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PESQUISA TÉCNICA ARCURI ET AL

Mini-Jig estético-funcional: Resumo mas analisar como essas mudanças


podem contribuir para alterar a com-

a chave para o planejamento A reabilitação de um sorriso compro-


metido esteticamente é sempre um de-
posição facial e melhorar a harmonia
da face, o presente artigo tem como
safio clínico, especialmente quando os objetivo apresentar um relato de caso
da reabilitação oral dentes anteriores se apresentam com clínico do planejamento reabilitador,
características de forma e dimensão baseando-se nas referências forneci-
inapropriadas, restaurações antigas e/ das pelo mini-Jig estético-funcional,
Toni Arcuri, Me, Esp, CD
ou deficientes e alteração de cor. Na e evidenciando a previsibilidade do
Mestre em Dentística Restauradora e Especialista em Prótese Dentária.
prática odontológica, esta abordagem tratamento. Este dispositivo mostrou
Byron Daia Barreto Júnior, Esp, CD significa estabelecer uma estreita cor- ser uma ferramenta imprescindível
Especialista em Implantodontia e Especialista em Dentística Restauradora
relação entre os componentes facial, no planejamento estético reabilitador
dental, gengival e físico do sistema por ser um referencial estético para a
Iury Machado Ribeiro, Me, Esp, CD orofacial. A utilização de um novo con- futura reabilitação protética e assumir
Mestre em Prótese Dentária e Especialista em Periodontia ceito de dispositivo interoclusal, o mi- grande importância no planejamento
ni-Jig estético-funcional, possibilita ao e na comunicação entre as diferentes
Marcos Celestrino, TPD
clinico a visualização das dimensões especialidades odontológicas, como
Técnico de Prótese Dentária
ideais do incisivo central a ser reabi- também entre o cirurgião-dentista e
João Paulo Lyra e Silva, Dr, Me, Esp, CD litado, provendo dados relevantes à o técnico de prótese dentária, sendo
Doutor em Materiais Dentários e Mestre em Odontologia continuidade do processo reabilitador. um meio auxiliar para o enceramento
Tendo em vista o grande desafio pa- de diagnóstico.
ra o cirurgião-dentista de não ape- (Int J Esthet Dent - edição em português
nas modificar os dentes do paciente, 2016;1:???-???). Doi: ??.?????/ijed???.

Correspondência para: Toni Arcuri, Me, Esp, CD


Endereço: Condomínio Ville de Montagne, Quadra 15 - Casa 02 Bairro: Lago Sul Brasília/DF CEP: 71.680-357

Telefones: 55 61 3048-2020 / 55 61 99968-0206 E-mail: toniarcuri.odonto@yahoo.com.br

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Introdução continuidade do processo reabilitador.18


