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Química analítica

de

biossistemas

Eric M. Garcia
O presente trabalho não visa substituir os livros texto de química
analítica como fonte de estudo e pesquisa. Desta forma, este trabalho visa tão
somente contribuir para o acesso mais rápido e direto dos conteúdos abordados
na disciplina de química analítica de biossistemas. Ao final de cada capítulo,
existem práticas propostas para a disciplina e o capitulo final é destinado à
exposição de exercícios voltados para o desenvolvimento dos assuntos mais
relevantes.
Sumário

Conceitos Gerais 04

Capítulo 1 - Volumetria ácido base 20

Práticas 1. 28

Capítulo 2 - Volumetria de precipitação 59

Capítulo 3 - Volumetria de complexação 77

Práticas 2. 54

Capítulo 4 - Volumetria redox 88

Práticas 3. 116

Capítulo 5- Exercícios 121

3
1) Conceitos gerais

Inicialmente trabalharemos com o conceito de solução. A solução é


uma mistura homogênea cujo constituintes são o soluto (substância em
menor quantidade (em massa, volume, mols etc...) e o solvente. Nas
soluções, o soluto possui um raio menor que 1nm (10 -9m). Acima disso,
temos os coloides e as suspensões coloidais.

Unidades de concentração

Vamos fazer uma pequena digressão sobre as unidades de


concentração.

a) Unidades g/L e mg/L:

Embora as unidades de concentração sejam simples, devemos despender


um pequeno tempo para observar algumas peculiaridades destas unidades.
A unidade de concentração g/L é definida simplesmente como:

(Eq.1)

Considerando a utilização dos fatores unitários, temos que


podemos escrever que :

(Eq.2)

Simplesmente podemos resumir que o volume em mL multiplicado


pelo fator 10-3(L/mL) converte o volume em litros (L). Assim, para a
conversão da unidade de concentração g/L para g/mL temos as equações 3
e 4.

(Eq.3)

4
(Eq.4)

(Eq.4a)

Exemplo: Uma solução de NaCl na concentração 30g/L possui uma


concentração em g/mL de 0,030 g/mL.

b) Porcentagem %m/m, %m/V e %V/V

A porcentagem massa/massa (%m/m) é definida como mostrado na


equação 5. Percebe-se que (como qualquer porcentagem) por se tratar de
uma divisão de duas grandezas dimensionalmente iguais, não possuem
unidade. Na equação 5 sem o fator 100 também é chamado de título em

massa . O título também pode ser considerada uma fração

em massa uma vez que: .

(Eq.5)

Da mesma forma, a porcentagem volume/volume ( é definida de


acordo com a equação 6. Nesta equação se omitirmos o fator 100 também

obtém-se o título em volume .

(Eq.6)

5
Porém, existe uma porcentagem “atípica” em termos de unidade que
corresponde a porcentagem massa/volume (%m/V)(Eq. 7). Devido a
definição, a %m/V possui uma unidade de g/ml. Multiplicando ambos os
lados da equação 7 por chegamos na equação 8, que mostra a
conversão da porcentagem %m/V em concentração g/L:

(Eq.7)

Exemplo: Uma solução de NaCl na concentração 30g/L possui uma


concentração em g/mL de 0,030 g/mL e 3,0 %m/V

Multiplicando ambos os lados da equação 7 por (detalhe


abaixo), chegamos na equação 8, que mostra a conversão da porcentagem
%m/V em concentração g/L:

(Eq.8)

Na conversão, entre as porcentagens precisamos usar o conceito de


densidade, . Usando a massa em gramas (g) e o volume em mililitros

(mL) a sua unidade é g/mL. Considerando então a densidade, a massa passa


ser expressa como: . Substituindo então esta massa da solução na

6
equação 7, temos então a equação 9. Assim chegamos a equação 10 que
mostra a conversão da em .

(Eq.9)

(Eq.10)

Ainda nas conversões de unidades, se na equação 10 multiplicarmos


ambos os lados por um fator , temos a conversão de para
.

(Eq.11)

Pelo mesmo raciocínio, usando a densidade do soluto (Vs =ms/ds),


podemos substituir na equação 6, assim chegamos na conversão da unidade
para .

(Eq.12)

7
c) Concentração mol/L (molar) e mol/Kg (molal)

Em laboratório, normalmente esta unidade é a mais utilizada, uma


vez que a estequiometria das reações químicas é dada mais facilmente em
termos de mol de reagentes. A conceituação desta unidade de concentração
é bem simples, como mostrado na equação 13.

(Eq.13)

Para converter a concentração para mol/L, primeiro vamos

considerar que, ,temos o desenvolvimento abaixo ate

chegar na equação 14 que converte a para [](mol/L).

ou [] (Eq.14)

Podemos então organizar e desenvolver as equações de conversão das


porcentagens para a concentração mol/L.

Tabela 1 – conversão das porcentagens em concentração de mol/L.

(Eq.15)

(Eq.16)

(Eq.17)

8
Como um exemplo de utilização destas expressões, poderíamos
calcular: Qual a concentração do HCl (PA)? O HCl (PA) ou concentrado é
uma solução aquosa de HCl. Este por sua vez é um gás em temperatura e
pressão ambientes. O HCl gasoso é dissolvido até formar uma solução
saturada com titulo em massa em torno de 0,37. Na tabela 2 é mostrado
algumas propriedades do HCl (PA).

Tabela 2 – Alguns parâmetros do HCl (PA).

HCl(PA) Título em massa Massa Molar Densidade


(g/mol) (g/mL)

~0,37 36,5 1,18

Usando uma das expressões que já foram derivadas (Eq.16) é fácil a


obtenção deste valor:

Molal: Também é muito utilizada uma unidade de concentração dada


em mol/Kg de solvente como definido pela equação 15:

(Eq.15)

9
A conversão para mol/L é dada, tendo-se a densidade da solução. Se a
densidade da solução for dada em Kg/L, o seu valor numérico é exatamente
igual a sua densidade em g/ml, isso é facilmente visto utilizando os fatores
unitários como mostrado abaixo:

(Fator unitário de conversão g para Kg)

Na expressão 15, substituindo a massa pelo seu valor em termo de


densidade e volume (msolvente =V.d - msoluto) podemos converter a
concentrção mol/L em mol/Kg (Eq.16).

Logo, a concentração em mol/Kg do HCl é dada por :

Outro exemplo que podemos utilizar é: Qual a concentração mol/L do


álcool etílico (PA)? A densidade do álcool é 0,795g/mL.

Tabela 3 – Alguns parâmetros do álcool etílico (PA)

10
Etanol (PA) Título em Massa Molar
volume (g/mol)

~0,99 46,07

Como uma curiosidade no caso do etanol, o grau oINPI é justamente a


porcentagem %m/m de uma solução alcoólica. Por outro lado, o grau Gay-
Lussac (oGL) corresponde a porcentagem %V/V.

Conversão de grau GL para INPM

No caso do etanol 70% INPM (%m/m) temos que a sua densidade a


temperatura em torno de 25oC corresponde ao valor de 0,885g/cm3. Desta
forma a sua porcentagem %V/V corresponde aproximadamente a 78%V/V
(77,92% exatamente).

11
Fração molar

Muitas vezes, em problemas em que as duas fases estão no mesmo


estado físico, é conveniente trabalhar com a fração molar. Seu conceito é
intuitivo como dado pela equação 17 ou na versão alternativa (Eq.18).

Nota-se claramente que a fração molar é uma unidade de concentração


adimensional. É preciso ter em mente também que na fração molar, existe
uma relação entre soluto e solvente (e não solução).

A conversão para unidades de concentração mol/L (por exemplo) torna-


se muitas vezes difícil uma vez que somente com a fração molar não temos
informação do volume de solução ocupado pelo sistema. Nestas condições
é fácil perceber que a soma das frações molares é igual a unidade .

Considerando uma fração em massa (n=m/MM) e considerando a equação


17, podemos chegar na conversão da fração molar em concentração mol/L:

12
(Eq. 17)

13
Conversão da fração molar em concentração mol/L

2) Diluição

Muitas vezes em laboratório precisamos diminuir a concentração das


espécies a partir de uma solução mais concentrada. Considerando uma
solução com concentração C1, suponhamos que é retirado um certo volume
V1 desta solução. A concentração C1 pode ser dada em qualquer unidade.
Supondo que C1 é dada em g/L, C1V1=m1 (com m1 dado em gramas). Se
um certo volume da solução 1 for diluído em água destilada para formar
uma solução com concentração C2, teremos que C2V2=m2. Porém, a nova
solução 2 terá uma massa de soluto igual a massa retirada da solução
concentrada. Isto quer dizer que todo soluto presente na solução 2 virá
exclusivamente da solução 1 (lembre-se que a solução 2 foi feita com um
volume vindo da solução 1 mais água destilada, que por hipótese, contêm
somente água. Assim, m2=m1, logo C1V1=C2V2.

14
Expressão importante para diluição:

Um exemplo bem típico aonde podemos utilizar a expressão para


diluição é quando preparamos uma solução de HCl a partir do reagente
concentrado. Agora suponha a seguinte situação: você precisa preparar
200mL de solução 0,10mol/L de HCl. Qual o volume necessário que deve-
se retirar do frasco de reagente concentrado para se preparar 200mL de
solução? Podemos agora usar a expressão para a diluição. Usando a
equação 16 que converte a %m/m em concentração mol/L. Analisando o
desenvolvimento abaixo, são necessários 1,67mL de HCl concentrado, que
são posteriormente misturados com água para completar 200mL de
solução.

ou 1,67mL

3) Porcentagem de Pureza

15
Em muitas situações os reagentes não são encontrados na sua forma
pura. Mesmo os reagentes puros, quando em contato com a atmosfera,
podem adsorver moléculas de água sofrendo um processo de hidratação.
Neste contexto, a própria água pode agir como impureza. A pureza de um
reagente pode ser definida simplesmente como : .

Alem disso, podemos ainda, sabendo que [].V = n e m = [].V.MM, de uma


outra forma expressar a porcentagem de pureza como :

Quando trabalhamos com uma titulação ou volumetria, determina-se a


concentração de um reagente mediante a sua reação com outro reagente
químico de concentração conhecida. Suponhamos a reação genérica abaixo:

Se “A” é o reagente que precisa ter a sua concentração determinada,


podemos retirar uma alíquota deste reagente a fazê-lo reagir
apropriadamente com o reagente de “B” que, por hipótese possui a a sua
concentração definida. Mais concretamente, podemos utilizar uma simples
regra de três para obtermos a relação mostrada na equação 19 que
representa a estequiometria da reação.

(Eq.19)

16
Multiplicando ambos os lados por um fator , chegamos na

expressão para a determinação da pureza do reagente “A”.

(Eq.20)

Tabela 4 – Derivações da equação 20.

*Concentração de “A” impuro.

Suponhamos que seja feita uma certa massa total de reagente “A”
( . Desta solução seja retirada uma alíquota V´A e titulado com o
reagente “B”. Nestas condições, a expressão a ser utilizada é dada por :

Neste caso, a massa correspondente a m1 não é a massa total, mas


somente uma fração desta massa. O volume V´B foi utilizado para

17
diferenciar do volume VB gasto para a titulação total da amostra. Como a
concentração da solução não muda, temos equação 21 que é a variação da
equação 20 quando a amostra não é titulada na sua totalidade:

(Eq.21)

Se tratando de uma substancia 100% na equação 20, podemos


escrever as expressões correspondentes em uma titulação típica. Também
nestas condições é fácil perceber que, a partir da equação 22, chega-se na
estequiometria da reação (Eq.19).

(Eq.22)

4) Normalidade

Existe uma outra unidade de concentração que, embora pouco utilizada


também é bastante útil uma vez que facilita a estequiometria das reações
químicas. A normalidade é definida como o numero de equivalentes por
volume dado em litros (Eq.23). O equivalente, por sua vez, é definido com
a massa molar da substancia normalizada por uma fator n*(Eq.23). Este
fator muda de acordo com a natureza química das substâncias. No caso dos
ácidos e bases, este número representa os hidrogênio e hidroxilas ionizáveis

18
respectivamente. No caso das substâncias que agem em reações redox, o
fator n* corresponde ao numero de elétrons transferidos.

, onde (Eq.23)

Como um exemplo podemos analisar o caso do H2SO4. Neste caso,


como se trata de um acido, o fator n* corresponde ao numero de
hidrogênios ionizáveis que neste caso é 2. O seu equivalente é dado por :

Consequentemente, suponhamos uma solução 98g/L de ácido


sulfúrico. Neste caso esta solução corresponde a uma solução 1mol/L.
Assim, esta solução será uma solução com 2Eq/L ou seja 2N.

Na conversão da unidade de concentração mol/L e g/L temos as


equações 24 e 25. Assim, no exemplo anterior, com a solução de acido
sulfúrico era 98g/L, normalizando por 48g/mol (Equivalente do acido
sulfúrico) teríamos consequentemente uma solução 2N.

(Eq.24)

19
(Eq.25)

Capítulo 1 - Volumetria ácido base

1- Ácidos e bases

Antes de compreender a volumetria ácido-base devemos buscar os


conceitos do que seria um ácido e uma base. Um modelo bastante
simplificado, proposto por Svante Arrhenius (1887), classifica os ácidos
como substâncias que, em solução aquosa, liberam íons H+. Os exemplos
bastante comuns são o ácido clorídrico HCl (Eq.1) e o ácido sulfúrico
H2SO4 (Eq.2). Considerando o HCl, sabemos que a ligação covalente entre
o Cl e o H é considerada uma ligação covalente polar. Por isso quando em
água, o HCl tem sua ligação H-Cl mais enfraquecida. A quebra da ligação
H-Cl é heterolítica de maneira que o hidrogênio perde seu único elétron se
transformando em um próton (H+) e por sua vez o átomo de cloro ganha
mais um elétron se transformando em um ânion (Cl-). Veremos que, nem
sempre a água consegue ionizar completamente todos os ácidos.

20
Os ácidos que são capazes de liberar um próton H+ são considerados
monopróticos e por sua vez, os ácidos que são capazes de liberar dois
prótons são considerados dipróticos e assim sucessivamente (Tabela 1).

Tabela 1 – Classificação dos ácidos em termos de H+

Ácido Termo em relação aos íons H+

HCl Monoprótico
H2SO4 Diprótico
H3PO4 Triprótico
H4Y* Tetraprótico
* C10H14N2O8-4

Por sua vez, as bases de Arrhenius são substâncias que, em solução


aquosa, liberam íons OH-. Desta forma, exemplos como NaOH (Eq.3) e
KOH (Eq.4) são bases de Arrhenius mais comuns.

21
Como pode ser observado, os conceitos mais simples de ácido e base
levam em conta que os ácidos são substâncias moleculares que perdem
hidrogênios ácidos e bases são substancias iônicas que em água (ou em
outro solvente polar) se dissociam em íons previamente constituídos.
Porém, veremos que, infelizmente, esta correlação simples não explica
totalmente todas as substancias ácidas e as básicas.

A própria água, por exemplo, pode funcionar como ácido e uma base
pela sua auto-ionização (Eq.5). Dentro da simbologia química, a seta de
equilíbrio ( ) significa que a reação em questão pode ocorrer no sentido
direto e no sentido inverso. Assim, se faz necessário a utilização de uma
constante de equilíbrio para determinar a extensão da concentração dos
produtos e dos reagentes, com o tempo de reação tendendo ao infinito (ou
um tempo suficientemente grande) (Eq.5).

A concentração da água à 25oC vale 55,55mol/L, assim, o equilíbrio


da auto-ionização da água (Eq.6) pode ser dado pela Eq.7. O valor de Kw à
25oC é de 1x10-14 sem unidade (Eq.8).

