todas as formas de existência sofri, quase sem um momento de repouso, a miséria e a
dor.

De um texto jainista

E é desta miséria e desta dor, trazidas pelos renascimentos, que buscam libertar-se.

A palavra jainismo deriva do termo jina, vencedor, e antigamente era conhecido como
Nirgrantha. O jainismo é considerada uma religião antiga, existem registros históricos que
datam de 1500 a.C.. Atualmente conta com um pequeno número de adeptos, cerca de 2
milhões, na Índia. Considerada eterna por suas escrituras, tem sido revelada através dos
tempos pelos Tirthankaras ( Criadores de Passagem - ao que apontam o caminho ), grandes
mestres espirituais da humanidade.

O último deles, Mahavira ( O Grande Herói ) é considerado o 24º Tirthankara, nasceu,


segundo a tradição em 599 a .C., na região do Bihar. Foi contemporâneo do Buda, de
Pitágoras, Heráclito, Lao-Tsé, Confúcio e Zoroastro. A lenda em torno de sua vida é
semelhante a do Buda: kshatria, filho de Siddharta chefe dos Jnatrikas, Vardhamana foi
criado como príncipe; casou-se, teve uma filha e aos 28 anos renunciou à vida familiar para
se tornar asceta, procurando a libertação do terrível ciclo do nascimento, morte,
nascimento. Depois de 13 anos de uma vida austera conquistou a iluminação total,
tornando-se um Vencedor. Atingiu assim, um estado pleno, claro e livre do conhecimento e
da intuição - uma alma perfeita. Durante 30 anos dedicou-se a difundir sua doutrina e
ordenou um grande número de monges e monjas. Sobressaiu-se por sua coragem,
temperamento sério, extraordinária beleza interior e uma atitude extremamente amorosa em
relação à vida. Por onde andava, à sua volta, numa extensa área, todas as flores se abriam.
Sua grandeza é a expressão de seu desapego e bondade. Morreu aos 72 anos em Pavoa, uma
aldeia próxima do lugar onde nasceu, atualmente centro de peregrinação jainista.

Na concepção jainista do Universo, o mundo é imperecível, não sujeito à criação por um


Ser Supremo. Esta imagem é representada por uma roda constituída de 12 raios: 6
ascendentes e 6 descendentes. A era atual, iniciada logo após a morte de Mahavira,
localiza-se no quinto raio descendente, a Era da Desgraça, onde o bem deu lugar ao mal.
Nas próximas eras ascendentes, o mal cederá ao bem e o mundo voltar-se-á inevitavelmente
para a virtude.

O Cosmos é habitado por almas (jivas) e não-almas (ajivas), mostrando uma concepção
dualista espírito/matéria. Como o número de jivas é infinito, e na sua maioria obrigadas à
transmigração eterna no samsara, só muito raramente nascem num corpo humano. Portanto,
o homem deve aproveitar todas as oportunidades para encontrar o caminho da salvação,
adquirindo 3 jóias:

1. o devido conhecimento, porque o caráter essencial da alma é a consciência plena e o


conhecimento. Em seu estado original domina a consciência da existência em todos os
aspectos e em todos os tempos passados, presentes e futuros. A alma liberta conhece a
Verdade. Prisioneira de um corpo material, a consciência torna-se obscurecida e o
conhecimento, imperfeito pelas limitações que a matéria lhe impõe, segundo as inexoráveis
leis do karma.

2. a devida fé, oriunda do conhecimento da doutrina jainista e na crença de que não há


nenhum Criador, ninguém além do próprio indivíduo, auxiliado pelos Tirthankaras, que
possa acelerar o processo evolutivo. Louvam seus Mestres através de mantras, tomando o
cuidado para que suas preces não sejam egoístas.

3. a devida conduta, que valida as duas primeiras. Prestam votos de conduta, sendo o mais
importante o princípio da não-violência, o ahimsa, não fazer mal a qualquer ser vivo,
mesmo que involuntariamente. Uma vez que todo o Universo pulsa de vida, o cotidiano das
jainas torna-se severamente limitado. Alimentam-se do que chamam da primeira vida
sensível: nozes, frutas e vegetais. Não podem ser agricultores para não prejudicar animais.
Vegetais ou ferir a terra com o arado. Não podem ser marceneiros, ferreiros ou escultores,
porque a madeira, o metal e as pedras sofrem dores atrozes quando trabalhadas.

Contrariar estes 3 princípios resulta em graves conseqüências kármicas, que na doutrina


jainista tem um aspecto singular. Acreditam que o karma é constituído por partículas sutis
de matéria que aderem à alma, por isso através do esforço disciplinado, da fé e do
conhecimento, podem controlá-lo. Ações egoístas, descuidadas e cruéis geram um acúmulo
destas partículas que oprimem a alma, que tornando-se mais pesada renascerá nos estágios
inferiores da vida. Boas ações, ascetismo e renúncia total da matéria dispersam o karma
anteriormente agregado.
Quando o ciclo dos renascimentos é finalmente rompido pela aniquilação do karma, a alma
liberta e sem peso, por sua leveza natural, atinge o ponto mais alto do Universo. Livre dos
pensamentos, é toda consciência (onisciente); sozinha, pode estar em todos os lugares
(onipresente), não mais se prende ao caráter individual, à personalidade, qualidade ou
definições porque venceu a si mesma (onipotente). É simplesmente perfeita.

"Como a sagrada folha da árvore cai ao chão, assim, quando o tempo se extinguir, a vida
chega ao fim. Como uma gota de orvalho presa ao topo de uma folha dura pouco tempo,
assim também é a vida dos homens. Atravessaste o grande oceano, por quê paras tão perto
da paris? Apressa-te a alcançar o outro lado. Cuida-te, não percas a ocasião!"
(MAHAVIRA)

JUDAÍSMO
"Não faças a teu próximo o que não queres que ele te faça."

O judaísmo encerra não apenas um sistema religioso mas também, social, cultural, político
e filosófico.

Surgiu por volta do ano 2.000 a.C, descendendo dos amoritas (ocidentais) que se instalaram
na Mesopotâmia. Lá chegaram como homens livres e logo foram escravizados. Deixaram
esta religião aproximadamente em 1.260 a .C como seguidores de Moisés e fixaram em
Canaã, transformando Jerusalém em seu centro religioso.

O livro sagrado judeu é a Torah Nebi'im Wekehuvim dividido em três partes: Torah ou
Pentateuco, o Profetas e os Escritos.

A Torah contém 248 mandamentos e 365 proibições: o homem é criado com 248 membros
e 365 veias, refletindo em sua estrutura ao mesmo tempo a obra de Deus ( o Cosmo) e sua
revelação ( a Lei).

Fílon, importante filósofo do judaísmo helenítico (20 a .C - 45 d. C), fez paralelos da Bíblia
com Platão. Descreve a criação do mundo por um demiurgo (criatura intermediária entre a
natureza divina e humana) que cria o Universo organizando a matéria preexistente, na
queda dos espíritos como sendo conseqüente à própria essência do homem, ainda que "ele
fosse vestido pela túnica de pele", o corpo material que encerra a alma como uma prisão.

Há grande diversidade nas concepções de Deus e dos mitos da criação do Cosmo e do


homem, porém, a Divindade, YHVH (Deus do Céu) ou ELOHIM (plural), é sempre visto
como onipresente, onisciente e soberano sobre os homens.

No século III a .C surgiram os textos apocalípticos, dentre eles o de Daniel é o de maior


vulto. Descreve a história universal segundo um plano de Deus, a estrutura do Universo é a
morada de Deus. Segundo Daniel, o fim dos tempos será anunciado por cataclismos, dor e
sofrimento que precedem a vinda do Messias, o Filho do Homem, o Rei do Povo de Deus.
Ele reinará com justiça e durante seu reinado, que durará 400, 500 ou 1.000 anos, será
necessário o arrependimento de todos os homens; então Ele anulará o Pecado Original e
abrirá as portas do Paraíso.

