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História da Educação Brasileira

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Universidade Aberta do Brasil - UAB são licenciadas nos termos da Licença Creative
Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhada, podendo a obra ser remixada,
adaptada e servir para criação de obras derivadas, desde que com fins não comerciais, que
seja atribuído crédito ao autor e que as obras derivadas sejam licenciadas sob a mesma
licença.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO


Reitor Professora Conteudista
Gustavo Pereira da Costa Ana Livia Bomfim Vieira

Vice-Reitor Revisão de Linguagem


Walter Canales Sant´ana Lucirene Ferreira Lopes
Pró-Reitora de Graduação Designer de Linguagem
Andréa de Araújo Clecia Assunção Silva
Núcleo de Tecnologias para Educação Designer Pedagógico
Ilka Márcia Ribeiro S. Serra - Coord. Geral Janaina Cunha Borges
Sistema Universidade Aberta do Brasil Projeto Gráfico e Diagramação
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Coord. de Curso Designer Gráfico
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Ficha catalográfica
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Maria das Graças Neri Ferreira - Coord.
Pedagógica

História da Educação Brasileira


SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO

UNIDADE 1 História da Educação: conceitos básicos


1.1 O que é História? .........................................................................................08
1.2 O que é Educação? .....................................................................................10

1.3 Concepções de História ...............................................................................12

UNIDADE 2 Educação no Brasil: da Colônia à Modernidade


2.1 O processo de colonização no Brasil e a pedagogia jesuítica ...................19
2.2 A Modernidade, o fortalecimento da burguesia e a Educação .................. 20
2.3 A era Pombalina e o Iluminismo português do século XVIII ...................... 23
2.4 As Correntes de pensamento do século XIX e a Educação no Brasil ....... 24

UNIDADE 3 Século XX: reformas, expansão do ensino e as políticas


neoliberais
3.1 A educação na Primeira República (1889-1930): principais ideias
pedagógicas ................................................................................................29
3.2 As reformas educacionais e a expansão geral do ensino: a consolidação
capitalista ....................................................................................................32
3.3 A educação na Segunda República (1945-1964) e a primeira LDB (1961)..32
3.4 A educação e ditadura militar (1964-1985)...................................................35
3.5 As reformas educacionais - Lei n° 5.540/68 e Lei n° 5.692/71.....................37
3.6 A dissolução do regime militar: A pedagogia histórico-crítica e a Constituição
de 1988.........................................................................................................40
3.7 A atual LDB (1996) .......................................................................................41
História da Educação Brasileira
UNIDADE 4 A Educação no Contexto Maranhense
4.1 A Ordem Jesuítica e as Reformas Pombalinas ..........................................45
4.2 O século XIX no Maranhão.........................................................................49
4.3 A educação maranhense a partir do século XX .........................................56

História da Educação Brasileira


APRESENTAÇÃO

Caro (a) estudante,

Esse material didático foi produzido com o intuito de oferecer conteúdos considerados
indispensáveis para a plena realização e conclusão da disciplina de História da
Educação Brasileira. O que não significa dizer que seja o único meio que o estudante
deve seguir para orientar os seus estudos. É importantíssimo buscar outras fontes
de conhecimento e muitas serão indicadas neste material. Mas elas devem ser
apenas o ponto de partida para o aluno, que deve alimentar seu espírito criativo,
questionador e crítico, ampliando cada vez mais seus horizontes de aprendizagem.

Neste e-Book, após cada Unidade, o aluno tem acesso a uma bibliografia selecionada
a partir das temáticas abordadas na Unidade. Nesta bibliografia indicaremos tanto
obras específicas, teóricas sobre os assuntos, como links para obras digitais, assim
como vídeos e sites que consideramos ser interessantes e relevantes para a melhor
compreensão. Desta forma, o aluno terá ao seu alcance um leque de possibilidades
de fontes que o auxiliarão nesta caminhada de estudos.

A cada Unidade os conteúdos serão desenvolvidos e apresentados relacionando-


os às produções teóricas de autores que trabalham as diversas temáticas ligadas à
História da Educação Brasileira. Esta disciplina se caracteriza por construir relações
muito estreitas entre os saberes pedagógicos e as mudanças nas concepções de
educação no Brasil, com os processos históricos vivenciados pelo país. Desta
forma, assim pensado, este e-Book tem como objetivo desenvolver o pensamento
crítico, autônomo, capaz de construir sua independência intelectual.

Para desenvolver as competências e habilidades indicadas nos objetivos, você


deverá estudar com atenção os temas propostos e buscar a ajuda dos Tutores e do
Professor, sempre que necessário.

Boa leitura e bons estudos!

História da Educação Brasileira 5


ÍCONES
Caro (a) estudante,

Além do texto com as informações do conteúdo da disciplina, estamos lhe


apresentando os ícones, elementos gráficos que ampliam as formas de linguagem
e simplificam a organização e a leitura hipertextual. Você deve clicá-los para ter
acesso às informações que cada um representa. Observe os significados:

ABC OU GLOSSÁRIO ATENÇÃO!

define uma palavra, termo ou


destaca informações imprescindíveis
expressão utilizada no texto;
no texto, indica pontos de maior
relevância no texto;

SAIBA MAIS
SUGESTÃO DE LEITURA – indica
traz informações, curiosidades
outras leituras, contendo temas
ou notícias acrescentadas ao
relacionados com o conteúdo do texto;
texto e relacionadas ao tema
estudado;

REFERÊNCIAS

estão relacionadas no final de


cada aula/unidade, de acordo
com as normas da ABNT.

História da Educação Brasileira


1
UNIDADE

História da Educação: conceitos


básicos

Objetivos

• Compreender os conceitos de História e Educação;

• Reconhecer as diversas concepções de Educação que o Brasil conheceu;

• Entender as relações entre as mudanças educacionais e os contextos históricos


brasileiros.

E
sta Unidade abordará conceitos básicos que são fundamentais para o
estudo da História da Educação. Apresentaremos os conceitos de história
e de educação e como, a partir da compreensão de que são aspectos
eminentemente associados aos fenômenos sociais, educação e história se
articulam através das relações entre contextos históricos e políticos e as mudanças
nas políticas educacionais.

História da Educação Brasileira 7


1.1 O que é História?

Desde muito tempo o ser humano buscou salvaguardar a memória. Nossas


identidades, a nossa cultura, a maneira como vivemos, como concebemos o mundo
e quais as nossas crenças são alguns dos aspectos que podem ser compreendidos
quando observamos, refletimos e estudamos o passado. Este passado pode estar
localizado na antiguidade, há milênios do nosso tempo, ou no início do século XXI
(Figuras 1 e 2) e quando o historiador se debruça sobre ele está preocupado em
saber, em reconstituir o que aconteceu.

Figura 1 –Templo do Partenon,Atenas, século V a.C.

Fonte: <https://revistadehistoria.es/el-partenon/>

Figura 2 –“ Templo de Salomão”, Igreja Universal, São Paulo,2014

Fonte:<http://oidiario.com.br/igreja-universal-e-condenada-por-
coagir-fiel-doar-bens-mulher-teria-sido-ameacada/>

História da Educação Brasileira 8


Para a historiadora Vany Pacheco Borges(1984,p. 4):

O homem vive em um determinado período de tempo, em


um espaço físico concreto; nesse tempo e nesse lugar ele
age sempre, em relação à natureza, aos outros homens, etc.
[...] ‘Mesmo quando se analisa um passado que nos parece
remoto, portanto, seu estudo é feito com indagações, com
perguntas que nos interessam hoje, para avaliar a significação
desse passado e sua relação conosco.’

É possível perceber, portanto, que a História diz respeito ao processo de ação dos
homens, enquanto agentes sociais e, portanto, históricos, no tempo e no espaço
(BLOCH,2001). Ao pesquisar sobre o passado, é preciso localizar de que passado
estamos tratando e realizamos isso demarcando nossa pesquisa em um período
de tempo e em um local determinado. Isso é necessário, pois é preciso entender as
sociedades e os grupos sociais inseridos em seus contextos específicos. Contudo,
como demonstrou a citação anterior, nossa curiosidade sobre o passado não está
sedimentada sobre o nada. Os questionamento que fazemos ao passado estão
centrados no nosso presente. São as angústias e preocupações que temos hoje
com a nossa sociedade e nosso mundo que alimentam as pesquisas em História.
Mesmo que não acreditemos mais que a “História é a mestra da vida”, é claro que
a nossa sociedade e as nossas instituições podem ser bem melhor compreendidas
quando investigamos como elas foram historicamente construídas.

Assim, não fica difícil entender que a História é muito mais do que o estudo dos fatos
passados. É uma ciência que nos ajuda a explicar a nossa realidade e a transformá-
la. Nós podemos pensar em muitas coisas que gostaríamos de transformar, não é
mesmo?

Uma das grandes preocupações que temos na contemporaneidade é a Educação.


Sempre escutamos que a Educação é a base transformadora do ser humano e da
sociedade. Mas por que a educação brasileira ainda nos provoca tanta inquietação
e crítica? Antes de respondermos esta questão, é necessário explicarmos o que é
educação.

História da Educação Brasileira 9


1.2 O que é Educação?

Se uma definição objetiva do que é história é difícil, imaginemos quando se trata de


educação!

A educação é um processo que se dá em todos os momentos da nossa vida e em


diversos espaços diferentes. Na família, na escola, na igreja, no trabalho, todos
estamos continuamente envolvidos com ela, aprendendo, ensinando, ou ambos.