22
Para uma solução aquosa neutra, necessariamente temos que
[H+]=[OH-] (Eq.9). Assim como dado abaixo pela Eq.10 temos que na água
neutra: [H+] =10-7mol/L.

Sempre que uma grandeza esta entre [], sua unidade de concentração
é dada em mol/L, portanto, para a água neutra a concentração de íons H+ e
íons OH- é de 10-7mol/L (a unidade mol/L também por ser expressa por
“M” que significa molar).

2- Grandezas pH e pOH

Uma grandeza química muito importante é o chamado pH. O valor


do pH é dado pela Eq.11. Considerando a concentração de OH- temos o
pOH dado pela equação 12.

Sabemos que [H+].[OH-] = 10-14 e aplicando-se “ –log” aos dois lados


da igualdade na Eq.13 temos a Eq.14 e Eq.15:

23
Podemos delimitar algumas propriedades da água neutra. O seu valor
de pH é 7 ( 7) e a acidez e basicidade de acordo com o
pH e pOH é dado mostrado na figura 1:

Fig. 1 – Escala de pH e pOH para solventes aquosos.

Imaginemos o seguinte problema: uma solução de HCl 0,10mol/L é


preparada com água neutra. Qual o valor do pH ? Neste caso podemos
considerar que o importante é a concentração de H+. Logicamente que:
Porém, vamos calcular o pH de uma solução de HCl
10-8 mol/L. Qual seria o resultado? Poderíamos dizer que seria –log 10-8 =
8, e o pH seria básico mesmo usando um ÁCIDO FORTE? Certamente que
não! Neste caso devemos lembrar que a própria água já possui íons H+
além dos que foram adicionados pela ionização do ácido forte. Neste caso,
precisamos considerar que a água já possuía 10-7 mol/L de íons H+, o que é

24
uma ordem de grandeza maior que a quantidade adicionada pelo ácido (10-
8
mol/L). Para resolver este caso precisamos de dois balanços importantes:
balanço de carga e balanço de massa.

Balanço de carga: Significa que a carga dos produtos não pode ser
diferente da carga dos reagentes.

Balanço de massa: Significa que a massa dos produtos não pode ser
diferente da massa dos reagentes. Neste caso Ca é chamada de concentração
analítica, ou seja, a concentração inicial.

Considerando o balanço de carga temos que a concentração de íons


Cl- no equilíbrio é de 10-8 mol/L (igual a C) e [OH-]=Kw/[H+]. Assim a
solução de HCl 10-8 mol/L possui uma pH sutilmente ácido (pH = 6,97)
como era de se esperar e não pH=8 como foi a primeira impressão. O
desenvolvimento fica claro observando as equação 18 até equação 24.

25
3- Tratamento dos ácidos fracos

Alguns ácidos não conseguem liberar todos seus íons H+ e desta


forma, são considerados ácidos fracos. O processo de liberação de
hidrogênios ácidos é considerado ionização. Um exemplo a ser considerado
é o do ácido acético (Fig. 2). A figura 2 mostra um exemplo de ácido
fraco: ácido acético (ácido etanóico). O ácido acético tem seu hidrogênio
ácido capturado pela água no sentido direto. No sentido inverso, o ácido
recupera seu hidrogênio e como resultado líquido, temos em equilíbrio, as
moléculas de ácido acético protonado (CH3COOH): acetato (CH3COO-),
H+ e OH-.

Fig. 2 – Ácido acético liberando o seu hidrogênio ácido em meio


aquoso.

26
A concentração de equilíbrio é diferente das concentrações iniciais,
por isso o subscrito na equação 4. A equação 4 mostra a expressão da
constante de equilíbrio ácida (Ka) para o ácido acético. Quanto menor o
valor de Ka mais fraco é o ácido. Às vezes, é conveniente expressar o valor
em termos de pKa sabendo que pKa=-logKa. A tabela 2 mostra os valores
de Ka e pKa para alguns ácidos fracos. Ao contrário do Ka, quanto maior o
valor do pKa mais fraco é o ácido.

Tabela 2 – Valores de Ka e pKa de alguns ácidos monóproticos

Ácido Ka pKa (-logKa)


HCN 5x10-10 9,30
HF 3,6x10-4 3,44
HIO 2,3x10-10 9,63
HIO3 1,7x10-1 0,76

Na dissociação do ácido acético, um problema surge: qual a


concentração das espécies no equilíbrio? Quando uma solução de ácido
acético é produzida sabemos a concentração inicial, mas não a de
equilíbrio. Para isso lançamos mão do balanço de massa e de carga.

27
Balanço de massa: A concentração inicial de ácido acético ( ) sempre
será igual à soma da concentração do acetato no equilíbrio mais a
concentração do ácido não ionizado. Na equação 26 somente temos certeza
do valor de .

Balanço de carga: Como dito anteriormente, a carga dos produtos não


pode ser diferente da carga dos reagentes.

Podemos concordar que Kw ou Kw /[H+] é um termo muito pequeno e


pode ser desconsiderado para efeitos práticos. Assim temos a equação 30.

Observa-se claramente que a equação 30 é uma equação de segundo


grau. A solução com significado real é dada na equação 31. Esta equação é

28
muito importante, pois determina o valor do pH de uma ácido fraco
mediante ao conhecimento de sua concentração inicial e seu valor de Ka.

Fig. 3 – Comportamento de um ácido monoprótico forte e fraco (Ka=10-6)


versus concentração inicial.

Ácidos que são polipróticos também possuem valores de constante


ácida, porém para dois ou mais hidrogênios ácidos. Para um ácido diprótico
genérico H2B temos duas ionizações possíveis. As expressões para a
primeira e segunda constante ácida estão expressas nas equações 32 e 33.

29
Mas em um ácido fraco diprótico os dois hidrogênios são ionizáveis?
A resposta para esta pergunta é sim. Porém, devemos lembrar que após a
ionização do primeiro hidrogênio a dificuldade para ionizar o segundo é
muito maior. O balanço de carga neste caso pode ser escrito como:

4- Tratamento das bases fracas

O conceito de base de Arrhenius é incompleto, pois não explica as


características básicas de substâncias como NH3 . No caso da amônia
temos:

30
É claro que, no caso das bases fracas, o tratamento é semelhante ao
tratamento dos ácidos fracos.

Para as bases polipróticas o tratamento também é o mesmo utilizado


nos ácidos fracos como pode ser observado na solução mostrada na
equação 42.

No caso dos ácidos fracos, sua ionização sempre leva a uma base
também fraca chamada base conjugada. No caso do ácido acético
( ) sua ionização leva a formação da base conjugada acetato

. Quando o acetato de sódio ( ) é adicionado

na água neutra (pH=7) o pH da solução formada mudará devido a


característica básica do acetato. A reação mostrada na equação 43 é
chamada de hidrólise. Escrevendo o Ka do ácido acético e o e o Kb do
acetato (sua base conjugada) observamos a correlação entre o Ka e o Kb
(Eq. 47).

31
5- Anfólitos

Quando o hidrogenosulfeto de sódio (HS-) é dissolvido em água


temos a sua completa dissolução (Eq. 48 ). Uma vez em solução, o HS-
tem dois caminhos: agir como ácido (Eq.49) ou agir como base (Eq.50),
logo este ânion pode atuar como ácido ou como base sendo assim
classificado como anfólito.

Evidentemente que, embora um comportamento se sobressaia, um


balanço de massa e carga é necessário para derivar uma expressão capaz de
predizer o pH de um anfólito baseado na sua concentração (Cs).

32
Balanço de massa :

Balanço de carga :

Substituindo o balanço de massa (Eq.51) no balanço de carga (Eq.52


e 53) temos a equação 54. Multiplicando a equação 54 por [H+] chega-se na
equação 55. Utilizando as expressões dos ácidos polipróticos (Eq.56 e 57)
e colocando HS- chagamos na equação 58.

Isolando o termo quadrático chegamos na expressão que relaciona as


constantes Ka1 e Ka2 do anfólito com a sua concentração [SH-] (Eq.59).
Fazendo a concentração do anfólito igual à concentração inicial (

33
) teremos uma expressão simplificada (Eq.60). Considerando
Cs muito maior que Ka1 e desprezando o termo Ka1Kw chegamos na
expressão ainda mais simples para determinar o pH de um anfólito (Eq.61).

6- Solução Tampão

Suponha a seguinte situação: uma solução de ácido acético é


produzida na concentração 0,1mol/L em um volume de 1L. Nesta
circunstância é lógico pensar no equilíbrio mostrado na equação 25.

Agora suponha que a esta solução seja adicionado acetato suficiente


para perfazer uma concentração 0,10 mol/L. Evidentemente que, como
ácido fraco, o ácido acético não ioniza todos os hidrogênios possíveis e,
portanto, a concentração de ácido não ionizado é dado pela equação 62:

34
Com a adição de acetato, o equilíbrio se desloca no sentido inverso
para recompor ainda mais o ácido acético não ionizado, e com isso manter
o valor de Ka. Neste caso o ácido acético praticamente não se ioniza. Este
fenômeno é chamado efeito do íon comum e assim podemos escrever:

E o acetato não age como base? Pelo mesmo motivo temos uma
hidrólise muito dificultada devido à presença do íon comum CH3COOH e,
portanto, o acetato não se hidrolisa. Logo a expressão do Ka (Eq.64) possui
duas constantes virtuais. Aplicando-se “–log” dos dois lados temos a
expressão do pH do tampão para o par acetato/ácido acético (Eq.65).
Genericamente, podemos escrever a expressão do tampão para qualquer par
ácido/base conjugada (Eq.66). Claro que como o volume “V” é igual pois
tanto o ácido e base conjugada estão no mesmo recipiente, assim podemos
escrever a expressão em termos de número de mols (Eq.67).

35
Para os tampões básicos o tratamento é idêntico. Vamos considerar
uma base fraca B- como mostrado na equação 68. Novamente aplicando-se
“-log” dos dois lados da constante Kb (Eq.69) chegamos à expressão do
tampão básico (Eq.70) que em termo de pH chegamos a expressão final
mostrado na equação 71.

7- Titulação ácido-base (volumetria)

A figura 4 mostra um esquema bastante comum utilizado na


volumetria (titulação). Na bureta é adicionado o titulante e no erlenmeyer é
adicionada a substância a ser titulada. Em equipamentos que realizam a
volumetria potenciométrica (titulação potentiométrica) existe ainda um
eletrodo para a determinação do potencial. No caso das volumetrias
convencionais, este sistema é substituído por uma substância indicadora
que muda a sua coloração no ponto final da titulação.

36
Fig. 4 – Esquema de titulação: bureta, suporte com garras, suporte e
erlenmeyer.

Fonte : http://www.instrumentosdelaboratorio.net/2012/09/bureta.html

Simplesmente a reação entre um ácido e uma base leva à formação


de um sal e moléculas de água. Vamos expor um exemplo extremamente
simples que exprime exatamente o objetivo principal da volumetria ácido-
base (e em certa parcela a própria volumetria). Podemos considerar a
reação entre o ácido clorídrico e o hidróxido de sódio:

A estequiometria desta reação corresponde à proporção de um mol


de ácido para um mol de base. Vamos supor à seguinte situação: suponha
50mL de uma solução de HCl 0,10mol/L. Vamos supor que seja
adicionado a esta solução 25mL de NaOH 0,10mol/L. Nestas
circunstâncias como fica o valor do pH? Antes o valor do pH deveria ser :
–log 0,10 =1. Ora, mais quantos mols de HCl existem nestes 50mL

37
(Eq.73)? Com a adição de 25mL de NaOH 0,10mol/L quantos mols de base
foram adicionados (Eq.74)?

Neste caso, evidentemente que resta uma quantidade de ácido sem


reagir, pois a base é o reagente limitante:
. A concentração de
HCl e o pH são dados como:

Então qual a quantidade de base que deve ser adicionado para reagir
completamente com os 50mL de HCl? Logicamente que deve se adicionar
um volume que carregue de base (lembrando que a
concentração de NaOH corresponde a 0,1mol/L).

38
Logicamente que o problema crucial da volumetria ácido-base (ou os
outros tipos) é saber a quantidade a ser titulada (alíquota) e a quantidade
gasta de titulante. Vamos a uma questão prática e objetiva: se 50mL de
uma solução de HCl foi completamente titulada com 12mL de uma solução
de NaOH 0,10mol/L, qual a concentração de HCl?

Primeiro: Qual a quantidade em mols de titulante (NaOH):

Segundo: qual a estequiometria de reação:

Neste caso 1:1

Terceiro: calcular a concentração do titulado:

Mas surge a questão qual o pH final da titulação do HCl com o


NaOH? Logicamente que após todo H+ proveniente do HCl reagir com os
íons OH- vindos da base, o pH da água retorna a seu valor, ou seja pH=7.
Suponha a titulação de 50mL de uma solução de HCl 0,10mol/L com uma
NaOH 0,10mol/L. Vamos observar o pH do titulado de acordo com a
adição de base.

a) 0mL de NaOH 0,10mol/L

b) 12 mL de NaOH 0,10mol/L

39
c) 50 mL de NaOH 0,10mol/L

d) 75 mL de NaOH 0,10mol/L

a) Simplesmente temos o cálculo do pH de uma solução de ácido forte:


pH = -log (0,1) = 1.

b) Agora com a adição de NaOH temos que calcular a quantidade de mols


de titulante adicionado:

Sabendo que a estequiometria da reação é 1:1, o número de mols de


HCl deve ser como mostrado na equação 78b. Logo para calcular a
concentração em mol/L temos a equação 79.

c) Usando a expressão mostrada na Eq.79, chegamos ao estranho valor de


0,0mo/L. Este valor não é o correto, pois a água pura neutra tem 10-7mol/L.
Assim, a fórmula mostrada na Eq.79 trata-se da concentração de íons H+
adicionados ARTIFICIALMENTE. Estes íons adicionados são eliminados
quando adicionamos 50mL de NaOH. Por isso, temos um o valor de

40
0,0mol/L deve ser indício que neste ponto o valor do pH da água neutra
(pH=7).

d) Usando a expressão mostrada na Eq.79, chegamos a outro estranho valor


de /L. Este valor negativo ocorre para mostrar que todos as
moléculas de HCl foram eliminadas e, alem disso, existe base para eliminar
mais 2,5x10-3mol de ácido. Isto significa que podemos fazer certo arranjo
para salvar a Eq. 79 invertendo a posição como mostrado na Tabela 3.
Logo, a concentração de NaOH corresponde a 0,02mol/L e o valor do
pOH = -log(0,02)= -1,69 e consequentemente, pH = 14-pOH = 12,3. A
tabela 3 mostra como calcular o pH nos diferentes estágios da titulação de
uma ácido forte por uma base forte.

Tabela 3- Equações para o cálculo do pH nos diferentes estágios da


titulação de uma ácido forte por uma base forte.

Titulação de Fórmula

41
um ácido forte

Antes do ponto
final

No ponto final pH = 7

Após o ponto final

De certo que, juntando as três expressões mostradas na tabela 3,


podemos montar o gráfico mostrado na figura 5. Podemos observar que
próximo ao ponto final uma pequena variação de volume ocasiona uma
grande variação de pH. Observamos pelo gráfico que se a titulação for
interrompida em pH =2 o volume no ponto final seria em torno de 45mL. O
erro encontrado então seria de 10% (Eq.81).

42
Fig. 5- curva de titulação de 50mL de HCl 0,1mol/L com uma solução de
NaOH 0,1mol/L.

Na prática, as titulações ácido-base são realizadas com a utilização


de indicadores ácido-base. Estes indicadores exibem coloração diferente
em diferentes valores de pH. Para a titulação de ácido forte o indicador
mais utilizado é a fenolftaleína (Fig.6). A fenolftaleína é incolor em meio
ácido, porém em meio básico sua cor é rósea intensa.