Pelo fato de ser um referencial estético
Um planejamento reabilitador estético- para a futura reabilitação protética, seu
-funcional envolve a integração de diver- emprego vai muito além do auxilio no res-
sas especialidades da Odontologia. A tabelecimento da DVO e assume impor-
evolução do conhecimento e diagnós- tância primordial no planejamento e na
tico, bem como o desenvolvimento das comunicação entre as diferentes espe-
técnicas e materiais restauradores, gera cialidades odontológicas, como também
novas perspectivas que devem ser sem- entre o cirurgião-dentista e o técnico de
pre atualizadas e confrontadas. Dentro prótese dentária, sendo essencial para o
desta expectativa, é fundamental um enceramento diagnóstico.5,8
planejamento adequado e o conheci- Tendo em vista o grande desafio para
mento de novas técnicas por parte dos o cirurgião-dentista de não apenas mo-
cirurgiões-dentistas.6 dificar os dentes do paciente, mas tam-
Para que a reabilitação oral tenha um bém analisar como essas mudanças
prognóstico favorável, é necessário, podem contribuir para alterar a compo-
dentro deste planejamento prévio, a inte- sição facial e melhorar a harmonia da fa-
gração entre cirurgião-dentista e técnico ce, o presente artigo tem como objetivo
de laboratório. A obtenção do resultado apresentar um relato de caso clínico do
desejado ao final do tratamento necessi- planejamento reabilitador, baseando-se b
ta de um adequado planejamento inicial, nas referências fornecidas pelo mini-
bem como conhecimentos da anatomia -Jig estético e funcional, evidenciando
dentária, dos conceitos e dos determi- a previsibilidade do tratamento.
nantes de oclusão que desempenham
papel fundamental na reabilitação oral,
auxiliando o cirurgião-dentista a promo- Relato de caso clínico
ver saúde para seus pacientes.1
Entre as ferramentas disponíveis para Paciente K. G. S. C., 21 anos, gênero
o estudo de um caso clínico e um correto feminino, compareceu à clinica do Cur-
planejamento, está o JIG de Lucia, dis- so de Aperfeiçoamento em Odontologia
positivo consolidado na literatura como Estética da Universidade Paulista (UNIP)
auxiliar no restabelecimento da dimensão – Campus Brasília, e relatou insatisfação
vertical de oclusão (DVO).24,27 No entan- com o sorriso em função da aparência
to, a impossibilidade de se aplicarem as infantil do mesmo e de dentes curtos
referências estéticas para a determinação (Fig 1). Ainda apresentou o anseio pe-
da quantidade de aumento da dimensão la obtenção de dentes com aparência
vertical de oclusão limita sua aplicação.17 mais harmônica com seu perfil facial.
Nesse sentido, a utilização de um novo No exame clínico, analisou-se a fa-
conceito de dispositivo interoclusal, o mi- ce, o sorriso, o contorno gengival e as
ni-Jig estético-funcional, possibilita ao clí- características dentais da paciente. Em
nico a visualização das dimensões ideais seguida, foram realizados os exames a c

do incisivo central a ser reabilitado, pro- radiográficos complementares e proto- Fig 1 (a até c) Paciente apresentando descontentamento com o aspecto do sorriso em virtude da apa-
vendo medidas anatômicas relevantes à colo fotográfico inicial (Fig 2). rência infantil do mesmo e dos dentes curtos.

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f g
a b
Fig 2 (f e g) Protocolo fotográfico inicial: máxima intercuspidação habitual e close-up anterior para ava-
Fig 2 (a e b) Protocolo fotográfico inicial: selamento labial e exposição incisal. liação de formato, disposição dentária na arcada e caracterizações anatômicas.

h i

Fig 2 (h e i) Protocolo fotográfico inicial: close-up anterior de meio perfil esquerdo e direito.

Fig 2c Protocolo fotográfico inicial: sorriso máximo e avaliação da exposição gengival.

d e j

Fig 2 (d e e) Protocolo fotográfico inicial: meio perfil direito e esquerdo. Fig 2j Protocolo fotográfico inicial: verificação das proporções dentárias com o auxílio da sonda Chu
(Hu-Friedy).

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Ante a queixa da paciente, coleta O mini-Jig estético-funcional foi