Como processo, ela é contínua e está intimamente envolvida com todas as etapas da
formação humana e social. Para o sociólogo Émile Durkheim (Figura 3) a educação
é um fenômeno social e capaz de manter a sociedade coesa. Se a considerarmos
como tal e, avançando a partir de Durkheim, ela é transformadora e intimamente
relacionada com os contextos históricos, em todos os seus aspectos.

Figura 3 - O sociólogo Émile Durkheim

GLOSSÁRIO

Fenômeno Social: corresponde aos comportamentos,


ações e situações observadas em determinadas
sociedades, organizações e grupos. Os fenômenos
podem ser tanto de efeitos positivos quanto negativos.
Fonte: < http://www. Ex: a educação, a moda, ou a violência são fenômenos
portaldovestibulando.com/2014/07/ sociais, pois partem da sociedade e influenciam os
sociologia-classica-emile-durkheim. comportamentos sociais.
html>

História da Educação Brasileira 10


Dito isso, fica claro que não consideramos educação um sinônimo de escola, ou
de educação formal. A educação é múltipla assim como são os indivíduos e suas
vivências, suas experiências.

Contudo, nesta disciplina, estamos buscando compreender o processo pelo qual


a educação brasileira se desenvolveu, enquanto processo formal, e a relação
existente entre os caminhos tomados e a história do país.

Figura 4 - Para onde vai a educação?

Fonte: < https://welingtoneduca.wordpress.com/2010/01/23/porque-temos-


que-estudar-historia/>

História da Educação Brasileira 11


Acreditamos ser importante acrescentar que a educação, para nós, pode ser
compreendida como o ato de educar, orientar, acompanhar, nortear; mas não só. É
uma ação eminentemente político-filosófica que tem como principal razão fortalecer
e libertar todas as potencialidades do indivíduo. E estas potencialidades podem e
devem ser encaradas como possibilidades de ações concretas em sociedade.

1.3 Concepções de História

Estudar história da educação requer o entendimento da ligação indissociável


entre história, (compreendida como contextos específicos, períodos históricos),
as concepções ou perspectivas de história e como estas perspectivas de história
interferem ou influenciam a organização educacional e as concepções do que deve
ser ensinado e aprendido e como isso deve ser feito. É do que trataremos agora.

O que queremos dizer com “concepções de história”? Esta é uma questão que
pode ser colocada. Aqui entendemos como concepções de história as diversas
perspectivas teóricas e filosóficas que buscam entender a natureza dos fenômenos
históricos e qual o lugar da história, enquanto narrativa, na vida do indivíduo em
sociedade. Dentro desta ideia podemos incluir o lugar do ensino de história. Quer
dizer, a partir das respostas dadas a questões como: “O que é história?”, “Para que
serve a história”?, ou “Por que ensinamos história?” é possível perceber de que
maneira compreendemos esta ciência.

História da Educação Brasileira 12


SAIBA MAIS

As principais concepções filosóficas de história podem ser resumidas em:

• Concepção Providencialista - os acontecimentos estão ligados à determinação de Deus.


Tudo, a partir da origem da Terra, deve ser explicado pela Divina Providência;

• Concepção Idealista - Teve em Georg Wilhelm Friedrich Hegel, autor de Fenomenologia do


Espírito, seu principal expoente. Defende que os fatos históricos são produtos do instinto de
evolução inato do homem, disciplinado pela razão;

• Concepção Cíclica - De acordo com as teorias cíclicas da história o progresso das


sociedades humanas desenvolve-se de acordo com grandes ciclos que se repetem ao longo
dos tempos, independentemente da vontade dos homens;

• Concepção Psicológico-social - Apoia-se na teoria de que os acontecimentos históricos


são resultantes, especialmente, de manifestações psicológicas, as mentalidades, produzidas
pela vida em comunidade;

• Concepção Positivista - A história é linear, e as sociedades evoluem do menos desenvolvido,


ao mais desenvolvido. Possuem ritmos naturais de desenvolvimento;

• Concepção Materialista - Surgiu em oposição à concepção idealista, embora adotando


o mesmo método dialético. A partir da publicação do Manifesto Comunista de 1848, Karl
Marx e Friedrich Engels lançam as bases do Materialismo Histórico, onde argumentavam
que as transformações que a História viveu e viverá foram e serão determinadas pelo fator
econômico e pelas condições de vida material dominantes na sociedade a que estejam
ligadas. (MALERBA, 2006)

História da Educação Brasileira 13


E o que isso tem a ver com a História da Educação? A questão a que precisamos
estar atentos é que no desenrolar do processo histórico os sistemas educacionais
foram sendo modificados a partir dos contextos político/sociais de cada época. E em
cada contexto, algumas concepções de história prevaleceram. História, lembremos,
não se trata apenas da disciplina estudada, mas também, diz respeito a memória
do passado que, como vimos, relaciona-se intimamente com os acontecimentos do
presente. Desta forma, a partir das diferentes perspectivas sobre o passado e a vida
em sociedade, determinou-se os conteúdos e as formas de ensino-aprendizagem.
E, partir desta dinâmica entre políticas de educação e sociedade poderemos
entender melhor o processo de construção e consolidação do que chamamos de
estado Brasileiro.

A partir destas questões podemos mencionar, também, a relação muito estreita


entre educação e ideologia dominante. A partir da perspectiva histórica de cada
momento, as classes dominantes modificarão a concepção de educar, incluindo os
conteúdos que deverão ser ensinados. Nesta perspectiva, é essencial identificar
a posição do educador na sociedade. Se por um lado, o educador pode ser um
agente de manutenção da opressão e exclusão, de outro ele pode se colocar em
uma posição de questionamento das estruturas vigentes, mantendo uma postura
crítica, alimentando reais transformações sociais.
Figura 5 – Educação não é neutra

Fonte:<https://portalctb.org.br/site/noticias/brasil/escola-tem-que-ter-partido-para-
a-educacao-ser-plena-e-acolhedora>

História da Educação Brasileira 14


SUGESTÃO DE VÍDEO

Toda a Educação é política. Sobre a Pedagogia da


Autonomia, de Paulo Freire. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=6vApsF-U8FU>

Mas, a partir destas questões, como pensar a história aliada à educação, em uma
disciplina de História da Educação? Nesse sentido, é possível afirmar que o que
chamamos de História da Educação é um conjunto complexo de várias ‘histórias’,
a partir do objeto ‘educação.’ O professor e pesquisador em História da Educação
deverá, portanto, ultrapassar o senso comum e construir uma reflexão profunda e
consciente de seu objeto. Como coloca Demerval Saviani:

Parece-me, pois, que a nossa preocupação, enquanto


profissionais ligados à [...] história da educação, deverá estar
concentrada na problemática educacional. Sem isso, estaremos
traindo nossa própria atitude [...] histórica. [...] trata-se da
História da Educação e não da História (porque nesse caso
também o nosso projeto esvazia) e nem apenas de Educação
(porque nesse caso ela se desenraiza). O concreto é histórico
e para dar conta da problemática concreta da educação é
necessário assumir a postura histórica. (SAVIANI,1985, p. 35).

A partir do que foi discutido, fica fácil compreender que a educação brasileira, como
todo fenômeno social, possui uma historicidade, ou seja, ela pode ser compreendida
como um processo. As suas mudanças, alterações, permanências podem e devem
ser inseridas no desenrolar histórico para que, a partir dos diferentes contextos
sociais, políticos, econômicos e culturais, nós possamos entender as suas
transformações.

História da Educação Brasileira 15


Resumo
Nesta Unidade, estudamos sobre as estreitas relações entre a história, entendida
como contexto político e econômico do mundo e as perspectivas educacionais. Para
isso definimos o que é história e o que é educação, para podermos compreender que
as mudanças ideológicas associadas aos contextos políticos, possuem importantes
influências nas mudanças nas políticas educacionais, no Brasil e no mundo. Desta
forma, este conhecimento será base para estudarmos a educação nos contextos
históricos brasileiros, nas próximas Unidades.

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

A partir do que foi lido nesta Unidade e do vídeo 1, escreva um texto de uma lauda
explicando por que, na sua opinião, é importante estudar História da Educação.
Para a construção do seu texto use suas próprias palavras partir do que você
estudou nesta Unidade. Bom trabalho!

SUGESTÃO DE VÍDEO

Vídeo 1- Por que estudar História da Educação? Disponível em: <https://www.


youtube.com/watch?v=qxXk9ZWrXTc&t=5s>

História da Educação Brasileira 16


Referências
BLOCH, Marc. Apologia da História ou O ofício do Historiador. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed. 2001.

BORGES, Vany Pacheco. O que é História? São Paulo: Ed. Brasiliense,1984.

MALERBA, Jurandir. A História escrita: teoria e história da historiografia. São


Paulo: Contexto, 2006

SAVIANI, Dermeval. História das Ideias Pedagógicas no Brasil. 3. ed. Campinas:


Autores Associados,1985.

História da Educação Brasileira 17


2
UNIDADE

Educação no Brasil: da Colônia à


Modernidade
Objetivos

• Compreender o que foi a educação no período colonial brasileiro e suas


profundas ligações com a Igreja Católica;

• Analisar as mudanças na educação brasileira com a passagem para a


modernidade e suas relações com as correntes de pensamento do século XIX
na Europa.

N
esta Unidade, conheceremos as concepções de educação que prevaleceram
no processo histórico brasileiro, desde o período colonial até a chamada
modernidade. Abordaremos a estreita relação entre educação e ensino
religioso e como o Brasil foi influenciado pelas correntes de pensamento do século
XIX na Europa, e como isso gerou mudanças na concepção de educação brasileira.