43
Fig. 6- Estrutura química da fenolftaleína em meio ácido e meio básico.

Em geral o tratamento para indicadores em relação a sua cor é dado

da seguinte forma. Quando temos a prevalência da cor “A”

(Eq.82). Por outro lado quando temos a prevalência da cor “B”

(Eq.82). A constante de equilíbrio mostrada na equação 83 é aplicada a


indicadores ácidos como a fenolftaleína, mas os resultados são aplicados a
qualquer indicador. Aplicando-se “–log” dos dois lados na Eq.83 chagamos

a Eq.84. Considerando o caso aonde temos que pH = pKa +1.

Em outra situação temos assim pH = pKa -1 .

Nestas condições, o que pode ser chamado a faixa de viragem de um


indicador é a faixa de pH aonde ocorre uma variação da cor de um
indicador, matematicamente : pH = pKa ± 1. Sabendo que o Ka da

44
fenolftaleína é 1x10-9,6, temos o seu pKa = 9,6 e sua faixa de viragem no
intervalo de 8,6 (incolor)-10,6(rósea intensa).

Na titulação de uma base forte é possível utilizar a fenolftaleína


como indicador? Em princípio a resposta seria sim. Teríamos inicialmente
uma solução com coloração rósea intensa com pH provavelmente maior
que 12 (prevalência da cor B). Com a adição de H+ temos uma diminuição
do valor do pH. Na transição para pH igual ou menor que 10,6 a solução
ficaria começaria a ter uma mistura de cores rosa + incolor (rosa mais
claro). Para pH abaixo de 8,6 a solução seria incolor (prevalência da cor
A). Assim a faixa de transição 10,6 ate 8,6 veremos uma tonalidade rosa
claro. Quando a solução se tornar incolor temo a certeza que o pH esta
abaixo de 8,6. Porém, veremos que a fenolftaleína não pode ser utilizada
para a titulação de bases muito fracas. Para isso, atualmente temos uma
gama de possibilidades de outros indicadores. Na tabela 4 são mostrados
alguns indicadores ácido-base, suas faixas de viragem bem como as cores
apresentadas em cada caso.

45
Tabela 4 – Alguns indicadores ácido-base e suas faixas de viragem.

Indicador pH pH
(cor) (cor)
Azul de ˂1,20 ˂2,80
timol (vermelho) (Amarelo)
Amarelo de ˂2.90 ˂4.0
Metila (vermelho) (amarelo)
Vermelho de ˂4,2 ˂6,3
metila (vermelho) (laranja)
Azul de ˂6,2 ˂7,6
Bromotimol (amarelo) (Azul)
Fenolftaleina ˂8,6 ˂10,6
(Incolor) (rósea)
Amarelo de ˂11 ˂13
alizarina GG (incolor) (Amarelo)

Verificamos, pela tabela 4, que para titular o HCl por exemplo


podemos utilizar o vermelho de metila, o azul de bromotimol ou a
fenolftaleína. Todos os três indicadores iram produzir um erro pequeno,
mas como estimar este erro? Vamos pensar na titulação dos 50mL de HCl
0,10mol/L como o NaOH. Verificamos o ponto final é atingido quando
utilizamos 50mL de NaOH, e neste caso chagamos a pH=7. Entretanto
utilizando os indicadores não conseguimos uma viragem exatamente em
pH=7. Para fenolftaleína, por exemplo, precisamos adicionar uma
quantidade a mais de titulante, pois a mudança de cor somente que ocorre
em pH =8,6. Desta forma é importante salientar a diferença do ponto final

46
fornecido pelo o indicador (neste caso em torno de 8,6) com o ponto final
real da reação (neste caso pH = 7). Mas como estimar este erro neste caso?
A resposta esta mostrada nos cálculos abaixo:

Vamos supor que se queria titular o ácido fluorídrico (HF), qual o


indicador mais apropriado? Vamos supor a titulação de 50mL de HF
0,10mol/L com NaOH 0,1mol/L. Para responder esta pergunta primeiro
precisamos saber a natureza do HF. O ácido HF é um ácido fraco com um
pKa igual a 3,19 logo, seu Ka corresponde à 6,45x10-4. Logicamente que, ao
final da titulação, teremos F- na concentração 0,05 mol/L. Sabendo que o
Kb do fluoreto corresponde a 1,55x10-11 (Kb=Kw/Ka) e seu pKb= 10,80
podemos calcular o pH do ponto final usando a fórmula da base fraca
(Eq.41,41a e 41b).

47
Na titulação do HF observamos que durante a titulação um tampão
HF/F- é formado (Eq.90a e 90b). Por isso na figura 7 é mostrado o pH em
função da adição de NaOH na titulação de 50mL de HF 0,1mol/L e 50mL
de HCl 0,1mol/L. Ambos possuem ponto final da titulação em 50mL,
porem o pH do ponto final é diferente devido a natureza diversa dos dois
ácido. O ponto final da titulação do HF é 7,94 porque uma base fraca é
formada após a titulação. Neste caso o melhor indicador seria também a
fenolftaleína.

Fig.7- Valor do pH em função da adição de NaOH na titulação de 50mL de


HF 0,1mol/L e 50mL de HCl 0,1mol/L.

48
Tabela 5 – Constantes das espécies provenientes do H2S.

Espécie Ka Kb
H2S 1,0x10-7 -
HS- 1,25x10-13 1,0x10-7
S-2 - 0,08

Vamos pensar na titulação de ácidos fracos que são polipróticos


como o H2S. Vamos supor a titulação de 50mL de H2S 0,10mol/L com
NaOH 0,1mol/L. Neste caso, sabemos que teremos dois pontos finais: um
na completa formação do HS- e outro na completa formação do S-2. A
figura 8 mostra a curva de titulação do 50mL de H2S 0,10mol/L com NaOH
0,1mol/L. Inicialmente quando os primeiros volumes de NaOH são
adicionados forma-se o tampão HS-/H2S (Eq.90). Quando todo H2S reage
formando o HS-, temos em solução somente HS- que é um anfólito, logo, o
pH neste região é dado pela Eq.61. Neste primeiro ponto, o indicador que
pode ser utilizado é a fenolftaleína. Após este ponto, o tampão formado é
básico sendo, portanto, entre o S-2/HS- (Eq.91). Como segundo ponto final

49
temos a formação de uma base “moderada” S-2 com um valor de Kb
relativamente alto entre as bases fracas fraca (vide tabela 5). Fazendo os
cálculos temos que a concentração final de sulfeto é de 0,033mol/L e o pH
final é 12,83.

Um caso de ácido poliprótico especial é o CO2. Toda água em


contato com o CO2 tente a ser sutilmente ácida. Isto acontece porque o
CO2 é um oxido com propriedades ácidas. Quando imerso em água, o CO2
deixa de ser uma molécula linear para se tronar uma molécula angular que
é o ácido carbônico (Fig.3).

Fig. 8- Curva de titulação do 50mL de H2S 0,10mol/L com NaOH


0,1mol/L.

50
Fig. 9- Equilíbrio do CO2 atmosférico.

Como calcular o pH da água que está em contato com CO2


atmosférico? Primeiramente precisamos saber qual a concentração
. Para isto precisamos utilizar a lei de Henry onde KH é a

constante de Henry (Eq.92a) (para o CO2 este valor é de 3,405x10-7


mol/L.Pa) e corresponde a pressão parcial de CO2 na atmosfera (na

média este valor pode ser considerado como 30,39 Pa. Assim :

Tabela 6 – Constantes das espécies provenientes do CO2(aq).

Espécie Ka Kb
H2CO3 4,6x10-7 -
HCO3- 5,6x10-11 2,1x10-8
CO3-2 - 1,7x10-4

51
Levando-se em consideração a tabela 6 e sabendo que o ácido
carbônico é um ácido fraco poliprótico temos (Eq.93a e 93b):

Baseado no que foi exposto, a figura 10 mostra a curva de titulação


para alguns ácidos na concentração 0,1mol/L titulados com NaOH
0,1mol/L. observamos que a fenolftaleína titula bem todos os ácidos
propostos. Com o indicador vermelho de metila é possível titular somente o
ácido forte HCl e o azul de bromotimol titula todos menos o ácido
carbônico. Todas estas conclusões são baseadas na faixa de viragem
mostrada na figura 10. Da mesma forma, quando titulamos bases fracas
nem todos os indicadores podem ser utilizados. Pela figura 11 percebemos
que a fenolftaleína pode ser utilizada para titular uma base com pK b =2,74.
Porém para as outras bases mostradas na figura isso não é valido.
Considerando que a NH3 é uma base com pKb =4,74, seus indicadores
seriam tanto a azul de bromotimol quanto o vermelho de metila. Para uma
base mais fraca que a amônia o vermelho de metila seria a escolha correta.

52
Fig. 10- Curva de titulação para alguns ácidos na concentração 0,1mol/L
titulados com NaOH 0,1mol/L.

Fig.11-Curva de titulação para algumas bases na concentração 0,1mol/L


titulados com HCl 0,1mol/L.

53
Prática 1.1- Padronização de uma solução de NaOH
(_____/_____/____)

Objetivo: Padronizar uma solução de NaOH previamente preparada com


biftalato de potássio.

Metodologia : Pesar uma massa de _________g de biftalato de potássio


previamente seco a 200oC por 24horas. Adicionar a um erlenmeyer a massa
pesada e dissolver com 2mL de água destilada. Adicionar 3gotas de uma
solução alcoólica de fenolftaleína (2% m/V). Titular com uma solução de
NaOH a ser padronizada. Volume gasto: _________________mL.

Dados :

Reação entre o biftalato de potássio e o NaOH

Biftalato de potássio (MM = 204,22g/mol)

NaOH (MM= 40g/mol)

Questão : Calcular a concentração do NaOH na solução, em g/L e em


mol/L.

54
Prática 2.1– Calcular o teor de HCl no ácido muriático
(_____/_____/____)

Objetivo: Determinar a concentração de HCl, em g/L e em mol/L, no ácido


muriático.

Metodologia: Pipetar uma alíquota de _____________mL de ácido


muriático com a micropipeta e adicionar a um erlenmeyer o volume obtido.
Adicionar 3gotas de uma solução alcoólica de fenolftaleína (2% m/V).
Titular com uma solução de NaOH padronizado na aula anterior
(concentração : ___________mol/L).

Volume gasto: ___________________mL

Dados :

HCl (MM = 36,50g/mol)

NaOH (MM= 40,00g/mol)

Questão : Calcular a concentração do HCl no ácido muriático, em g/L


e em mol/L.

55
Prática 3.1 -Estimar o valor da constante acida do HAc (_____/_____/____)

Objetivo: Determinar a constante ácida do HAc mediante as medidas de pH.

Metodologia: Utilizar uma solução previamente preparada de HAc 0,1mol/L. Preparar 4


tipos de solução seu respectivo béquer:

a) 50mL do solução de partida (frasco): pH_______________


b) 50mL da solução de partida + 50mL de H2Odest:pH_______
c) 50mL da solução de partida + 150mL de H2Odest: pH______
d) 50mL da solução de partida + 200mL de H2Odest:pH:______

Dados :

Questão : Calcular o valor da constante ácida para o ácido


acético.

56
Prática 4.1 - Calcular o teor de HAc no vinagre I (_____/_____/____)

Objetivo : Determinar a valor do teor de ácido acético no vinagre, em % m/V, mediante a


titulação com NaOH.

Metodologia: Recolher _______mL de vinagre com uma pipeta volumétrica e transferir para
um erlenmeyer. Adicionar 3gotas de uma solução alcoólica de fenolftaleína (2% m/V) e
titular com uma solução previamente preparada de NaOH__________mol/L.

Volume gasto: ___________________mL

Dados:

HAc = (MM=60g/mol)
NaOH

COO- Na+

Questão : Calcular o valor da concentração de


O -N
a+
HAc em %m/V no vinagre.

H2O
o
CH3CH2C
OH

57
Prática 5.1 -Calcular o teor de HAc no vinagre II (_____/_____/____)

Objetivo : Determinar a valor do teor de ácido acético no vinagre em


%m/V mediante a medida de pH.

Metodologia: Recolher 20mL de vinagre com uma pipeta volumétrica e


transferir para um béquer de ________mL. Realizar uma medida de pH
com tempo de 2 min e anotar o valor final.

pH: ___________________

Dados:

Questão : Calcular o valor da concentração de HAc, em %m/V, no


vinagre.

58
Capítulo 2 - Volumetria de precipitação

1-Solubilidade

Nas reações de precipitação temos a formação de um composto


sólido devido à influência da atração eletrostática entre os cátions e ânions
em solução. Antes de falar sobre estas reações temos que definir o que é
solubilidade. Na tabela 1 temos a solubilidade de alguns compostos
cloretos.

Tabela 1: Solubilidade de alguns cloretos.

Composto Solubilidade mol/L Solubilidade (g/L)


NaCl (58,5mol/L) 6,13 359,0
KCl (74,5g/mol) 3,77 281,0
LiCl (42,4g/mol) 1,50 63,7
AgCl (143,3g/mol) 0,00001 0,00143

De todos os compostos mostrados na tabela 1, o que possui uma


menor solubilidade é o cloreto de prata (AgCl). Vamos então considerar a
dissolução do AgCl em água. Primeiramente temos a dissolução do sal
(Eq.1) e a solvatação dos íons. Por outro lado, como a água não consegue
solvatar eficientemente e separar todas as cargas, os íons Cl- e Ag+ tendem
a se atrair novamente (Eq.2). O balanço entre os dois processos esta
representado na equação 3. Por isso, podemos escrever o equilíbrio como
mostrado na equação 4a. Entretanto como os sólidos não se dispersão em
solução, a sua concentração pode ser considerada constante e desta forma
escrevemos a equação 4b. Esta última expressão é denominada constante
do produto de solubilidade (kps).

59
Os valores de kps apenas tem sentido de serem calculados para sais
com baixa solubilidade. O valor do kps do AgCl corresponde a 10-10. Logo
a sua solubilidade é dada pela equação 5a e 5b.

Outro sal de prata pouco solúvel de prata é cromato de prata


(Ag2CrO4). Este sal tem sua dissolução da seguinte forma (Eq.6):

x 2x x

60
Se o valor do kps do corresponde a 1x10-12 qual a

solubilidade deste sal? Devemos lembrar que neste caso a estequiometria é


2:1 (Eq.7a e 7b).

(Eq.7a)

Para o fosfato de prata o valor do kps corresponde a

1x10-20. Qual a solubilidade deste sal? Devemos lembrar que neste caso a
estequiometria é 3:1(Eq.8 , 9a e 9b). A tabela 2 mostra a formula da
solubilidade em função do kps para diferentes estequiometrias.

x 3x x

61
Tabela 2 : Cálculo do kps para diferentes estequiometrias.

Estequiometrias Equação
(1:1)

(2:1)

(3:1)

(n:1)

2- Bases fracas

No Capítulo anterior observamos os ácidos e as bases. Algumas


bases são consideradas fracas devido a sua baixa solubilidade. A tabela 2
mostra as constantes de solubilidade (kps) de algumas bases fracas.

Tabela 2 : Valores de kps para diferentes hidróxidos (bases).