No juízo final, os bons e justos ascenderão ao Paraíso, reencontrarão suas coroas, seus
tronos e suas vestes de glória que estão à sua espera desde antes da criação do mundo, e os
maus cairão para um abismo em chamas. O mal será eliminado para sempre, o próprio
Messias morrerá e tudo retornará ao silêncio original, ao caos. "...ao termo de sete dias,
despertará o eon que agora dorme...", haverá uma nova criação, o advento da Jerusalém
Celestial, a ressurreição e a beatitude eternas.

No início dos tempos Deus revelara a "ciência secreta" a alguns escolhidos, pois era velada
aos profanos. No final dos tempos ela será novamente revelada, mas sempre para um grupo
restrito de iniciados. O Filho do Homem, o Messias, é o Iniciado por excelência, é o Senhor
de todos os segredos, e quando ele assumir o Seu reinado "os segredos jorrarão de sua
boca".

Merkabah (Trono ou Carro Celestial onde encontra-se Deus), descrito por Ezequiel, será
encontrado ao final de uma viagem por sete hekhalot (palácios) habitados por seres
celestiais.

Outra obra de grande importância no judaísmo é o Mishnah e os 2 Talmudes ( de Jerusalém


e da Babilônia). É uma obra legalista que codifica a tradição oral revelada a Moisés e é a
chave para a interpretação da Tradição Escrita contida na Torah, possui 63 tratados
divididos em 6 sessões: zeaim (sementes), moed (festas), noshim (mulheres), nezikim
( prejuízos), kodashim (coisas santas), teharot ( purificações ).

A mensagem geral do profetismo judaico é moral e condena as práticas de cultos cananeus


como a prostituição e os sacrifício sangrentos; pregam a compostura e advertem que caso
contrário Deus afligirá aos infratores todos os males.

A Cabala judaica tem suas raízes no Sefer Yetsirah ou Livro da Criação. Possui 10 sephirot
(associado aos 10 mandamentos) e 22 caminhos que os unem (associados às 22 letras do
alfabeto hebraico). A criação ocorreu a partir destes 32 elementos primordiais.

A Cabala clássica descreve 4 universos espirituais:

-atsilut (emanação/divino) - compreendo os 10 sephirot

-beriyrah (criação) - compreende os 7 hekhalot e o merkabah

-yetsirah (formação) - os exércitos angélicos

asiyah (fabricação) - o mundo visível

Propõe 3 metas:
-tikkun - restauração da harmonia e unidade primordiais na pessoa e no mundo

-kavvanah - meditação contemplativa

-devekut - união estática com a essência, ascensão da alma para a luz Divina

Além disso prega que os 10 sephirot estão expressos nos elementos da natureza. Utiliza
muitos processos místicos, como por exemplo a visualização de cores, para alcançar o
atsilut (divino) , e acredita que este processo é dificultado pelo sitra ahra ( o mal/o outro
lado) do asiyah (mundo visível). Não adota a dualidade alma/corpo e o desprezo pelo
mundo físico, e vê a sexualidade como processo para a reintegração de entidades separadas
quando da descido das alma para o corpo.

O hassidismo, movimento judaico mais recente que data do século XVIII, ressalta a alegria
da onipresença de Deus, perdendo-se no devekut. Reconhece a presença de Deus nas mais
triviais atividades do corpo, a louvação a Deus aparece nas cerimônias sacras e também nas
atividades "profanas" como as refeições, o sono, a união sexual, o canto e a dança. Crêem
que a intenção ao praticar o ato é o mais importante e se em suas atividades a pessoa visar o
devekut o resultado será o êxtase. Denominam esta prática de yeridah le-tsorehk aliyah, a
descida com finalidade de ascensão.

MANIQUEÍSMO

"O verdadeiro Eu está encoberto pela falta

do auto-conhecimento. O conhecimento é o

caminho para a salvação."

A doutrina Maniqueísta teve origem na Pérsia em meados de século III da Era


Cristã. Seus fundamentos foram revelados por um profeta , astrólogo, médico e
curandeiro chamado Manes (ou Mani), nascido em 25 de abril de 216 na
Babilônia, próximo a Selecuccia-Ctesiphon, no Tigre. Filho de Pattak, um persa
de descendência nobre convertido a uma comunidade monástica chamada
Elchesaites, cujas leis exigiam a entrega dos descendentes varões para que a
comunidade se responsabilizasse por sua criação e educação. Por isso ele foi
criado no seio daquela sociedade onde conheceu severas práticas ascetas
contrárias qualquer manifestação da Arte. A alegria era considerada
manifestação demoníaca, já que acreditavam ser o mundo material
personificação do próprio inferno. Assim sendo, não havia motivo para serem
alegres. Daí o fato de muitos, erroneamente, afirmarem Ter sido Mani, um
adepto do ascetismo extremo, um defensor de que a matéria é o próprio mal.

Com a idade de 12 anos Mani recebeu a visita de um mentor espiritual de nome


El Tawam que responsabilizar-se-ia por seu despertar ao mundo das Verdades
Maiores, ensinando-lhe sobre sua origem, suas obrigações nesta terra (ou Terra) e
sobre a mensagem de volta ao lar. Mani vai despertando aos poucos e começou a
dar corpo ao movimento filorreligios conhecido por Maniqueísmo. Ao tomarem
conhecimento dos ensinamentos de Mani, os líderes Elchesaites o expulsaram da
comunidade. O Profeta tina então 24 anos e vários seguidores para apoia-lo na
jornada.

O ponto central da doutrina Maniqueísta é o assédio sofrido pelo homem por


forças escuras que, no início dos tempos, estavam descansando em seu próprio
contexto. A estas forças ele chama de Ego. Em um determinado instante o
homem é assaltado por seu próprio Ego, que passa a assimilar as riquezas do
inconsciente humano, roubando-lhe a Luz de sua Essência e desafiando o seu
lugar na Eternidade. De acordo com os ensinamentos Maniqueístas este conflito
precisa ser resolvido pelo bem da Unidade Original. O primeiro passo no processo
de redenção é uma descida para dentro do mundo material, uma confrontação
direta com s forças que estão procurando tomar do homem o seu lugar no céu.
Isto aconteceu na formação do Homem Primordial, no Princípio da Luz.

Mani acreditava que Jesus Cristo trouxe um espelho ao mundo e que a volta ao
"lar" seria alcançada por aqueles que, mirando-se neste espelho, refletissem a
Luz Espiritual em sua essência. Para tanto, necessitava a humanidade reconhecer
as Verdades reveladas por grandes profetas como Zoroastro, o Buda e o próprio
Cristo Jesus. Neste contexto El Tawam ensinou ao novo Profeta que este deveria
reforçar as leis destes Mestres.

Sabedora das dificuldades dos seres humanos, a doutrina Maniqieísta revela


ensinamentos esotéricos para aqueles que buscam a perfeição. Estes devem
seguir práticas ascetas e estrito celibato para credenciarem-se a receber os Três
Selos, os quais demonstram que tais discípulos seriam considerados eleitos ou
puros:

Primeiro Selo - BOCA:

- Falar apenas a verdade e se abster de alimentos impuros de qualquer natureza

Segundo Selo - PEITO:

- Tornar impossível as tentações materialistas

Terceiro Selo - MÃOS:

- Para evitar guerrear, matar ou ferir a vida

Aos demais, conhecidos como ouvintes ou impuros, destina-se um código menos


exigente. Porém, havendo a possibilidade de tornarem-se puros. Para tanto,
deveriam tomar consciência dos verdades espirituais durante o transcorrer de
várias reencarnações no mundo material, vencendo a barreira do dualismo
representado pelo conflito existente entre:

DEUS x SATÃ

LUZ x TREVAS

ESPÍRITO x MATÉRIA

Os ensinamentos Maniqueístas chegaram à Índia, China, África, Itália e sul da


Espanha, sendo que Mani é citado nos escritos canônicos do Toísmo chinês, onde
é conhecido por Moni Jiao. Atualmente existem indícios da presença maniqueísta
na China e costa do Malabar (Índia), porém não é possível afirmar com absoluta
certeza a existência de monastérios Maniqueístas nesses locais. O Profeta Mani
morreu em 3 de março de 277, vítima de uma cilada armada por seguidores
zoroastras por o considerarem um herege. Deixou algumas obras literárias como
O Livro dos Gigantes, O Tesouro da Vida, A Palavra Viva de Deus, O Livro dos
Segredos e Juventude.