de dados na anamnese e análise dos devidamente polido e posicionado
exames realizados (clínico, radiográ- na boca da paciente para conferir
fico e fotográfico), determinou-se um estas medidas. Além disso, outros
diagnóstico e elaborou-se um plano aspectos também foram avaliados:
de tratamento; propôs-se, assim, um (1) quantidade de trespasse dental,
planejamento clínico a ser executado sendo que esse não deve ser menor
com intervenção cirúrgica periodon- que 2 mm, garantindo uma oclusão
tal para aumento de coroa clínica dos mutuamente protegida; (2) exposição
elementos 13 ao 23 e reabilitação es- dental com os lábios em repouso; (3)
tética do sorriso por meio de lamina- a posição da borda incisal tocando
dos cerâmicos. a
a linha seca-úmida do lábio inferior;
Inicialmente, a paciente foi moldada (4) linha da borda incisal do mini-Jig
com silicone de adição (Virtual, Ivoclar estético-funcional paralela à linha in-
Vivadent AG, Liechtenstein) para con- terna do lábio inferior e (5) necessi-
fecção dos modelos de estudo (Fig 3). dade de intervenção cirúrgica para
Em seguida, com um paquímetro digi- aumento de coroa clínica (Fig 6).
tal, mensurou-se a distância entre as A partir do mini-Jig estético-funcional
pupilas da paciente enquanto ela olha- posicionado no modelo de estudo, exe-
va fixamente para um ponto luminoso cutou-se o enceramento de diagnósti-
à distância (Fig 4). A distância interpu- co, baseando-se protocolarmente nas
pilar mensurada foi então dividida pe- mensurações obtidas. Após o encera-
lo índice 7,2 para obtenção da largura mento e consequente recontorno ana-
ideal do incisivo central superior, de tômico dos dentes no modelo de gesso,
acordo com Cesário e Latta.2 A medida foi confeccionada uma guia de silico-
b
ideal da largura (8,46 mm) foi multipli- ne com o material denso de um silico-
cada pelo índice 1,33 e determinou-se Fig 3 (a e b) Moldagem inicial para confecção Fig 5 Confecção do mini-Jig estético-funcional so- ne de adição (Virtual, Ivoclar Vivadent
de modelos de estudo e posterior enceramento de bre um dos incisivos centrais.
o comprimento ideal de 11,42 mm. AG, Liechtenstein) e posteriormente
diagnóstico.
Estas medidas serviram de orien- refinada com a pasta fluida do mesmo
tação para a confecção do mini-Jig silicone de adição, obtendo-se assim
estético-funcional em resina acrílica uma guia que foi utilizada para a rea-
ativada quimicamente, cor 62 Dencor lização do ensaio restaurador intrabu-
(Dencor Produtos Médico Hospitala- cal ou mock-up. A guia de silicone foi
res, Rio Branco, Brasil), diretamente preenchida com uma resina bisacrí-
sobre um dos incisivos centrais su- lica (Systemp C&B, Ivoclar Vivadent
periores (Fig 5). O mini-JIG estético- AG, Liechtenstein) e levada à boca
-funcional caracteriza-se por uma fa- até sua completa polimerização (4,5
ceta vestibular de resina acrílica com minutos). A Fig 7 mostra o resultado
as dimensões ideais que o incisivo do mock-up que foi submetido para
central da paciente terá ao final da aprovação do novo arranjo estético
reabilitação. 17,18 do sorriso pela paciente.
Fig 4 Aferição da distância interpupilar com o Fig 6 Mini-Jig estético-funcional posicionado e ava-
auxílio de paquímetro digital. liação da necessidade de aumento de coroa clínica.

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Após a aprovação da paciente, o espaço biológico.26 Após a osteoto-


constatou-se a necessidade de cirur- mia, o mini-Jig estético-funcional foi re-
gia de aumento de coroa clínica. Foi posicionado e uma nova sondagem foi
realizada a sondagem óssea, avalian- realizada para conferir a distância en-
do-se a distância da margem da futura tre a margem da futura restauração e a
restauração protética (margem cervi- crista óssea alveolar, que deve ser de 2
cal do mini-Jig estético-funcional) em a 3 mm. A finalização do procedimento
relação à crista óssea alveolar. Pela foi realizada por meio de uma irrigação
pouca quantidade de tecido ósseo a com solução fisiológica e compressão
ser removida para o restabelecimento com gaze umedecida. Não há necessi-
das distâncias biológicas periodontais, dade de suturas ou recobrimento.
em torno de 2 a 3 mm, em relação às Passados 45 dias de execução da ci-
futuras margens das restaurações pro- rurgia periodontal e acompanhamen-
téticas, optou-se por uma técnica me- to pós-operatório rigoroso, iniciou-se
nos invasiva, sem o rebatimento de re- a confecção dos preparos protéticos
talho (flapless) (Fig 8). A osteotomia foi minimamente invasivos para lamina-
conduzida via sulco gengival utilizando dos cerâmicos, preconizados por Ga-
micro-cinzéis e pontas piezoelétricas lip Gürel.5 Nesta técnica, o desgaste
DentSurg (CVDentus, São José dos é realizado sobre o mock-up, tendo
b Campos, São Paulo, Brasil) para aca- como referencial a futura restauração
bamento e regularização da margem protética e com o auxílio das guias de
óssea até o restabelecimento de um desgaste (vestibular, palatina e sagi-
espaço suficiente para acomodar as tal). Na Fig 9, observam-se os prepa-
estruturas periodontais que compõem ros protéticos já finalizados.