Base Fórmula Kps


hidróxido de magnésio Mg(OH)2 1,2 x10-11
hidróxido de ferro II Fe(OH)2 8,0 x10-16
hidróxido de ferro III Fe(OH)3 4,0 x10-38
hidróxido de cálcio Ca(OH)2 5,5 x10-6
hidróxido de alumínio Al(OH)3 2 x10-32

62
O valor do pH influencia a solubilidade das bases fracas com baixa
solubilidade . Para a dissolução do Mg(OH)2 por exemplo (Eq.10), temos
que a expressão do kps dada pela tabela 2 (Eq. 11). Qual a solubilidade do
Mg(OH)2 em pH=7, 9 e 10? Logicamente que a diminuição da solubilidade
do hidróxido de magnésio com o aumento do pH não representa mais do
que o efeito do íon comum, que neste caso é o OH-.

x x 2x

Vamos fazer uma suposição, vamos supor que em 100mL de solução


tenhamos [Ca+2] e [Mg+2] ambos com concentração 0,10mol/L (pH=7).
Agora vamos supor a adição de NaOH 0,1mol/L. Qual dos dois íons
metálicos precipitará primeiro? É claro que os íons Mg+2 irão precipitar
primeiro. Logicamente que de acordo com a expressão do kps e seu valor
chagamos nas equações 15 e 16. O gráfico na figura 1 mostra o
comportamento dos íons Ca+2 e Mg+2 de acordo com o pH. Vemos
claramente que em pH = 8 a solubilidade do Mg+2 máxima é de em torno

63
de 1mol/L e em pH =9 esta solubilidade é em torno de 0,012mol/L. Como
podemos calcular a solubilidade do íons Ca+2 em pH=9 é astronômica
(5,5x106mol/L).

Fig.1 - Comportamento dos íons Ca+2 e Mg+2 de acordo com o pH.

Poderíamos interpretara a figura 1 de uma forma mais pratica:


Começando a partir de pH = 14, a solubilidade do hidróxido de cálcio
começa a ser significativa a partir de pH = 13. Para o hidróxido de

64
magnésio, somente a partir de pH =9. Os valores exatos podem ser obtidos
facilmente a partir das equações 15 e 16.

O Caso do carbonato de cálcio :

O valor do kps do carbonato de cálcio CaCO3 3,36x10-9. Para a


expressão do kps do carbonato de cálcio pode ser visto abaixo:

De acordo com o kps a solubilidade do sal seria 5,79x10 -5mol/L.


Entretanto a solubilidade deste sal sofre grande influencia do pH. Para
visualizar esta influencia vamos observar a reação do carbonato com os
íons H+:

Fazendo o balanço de massa para o carbonato de cálcio,


considerando que os íons Ca+2 não sofrem o processo de hidrólise e
substituindo na expressão do kps chegamos na solubilidade em função do
valor do pH:

65
A solubilidade do CaCO3 em uma solução de pH=7,00 seria
. Nota-se que este valor é cerca de 42 vezes maior que o
valor calculado sem a contabilização do pH.

3- Titulação pelo método direto

A volumetria de precipitação é voltada principalmente para


determinação de íons Cl-. Entretanto uma série de outros elementos podem
ser obtidos indiretamente. Os elementos da família 7A são os maiores
interferentes na determinação dos íons Cl- pela volumetria de precipitação.

A base da determinação dos íons Cl- esta relacionada com a baixa


solubilidade do AgCl em solução aquosa. Quando adicionamos uma
solução de AgNO3 0,1mol/L a uma solução de NaCl temos a formação do
AgCl como precipitado ( ) (Eq.17).

Vamos supor a titulação de 50mL de Cl- 0,1mol/L com NaNO3


0,1mol/L. Vamos supor os seguintes volumes de AgNO3:

66
a) 0mL de AgNO3 0,10mol/L.

b) 12 mL de AgNO3 0,10mol/L.

c) 50 mL de AgNO3 0,10mol/L.

d) 75 mL de AgNO3 0,10mol/L.

a) A situação é a mais simples, pois, quando nenhum nitrato de prata é


adicionado temos: pCl = -log 0,1 = 1

b) Quando 12mL de nitrato de prata são adicionados, podemos utilizar a


relação análoga a utilizada na volumetria ácido base (Eq.18a,18b e
18c):

c) Quando 50mL de nitrato de prata são adicionados teríamos 0,0mol/L


de Cl-? Logicamente que a situação análoga à volumetria ácido-base,
temos a concentração de cloreto dada pelo valor do kps. Uma vez
que todo o cloreto foi precipitado na forma de AgCl seu equilíbrio
em solução nos diz que (Eq.19):

67
d) Quando 75mL de nitrato são adicionados podemos utilizar a equação
20a, 20b e 20c.

Poderíamos também escrever neste caso para calcular o pAg: pAg+


pCl = 10. Não é difícil mostrar as expressões utilizadas para o calculo do
pAg e pCl ao longo das etapas da volumetria de precipitação para a
determinação de íons cloreto pelo método direto.

68
Tabela 3- Expressões utilizadas para o calculo do pAg e pCl para a
determinação de íons cloreto pelo método direto.

Titulação de Fórmula
uma solução de Cl-

Antes do ponto final

No ponto final

Após o ponto final

A figura 2 mostra o comportamento do pCl durante a titulação de


50mL de Cl- 0,1mol/L com AgNO3 0,1mol/L. Em comparação também é
mostrado a titulação de I- (AgI kps= 1,7 x10-16 ), Br-
(AgBr kps= 3,5 x 10-13) e BrO3- (AgBrO3 kps= 5.38 x 10-5). Observa-se que
quanto menor o valor do kps mais nítido é o ponto final da titulação. Para

69
os íons BrO3- observa-se uma nítida dificuldade de titulação pelo método
direto.

16
px

14 AgCl
AgI
12
AgBr
10 AgBrO3
8
6
4
2
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
VAgNO3 mL

Fig.2 – Curva de titulação para a titulação de 50mL de Cl- 0,1mol/L com


AgNO3 0,1mol/L. Em comparação também é mostrado a titulação de I-, Br-
e BrO3-.

4- Indicador via Método direto

O método mais prático para a determinação de cloreto é o chamado


método direto. Neste método é adicionado à solução problema uma solução
de K2CrO4. Esta última solução funciona como a solução indicadora. Isso
ocorre da seguinte forma: suponha a titulação de 50mL de uma solução de
NaCl 0,10 mol/L com AgNO3 0,1mol/L. Vamos também supor a adição de
2mL de uma solução de K2CrO4. Durante a titulação temos a formação do

70
AgCl, conforme os íons Ag+ são adicionados reagindo com os íons Cl-
dispersos em solução. Quando o ponto final é atingido temos nAg+=nCl-
desta forma, o excesso de Ag+ é irá reagir com os íons CrO4-2 em solução
formando um precipitado vermelho (Eq.21) indicando, assim, o ponto final
da titulação. Este método é chamado de método direto e somente funciona
devido a uma conjunção de fatores.

Fig.3 - Titulação de cloreto pelo método direto com uma solução de


cromato de potássio e AgNO3.

71
O possui um kps igual a 1,1x10-12 e o 1x10-10.
Quando o nitrato de prata é adicionado à solução ele forma primeiro o
AgCl, porque? Pela equação 22 vemos que um pAg =9 é suficiente para a
formação do precipitado de AgCl. Por outro lado, sabendo que a
concentração de K2CrO4 em solução corresponde a , precisa
que o pAg atinja 3,78 para que comece a precipitar o (Eq.23a,
23b e 23c)

Após todo cloreto ser titulado temos que a concentração de Ag+ será
10-5mol/L, ou seja, ainda não suficiente para precipitar o que é
[Ag+]= . Considerando a titulação com [AgNO3]
=0,10mol/L o volume a mais que deve ser adicionado de titulante é dado
pelas equações 24a,24b e 24c. O volume final foi considerado como 100
mL. Netas condições necessita-se de 50,152mL para atingir o ponto final.
Este erro é estimado então em 0,34%. Isso mostra que nestas condições é
possível utilizar o cromato de prata como indicador do ponto final da
titulação.

72
5- Método indireto

O método indireto, que também é chamado de método de Volhard,


consiste resumidamente em adicionar um excesso de nitrato de prata e
titular o excesso de prata com tiocianato de potássio (KSCN).

O indicador utilizado no método indireto corresponde a uma solução


de Fe+3 da ordem de 10-2M. Após o consumo dos íons Ag+ os íons SCN-
reagem com os íons Fe+3 produzindo um complexo intensamente vermelho
(Eq.25).

Devido a possível formação do hidróxido de ferro III, este técnica


deve ser executada em pH ácido. Apesar da constante de equilíbrio do
complexo não ser muito grande (1,4x102), experimentalmente

uma concentração de 6,5x10-6mol/L de complexo já é suficiente para este


ser detectado visualmente. Considerando o valor do kps do AgSCN como
1,1x10-12, temos uma concentração de Ag+ no e SCN- no ponto final é de

73
1,048x10-6 mol/L. Nestas condições temos que a concentração de complexo
é menor do que a necessária para a detecção visual (Eq.26a e 26b).

Assim deve-se colocar um excesso de tiocianato para obter o ponto


final detectável. Este excesso pode ser calculado como mostrado na
equação 27.

Sabemos a concentração de em solução necessário para a


detecção visual do ponto final ( ) e também sabemos
quanto teríamos no ponto final . Poderíamos fazer uma
diferença entre os dois valores e descobrir a quantidade de titulante em
excesso que deveria se adicionado. Entretanto, o SCN- adicionado pode ser
transformar em três espécies diferentes. Então para a determinação da
concentração de titulante em excesso devemos proceder com o balanço de
massa mostrado na equação 28:

74
A concentração de deve ser suficiente para atingir o valor
de então este valor deve ser
Da mesma forma a
concentração de é dado pela equação 29 e a concentração de
é dado pelas equações 30a,30b e 30c. Calculando o valor do
titulante em excesso como mostrado na equação 31 chegamos ao valor de
Este valor significa que devemos adicionar titulante para
atingir um montante a mais nesta magnitude de concentração. Numa
titulação de 25mL de [Ag+]=0,1mol/L com [KSCN]=0,1mol/L temos uma
volume de ponto final praticamente de 50mL. Das equações 32a e 32b
vemos que isso significa uma adição de 0,0047mL. O erro estimado está
em torno de 0,018% (Eq.33).

75
76
Capítulo 3 - Volumetria de complexação

1-Complexos

No módulo anterior observamos a formação do . O


conceito completo de complexos não corresponde ao escopo deste trabalho.
Entretanto, de uma maneira geral, podemos resumir que os complexos são
compostos formados por um ligante (doador de elétrons) e um íon metálico
(normalmente de um metal de transição). A interação entre o íon metálico e
o ligante é considerada uma ligação iônica, em um modelo mais
simplificado.

Um exemplo de complexo existe quando os íons Co+2 estão em


solução. Nesta situação a seguinte reação química acontece (Eq.1):

Este composto existe em solução aquosa e não os

íons Co+2 hidratados. Por outro lado, para os íons Na+ por exemplo, este
tipo de reação de complexação em meio aquoso é improvável. Neste caso o
que ocorre é simplesmente um processo de hidratação.

A água é um ligante neutro, existem ligantes mais fortes que


possuem carga como o SCN- (Eq.2).

Existem ligantes que são considerados quelatos, pois um ligante


somente consegue ocupar diferentes posições coordenação (ligação entre o

77
ligante e o íon metálico). Na figura 1 é mostrado este tipo de ligante
interagindo com um íon metálico. O ligante mostrado provém do ácido
etilenodiamintetracético abreviadamente chamado de EDTA. Este ligante
em particular possui um grande destaque na volumetria de complexação
devido a sua capacidade de formar complexos com o Ca e Mg.

Fig. 1 – Reação de complexação entre o EDTA (ligante quelato) e um íon


metálico genérico.

78
2- EDTA

Como foi dito, o EDTA é uma ácido tetraprótico, ou seja, possui 4


hidrogênios ionizáveis. Para economizar notação, ao invés de representar o
EDTA como C6H12N2(COOH)4 , a representação do EDTA é feita da
seguinte forma: H4Y, neste caso “Y” representa a parte orgânica da
molécula de EDTA e “H” os hidrogênios ionizáveis. As quatro ionizações
são mostradas abaixo (Eq.3, 4, 5 e 6):

Como pode ser visto na figura 1, a forma complexante do EDTA


corresponde à forma completamente desprotonada (Y-4). Ou seja, de todas
as espécies provenientes do EDTA, a única a formar complexo corresponde
à forma Y-4. Assim, esta forma tem uma importância especial. Fazendo o
balanço de massa (Eq.7), rearranjando as constantes (Eq.8a e 8b) e
inserindo novamente na equação do balanço de massa podemos chegar à

79
equação 9. A razão corresponde ao valor (Eq.10) e o valor

corresponde a soma das espécies não complexadas de EDTA.

O valor de é dependente do pH do meio (Eq.10). A figura 2


mostra o valor de em função do valor de pH do meio. Sabemos que a
reação de formação de complexo (Eq.11) possui uma grande

valor de constante ). Esta constante é chamada de constante de


estabilidade absoluta (Eq.12). Como depende do valor de pH,

80
consequentemente o valor da constante também depende do valor de pH.
Assim é definida a constante de estabilidade condicional (Eq.13).

Fig.2- O valor de em função do valor de pH do meio.

81
Poucos livros salientam que o valor de corresponde à
concentração inicial antes da reação de complexação. Como um exemplo
podemos supor o calculo de de uma solução de [EDTA]=0,2mol/L em

pH = 12. Neste caso :

4- Titulação

Agora vamos supor a titulação de uma solução de [Ca+2] =


0,10mol/L com uma solução de EDTA 0,10mol/L. Vamos supor para todos
os efeitos que a solução esta em pH = 10. Vamos calcular o pCa em
diferentes valores de titulante:

a) 0mL de NaOH 0,10mol/L

b) 12 mL de NaOH 0,10mol/L

c) 50 mL de NaOH 0,10mol/L

d) 75 mL de NaOH 0,10mol/L

a) Como nos casos anteriores, a situação é mais simples quando


nenhum titulante é adicionado neste caso temos: pCa = -log 0,10 = 1.

b) Como nos casos anteriores, podemos utilizar uma expressão para


calcular a concentração do titulado antes do ponto de equivalência
(Eq.14a, 14b e 14c):

82
c) No ponto de equivalência podemos utilizar a equação 13, porém
precisamos da concentração de (Eq.15). Não é difícil

perceber que a concentração de Ca+2 livre é igual à concentração das


espécies não complexadas de EDTA (Ca).

x x

Sabendo que 0,35. , vemos que a concentração de x

(espécies dissociadas do complexo) possuem um valor muito pequeno


comparado com a concentração inicial. Podemos resolver a equação 16 e
encontra o valor de pCa.

(Eq.15a)

83
d) Após o ponto de equivalência, 75mL, temos titulante em excesso.
Assim a concentração Ca pode ser dada pela equação 17a e 17b. A
concentração de complexo será menor devido ao efeito de diluição
(Eq.18) e o valor de pCa pode ser dado pela equação 19.

5- Indicadores

Os indicadores nas titulações complexométricas são substâncias que


também formam complexos com os íons metálicos. Um indicador muito
comum nas titulações complexometricas é o Ério-T. Na prática temos que,
em pH =10, o indicador “livre” em meio aquoso tem uma coloração azul e
quando ligado este indicador tem a cor vermelho vinho. Como é descrito,
na literatura, quando o indicador é adicionado em solução em pH =10 ele
se liga imediatamente com os íons metálicos em solução (como por

84
exemplo o cálcio e magnésio) fazendo com que a solução se torne
vermelho vinho.

Com a adição de EDTA existe um deslocamento do metal do


complexo metal-ligante para a formação do complexo metal-EDTA. No
caso do cálcio e magnésio o complexo com EDTA é incolor, assim no
ponto final da titulação destes íons a cor final é a do indicador livre (no
caso do ério –T em pH = 10 é azul).

Fig. 3 – Esquema de titulação de íons metálicos por deslocam4ento do


complexo metal/ ligante com uma solução de EDTA.

Na prática esta titulação somente funciona porque a constante de


estabilidade do complexo formado entre o EDTA e o Ca ou Mg é bem
maior do que a constante de estabilidade deste íons com o Erio-T. assim

85
quando o EDTA é adicionado é possível o deslocamento dos íons
metálicos. Nesta titulação ao invés de utilizar o EDTA como titulante é
utilizado o seu sal dissódico C10H14N2O8Na2.2H2O (Peso Molecular:
372,23). Genericamente podemos representado por Na2H2Y.2H2O.