PROTESTANTISMO

Teve início na Alemanha em 1517 um conjunto de movimentos de caráter


religioso, político e econômico que contestava os dogmas Católicos, provocando
a dilaceração da Igreja Cristã.

Os papas exerciam poder espiritual e também poder temporal, ou seja, como o


de qualquer governante de um país. O comportamento de parte do clero estava
envolvida em interesses econômicos ou polit5icos, entrando em contradição com
a doutrina da Igreja. Muitos cristãos, opondo-se a essa situação, sentiam a
necessidade de uma volta aos ensinamentos de Cristo e de seus apóstolos e
pregavam uma reforma dos costumes. Os principais reformadores foram Martinho
Lutero e João Calvino, no século XVI. A Reforma difundiu-se rapidamente na
Alemanha, Suíça, França, Holanda, Escócia e Escandinávia. No século XVI surgiu a
Igreja Anglicana e, a partir do século XVII, as Igrejas Batista, Metodista e
Adventista. As Igrejas nascidas da Reforma reúnem cerca de 450 milhões de fiéis
em todo o mundo.

Martinho Lutero nasceu em Eisleben, Alemanha. Dedicou-se com afinco aos


estudos religiosos. Entrou para mosteiro dos eremitas Agostiniano, onde tornou-
se sacerdote e teólogo. Era profundo conhecedor das escritura bíblicas e tornou-
se professor de teologia. Em 1517, o Papa Leão X quis terminar a Basílica de São
Pedro e, não tendo dinheiro para custear tal despesa, imaginou que poderia
lançar um pequeno imposto sobre as consciências e vender indulgências para a
cristandade, como já se fizera antes. O monge Agostiniano Martinho Lutero
protestou, afirmando não ver nessa atitude da Igreja nenhum valor espiritual.
Para justificar seus protestos, pregou a salvação pela fé somente, sem a
necessidade de praticar boas obras. Lutero denunciou as deformações da vida
eclesiástica.

Foi acusado de herege, condenado e excomungado pelo Papa, o que levou a


queimar em praça pública, diante de milhares de pessoas, a Bula Papal que o
condenara. Escondido, traduziu para o alemão o Novo Testamento, dando base
para a Doutrina Luterana. Abandonou o hábito de monge, casando-se com a ex-
freira, Catarina Von Bora em 1525.

Foram criadas novas seitas. Levando-se em conta o grande número de


dissidentes, o Imperador Carlos V concedeu-lhe em 1625 o livre exercício de seus
cultos. Em 1529 esse ato foi revogado, gerando um conseqüente protesto. A
denominação protestantes surgiu neste momento.

Doutrina dos reformadores:

* Justificação de Deus só pela fé e o acesso ao sacerdócio para todos os fiéis.

* Negação do valor dos sacramentos, conservando o batismo e a eucaristia, esta


com valor essencialmente simbólico.

* Negação do culto aos santos e do valor da missa.

* Afastamento por completo da autoridade e hierarquia papal, afirmando que


"todo fiel é padre".

* Negação de que todo homem seja livre para praticar o bem e o mal.

* Abolição da hierarquia e instituição de pastores como ministros as igrejas.

* Acesso permitido às mulheres ao ministério.

* Permissão para os pastores se casarem.

* Simplificação da liturgia, reduzindo os sacramentos ao batismo e à ceia.

Lutero considerava-se apenas um reformador do culto, conduzindo os fiéis ao


estudo de sua reforma e não da sua pessoa. Ele é visto como força motriz desse
movimento cujo centro cada um se apropriou, reservando-se o direito de ampliar
ou restringir para si mesmo os conceitos, segundo sua inspiração particular.

João Calvino nasceu em Noyon, França. Organizou uma nova Igreja, com pastores
eleitos pelo povo, dizendo que: "o homem está predestinado à salvação ou
condenação. Pode salvar-se quem santificar a vida cumprindo seus deveres. A
Igreja e o Estado devem estar separados, com o predomínio da primeira".
Calvino abriu um novo caminho em meio à Reforma, renunciando ao sistema vago
e relaxado de Lutero, censurando as condescendência para com os soberanos e
sua ligação com as coisas temporais. Anunciou abertamente sua intenção de ligar
a doutrina evangélica às reformas republicanas. Calvino considerou o cristão livre
de todas as proibições não explicitadas nas escrituras, o que tornou as práticas
do capitalismo lícitas, em especial a usura, condenada pela Igreja Católica. De
acordo com a teoria da predestinação, a idéia de que Deus concede a salvação a
poucos eleitos leva o homem a buscar o lucro por meio do trabalho e da vida
regrada. Por outro lado, a Igreja Católica fez a contra-reforma a fim de
defender-se e, através da autoridade do Papa Paulo III, A Igreja regulou as
obrigações do bispos e confirmou a presença do Cristo na eucaristia. Foram
criados seminários como centro de formação sacerdotal, reconhecendo-se a
superioridade do Papa sobre a assembléia conciliar. Foram restaurados, também,
os tribunais da inquisição, sob o nome de Santo Ofício. Foi instituído o índice de
livros proibidos.

SIKHISMO

Existe apenas um único Deus, chamado Verdadeiro, Criador,

Misericordioso. O Verdadeiro estava no princípio. O Verdadeiro existe no presente; oh


Nanak, e o Verdadeiro existirá também no futuro.

Assim um sikh (aprendiz) inicia seu dia, recitando o primeiro trecho do hino a Nanak,
como uma expressão de fé.

A meta de sua vida é dedicar-se a insistir no nome de Deus, cantar e guardar no coração
hinos de louvor ao Criador, o que para o crente é apenas um artifício pelo qual pode
alcançar a Deus, e que também permite que Deus penetre no seu coração, porque

" As palavras que O descrevem são inúteis de buscar, com o pensamento não poderás
conhecê-Lo, ainda que cem mil vezes pense Nele; tampouco O descobrirás pelo silêncio,
ainda que permaneças mudo vidas inteiras.

Mil destrezas poderás praticar neste mundo, mas somente com o coração de criança poderás
alcan;cá-Lo."

Então, quando o homem começa a tornar-se consciente de Deus, passa a enxergar a vida de
um maneira diferente. Quem procura a Verdade conclui que está envolvido no seu próprio
orgulho, ignorância e egoísmo, deixando-se consumir pela paixão, como se estivesse cego
para a real natureza da vida. A única esperança reside no fato de que o Verdadeiro Guru,
Deus, é misericordioso. Ele garantirá ao crente a sensação de Sua presença, que eleva e
transporta o homem, afastando-o de todas as prisões morais e males físicos. Enquanto
medita sobre o nome de Deus, repetindo os versos sagrados com sinceridade e amor, o
Divino Senhor vai tocá-lo e
"Assim serão eleitos os devotos do Senhor e honrados com a estima de Deus.

Suas mentes permanecem fixas no amado Senhor e suas palavras são justas e plenas de
devoção.

Ante a porta de seu Rei, resplandecem de amor."

A salvação é uma união de amor, mas até isso ocorrer, o homem precisa viver muitas
encarnações que terminam apenas quando O encontram. Livres do "eu", tornam-se aptos a
servi-lo.

"Minha mente e meu coração são Teus, minha identidade foi removida, e contemplo Tua
Luz eterna e infinita que brilha por igual em cada ser."

A religião Sikh nasceu na índia, no Penjab, no final do século XV, quando, sob a influência
do hinduísmo, do islamismo, especialmente do sufismo, Nanak iniciou um movimento
alternativo para buscar a presença de Deus.