a c

Fig 7 (a até c) Ensaio restaurador diagnóstico mock-up para aprovação do novo arranjo estético Fig 8 Cirurgia de aumento de coroa clínica guiada Fig 9 Preparos dentários finalizados.
da paciente. pelo mock-up.

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Na mesma sessão, foi realizada a As superfícies internas das restaura- cerâmicas24 (Condac 37, FGM Produ-
moldagem utilizando como material ções foram condicionadas com ácido tos Odontológicos, Brasil) (Fig 14). Em
um silicone de adição (Virtual, Ivo- fluorídrico a 5% (Condac Porcelana, seguida, as peças foram lavadas, se-
clar Vivadent AG, Liechtenstein) após FGM Produtos Odontológicos, Brasil) cas e aplicou-se uma camada de sila-
o afastamento de tecido gengival por 20 segundos (Fig 13). Após o tem- no (Monobond-S, Ivoclar Vivadent AG,
com fio retrator (Ultrapack, Ultradent, po de tratamento recomendado, o áci- Leichtenstein) por um minuto (Fig 15).
EUA). Devido ao mínimo desgaste, do foi lavado e a peça recebeu abun- O procedimento seguinte foi a apli-
não foi necessária a provisionalização dante jato de ar/água. Para a completa cação do bond de um agente adesi-
da paciente. remoção dos debris cerâmicos, pro- vo autocondicionante de dois passos
Para facilitar a comunicação com o venientes da decomposição superfi- (Clear Fill SE Bond, Kuraray, Osaka, Ja-
ceramista, além das moldagens, en- cial do dissilicato, que interferem no pão) na superfície interna de cada pe-
viou-se ao laboratório o modelo de en- processo adesivo, foi aplicado ácido ça, seguido de um leve jato de ar (Fig
Fig 10 Registro da cor do substrato dental para
ceramento, a guia de silicone usada comunicação laboratorial. fosfórico a 37% por um minuto nas 16). O tratamento do substrato dental
durante o mock-up, e fotos extra e in- superfícies internas das restaurações foi feito com ácido fosfórico a 37% por
traorais da paciente, além do registro
fotográfico da cor do substrato dental,
da forma e dos aspectos de texturiza-
ção desejados (Fig 10).
As facetas foram confeccionadas
pelo laboratório de prótese dentária
utilizando-se o sistema de cerâmica
vítrea à base de dissilicato de lítio
IPS Emax (Ivoclar Vivadent AG, Lie-
chtenstein) por meio da técnica de
injeção. Em seguida, foi realizada a
pintura ou maquiagem para a obten-
ção de suas características de cor e Fig 11 Facetas fresadas em cera pelo sistema
CAD/CAM e prontas para injeção (Laboratório
estética final (Fig 11). Fig 13 Condicionamento do dissilicato de lítio com Fig 14 Aplicação de ácido fosfórico a 37% para a
Aliança / São Paulo).
ácido fluorídrico a 5%. remoção dos debris cerâmicos.
Após as etapas laboratoriais, as fa-
cetas foram provadas na boca, posi-
cionando-as, verificando-se a adap-
tação das mesmas e procedendo-se
ao ajuste dos contatos proximais. Em
seguida, com o auxílio de pasta de
prova à base de glicerina (Variolink
Venner Try-In, Ivoclar Vivadent AG,
Liechtenstein), procedeu-se à verifi-
cação e ao ajuste das características
estéticas de cor relacionadas ao va-
lor das peças protéticas (Fig 12). Na
sequência, após a aprovação da pa-
Fig 12 Prova das facetas laminadas com cimento de
ciente, foi realizada a cimentação dos prova à base de glicerina (Varionlink Veneer Try-In): 11 Fig 15 Silanização das peças protéticas. Fig 16 Aplicação do agente adesivo, sem fotopo-
elementos cerâmicos. ao 13, menor valor (-3), e 21 ao 23, maior valor (+3). limerização.