Quando o sal dissódico entra em contato com o íon metálico ele


libera seus hidrogênios ácidos deixando o meio mais ácido. Por isso o meio
para titulação deve ser tamponado em pH básico.

Dentre muitas aplicações, a complexometria com EDTA é muito


utilizada na determinação do teor de cálcio e magnésio no meio. Entretanto
como o magnésio pode ser determinado separadamente do cálcio com a
complexometria com EDTA? As constantes de estabilidade do complexo
Mg-EDTA e Ca-EDTA são 4,9x108 e 5,0x1010 respectivamente.

Para determinar o cálcio e magnésio juntos o meio é tamponado em


pH =10 com uma solução tampão NH3/NH4+. Nestas condições quando é
adicionada o Erio-T como indicador o meio deve ficar vermelho-vinho
devido a formação dos complexos Mg-EDTA e Ca-EDTA. A constante de
estabilidade do complexo ErioT-Ca é de 3,9x10-6 e do complexo ErioT-Mg
é de 10-7 . Quando o EDTA é adicionado ao meio reacional ele desloca os
íons metálicos para a formação dos complexos Mg-EDTA e Ca-EDTA
devido a maior constante de estabilidade. Quando o EDTA deslocar
completamente os íons metálicos, o indicador “livre” Erio-T irá apresentar
uma cor azulada. Íons metálicos como Fe+2 e Cu+2 oriundos das tubulações
metálicas podem interferir nesta titulação.

Como é possível a determinação dos íons Ca+2 independentemente?


Poderíamos pensar que ajustando o pH para 12 teríamos :

86
Assim virtualmente todo o magnésio estaria na forma de precipitado
Mg(OH)2 (admitindo uma concentração de equilíbrio de ).
Entretanto com a precipitação do hidróxido de magnésio pode haver a
coprecipitação do hidróxido de cálcio por um fenômeno de natureza
cinética. A adição de glicerol ou manitol pode resolver este problema pela
formação de um complexo estável com o cálcio. Alem disso, pode-se usar
outro indicador que é a murexida. Em meio fortemente básico, o complexo
murexida-Mg se decompõe desta forma em pH=12 e utilizando a murexida
como indicador a titulação consegue minimizar ao máximo os efeitos do
magnésio.

É importante lembrar que na titulação somente de cálcio a viragem


não muito nítida. Desta forma sempre é adicionado uma quantidade
conhecida de sulfato de magnésio ao titulado. Assim, o deslocamento do
cálcio ocorrerá primeiro e o ponto final será o deslocamento do complexo
ErioT-Mg.

87
Prática 2.1 – Determinação da concentração de Cl- no soro fisiológico
pelo método direto (_____/_____/____)

Objetivo : Determinar a concentração de Cl- no soro fisiológico pelo


método direto.

Metodologia : Recolher uma alíquota de _________mL de soro fisiológico


com uma pipeta graduada e transferir para um erlenmeyer. Adicionar ao
erlenmeyer ___________mL de uma solução de dicromato de potássio
_________mol/L. Titular com uma solução de AgNO3 previamente
preparada de concentração __________mol/L. O ponto de viragem será
uma mudança de uma cor ______________________ para
_______________________.

Volume gasto de AgNO3 : _________________mL.

Dados :

cloreto (MM = 35,50g/mol)

Questão : Calcular a concentração de Cl-, em %m/V.

88
Prática 2.2 – Determinação da concentração de Cl- no soro fisiológico
pelo método indireto (_____/_____/____)

Objetivo : Determinar a concentração de Cl- no soro fisiológico pelo


método indireto.

Metodologia : Recolher uma alíquota de _________mL de soro fisiológico


com uma pipeta graduada e transferir para um erlenmeyer. Adicionar
_________mL de uma solução de AgNO3________mol/L para a formação
do precipitado de AgCl. Filtra-se o precipitado recolhendo a solução
sobrenadante. Recolher uma alíquota de _________mL da solução de
filtração com uma pipeta graduada e transferir para um erlenmeyer.
Adicionar ao erlenmeyer ___________mL de uma solução de sulfato
férrico _________mol/L e acidificar com _______mL de solução de HNO3.
Titular com uma solução de KSCN previamente preparada de concentração
__________mol/L. Ponto de viragem será o aparecimento de um tom
marrom avermelhado persistente.

Volume gasto de AgNO3 : _________________mL

Dados :

cloreto (MM = 35,50g/mol)

Questão : Calcular a concentração de Cl-, em % m/V.

89
Prática 2.3 – Determinação da concentração de Cl- na água da torneira
(_____/_____/____)

Objetivo : Determinar a concentração de Cl- na água da torneira pelo


método indireto.

Metodologia : Recolher uma alíquota de _________mL de água da


torneira com uma proveta graduada e transferir para um erlenmeyer.
Adicionar _________mL de uma solução de AgNO3________mol/L para a
formação do precipitado de AgCl. Filtra-se o precipitado recolhendo a
solução sobrenadante. Recolher uma alíquota de _________mL da solução
de filtração com uma pipeta graduada e transferir para um erlenmeyer.
Adicionar ao erlenmeyer ___________mL de uma solução de sulfato
férrico _________mol/L e acidificar com _______mL de solução de HNO3.
Titular com uma solução de KSCN previamente preparada de concentração
__________mol/L. Ponto de viragem será o aparecimento de um tom
marrom avermelhado persistente.

Volume gasto de AgNO3 : _________________mL

Dados :

cloreto (MM = 35,50g/mol)

Questão : Calcular a concentração de Cl-, em % m/V.

90
Prática 2.4 – Padronização de uma solução de EDTA
(_____/_____/____)

Objetivo : Determinar a concentração de EDTA através da reação com


uma solução de CaCl2.

Metodologia : Recolher uma alíquota de _________mL de uma solução de


CaCl2 _____________mol/L com uma pipeta graduada e transferir para
um erlenmeyer. Adicionar _________mL de uma solução de
MgCl2___________mol/L. Adicionar _______gotas de uma solução de Ério
-T _________mol/L e tamponar com ____________mL de uma solução
tampão NH3/NH4+ pH = ___________. Titular com uma solução de EDTA.
Ponto de viragem será o aparecimento de um tom azulado substituindo a
cor púrpura.

Volume gasto de EDTA : _________________mL

Dados :

CaCO3 100,09g/mol

Questão : Calcular a concentração de EDTA, em mol/L.

91
Prática 2.5 – Determinar a dureza total da água da torneira
(_____/_____/____)

Objetivo : Determinar a dureza da água através da reação com EDTA.

Metodologia : Recolher uma alíquota de _________mL da água da


torneira com uma proveta graduada e transferir para um erlenmeyer.
Adicionar _______gotas de uma solução de Ério -T _________mol/L e
tamponar com ____________mL de uma solução tampão NH3/NH4+ pH =
___________. Titular com uma solução de EDTA. Ponto de viragem será o
aparecimento de um tom azulado substituindo a cor púrpura.

Volume gasto de EDTA: _________________mL

Dados:

CaCO3 100,09g/mol

Questão : Calcular a concentração de EDTA, em mol/L.

92
Prática 2.5 – Determinar o teor de Mg e Ca da água da torneira
(_____/_____/____)

Objetivo : Determinar o teor de Ca e Mg da água da torneira.

Metodologia 1: Recolher uma alíquota de _________mL da água da


torneira com uma proveta graduada e transferir para um erlenmeyer.
Adicionar _______gotas de uma solução de Ério -T _________mol/L e
tamponar com ____________mL de uma solução tampão NH3/NH4+ pH =
___________. Titular com uma solução de EDTA. Ponto de viragem será o
aparecimento de um tom azulado substituindo a cor púrpura.
(V1=________________mL)

Metodologia 2: Recolher uma alíquota de _________mL da água da


torneira com uma proveta graduada e transferir para um erlenmeyer.
Adicionar _______gotas de uma solução de murexida _________mol/L e
tamponar com ____________mL de uma solução tampão NH3/NH4+ pH =
___________. Adicionar ____mL de glicerol. Titular com uma solução de
EDTA. Ponto de viragem será o aparecimento de um tom violeta azulado
substituindo a cor rosa salmão. (V1=________________mL)

Dados :

CaCO3 100,09g/mol e MgCO3 84,32g/mol

Questão : Calcular a concentração de EDTA em mol/L.

93
Capítulo 4 - Volumetria redox

1-Reações redox e pilhas

De maneira simplificada toda reação química que envolve variação


do número de oxidação é uma reação redox (redução/oxidação). Mas o que
é o número de oxidação? De uma forma pragmática, o número de oxidação
(NOX) corresponde à carga que um átomo adquire realizando uma ligação
iônica. Em termos de número de NOX sempre precisamos lembrar que:

a) Salvo dito o contrário, o NOX dos elementos livres e em


compostos simples (Na, K, Co, H2, N2 etc...) é sempre zero.
b) O NOX do oxigênio nos compostos é -2 (exceto nos peróxidos
que é -1 e superóxidos que é -½).
c) O NOX do hidrogênio nos compostos é +1 (exceto nos hidretos
que é -1).
d) A soma dos NOX em um íons ou molécula é igual a carga do íon
(no caso da molécula será zero).

Vamos analisar o exemplo mostrado na Eq.1 Neste caso o cobre


passou de NOX II para NOX 0. Por outro lado o zinco passou de NOX 0
para NOX II.

94
Neste caso podemos definir duas semi-reações: semi-reação de
redução (Eq.2) e semi-reaçao de oxidação (Eq.3). A soma das duas semi-
reações

algebricamente leva a eliminação dos elétrons e chega-se a reação global


mostrada na equação 1.

A reação redox é regida pela diferença de potencial dos elétrons nos


compostos, ou seja, no caso da reação mostrada na equação 1, os elétrons
de valência do Zn encontram uma potencial menor inserindo-se no Cu+2 , e
desta forma, a reação espontânea tem o sentido mostrado na equação 1.
Pelo que já foi exposto, uma reação redox apresenta uma diferença de
potencial. Esta diferença de potencial é explorada na confecção das pilhas.
Na figura 1 é mostrado uma pilha formada entre o par redox Zn/Zn+2 e
Cu/Cu+2 . Os componentes das pilhas são sempre :

a) Catodo (polo positivo): onde ocorre a reação de redução.


b) Anodo (polo negativo): onde ocorre a reação de oxidação.
c) Ponte salina: faz o contato físico entre o catodo e anodo e é
responsável pelo circuito iônico sem o qual não existiria o circuito
elétrico externo.

95
Fig.1 - Uma pilha formada entre o par redox Zn/Zn+2 e Cu/Cu+2 e seus
componentes.

As pilhas são, resumidamente, dispositivos que transformam energia


química em energia elétrica por meio de uma reação redox. Tanto o anodo
como o catodo são também chamados de eletrodos. Mas como definir um
potencial padrão para as semi-reação? Para responder esta demanda, uma
semireação (ou eletrodo) deve ser a referência para todas as outras. Na
figura 2 é mostrada a pilha da figura 1, porem, o catodo foi substituído. Em
seu lugar foi adicionado um fio de platina dentro de um bulbo com H 2
(1atm) está imerso em uma solução com [H+] =1M. Este eletrodo descrito é
chamado de eletrodo de hidrogênio.

96
Fig. 2- A pilha da figura 1 com o catodo substituído pelo eletrodo padrão
de hidrogênio.

Frente ao eletrodo de padrão hidrogênio a semireação de oxidação


apresentou um potencial de 0,76V. É justo pensar então na semireação de
oxidação como mostrado na equação 2 e a semi-reação de redução. Cada
semi-reação tem então um potencial padrão (Eo) onde o sinal “ o
” que
representa que todas as substâncias iônicas presentes estão na concentração
1M (condição padrão). Dito isso, e sabendo que a diferença de potencial
entre o catodo e o anodo é dado pela equação 5, voltemos a pergunta: como
definir um potencial padrão para as semi-reação? Assim foi estabelecido
que a semireação da equação 5 (quando nas condições padrão 1M e 1atm)
possui um valor de referência de 0,00V. Assim, logicamente que o valor do
potencial padrão de oxidação da reação mostrada na equação 4 (oxidação

97
do zinco metálico) corresponde a 0,76V (Eq.6). a tabela 1 mostra alguns
valores de potencial padrão de redução para varia semi-reações químicas.

2-Equação de Nerst e potenciometria

A tabela 1 mostra os valores de potencial para as condições padrão,


mas como determinar o potencial quando as condições não são padrão?
Para isso nos utilizamos à chamada equação de Nerst (Eq.7). Nesta equação
R corresponde a constante universal dos gases ideais, T temperatura
absoluta, n o número de elétrons trocados e F a constante de Faraday. Para
a condição de 25oC e com logaritmo na base 10, podemos escrever a
equação 8.

98
Tabela 1- Potencial padrão de redução para algumas semi-reações

Semi-reações de redução Potencial


padrão

Como aplicar a equação de Nerst? Vamos analisar um caso pratico.


Suponha uma barra de cobre imersa em uma solução de sulfato de cobre
1M. Se este sistema fosse ligado a um eletrodo de hidrogênio qual seria o
potencial? Certamente que, pela tabela 1, este potencial é x. Mas vamos
supor a mesma situação porem em uma solução de sulfato de cobre
0,1mol/L, qual seria o potencial? Pela equação 9b vemos que o potencial é
menor que o potencial padrão (0,3005V).

99
Mas será que poderíamos fazer o oposto? Dado um valor de
potencial de 0,34V ao exemplo anterior qual a concentração de Cu +2 ?
Claramente representado nas equações 10a,10b e 10c percebemos que com
um potencial maior que potencial padrão, a concentração de Cu+2 é maior
(2,17mol/L).

A potenciometria ocupa-se justamente do exemplo anterior, ou seja,


medir o potencial e associar a concentração de alguma espécie química. Os
eletrodos íon-seletivos são eletrodos potenciometricos que determinam
diretamente íons específicos.

Vamos analisar o caso do eletrodo íon-seletivo de Cl-. O eletrodo de


cloreto é constituído de duas células. Uma célula corresponde a um fio de
prata recoberto com AgCl dentro de uma solução 1M de KCl. A outra
célula corresponde a um fio de prata recoberto com AgCl que esta imerso
na solução problema com concentração de cloreto desconhecida ([Cl -]=?).

100
A redução do AgCl produz prata metálica e íons cloreto com potencial
mostrado na equação 11.

Como mostrado na figura 3, o eletrodo íon-seletivo de cloreto são


duas células em contato. A diferença de potencial destas células é dada pela
equação 12. Nesta expressão a variação de potencial é dada pela diferença
de potencial do eletrodo indicador (Eind que esta em contato com a solução
problema) e o eletrodo de referencial (que está imerso numa solução 1M de
cloreto e, logo, não altera seu potencial). O eletrodo de referencia é dito
não polarizável, pois seu potencial depende única e exclusivamente das
concentrações das espécies eletroativas. Na equação 12 aparece um termo
devido ao potencial de junção liquida (Ejun). Este último termo aparece
devido ao potencial na superfície da ponte salina (Fig.3). Vale lembrar que
a ponte salina é necessária para o contato entre as duas células que compõe
o eletrodo. Utilizando as equações 11 e 12, é fácil derivar as expressões 13a
e 13b que irão culminar em 13c, onde K representa uma constante que vale
0,059V. A partir da equação 13 pode-se montar, com auxilio de soluções
padrão, um gráfico como mostrado na figura 4. Na prática, os eletrodos são
calibrados com auxilio de duas soluções padrão, que corresponde ao
mínimo para a equação da reta. Depois da aquisição dos dois pontos monta-
se o gráfico que fornecerá o pCl mediante a medida de potencial.