História da Educação Brasileira 18


2.1 O processo de colonização no Brasil e a pedagogia jesuítica

Com o processo de colonização do século XVI, era preciso garantir a formação


daqueles que vieram para o Brasil, sobretudo as elites e nobres portugueses. Para
isso, a Companhia de Jesus exerceu o papel de braço direito da corte portuguesa.

Os jesuítas não trouxeram somente a moral, os costumes e a religiosidade europeia;


trouxeram também os métodos pedagógicos. Fundada por Inácio de Loyola surge
no contexto da contrarreforma católica. As escolas jesuítas eram regulamentadas
por um documento, escrito por Inácio de Loyola, o Ratio Studiorum. Os jesuítas
não se limitaram ao ensino das primeiras letras; além do curso elementar eles
mantinham os cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso
de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes
(HILSDORF,2011).

As escolas fundadas pelos jesuítas eram fundamentalmente escolas de ensino


religioso, voltadas para as elites. Entre outras questões introduzem a ideia da
escravidão como meio natural para o desenvolvimento. É possível perceber
que, de fato, a formação dada possuía o intuito de formar as elites oligárquicas e
escravocratas que ocuparam o poder durante longo tempo.

É importante mencionar que a Companhia de Jesus se torna, ao longo de dois


séculos, um poder paralelo na Colônia, com poder de mando muitas vezes maior
que o da coroa portuguesa.

Esta tradição de ensino religioso, inaugurado pela companhia de Jesus, se enraizará


profundamente na concepção educacional brasileira.

SUGESTÃO DE VÍDEO

A Educação Jesuítica - Disponível em: <https://www.youtube.


com/watch?v=ic28PaXiM14>

História da Educação Brasileira 19


2.2 A Modernidade, o fortalecimento da burguesia e a Educação

A Idade Moderna compreende o período de 1453 a 1789, no qual predominou o


regime absolutista, concentração do poder no clero e na nobreza. Esse regime
findou com a Revolução Francesa em 1789 (Figura 6), que defendia os ideais de
“liberdade, igualdade e fraternidade”, contra os privilégios hereditários da nobreza
visando, assim, a ascensão dos burgueses que propõe a igualdade de direitos e
oportunidades, fundamentados no liberalismo.

A burguesia pode ser caracterizada por uma classe média formada, sobretudo, a
partir das atividades de comércio e artesanato. Uma classe que ganha importância
econômica começa a se sentir incomodada com um governo autoritário, centralizador
e absoluto. Portanto, vai reivindicar participação política e privilégios. Desta forma,
aciona as massas, a população empobrecida e descontente, a se levantar contra a
monarquia.
Figura 6 - A Liberdade

Fonte:<http://disinfo.com/2015/01/
guide-skinners-genealogy-liberty/>

História da Educação Brasileira 20


SAIBA MAIS

Em muitos países, a efígie ou imagem da República é representada, simbolicamente


por uma mulher que, na maioria das vezes porta o barrete frígido ou barrete da
liberdade, uma espécie de gorro que era usado pelos antigos Frígios, povo da Ásia
Menor, atual Turquia. Este gorro foi usado pelo revolucionários franceses em 1789
e se tornou um forte símbolo da República. Todas as representações posteriores,
provavelmente, foram inspiradas na representação da Liberdade, no quadro A
Liberdade guiando o Povo, pintado em 1830 por Eugène Delacroix.

SUGESTÃO DE VÍDEO

Sobre a Revolução Francesa. Disponível em: <https://www.


youtube.com/watch?v=g8xoeU5iIjg>

O iluminismo foi um movimento intelectual do século XVIII na Europa. Fazia a defesa


do uso da razão e se opunha, sobretudo, ao chamado Antigo Regime, representado
pelas monarquias absolutistas e pelo poder absoluto da Igreja Católica.

Essas concepções tinham o total apoio da burguesia emergente que tinha interesses
bastante semelhantes. Entre estes podemos citar o fim da política mercantilista,
que garantia o monopólio de exploração das atividades comerciais nas colônias
apenas à monarquia; o fim do poder da igreja e de suas concepções baseadas em
verdades de fé.

Desta forma, o Iluminismo defendia a liberdade econômica, sem a intervenção do


Estado; o Antropocentrismo, a partir do uso da razão e do avanço da ciência.

História da Educação Brasileira 21


Alguns reis, com o intuito de se manterem no poder, aceitaram algumas ideias
iluministas. Eles ficaram conhecidos como Déspotas Esclarecidos. O Rei de
Portugal, D. José I que reinou 1750 a 1777 de (Figura 7), era um deles.

Figura 7 – Rei de Portugal, D. José I que


reinou 1750 a 1777

Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/José_I_de_
Portugal>

História da Educação Brasileira 22


GLOSSÁRIO

Déspotas esclarecidos foram os Reis Absolutistas europeus que tentaram


praticar os ideais iluministas. Esses governantes ficaram conhecidos como
praticantes do absolutismo ilustrado. O marquês de Pombal, de Portugal, foi um
representante deste absolutismo ilustrado, como agente da coroa Portuguesa
no Brasil. Na atualidade,a historiografia questiona bastante esse vínculo com as
ideias ilustradas.

2.3 A era Pombalina e o Iluminismo português do século XVIII

Sebastião José de Carvalho e Melo, ou Marquês de Pombal, Ministro português


enviado ao Brasil, foi um representante destes ideais liberais alimentados pelo
Iluminismo.

Estudou na Inglaterra e acreditava que a influência exacerbada da Igreja era a causa


do atraso de Portugal em relação a outros países europeus. Entre várias reformas
implementadas na colônia, em 1759 expulsa os jesuítas do Brasil e fecha todas as
quase 30 escolas jesuíticas que aqui existiam. Contudo, esta ação não visava, de
fato, a implantação dos ideais iluministas aqui. Afinal, ele estava a serviço da coroa
portuguesa. O sistema de educação implementado pelo Marquês de Pombal não
muda o modelo educacional vigente, que permanece de formação das elites e com
profundo caráter religioso (HILSDORF, 2011).

Daí a especificidade do Iluminismo português. Um despotismo esclarecido, que


promovia mudanças para não mudar, de fato, o que era mais estrutural: uma
educação elitista e religiosa.

História da Educação Brasileira 23


SAIBA MAIS

1 Principais medidas educacionais pombalinas (SECO;AMARAL). Disponível em:


http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/periodo_pombalino_intro.html.>Acesso
em: 1 set.2018.

• Fecha as escolas jesuíticas;

• Institui impostos para a criação de um fundo escolar;

• Cria as aulas régias: os alunos se inscreviam nas disciplinas que queriam. Não
havia uma sequência nos estudos só eram ministradas nas principais províncias;

• Modelo e conteúdo do ensino permanecem como eram no modelo jesuítico.

SUGESTÃO DE VÍDEO

Sobre a Educação nas Reformas Pombalinas.


Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=D-
7TcpO08Mo&pbjreload=10>

2.4 As Correntes de pensamento do século XIX e a Educação no Brasil

O século XIX, herdeiro do Iluminismo, da Revolução Francesa e da ascensão da


burguesia e da então Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra a partir da segunda
metade do século XVIII, produziu profundas transformações sociais, políticas e
econômicas na Europa e em todo o mundo, inclusive no Brasil, e produziu mudanças
educacionais importantes.

Para entendermos as transformações na educação que o Brasil e o mundo


desenvolveram, é necessário entendermos as principais correntes de pensamento
que movimentaram a economia e política no mundo e alimentaram mudanças na

História da Educação Brasileira 24


concepção de educação. Desta forma, é preciso salientar que o século XIX conheceu
algumas correntes de pensamento que tiveram profundo impacto na configuração
das classes sociais e das políticas educacionais de governo e nos movimentos
revolucionários e sociais, que também vão construir relações e reivindicações em
relação às políticas de educação.

Figura 8 - As principais correntes ideológicas do XIX

Fonte:https://slideplayer.com.br/slide/3217770/11/images/14/Continuação+do+século+XIX.jpg

História da Educação Brasileira 25


O que ficou conhecido historicamente como a vinda da família real ou a transferência
da corte portuguesa para o Brasil em 1808 foi um fato bastante importante e que
produziu mudanças significativas. Com a vinda da Família Real para o Brasil,
apenas o ensino superior é impulsionado. Dom João cria diferentes cursos com a
finalidade de viabilizar a vida dos nobres instalados na nova terra.

Em 1837 é fundado, no Rio de Janeiro, o Colégio D. Pedro II, ficando sob a jurisdição
da Coroa, sendo o único autorizado a realizar exames parcelados para conferir grau
de bacharel, indispensável para o acesso aos cursos superiores. A educação ainda
se encontrava sob forte influência religiosa e permaneceu voltada eminentemente
para a formação das elites dominantes brasileiras.

Resumo
Como vimos, a educação no período colonial brasileiro foi profundamente
influenciada pelo ensino religioso jesuíta e por uma concepção elitista de ensino.
Ainda não havia a perspectiva de uma educação para todos. Mesmo com a
expulsão dos jesuítas do Brasil e com a implementação das Reformas Pombalinas
alimentadas pelas ideias Iluministas europeias, a educação, de fato, não mudou de
forma estrutural. O século XIX trouxe importantes correntes de pensamento mas,
no contexto brasileiro, isso não significou uma maior democratização ou laicização
do ensino.

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

A partir do estudo da segunda Unidade e dos vídeos sugeridos


responda: Qual a importância do contexto europeu nas
concepções de educação no Brasil, do período colonial até o
século XIX?

