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Instruções:

I- A atividade deverá ser feita de maneira individual;


II – A atividade deverá ser feita em sua íntegra
III- Todas as questões deverão ser guardadas, com suas respectivas respostas,
para a correção em sala de aula;
IV- Os alunos que não realizarem a atividade não poderão ter os seus pontos
computados;
V – Todo material produzido em casa
VI – Caso a atividade seja feita em uma data posterior, informar no próprio
documento.
DATA DE FINALIZAÇÃO DA ATIVIDADE EM: 30/04/2020
Plantão de dúvidas:
E-mail: p.trabuco@hotmail.com e WhatsApp: (75) 99283-4545

Sócrates, Platão e Aristóteles

Dentro da filosofia, sabemos que o seu desenrolar se dá de diversas maneiras. Não existe
qualquer que seja a produção, sociedade, pessoa ou Estado que exista “solto”, separado do
espaço e do tempo. Em outras palavras, podemos, em muitos casos, pensar a filosofia como
uma continuidade e descontinuidade. Ela, sendo produto de homens e mulheres, acaba por
ser, consequentemente, produto do seu tempo e do seu espaço.
Percebemos, desde então, mudanças nas formas de pensar o mundo, a sociedade e os seres
humanos. Desde a filosofia da natureza, também chamada de pré-socrática, ao pensamento
dos sofistas – primeiros indivíduos a estabelecer uma visão diferente sobre o “filosofar”,
buscando já uma perspectiva mais social e humanista.
Pensar Sócrates, Platão e Aristóteles, é, antes de tudo, continuar dentro dessa perspectiva
social e humana. Teremos um enfoque distinto, de fato, mas ainda dentro da ideia de
sociedade, coletividade, formas de governo e uma tentativa de estabelecer soluções para um
melhor convívio social.
Dito isso, iniciaremos a leitura de textos provocadores, que nos darão embasamento teórico
para nossas discussões em sala. Proponho que a leitura seja feita de maneira íntegra, fazendo
anotações, ponderações, perguntas e críticas. Sabemos que a produção filosófica não é
estática; ao contrário, mutável, inacabada e flexível.
Inspirem-se nas ideias de Immanuel Kant:
“Ciência é conhecimento organizado. Sabedoria é vida organizada.”
“Pensamentos sem conteúdo são vazios; intuições sem conceitos são cegas.”

Texto I
O MÉTODO SOCRÁTICO
O método socrático, a Filosofia na faculdade, Sócrates histórico, Oráculo de Delfos:
“Conhece- te a ti mesmo”, “pré-conceitos” e “pré-juízos”, metodologia da pesquisa.
INTRODUÇÃO

Quando se estuda filosofia nas faculdades, e muitas vezes em outros cursos ou até mesmo
fora dos ambientes universitários, muito se ouve falar sobre Sócrates. Seus diálogos são
constantemente citados, não raro como lições de moral.
Entretanto, corre-se um sério risco de fazer de sua filosofia cópias ou imitações. Por isso, ao
longo deste trabalho percorremos um caminho de análise do método de Sócrates.
Procuraremos, então, perceber suas intenções ao seguir determinado caminho em detrimento
de outros.
Assim, observando-o com um olhar mais acurado, poderemos haurir de sua obra, algo mais
que meros diálogos com fundo moral, aproximando-nos um pouco mais do Sócrates histórico
e do que ele quis fazer em seu tempo.
O MÉTODO SOCRÁTICO
Sócrates nada de escrito deixou para que a posteridade pudesse conhecer seu pensamento. O
que se sabe a respeito dele vem de discípulos e admiradores, que o exaltam (principalmente
Platão e Xenofonte) ou de adversários, que o satirizam (principalmente Aristófanes). Quem
mais nos fala sobre ele é mesmo Platão, seu discípulo, que narra os diálogos de seu mestre
pelas ruas e praças de Atenas. É até difícil distinguir o que é pensamento de Sócrates do que é
teoria de Platão na boca de Sócrates. Para ter mais segurança, é sempre bom comparar as
diversas fontes para se chegar pelo menos mais próximo do Sócrates histórico.