Embora o que tenha sido mostrado aqui serve para o eletrodo íon
seletivo de cloreto, a expressão mostrada na equação 13c serve para
qualquer eletrodo íon seletivo, neste caso o que muda é o equilíbrio

101
químico envolvido (no caso do cloreto o equilíbrio esta mostrado na
equação 11).

Fig. 3- Eletrodo íon-seletivo de cloreto esquematizado.

102
400

350
Potencial mV
300

250

200

150

100

50

0
0 1 2 3 4 5 6
pCl

Fig.4- Resposta típica de um eletrodo íon-seletivo de cloreto em mV versus


pCl.

3- Eletrodo de pH

O caso mais comum quando de se trata de eletrodos


potenciometricos é o eletrodo de pH. Este tipo de eletrodo mede
diretamente o valor de –log[H+] do meio. Este tipo de eletrodo possui uma
constituição muito parecida como o eletrodo de íon-seletrivo de cloreto. A
grande diferença do eletrodo de pH para o eletrodo íon-seletivo de cloreto
esta na terminação final do eletrodo. O eletrodo de pH possui um bulbo
(que pode ser esférico) recoberto com um gel silicato.

103
(a)

(b)

Fig.5 - Eletrodo de pH esquematizado (a) e região da membrana de vidro


esquematizada (b).

104
(Eq.16c)

Deste modo quando é efetuado uma calibração em um pHgametro


primeiramente é escolhido um padrão, normamente os padrões são pH =4,
7 e 10. Suponha uma situação prática : um eletrodo de pH é imerso em uma
solução padrão pH=4 e o visor do pHgametro acusa o valor de -20mV. O
eletrodo de pH então e limpo com água destilada e inserido em uma
solução pH = 10. Neste caso o visor acusa o valor de -82mV. Como o
sistema é linear (Eq.17a, 17b, 17c e 17d) chegamos a equação 18 que
fornece o valor do pH mediante a medida de potencial. Vamos supor então
o pH=7 o potencial encontrado seria 51,08mV de acordo com a Eq.18
(Fig.6).

105
100
90
80
EmV 70
60 (51,08mV; pH=7)
50
40
30
20
10
0
4 5 6 7 8 9 10
pH

Fig. 6 - Resposta típica de um eletrodo de pH, em mV, versus pH.

4 Titulação (permanganatometria)

Vamos analisar a seguinte reação redox mostrada na equação 19.


Este processo é descrito da seguinte forma: Os íon Fe+2 perdem elétrons
que são absorvidos pelos íons permanganato ( ) que

consequentemente sofrem a redução. Observamos que os íons Fe+2 são


oxidados a Fe+3 como mostrado na semi-reação de oxidação (SO) (Eq.19b).
Este processo acompanha a semi-reação de redução (SR) (Eq.19c).

106
Neste caso, qual a variação de NOX do Mn? Sabemos que o
permanganato participa da redução então segue a equação 20. Assim o Mn
passou de NOX 7 para 5 (sofrendo a redução). Consequentemente os íons
Fe+2 passando para Fe+3 liberam apenas um elétrons. Por isso, a equação
19b precisa ser multiplicada por 5 para que ao ser somada com a 19c
chegar na equação global 19a. A figura 7 mostra que o potencial da
equação global possui o valor de 0,74V, uma vez que o fator 5 não
multiplica o potencial.

Fig. 7- Esquematização da determinação de ferro através da


permanganatometria.

107
Importante : Quando o potencial de uma reação redox é positivo o
processo é espontâneo, e quando é negativo, a reação não ocorre
espontaneamente

Por isso o processo espontâneo é mostrado no sentido da equação


19a. Quando o sentido da reação redox muda, muda-se o sinal (Eq.21a e
21b).

Podemos utilizar o que foi exposto acima para introduzir o princípio


da permanganatometria (titulação redox via utilização de permanganato)
para a determinação de ferro. Vamos supor 50mL de uma solução de
[Fe+2]=0,1M. Qual o potencial do sistema? Poderíamos utilizar a equação
de Nerst (Eq.7), porém, qual a concentração de Fe+3? Desta forma o
primeiro ponto é experimental e de difícil dedução teórica.

Vamos supor que a esta solução ferrosa seja adicionado um volume


de 5mL de [MnO-4]=0,1M. Agora podemos calcular o potencial. Qual
das expressões nós usaremos 21a ou 21b?Sabemos que a reação entre os
íons Fe+2 e MnO-4 é de 5:1 como mostrado na equação 22a e 22b.

108
Mas como o teor de Fe+2 irá diminuir devido a reação com os íons
permanganato, o novo número de mols de íons ferrosos ( ) será
dado pela equação 23a e 23b. Loficamente que os íons ferrosos se
transformam em íons n férricos logo o número de mols dos íons férricos
corresponde a 0,0025mol.

A equação de Nernst neste caso pode ser escrita em termos do


número de mols, pois os íons ferrosos e os íons férricos estão no mesmo

volume dos íons ferrosos e assim chega-se na equação 24.

Substituindo os valores chegamos ate a equação 24b cujo valor de potencial


corresponde a 0,77V.

109
Seguindo o raciocínio montado no último exemplo e utilizado a
expressão 24a montamos o gráfico mostrado na figura 8.

Fig. 7- Resultado da equação 24a para vários volumes de titulante.

Agora vamos analisar o que acontece no ponto de equilíbrio. Neste


ponto podemos escrever as equações 25a e 25b, e o que nos leva a equação
26.

110
A equação 27a corresponde à equação de Nernst para o equilíbrio do
titulante (Eq.19c). A equação 27b corresponde a equação 27a multiplicada
por 5. Conhecendo o resultado mostrado na equação 26, a equação de Nerst
para o titulado (Eq.24a) é escrita como mostrado na equação 28. Somando-
se as equações 27a e 28 chegamos na equação 29, que pode ser
genericamente escrita na forma mostrada na equação 30. Assim, no ponto
final da titulação dos íons ferrosos com o permanganato será dado pela
equação 29a. Se considerarmos então o que a concentração de íons H+
corresponde a 1M, o potencial no ponto final terá o valor de 1,386V.

111
Genericamente para qualquer titulação redox a expressão derivada
para o potencial no ponto final é dada pela equação 30. Neste caso, quando
a concentração de íons H+ for 1M, ou quando o equilíbrio do titulante não
envolver os íons H+, a equação pode ser simplificada como na equação 30b.

Mas qual o volume no ponto final? O volume no ponto final será o


volume que satisfaça a condição mostrada na equação 25a, ou seja (Eq.31):

Mas e após o ponto final? Logicamente que neste ponto o potencial


será dado pela equação de Nerst do titulante (Eq.27a). A figura 9 apresenta
todas as condições para o cálculo do potencial na permanganatometria para
a determinação de Fe.

112
Fig. 9 – Esquematização da permanganatometria para a determinação de
ferro.

Um aspecto interessante na permanganatometria é a não necessidade


de se utilizar indicador. Isso porque os íons são intensamente

corados (violeta intenso) e os íons reduzidos tem uma coloração

quase incolor (rosa muito fraca). Desta forma, enquanto houver analito em
solução para ser oxidado, a coloração predominante é a do analito (se este
não apresentar cor o meio será incolor). Quando o analito acaba, a próxima
gota de permanganato Dara a cor violeta para o meio indicando o ponto
final da titulação representando o ponto final.

113
5 Titulação (dicromatometria)

Na dicromatometria, o raciocínio é exatamente o mesmo da


permanganatometria com exceção do titulante que, neste caso, é o
dicromato ( ). A reação global está representada na equação 32.

Na dicromatometria os íons dicromato possuem a cor laranja e os


íons Cr+3 são verdes. Neste tipo de titulação é preciso utilizar indicador
redox para visualizar o ponto final. O indicador mais comumente utilizado
é a difenilamina (Fig.10).

Fig. 10 – Indicador redox difenilamina .

Com a utilização do derivado difenilaminasulfonato de sódio o


potencial do indicador aumenta para 0,85V. Para atingir este potencial

114
podemos utilizar a equação 24a (equação do titulado) obtendo então a
equação 33. O volume encontrado corresponde a 7,98mL e comparando
como volume obtido na titulação (8,33mL) temos um erro estabelecido em
aproximadamente 4,2%.

Para corrigir este problema é adicionado ao meio H3PO4. Esta adição


visa a formação de um complexo com os íons Fe+3 de modo a diminuir o
potencial redox de oxidação dos íons ferrosos e consequentemente
diminuindo o erro da titulação.

115
Prática 3.1 – Determinar o teor de Cl- na água da torneira como um
eletrodo íon-seletivo (_____/_____/____)

Objetivo : Determinar o teor de cloreto na água da torneira com um


eletrodo íon-seletivo de cloreto.

Metodologia 1: Recolher uma alíquota de _________mL do um padrão de


Cl- (P1) com uma proveta graduada e transferir para um erlenmeyer.

Medir o valor do potencial 1:______________mV

Recolher uma alíquota de _________mL de um padrão de Cl- (P2) com


uma proveta graduada e transferir para um erlenmeyer.

Medir o valor de potencial 2:________________mV

Recolher uma alíquota de _________mL de água da torneira e com uma


proveta graduada e transferir para um erlenmeyer.

Medir o valor de potencial 3:__________________m V

Questão : Calcular o teor de cloreto na água da torneira.

116
Prática 3.2 – Determinar o valor do kps do Cu(OH)2 através do
potencial da pilha de Daniel (_____/_____/____)

Objetivo : Determinar o valor do kps do Cu(OH)2

Metodologia: O sistema mostrado na figura corresponde a uma pilha de


cobre. Inserir uma concentração de 0,10M em cada lado do sistema. Após o
sistema estabilizar em 0V (aproximadamente) adicionar gotas de uma
solução de NaOH 1M e medir o pH. Quando o pH não mais variar
significativamente, medir o pH e observar o potencial.

Questão : Calcular o kps do Cu(OH)2

117
Prática 3.3 – Calcular o teor de ferro em uma solução através da
permanganatometria (_____/_____/____)

Objetivo : Determinar o teor de Ca e Mg da água da torneira.

Metodologia 1: Recolher uma alíquota de _________mL de uma solução


de Fe+2 e transferir para um erlenmeyer. Titular com uma solução de
permanganato de potássio __________mol/L. Adicionar _____mL de uma
solução acida (__________). O ponto final sera dado pela cor violeta dos
íons permanganato.

Questão : Calcular a concentração de Fe+2 na solução.

118
Prática 3.3 – Calcular o teor de peróxido de hidrogênio em uma
solução através da permanganatometria (_____/_____/____)

Objetivo : Determinar o teor de peróxido de hidrogênio através da


permanganatometria.

Metodologia 1: Recolher uma alíquota de _________mL de uma solução


de H2O2 e transferir para um erlenmeyer. Titular com uma solução de
permanganato de potássio __________mol/L. Adicionar _____mL de uma
solução ácida (__________). Adicionar _______mL do catalisador
(____________). O ponto final sera dado pela cor violeta dos íons
permanganato.

Dado:

Questão : Calcular a concentração de H2O2 na solução.

119
120
Capítulo 5- exercícios

1. Qual a concentração em mol/L de cloreto de sódio presentes em


uma solução feita com 3g de cloreto de sódio em 400mL de
solução ? (NaCl = 58,5g/mol) R: 0,128mol/L

2. Qual a concentração em mol/L, g/L e %m/V de cloreto presentes


em uma solução feita com 3g de cloreto de cálcio (CaCl2) em
400mL de solução ? (CaCl2 = 111g/mol) R: 0,135mol/L

3. Qual a massa de NaCl é necessária para produzir 100mL de


solução 0,01mol/L ? (NaCl = 58,5g/mol) (R: 58,5mg)

4. Qual o número de mols de sódio presentes em 3g de cloreto de


sódio hepta-hidratado?(NaCl.7H2O = 184,5g/mol) R: 0,0163mols

5. Qual a concentração em g/L de cloreto de sódio presentes em uma


solução feita em com 0,001mol de cloreto de sódio em 400mL de
solução aquosa ? (NaCl = 58,5g/mol) R: 0,146g/L

6. Qual a porcentagem massa/volume de cloreto de sódio presentes


em uma solução feita com 1,1g de cloreto de sódio em 400mL de
solução ? (NaCl = 58,5g/mol) R: 0,275% (m/V)

7. Qual a %V/V de água presentes em uma solução feita com 20ml


de água em 350mL de solução alcoólica? R: 5,71% (V/V)

8. Soro fisiológico é que contem 0,90% m/V de NaCl em água


destilada. Em relação a esta solução responda

a) Qual a sua concentração em mol/L.

121
b) Considerando que o soro fisiológico possui uma porcentagem
%m/m igual a 0,90%, calcule a sua densidade.

9. Suponha uma solução de NaCl com concentração 3g/L. Uma


alíquota de 20mL desta solução foi recolhida e completada com
água para 350mL (volume final). Qual a nova concentração ?
R: 0,171g/L

10. Qual a % (m/V) de ácido acético em uma solução com


0,78mol/L de ácido acético? (massa molar do acido acético =
60g/mol) R: 4,68% (m/V)

11. Qual a concentração mol/L de ácido acético em uma solução


4% (m/V) de ácido acético? (massa molar do acido acético =
60g/mol) R : 0,666mol/L

12. Qual a concentração em g/L de ácido sulfúrico em uma


solução 10%(m/V)? (massa molar do ácido sulfúrico =
98g/mol)R:100g/L

13. Qual a concentração em g/L de ácido clorídrico 0,02mol/L?


(massa molar do ácido clorídrico = 36,5g/mol)R: 0,73g/L

14. Se 10mL de uma solução de ácido sulfúrico 0,03mol/L for


diluída para um volume final de 100mL com água destilada, qual
a nova concentração? R: 0,003mol/L

15. Suponha que 23mL de uma solução de CaCl2 0,03mol/L seja


completado para 500mL de solução. Qual a nova concentração de
Ca+2 e Cl-? R: Ca+2 = 0,00138mol/L e Cl- = 0,00276mol/L

16. Suponha que 2,2g de CaCl2 impuro seja dissolvido em 25mL


de água. Suponha que a solução final tenha a concentração de

122
0,72mol/L de cloreto. Qual a porcentagem de cloreto de cálcio na
amostra original? (Massa molar do CaCl2 = 111g/mol)
R : 45,56% (m/m)

17. Suponha que uma solução de NaCl foi produzida com 58,5mg
de NaCl em 100mL de solução. Por ma medida de laboratório foi
descoberto que esta solução possuía uma concentração de cloreto
de 0,005mol/L. Qual a pureza do reagente utilizado ? (NaCl =
58,5g/mol) (R: 50%)

18. Sabe-se que a densidade do etanol puro corresponde ao valor


de 0,795g/mL. Sabe-se que uma solução alcoólica 95oGL possui
um grau INPM = 92,8 (92,8o INPM=%m/m). Desta forma
calcule:

a) A densidade desta solução. (R: 0,814g/mL)


b) A concentração mol/L. (R: 16,39mol/L)

19. Em relação ao grau INPM e o grau GL para o etanol analise as


afirmações:

a) O grau INPM é sempre menor que o grau GL. Esta afirmação


é falsa ou verdadeira? Justifique .
b) Em que situação o grau INPM é igual ao grau GL?