História da Educação Brasileira 26


REFERÊNCIAS

FILHO, Sebastião Barbosa Cavalcanti. A Questão Jesuítica no Maranhão Colonial


– 1622-1769. São Luís. SIOGE, 1990.

LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil. 10 tomos, Lisboa:


Liv. Portugália, Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, Liv. Civilização Brasileira,
1950.HILSDORF, M. L. S. História da educação brasileira: leituras. São Paulo:
Cengage Learning, 2011.

KUHLMANN JR., M. Educando a infância brasileira. In: LOPES, Eliane M. S. T.;


FARIA FILHO, L. M. de; VEIGA, C. G. (Orgs.). 500 anos de educação no Brasil.
Autêntica: 2000. p. 465-481.

SAVIANI, Dermeval. História das Ideias Pedagógicas no Brasil. 3. ed. Campinas:


Autores Associados, 1985.

SECO, Ana Paula e AMARAL ,Tania Conceição Iglesias do. Marques de Pombal e a
Reforma Educacional Brasileira. Disponível em: <http://www.histedbr.fe.unicamp.
br/navegando/periodo_pombalino_intro.html>.

História da Educação Brasileira 27


3
UNIDADE

Século XX : reformas, expansão do


ensino e as políticas neoliberais
Objetivos

• Compreender a educação na Primeira República e as principais lutas ideológicas


em torno da educação;

• Analisar a relação entre a consolidação do Capitalismo, as reformas educacionais,


a expansão do ensino, e os movimentos de educação popular, levando em
consideração o contexto da Segunda República;

• Analisar as relações existentes entre a Ditadura militar e as mudanças na


educação, sobretudo no que tange as reformas tecnicistas;

• Compreender o contexto da dissolução do Regime militar e da promulgação da


Constituição de 1988 associando-os às mudanças educacionais representadas
pela Pedagogia Histórico-crítica e a nova LDB.

História da Educação Brasileira 28


N
esta Unidade, analisaremos o contexto histórico brasileiro do início da
República até o século XX. Neste recorte temporal grandes transformações
políticas, sociais e econômicas aconteceram, o que trouxe profundas
mudanças na política de educação no Brasil, além de fomentar movimentos sociais
ligados à demandas educacionais mais democratizantes.

3.1 A educação na Primeira República (1889-1930): principais ideias


pedagógicas

Neste período, surgem dois importantes perfis de educação: o entusiasmo pela


educação e o otimismo pedagógico.

O primeiro movimento divulgava a ideia de que os problemas do país poderiam


ser resolvidos por meio da extensão da escola elementar a todos. Já o segundo
movimento, preconizava a questão da qualidade do ensino, ou seja, não bastava
apenas garantir matrículas para o povo, era preciso cuidar também da qualidade
do ensino oferecido.

O período republicano marca a presença da preocupação, tanto de intelectuais


quanto de políticos, com as taxas elevadas de analfabetismo, pois estes não
poderiam votar.

Em termos pedagógicos, três correntes representam os diferentes setores da


sociedade da época: a Pedagogia Tradicional (ligada às oligarquias dirigentes e à
Igreja), a Pedagogia Nova (enfatizou os métodos ativos de ensino-aprendizagem,
a liberdade e interesse das crianças)e a Pedagogia Libertária (educação de base
científica com crítica ao capitalismo, ao Estado e a Igreja).

Segunda República (Era Vargas)

A chamada Era Vargas foi o período histórico que compreende os anos de 1930
e 1945, quando o Presidente Getúlio Vargas governou o país por 15 anos, de

História da Educação Brasileira 29


forma contínua, alternando períodos de alinhamento com as ideias progressistas
e democráticas e momentos de intenso autoritarismo e alinhamento com as ideias
fascistas, importadas da Europa, sobretudo da Itália de Mussolini e da Alemanha
de Hitler.

A Era Vargas foi composta por três fases sucessivas: o período do Governo
Provisório (1930–1934), quando Vargas governou por decreto como Chefe do
Governo Provisório, cargo instituído pela Revolução, enquanto se aguarda a adoção
de uma nova constituição para o país, o período da constituição de 1934 (quando,
na sequência da aprovação da nova constituição pela Assembleia Constituinte de
1933-1934, Vargas foi eleito pela assembleia ao abrigo das disposições transitórias
da constituição como presidente, ao lado de um poder legislativo democraticamente
eleito) e o período do Estado Novo (1937-1945), que começa quando Vargas impõe
uma nova constituição, em um golpe de Estado autoritário, e dilui o congresso,
assumindo poderes ditatoriais com o objetivo de perpetuar seu governo.

A chamada Era Vargas foi o período histórico que compreende os anos de 1930
e 1945, quando o Presidente Getúlio Vargas governou o país por 15 anos, de
forma contínua, alternando períodos de alinhamento com as ideias progressistas
e democráticas e momentos de intenso autoritarismo e alinhamento com as ideias
fascistas, importadas da Europa, sobretudo da Itália de Mussolini e da Alemanha
de Hitler.

A Era Vargas foi composta por três fases sucessivas: o período do Governo
Provisório (1930–1934), quando Vargas governou por decreto como Chefe do
Governo Provisório, cargo instituído pela Revolução, enquanto se aguarda a adoção
de uma nova constituição para o país, o período da constituição de 1934 (quando,
na sequência da aprovação da nova constituição pela Assembleia Constituinte de
1933-1934, Vargas foi eleito pela assembleia ao abrigo das disposições transitórias
da constituição como presidente, ao lado de um poder legislativo democraticamente
eleito) e o período do Estado Novo (1937-1945), que começa quando Vargas impõe

História da Educação Brasileira 30


uma nova constituição, em um golpe de Estado autoritário, e dilui o congresso,
assumindo poderes ditatoriais com o objetivo de perpetuar seu governo.

Figura 8 – Retrato onde aparece Getúlio Vargas e os líderes da Revolução de 1930, que depõe
o Presidente Washington Luís e impede a posse do Presidente eleito Júlio Prestes

Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Revolução_de_1930.jpg>

O objetivo de Vargas se deu no sentido de conquistar os vários setores sociais,


em especial, as facções conservadoras e os grupos ligados às vanguardas dos
educadores brasileiros. Nesta vanguarda, encontravam-se aqueles que proporiam
um importante manifesto em favor da educação.

1932 - O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, encabeçado por Fernando


de Azevedo e mais vinte e nove educadores, é dirigido ao povo e ao governo,
apontando a direção da construção de um sistema nacional de educação. O
documento considera dever do Estado tornar a educação obrigatória, pública,
gratuita e leiga; reivindica uma escola básica única. Ele representa a tomada de
consciência da defasagem entre a educação e as exigências do desenvolvimento.

História da Educação Brasileira 31


3.2 As reformas educacionais e a expansão geral do ensino: a
consolidação capitalista

A nova Constituição, promulgada em 1934, a segunda da República dispõe, pela


primeira vez, que a educação é direito de todos, devendo ser ministrada pela família
e pelos poderes públicos.

Em 1937, seguindo tendências fascistas é outorgada uma nova Constituição. A


orientação político-educacional para o mundo capitalista fica bem explícita em
seu texto sugerindo a preparação de um maior contingente de mão de obra para
as novas atividades abertas pelo mercado. Neste sentido, a nova Constituição
enfatiza o ensino pré-vocacional e profissional. É a fase do chamado Capitalismo
Monopolista, onde o lucro dos grandes cartéis multinacionais determinam as
políticas de países como o Brasil.

Além disso, todas as mudanças educacionais e sociais são realizadas sob um


regime bastante autoritário. Associada a concepções religiosas no ensino e a
uma educação voltada para o mercado de trabalho como forma de atender as
demandas dos capitalistas por mão de obra(tecnicista e profissionalizante), é
possível perceber outra importante tradição que será incorporada às concepções
de políticas educacionais no Brasil, que é uma mudança de estrutura educacional
sempre que o governo se alinha ao conservadorismo.

3.3 A educação na Segunda República (1945-1964) e a primeira LDB (1961)

Em 1945 Vargas é deposto e o país entre em um processo de redemocratização.


Uma nova Constituição é promulgada em 1946 e traz de volta o regime democrático
ao país. No capítulo referente à educação, princípios que antes pertenciam à
Constituição de 1934 passam agora a ser novamente lei. São exemplos dessa
afirmação: o direito de todos à educação, ao ensino primário obrigatório e gratuito
na rede oficial e à assistência aos estudantes.

História da Educação Brasileira 32


Vargas volta ao poder em 1951, desta vez eleito, e governa até 1954, quando se
suicida no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, a então sede do Governo Federal.

Apesar dessas mudanças, a legislação educacional anterior vigora até 1961,


quando é promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) define e regulariza o sistema de


educação brasileiro com base nos princípios presentes na Constituição. Foi citada
pela primeira vez na Constituição de 1934. O primeiro projeto de lei foi encaminhado
pelo Poder Executivo ao Legislativo em 1948, e levou treze anos de debates até o
texto chegar à sua versão final.

A primeira LDB foi publicada em 20 de dezembro de 1961 pelo então presidente


João Goulart (Figura 9), seguida por outra versão em 1971, em pleno regime militar,
que vigorou até a promulgação da mais recente em 1996.