Nanak nasceu na Índia em 1469. Os hindus acreditavam que era um deus encarnado e os
muçulmanos diziam que havia nascido um santo. Consta que aos cinco anos confundia seus
mestres com as perguntas que fazia. Se recusava a ler as escrituras dizendo : "Ler as
palavras escritas só cria confusão nas pessoas, aquilo que deveríamos ler está escrito no
Santo Alento."

A partir de Nanak iniciou-se uma sucessão de mais nove mestres que partilhavam da
mesma verdade, possuíam a mesma visão de Deus e uma identidade básica comum. Eram
escolhidos pelos seus antecessores em função das qualidades espirituais que apresentavam.
Diziam que eram como velas acesas umas nas outras.

Durante o período dos cinco primeiros mestres ( de 1500 a 1600) o sikhismo emergiu como
um grupo devocional de religiosos. A partir daí, os ideais essencialmente religiosos
passaram a ser interpretados de forma política e militarista. O décimo, chamado Gobind
Singh considerou-se o último mestre Sikh e transmitiu sua autoridade à comunidade e às
escrituras.

O quinto mestre ou guru, Arjan, foi ponto referencial na mudança da filosofia Sikh. Sob sua
liderança começaram a enfrentar as crescentes agressões muçulmanas o que caracterizava a
transposição de uma política de divulgação da fé para uma afirmação dos direitos de defesa
armada desta fé. Construiu o Hari Mandu, o templo que passou a ser o centro da vida
religiosa e política. Sua arquitetura simboliza a mística Sikh: o edifício consiste de uma
construção que circunda uma grande lagoa, no centro da qual localiza-se o Templo
Dourado, uma flor de lótus crescendo da sombria água da vida, representando a devoção e
as boas obras, ensinando o homem superar o mal do mundo que sufoca suas mais altas
aspirações. Possui quatro entradas, mostrando a universalidade da fé Sikh, aberta a todos.
Compilou o Adi Granth, o primeiro livro de escrituras, que gira em torno da figura de
Nanak, apesar do próprio Nanak Ter ensinado que as formas exteriores eram inúteis se o
coração não estivesse com Deus. Entretanto, como a maioria dos crentes necessitava de
formas concretas como estímulo para a devoção, o Templo e o Livro tornaram-se símbolos
sagrados. Atualmente o Livro é o ponto central de todos os rituais. Como não há sacerdotes
e qualquer pessoa possa conduzir o culto, tornou-se um guru, o Guru Granth. Prestam-lhe
reverências, cantam e oram em seu louvor.

Arjan e seus quatro sucessores foram mortos por muçulmanos e considerados mártires por
seus seguidores, o que incrementou o espírito guerreiro da comunidade, culminando com a
criação da kalsa, uma casta militarista, poderosa e forte na defesa de fé e da sociedade. Seus
membros vestem-se, até hoje, com trajes militares e usam o kipan como símbolo de
religiosidade. São os melhores soldados da Índia e considerados os verdadeiros crentes, os
únicos que têm acesso a Deus.

SUFISMO

O sunismo e o xiismo são as maiores doutrinas do Islão. O sufismo marca a vida


espiritual de ambas; os sufis não formam um grupo ou seita, são apenas
muçulmanos - sunitas ou xiitas - que procuram a proximidade de Deus através de
uma disciplina de purificação espiritual.

O coração do sufismo é o amor a Deus. Ele se assenta sobre a garantia corânica


de que "Deus ama os que a Ele temem" e retribui sua devoção com amor.

O termo sufi deriva do árabe suf que significa lã e que se referia aos vestidos de
lã que os místicos usavam em contraste com as roupas dos homens mundanos.

No início, a base do sentimento sufi foi o temor a Deus e ao juízo, mas já no


século II da Era Islâmica se tinha imposto e prevalecia a doutrina do amor. Mas os
sufis não se deram por satisfeitos com este intenso evangelho do amor. No
terceiro século islâmico começaram a desenvolver a doutrina da "via interior" ou
o caminho espiritual para Deus. Nesse caminho distinguiam-se vários trajetos,
correspondentes aos diferentes níveis de experiência sufista. O místico era em
primeiro lugar alguém que procurava, depois um viajante e, finalmente, um
iniciado. Progredia ao longo do caminho através de processos de negociação
consigo mesmo e de um conhecimento aprofundado de Deus. À medida que se
aproximava de Deus, mais lhe falava com seus lábios, controlava os seus
membros e afastava os desejos do coração, até que alcançava o estágio final
quando, aniquilando-se ficava totalmente absorvido em Deus.

Uma das maiores figuras do Islamismo medieval e o muçulmano mais influente a


seguir Maomé foi al-Ghazzali que revelou: "Compreendi que a via mística
completa inclui tanto a crença intelectual como a atividade prática; a última
consiste em libertar-se dos seus próprios obstáculos e em se despojar das
características baixas e dos costumes viciosos, de modo que o coração possa
alcançar a liberdade daquilo que não é Deus e o recolhimento constante Nele."

O profeta Maomé é venerado pelos muçulmanos como um sufi. A tradição


religiosa nos fala da limpeza miraculosa de seu coração na infância e da sua
ascensão ao céu (miraj) pela noite quando, através de orações, ele experimentou
o mistério da unidade acolhedora de Deus.

Numa concepção mais rígida, os sufis nunca devem se descrever com esse termo.
Eles usam a palavra correlata "mutasawwif" ( fem. Mutasawwifa), "aquele que
tenta ser sufi".

A diferença é crucial.

"O sufi é aquele que está morto para o ego e vive de acordo com a Verdade; ele
escapou das garras das faculdades humanas e se entregou verdadeiramente a
Deus. O mutasawwif é aquele que tenta alcançar esse nível pela penitência e
corrige sua conduta segundo o exemplo dos sufis."

O caminho da purificação através da penitência inclui o caminho espiritual, que


se fundamenta na ascensão do Profeta. , Maomé afirmou que há um caminho
para cada devoto, ou seja, cada pessoa deve desenvolver uma prática espiritual
própria.

Com o desenvolvimento e a difusão do Islão, os sufis perceberam o perigo das


práticas espirituais indisciplinadas. Eles insistem que o mutasawwif devia Ter um
mestre espiritual (shaykl, pir); dispensar o mestre espiritual significa seguir o
diabo. Assim, o caminho espiritual foi institucionalizado numa série de
fraternidades ou ordens espirituais que seguiam diferentes mestres. Elas se
espalharam pelo mundo muçulmano medieval e, embora diferissem muito umas
das outras, todas uniam seus seguidores - em diferentes continentes - numa
disciplina espiritual comum.

O caminho sufi é como uma escada. Cada degrau é um estágio (maqam) de


esforço espiritual que deve ser alcançado antes de se passar para o próximo. As
ordens sufis diferem no modo pelo qual identificam e organizam os estágios, mas
eles incluem sempre contrição, conversão, renúncia, confiança, gratidão,
pobreza, paciência e amor. Todos os estágios pertencem à categoria dos atos e
exigem esforço incessante. Mas o esforço humano é em si insuficiente como meio
de aproximação de Deus. Os sufis ensinam que cada estágio de esforço espiritual
precisa ser recompensado por estados de dádivas especiais concedidos por Deus
ao coração do mutasawwif . Esses estados são entendidos como qualidades
espirituais que se originam de Deus, sem que o agraciado seja capaz de atrai-los
ou repeli-los por esforço próprio. Eles também são interpretados diferentemente
pelas várias ordens sufis, mas em geral envolvem satisfação, convicção,
intimidade, separação, amor, união e conhecimento.
Pela prática do caminho, os sufis tentam interiorizar os rituais e as leis do Islão.
Além dos serviços ordinários na Mesquita, eles criaram outras formas de culto,
que variam da recitação tranqüila dos nomes de Deus e a dança para intensificar
o lado emocional do culto. O destino final do caminho é a intimidade com Deus.
A pessoa que a alcança é um wali ou "santo" (literalmente, alguém que está perto
de Deus). Apenas um santo pode ser verdadeiramente chamado de sufi. A
antítese entre o auto-aniquilamento e a autoperpetuação com Deus aponta para
a experiência sufi do divino. Pelo aniquilamento de todas as impurezas, o puro
permanece. Se Deus é puro, pode alguém que se livrou das impurezas estar
separado dele? As respostas a essa questão levaram à metafísica sufi, que explora
o mistério da unidade divina. Ao negar a separação definitiva da dualidade entre
Deus e o coração ou alma humanos purificados, o misticismo sufi angariou as
críticas - e até mesmo a rejeição - dos outros muçulmanos.

