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Embriaguez Como Questã o Penal - Marcella Cristina Da Silva
Embriaguez Como Questã o Penal - Marcella Cristina Da Silva
CURSO DE DIREITO
SÃO PAULO
2023
MARCELLA CRISTINA DA SILVA
SÃO PAULO
2023
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Artigo Científico apresentado como requisito necessário para obtenção do título
de Bacharel em Direito. Qualquer citação atenderá as normas da ética cientifica.
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MARCELLA CRISTINA DA SILVA
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ORIENTADOR: PROFESSOR IVAN CARLOS DE ARAUJO
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PROFESSOR ²
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PROFESSOR ³
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BANCA EXAMINADORA
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Ante tudo, gostaria de agradecer a Deus, por mais essa
conquista acadêmica, agradecer a minha mãe Tania em
especial, minha parceira, meu alicerce, a qual me
proporcionou tudo até hoje, que sem ela junto com a minha
família nada seria possível. Esse trabalho é totalmente
dedicado a você!
Aos professores, que me orientaram e me ensinaram tudo
que eu sei no âmbito do direito até hoje, em especial ao
meu orientador.
Aos demais colegas de faculdade agradeço pelos cinco
anos juntos, e pelos grandes momentos cheios de
emoções em que vivemos.
Enfim, a todos aqui citados ou não, que direta ou
indiretamente contribuíram para que eu esteja onde eu
estou atualmente, concluindo essa graduação.
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EMBRIAGUEZ COMO QUESTÃO PENAL
RESUMO
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 7
1. EMBRIAGUEZ E SUA CRIMINALIDADE .............................................. 8
2. IMPUTABILIDADE PENAL NA EMBRIAGUEZ ................................... 10
3. ACTIO LIBERA IN CAUSA ................................................................... 12
4. O DIREITO COMPARADO ................................................................... 13
5. QUESTÃO PENAL OBJETIVA ............................................................ 14
6. ESPÉCIES DE DOLO .......................................................................... 21
6.1 DOLO NATURAL ...................................................................... 21
6.2 DOLO NORMATIVO ................................................................ 21
6.3 DOLO DIRETO ......................................................................... 22
6.4 DOLO INDIRETO ....................................................................... 22
6.5 DOLO DE DANO E DOLO DE PERIGO ................................... 25
6.6 DOLO GENÉRICO E DOLO ESPECÍFICO ............................... 25
7. DA CULPA ........................................................................................... 25
7.1 IMPRUDÊNCIA ........................................................................ 26
7.2 NEGLIGÊNCIA ......................................................................... 26
7.3 IMPERÍCIA ............................................................................... 26
8. ESPÉCIES DE CULPA ......................................................................... 28
8.1 CULPA INCONCIENTE ............................................................ 28
8.2 CULPA CONSCIENTE ............................................................. 29
8.3 CULPA IMPRÓPRIA ................................................................ 29
8.4 CULPA PRESUMIDA ................................................................ 30
8.5 CULPA INDIRETA ..................................................................... 30
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... 33
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INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objeto o estudo dos crimes aplicados sob a influência de
álcool ou substância análogas, sendo necessário um estudo mais aprofundado
sobre as questões de responsabilidade penal desses embriagados, visto que se
encontram em estado alterado parcial ou total de consciência.
No entanto, no código penal em alguns casos isenta o agente embriagado que
não conseguiu entender o ato no momento dos fatos ou determiná-lo
apropriadamente. No entanto, há casos em que o agente deve ser
responsabilizado pelo fato, o que também pode ser classificado como condição
agravante de sua pena.
Tendo em vista que o tema do trabalho apresentado é embriaguez como questão
penal, trazendo os seguintes caso em que o agente é considerado inimputável
ou não, onde entra sua responsabilidade a partir do código penal mediante a
embriaguez total ou parcial, junto com a forma de aplicação da teoria actio libera
in causa nesses crimes.
Desta forma, o objetivo deste trabalho é analisar o problema da
responsabilização dos agentes que se encontram em estado de “aparente”
responsabilização, utilizando estudos sobre a teoria da actio libera in causa e
sua respectiva aplicabilidade, como garantir justiça em crimes cometidos
embriagado.
O tipo de exploração utilizada é bibliográfica e se limita aos objetivos, questões
e hipóteses. A pesquisa bibliográfica é fundamental do ponto de vista do
processo técnico, pois proporciona um estudo teórico baseado em experiências,
estudos, leis, ensinamentos e artigos científicos já escritos.
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1. EMBRIAGUEZ E SUA CRIMINALIDADE
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embriaguez já é total, pois a autocensura, restrições morais, polidez, liberdade
de consciência e vontade não existem.