Basicamente, dois grupos disputavam qual seria a filosofia que serviria como base
para a elaboração da LDB. De um lado estavam os estatistas, ligados principalmente
aos partidos de esquerda e do outro os liberalistas. Partindo do princípio que o
Estado precede o indivíduo na ordem de valores e que a finalidade da educação
é preparar o indivíduo para o bem da sociedade, os estatistas defendiam que só o
Estado deveria educar. Escolas particulares podiam existir, mas tão somente como
uma concessão do poder público. O outro grupo, denominado de liberalistas, e ligado
aos partidos de centro e direita, sustentava que a pessoa possuía direitos naturais
e que não cabia ao Estado garanti-los ou negá-los, mas simplesmente respeitá-
los. A educação deveria ser um dever da família que teria de escolher dentre uma
variedade de opções de escolas particulares. Ao Estado caberia a função de traçar
as diretrizes do sistema educacional e garantir às pessoas provenientes de famílias
pobres o acesso às escolas particulares por meio de bolsas. Na disputa que durou
dezesseis anos, as idéias dos liberalistas se impuseram sobre as dos estatistas, na
maior parte do texto aprovado pelo Congresso.

História da Educação Brasileira 33


SAIBA MAIS

Estatismo ou estadismo é um termo utilizado pela filósofa libertária Ayn Rand, numa
série de discursos proferidos em 1962, para se referir a defesa política ou ideológica
da autoridade e intervenção do Estado em atividades econômicas e individuais.

Liberalismo é uma teoria política e social que defende fundamentalmente os valores


individuais da liberdade e da igualdade. Para os liberais, todo indivíduo têm direitos
humanos inatos e o estado não deve intervir na regulação social ou econômica,
deixando a cargo da chamada “mão invisível” do mercado.

Figura 9 - Presidente João Goulart

ATENÇÃO!

Presidente João Goulart, governou


de 1961 a 1964, quando é deposto
pelo Golpe Militar.

Fonte: <http://www.helb.org.br/
images/linhadotempo/2011/joao_
goulart.jpg>

História da Educação Brasileira 34


3.4 A educação e ditadura militar (1964-1985)

Golpe de Estado no Brasil em 1964 designa o conjunto de eventos ocorridos em 31


de março de 1964 no Brasil, que culminaram, no dia 1º de abril de 1964, com um
golpe militar que encerrou o governo do presidente democraticamente eleito João
Goulart, também conhecido como Jango.

Os militares brasileiros favoráveis ao golpe e, em geral, os defensores do regime


instaurado em 1964 costumam designá-lo como “Revolução de 1964”, “Contragolpe
de 1964” ou “Contrarrevolução de 1964”. Todos os cinco presidentes militares que
se sucederam desde então declararam-se herdeiros e continuadores da Revolução
de 1964 (LOPES; FARIA FILHO e VEIGA, 2000).

Já a historiografia brasileira recente defende a ideia de que o golpe, assim como


a ditadura que se seguiu, não deve ser considerado como exclusivamente militar,
sendo, em realidade, civil-militar- empresarial.

Segundo alguns historiadores, como Réne Dreyfuss (1981), houve apoio ao golpe
por parte de segmentos importantes da sociedade: os grandes proprietários rurais,
a burguesia industrial paulista, uma grande parte das classes médias urbanas (que
na época girava em torno de 35% da população total do país) e o setor conservador
e anticomunista da Igreja Católica (na época majoritário dentro da Igreja) que
promoveu a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, realizada poucos dias
antes do golpe, em 19 de março de 1964.

O presidente João Goulart havia sido democraticamente eleito vice-presidente pelo


Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) – na mesma eleição que conduziu Jânio da
Silva Quadros, do Partido Trabalhista Nacional (PTN), à presidência, apoiado pela
União Democrática Nacional (UDN). O golpe estabeleceu um regime autoritário e
nacionalista, politicamente alinhado aos Estados Unidos, e marcou o início de um
período de profundas modificações na organização política do país, bem como na
vida econômica e social.

História da Educação Brasileira 35


O regime militar durou até 1985, quando Tancredo Neves foi eleito, indiretamente,
o primeiro presidente civil desde 1964.

Figura 10 – Tanques vigiam a Esplanada dos Ministérios após o Golpe de abril de 1964

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/a/a2/Golpe_de_1964.jpg>

Figura 11 – Presidente John F. Kennedy em visita ao Brasil em 1962

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a5/
Kennedy_and_Goulart_review_troops_1962.jpg/440px-Kennedy_and_
Goulart_review_troops_1962.jpg>

História da Educação Brasileira 36


SAIBA MAIS

Presidente John F. Kennedy em visita ao Brasil em 1962. Posteriormente foram


descobertas gravações que demonstraram que o presidente Kennedy intencionava
invadir militarmente o Brasil para depôr o Presidente João Goulart. O presidente Jonh
F. Kennedy foi assassinado antes disso, em 1963. Mas o projeto de apoio ao golpe foi
levado a frente, demonstrando ser uma política norteamericana.

O Golpe militar em 1964 optou pelo aproveitamento do capital estrangeiro e


liquidação de vez do nacional- desenvolvimentismo. O que se viu foi um tremendo
endividamento e alinhamento com políticas que beneficiaram a entrada do capital
externo no Brasil.

O período da Ditadura militar no Brasil foi caracterizado por um modelo concentrador


de renda, que favoreceu uma camada restrita da população e submeteu os
trabalhadores ao arrocho salarial. Foram gerados, portanto, sérios problemas
decorrentes da situação de empobrecimento, com graves índices de miserabilidade.

3.5 As reformas educacionais - Lei n° 5.540/68 e Lei n° 5.692/71

A partir de 1968 a repressão aumenta de forma assustadora, tornando arriscada


qualquer oposição ao regime. Mesmo assim, em 1969, começa a guerrilha urbana,
violentamente reprimida.

Além dessas transformações, a ditadura militar “resolve” o problema da


democratização do nível superior, a partir do incentivo à privatização deste grau
de ensino. Pode-se dizer que esta privatização deu-se de maneira desordenada,
prejudicando a qualidade dos estudos deste grau.

História da Educação Brasileira 37


Todas essas mudanças foram frutos dos acordos assinados pelo Brasil e os Estados
Unidos. O 1º e o 2º grau também são atingidos, passando agora a oferecer ensino
profissionalizante obrigatório como forma de controle do acesso ao ensino superior.
Somente em 1982 o ensino profissionalizante deixa de ser obrigatório.

Após o golpe Militar a LDB (Lei nº 4.024/61) necessitava ser refeita e durante
este período de foram promulgadas duas leis, quais sejam: Lei nº 5.540/68 e Lei
nº 5.692/71. Interessante notar a antecipação, pelo governo autoritário, de uma
reforma universitária (Lei nº 5.540/68) ao invés de se preocuparem com uma
reforma nos níveis básicos de Ensino (Lei nº 5.692/71). É possível entender que,
das Universidades saiam muitas das vozes que se contrapunham ao regime, logo,
a reforma começou por lá.

SAIBA MAIS

Destacamos alguns dos objetivos da Lei nº 5.540/68:

a) O direcionamento da universidade voltando-a para o mercado de trabalho;

b) Aumento do acesso da classe média à universidade, que pode ser considerado um


objetivo típico para aquele momento político não democrático;

c) O cerceamento da autonomia universitária.

A Lei nº 5.692/71

Decorridos três anos da promulgação da lei que instituíra a reforma universitária,


o governo promulga da Lei da reforma do ensino de primeiro e segundo graus e
segue a linha autoritária e não democrática. A Lei nº 5.692/71 gestada no governo do
general Médici, também fora marcada pela ausência dos atores da sociedade civil.
Filosoficamente substituía os aspectos liberais da Lei de 1968 pelo “nacionalismo
desenvolvimentista”.

História da Educação Brasileira 38


Esta Lei não é considerada propriamente uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação
por lhe faltar elementos essenciais tais como: a) sentido de inteireza, uma vez que
dispunha sobre o ensino de maneira fragmentada e preocupada apenas com o
ensino de pré-escola, primeiro e segundo graus, sem tratar do ensino superior;
b) não tratava de um processo educativo, mas meramente uma “razão técnica”.
Destacamos uma característica interessante desta lei, qual seja a transformação
por ela trazida do segundo grau em profissionalizante, cuja obrigatoriedade fora
revogada em 1986 no governo de Figueiredo; embora a Lei n º 5.692/71 tenha
permanecido em vigor até 1996 com a promulgação da LDB atual de 1996.

SAIBA MAIS

Podemos apontar como principais características desta Lei:

a) A previsão de um núcleo único para os currículos de 1º e 2º graus e outra parte


curricular que atendia as especificidades;

b) Incluiu as disciplinas de educação física, artística, programas de saúde e,


evidentemente, de educação moral e cívica, embora o ensino religioso permanecesse
facultativo;

c) Ano letivo de 180 (cento e oitenta) dias;

d) Obrigatoriedade de crianças entre 7 (sete) e 14 (quatorze) anos de cursarem o


ensino de 1º grau;

e) Em relação aos professores, para lecionarem no ensino de 1º grau, da 1ª à 4ª


séries, exigia-se uma formação preferencial com habilitação específica no 2º grau e
para o ensino 1º e 2º grau em curso de nível superior ao nível de graduação;

f) As verbas públicas não eram exclusivas às instituições de ensino públicas;

g) Não havia vinculação da receita da União e dos Estados nos gastos com educação,
mas os municípios deveriam gastar 20% de seu orçamento com educação.

História da Educação Brasileira 39


Os resultados da política educacional da ditadura militar são os que ainda hoje
vemos: alto índice de evasão e repetência, deficiência de recursos materiais e
humanos, professores mal remunerados e alto índice de analfabetismo.