Desde o século XIX as grandes ordens sufis de histórico medieval vêm afundando
diante da pressão dos modernos movimentos de renovação, que tentam
reformular suas práticas enfatizando a perspicácia do Corão e a inspiração do
exemplo do Profeta. Nesse sentido, o sufismo continua a florescer em práticas
individuais, e os sufis contemporâneos, como os adeptos de outras religiões,
lutam contra a poluição do materialismo moderno.

TAOÍSMO

Aquele que conhece aos outros é inteligente.

Aquele que conhece a si mesmo é sábio.

Aquele que conquista os outros, tem força.

Aquele que conquista a si próprio é a própria força.

Aquele que conhece o contentamento é rico

Aquele que é determinado, tem força de vontade.

Aquele que não perdeu o domicílio, dura.

Aquele que morre, mas não perece, é eterno.

O Taoísmo tem suas origens há mais de 5000 anos, na China, constituindo um


sistema integral de conhecimento, com aspectos filosóficos, religiosos, sociais,
pragmáticos e mesmo na manutenção da vida humana.

Baseia-se fundamentalmente no TAO, pronuncia-se dau, cuja tradição limita sua


própria realidade, que é ilimitada. Entretanto, os termos mais usados são:
caminho, via, sentido. Tao ainda lembra Teo, e a pronúncia "dau",
arqueometricamente, é regra, lei.

Se, por uma lado, Tao é o caminho para a Essência, por outro é a própria
Essência. É o caminho ou sentido, que conduz ao próprio Tao, o Todo que está
por dentro e por fora de todas as coisas.

Antes de tudo, existia o Tao, este diferenciou-se, dando origem a Yin e Yang. Yin
era mais pesado e deu origem à Terra. Yang era mais leve e subiu, dando origem
ao Céu. Entre estes dois princípios surgiu o homem, considerado o terceiro
elemento desta tríade. Yin é tudo que é passivo, feminino, úmido, a terra, a
morte, a lua, a noite; Yang é tudo que é ativo, masculino, seco, o céu, a vida, o
sol, o dia. Este dois princípios estão em tudo que existe e um contém em si a
semente do outro, formando o clássico signo taoísta do Tai Chi.

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De Yin e Yang surgiram os cinco elementos que formam todas as forças energias:
terra, metal, água, madeira e fogo, que se organizam em ciclos complexos de
produção ou destruição. As estações da natureza, os órgãos do corpo, os ciclos
relacionam-se a cada umedeces elementos.

Outra característica marcante do Taoísmo é o princípio da Mutação configurado


em sistema filosófico, metafísico e oracular no Yi Ching, o Livro das Mutações,
atribuído ao ancestral FO-HI. Por esse princípio nada é estático, tudo se move, se
transforma continuamente em seu oposto, ressaltando a transitoriedade e, ao
mesmo tempo a dialética da existência. Nos trigramas do Yi Ching, os kouas, as
linhas Yang, contínuas, transformam-se em Yin, partidas, podendo um trigrama
ou hexagrama demonstrar sua tendência a se transformar no outro.

Outra característica marcante da visão taoísta do mundo é a questão do


paradoxo. A grande virtude á a não-ação ativa, ou wu-wei. O não-ser vale mais
do que o ser. O valor de um vaso está justamente no seu vazio; uma vez cheio já
não serva como vaso. Da mesma forma, uma janela tem sua essência no vazio, no
não-janela. O Tao é o "não-produzir produtor de tudo que existe" - a fonte de
todas as coisas. O não é a essência; o sim, a substância.

No Taoísmo, de acordo com o Tao, é saber viver no sentido da corrente natural e


não lutando contra a maré.

Tao está ligado a Te, o poder de levar o Tao a se realizar em todas as coisas. T e
é a realização, o poder, ou simplesmente, a vida. Um dos livros mais
fundamentais do Taoísmo é o Tao Te Ching, o Livro do Caminho e da Vida, ou o
Livro do Sentido e da Vida. Foi escrito por Lao Tzu, que viveu por volta do século
VI a .C, contemporâneo de Confúcio, Buda e outros.
Lao Tzu não é um nome, é um apelido, talvez um título, significa criança velha,
ou ainda, ancião. Seu nome de família era Li, extremamente comum na China, na
juventude era Erl (orelha); como erudito era Be Yang, o Conde Sol e, após sua
morte, Lau Dan, o "Velho Professor" ou a "Velha Orelha Comprida". Era arquivista
do reino, grande sábio e igualmente humilde. Descontente com a situação
política, resolveu sair do reino, ao transpor a fronteira montado em um boi
preto, o guarda pedi-lhe que deixasse algo de valor. Sentou-se e escreveu o Tao
Te Ching, na forma de 81 poemas, com mais de cinco mil símbolos, e um tratado
taoísta dos mais profundo que a Tradição manteve vivo até hoje.

Além de um caráter metafísico incomparável, o Tao Te Ching ainda apresentava


um aspecto de orientação social, explicando a maneira correta de governo,
através do princípio do wu-wei. Ainda assim, diferente do confucionismo, mais
envolvido com os preceitos e com a vida prática. Onde o confucionista pergunta
"O que devo fazer?", um taoísta pergunta "Que tipo de pessoa devo ser?" O
próprio Confúcio venerava Lao Tzu e, em seu encontro legendário com o Mestre,
comparou-o a um Dragão que se elevava acima das nuvens, inalcançável em sua
profundidade.

Seguindo-se a Lao Tzu, embora se que esse tenha fundado uma escola iniciática,
continuando seus ensinamentos surgiram várias figuras importantes no Taoísmo,
como Lie Tzu, Liu Ling, Chuang Tzu e outros.

Disse o taoísta Lui Ling: "Adotei o Universo inteiro como minha casa e o meu
próprio quarto como minha roupa"... Um segundo trabalho importante é o de
Chuang Tzu, que influenciou o desenvolvimento do Taoísmo filosófico (Tao-
Chia). Mas o Taoísmo, em épocas posteriores, também se desenvolveu
religiosamente com rituais, especialmente de cura e exorcismo e festas.

No Taoísmo religioso, chamado Tao-Chiao, a busca da imortalidade é muito


importante. Como toda a natureza está unida ao Tao, a imortalidade não pode
ser atingida libertando-se ou desprendendo-se uma parte do todo, como uma
alma. Ela só pode ser alcançada pelo direcionamento apropriado das forças
naturais que existem dentro do corpo. Pelos exercícios respiratórios (ch'i gong,
pelo controle e comando da energia sexual, pela alquimia, pelo comportamento
e pela busca do caminho dos imortais e das Ilhas dos Abençoados. O Tao-Chiao é
composto de muitos movimentos e seitas, e tem um vasto cânone ou coleção
oficial de textos autorizados. Na China tradicional, o Taoísmo regula muitas
festas na comunidade, além de realizar curas e exorcismas por meio da perícia
ritual de oficiantes religiosos, os sacerdotes. Em um exorcismo enfrentam
ritualmente fantasmas ou espíritos turbulentos e buscam controlar os perigos e
excessos das força Yin, invocando as força superiores Yang, assegurando a
harmonia cósmica, social e pessoal. É apenas para raros adeptos ou mestres que
a harmonia do Tao é atingida por meio da total canalização de energias e do
alcance da imortalidade. A imortalidade pode ser interpretado literalmente
(conquistar um corpo durável para sempre), ou simbolicamente (atingir a
liberdade espiritual e espontaneidade sem esforços).

Para o Taoísmo, as crenças de que o Tao é o princípio imutável que rege o


Universo e de que o segredo da vida é viver de acordo com o Tao, "quem nunca
age, embora nada permaneça por fazer", são centrais.