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30 segundos (Condac 37, FGM Pro- a hidroxiapatita, resultando em maio-


dutos Odontológicos, Brasil) e com a res valores de resistência adesiva ao
subsequente lavagem do mesmo com esmalte dental.
abundante jato de água pelo mesmo Para a cimentação, utilizou-se um
tempo. Aplicou-se também na estrutu- cimento resinoso exclusivamente fo-
ra dental o bond de um agente adesi- topolimerizável (Variolink Veneer, Ivo-
vo autocondicionante de dois passos clar Vivadent AG, Leichtenstein), de
(Clear Fill SE Bond, Kuraray, Osaka, cor previamente selecionada na prova
Japão), sem fotopolimerização. A es- com o try-in. As Figs 17 e 18 mostram
colha deu-se pelo fato do monômero as facetas já cimentadas. As Figs 19,
funcional empregado na composição 20, 21 e 22 revelam que a inter-rela-
do sistema adesivo ser o 10-metacriloi- ção Periodontia / Dentística superou as
loxidecil dihidrogenofosfato (10-MDP), expectativas da paciente, devolvendo
que apresenta características superio- harmonia, jovialidade e naturalidade
res ao promover ligações estáveis com para a face e o sorriso.

Fig 21 Novo arranjo estético do sorriso.

Fig 17 Aspectos após a cimentação adesiva dos Fig 18 Fluorescência semelhante entre os dentes
laminados cerâmicos. naturais e as facetas laminadas após a cimentação.

a b c

Fig 19 Observe a forma, textura, cor e harmonia Fig 20 Naturalidade do tratamento reabilitador. Fig 22 (a até c) Integração do tratamento reabilitador com a harmonia facial da paciente.
dos dentes.

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Harmonizando o sorriso gra de ouro neste contexto específico, de permitir ao clínico executar cirur- Outros parâmetros biométricos, co-