3.6 A dissolução do regime militar : A pedagogia histórico-crítica e a


Constituição de 1988

Com o fim da Ditadura Militar, o Brasil anseia por reorganizar suas estruturas
democráticas e a Educação é um ponto essencial neste caminho. Neste processo
um importante nome se destaca na educação, preocupado com uma reflexão mais
aprofundada e pela mudança na formação do professor. (SAVIANI, 2011).

Considerada um marco na educação brasileira, porém pouco praticada no cotidiano


escolar, a Pedagogia Histórico-Crítica, teoria criada pelo pedagogo brasileiro
Dermeval Saviani (2011), tem como foco a transmissão de conteúdos científicos
por parte da escola, porém sem ser conteudista. O ensino conteudista é aquele
em que se passa uma quantidade enorme de conteúdo, sem se preocupar com o
desenvolvimento intelectual, cultural e de raciocínio do aluno. A teoria de Saviani,
no entanto, preza pelo acesso aos conhecimentos e sua compreensão por parte do
estudante para que este seja inclusive capaz de transformar a sociedade.

Trata-se de uma pedagogia contra-hegemônica, inspirada no marxismo, portanto


preocupada com os problemas educacionais decorrentes da exploração do homem
pelo homem. É uma teoria de orientação socialista, organizada no Brasil a partir da
década de 1980.

Na Pedagogia Histórico-Crítica, a educação escolar é valorizada, tendo o papel


de garantir os conteúdos que permitam aos alunos compreender e participar da
sociedade de forma crítica, superando a visão de senso comum. A ideia é socializar
o saber sistematizado historicamente e construído pelo homem. Nesse sentido,
o papel da escola é propiciar as condições necessárias para a transmissão e a
assimilação desse saber.

História da Educação Brasileira 40


A Constituição de 1988 garante o direito ao ensino fundamental para todos os
cidadãos, de forma gratuita e obrigatória, independentemente da idade.

Podemos citar também a conquista dos 200 dias letivos e a preocupação com a
valorização do magistério e a qualidade do ensino, mesmo que, estes últimos, ainda
não ultrapassem de fato os fundamentos legais. Tais conquistas encontram-se na
recente LDB promulgada em 20 de dezembro de 1996.

A tendência à privatização da educação se mantém, especialmente a partir da


implantação das políticas neoliberais na educação, pois um dos princípios básicos
do neoliberalismo é a tese do Estado-Mínimo.

3.7 A atual LDB (1996)

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB nº 9.394/96) é a legislação


que regulamenta o sistema educacional (público ou privado) do Brasil (da educação
básica ao ensino superior).

Na história do Brasil, essa é a segunda vez que a educação conta com uma Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, que regulamenta todos os seus níveis. A primeira
LDB foi promulgada em 1961 (LDB nº 4024/61).

A LDB nº 9.394/96 divide a educação brasileira em dois níveis: a educação básica


e o ensino superior e reafirma o direito à educação, garantido pela Constituição
Federal. Estabelece os princípios da educação e os deveres do Estado em
relação à educação escolar pública, definindo as responsabilidades, em regime de
colaboração, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

História da Educação Brasileira 41


Resumo

Nesta Unidade foi possível conhecer as profundas mudanças educacionais que


aconteceram no século XX, a partir da instituição da República. O processo histórico
ocorrido no Brasil durante este período desenvolveu uma ampliação do acesso à
educação a um número maior de setores sociais mas, ao mesmo tempo, com o
regime militar, consolidou uma tendência de educação tecnicista, sobretudo voltada
à massa da população, que respondia aos anseios e demandas do liberalismo
capitalista que necessitava de mão de obra. Com o fim da ditadura, a atual LDB,
promulgada em 1996, reafirma o direito à educação para todos.

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

Como vimos, o regime militar no Brasil promulgou a Lei nº 5.540/68, que


regulamentava o ensino superior no Brasil. Explique, com suas palavras, em
um texto de até uma lauda, por que a preocupação inicial do governo foi com
as universidades e quais as principais mudanças que a lei trouxe ao acesso
ao ensino superior no Brasil?

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei Nº 5.692, de 11 de Agosto de 1971. Disponível em : <http://


www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-1971-357752-
publicacaooriginal-1-pl.html.>.Acesso em: 1 set. 2018.

BRASIL. Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional.Lei 9.394/96,de 20 de


dezembro de 1996. Disponível em :<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.
htm.>.Acesso em: 1 set. 2018.

História da Educação Brasileira 42


DREIFUSS, René Armand. 1964: A conquista do Estado. Ação Política, poder e
golpe de classe. Petrópolis: Vozes, 1981.

KUHLMANN JR., M. Educando a infância brasileira. In: LOPES, Eliane M. S. T.;

FARIA FILHO, L. M. de; VEIGA, C. G. (Orgs.). 500 anos de educação no Brasil.


Autêntica: 2000. p. 465-481.

SAVIANI, Dermeval. História das Ideias Pedagógicas no Brasil. 3. ed. Campinas:


Autores Associados, 2011.

História da Educação Brasileira 43


4
UNIDADE

A Educação no Contexto
Maranhense
Objetivos

• Compreender o lugar do Maranhão no processo histórico da educação no Brasil;

• Entender o contexto educacional maranhense nos dias atuais.

E
sta Unidade dedicada ao contexto educacional maranhense, separada das
três primeiras Unidades, não significa que a história da educação no Maranhão
deve ser vista ou tratada como sendo desconectada do contexto Brasileiro
ou do mundo. Como vimos, o processo educacional brasileiro esteve, e ainda está,
profundamente relacionado às ideias, economia e políticas internacionais. Contudo,
optamos por dedicar ao Maranhão uma Unidade específica pois, assim, acreditamos
ser mais fácil a compreensão dos aspectos que convergem ou divergem do contexto
nacional como um todo. Logo, nesta Unidade, abordaremos o contexto histórico
maranhense desde o Brasil Colonial até o século XX. No interior do processo
histórico brasileiro, analisaremos como as mudanças sociais e políticas nacionais e

História da Educação Brasileira 44


locais dialogaram com as políticas educacionais e as concepções de educação no
Maranhão.

4.1 A Ordem Jesuítica e as Reformas Pombalinas

Após a derrota dos franceses, que haviam ocupado o Maranhão entre 1612 e 1615
para a formação da chamada França Equinocial, o Estado do Maranhão (depois
conhecido como Estado do Maranhão e Grão-Pará) foi criado por carta régia de
13 de junho de 1621. Estava subordinado diretamente à Coroa Portuguesa, sendo
independente do restante do país. Seu território compreendeu, entre 1626 e 1775,
os atuais estados do Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e Amazonas.

Em 21 de março de 1618, o Conselho da Fazenda comunicou ao rei D. Felipe II a


importância da Ordem Nossa Senhora do Carmo na conquista do Maranhão e na
conversão dos nativos. Desta forma, foi solicitada autorização régia para o envio de
um novo contingente de religiosos.

Os jesuítas se estabeleceram em um antigo convento de frades franceses,


juntamente com padres franciscanos. Os carmelitas receberam de Alexandre Moura
– capitão-mor da expedição de 1615 – A Ilha do Medo e duas léguas de terras onde
hoje é a Ponta do Bonfim. Em 1624, chegaram ao Maranhão, sacerdotes da Ordem
do Seráfico São Francisco de Assis. A última ordem religiosa a se estabelecer no
Maranhão foi a dos Mercedários, em 1654.

História da Educação Brasileira 45


SAIBA MAIS

Mercedários - A Ordem Real, Celestial e Militar de Nossa Senhora das Mercês para
a Redenção dos Cativos, também conhecida como Ordem de Nossa Senhora das
Mercês é uma Ordem Romano Católica Mendicante fundada em 1218 por São Pedro
Nolasco na cidade de Barcelona, Reino de Aragão (atual Espanha), para a redenção
de cristãos cativos. Seus membros são comumente conhecidos como freis ou frades
mercedários.

Essas ordens religiosas do Maranhão colonial tinham como interesse a conversão


e educação dos nativos. Contudo, assim como no restante do Brasil, essas ordens
estavam, de fato, a serviço dos interesses políticos e econômicos de Portugal. Entre
essas ordens, os jesuítas merecem destaque.

A presença sistemática de representantes da Companhia de Jesus na região do


Maranhão e do Grão-Pará foi relativamente tardia. No início do século XVII, mais
precisamente em 1607, dois inacianos, Francisco Pinto e Luís Figueira, partiram de
Pernambuco para a serra de Ibiapaba com o intuito de evangelizar tribos indígenas
ali localizadas. O primeiro foi sacrificado pelos índios Tapuia; Luís Figueira conseguiu
escapar e voltou a Pernambuco.

GLOSSÁRIO

Inacianos - Quase um sinônimo para Jesuíta, pois refere-se à Santo Ignácio de


Loyola, fundador da Companhia de Jesus.

História da Educação Brasileira 46


Toda a proposta educacional jesuítica foi marcada pelo dogmatismo do pensamento,
com um forte combate ao pensamento crítico (FILHO, 1990 ; LEITE, 1950). O
ensinamento proposto pelos jesuítas era alheio aos interesses mercantilistas da
Colônia, o que mais tarde vai determinar a sua expulsão pelo Marquês de Pombal,
Sebastião José de Carvalho, primeiro-ministro de D. José I, rei de Portugal. São Luís
foi a primeira cidade onde a ordem dos jesuítas executaram seu projeto educacional
fundando, em 1626, o Colégio de Nossa Senhora da Luz.