O Tao integra uma trilha mística de naturalidade e ação espontânea, adstrita à


filosofia política de inação criativa, ou wu-wei, na qual o governate não procura
impor ou dominar os negócios de interesse nacional ou do Estado. O Tao Te Ching
endossa a versão espiritualizada da imortalidade, vista como emergente de uma
vida harmoniosa e natural em que se dá pouca importância ao ganho material.

UMBANDA

O Movimento Umbandista é um movimento filo-religioso surgido no final do século


dezenove e início do século vinte, através da congregação de todas as raças em torno de um
sistema filo-religioso aberto, capaz de permitir a expressão de várias heranças culturais sem
a necessidade de confrontamento ou cizânia. Assim, ocorreu o sincretismo de sentido
religioso entre povos distintos em suas tradições regionais, como os ameríndios, os
africanos, os europeus e asiáticos.

Além do sincretismo, como amortecedor das diferenças sociais, culturais e étnicas, outro
fator que garantiu a convergência de várias culturas sobre o movimento umbandista foi sua
condição não dogmática, não sectária, expressa pela enorme variedade de ritos e
entendimentos compreendidos sob o manto da Umbanda. O gráfico abaixo mostra os
diferentes grupos que confluiram para o movimento umbandista e suas contribuições:
Apesar do aspecto de mosaico que esse movimento adquiriu durante sua formação, pouco a
pouco, sua real função foi-se delineando a partir da constatação de que alguns conceitos se
apresentam de forma universal em todos os segmentos da Umbanda. Esse conceitos são: o
culto às Potestades Divinas sob o nome de Orixás ou Arashas como genitores divinos dos
seres humanos; a louvação aos Ancestrais que se manifestam através de um triângulo de
apresentação, nas formas de Crianças(representando a Pureza e o Amor),
Caboclos(representando a Fortaleza e a Ação) e Pais Velhos(representando a Sabedoria e a
Humildade); a doutrina da reencarnação; a ligação sagrada com a Natureza e seus espíritos,
entre outras.

Assim, o Movimento Umbandista tornou-se foco de convergência capaz de receber a todos,


com a importante característica de apresentar uma variedade de ritos e cultos também no
sentido vertical, quer dizer, desde cultos mais ligados à forma e à matéria até aqueles mais
ligados à essência espiritual. A conseqüência disso é que, além dos vários grupos culturais,
também todas as camadas de cada grupo encontraram na Umbanda um local afim, já que
sua variedade se adequa aos inúmeros graus conscienciais ou de entendimento dos
consulentes de todos os templos.

Por fim, a Umbanda, em seu movimento incessante de renovação constante, revelou seu
real propósito que é de colaborar para o ressurgimento do Ombhandhum, a Tradição de
Síntese, detentora da Realidade-Una e Primeva, de onde surgiram todas as tradições da
Terra. Essa é a profunda intenção e destino do movimento umbandista, trabalhar para o
resgate do Conhecimento-Uno, patrimônio de toda a humanidade, foco de convergência da
Filosofia, da Ciência, da Arte e da Religião, os quatro pilares do conhecimento humano.

Se o Movimento Umbandista foi colocado no centro do quadrilátero no gráfico anterior,


como ponto de convergência de manifestações culturais diversas, estabelecendo uma
relação no plano bidimensional, devemos entender o Ombhandhum como acima desse
plano de atuação exposto, constituindo o topo de uma pirâmide cujos lados foram
representados acima.

Sua posição, portanto, é o ponto que estabelece a formação tridimensional da pirâmide,


estando acima de manifestações unilaterais, sem a supremacia de nenhuma etnia, cultura,
ou compreensão.

O Ombhandhum é o ponto de origem de todas as tradições, é a Proto-Síntese Cósmica


perdida pelo homem nas noites do tempo, que continua a regular a vida no Universo Astral,
apesar de sermos inconscientes de sua existência.

Assim, entendemos que ao revelar a Doutrina do Tríplice Caminho e estabelecer a Escola


de Síntese, Yamunisiddha Arhapiagha apresenta o Ombhandhum como uma visão inédita e
ampliada da Umbanda, porque sua doutrina remonta às origens do Cosmos e do Homem
(Cosmogênese e Antropogênese).

Se por um lado, é uma visão nova pelo fato de apresentar abertamente os fundamentos
iniciáticos do Ombhandhum, por outro lado é ancestral porque sempre esteve presente
desde o nascimento do Cosmo.

A Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino trabalha para a restauração dessa Síntese Cósmica,
que compreende o homem em sua Essência, em sua Existência e em sua Substância, que
voltará a brilhar sobre o planeta no futuro que todos construiremos passo a passo.

XINTOÍSMO

"Depois da criação do Céu e da Terra, Seres Divinos foram criados entre eles.

... o solo que compunha as terras flutuava de uma maneira que poderia ser
comparada ao flutuar de um peixe brincando na superfície da água.

Então, uma 'coisa' foi produzida entre o Céu e a Terra.


Ala tinha a forma de um broto de bambu, e foi transformado em um Deus.

Em seguida, foram criados mais dois, totalizando três divindade.

Elas eram yang puro, espontaneamente desenvolvidos pela ação do princípio do


Céu.

Sendo formados pela ação conjunta de princípios celestes e terreno, as outras


divindades foram criadas masculinas e femininas

...são chamados as sete gerações dos Deuses."

O Xintoísmo é uma religião nativa do Japão, uma mistura de crenças e rituais


antigos, de devoção à natureza e a heróis, cultos de fertilidade, técnicas
divinatórias e xamanismo. Suas raizes datam de 500 a .C (ou antes) e era a
religião das pessoas comuns, sensíveis às forças espirituais que permeavam o
mundo da natureza em que viviam. Apesar de seu caráter original relativamente
"primitivo", o Xintoísmo não perdeu sua importância: perpetuou muitas formas
primitivas da religião, como a ênfase na natureza, as artes divinatórias e diversos
aspectos do culto, tendo havido pouca alteração em suas atitudes e valores
fundamentais. Para identificar essa tradição frente às religiões estrangeiras que
foram introduzidas depois do século VI d.C, surgiu o termo xintó, do chinês shen
(ser divino) e tao (caminho); sua tradução em japonês seria kami ni michi (o
caminho em consonância com a divindade). Desta forma, os xintoístas aspiram
atingir o objetivo desse caminho (ou vontade dos kami), o makoto, que seria a
sinceridade, o coração verdadeiro. Não existe um fundador, uma filosofia
religiosa explícita, um código moral específico ou escrituras sagradas.
Entretanto, foram compiladas algumas lendas e mitos Xintoístas , sendo as mais
importantes o Kojiki (Registro das Questões Antigas) e o Nihon-shoki (Crônicas do
Japão), de onde foi tirada a citação acima. Nestas estórias observa-se
nitidamente uma orientação mundana, uma ligação íntima entre os deuses , o
mundo que eles criaram e os seres humanos. As tensões existentes na religião
ocidental entre Criador e criaturas, seres humanos e locais naturais estão
ausentes. Os kami (divindades) fazem parte da vida cotidiana, bem próximos dos
fiéis. O estado natural do cosmos é de harmonia, com elementos divinos,
naturais e humanos intimamente relacionados. Outros mundos são mencionados,
mas apenas em impressões não muito claras: os xintoístas não olham muito além
da presente existência. Como pode-se observar, sua visão é fundamentalmente
clara e otimista, como cabe a uma religião em que a divindade máxima é a Deusa
do Sol. Como não existem escrituras ou dogmas, a veneração sempre teve lugar
central. As atitudes e valores característicos têm sido transmitidas em rituais,
festivais e tradições passadas pela família, e não por sermões ou estudos. O
xintoísmo enfatiza a ação e não a crença; é uma religião de participação: deve-
se agradecer as benções recebidas em rituais com alegria, ajudar aos outros,
viver em harmonia com a vontade do Imperador, buscando a paz e a
prosperidade do país. Seus valores mais importantes são o senso de gratidão e
respeito pela vida, uma apreciação profunda da beleza e do poder da natureza,
um amor de pureza e limpeza e, em termos de estética, a preferência pelo
simples/ Isso pode ser traduzido em:

* Tradição e família: a família é vista como principal meio de preservar


tradições.