com a face sendo aplicável em somente 17% da gias periodontais e procedimentos mo a largura intercomissura labial e a
população. Um estreitamento exces- restauradores estéticos com suces- distância intercantal (distância entre os
Dentre vários fatores, o resultado es- sivo do arco superior e a compressão so e previsibilidade. Enquanto alte- cantos mediais dos olhos), foram des-
tético é a principal preocupação que dos segmentos laterais podem ser ob- rações no comprimento da coroa clí- critos por Gomes et al.7 como métodos
o paciente possui em um tratamento servados em situações de aplicação nica dental podem ocorrer como uma válidos para a determinação da largura
odontológico. Entretanto, um diagnós- irrestrita da regra de ouro.19 consequência do processo de enve- do incisivo central superior.
tico cuidadoso deve ser a base do trata- As medidas de proporções largura/ lhecimento, a largura dental geral- Entretanto, Strajnic, Vuletic e Vuci-
mento garantindo assim que o aspecto comprimento de coroas clínicas nor- mente permanece constante. 12 Chu nic 22 relataram não acreditar na apli-
funcional, associado aos parâmetros mais parecem representar a referência preconiza ainda que a restauração cação confiável de guias como dis-
estéticos, seja primordial para o cirur- mais estável; uma proporção homogê- do comprimento dental, sob padrões tância intercantal e largura interalar,
gião-dentista. Para isso o profissional nea (81%) foi encontrada por Sterrett estéticos ideais, seja calculada pe- o mesmo demonstrado por Hatjó, 9
necessita de ferramentas para facilitar et al.,21 em 1999, para os grupos dos la seguinte equação matemática: C que afirmou a necessidade de cor-
a comunicação com o paciente e os 3 dentes anterossuperiores. Tais medi- (comprimento) = L (largura) / pro- relacionar a largura dos dentes ante-
demais profissionais da equipe.6 das foram realizadas em coroas clíni- porção dentária%, onde a proporção rossuperiores com as características
Ao longo dos anos, parâmetros cas de indivíduos normais, através de dental sofre uma variação entre 72 a de etnia e sexo.
foram idealizados para harmonizar modelos de gesso derivados de mol- 81%. A sonda de medição estética Cesario e Latta2 relataram que a
os dentes com a face. As dimensões des com hidrocolóide irreversível, on- preconizada por Chu 3 apresenta uma distância interpupilar poderia ser usa-
relativas dos dentes parecem estar de dentes com desgaste incisal e pré- proporção comprimento / largura de da de forma confiável na seleção da
entre os critérios dentários mais obje- -molares foram excluídos. No entanto, 78%, baseada em achados de traba- largura de dentes anterossuperiores.
tivos dentro da lista de verificação es- somente os dados de pacientes cau- lhos realizados em pacientes cauca- Em seu estudo, cem membros volun-
tética porque eles podem ser fácil e casianos foram analisados. Em 2013, sianos. 12 Segundo Marcushamer et tários do exército americano foram
fisicamente controlados.1 A definição um estudo semelhante foi realizado na al., 14 as dimensões predeterminadas aferidos em relação ao incisivo central
de dimensões dentais ideais, no en- Universidade de Genebra, Suíça, usan- usadas por Chu 4 não são aplicáveis superior e à distância interpupilar. Os
tanto, continua a ser uma tarefa difícil do imagens digitais dos dentes supe- para os diferentes grupos étnicos ou indivíduos foram igualmente dividi-
devido às variações individuais e ao riores extraídos de indivíduos brancos. respectivos grupos de dente. Levan- dos em quatro categorias, de acordo
desgaste dentário nas regiões proxi- Os autores diferenciaram dentes hígi- do-se em consideração que os da- com a raça e sexo: homens brancos,
mal/incisal.12 Para fornecer “números dos de dentes que sofreram desgastes dos apresentados em estudos pre- mulheres brancas, homens negros e
mágicos” para o clínico, teoremas e concluíram que a proporção de com- viamente publicados analisando a mulheres negras. Em três dos quatro
matemáticos, como a “proporção áu- primento / largura da coroa anatômi- proporção comprimento / largura do grupos estudados, as proporções en-
rea”10,11 e a “percentagem de ouro”,20 ca variou entre 78%, para os incisivos dente foram gerados principalmente tre a distância interpupilar e a largura
têm sido propostos tendo em conta centrais que não sofreram desgaste, na avaliação de populações cauca- mésio-distal do incisivo central supe-
os elementos clássicos da arte e da e 87%, para os incisivos que sofreram sianas, extrapolar os dados para ou- rior foi estatisticamente similar. A taxa
arquitetura. Estas regras foram aplica- desgaste.22 Os incisivos laterais apre- tros grupos étnicos pode ser difícil de proporção de 6,6 foi encontrada
das no tamanho aparente dos dentes, sentaram uma variação de 73%, para sem a devida análise das caracterís- em 95% de 3 dos 4 grupos estudados.
em uma vista frontal. Lombardi, 12 o os que não sofreram desgaste, e 79% ticas anatômicas específicas dessas Em mulheres negras, a taxa de pro-
primeiro a mencionar números doura- para os desgastados. Já os caninos populações. 14 porção foi de 7,2. Entretanto, a simi-
dos para dentes anteriores, afirmou apresentaram uma variação de 73% e De acordo com Hasanreisoglu et al.,8 laridade entre as taxas de proporção
que a aplicação estrita da proporção 81% entre hígidos e desgastados, res- a largura dos incisivos centrais, incisi- e a diferença em relação às medidas
áurea provou ser demasiado rígida pectivamente.13 vos laterais e caninos superiores está quando classificadas por sexo e raça
para a aplicação na Odontologia. Me- Chu, 3 em 2007, introduziu inovado- diretamente relacionada à distância in- não são, por si só, contraditórias. As
dições realizadas por Preston confir- ras sondas de aferição de proporção terpupilar e com a combinação das dis- medições mostraram relações con-
maram a natureza não realista da re- comprimento / largura com o objetivo tâncias interpupilar e interalar. sistentes para as diferenças sexuais