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brasileira o fez em três aspectos: a) no art. 28, inciso II, do Código Penal, que a
embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substâncias de efeitos
análogos, não exclui a imputabilidade; b) agravando a pena quando for crime
praticado em estado de embriaguez preordenada como disposto no art. 61,
inciso II, alínea “a”, do Código Penal; e c) tipificando uma conduta, como exemplo
disposto, art. 62, da Lei das Contravenções Penais.
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impossibilidade de consciência e vontade do sujeito que pratica o crime em
estado de embriaguez completa acidental”
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Dessa forma, as duas formas são equiparadas à doença mental,
aplicando-se o disposto no art. 26 do Código Penal.
Por outro lado, as situações abrangidas pela actio libera em causa, são
casos de conduta livremente desejada, mas que foram cometidas no estante em
que o sujeito se encontra em um estado de inimputabilidade, excluem a hipótese
de embriaguez involuntária, que, nas palavras de Soler: “é o que ocorre quando
se ingere uma substância cujo efeito foi ignorado, ou devido a uma situação
patológica desconhecida do sujeito ou à atividade maliciosa de um terceiro”
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A actio libera in causa, segundo Eugenio Raúl Zaffaroni e José Henrique
Pierangeli (2005, p.452), conceitua da seguinte maneira:
[...] pretende que aquele que comete um ato típico e antijurídico (um
injusto) em estado de embriaguez completa (inimputabilidade, ou seja,
incapacidade de culpabilidade [...]), deve ser responsabilizado pelo
injusto cometido, sempre que o estado de embriaguez tenha sido
atingido voluntariamente pelo autor, e não por erro ou acidente.
De acordo com esta doutrina, deve ser punido como autor de homicídio
ou lesão corporal quem ingere bebida alcoólica de modo a causar-lhe profunda
perturbação da atividade consciente, equiparável ao delírio e neste estado matar
ou ferir alguém, de forma que o estado de inimputabilidade não o beneficia, por
tê-lo querido.
4. O DIREITO COMPARADO
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total exclui a responsabilidade. No entanto, é em si uma injúria criminal se foi
causada intencionalmente ou culposamente.
Sendo assim:
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ao fato punível, não dever ser incluídos na teoria da actio libera in
causa” (BRUNO, 1967, p.51)
Portanto, como disposto no art. 18, inciso II, do Código Penal, não é o
que realmente ocorre na prática.
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“Para que haja responsabilidade penal no caso da actio libera in causa,
é necessário que no instante da imputabilidade o sujeito tenha querido
o resultado, ou assumido o risco de produzi-lo, ou o tenha previsto sem
aceitar o risco de causá-lo ou que, no mínimo, tenha sido previsível.
Na hipótese de imprevisibilidade, que estamos cuidados, não há falar-
se em responsabilidade penal ou em aplicação da actio libera in causa.
Assim, afirmando que não há exclusão da imputabilidade, o Código
admite responsabilidade penal objetiva.”
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Nesse sentido as conclusões do Aberto Silva Franco (2001, p.469), é:
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que mecanicamente: se a embriaguez não é acidental, pune-se o
agente. Se houve ou não previsibilidade do fato no estágio anterior à
embriaguez, não tem sido objeto de análise. É muito fácil: O Código diz
que a embriaguez voluntária ou culposa não isenta de pena, ponto
final. O moderno Direito Penal há muito está a exigir uma nova e
profunda reflexão sobre esse aspecto, que os nossos tribunais não têm
realizado. (BITENCOURT - CONDE, 2004)
18
Um exemplo contrário, e excluindo a hipótese de responsabilidade
parcial no mesmo caso, o autor responde por dolo ou negligência em sentido
estrito. Não é possível justificar esta solução com a teoria da actio libera in causa,
pois esta pressupõe dolo ou culpa em relação ao resultado em um momento em
que a pessoa tinha plena capacidade de entendimento ou autogoverno:
Ele vai em defesa do art. 28, inciso II, do Código Penal, Francisco de
Assis Toledo e diz:
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corretamente, pois a embriaguez, pelo álcool ou por drogas, segundo
revela a experiência cotidiana, dota o indivíduo de especial
periculosidade, pelo afrouxamento de suas faculdades de inibição ou,
em sentido oposto, pela paralisação das funções psíquicas essenciais
ao normal desempenho de certas atividades (exemplo: dirigir veículos,
conduzir armas etc.). Assim, sendo isso um fato do conhecimento
geral, experenciado por todos, não se deve realmente valorar em
benefício do agente a embriaguez voluntária ou culposa, visto como
quem se embriaga propositadamente, ou por imprudência, assume
riscos calculados e não pode deixar de prever eventuais
consequências desastrosas daquilo que faz nesse estado. Por outro
lado, quem se transforma em instrumento de si mesmo, para a
comissão de um crime planejado (embriaguez preordenada), age
evidentemente com dolo e culpavelmente, tal como aquele que
contrata e induz o cúmplice à prática do crime (TOLEDO, 1994, p. 323).