* Amor à natureza: a natureza é sagrada. Estar em contato com a natureza é


estar perto dos deuses.

* Limpeza: é a divindade; o que não está limpo é feio. Corpo, mãos e boca são
lavados com freqüência.

* Matsuri: é o festival público ou particular para honrar os espíritos; na verdade,


a palavra (que vem do verbo atender ou entreter) significa servir ao kami, a uma
pessoa com autoridade, às almas que partiram. É uma atitude de respeito e
obediência e uma disposição para ouvir e obedecer. Envolve a tradução da
vontade e do poder do kami para a vida cotidiana.

As divindades Xintoístas são chamadas kami. O termo é freqüentemente


traduzido com "deus" ou "deuses" mas expressa um conceito diferente do
encontrado na religião ocidental. Num senso mais amplo, kami pode ser qualquer
coisa que inspire respeito ou reverência; são os poderes sagrados presentes em
todo o Cosmo, ou o sagrado presente em um objeto. Existem kami ligados a
objetos e criaturas naturais: os espíritos das montanhas, mares, rios, pedras
árvores animais etc. Existem kami guardiões de determinados locais e clãs.
Alguns humanos egrégios, inclusive imperadores que já se foram, e as forças
criativas abstratas também são considerados kami. O papel dos kami é suster e
proteger, e eles desejam ver seu povo desfrutando de uma vida de abundância e
harmonia comunitária, preenchida com a vitalidade dinâmica e a pureza do
coração. O xintoísta encara a vida cotidiana como o serviço aos kami, enfatiza a
gratidão a eles e aos ancestrais, que provêm a vida e todas as bênçãos. Musubi
(ou musuhi) é a potência criativa do Universo, os poderes de harmonia e criação
dos kami, que são portanto, seus mediadores. Os xamãs e advinhos teriam o
papel de se comunicar com os kami. Os homens, assim como toda a natureza, são
"filhos do kami", sendo portanto sua vida e natureza sagradas. São inerentemente
bons e precisam apenas remover as impurezas de sua bondade natural para que
ela possa brilhar; a maldade vem do contato com forças ou agentes externos que
poluem a natureza pura e são rebeldes à harmonia primordial. Existem espíritos
do mal, mas poucos são considerados irremediáveis. A devoção serve para
expressar gratidão ai kami e assegura a continuação de seus favores. É expressa
em festivais - comunitários que celebram eventos como o plantio, a colheita, ou
alguma ocasião especial na história de um templo - ou particulares, em casa ou
no templo da região. Essas celebrações podem ser muito solenes ou alegres e
festivas. Os principais festivais são o Shogatsu (Ano Novo), Bon (dia da alma dos
ancestrais), os festivais ligados às atividades (agricultura, indústria e comércio),
os festivais sazonais de purificação - no último dia do ano os japoneses limpam
toda a casa e arredores, se lavam, fazem uma refeição especial e ficam
esperando o Ano Novo. Existem também os ritos de passagem, a benção das
crianças aos 3, 5 e ou 7 anos de idade, a benção da idade adulta aos 30 anos de
idade, e o casamento. Os santuários servem como morada para um ou mais kami.
O templos são feitos somente de material natural e em lugares selecionados.
Alguns deles são desmantelados e substituídos por outros idênticos a cada 20
anos, simbolizando a renovação. Geralmente o local dos templos foi estabelecido
em volta de objetos sagrados, como árvores, lagos ou rochas. O caminho para o
templo é marcado por um torii (portal) e um lago, com um ponte sagrada, que
serve para separar o mundo sagrado do santuário e o mundo profano. Perto da
entrada, antes de ingressar no saguão do culto, convém que os devotos se
purifiquem lavando s mãos e bocas. Antigamente, eles faziam o misogi, a
lavagem de seus corpos em um rio perto do templo. Em seguida, fazem uma
oferenda - de dinheiro ou comida - e a prece ou pedido. Em época de festas, o
kami é levado em procissão através da comunidade. É a visita da divindade à
comunidade protegida, quando o kami a abençoa.

Algumas crenças

Origami (papel dos espíritos): é uma arte folclórica japonesa que data de antes
da escrita, quando s pessoas pegavam pedaços de papel ou pano, sussurravam
suas preces neles e os amarravam em árvores, de forma que quando o vento
soprasse suas preces seriam repetidas. O papel é dobrado em formas harmônicas.
São muitas vezes vistos perto de templos Xintoístas. Devido ao respeito pelo
espírito da árvore que deu sua vida para fazer o papel, o papel do origami nunca
é cortado com tesuras ou outros instrumentos afiados.

Ema: podem ser encontradas em templos Budistas e santuários Xintoístas. São


oferendas votivas ilustradas, pequenas placas de madeira com desenhos e
pedidos escritos que são penduradas nos templos e depois queimadas,
simbolizando a liberação do pedido.

Fuda e Mamori: são amuletos para repelir o mal e trazer boa sorte, ajudar na
cura e proteção.

Caridade: muitos seguidores deixam de fazer uma refeição uma vez ao mês e
doam o dinheiro economizado para sua organização religiosa, para assistência
internacional ou atividade similar.

YOGA

"Assim, o homem, depois de suas buscas vão de vários deuses, completa o ciclo e
descobre que o Deus imaginado por ele como sentado no céu, governado o
mundo, é seu próprio Eu. Nenhum outro, a não ser o Eu, era Deus, e o pequeno
"eu" jamais existiu".
A palavra Yoga, em sânscrito, tem uma grande número de significados. Ala é
derivada da raiz yuj, que quer dizer unir, e a idéia de união está presente em
todos os significados. De acordo com as mais elevadas concepções da filosofia
hindu, da qual a ciência do Yoga é uma parte integrante, a alma humana, ou
jivatma, é uma faceta ou expressão parcial da superalma ou Paramatma, a Divina
Realidade, fonte ou substrato do Universo manifestado. Embora, em essência , os
dois sejam o mesmo e indivisíveis, ainda assim, jivatma torno-se subjetivamente
separado de Paramatma e está destinado, depois de atravessar o ciclo evolutivo
no Universo manifestado, a unir-se outra vez com Ele, em consciência. Este
estado de unificação dos dois, em consciência, são ambos chamados de Yoga. O
Yoga também é definido como processo de jungir (português, jugo), ou subjugar,
a natureza humana não iluminada à natureza divina iluminada, de maneira a
permitir que a superior guie e transmute a inferior. Não se pode afirmar, com
certeza, quando o termo yoga surgiu. O seu sentido, no entanto, já aparece nos
primeiros Upanishads (lit. sentar-se próximo).

Aqueles que escreveram os Upanishads tinham a convicção de que a realidade


não é perfeitamente captada pelos nossos entendimentos imperfeitos. Comparam
a mente do homem a um espelho na qual a realidade é refletida. A extensão
daquilo que chamamos realidade depende do estado de nossa mente, se esta
pode ou não captar a riqueza e a plenitude da realidade. Cores não podem ser
reveladas aos cegos, tampouco música aos surdos, da mesma forma a verdade
não pode ser revelada aos "fracos de mente". O processo do conhecimento não é
uma criação e sim uma descoberta, não uma produção e sim uma revelação. A
revelação será imperfeita ou distorcida se uma mancha ou imperfeição macula o
instrumento, Os desejos egoístas e s paixões interpõe-se entre o instrumento e a
mente a realidade a ser observada. Quando a personalidade do sujeito afeta a
natureza do instrumento, o reflexo torna-se manchado. A ignorância do
observador obscurece o objeto com suas fantasias. Os preconceitos
predominantes encobrem a verdade das coisas. A noção do erro provém desse
fato, ou seja, a intrusão na realidade dos defeitos do instrumento. Para se
descobrir a verdade, uma atitude imparcial e impessoal é necessária, e tudo que
é meramente pessoal impede esse processo. Precisamos, assim, nos preservar das
distorções produzidas por nossa mente, direcionando sua energia, tornando-a um
canal passivo para a transmissão da verdades.