123
20. Uma solução de cloreto de sódio com uma porcentagem em
massa de NaCl com valor de 20% m/m, possui uma densidade
1,1478g/mL. Nestas condições calcule:

a) A sua molaridade. (R: 3,92mol/L)


b) A sua molalidade. (R: 4,277mol/Kg)

21. Suponha que uma massa de 58,5mg de NaCl foi utilizada para
produzir 100mL de uma solução 0,2925g/L. Nestas condições
diga : qual a pureza do reagente utilizado ? (NaCl = 58,5g/mol)
(R: 50%)
22. Uma solução de etanol + água foi produzida e consta-se no
rotulo 63%V/V. Sabendo que a sua densidade é de 0,900g/mL e
que a densidade do etanol puro corresponde a 0,795g/mL. Calcule
a sua %m/m e %m/V? (R: 50,085% m/V e 55,560%m/m)

23. Suponha que uma solução seja feita com 63mL de etanol para
100mL de solução. Suponha que a densidade desta solução seja
0,90g/mL. Em uma outra etapa, uma segunda solução foi feita
retirando 10mL da solução original e completando para 250mL
de uma nova solução. Nestas condições diga: qual a concentração
em %V/V da soluça diluída?

24. O medicamento sulfato ferroso é muito utilizado para


aumentar a disponibilidade de Fe+2 no organismo. Supondo que
cada comprimido contenha 122mg de massa total e % de pureza
de 80% em sulfato ferroso. Suponha que um comprimido e meio

124
seja dissolvido em 250mL de água para formar uma solução de
igual volume. Nesta situação diga qual o valor da concentração de
ferro em %m/V, g/L e mol/L.
Dado: Fe2(SO4)3 = 151,908 g/mol ; Fe = 55,845g/mol.

25. O acido acético glacial é um reagente com 100% de pureza.


Nestas condições o seu frasco de um litro se apresenta como
tendo 1050g. Sabendo que a massa molar do acido acético é de
60,052g/mol responda:

a) Qual a densidade do acido acético em g/mL e Kg/L.


b) Qual o volume de acido concentrado para fazer 100mL de
uma solução 0,66 mol/L.
c) Qual o volume de ácido concentrado para fazer 100mL de uma
solução 4% m/m e 4% m/V.
d) Uma solução 30% m/m de acido acético possui uma densidade
de 1,0369g/mL. Calcule a sua concentração em mol/L e
molalidade. R: 5,180mol/L e 7,137mol/Kg
e) Sabendo que uma solução de acido 50% m/m possui uma
densidade 1,0562g/mL, calcule a sua fração molar.
f) Sabendo que uma solução de acido 1% m/m possui uma
densidade de 1,0562g/mL, calcule a sua concentração %V/V,
g/L , %m/V, mol/L, molalidade e sua fração molar.

125
Volumetria ácido-base

Grupo I

1. Defina ácidos fracos e fortes. Cite três exemplos de cada um deles.

2. Defina bases fracas e fortes. Cite três exemplo de cada um deles.

3. Explique a ação dos indicadores ácido-base. Cite exemplos.

4. O pH de um sumo de fruta é 3,33. Calcule a concentração de H+.

R: 4,67x10-4M

5. Numa solução de NaOH, [OH-] = 2,9 × 10-4 M. Calcule o pH da


solução.
R: 10,46

6. Qual o pH de uma solução de HCl 4,6 × 10-3 M.


R: 2,33

7. Calcule o pH de uma solução de ácido nitroso (HNO2) 0,050 M.


(Ka = 4,5× 10-4)
R: 2,32

8. Qual o pH de uma solução de amônia 0,400 M. (Kb = 1,8× 10-5)


R: 11,42

9. Calcule o pH de uma solução de H2SO4 0,010 M.


R: 1,69

126
10.Calcule o pH de uma solução de HS- 0,001mol/L?
Dado : Ka1= 1,0x10-7 e Ka2= 1,25x10-13
R: 9,95

11.Calcule o pH de uma solução de HCO3- 0,01mol/L?


Dado : Ka1= 4,6x10-7e Ka2= 5,6x10-11
R: 8,29

12.Calcule o pH de uma solução de H2S 0,03mol/L?


Dado : Ka1= 1,0x10-7 e Ka2= 1,25x10-13
R: 4,26

13.Numa solução do amoníaco utilizada na limpeza doméstica a


concentração de OH- é 0,025 M. Calcule a concentração de íons H+.
R: 4x10-3 M

14.Calcule a concentração de acetato em uma solução de vinagre (4%


m/V de ácido acético). Dado: MMHAc=60,052g/mol e pKa=4,74
R: 3,46x10-3M

127
Grupo II

1) Uma amostra de 0,2050 g de ácido oxálico puro


(H2C2O4.2H2O=126g/mol) necessitou de 25,52 mL de uma
solução de KOH (56g/mol) para completar a neutralização de
acordo com a reação abaixo responda:

H2C2O4.2H2O + 2KOH K2C2O4.2H2O + 2 H2O

a) Qual a concentração em mol/L dessa solução de KOH ?


b) Se uma amostra de 0,3025g do ácido oxálico desconhecido
necessitou de 22,50 mL da mesma solução de KOH (item a), qual
a porcentagem expressa em H2C2O4.2H2O na amostra?

2) Uma amostra de 0,9344 g de leite de magnésia (suspensão de


Mg(OH)2) necessitou de 17,95 mL de uma solução de HCl 0,1522
mol L-1 para ser neutralizada. Qual a porcentagem de Mg(OH)2
na amostra? Dado : Mg(OH)2=58,3g/mol

Mg(OH)2 + 2H+ Mg2+ + 2 H2O

3) O H3PO4 é utilizado em bebidas refrigerantes. Uma solução de


concentração desconhecida foi recolhida para analise do teor de
acido fosfórico. Foi retirado uma alíquota de 10 mL da solução
concentrada e em seguida esta alíquota foi adicionada em um
balão de 500 mL e completado o volume com água destilada.
Uma alíquota de 20,0 mL foi titulada com NaOH 0,500 mol/L e

128
gastou-se um volume de 69,0 mL. Qual a concentração, em
mol/L, da solução desconhecida?

H3PO4 + 3OH- PO4-3 + 3H2O

4) Um volume de 25mL de uma solução de NaOH com


concentração desconhecida foi titulada com 20 mL de H2SO4
0,45mol/L. Qual a concentração de hidróxido de sódio?

5) Uma solução de hidroxilamina (H2NOH) (33,03 g/mol) foi feita


com concentração 50g/L. Sabendo-se que o seu Kb = 1,1x10-8.
a) Qual o valor do pH desta solução ?
b) Quantos mL de uma solução de HCl 0,15mol/L são necessários
para titular 45mL da solução de hidroxilamina ?
c) Qual o valor do pH do ponto final da titulação de 45mL de uma
solução de hidroxilamina 12g/L com uma solução de HCl
0,15mol/L ?

Reação em agua: H2NOH + H2O H3NOH+ + OH-

6) Qual o valor do pH do ponto final da titulação de 15mL da


solução de ácido acetico 10% (m/V) com uma solução de NaOH
0,15mol/L ?

129
7) Uma massa de 25g de hidróxido de sódio (NaOH) impuro são
dissolvidos em água suficiente para 500 mL de solução. Uma
alíquota de 50 mL dessa solução gasta, na titulação, 25 mL de
ácido sulfúrico (H2SO4) 1 molar. Qual é a porcentagem de pureza
do hidróxido de sódio?

8) Para realizar a titulação de 20 mL de hidróxido de sódio (NaOH)


de molaridade desconhecida, foram utilizados 50 mL de ácido
sulfúrico (H2SO4) 0,2 molar. Qual a molaridade do hidróxido de
sódio?

9) Qual o volume de Mg(OH)2 0,4 molar necessário para neutralizar


80 mL de ácido clorídrico (HCl) 1,5 molar?

10) Uma massa de 10 g de hidróxido de sódio impuro é dissolvida,


em água suficiente para 500 mL de solução. Uma alíquota de 50
mL dessa solução gasta, na titulação, 15 mL de ácido sulfúrico
0,5 molar. Qual a porcentagem de pureza do hidróxido de sódio
inicial?

130
Grupo III

1) Discuta a diferença do ponto final fornecido pelo o indicador e


o ponto final real de uma volumetria acido base.

2) a) Calcule o pH de um sistema tampão que contém CH3COOH


1,0 M e CH3COONa 1,0 M. b) Qual o pH do sistema tampão
depois da adição de 0,10 moles de HCl à 1L desta solução
tampão ? Admita que o volume da solução não varia quando se
adiciona HCl.

3) Uma solução tampão foi feita com ácido acetico e acetato. Sabe-
se que o volume desta solução é de 500mL e que o pH=5. Calcule
a razão de [ácido]/[base] desta solução. Sabendo-se que 12g de
acetato de sodio foi utilizado para fazer a solução, qual a massa
de ácido acético utilizada neste tampão?

4) Supondo a titulação de 50mL de ácido fluorídrico (HF)


0,10mol/L com NaOH 0,1mol/L. Sabendo que no ponto final o
valor do pH é de 7,9. Estime qual o valor do Ka do acido
fluorídrico.

131
5) Calcule o pH na titulação de 25,0 mL de ácido acético 0,100 M
com hidróxido de sódio depois da adição de:

a) 10,0 mL de NaOH 0,100 M;


b) 25,0 mL de NaOH 0,100 M;
c) 35,0 mL de NaOH 0,100 M.

6) Calcule o pH na titulação de 25,0 mL de amônia 0,1M com HCl


0,100 M depois da adição:

a) 10,0 mL de HCl.
b) 25,0 mL de HCl.
c) 35,0 mL de HCl.

7) Um ácido fraco HA (pKa = 5,0) foi titulado com uma solução de


KOH 1,00 M. A solução de ácido tinha um volume de 100 mL e
uma molaridade de 0,10 M. Encontre o pH nos seguintes volumes
e faça a curva de titulação: Volumes: 0; 1; 5; 9; 9,9; 10; 10,1 e 12
mL.

8) Considere uma titulação de 20,00mL de um ácido fraco HA (Ka


= 1,0x10-5) com NaOH, ambos com a concentração 0,1 mol/L.
Responda:

a) Em qual volume de base o valor de pH será igual ao pKa?

(R: 10mL)

132
b) Em qual pH ocorrerá o ponto de equivalência (ponto final real)?
(R: 8,85)
c) Qual o valor do pH quando houver 5,00mL de base em excesso?
(R: 12,05)
d) Qual o valor do pH quando houver 5,00mL de ácido em excesso?
(R: 5,48)

9) – Considere que você está num laboratório fazendo a


determinação de um ácido monoprótico fraco com NaOH
padronizado com concentração 0,1200mol/L. Sabendo que foram
gastos 25,35mL de base para titular 25,00mL do ácido, responda:

a)Sabendo que o pH da solução do ácido puro é 2,77, qual o Ka do


ácido?(R: 2,37x10-5).
b) Que indicador você utilizaria para detectar o ponto final da
titulação? Dados Fenolftaleína (pKa = 9,30), vermelho de metila
(pKa = 5,00) e alaranjado de metila (pKa = 3,50).
(R: fenolftaleína)
c) Qual o pH quando tiver sido adicionado 10,00mL de base?
(R: 4,44)
d) Qual o pH quando tiver sido adicionado 30,00mL de base?
(R: 12,00)

10) Uma alíquota de 50,00mL de NaCN 0,0500mol/L foi titulada


com HCl 0,100mol/L. Calcule o pH da solução nos seguintes
pontos abaixo. Dado KaHCN = 2,1 x 10-9.

a) No início da titulação. (pH = 10,69)


b) Após a adição de 10,00mL de HCl. (pH = 8,87)

133
c) No ponto de equivalência. (pH = 5,08)
d) Após a adição de 26,00mL de HCl. (pH = 2,88)

11) Por que o pH no ponto de equivalência (ponto final real) da


titulação de uma base forte com um ácido forte é igual a 7?
(R: Formação de sal neutro NaCl e [H+] = [OH-])

12) Qual é a concentração em mol/L e o pH de uma solução de


HCl 14%m/m e que tenha uma densidade de 1,054g/mL?
(R: [HCl] = 4,0mol/L e pH = - 0,6)

13) Considere um indicador HIn, cujo pKa é 5,40.Suponha que


este indicador apresenta cor vermelha quando 80% dele está na
forma ácida e a cor azul quando 80% dele está na forma básica.
Qual a zona de viragem desse indicador? (R: 4,80 a 6,00).

14) (Questão desafio ) Estime o erro na titulação de 50mL de HCl


0,2mol/L com NaOH 0,1mol/L utilizando a fenolftaleína como
indicador. (Fenolftaleina pKa = 9.0).

134
Volumetria de precipitação

Grupo I

1. Uma amostra de salmoura (NaCl em solução aquosa) foi analisada


por titulação argentimétrica (método direto ou método de Mohr) por
um analista que transferiu 20,00 mL da amostra para um erlenmeyer
e titulou com 32,75 mL de uma solução de AgNO3 0,100 mol/L.
Calcular as concentrações de NaCl na salmoura em g/L, mol/L e
%m/V, %m/m e molalidade (Dado: NaCl =58,5g/mol,
d = 1,0030g/mL).

2. Três alíquotas de 20,00 mL de solução de cloreto de sódio foram


tituladas com solução 0,172 mol L-1 de nitrato de prata utilizando
solução de dicromato de potássio como indicador. Foram
consumidos respectivamente 19,80 mL; 20,10 mL; 20,00 mL para
atingir o ponto final da titulação . Calcular os valores médios para as
concentrações de NaCl em g/L, mol/L e %m/V, %m/m e molalidade
(Dado: NaCl =58,5g/mol, d = 1,0050g/mL).

3. Uma amostra de 1,29g de NaCl impuro foi dissolvido em 250mL de


água. Uma alíquota de 12mL foi titulada com AgNO3 0,01mol/L
gastando um volume desconhecido. Sabendo que a amostra possui
uma pureza de 35%, qual o volume gasto na titulação?
(Dado: NaCl =58,5g/mol)

135
4. Uma amostra de 12,09g de CaCl2 foi dissolvido em 500mL de água.
Uma alíquota de 2mL foi titulada com AgNO3 gastando um volume
de 23mL. Qual a concentração do nitrato de prata?
(Dado: CaCl2 =111g/mol)

5. Uma amostra de 16,749g de MgCl2 foi dissolvido em 840mL de


água. Uma alíquota de 12mL foi titulada com AgNO3 0,1M gastando
um volume de 23mL. Qual a pureza do cloreto de magnésio?
(Dado: MgCl2 =95,21g/mol)

6. Uma amostra de 16,749g de NaCl foi dissolvido em 840mL de água.


Uma alíquota de 12mL foi titulada com AgNO3 0,1M gastando um
volume de 23mL. Qual a pureza do cloreto de sódio? (Dado: NaCl
=58,5g/mol)

7. Uma amostra de 16,749g de KCl foi dissolvido em 840mL de água.


Uma alíquota de 12mL foi titulada com AgNO3 0,1M gastando um
volume de 23mL. Qual a pureza do cloreto de potássio?
(Dado: KCl =74,55/mol)

8. Calcule a solubilidade do AgBr, (dado que o seu kps possui o valor


de 5,4x10-13 ) nas seguintes situações:
a) Em uma solução isenta de íons Ag+.
b) Em uma solução contendo íons Ag+ na concentração 0,01mol/L

136
9. Calcule a solubilidade do Ag2CrO4, (dado que o seu kps possui o
valor de 1x10-12 ) nas seguintes situações:
c) Em uma solução isenta de íons Ag+.
d) Em uma solução contendo íons Ag+ na concentração 0,01mol/L.