6. ESPÉCIES DE DOLO
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O dolo natural é concebido como elemento neutro e estritamente
psicológico, sem que lhe seja atribuído qualquer juízo de valor. Dessa forma, é
uma coisa simples desejar algo, independentemente de ser certo ou errado ou
mesmo ilegal ou não. Capez (2012, p. 222) afirma que:
Uma intenção direta é uma intenção na qual o agente tem uma intenção
de uma certa maneira. Focando nos resultados que pretende alcançar seu
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comportamento tem um intento específico. Pode ser ainda, de primeiro grau
quando, segundo Masson (2017, p. 309) “consiste na vontade do agente,
direcionada a determinado resultado, efetivamente perseguido, englobando os
meios necessários para tanto. Há intenção de atingir um único bem jurídico”.
O dolo eventual, por outro lado, é a forma em que o agente não quer o
resultado, mas quando faz, assume o risco de produzi-lo. Como vimos
anteriormente, estamos diante da teoria do assentimento ao qual é recepcionado
pelo Código Penal no art. 18, inc. I.
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No entanto, ele corre o risco de sofrer consequências e insistir em seu
comportamento. Eventualmente, um transeunte é atropelado e morre. Ele é
condenado por homicídio doloso em primeiro grau porque está presente o dolo
eventual.
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1 (um) a 3 (três) anos. § 4 - No homicídio culposo, a pena
é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício,
ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou
foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) 15 se o
crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze)
ou maior de 60 (sessenta) anos. § 5 - Na hipótese de
homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena,
se as consequências de a infração atingirem o próprio
agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária. (Acrescentado pela L-006.416-1977).
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De outro lado, o dolo específico existia nos crimes em que além da
vontade era acrescida uma finalidade especial (pretensão). Temos como
exemplo de acordo com Masson (2017, p. 308) “no caso da injúria [...], não basta
a atribuição à vítima de uma qualidade negativa. Exige-se também a finalidade
de macular a honra subjetiva da pessoa ofendida”.
7. DA CULPA
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voluntário, de um ato ou omissão que o agente age voluntariamente. No segundo
elemento, traduz a ideia de um comportamento que não condiz com a de um
homem médio, ou seja, um comportamento descuidado, ao qual, “fundada em
injustificável falta de atenção, emana de sua imprudência, negligência ou
imperícia” (MASSON, 2017, p. 318).
7.1 IMPRUDÊNCIA
7.2 NEGLIGÊNCIA
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Desse modo, negligenciar é omitir uma ação ao qual deveria ser tomada
diante as circunstâncias que determinadas situações exigem.
7.3 IMPERÍCIA
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combate e eliminação da doença são realizados da
melhor forma possível. Nada obstante, o paciente morre.
8. ESPÉCIES DE CULPA
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8.3 CULPA IMPRÓPRIA
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também pela morte da vítima, provocada indiretamente
por sua atuação culposa (era previsível a fuga em direção
à estrada).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Além disso, dispõe que no caso de ebriedade acidental, o réu pode ser
considerado inocente se for honesto ou sua pena pode ser diminuída nos casos
em que, no momento da ação o alcoólatra não era totalmente capaz de entender
o ato ilícito. natureza do fato e determinar em conformidade. Com base no
exposto, nota-se que é necessária uma análise criteriosa do caso concreto, a fim
de aferir o grau de culpabilidade do infrator e aplicar a sanção penal correta.
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Observamos também os modos de espécies de dolo e culpa, que
formam uma suma importância na hora de dizer a culpabilidade ou não do
agente, por meio da teoria clássica, de modo a solucionar cada crime de sua
maneira específica, de acordo com a ação do agente.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JESUS, Damásio Evangelista de. Direito penal: parte geral, v. 1. 26. ed. São
Paulo: Saraiva, 2003. 4 v, p.509.
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MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal: parte geral, v. 1. 21. ed. São
Paulo: Atlas, 2004, p.223.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral (arts. 1º a 120). 16. ed.
São Paulo: Saraiva, 2012.
MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado: parte geral. 11. ed. São Paulo:
MÉTODO, 2017. volume 1.
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal. 17. ed. São Paulo: Atlas,
2001.
34
SILVA, Haroldo Caetano da. Embriaguez & A Teoria da Actio Libera In Causa.
Curitiba: Juruá Editora, 2004, p 41.
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