O método do Yoga ensina como refinar a mente e melhorar o espelho, mantendo-


o limpo e cristalino. Através da disciplina, podemos ampliar nossa percepção e
ter uma visão abrangente da realidade. Quando nos elevamos acima de nosso
pequeno "eu", ampliamos o nosso ser. Quando transcendemos a existência
empírica, a via universal é intensificada e obtemos o enriquecimento do ser ou o
aprimoramento da personalidade. O sistema do Yoga requer o caminho da
disciplina mental e espiritual.

Na leitura básica do Yoga, os Yoga-Sutras de Patanjali revelam-se a obra de


maior autoridade. Muito pouco se conhece sobre Patanjali. De acordo com a
tradição, ele foi a mesma pessoa conhecida como Govinda Yogi, que iniciou o
sábio Samkaracarya na ciência do Yoga Patanjali. Não é considerado o
descobridor, mas sim o expositor desse sistema. O método clássico para
exposição de um assunto relevante usado pelos sábios e letrados antigos é
composto por sutras. A palavra sutram, em sânscrito significa "um fio". Seu
sentido amplo é traduzido como aforismo.

Em 196 sutras divididos m quatro sessões, Patanjali sintetizou o essencial da


filosofia e técnica do Yoga, assim expostas:

1ª seção: refere-se à natureza geral do Yoga e sua técnica. A técnica essencial do


Yoga é o samadhi que pode ser definido como um mergulho nas camadas mais
profundas da consciência de quem esteja operando através dos diversos graus da
mente.

2ª seção: orienta o estudante ou aspirante, sadaka, à prática da austeridade,


auto-estudo e entrega a Isvara, Deus, conduzindo-o a um crescimento integral e
equilibrado da individualidade. Inicia-o em práticas preparatórias utilizando
técnicas respiratórias - pranayama, posturas físicas - asanas, e de concentração -
dharana. Isto torna o sadaka apto à prática do samadhi, fortalecendo-o física,
mental e emocional e moralmente à prática do Yoga superior.

3ª seção: concentra-se na introdução de práticas internas como dhyana,


meditação, fazendo uso do mantra e da repetição constante do mantra japa.
Discorre sobre os poderes alcançados por aqueles que trilham o caminho do auto-
controle - siddhis.

4ª seção: aprofunda os ensinamentos expostos anteriormente e discorre sobre o


estado final da prática do Yoga: estado de samadhi, ou estado de auto-
realização, de iluminação.

Dessa forma , o sadhaka percorre as seguintes etapas até sua realização final:

1. eliminação da distração mental

2. eliminação das perturbações causadas pelos desejos descontrolados

3. eliminação das perturbações provenientes do campo físico

4. desligamento da mente dos órgãos sensoriais, isolando o mundo externo e as


impressões por ele produzidas na mente.

5. Controle da mente pelas práticas do dharana, dhiana e samadhi

A energia mental é canalizada percorrendo o seguinte caminho


Pensamento comum => dharana => samadhi

Diz-se que o caminho do Yoga não é um caminho único, mas um caminho de muitos
caminhos, levando todos eles ao objetivo único. Dessa forma, "vários Yogas" são
apontados como partes do caminho que pertence ao sistema único do Yoga. Sua prática está
presente no hinduísmo, Budismo,Jainismo e Taoísmo de uma forma acentuada. Percebe-se
sua influência também no Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.

PARTE Dá maestria Eleva ao controle iogue de


sobre
Hatha-Yoga respiração Corpo e vitalidade físicos
Laya-Yoga vontade Poder da mente
BhaktiYoga amor Poderes do amor Divino
Shakti-Yoga energia Forças energizantes da
natureza
Mantra-Yoga som Poderes da vibração
sonora
Yantra-Yoga forma Poderes de formas
geométricas
Dhyana-Yoga pensamento Poderes do pensamento
Raja-Yoga método Poderes de discriminação
Jnana conhecimen Poderes do intelecto
to
Karma-Yoga atividade Poderes da ação
Kundalini- Kundalini Poderes da força
Yoga psiconervosa
Samadhi-Yoga eu Poder do êxtase

ZOROASTRISMO

"Age como gostarias que agissem consigo."

Zoroastro (forma iraniana de seu nome seria Zaratrusta) fundou a 2600 anos o
Zoroastrismo, religião nascida no antigo Irã que mais tarde veio a influenciar o
Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo.

Zoroastro encontrou muitas dificuldades para difundir sua nova religião. Em dez
anos conseguiu apenas um discípulo que era seu primo. Esta dificuldade se deu
devido às fortes renovações que suas palavras traziam. Entre os judeus, que
esperavam um messias para salvar seu povo, Zoroastro instalou a idéia de um
salvador para toda a humanidade e não apenas dos judeus. Postulava também, a
existência de uma alma que sobrevive a morte do corpo, influenciando mais
tarde, os cristãos e os grego.
Para termos idéia da obra de Zoroastro, devemos entender que a religião
iraniana era dividida em castas, cada qual com seus deuses. Zoroastro,
entretanto, rejeitou o politeísmo ao defender que Mazda, um dos deuses mais
antigos era o único Deus efetivamente existente. Segundo Zoroastro, Mazda teve
dois filhos, um bondoso e um destrutivo. Na verdade, este segundo não nasceu
mal, apenas optou por isso em um certo momento de sua existência. Zoroastro é
considerado um dos postulares do livre arbítrio. Entre o espírito bondoso e o
destrutivo, segundo Zoroastro, se iniciou uma batalha que duraria até o juízo
final. Este aspecto dualista sobrevive até hoje com sua influência sobre o
Islamismo.

Alguns de seus adeptos, chamados parses da Índia, mantém ainda hoje viva sua
religião através do culto ao fogo, que identifica o fogo como a Luz e o Bem e é
atribuído aos numerosos afloramentos de petróleo em combustão em várias
regiões do Irã, considerado miraculoso pelos antigos.

Zoroastro concebeu uma nova via de salvação: a adesão à ética no pensamento,


nas palavras e nas obras, ou seja, a opção do bem contra o mal. Somente os que
levam uma vida boa e justa poderiam alcançar a salvação que ficou ao alcance
não só das elites, mas também dos humildes.

Zoroastro no Irã, na mesma época do Buda na Índia, identificou o dever religioso


com o dever ético, ou seja, suas ações, sentimentos e pensamentos seriam sua
salvação e não apenas os cultos e sacrifícios oferecidos às divindades em troca de
favores em vida e após a morte.

Zoroastro fez muitas profecias, entre elas:

* Que em um futuro longínquo de 3000 anos, o espírito de Deus se manifestaria


outra vez em um Messias que apareceria na Pérsia.

* Que chegaria o tempo em que se levantaria da raça persa o "Sháh Bahram", o


senhor prometido, o salvador do mundo, o grande mensageiro da paz.

* "aquele que ficar do lado justo, dele será a glória futura; escuridão eterna,
alimento abjeto e lamentação - a existência conduzirá vossa consciência através
de vossos atos, ó seres inócuos.

* "o que semeia o milho, semeia a religião. Não trabalhar é pecado."

* "o que lavra a terra com dedicação tem mais mérito religioso do que poderia
obter com mil orações sem nada fazer."

Zoroastro fundou uma sociedade essencialmente agrícola, pregando o trabalho


como ato santo de salvação. Aos 77 anos foi martirizado por um homem que a
matou enquanto ele se encontrava orando frente ao fogo sagrado no interior do
Templo.

Embora muitos imaginem que o Zoroastrismo é uma religião morta, ela


permanece viva universalmente entre várias religiões que influenciou e entre os
parses e os gabares do próprio Irã, que conseguiram resistir à conversão para a
religião muçulmana.

Pesquisado no site: http://www.ombhandhum.org no dia13/05/2003 às 14:00h

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