Como vimos na segunda Unidade, a expulsão dos Jesuítas do Brasil promovida


pelo Marquês de Pombal não estabelece uma real renovação na estrutura
educacional então estabelecida no Brasil, e não é diferente para a província do
Maranhão e Grão-Pará de onde, em 1759, é expulsa a ordem jesuítica. O ensino
que, sob a responsabilidade da ordem jesuítica beneficiava apenas às elites locais,
sob o regime das aulas régias propostas pelas Reformas Pombalinas mantêm esta
tradição.

A Região do Grão-Pará e Maranhão era uma área estratégica para a Coroa devido
à proximidade com a foz do Rio Amazonas, porta atlântica de acesso às minas
peruanas e motivo de grandes preocupações para a administração filipina.

Figura 12 – Mapa da França Equinocial do séc XVII

Fonte: <https://www.todamateria.com.br/franca-equinocial/>

História da Educação Brasileira 47


Desta forma, o domínio e poder exercido internamente pelos jesuítas não agradava
Portugal. Desta forma, como vimos, alimentado pelos ideais iluministas, Marquês
de Pombal implementa reformas no Brasil, entre elas aquelas ligadas à educação.

SAIBA MAIS

Grão-Pará e Maranhão - O Estado do Grão-Pará e Maranhão foi uma unidade


administrativa da colônia portuguesa na América do Sul. Criado com a denominação
de Estado do Maranhão em 13 de junho de 1621, por Filipe II de Portugal (ou Filipe
III da Espanha), no Norte da América Portuguesa (atual Brasil), e renomeado Estado
do Maranhão e Grão-Pará em 1654, e Estado do Grão-Pará e Maranhão em 1751, o
qual foi dividido em 1772. No seu período áureo, sua extensão territorial abrangia o
território dos atuais estados do Maranhão, Piauí, Pará, Amazonas, Amapá e Roraima.

SUGESTÃO DE VÍDEO

Sobre a Educação nas Reformas Pombalinas.


Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=D-
7TcpO08Mo&pbjreload=10>

História da Educação Brasileira 48


4.2 O século XIX no Maranhão

O Maranhão do século XIX, assim como o restante do país, manteve uma tradição
de ensino, de educação eminentemente pensada pelas elites e voltada para a
formação deste mesmo grupo. Essas elites, a partir deste momento, no entanto,
começa a elaborar propostas educacionais alimentadas por ideias de modernização
vindas do exterior, tanto da Europa como dos Estados Unidos.

As inovações educacionais começaram a chegar ao Brasil a partir da segunda


metade do XIX. Tal ideário, do qual fazia parte a educação conjunta dos sexos,
os jardins de infância e, uma presença mais forte da mulher no magistério, vinha
sobretudo dos EUA, deixando um pouco de lado a França, até então modelo
mais inspirador para os educadores brasileiros, bem como de outros países como
Alemanha, Suíça e Bélgica.

No Maranhão do XIX, o ensino Francês passou a ser visto, por parte de boa
parte dos governantes representantes das elites locais, como perigoso. Lafayete
Rodrigues Pereira, jurista, latifundiário, político, foi primeiro ministro brasileiro de
1883 a 1884, lança, pela primeira vez no debate sobre educação, a questão da
liberdade de ensino.
Mas afinal veio-nos da França o contagio (sic) de tudo regular
e prevenir por via da lei: descobriu-se na liberdade de ensinar
serio (sic) perigo para a educação e bons costumes; desde
logo prescreverão-se cautelas e restricções; ninguem (sic)
mais poude exercer a profissão de professor particular sem
diploma de capacidade e attestados (sic) de bom procedimento!
(MARANHÃO, 1866, p. 20).

Esta questão se apresenta, também, na fala do então Presidente da Assembleia,


Augusto Olímpio Gomes de Castro. Integrante do partido conservador, foi deputado
provincial e geral e também argumentou em favor da liberdade de ensino.

Fique aos paes a inteira responsabilidade na escolha dos


mestres; o seu proprio(sic) interesse é um guia muito mais
seguro e esclarecido em tão delicado assumpto, que a vigilancia
(sic) do poder, por mais activa que procure ser. Abra escola
quem quizer; a affuencia (sic) de alumnos será na razão da
aptidão e moralidade do mestre; o poder pubico (sic) não tera
responsabilidade alguma nos males de uma escolha infeliz,
e acção (sic) benefica (sic) da liberdade tornará impossivel a
especulação e a fraude (MARANHÃO, 1871, p. 18).

História da Educação Brasileira 49


É interessante notar o teor das falas. Sobretudo a de Augusto Olímpio, uma das
principais lideranças conservadoras da então província. O que leva estes políticos
a defender a liberdade de ensino que implicaria dizer que, qualquer um poderia
abrir uma escola, sem a autorização do governo? Isso parece contrastar com as
propostas anteriores que atendiam estruturas rígidas de controle do ensino por
parte do Império e fiscalizavam rigidamente a entrada de alguém no magistério.
O que podemos perceber é uma defesa aberta de um projeto de privatização do
ensino, começado já durante o Império.

Olimpio de Castro acrescenta, claramente, a necessidade de reduzir a ação e


controle do Estado na formação educacional da infância.

Confundem-se em taes (sic) estabelecimentos a educação e


a instrucção, sendo aquella (sic) confiada a uma actoridade
(sic) estranha a familia (sic), que o amor não esclarece nem
mitiga, o que não pode deixar de exercer funesta influencia
(sic) noespirito (sic) e caracter (sic) dos mancebos, que lhe
são subordinados. A educação incumbe á familia (sic); o poder
publico (sic), por mais solicito que seja, não pode substituil-a
convenientemente em tão ardua e importante missão. Limite-se
pois a ministrar á (sic)́ mocidade mestres moralisados e habeis
(sic), e deixe aos paes a responsabilidade e a gloria de educar
seus filhos. (MARANHÃO, 1871, p. 17).

É perfeitamente possível perceber a separação entre “educar”, como a ação que


prepararia para o convívio social, e “instruir”, esta sim associada à aquisição de
conhecimentos científicos. Gomes de Castro deixa perceptível, também, seu
posicionamento favorável quanto à ação da iniciativa privada na educação: “Em
quase todas as provincias do Império (sic) se teem (sic) construido (sic) casas para
escolas por meio de donativos de particulares. É esta a melhor prova de quanto
é sympathica a ideia (sic) derramar a instrução nas classes menos favorecidas”.
(MARANHÃO, 1871, p.24).

Estas ideias aparentemente contraditórias para o conservadorismo das elites,


representadas pelos políticos citados, nada tinham de estranhas. Este interesse
e defesa da liberdade de ensino e ad iniciativa privada no campo da educação

História da Educação Brasileira 50


está associada ao contexto das décadas de 1860 e 1870, quando um segundo
liberalismo passa a imperar e defender o valor do trabalho livre e a consequente
abolição da escravatura.

Para esses liberais a abolição era parte de um programa


mais amplo, que incluía o regime da pequena propriedade, o
crescimento da indústria, o voto universal, o ensino primário
estatal e gratuito e a liberdade de ensino para a iniciativa
privada. (HILSDORF, 2011, p.49).

Dessa forma, não é difícil entender porque as lideranças políticas da província


maranhense estavam tão “abertas” às liberdades educacionais. Elas, na verdade,
seguiam ideia e movimentos político e, sobretudo, econômicos que vigoravam neste
século. Era dialogando com estas ideias liberais e modernizadoras que o discurso
educacional maranhense foi moldado.

Um exemplo destas ideias modernizados para a educação foi o ensino misto ou


coeducação dos sexos. Esta defesa contrasta com o conservadorismo do projeto
educacional brasileiro de até então, profundamente marcado pelo ensino religioso,
pela moral cristã.
Figura 13 – Exemplo de Escola mista do século XIX, onde encontram-se meninos
e meninas dividindo a mesma sala

Fonte: <https://escolapt.wordpress.com/2017/05/06/a-escola-do-seculo-xix/>

História da Educação Brasileira 51


Estas ideias são associadas às transformações vivenciadas pelo Império brasileiro
no século XIX, sobretudo a partir da década de 70. E estas transformações
estavam ligadas ao pensamento liberal, de livre comércio e redução da ação
do Estado. A proposta que prevê uma coeducação de meninos e meninas pode
parecer um avanço, sobretudo em relação às mulheres. Contudo, não foi isso que
se viu na prática. A educação brasileira, profundamente construída sob alicerces
conservadores baseados em uma moral cristã, não elaborou da melhor forma essa
proposta.
Nesse sentido, as novas características atribuídas ao sexo
feminino a partir de 1870 foram consideradas um avanço para o
momento histórico em relação ao ideal de mulher representado
pela sociedade no período anterior. No entanto, esses discursos
foram marcados pela ambiguidade, pois se pregou uma
inferioridade biológica do sexo feminino em relação ao sexo
masculino, argumentos que se consolidaram nesse período.
(FRANÇA et al., 2007, p. 4-5).

A consolidação dos argumentos misóginos em relação às mulheres se consolida,


entre outras coisas, pois o ensino para elas se voltava, sobretudo para formá-las
para serem boas donas de casa.

SUGESTÃO DE VÍDEO

A coeducação dos sexos - Disponível em: <https://www.


youtube.com/watch?v=qg1cVPKB2zY>

História da Educação Brasileira 52


O que podemos apreender destas discussões é que, durante o século XIX, a
educação maranhense foi moldada, em grande medida, pelo projeto internacional
liberal. Podemos perceber isso quando observamos lideranças conservadoras
defendendo propostas associadas aos partidos liberais, que também as defendiam.
Desta forma, fica evidente para o maranhão a adaptação e associação dos políticos
maranhenses, que representavam as elites locais, às ideias vindas do exterior.