Sócrates era um homem público e simples. É assim que acontecem as narrativas de Platão,
nos diálogos cotidianos de seu mestre com interlocutores diversos. Como Sócrates não
cobrava por seu ofício, conversava com pessoas de qualquer classe socioeconômica. No
entanto, não conversava sobre qualquer coisa, mas só sobre um assunto sobre o qual quisesse
demonstrar a ignorância do interlocutor a respeito. Sua “filosofia de vida” é o que estava
escrito no Oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”. A partir daí ele sempre confessava a
própria ignorância: “Só sei que nada sei”. Assim, confessando-se ignorante a respeito dos
assuntos que os outros se julgavam sábios, era ele mesmo, Sócrates o mais sábio, pois os
outros, julgando saber, na verdade não sabiam; ele, ao contrário, reconhecia isso.
Em seus diálogos, o reconhecimento da própria ignorância era parte essencial para se chegar
à apreensão da Ideia e à construção dos conceitos. Era necessário mostrar a seus
interlocutores o
quanto estavam errados em seus “pré-conceitos” e “pré-juízos”. Num primeiro momento,
Sócrates fazia a sondagem daquilo que se pretendia saber em relação ao assunto em questão.
Através de perguntas Sócrates conduzia o diálogo até o ponto em que o outro ficava
embaraçado por ver seus conceitos serem derrubados um a um. Essa é a ironia socrática, que
Kierkergaard reconhece ser mesmo Sócrates o iniciador na história do pensamento. Ao
contrário do conceito atual de ironia, na etimologia ela significa pergunta. Era justamente isso
que Sócrates fazia com o homem de Atenas.
A segunda etapa do método de Sócrates consiste na construção de conceitos novos a partir
das cinzas dos antigos que foram destruídos. É a maiêutica. Esse nome é derivado e em
homenagem à profissão de sua mãe, que era parteira. Sócrates queria exatamente isto: que a
alma de seus discípulos parisse as ideias, posto que elas já estavam todas lá. Esse inatismo
socrático se justifica na teoria da reminiscência. Para Sócrates, a alma antes de encarnar
estava em contemplação do belo, do bem e da verdade suprema. Lá, no hiperurâneo, o
mundo das ideias (ou mundo inteligível) a alma já tinha o conhecimento perfeito. Para atingir
esse conhecimento aqui na terra era preciso superar os sentidos que nos sugerem apenas o
mundo sensível e fazer a alma recordar as ideias das quais já tinha conhecimento no mundo
das Ideias e nas encarnações anteriores. Assim, através de seus diálogos mostrava a
ignorância de seus interlocutores para em seguida mostrar-lhes a verdade que pretendiam
possuir. Isso era a filosofia para Sócrates.
A filosofia é, pois, mais que uma doutrina. É um guia e caminha certo para se sair da
ignorância e do erro. É a luz para mostrar as coisas como o são, para abrir os olhos do “sábio”
ao Bem, ao Belo, à Verdade. Considerando, assim, a ignorância como vício e o conhecimento
como virtude, pode-se acusar de intelectualista a ética socrática. Entretanto, deve-se ter em
mente que Sócrates amava sua cidade e queria era preparar seus discípulos para a vida da
Pólis na política. Não queria formar homens sábios segundo o conceito sofista, mas filósofos
que realmente fossem capazes de bem conduzir a própria vida e a vida da pólis.

CONCLUSÃO

Ao se analisar mais de perto e com um olhar mais acurado a obra de Sócrates – se e que se
pode chamá-la obra – pode-se perceber que o que Sócrates queria para si e para seus
discípulos e interlocutores diversos era a descoberta da Verdade. Não a possuir e agir como
se a possuísse, pretendendo saber o que não se sabe era ignorância. A filosofia vinha, então,
para reparar o vício da ignorância e, assim, restabelecer à alma da pessoa a virtude que
contemplava antes, recordando-lhe a ciência, que é justamente o conhecimento da Verdade,
saindo das trevas da caverna do erro e da presunção.
Isso não deixou se incomodar muita gente. Pois, ensinando isso aos jovens, Sócrates foi
acusado de corromper a juventude, pois contrariava a ordem vigente. Ele era, aliás, uma
contradição para a sociedade de sua época, a começar por sua aparência física que ia bem de
encontro ao ideal de beleza apolínia. Entretanto, mesmo condenado injustamente, ele
manteve- se coerente e fiel: a si, as suas ideias, a seus discípulos e mesmo à sua cidade, que
tanto amava.
Fonte: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/filosofia/o-metodo-socratico.htm
Texto II
PLATÃO E A ACADEMIA
Tendo como pressuposto que Platão equipara virtude a conhecimento, e que a coragem está
ao lado da razão, é a razão quem deve governar a alma. A razão tem o poder da reflexão, que
dá a clareza de consciência, que permite analisar todos os atos. Eis que o que se dá na alma é
o que chamamos de educação. E a alma busca o Bem, essa é a finalidade de todos os seus
atos. Assim, a filosofia é realizada na Academia de Platão, pela oralidade, a vida comunitária
regida pelos discursos e diálogos, pela educação da alma. O método socrático e a matemática
(fonte em Pitágoras) são ciências necessárias à formação do filósofo, sendo que a matemática
revela ordem, harmonia, fornecendo uma visão de perfeição do mundo inteligível.