10. Calcule a solubilidade do CaCO3 (carbonato de cálcio) nas


seguintes situações: (Dado: (CaCO3)kps =3,36x10-9 e (H2CO3)Ka2
= 5,56x10-11

a) Em pH = 2,00.
b) Em pH = 6,00
c) Em pH = 0,00

137
Grupo II

1. Calcule o valor do pCl em uma titulação de 50mL de NaCl


0,02mol/L com uma solução 0,045mol/L de AgNO3 nas seguintes
condições:
a) VAgNO3=0mL
b) VAgNO3=2mL
c) VAgNO3=10mL
d) VAgNO3=25mL
e) VAgNO3=50mL

2. O volume de 30 mL de uma solução contendo uma quantidade


desconhecida de I- tratados com 50,00 mL de uma solução 0,3650
mol/L de AgNO3. O precipitado (AgI) foi separado por filtração, e o
filtrado (adicionado de Fe3+) foi titulado com uma solução de KSCN
0,2870 mol/L. Quando 37,60 mL foram adicionados, a solução
tornou-se vermelha. Quantos miligramas de I- estão presentes na
solução original?

3. Calcule o valor do pAg em uma titulação de 50mL de NaCl


0,02mol/L com uma solução 0,045mol/L de AgNO3 nas seguintes
condições:
a) VAgNO3=0mL
b) VAgNO3=2mL
c) VAgNO3=10mL
d) VAgNO3=25mL
e) VAgNO3=60mL
f) V suficiente para titular a solução

138
4. Uma alíquota de 40mL de uma solução de cloreto de sódio 0,060
mol/L foi titulação com uma solução de AgNO3 0,060 mol/L.
Responda :
a) Qual o pAg e o pCl antes da adição de AgNO3?
b) Qual o pAg e o pCl após 35mL de AgNO3?
c) Qual o pAg e o pCl no ponto de equilíbrio?
Qual o pAg e o pCl após 45mL de AgNO3?

5. Uma alíquota de 85,5 mL de efluente líquido, proveniente de um


laticínio foi coletada para analise de íons cloretos. Foi adicionado a
esta alíquota 55mL de solução de AgNO3 0,14mol/L. O precipitado
de AgCl foi lavado e a solução sobrenadante com excesso de Ag + foi
titulada com KSCN 0,14mol/L. Sabendo que foram gastos 12,2mL
de KSCN na titulação, pergunta-se:
a) Qual a concentração de Cl- em g/L no efluente analisado?
b) Qual a massa de cloreto presente em 85,5mL desse efluente?

6. Calcule a porcentagem de prata numa liga em uma amostra de


0,2025 g que foi pesada e dissolvida adequadamente. A amostra em
solução foi transferida para o erlenmeyer e titulada com uma solução
padrão de KSCN 0,1000 mol/L. Foram gastos 15,25 mL deste
padrão para atingir o ponto final da titulação.

7. Para a determinação da quantidade de cloreto numa amostra de soro


fisiológico pelo método de Volhard, uma amostra de 25,00 mL foi

139
tratada com 50,00 mL de solução de nitrato de prata 0,110 mol L -1 e
o excesso de íons prata foi titulado com 17,00 mL de uma solução de
tiocianato de potássio 0,100 mol L-1 usando uma solução contendo
íons ferro III como indicador. Qual a concentração de NaCl na
amostra em mol L-1 e g L-1?

8. Para a determinação da quantidade de cloreto numa amostra de soro


fisiológico pelo método de Volhard, uma amostra de 20,00 mL foi
tratada com 40,00 mL de solução de nitrato de prata 0,0500 mol L -1 e
o excesso de íons prata foi titulado com 15,50 mL de uma solução de
tiocianato de potássio 0,0500 mol L-1 usando uma solução de Fe+3
como indicador. Qual a concentração do cloreto de sódio na amostra
em mol/L e g/L?

140
Volumetria de complexação

Grupo I

1. O teor de cálcio de uma amostra de água é determinada por titulação


com EDTA em pH =12. Uma alíquota de 100,00 mL desta água
requer 15,75 mL de EDTA 0,0150 M. Calcular o teor de Ca e CaCO3
em mg/L. Dado: CaCO3 100g/mol.

2. Dissolveu-se 0,7500 g de cloreto de cálcio hidratado e impuro,


em água destilada e o volume foi elevado a 200,00 mL em uma
balão volumétrico. Uma alíquota de 10,00 mL da mesma consumiu
na titulação 18,9 mL de EDTA 0,0125 M usando-se Ério-T como
indicador. Qual a pureza do sal (% m/m) analisado? Dado: CaCl2 =
111g/mol.

3. Uma solução padrão de EDTA é preparada por dissolução de


10,0000 g de Na2H2C10H12O8N2.2H2O (372,27g/mol) em 500,00 mL.
Uma amostra do sal MgSO4 pesando 0,2500 g foi dissolvida em
água, tamponada a pH 10,00 e titulada com a solução de EDTA
preparada acima, gastou -se 32,40 mL dessa solução. Calcule a
pureza do sal em % (m/m). Dado: Sulfato de magnésio
120,36 g/mol

4. Uma massa de 0,2054 g de CaCO3 (padrão primário) foi dissolvida


em ácido clorídrico e o volume da solução elevado para 250mL de
solução (solução A). Uma alíquota de 50,00 mL da solução “A”
consumiu na titulação 41,12 mL de solução de EDTA. Calcule a
molaridade da solução de EDTA. Dado: CaCO3 100g/mol.

141
Grupo II

1. Uma amostra de efluente foi encaminhada a um laboratório. Um


volume de 100mL da amostra foram transferidos para um erlenmeyer
de 250 mL seguido da adição de 2 mL de tampão NH3/NH4Cl de pH
10 e indicador Erio-T. Esta solução foi então titulada por 6,5 mL de
EDTA 0,01 mol/L. Pergunta-se :

a) É possível calcular a dureza nesta condições? Se sim qual o seu


valor? Se não o que deve ser feito para tornar possível o calculo
da dureza?

b) O que é possível calcular com os dados fornecidos? Forneça o


valor em unidades corretas .
Dado: CaCO3 100g/mol e MgCO3 84g/mol.

5. Uma amostra de calcário com 0,1230 g foi dissolvida em ácido


clorídrico 6,00 M e o volume elevado para 250,0 mL em balão
volumétrico. Uma alíquota de 25,00 mL tamponada a pH =10, foi
titulada com EDTA 0,0100 M na presença de Erio -T,
consumindo nesta titulação 15,80 mL da solução de EDTA. Uma
segunda alíquota de 25,00 mL teve o pH elevado a 12,0 pela adição
de NaOH 4,00 M, e titulada com 15,00 mL da solução de EDTA
com o indicador murexida. Qual a percentagem (m/m) de CaO e
MgO no calcário? Dado: CaCO3 100g/mol e MgCO3 84g/mol.

6. Tomou-se uma alíquota de 100,00 mL de uma amostra de água


contendo Ca+2 e Mg+2, e esta foi titulada com solução padrão de

142
EDTA, em pH=10, consumindo nesta titulação 22,74 mL da solução
de EDTA. Uma segunda alíquota de água de 100,00 mL foi tratada
com NaOH para precipitar o Mg(OH)2, e então titulada em pH 12,0
com 15,86 mL da solução de EDTA. Sabendo que a solução de
EDTA possui concentração de 0,01mol/L, calcule a dureza e a
concentração de CaCO3 em mg/L. Dado: CaCO3 100g/mol e
MgCO3 84g/mol.

2. Uma amostra pesando 0,2184 g de um produto farmacêutico que


contém MgO, NaHCO3 e material inerte é dissolvida em 20,00 mL
de solução de HCl 0,5000 M. A solução é aquecida até ebulição para
expelir o CO2, e o excesso do ácido é titulado com 30,00 mL
de solução de NaOH 0,2000 M, na presença de alaranjado de
metila como indicador. Uma outra amostra pesando 0,1092 g é
dissolvida em excesso de HCl, sendo que o pH é ajustado a 10,0 com
tampão NH3/NH4Cl, e a solução é titulada com 25,00 mL de
solução de EDTA 0,02000 M, na presença de negro de
Eriocromo T. Calcule a percentagem de MgO, NaHCO3 e material
inerte na amostra.

Grupo III

1. Um analista preparou uma solução padrão de EDTA dissolvendo


4,0946 g do sal e elevando o volume da solução a exatamente 100,00
mL. Para titular uma alíquota de 10,00 mL de uma amostra contendo
cálcio gastou-se 60,00 mL da solução padrão. Tendo ele usado uma

143
bureta de 25,00 mL e sabendo que o volume gasto na titulação acima
contraria as normas volumétricas, pede-se:
a) Calcular qual o volume da amostra (mL) que deve ser diluído para
100,00 mL a fim de que 10,00 mL desta nova solução consuma
apenas 20,00 mL da solução de EDTA.
b) Calcular a percentagem de cálcio na amostra, sabendo-se que
foram pesados 2,0000 g da amostra para 25,00 mL de solução.

2. Considere a titulação de 25mL de uma solução de CaCl2 10-2M com


uma solução de EDTA em pH=10. Calcule o pCa quando :
a) VEDTA=0,0mL
b) VEDTA=10,0mL
c) VEDTA=20,0mL
d) VEDTA=25,0mL
e) VEDTA=50,0mL

3. Calcule o valor de para uma solução de EDTA em pH=9, 10 e 11.

144
Volumetria redox

1. O processo de branqueamento de celulose pode ser feito com


tratamentos a base de peróxido de hidrogênio. Uma amostra desse
reagente foi submetida à análise para verificação de sua
concentração. 50,00 mL do produto foram diluídos para 1000,0 mL
com água destilada. Posteriormente, 25,00 mL dessa solução foram
também diluídos, com água destilada, para 250,00 mL. Alíquotas de
25,00 mL da solução diluída final foram tituladas com solução de
KMnO4 0,02034 mol L-1, tendo sido consumidos 21,20 mL; 23,00
mL; e 22,95 mL. Com base neste procedimento, determine:

a) /Quantos elétrons estão envolvidos na reação?


b) Qual a concentração em volumes de peróxido de hidrogênio,
sabendo-se que uma solução 20 volumes apresenta um teor de
6,0% (60 g L-1) de H2O2 (Dado: H2O2 34g/mol).

Dado:

2. Calcule a porcentagem em massa de ferro presente numa amostra de


óxido de ferro II (FeO). Sabendo que titulação de uma amostra
amostras contendo 0,3046g devidamente dissolvida, consumiu
32,10 mL de solução 2,00x10-2 mol/L de K2Cr2O7.
(Dado: Fe = 55,8g/mol)

3. O acido oxálico (H2C2O4) é um acido diprótico. Sabendo-se que


20,00 mL de uma solução de ácido oxálico pode ser titulado com
15,00 mL de uma solução de NaOH 0,400 mol L-1, e que os mesmos

145
20,00 mL do H2C2O4 necessitam de 32,00 mL de uma solução de
KMnO4, qual é a concentração desta solução de permanganato de
potássio , em mol L-1?
Dado:

4. Uma amostra de 1,2000 g de uma pomada cicatrizante contendo


zinco calcinada para decompor toda a matéria orgânica e a cinza
remanescente de ZnO foi dissolvida em ácido. Á solução preparada
foi adicionada uma solução de oxalato de amônio [(NH4)2C2O4] e o
precipitado de ZnC2O4 formado foi filtrado, lavado e dissolvido em
ácido diluído. O ácido oxálico liberado foi titulado com 32,95 mL de
KMnO4 0,2040 mol L-1. Calcular a porcentagem de Zn na pomada
analisada.

Dado:

5. Um técnico preparou uma solução de KMnO4 e a padronizou com


0,1550 g de Na2C2O4 (134 g/mol). Na padronização foram gastos
26,5 mL do titulante. Em seguida, o técnico dissolveu 0,179 g de um
medicamente para anemia, contendo Fe(II) e o titulou com uma
solução padronizada, gastando 17,82 mL. Calcule a % de Fe no
medicamento.
Dado:

6. Para determinação da massa de ferro metálico num minério, amostras


de 0,450 g e 0,430 g foram dissolvidas e tituladas com solução

146
0,0100 mol L-1 de K2Cr2O7 consumindo respectivamente 26,20 mL e
25,80 mL. Qual a porcentagem média de ferro na amostra?
Dado:

7. Uma pequena unidade industrial farmacêutica foi contaminada por


ferro em sua forma reduzida (Fe2+) por parte da empresa local de
tratamento de água. Três alíquotas de 100mL foram coletadas e
levadas ao laboratório de controle de qualidade, no qual foram
analisadas por volumetria de óxido-redução, tendo como agente
titulante o permanganato de potássio. Em cada titulação foram gastos
os seguintes volumes: 12,30 mL, 12,50 mL e 12,60 mL de solução
0,0230 mol L-1 de KMnO4. Com base nos dados acima, calcule a
concentração média de Fe2+ em mol L-1 e g L-1.

8. Considere a titulação de 25mL de uma solução de FeSO4 10-2M com


uma solução de KMnO4 0,005mol/L em pH=0. Calcule o potencial
quando:
a) VKMnO4=0,1mL
b) VKMnO4=10,0mL
c) VKMnO4=20,0mL
d) VKMnO4=25,0mL
e) VKMnO4=50,0mL

9. Considere a titulação de 25mL de uma solução de FeSO4 10-2M com


uma solução de KMnO4 0,005mol/L em pH=0. Calcule o potencial
no ponto final da titulação.

147
10.Considere a titulação de 25mL de uma solução de FeSO4 10-2M com
uma solução de K2Cr2O7 0,002mol/L em pH=0. Calcule o potencial
quando:

a) VK2Cr2O7=0,1mL
b) VK2Cr2O7=10,0mL
c) VK2Cr2O7=20,0mL
d) VK2Cr2O7=25,0mL
e) VK2Cr2O7=50,0mL
f) VK2Cr2O7=200,0mL

11. Uma amostra de 100mL de água foi titulada com Ce+4 0,015M
gastando-se 9,558mL. Qual a concentração de ferro na água
analisada em mg/L (Fe 55,8g/mol).

12.Uma amostra de 100mL de água foi titulada com KMnO4 0,010M


gastando-se 1,35mL. Qual a concentração de ferro na água analisada
em mg/L (Fe 55,8g/mol).

13.Uma amostra de 0,008718g de minério de ferro foi dissolvida em


100mL de ácido clorídrico concentrado. A solução de dissolução foi
titulada com K2Cr2O7 0,010M gastando-se 2,5mL. Qual a
porcentagem de ferro na amostra analisada. (Fe 55,8g/mol).

148
14.Uma amostra de 0,008718g de minério de ferro foi dissolvida em
100mL de ácido clorídrico concentrado. A solução de dissolução foi
titulada com Ce+4 0,010M gastando-se 12,5mL. Qual a porcentagem
de ferro na amostra analisada. (Fe 55,8g/mol).

15.Uma amostra de 0,008718g de minério de ferro foi dissolvida em


100mL de ácido clorídrico concentrado. A solução de dissolução foi
titulada com permanganato de potássio (KMnO4) 0,010M gastando-
se 2,083mL. Qual a porcentagem de ferro na amostra analisada. (Fe
55,8g/mol).

16. No processo de formação da ferrugem, pode ser resumido pela


reação abaixo:

A partir da reação de formação da ferrugem diga:

a) Qual o potencial da reação.


b) Se ao invés do Ferro fosse utilizado cobre, calcule o potencial da
reação (baseado na tabela 1 da pagina 98).
c) Quantos gramas de hidróxido de ferro são produzidos a partir de 10g
de ferro e 10g de gás oxigênio.
d) E possível ocorrer ferrugem sem gás oxigênio ou sem água?
Explique.
e) É possível ocorrer a oxidação do Ferro sem água ou gás oxigênio?
f) Considerando o consumo completo de ferro e a formação de 1g de
hidróxido de ferro, diga qual a concentração de ferro em solução
Dado : kpsFe(OH)2 = 4,87x10-17

149
17. Suponha que o ferro metálico, cobre metálico e o lítio sejam
conectados e inseridos em uma solução de HCl. Baseado na tabela 1
da pagina 98, indique qual o metal ira sofrer oxidação primeiro e
calcule o seu potencial da reação.

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