4.3 A educação maranhense a partir do século XX

Como vimos nas Unidades anteriores, a partir de 1930 o Brasil passou por intensas
e profundas mudanças na economia o que influenciou modificações nas políticas
educacionais. As transformações econômicas, que impunham uma entrada do
Brasil nas leis do capitalismo internacional, chocavam, por vezes, com setores da
política interna. Contudo, o sistema econômico neoliberal e capitalista acaba por se
impôr.

Economicamente falando, as oligarquias rurais, sobretudo até os anos 30, foram


a principal liderança política no Brasil.

SAIBA MAIS

Oligarquias Rurais - Estas oligarquias eram compostas, principalmente, por ricos e


poderosos proprietários rurais, principalmente da região sudeste do Brasil. Chamamos
de República das Oligarquias o período da História do Brasil (entre 1894 e 1930), em
que houve um forte domínio das oligarquias na política nacional. Esta fase terminou
após a Revolução de 1930, golpe de estado que levou Getúlio Vargas ao poder.

História da Educação Brasileira 53


Principais características políticas e econômicas do período:

- Coronelismo: era o poder político, econômico e social que os “coronéis” tinham sobre a
população local. Estes coronéis nada mais eram do que grandes proprietários rurais com
influência na política regional;

- Política do café com leite: foi a alternância na presidência da República de políticos


paulistas e mineiros. Ganhou este nome, pois o café era o principal produto de São Paulo e
o leite (também os derivados) era o principal produto dos mineiros;

- Fraudes eleitorais: como o voto era aberto e o sistema eleitoral facilmente manipulado
pelos políticos, era comum as fraudes eleitoras, feitas sempre para beneficiar os candidatos
apoiados pelos grandes proprietários rurais. Compra de votos, uso de documentos falsos
e alterações de cédulas eleitorais eram comuns neste período. O “voto de cabresto” era o
sistema em que o coronel, com uso da violência ou pressão de todos os tipos, fazia com que
seus funcionários votassem nos candidatos indicados por ele;

- Início do processo de industrialização do país: parte do lucro dos cafeicultores, com a


venda do café para o mercado externo, foi usada como investimentos no setor industrial. A
região sudeste do país, principalmente a cidade de São Paulo, foi a que mais recebeu estes
investimentos e mais se desenvolveu no aspecto industrial;

- Formação da burguesia industrial urbana e do operariado, principalmente nas


cidades de São Paulo e Rio de Janeiro: muitos imigrantes, principalmente italianos, foram
morar nestas cidades para trabalhar nas nascentes e promissoras indústrias. Ocorreram
também, neste período, muitas greves com a organização do movimento operário, que
reivindicava melhores salários e condições de trabalho;

- Política dos Governadores: espécie de acordo feito entre os governadores de estados


e o presidente da República. O presidente dava apoio, principalmente nas eleições, aos
governadores e, em troca, estes davam sustentação política ao presidente.

Fonte: https://www.historiadobrasil.net/brasil_republicano/republica_oligarquias.htm

História da Educação Brasileira 54


Estes setores foram os únicos a formarem oposição ao processo de industrialização
pois já percebiam a ameaça que representava a nova classe que emergia, a
burguesia industrial. Os demais setores sociais viam nas mudanças econômicas
uma forma de alcançar melhorias de vida. No entanto, o empresariado nacional e
internacional temendo pressões populares por mais direitos, adota medidas para
conter os avanços das demandas populares.

Na vida política veremos, portanto, a deflagração do golpe empresarial militar,


em 1964, liderado pelos militares mas fomentado, arquitetado e financiado pelo
capital empresarial. Com ele, a imposição dos Atos Institucionais que submeteram
o Legislativo e o Judiciário ao Executivo e empreenderam enorme repressão aos
setores sociais que se opuseram ao regime.

Em termos educacionais, como vimos, este contexto se caracterizou por um ensino


tecnicista, voltado para atender as demandas de mão de obra das indústrias. Esse
modelo de educação abriu oportunidade de escolarização formal para muitos, visto
que a mudança foi, pelo menos no discurso, a universalização do ensino de 1º
grau e a profissionalização no 2º grau. Sabe-se somente a elite tinham acesso ‘às
primeiras letras’ para posteriormente fazerem o secundário e em seguida o superior.
Porém, o tipo de educação oferecida visava atender às indústrias e aos projetos
agropecuários que estavam surgindo.

No Maranhão, diferente da maioria dos estados do país, as mudanças ocorridas


repercutiram de forma tímida nos setores políticos e econômicos. No período de
redemocratização do Brasil, o Estado continuou a mercê das oligarquias locais
muito mais preocupadas, apenas, com a manutenção do poder. Sendo que na
Ditadura Militar as medidas políticas adotadas pelos governos José Sarney,
Pedro Neiva e Nunes Freire foram para se adequar ao Governo Federal, dando
assim, continuidade à política de um pequeno grupo em torno de um líder, antes
representado por Vitorino Freire, depois por José Sarney.

História da Educação Brasileira 55


As divergências políticas internas entre os grupos que compunham os partidos
políticos maranhenses eram em torno de pessoas e não de idéias, ou seja, os
políticos de forma geral estavam sempre lutando pela suas respectivas manutenção
ou obtenção do poder, deixando de lado os problemas pelos quais passavam
a população que era a mais atingida pelo descaso dos seus representantes. E,
consequentemente, por falta de políticas progressistas o setor econômico estava
estagnado, baseado ainda na agricultura de subsistência, com algumas incipientes
indústrias e fábricas fechando.

Durante a Ditadura Militar e com os discursos do representante José Sarney, a


população esperava muito das promessas de implantação dos grandes projetos que
diminuiriam o estado de miséria existente. Entretanto, pouco de concreto ocorreu
nesse momento, antes houve uma concentração de terras nas mãos de um número
ínfimo de latifundiários e empresários internacionais e a expulsão dos lavradores
(êxodo rural), inchando a Capital que não possuía estrutura para atender o excesso
de indivíduos sem trabalho.

Quanto ao cenário educacional, no período de Vitorino Freire o analfabetismo, a


falta de professores, a evasão, a repetência eram evidências do descaso com o
setor. Com a introdução de um novo grupo no poder, esperava-se que mudanças
ocorressem no Maranhão, dentre elas, o aumento do número de vagas nas escolas
de 1º e 2º graus, para preparar a população para servirem como mão de obra para
os projetos de modernização e progresso dos sarneístas. Contudo, o que se deu foi
a manutenção de políticas elitistas e de precarização do ensino público.

Este processo educacional colocado em prática no Estado aliado ao descaso com o


investimento na região Norte /Nordeste, gera problemas de infraestrutura, formação
de professores e gestão.

História da Educação Brasileira 56


Resumo

Nesta Unidade, analisamos o lugar histórico do Maranhão no interior da história


da educação no Brasil, salientando acerca da presença forte da educação jesuíta
no estado durante o período colonial, então província do grão-Pará e Maranhão.
Pudemos entender como os interesses políticos locais, associados à política
nacional e externa, defenderam mudanças educacionais aparentemente liberais,
mas que nunca representaram, de fato, o acesso ao ensino da maioria da população.
Desta forma, o Maranhão possui um processo histórico de manutenção de políticas
educacionais elitistas e de profundo desmantelamento do ensino público.

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

O cineasta Glauber Rocha, a pedido do então governador eleito do Maranhão


José Sarney, produziu um documentário sobre a cerimônia da sua posse
em 1966, dois anos depois do golpe militar de 1964. A partir do que você
estudou, assista ao documentário “Maranhão 66” e produza uma resenha
crítica do filme.

SUGESTÃO DE VÍDEO

“Maranhão 66” - curta metragem de Glauber Rocha. Disponível


em:< https://www.youtube.com/watch?v=t0JJPFruhAA>

História da Educação Brasileira 57


Como podemos perceber, caro(a) estudante, ainda temos muito o que avançar em
termos de Educação.

Continue seus estudos e contribua para a construção de uma História da Educação


no Brasil cada vez mais inclusiva e democrática.

REFERÊNCIAS

MARANHÃO. Relatório que o exm. snr. presidente da provincia, dr. Lafayette


Rodrigues Pereira, apresentou à Assembleia Legislativa Provincial, por
ocasião de sua abertura dia 3 de maio de 1866. Maranhão, Typ. do Frias, 1866.
Disponível em: <http://www.crl.edu/brazil/provincial/maranh%C3%A3o>. Acesso
em: 28 ago. 2018.

______. Relatório lido pelo excellentissimo senhor presidente, dr. A.O.


Gomes de Castro, por ocasião da installação da Assembleia Legislativa desta
provincia no dia 3 de maio de 1871. San’ Luiz do Maranhão, Typ. B. de Mattos,
1871. Disponível em: <http://www.crl.edu/brazil/provincial/maranh%C3%A3o>.
Acesso em: 28 ago. 2018.

FILHO, Sebastião Barbosa Cavalcanti. A Questão Jesuítica no Maranhão Colonial


– 1622-1769. São Luís. SIOGE, 1990.

FRANÇA, F. S. et al. A coeducação dos sexos na escola pública brasileira:


1870-19322007. Disponível em:<http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/
jornada/jornada7/_. pdf>.>.Acesso em: 1 set. 2018.

LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil. 10 tomos, Lisboa:


Liv. Portugália, Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, Liv. Civilização Brasileira,
1938-1950.

HILSDORF, M. L. S. História da educação brasileira: leituras. São Paulo: Cengage


Learning, 2011.

História da Educação Brasileira 58

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