Platão desiludiu-se com a política, diante das corrupções e violências cometidas no governo.
Ficou impressionado com a morte de Sócrates, e constatou que há grande distância entre
filosofia e política, e que são incomparáveis. Platão vê a filosofia com soberania para
demonstrar a nível individual e público, o que é ser justo, para um governo e uma cidade
justa. E que isso se concretizaria se os governantes fossem filósofos.
A Academia objetivava formar novos homens, no sentido transformador do amor ao bem,
num ato de sublimação, visando o tornar-se virtuoso pela ação. O filósofo é aquele que
escreve na alma. E o verdadeiro conhecimento, é universal, refletido em si mesmo e de si
toma consciência. Por isso nos diálogos há o comum acordo, onde se superam os pontos de
vista individual. Entretanto havia a liberdade de pensamento, de expressão. O fundamento da
escola era o ato do diálogo, visto e tido como um modo de vida, pois o mesmo conduz à
transformação do ser humano.
A vida intelectual é uma conversão da alma, que busca purificar-se, tomando consciência em
si mesma das verdades eternas, libertando-se de todos os dogmas, das ilusões do mundo
aparente. A alma se dispõe, escolhe o bem, visando uma vida boa e digna, e a sua libertação.
Nas questões de se tornar um homem virtuoso, o conhecimento abstrato não interfere nos
atos. Ele fornece os motivos para a ação, mas não modifica no coração dos homens a intenção
de tal ação. Para atingir e influenciar a intenção nos atos dos homens é preciso que a alma
tome consciência de si mesma, para apurar se o ato é intento de bondade sincera, de
desinteresse e nobreza. É no ato, na conduta da ação do homem, que se vê e opera a virtude.
Na ação é que está o seu fundamento moral, o conceito somente exprime de modo abstrato a
sua realidade.

Platão diferencia os dois tipos de escrita que podem ser impressas: a escrita gravada na alma
dos homens, e a escrita nos rolos de papel. E ele considera filósofo, aquele que tenta escrever
na alma dos homens. Por isso, atribuía grande importância à oralidade. Os escritos em papel
são passíveis de diferentes interpretações, e capazes de despertarem os mais variados
sentimentos. Uma palavra escrita que está simplesmente impressa em papel aparente,
corresponderia, a uma cópia da cópia. Por isso, a alma tem tanta dificuldade de reconhecer,
de lembrar-se do verdadeiro conhecimento.
Uma palavra escrita tem que ser revivida (rememorada), para ser sentida e tocar nas
profundezas da alma. Não basta a razão, o intelecto, refleti-la simplesmente. Precisa unir essa
reflexão ao sentimento, que combinado à imaginação, vai ao encontro da ideia, a única e
imutável que originou tal pensamento. Pois a variação das representações dá-se na aparência,
na multiplicidade do mundo dos sentidos. E a razão, enquanto em contato com os sentidos,
produzirá os mais variados conceitos, que não corresponderão à ideia em essência. Desse
modo, a palavra falada tem o poder de firmar-se na nossa interioridade, pois no momento em
que é proferida, é vivida, sentida, e se sentida é real. Os discursos escritos para serem
estudados com fins didáticos, e inscritos na alma, devem ter como temas o bom, o belo
e o justo.

Daí Platão ver o poder da transmissão do conhecimento pela oralidade. Pois a oralidade
exterioriza, os sentimentos (rememoração) gravados na alma, quando da contemplação das
ideias, e foram alcançados pelo pensamento, no uso da reflexão, isolado de todos os sentidos
fenomênicos, pois são mutáveis e aparentes. O conhecimento é apreendido no curso da
experiência, em contato com as coisas sensíveis, como uma espécie de rememoração. Pois, o
mundo sensível participa do inteligível, traz na sua essência o princípio original. E o homem
vem a conhecer, a saber, o que quer, por que quer, porque finalmente consegue compreender
o que é.
Fontes: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/filosofia/platao-academia.htm