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e raciais. Homens negros e mulheres to da dimensão vertical de oclusão, Referências


negras tiveram medições maiores do de modo que os aspectos funcionais
que os brancos, enquanto que as me- e estéticos possam ser avaliados con- 1.Bolton WA. The clinical 11. Levin EI. Dental esthetics 18. Pacheco, Altamiro Flávio;
dições para os homens eram geral- comitantemente. application of tooth-size and the golden propor- Santos, Cardoso, Paula de
analysis. Am J Orthodont tion. J Prosthet Dent 1978 Carvalho; Bethânia M M;
mente maiores do que aquelas para
1962;48:504-529. sep;40(3):244-52. Ferreira, Maria Geovânia;
as mulheres. O autor conclui que a 2. Cesario VA Jr, Latta GH Jr. 12. Lombardi RE. The princi- Monteiro, Lúcio J E; Decúrcio,
distância interpupilar é um referencial Conclusão Relationship between the
mesiodistal width of the
ples of visual perception Rafael de Almeida Estratégia
para Restabelecimento de
and their clinical appli-
confiável na determinação da distân- maxillary central incisor Dimensão Vertical de Oclusão
cation to denture estheti-
cia mésio-distal do incisivo central su- O mini-Jig estético-funcional mostra and interpupillary distan- cs. J Prosthet Dent 1973 com Mini-Jig Estético - Relato
ce. J Prosthet Dent 1984 de Caso Clínico. Rev Odontol.
perior. A obtenção da largura deste ser uma ferramenta importante no pla- apr;29(4):358-82.
nov;52(5):641-3. Bras Central 2012; 21(56).
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elemento dental dá-se pela divisão da nejamento estético reabilitador em ra- 3. Chu SJ. A biometric approach 19. Preston JD. The golden
Belser UC. Anatomic
distância interpupilar por fatores fixos, zão de ser um referencial estético pa- to predictable treatment of proportion revisited. J Esthet
crown width/length ratios of
clinical crown discrepancies. Dent 1993;5(6):247-51.
que variam de 6,6 a 7,2, definindo a ra a futura reabilitação protética; seu Pract Proced Aesthet Dent 2007
unworn and worn maxillary
20. Snow SR. Esthetic smile
teeth in white subjects.
largura ideal máxima e mínima, res- emprego vai muito além do auxílio no aug;19(7):401–9;quiz 410. analysis of maxillary ante-
J Prosthet Dent 2003
4. Chu SJ. Range and mean rior tooth width: the golden
pectivamente.2 restabelecimento da DVO e assume may;89(5):453-61.
distribution frequency of percentage. J Esthet Dent
Pacheco et al.18 propuseram o uso grande importância no planejamento individual tooth width of the 14. Marcuschamer E, Tsukiya-
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cionado em resina acrílica ou resina especialidades odontológicas, como tomical crown width/length
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composta, com a forma de um incisi- também entre o cirurgião-dentista e 5. Gürel G. Porcelain laminate ratios of worn and unworn normal clinical crowns of the
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THE INTERNATIONAL JOURNAL OF ESTHETIC DENTISTRY THE INTERNATIONAL JOURNAL OF ESTHETIC DENTISTRY
EDIÇÃO EM PORTUGUÊS • VOLUME 1 • NÚMERO 4 • 2016 EDIÇÃO EM PORTUGUÊS • VOLUME 1 • NÚMERO 4 • 2016

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