Texto III
Filosofia Aristotélica
Aristóteles foi um severo crítico de Platão. O ponto central de sua contestação consiste na
rejeição do dualismo – mundo sensível e mundo inteligível – representado pela teoria das
ideias.
A questão que Aristóteles levanta, em resumo, é: se Platão propõe a existência de dois
mundos e, após isso, explicita que, por meio da dialética, é possível passar do mundo sensível
para o mundo inteligível, ele admite que os dois mundos possuem relações internas, isto é,
possuem características em comum. Se isso for verdadeiro, os dois mundos têm intersecções,
e, nesse caso, não se trata de dois mundos – e a teoria platônica cai por terra. De outra forma,
se não existirem relações entre os dois mundos, torna-se impossível passar de um para o
outro, e a teoria platônica também não se sustentaria.
Para resolver esse problema, Aristóteles cria um novo ponto de partida. Os indivíduos
possuem duas substâncias indissociáveis:
– A matéria (hyle) é a marca da particularidade.
– A forma (eidos) é o princípio que determina a matéria e lhe proporciona uma essência, uma
universalidade.
Assim, todos os indivíduos de uma mesma espécie teriam a mesma forma, mas difeririam do
ponto de vista da matéria, já que se trata de indivíduos diferentes. As formas são imutáveis e
perfeitas, como as ideias platônicas, mas não residem em outro mundo. Não existem formas
ou ideias puras, como queria Platão – o intelecto humano, por meio da abstração, separa a
matéria da forma.
Aristóteles também ignora o conhecimento inato para reconhecer formas, como admitia
Platão. Para Aristóteles, todo conhecimento principia com os sentidos ou as sensações
(aisthesis), de maneira que não há “nada no intelecto que não estivesse antes nos
sentidos”: a sensação,
portanto, não é o engano ou a mentira, como dizia Platão. É a partir da memória que retemos
dados do mundo sensorial e, assim, criamos experiências a partir das quais estabelecemos
relações entre os dados sensoriais e aquilo que está na memória. A partir das experiências
passamos a elaborar os conceitos e, com a repetição de dados sensoriais, o homem cria
conclusões e expectativas.
A partir disso, a etapa seguinte é a techné, isto é, a arte ou técnica. A techné significa saber “o
porquê das coisas”, as regras que nos permitem produzir determinados resultados, o que nos
dá a possibilidade de ensinar. Para Aristóteles, de modo geral, quem conhece as regras, isto é,
possui a techné, é superior a quem apenas possui a técnica.
A última etapa do conhecimento, a mais elevada para Aristóteles, é a episteme, quer dizer, a
ciência ou o conhecimento: trata-se do conhecimento do real em seu sentido mais abstrato e
genérico, quer dizer, as leis da natureza ou do cosmo. É um saber gratuito, uma finalidade em
si mesma, que satisfaz uma curiosidade natural no homem, o desejo de conhecer, sem
objetivos práticos imediatos.
Ética e política
Em Aristóteles, a ética presume-se como o estudo da virtude (areté), de maneira que “nosso
objetivo é nos tornarmos homens bons, ou alcançar o grau mais elevado do bem-humano.
Esse bem é a felicidade; e a felicidade consiste na atividade da alma de acordo com a
virtude”. Todavia, as virtudes éticas não são mera atividade racional, como as virtudes
intelectuais, mas implicam, por natureza, um elemento sentimental, afetivo, passional, que
deve ser governado pela razão, e não pode, todavia, ser completamente resolvido na razão.
Uma de suas mais famosas teses prevê que o homem feliz e justo está sempre à procura do
meio-termo justo, tendo em vista a prudência e a moderação. O homem não será feliz se viver
apenas cultivando os prazeres carnais ou o intelecto, mas, sim, se desenvolver e encontrar
todas as suas capacidades e possibilidades. O homem feliz evita os extremos e busca o
autocontrole. Aristóteles pensa o “meio-termo justo” não apenas como princípio a ser seguido
na vida pessoal, mas na própria constituição das cidades gregas: “Em todas as cidades há três
partes: os muito ricos, os muito pobres e os terceiros no meio destes. Se, portanto,
concordarmos que o mediano e o meio são o melhor, é óbvio que a melhor prosperidade de
todas é a média”. Tem- se, portanto, um elogio da mediocridade como o ideal de cidade para
Aristóteles.
Em sua obra Política, encontra-se sua famosa definição segundo a qual “o homem é um
animal político”, isto é, um ser que, por ter o discurso racional (logos), se realiza na
comunidade e não pode ser compreendido fora de suas relações com seus semelhantes. Em
Ética a Nicômaco, Aristóteles escreve que “uma andorinha não faz verão”. Como as
andorinhas, na época do calor, andam juntas, o filósofo diz isso para lembrar que o indivíduo
não deve ser entendido (e julgado) isoladamente.
Fonte: https://guiadoestudante.abril.com.br/especiais/aristoteles/
Links

 https://www.youtube.com/watch?v=m5P4mWaQ9gc - Ironia e Maiêutica em Sócrates


 https://www.youtube.com/watch?v=9a7znBgTVZ0 - Sócrates: o que foi a sua
dialética?
 https://www.youtube.com/watch?v=82v5ETT8L_8 - Filosofia - Introdução a Platão
 https://www.youtube.com/watch?v=tswloAV-BH0 - O Mito da Caverna de PLATÃO
 https://www.youtube.com/watch?v=PCGBJG1pyC8 - Aristóteles
 https://www.youtube.com/watch?v=hIdtog2fUg4 - ARISTÓTELES: ÉTICA
ARISTOTÉLICA | QUER QUE DESENHE?

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